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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM HISTÓRIA

SANDRÉIA SOUZA DA SILVA

A ARTE DO PALHAÇO EM RIO BRANCO, AC

IO BRANCO
2019
SANDRÉIA SOUZA DA SILVA

A ARTE DE SER PALHAÇO EM RIO BRANCO

Monografia de conclusão de curso elaborada


para atender exigências da Universidade
Federal do Acre, como condição para obter o
título de bacharelado em história.

Orientador: Hélio Moreira Júnior

RIO BRANCO
2019
A todos que participaram e
contribuíram com esta fase da minha
vida, especialmente minha querida
família.

Dedico.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que me guiou e permitiu esta caminhada e me deu
forças e saúde para continuar todos os dias.
A minha família, que mesmo com dificuldades sempre me incentivaram a
estudar e pelos incentivos e também pela torcida. Vocês foram fundamentais na
minha formação e no acolhimento nos momentos difíceis.
A Universidade Federal do Acre, em particular a Coordenação de História, pela
dedicação e empenho pela funcionalidade do curso.

LISTA DE SIGLAS
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.

RESUMO
O palhaço acompanha a humanidade há séculos. Com diferentes nomes e
características, o palhaço está presente em diversas culturas. Por trás das inúmeras
funções sociais que variam de acordo com o contexto em que a sociedade está
inserida há sempre um mesmo propósito: provocar o riso. As definições de riso e
humor são inúmeras e mesmo que o riso e o humor não tenham o mesmo significado
existe uma relação íntima entre eles, em que o riso pode ser obtido através de
estímulo humorístico ou outros estímulos externos. A metodologia está voltada para
uma pesquisa bibliográfica e de uma pesquisa de campo qualitativa que abarcou a
participação de palhaços através de entrevistas, que foi a história oral temática,
seguindo os passos da entrevista, transcrição e devolução. O trabalho tem, portanto,
como objetivo apresentar uma avaliação da integração sob o ponto de vista da
história da atuação dos palhaços de circo, por meio das histórias de vida dos artistas
circenses do Estado do Acre e oferecer visibilidade a história da arte dos palhaços
circenses, focando essa manifestação como parte da cultura popular e do patrimônio
imaterial. Para discutir esse tema, foi necessário revisitar a história do circo no Brasil.
Como resultado percebe-se que ao longo do século XX a arte dos palhaços circenses
tem se modificado seguindo as exigências dos meios midiáticos. É nesse contexto
que se insere a presente monografia que se propôs a fazer um contraponto entre a
artistas circenses do Acre, no que se refere à resiliência aos impactos na cultura da
sociedade e enfatizando-as de acordo com a realidade amostrada. Neste contexto,
nota-se a importância de retratar as alterações, e como pode afetar a qualidade
desses artistas. Atualmente os estudos são poucos nessa área, vale observar que o
tema ainda deve ser bastante divulgado.

Palavras chave: Palhaço, Artistas, Circo.


ABSTRACT

The clown has been following humanity for centuries. With different names and
characteristics, the clown is present in many cultures. Behind the myriad social
functions that vary according to the context in which society operates, there is always
the same purpose: to provoke laughter. The definitions of laughter and humor are
numerous, and even though laughter and humor do not have the same meaning,
there is an intimate relationship between them, where laughter can be obtained
through humorous or other external stimuli. The methodology is focused on a
bibliographic research and a qualitative field research that included the participation of
clowns through interviews, which was the thematic oral history, following the steps of
the interview, transcription and return. Therefore, the paper aims to present an
evaluation of integration from the point of view of the history of circus clowns'
performance, through the life stories of circus artists from the State of Acre and to
provide visibility to the history of circus clowns, focusing on this manifestation as part
of popular culture and intangible heritage. To discuss this theme, it was necessary to
revisit the history of the circus in Brazil. As a result, it can be seen that throughout the
twentieth century the art of circus clowns has changed following the demands of the
media. It is in this context that the present monograph is inserted that proposed to
make a counterpoint between the acre circus artists, regarding the resilience to the
impacts on the culture of society and emphasizing them according to the sampled
reality. In this context, we note the importance of portraying the changes, and how
they may affect the quality of these artists. Currently there are few studies in this area,
it is worth noting that the topic has yet to be widely publicized.

Keywords: Clown, Artists, Circus.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................
.. 10
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................
12
2.1 C.................................................................................................................. 12
2.1.1 ................................................................................................................. 13
2.2 .......................................................................................................... ......... 14
2.3 ........................................................................................................................ 15

3. ……………………………......................................................................................
.. 16
4. …………………………………… ..........................................................................
.. 16
5. ………………........................................................................................................
.. 17
6. REFERÊNCIAS....................................................................................................
. 18
1. INTRODUÇÃO

O interesse em realizar um estudo de pesquisa sobre “A Arte do Palhaço em


Rio Branco” surgiu das inquietações advindas de minha condição de artista de teatro
e, também, Palhaça Humanitária (atuante em hospitais). Ao estudar sobre os grupos
de teatro da cidade, percebi que há poucas publicações referentes ao teatro acreano
e menos ainda sobre essa figura tão ilustre e cheia de eficácia no quesito, fazer rir, ou
seja, o PALHAÇO.
Outro motivo que me fez decidir por este tema é o fato de que o mesmo se
trata de uma área pouco explorada pela Universidade Federal do Acre, e por outros
centros acadêmicos da cidade, sendo este de fundamental importância para o
entendimento dessa arte junto às artes cênicas e a antropologia, por exemplo, pois
esta figura excêntrica está presente em diversas culturas e em várias nações o que
permite que ela venha ser explorada em vários cursos acadêmicos. Reconhecendo
que será de grande valia para a história cultural de Rio Branco.
Busco, com o trabalho, escrever sobre esse profissional que, a meu ver,
também merece ter sua arte valorizada. Para iniciar, partirei de uma pesquisa
bibliográfica sobre a origem da arte do Palhaço fazendo um breve levantamento de
sua jornada desde povos muito antigos como a Grécia Antiga, por exemplo, até os
dias atuais. Mas, o que vem a ser o palhaço? O que é a sua arte? Como ele
sobreviveu em diferentes culturas? Como se relacionam? Qual o papel do palhaço na
sociedade? É o fazer rir? E o que é o riso? Como se desenvolveu o ofício do
palhaço? Também busco compreender as mudanças que ocorreram na profissão
desse artista no que se refere a diversidade de títulos que ele recebera - Palhaço,
Bufão, Clown, entre outros, e o que os diferenciam em diversos lugares e épocas de
nossa história, tipos de figurinos, maquiagens, números e técnicas circenses e etc...
Após apresenta-lo no contexto geral, será exposto a história dos Palhaços do/no
Brasil, apresentando os artistas mais famosos e seus valorosos trabalhos. Estas são
algumas questões que serão levantadas no primeiro capítulo.
O objetivo principal da pesquisa é mostrar as características dos Palhaços
em Rio Branco, como iniciaram, seja através do teatro, do exercício da profissão
como animadores de festas, cursos específicos, seguimento da família circense e
tudo mais. Há algo que os diferencia dos demais Palhaços do restante do Brasil?

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Como realizaram seus processos de aprendizagem e aperfeiçoamento de técnicas da
apalhaçaria e das artes circenses estando em um estado tão distante dos grandes
centros?
Para tanto, será exposto os trabalhos de maior relevância dos artistas nos
períodos das décadas de 80 (oitenta) e 90 (noventa) tendo como método de pesquisa
a utilização da História Oral, através de entrevistas, pesquisas em jornais da cidade,
encontrados nos acervos de museus e, documentos que fazem parte dos acervos
particulares dos artistas.
No que se refere aos artistas da capital Acreana, iniciaremos com os artistas
José Alicio e Jorge Carlos Amaral, que até o presente momento da pesquisa,
mostram ser os primeiros artistas cômicos, declarados, na cidade, os quais
interpretaram os palhaços Pirulito e Trampolim. Mostraremos o dedicado e cômico
trabalho produzido por Rogério Cultura e Aparecido Gonsalves (Dinho), dos quais,
formaram a dupla de Palhaços mais famosa do Acre - Rufino e Tenorino. Foram
muitas aventuras!
Expondo os trabalhos de maior relevância desses artistas na década
supracitada, será dada grande ênfase aos projetos realizados por Rufino (Rogério
Cultura), pois este é um dos poucos palhaços que produziu, na cidade de Rio Branco,
até o ano de 2013, shows, animações em festas dos mais variados estilos e
espetáculos teatrais que retratam a magia do circo, o cômico do palhaço e até
mesmo as dificuldades que essa profissão enfrenta.
Por acreditar que o trabalho de Rufino, assim como dos demais personagens
que produziram e produzem até hoje a arte da comicidade em Rio Branco, têm um
valor artístico cultural, social e também político é que se propõem realizar este
estudo, tendo a intenção de despertar às instituições governamentais de cultura,
como também a população e a classe artística Rio-branquense, o valor que esta arte
possui, tendo a certeza de que a arte e a sua apreciação é de grande importância
para a formação social, intelectual e crítica de qualquer ser humano. Estes, serão
pontos apresentados no segundo capítulo da monografia.
Por fim, encerraremos o trabalho com um capítulo dedicado as Mulheres
Palhaças, mostrando que estas também sofreram para se inserir no campo da arte
de fazer rir, na qual, de início, suas participações em shows eram apenas como
assistentes do PALHAÇO, depois permitidas a atuar, porém, vestidas de homem, e

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mantendo o segredo absoluto sobre a verdadeira identidade do “Palhaço”. Somente
após muitos anos de atuação masculina, as mulheres tiveram espaço para mostrar
sua arte e, enfim, mostrar as versões nessa arte tão linda.
E em Rio Branco, no século XXI, nas décadas de 80 e 90, como essas
mulheres foram inseridas na arte da palhaçaria? Quais se destacaram? Atuaram
somente junto a outros Palhaços? Foram personagens principais em suas atuações?
Seguiram carreira sozinhas? Qual valor social e cultural essas mulheres trouxeram
para as demais artistas?
Convido você a apreciar uma maravilhosa viagem no mundo da palha
assada, palha frita e palha cozida. Seja bem-vindo à viagem ao mundo do Palhaço.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CAPÍTULO 1

2.1.1 PALHAÇOS: A RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DE UMA ARTE

Retratar a historicidade da arte de ser palhaço não é tarefa fácil. Durante a


pesquisa realizada encontramos informações esparsas a esse respeito. Os palhaços
são conhecidos a aproximadamente quatro mil anos, mas, a verdade, é que desde
sempre, e através dos tempos, inúmeras pessoas dedicaram-se à arte de fazer rir.
A terminologia do Clown ou palhaço é uma nomenclatura que já foi trabalhada
e discutida por diferentes pesquisadores e artistas. Diversos autores confirmam que
possue uma grande diferença entre esses termos, o Clown é visto como o artista do
teatro e o palhaço, como o artista do circo e da rua. A palavra Clown é um termo
inglês do século XVI que deriva de clod, cujo significado se refere ao camponês e ao
seu meio rústico, a terra (BOLOGNESI, 2003: p. 62).
Existe o termo Clod também designava o homem desajeitado e grosseiro e em
outras regiões como na pantomima inglesa, o clown era a figura cômica do enredo,
ocupando a função de servo. Voltado na forma circense inicial, ele atuava nas cenas
curtas de maneira estúpida e tola, entre um número e outro. Já o palhaço vem de
pagliaccio, termo italiano que significa um personagem cuja roupa é recheada
palha/paglia. No Brasil, costuma-se utilizar a palavra palhaço e Clown como
sinônimos (DORNELES, 2009).

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De acordo com os dados históricos citados por Dorneles (2003), o clown
esteve ligado a figuras consideradas “esquisitas” e que passam por situações
bizarras, como “loucas”, “marginais”, “bêbadas”, “deficientes mentais” ou “físicos” e
na idade média eram participantes dos chamados “banquetes dos loucos”,
festividades em que o povo brincava usando máscaras estranhas e roupas
extravagantes, alguns se vestiam de mulher e outros imitavam animais.
Portanto, não se sabe ao certo como surgiu o palhaço e quem foi o primeiro na
história da humanidade, o que se pode afirmar é que a manifestação cômica é
milenar. Segundo Alice Viveiro de Castro (2005), no tempo dos nossos antepassados,
ainda na condição de moradores das cavernas, já havia alguém do grupo que faziam
todos rir durante uma contação de história, onde por exemplo, um indivíduo, com
gestos exagerados, voz engraçada e careta ridícula narrava os trejeitos de seus
companheiros durante uma caçada, seja imitando o valentão e suas artimanhas para
capturar a caça ou até mesmo demonstrando como o medroso fazia para se
esconder e escapar da fera que deveria ser perseguida.
Se não é possível datar o aparecimento desta arte, centrada numa figura
hilariante, pode-se afirmar que o palhaço é cômico em todos os seus sentidos. É rei
da besteira e da bobagem, a caricatura do ridículo (CASTRO, 2005). Ele com suas
atitudes engraçadas, movidas pelas ações do dia a dia, está sempre provocando o
nosso riso.
Todavia, é possível perceber a presença do palhaço em todas as culturas e a
expressão mais antiga dele é a que se fez presente nos rituais sagrados onde o riso
provocado era usado como elemento para espantar o medo, principalmente o medo
da morte. Em diversos tempos e culturas esses rituais eram realizados com imitações
a coxos, cegos e leprosos, provocando gargalhadas dos espectadores. Esta era uma
forma que os primitivos tinham para se proteger do medo e do mal. Os Astecas
faziam esse tipo de representação, imitavam coxos, aleijados, enfermos e também
aqueles comerciantes que não eram em nada honestos (CASTRO, 2005).
Os palhaços que se destacavam nesses rituais iam ficando famosos e
acabaram por ter uma profissão: cômico. Ricos e poderosos passaram a adotar os
seus próprios palhaços, garantindo a alegria de seus convidados. E os palhaços que
não eram exclusivos apresentavam-se em diferentes festas e comemorações. O

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importante era que não faltasse à alegria e as gargalhadas que essa figura provocava
durante os festejos.
Durante a Idade Média, uma corte que se prezasse deveria ter pelo menos um
bobo para divertir o senhor e seus convidados e havia muitas razões para que as
pessoas procurassem divertimento; a peste, a fome e as guerras. Nos palácios
reinava o Bobo da corte, que por ser idiota tinha licença para falar e podia criticar o
rei sem punição. Muitas vezes, homens inteligentes se faziam de Bobos para
desfrutar de uma posição invejável. O bobo era uma figura incomum, feia, ridícula,
dotada de esperteza e a quem era dado o direito de dizer verdades que ninguém
tinha coragem e nem permissão para dizer aos seus senhores reis e faraós. O bobo
comumente era um anão, um corcunda ou um corcunda anão que causava muita
inveja em muitos cortesãos, pois eles privavam da intimidade dos poderosos. Mas foi
também neste período que se iniciaram a perseguição da igreja contra os artistas.
Em função do controle ideológico da Igreja sobre as mentes, o riso passa a ser visto
como um pecado (ACHCAR, 2007, p. 22).
Os artistas cômicos sofrem muito, são perseguidos, pois a Santa Igreja,
especialmente a Inquisição, não apreciava os prazeres mundanos e punia os seus
simpatizantes, tornando a situação mais complicada. Com a queda do Império
Romano do Ocidente, a situação se tornou mais grave, os artistas tornam-se
itinerantes, apresentando-se em feiras, castelos e em festas de aldeias. Nesta fase,
os espetáculos possuem características religiosas e os artistas que não faziam esse
tipo de encenação eram malvistos por largas parcelas da sociedade.
Seu único pecado seria não divertir o rei. Fora do palácio existiam os
menestréis errantes, os saltimbancos e os bufões. O menestrel errante no século XII,
na França era um padre que era "Silarita", gostava de boa mesa, do vinho e das
mulheres. Tinham um vasto repertório de habilidades, com facas, cordas e animais.
Tolo, excêntrico, augusto, clown branco, tony de soirée: os palhaços assim nomeados
no circo nascido na era industrial, de fato, já saltavam séculos antes, nas feiras e
tablados das festas medievais e frequentavam a cena da commedia dell’arte na pele
dos zannis, para não mencionar sua provável antecedência nos mimos e nos tipos
das farsas atelanas da época clássica na Grécia e em Roma (ACHCAR, 2007, p. 34).
Por volta do século XVI, o Clowning deixou de ser uma simples ação dos
bobos e malabaristas para ganhar um caráter profissional, surgiu, então, a Comédia

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Dell ’Arte e figuras como o Arlecchino, o Pierrot e o Pagliacci. O primeiro Clown da
Comédia Dell’arte foi o Branco, usava uma máscara toda branca, roupas de
lantejoulas, e chapéu cônico. Ele representava uma figura inteligente e autoritária
(WUO, 1999; DORNELES, 2003).
O Clown Branco é o aristocrático, que retoma as influências originais do Pierrô
de Grimaldi, tem uma pureza romântica, melancólica refletida na boa educação e na
elegância dos trajes. O seu oposto, o Augusto, é um palhaço que representa outros
valores. Ele tem o tradicional nariz vermelho, é desastrado, malandro, irreverente.
Representa a miséria marginal do trabalhador de macacão frouxo da sociedade
industrial. É inapto e hiperbolizado: roupas largas e sapatos imensos. É um tipo de
palhaço cheio de potencialidades de criações, é um modelo aberto em que cada um
insere características. Representa a imagem do “ingênuo de boa fé”, “eterno
perdedor”, sempre “sujeito ao domínio do Branco” (Wuo, 1999, p. 18). O Branco e o
Augusto representam opostos, o povo e o poder, o pragmático e o sonhador
(Dorneles, 2003, p.30).
A partir do século XVIII, surgem os circos modernos, espaço em que a figura
do Clown é idealizada. A vestimenta e maquiagem do Clown trazem a ele uma
imagem descomprometida com a realidade e de ingenuidade, que lhe permite de
zombar de tudo e de todos, mas ao mesmo tempo traz sua singularidade e
representação do seu próprio eu. Entre as décadas de 1930 e 1950, a maioria dos
palhaços declarava existir uma considerável distinção entre a vida cotidiana e a
performática. A geração posterior, chamada de novos clowns – termo referente a um
movimento de artistas cômicos dos anos 60, que saíram do picadeiro tradicional e
foram para outros espaços, como teatros, por exemplo – afirmava que palhaço não
se faz, mas se é, pois independente da formação buscada, a potência cômica de
alguém, seja numa improvisação ou num espetáculo marcado, é uma habilidade
ligada às relações humanas: a escuta, a sensibilidade, a presença, a caricatura
cômica (DORNELES, 2009, p.23).

2.2 UM POUCO SOBRE O NASCIMENTO DO CIRCO.

Há duas hipóteses a respeito do nascimento do circo. A primeira refere-se


aos jogos olímpicos na Grécia, onde os atletas mostravam suas habilidades e

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destrezas corporais, como saltos, arremessos, corridas e etc., bem como dos
espetáculos realizados em Roma com o duelo entre gladiadores ou entre os homens
e as feras. A segunda seria que surgiu com os saltimbancos, que eram artistas que
se apresentavam em lugares públicos como feiras, castelos, na rua e onde desse e
tivesse espaço e plateia para apreciação dessa arte repleta de talento e técnicas. Os
saltimbancos tinham uma forma de apresentação que veio a ser reconhecida como
teatro de feira, suas principais habilidades eram com malabares, acrobacias,
equilibrismos e palhaços, faziam de sua arte a sua profissão.
Se formos mais profundos a arte circense, ou pelo menos a arte que
posteriormente passamos a reconhecer como circense, surgiu na Antiguidade
(DUPRAT, 2014). Alguns autores defendem que foi a partir dos espetáculos greco-
romanos, como as manifestações no Coliseo ou Circus Máximos, com a exibição do
exotérico e de façanhas consideradas “impossíveis”, como engolir espadas sem se
ferir, além das apresentações de pantomimas no Império Romano (27 a.C. – 467
d.C.). Outros ressaltam uma possível origem oriental, desde os anos 200 a.C. na
China. O fato é que tais manifestações ultrapassaram a barreira do tempo,
modificando-se e adaptando-se aos contextos sociais, históricos e territoriais de onde
chegava. Na Idade Média, artistas diversos se apresentavam nas ruas e feiras,
dentre eles funâmbulos, engolidores de espada, malabaristas, etc. (CAMARGO,
2005).
Para Seibel (2012, p. 04), “El circo es una especialización teatral derivada de
los rituales, que puede rastrearse desde los tiempos más remotos en los cinco
continentes.”
Na Idade Moderna surgiu a estrutura semelhante a que reconhecemos hoje
enquanto “circo”, a partir da iniciativa do ex-militar Philip Astley (1742-1814),
considerado o “pai do circo moderno”, que construiu, em Londres, uma estrutura
circular permanente para a apresentação de shows de acrobacias em cavalos e que,
posteriormente, começou a agregar artistas diversos que saíram das ruas e
passaram a se apresentar em recintos fechados. O estabelecimento iniciou as
atividades em 1768 e a partir de 1770 passou a contratar acrobatas, palhaços,
caminhantes de corda para preencher os números, produzindo, desta forma, um
espetáculo singular que influenciou diversos seguidores de Astley e demais artistas.
Dessas influências surgiu o chamado Circo Americano, viajante em Tenda (American

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traveling circustent), uma forma estrutural que permitia deslocar todo o recinto em
que o espetáculo acontecia, mobilizando as apresentações para lugares diferentes e
cada vez mais distantes (DUPRAT, 2014)
Por anos, o circo foi percebido como um elemento artístico cultural mágico,
uma tradição artística antiga e tradicional que mexia com o imaginário popular e
desafiava as potencialidades físicas humanas, mas ele também foi percebido como
um movimento de força educativa na década de sessenta que vem se estruturando
junto às camadas populares do país e do mundo. O circo, com estrutura de lona e
picadeiro como conhecemos hoje, só surgiu no século XVIII, em Londres, com Plilip
Astley, um suboficial da cavalaria inglesa. Foi Astley quem reuniu vários artistas num
mesmo picadeiro, uniu as habilidades dos artistas feirantes (Saltimbancos) e os
habilidosos montadores de cavalos. Seus espetáculos eram basicamente com
acrobatas equestres, ou seja, os artistas realizavam várias evoluções de exercícios
circenses sobre os cavalos. A arte equestre era voltada mais para a classe nobre, era
coisa de aristocrata. Os números circenses expressavam os anseios dessa classe,
porém, quem realizava o “show” eram os saltimbancos fazendo com que o
espetáculo circense tivesse representantes da aristocracia e também dos artistas do
povo. O circo, em suas diferentes configurações, possui papel significante na vida em
sociedade, faz parte do cotidiano de muitos lugares, mesmo que por um momento
passageiro, seja a partir de atores isolados desse universo, dentre eles os palhaços,
acrobatas, artistas de rua, seja a partir da presença de uma frondosa lona na cidade.
Assim, com fusões e modificações, surgiu outra forma de organização do espetáculo
circo, que denominaremos nesse trabalho de circo-família, conceito proposto por
Erminia Silva (1996).
A atividade circense vem se manifestando ao longo da história e se
adequando a cada realidade social. Acredita-se que estas novas formas de
manifestações artísticas, que contemplam o universo circense, estão em união com
outras artes, fazendo com que o circo continue contemporâneo. A atividade circense
se transforma e se adequa às mudanças, pois desde seu nascimento, o circo é uma
casa de espetáculos bastante híbridos, fazendo sempre mudanças para se adequar
ao seu público atual. Pode se afirmar que o circo é um objeto social que tem um valor
historicamente construído e que, todo tempo, busca uma identidade frente as mais
diversas pressões sociais. Atualmente passa por momentos de crise e

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reestruturação, impedindo- nos de saber o que realmente é o circo hoje. Ao viver em
coletividade, o homem passa a estabelecer relações com o seu meio e seus
semelhantes, e para manter tal relação ele necessita incorporar à sua vida elementos
simbólicos e signos que notadamente funcionarão como códigos identificadores do
grupo. Tais códigos evidenciam experiências que cada povo manteve com o mundo.
Desenvolvendo esses símbolos codificadores, a sociedade apregoa um dos
sustentadores da vida social: a linguagem, sendo um sistema de códigos simbólicos
que é uma das fontes motrizes do imaginário social. (SILVA JÚNIOR, 2001, p.18).

2.3 E NO BRASIL, COMO TUDO COMEÇOU?

O espetáculo nasceu alimentado por longas discussões acerca da


necessidade da arte na sociedade e do resgate da memória em nossa cultura. Como
resultado destas reflexões, optou-se pelo tema circo recorrente enquanto técnica em
outros espetáculos da Cia.
O circo impôs-se como modelo de transformação e, muitas vezes, foi alvo da
falta de compromisso com o seu passado e com a sua memória. Por outro lado, o
circo sempre teve, dentro de seu núcleo familiar, a tradição da transmissão oral de
seus saberes e de sua história. Esta questão interessou o grupo e foram esses
saberes e essas histórias contadas pelos circenses que instigaram a Cia. a se
aprofundar em um estudo sobre esta arte nômade.
A Cia. não queria usar o tema “circo” simplesmente como técnica ou como
pretexto para montar um espetáculo, mas colocá-lo na base de toda a pesquisa, de
dramaturgia, interpretação, de técnica corporal, etc. Ele foi a fonte de inspiração para
a criação e para a discussão artística. No Brasil, o primeiro palhaço foi Diogo Dias,
um cômico gracioso que viajava com Pedro Álvares Cabral. Diogo Dias foi uma figura
importante neste início das relações entre portugueses e índios. O palhaço brasileiro
foi gestado nas festas do Brasil Colônia, ou seja, em casamentos, batizados,
nascimentos e funerais da família real, chegada de bispos e autoridades em geral
tudo era motivo para procissões, missas, festas. As referências encontradas até o
momento nos permitem acreditar que nos primeiros anos do século XIX um número
significativo de artistas circenses apresentava-se por todo o Brasil. Malabaristas,
trapezistas, palhaços, equilibristas, atores, músicos, ilusionistas, faquires, contadores

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de história, contorcionistas e acrobatas são parentes. Mesmo se apresentando em
lugares diferentes: debaixo de uma lona, no palco de um teatro, nos corredores dos
shoppings centers, nas festas de aniversário ou nas quebradas e semáforos de
qualquer cidade, eles são todas representações da arte circense.
De espetáculos de rua, a circos de lona, de dois artistas a mais de 200, assim
são os circos que existem no mundo. Grupos de circo, circos de lona e circos de rua.
Essa é a classificação apresentada no site da pesquisadora da história das Artes
Circenses Alice Viveiros, que desde 1985 tem escrito artigos sobre a história do circo
no Brasil. A origem do circo eu gosto de fazer uma separação entre circo e arte
circense, porque as artes circenses elas são milenares, elas estão com o homem
desde o início dos tempos, brincar de saltar, de equilibrar, fazer contorção, fazer
parada de mão, dar saltos, tudo isso é uma coisa que a gente tem em figuras
rupestres antiquíssimas na China, na Índia, no Egito, em todos os lugares onde você
vai encontrar grupamento humano você vai encontrar essas habilidades, essa coisa
que o circo é a arte da proeza.
As artes circenses chegaram ao Brasil com as caravelas. Os portugueses
gostavam muito de comédias, especialmente de arremedilhos e momos, espetáculos
que mesclavam canto, dança e pantomima e que tinham no humor dos graciosos o
centro e sua estrutura dramática (CASTRO, 2005, p.15)
Os portugueses apreciavam muito o teatro e durante as grandes navegações
eram realizados espetáculos a bordo das naus, com cenários e figurinos adequados.
No Brasil não foi diferente, Pedro Álvares Cabral já utilizava o Diogo Dias para
alegrar as festas na colônia e, com o passar do tempo foram surgindo novos
personagens para alegrar o povo. Não se pode falar de espetáculos circenses
acontecendo no Brasil colônia se os compararmos com espetáculos atuais, mas o
que se pode verificar é que já estava se formando (o jeitinho de ser) artistas com
características Brasileiras. No Brasil, mesmo antes do circo de Astley, já havia os
ciganos que vieram da Europa, onde eram perseguidos. Entre suas especialidades
incluíam-se a doma de ursos, o ilusionismo e as exibições com cavalos. Há relatos de
que eles usavam tendas e, nas festas sacras, havia bagunça, bebedeira, e exibições
artísticas, incluindo teatro de bonecos.

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O circo chegou ao Brasil vindo da Europa, em meados do século XVIII. No
século XIX, formaram-se elencos e importantes famílias circenses brasileiras através
do incentivo de artistas portugueses, espanhóis, italianos e argentinos.
No Brasil, os circos apresentavam uma estrutura teatral. Sua introdução
deve-se às famílias ciganas que, com suas tendas, atraíam espectadores para suas
apresentações. O espetáculo do circo-teatro era dividido em duas partes. A primeira
era tradicional, com malabaristas e mágicos. A segunda introduzia o teatro,
apresentando peças, em sua maioria cômicas. Esse estilo de circo predominou
durante quase um século, colocando os brasileiros em contato com as artes cênicas.
Entre os inúmeros palhaços da história do circo brasileiro, temos várias figuras que
se destacaram, dentre eles temos Benjamin de Oliveira (1872-1954), era negro, filho
de escravos, e certa vez quase foi vendido por alguns ciganos. Quando pequeno
vendia bolo na entrada do circo. Aos doze anos deixou sua cidade para acompanhar
o Circo Sotero. Certo dia, na última hora, precisaram de um substituto para o
palhaço, e Benjamim estava à mão... Começou assim e nunca mais parou. Foi um
dos maiores responsáveis pelo sucesso do circo-teatro no Brasil. (THEBAS, 2005
p.43-44).
Temos também Piolin (Abelardo Pinto, 1897-1973) Nasceu em Ribeirão Preto,
recebeu esse apelido de uns espanhóis. Como palhaço de circo, dominava diversas
técnicas: era engolidor de espadas, acrobata, contorcionista e também violinista. Na
data de seu aniversário – 27 de março – comemora-se o Dia do Circo (THEBAS,
2005 p.44).
Chicharrão (José Carlos Queirolo, 1889-1981) Foi um dos mestres de Piolim.
Era de uma família circense uruguaia. Num dos seus números mais famosos,
Chicharrão dirigia um carrinho de madeira movido a “ossolina”: tinha um osso
pendurado na frente e era puxado por um cachorro que corria atrás dele. (THEBAS,
2005 p.44-45)
Roger Avanzi, o PICOLINO. Roger Avanzi é na verdade, como ele mesmo
diz, o Picolino II, filho do palhaço Picolino. Nasceu em São José do Rio Preto (SP),
em 1922, e estreou no circo ainda bebê, no colo da mãe. Grande atleta, aprendeu
todo as técnicas circenses na Companhia Nerino (nome do seu pai), pertencente a
família, mas só virou palhaço aos 32 anos, quando seu pai, doente e idoso, não tinha
mais condições de fazer o show. (THEBAS, 2005, p.45)

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Outro grande artista foi Carequinha (George Savalla Gomes), George Savalla
não é nem um pouco careca. Ao contrário, tem um monte de cabelo. Ganhou o
apelido, Carequinha, aos cinco anos, quando seu padrasto lhe botou uma peruca de
palhaço e entrou com ele no picadeiro. O padrasto cantava e Carequinha cantava
também, só que tudo errado. Foi um sucesso! Em 1951, Carequinha estreou na
televisão carioca, com o Cirquinho Bombril, que foi o pioneiro dos programas infantis
com auditório. Suas músicas e seus bordões eram cantados por todos. Tanto
sucesso o animou a gravar discos infantis, os primeiros no Brasil. (THEBAS, 2005,
pag. 46-47)
Tivemos o nosso branco, Alcebíades Pereira: foi um dos melhores brancos
brasileiros, um clown perfeito. Nasceu no circo do pai, o Circo Universal. Seguiu os
passos de seu pai e de seus irmãos e tornou-se um exímio acrobata, recebendo
inúmeras medalhas por seus arrojados saltos na perna de pau e o trampolim.
(Castro, pag. 170)
Como palhaço cantor e compositor tivemos como exemplo Eduardo das
Neves (1871), Nasceu em São Paulo. De lá foi para o Rio de Janeiro onde trabalhou
como guarda-freios na Estrada de Ferro Central do Brasil, foi demitido, depois foi
bombeiro e não se sabe como e por que, mas foi ser palhaço de circo e no circo virou
cantor e compositor consagrado. (CASTRO, p. 177).
Pompílio (1876) Nasceu em São Luiz do Maranhão. Aos 19 anos
apresentava-se num circo amador e quando o Circo Lusitano chegou à cidade,
Pompílio se encheu de coragem e fugiu para juntar-se ao circo. Fez sucesso em todo
Norte e Nordeste. Pompílio parece ter sido um dos raros palhaços brasileiros a se
especializar na graça política. Sua gargalhada era sua marca registrada. (CASTRO,
2005, pag. 182)
E o nosso estreante televisivo foi Arrelia (1905). Nasceu em Jaguariaíva,
Paraná, no circo de seu tio materno, se tornou palhaço de forma forçada quando
seus irmãos o pegaram se surpresa, o maquiaram e o jogaram no picadeiro. Depois
desse dia se tornou um palhaço de verdade, trabalhou no Circo com seus irmãos, em
1953 inicia seu programa de televisão “O Circo do Arrelia”, foi o primeiro palhaço a
aparecer na televisão pela TV Tupi. Seu primeiro filme foi “O Palhaço Atormentado”
em 1948 o primeiro de muitos que fez. Faleceu em maio de 2005, aos 99 anos.

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Até o século XX, no Brasil, a formação circense era predominantemente
familiar, baseada na transmissão oral dos saberes de geração para geração. Os
processos de socialização, formação/aprendizagem e a organização do trabalho
eram interdependentes. Hoje, essa realidade se transformou uma vez que a
formação circense ultrapassou a esfera e de transmissão de geração para geração.
Números diversos eram apresentados, porém, com a proibição de apresentações em
locais públicos em algumas cidades, alguns artistas tiveram que modificar a
organização de suas apresentações, procurando locais fechados, com venda de
ingressos ou, ainda, com o uso do chapéu como bilheteria. Dessa forma, foram
criadas novas configurações para tais espetáculos como por exemplo os circos tapa-
becos, circo de pau a pique e circo de pau fincado (SILVA; ABREU, 2009).
Os circos tapa-becos poderiam ser montados em qualquer espaço vazio da
cidade, sendo os becos bastante utilizados, onde a frente e o fundo eram tampados
com um pano e, dentro do espaço formado, era feito um picadeiro circular marcado
por uma corda. Os circos de pau a pique eram estruturas sustentadas com madeira,
rodeadas com um pano de algodão. Nessas duas configurações não havia estrutura
de iluminação ou cobertura, além de não haver arquibancadas para o público. O circo
de pau fincado, por sua vez, era construído com materiais diversos, dependendo das
condições do grupo que o montava (pano, zinco, madeira, etc.), e foi nessa estrutura
que começaram a surgir as primeiras formas de iluminação, além da utilização de
arquibancadas, o que agregava maior número de espectadores.

2.4 O PALHAÇO E SUA DIVERSIDADE DE NOMENCLATURAS

As mudanças ocorridas na arte do palhaço se evidenciam tanto nos títulos


que esta figura recebeu quanto no seu modo de atuar durante a história de sua
profissão. No início eram chamados Bobos da Corte, Saltimbancos, Clown, Augusto
e... Palhaço. Sua participação e atuação diante da sociedade também mudaram. No
princípio eram artistas de figuras nobres, depois se estenderam para as ruas e mais
adiante tornaram-se elementos principais dos espetáculos circenses.
Nos espetáculos cômicos dos circos não era o palhaço, inicialmente, que
fazia o número circense. Este ofício era do Clown, que utilizava outros recursos como
a pantomima inglesa e as comedia Dell’arte.

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Clown é uma palavra inglesa, cuja origem remonta ao século XVI, deriva de
Cloyne, cloine, clowne. Sua matriz etimológica reporta a colonus e clod, cujo sentido
aproximado seria homem rústico, do campo. Clod, ou clown, tinha também o sentido
de lout, homem desajeitado, grosseiro, e de boor, camponês, rústico. (Bolognesi, pg.
62)
No universo circense o clown é o artista cômico que participa de cenas curtas
e explora uma característica de excêntrica tolice em suas ações.
No Brasil, no meio circense, é comum ouvir o termo crom, em referência
àquele palhaço que tem função de parter, ou de palhaço secundário. É ele quem
ajuda o primeiro palhaço, preparando as piadas e fazendo gags do palhaço principal.
No século XVIII, predominavam-se, nos espetáculos de circo os números
com cavalos, o clown deveria adequar-se a eles. O clown estreou no picadeiro com
um cavaleiro desajeitado, que cai o tempo todo do animal e que o monta de trás para
frente, dentre outras proezas.
O clown circense, desse modo, desde seus primórdios deparou com a
necessidade de ser a um só tempo autor, dançarino, músico, acrobata etc.
O palhaço é autor e ator dos esquetes que ele encena e isso se formou sob a
necessidade, tanto da diversificação do espetáculo quanto da sobrevivência pessoal
do artista diante das marcas provocadas pela idade ou por um acidente.
A partir de 1864, essa universalidade corporal ganhou contornos específicos
com a incorporação da forma dialogada, como também da readaptação de antigas
formas de manifestação cômica.
No século XX a oposição entre palhaços recebeu um toque definitivo, e então
os clowns tiveram o campo aberto para criação de novos esquetes com entradas
originais isso se deu graças a George Foottit, filho de um diretor de Circo. Ele criou
um clown enfarinhado, germe do clown branco.
O clown branco tem como características a boa educação, refletida na
firmeza dos gestos e a elegância nos trajes e nos movimentos.
Outro tipo cômico é o “Augusto”. “... O termo Augusto tem sua raiz na língua
alemã. Em dialeto berlinense, Augusto designa “as pessoas que se encontravam em
situação ridícula, ou ainda aquelas que se faziam ridículas. “Sua característica básica
é a estupidez e se apresenta frequentemente de modo desajeitado, rude, indelicado e
livre sem a formalidade dos clowns”. (Bolognesi, pg. 73)

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No Augusto, tudo é exagerado. A roupa é larga, os calçados são imensos, a
maquiagem é exagerada e enfatiza a boca, nariz e os olhos. Essa figura, que está
presente na atualidade dos circos brasileiros, é “... fruto direto da sociedade industrial
e de suas contradições”. (Bolognesi, pg. 77)
A partir de 1880 o Augusto é posto como uma figura que representa a
miséria, em meio a um ambiente social que prometia sua extinção. A Revolução
Industrial não conseguiu separar a superpopulação, a fome e as guerras, motivos que
faziam que milhões de europeus abandonassem o velho mundo.
E o Augusto é justamente esse tipo marginal, sobretudo pela inaptidão
generalizada em acompanhar as coisas mais simples e os fracassos da vida.
Então, como podemos perceber palhaço, clown, Augusto e tantos outros são
apenas alguns dos nomes mais comuns que pode ser usado para nos referirmos a
essa figura louca que nos arranca risos só em olhar pra eles.

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CAPITULO II

PALHAÇOS EM RIO BRANCO, ACRE.

A Comicidade em Rio Branco, Acre, como aconteceu?

Diferentemente da maioria dos palhaços do Brasil que tem sua origem nos
circos, o palhaço acreano foi gestado dentro dos grupos de teatro da cidade no final
da década de 70. Essa arte, a priori, só era utilizada por atores que em épocas

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5. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS

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