Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
agrícola
05 de junho de 2013
Sumário
1. Introdução:..........................................................................................................................3
2. Motores de combustão externa..........................................................................................5
2.1. Principio de funcionamento........................................................................................5
2.1.1. Motores Stirling...................................................................................................6
2.1.2. Máquinas a vapor................................................................................................7
2.1.3. Ciclo orgânico de Rankine....................................................................................8
3. Motores de combustão interna...........................................................................................8
3.1. Principio de funcionamento........................................................................................8
3.1.1. Motor dois tempos..............................................................................................9
3.1.2. Motor quatro tempos........................................................................................12
3.1.3. Motor Wankel....................................................................................................14
3.2. Classificação quanto a posição dos cilindros.............................................................16
3.2.1. Motor Boxer.......................................................................................................16
3.2.3. Motor em V........................................................................................................18
3.2.4. Motor em W.......................................................................................................20
4. Motores de ciclo Otto........................................................................................................21
5. Motores de ciclo diesel......................................................................................................22
6. Partes constituintes de um motor de combustão interna................................................25
6.1. Partes fundamentais..................................................................................................25
6.1.1. Cilindro...............................................................................................................25
6.1.2. Bloco...................................................................................................................25
6.1.3. Camisa................................................................................................................26
6.1.4. Cabeçote............................................................................................................26
6.1.5. Cárter.................................................................................................................27
6.1.6. Êmbolo...............................................................................................................27
6.1.7. Anéis de segmento.............................................................................................28
6.1.8. Biela....................................................................................................................28
6.1.9. Bronzinas............................................................................................................29
6.1.10. Pino do êmbolo..................................................................................................29
6.1.11. Árvore de manivelas..........................................................................................29
6.1.12. Volante...............................................................................................................30
6.1.13. Válvulas..............................................................................................................30
6.1.14. Árvore de comando de Válvulas........................................................................31
7. Sistemas complementares.............................................................................................31
7.1. Sistema de arrefecimento......................................................................................31
7.2. Sistema de limpeza do ar.......................................................................................33
7.3. Sistema eletrico.....................................................................................................34
7.4. Sistema de partida.................................................................................................36
7.5. Sistema de lubrificação..........................................................................................38
7.6. Sistema de alimentação de combustível...............................................................40
7.7. Sistema de válvulas................................................................................................48
7.8. Sistemas de Sobre-alimentação............................................................................53
8. Anexo I...............................................................................................................................57
9. Características dimensionais dos MCI...............................................................................60
10. Parâmetros dependentes das características dimensionais.........................................62
1. Introdução:
Motor é uma maquina que converte qualquer forma de energia em trabalho
mecânico.
Segundo VARELLA, Carlos A. professor da universidade federal do Rio de
Janeiro, até o início de 1800 acreditava-se que o calor era um fluido chamado calórico
contido em todos os objetos, que objetos quentes possuíam mais fluido calórico do
que objetos frios, e que quando dois objetos entravam em contato esse fluido passava
de um para o outro a fim de se estabelecer o equilíbrio. Este conceito equivocado
atrasou o desenvolvimento da termodinâmica e consequentemente a construção dos
motores de combustão. O Padre HAUTEFOILLE foi quem idealizou o motor que
funcionava aproveitando as forças expansivas dos gases em 1652, no entanto não
deixou nada escrito sobre o assunto.
Em 1680, HUYGENS propôs um motor cujo combustível era a pólvora e
funcionaria com cilindro e pistão. Em 1687, DÊNIS PAPIM desenvolveu e descreveu o
princípio de funcionamento de uma máquina a vapor com pistão. Em 1767, JAMES
WATTS construiu um motor a vapor com sistema de resfriamento dos cilindros.
LAPLACE e LAVOISIER (1783) introduziram o conceito de calor especifico, e
nessa mesma época surgiu a ideia de que o calor era uma forma de energia. DÊNIS
PAPIM construiu a primeira máquina a vapor usando o princípio de que o volume de
um gás é inversamente proporcional à sua pressão (BOYLE).
ROBERT STEET (1794) obteve a patente de um motor de combustão interna
que consistia em dois cilindros horizontais. Teria sido o primeiro motor a combustão
interna no qual o combustível líquido seria colocado diretamente no cilindro, no
entanto o inventor não construiu o motor proposto.
W. CECIL (1821) desenvolveu um motor de combustão que trabalhava com a
mistura de ar e hidrogênio, que foi realmente o primeiro motor a funcionar com
sucesso.
JEAN ETIENNE LENOIR em 1863 construiu um triciclo com motor a gás de hilha
ou óleo leve (xisto ou alcatrão) vaporizado em carburador tipo primitivo de apenas 1,5
HP. O gás era comprimido no interior de um cilindro, em seguida dava-se a combustão
por intermédio de uma faísca elétrica. Nesse motor não havia a mistura do
combustível com o ar, sendo que somente o combustível (o gás hilha) era comprimido
no cilindro.
Durante o ano de 1854 foi construído o primeiro motor de combustão de 2
tempos por DUGALD CLERK, contudo esse motor foi apresentado somente em 1881.
GOTTLIEB DAIMLER, alemão que imaginou a diminuição do tamanho do motor de 2
tempos, introduziu a ignição por ponto quente nesse motor, o que tornou viável a
construção dos automóveis anos mais tarde.
BEAU DE ROCHÁS (1862) propôs e patenteou os princípios de funcionamento
dos motores de 4 tempos de combustão interna com êmbolos, que devido suas
características apresentava condições de eficiência elevada. Nunca obteve sucesso na
aplicação de suas teorias, ou seja, nunca conseguiu construir seu motor.
NIKOLAUS AUGUST OTTO (1876), alemão, caixeiro viajante e sócio de uma
fabrica de motores a gás, foi quem construiu depois de ter inventado
independentemente o mesmo ciclo, descrito por BEAU DE ROCHÁS, o motor que foi
chamado de OTTO silencioso. É interessante saber que OTTO conheceu o projeto e o
motor de LENOIR, construindo primeiro um motor semelhante. Após esse experimento
OTTO conseguiu formar uma opinião e solidificar seus conhecimentos para somente
em 1878 apresentar seu motor na Feira Internacional de Paris. OTTO se associou com
o engenheiro EUGEN LOGEN e fundou a N. A. OTTO & CIA, primeira fábrica de motores
de combustão do mundo. Os motores de Ciclo Otto logo se consagram como a força
motriz que se estenderia até os dias atuais nas mais diferentes aplicações que pudesse
servir com a sua força de trabalho ao homem e até mesmo na aviação utilizam ainda o
princípio de funcionamento, em motores de combustão interna, de 150 anos atrás.
Em 1893 RUDOLF DIESEL, alemão, engenheiro, inventou o tipo de motor que
hoje leva seu nome: motor diesel. Após algumas dificuldades para financiar seu
projeto, construiu um motor que explodiu após a primeira injeção de combustível,
escapando pôr pouco de morrer. E após mais quatro anos de estudos e experimentos
conseguiu um motor operacional. As diferenças básicas entre seu motor e o de OTTO é
a forma de misturar o ar com o combustível e a ignição do motor. No diesel a ignição é
por compressão e no OTTO por centelha elétrica, Rudolf chegou a esse método
quando aperfeiçoava máquinas a vapor. O motor Diesel destaca-se ainda hoje pela
economia de combustível.
2. Motores de combustão externa
2.1. Principio de funcionamento
Um motor de combustão externa é uma máquina térmica cujo fluido de
trabalho interno é aquecido pela combustão de uma fonte externa por meio de uma
das paredes do próprio motor ou de um permutador de calor. O referido fluido gera
movimento e trabalho útil graças à expansão do seu mecanismo. Pode ser depois
arrefecido, comprimido e reutilizado (ciclo fechado) ou então descartado para permitir
a entrada de mais fluido (o menos comum ciclo aberto).
O termo “combustão” usado no nome deste mecanismo designa a queima de
combustível na presença de um comburente (como o oxigénio) que em regra produz o
calor necessário para acioná-lo. No entanto há motores com configuração similar ou
idêntica que podem obter trabalho a partir das energias solar, geotérmica, nuclear,
etc. Não são nesta situação descritos de forma estrita como motores de combustão
externa, mas sim como máquinas térmicas de tipo externo.
Nos motores de combustão externa o fluido de trabalho pode ser um gás
(como acontece nos motores Stirling), ou então vapor (no caso das máquinas a vapor).
O gás é de longe o mais comum nos dias de hoje, apesar de serem frequentemente
utilizados líquidos com uma única fase. No caso das máquinas a vapor, que utilizam o
ciclo orgânico de Rankine, o fluido alterno entre as fases líquida e gasosa.
Este tipo de motores distingue-se dos motores de combustão interna, ou ICEs,
nos quais a queima do combustível é feita dentro da sua própria estrutura em vez da
energia libertada pela mesma ser introduzida a partir do exterior. A maioria dos ECEs é
conhecida pela sua versatilidade no uso de combustíveis e pela sua alta eficiência, mas
são relativamente pouco utilizados em comparação com os seus congéneres de
combustão interna.
Figura 1. Motor de combustão externa.
1.
2.1.1. Motores Stirling
No início do século XIX, as máquinas a vapor explodiam com muita frequência,
em função da precária tecnologia metalúrgica das caldeiras, que se rompiam quando
submetidas à alta pressão. Sensibilizados com a dor das famílias dos operários mortos
em acidentes, os irmãos Stirling procuraram conceber um mecanismo mais seguro. É
referido também como motor de ar quente, por utilizar os gases atmosféricos como
fluido de trabalho.
Nos motores de tipo Stirling é efetuada a compressão/expansão cíclica de ar
atmosférico ou de outros gases a diferentes níveis de temperatura de forma a que haja
uma conversão líquida de energia térmica em trabalho. O mecanismo mantém
aprisionado no seu interior uma quantidade fixa de fluido permanentemente gasoso
(como ar ou hélio). O motor está desenhado de maneira a que o fluido de trabalho seja
normalmente comprimido na parte mais fria do motor e expandido na sua parte mais
quente, conseguindo desta forma a dita conversão útil. A utilização de permutadores
de calor regenerativos aumenta a eficiência térmica dos dispositivos. O mecanismo é
atualmente aplicado em algumas tipologias de centrais solares térmicas.
Motores de pequeno porte, dois tempos, não utilizam o cárter como depósito
de óleo. A lubrificação obtém-se adicionando óleo diretamente ao combustível, na
proporção típica de 1 volume de óleo para 40 de combustível, ou com a utilização de
algum dispositivo de lubrificação automática, como o Lubrimat dos automóveis DKW
ou o Autolub de algumas motocicletas. Durante a combustão, o óleo contido no
combustível deposita-se nas superfícies metálicas lubrificando os elementos a medida
que passa da câmara de combustão para o cárter.
M P R E S S Ã O A D M IS S Ã O E X PA N S Ã O D E S C A R G A
N O C Á R T E R A D M IS S Ã O
N O C IL IN D R O
C Á R T E R
3.1.2. Motor quatro tempos
Motores baseados neste ciclo equipam a maioria dos automóveis de passeio
atualmente. Para esta aplicação, é possível construir motores a quatro tempos mais
eficientes e menos poluentes em comparação aos motores a dois tempos, apesar do
maior número de partes móveis, maior complexidade, peso e volume, comparando
motores de mesma potência. Necessitam de 2 voltas do virabrequim para completar o
ciclo.
Motor convencional
Com os cilindros dispostos em linha. Considerando o uso de apenas duas
válvulas que são comandadas pelos ressaltos de árvore de cames, uma designada por
válvula de admissão, que permite a introdução no cilindro de uma mistura gasosa
composta por ar e combustível e outra designada como válvula de escape, que permite
a expulsão para a atmosfera dos gases queimados, o ciclo de funcionamento de um
motor de combustão a 4 tempos é o seguinte:
1°Com o êmbolo (também designado por pistão) no PMS (ponto morto
superior) é aberta a válvula de admissão, enquanto se mantém fechada a válvula de
escape. A dosagem da mistura gasosa é regulada pelo sistema de alimentação, que
pode ser um carburador ou pela injeção electrónica, em que se substitui o comando
mecânico destes sistemas por um electrónico e conseguindo-se assim melhores
prestações, principalmente quando solicitadas respostas rápidas do motor. O êmbolo é
impulsionado para baixo pelo veio de manivelas (virabrequim), move-se então até ao
PMI (ponto morto inferior). A este passeio do êmbolo é chamado o primeiro tempo do
ciclo, ou tempo de admissão.
2°Fecha-se nesta altura a válvula de admissão, ficando o cilindro cheio com a
mistura gasosa, que é agora comprimida pelo pistão, impulsionado no seu sentido
ascendente em direção à cabeça do motor por meio de manivelas até atingir de novo o
PMS. Na animação observa-se que durante este movimento as duas válvulas se
encontram fechadas. A este segundo passeio do êmbolo é chamado o segundo tempo
do ciclo, ou tempo de compressão.
3°Quando o êmbolo atingiu o PMS, a mistura gasosa que se encontra
comprimida no espaço existente entre a face superior do êmbolo e a cabeça do motor,
denominado câmara de combustão, é inflamada devido a uma faísca produzida pela
vela e "explode". O aumento de pressão devido ao movimento de expansão destes
gases empurra o êmbolo até ao PMI, impulsionando desta maneira por meio de
manivelas e produzindo a força rotativa necessária ao movimento do eixo do motor
que será posteriormente transmitido às rodas motrizes. A este terceiro passeio do
êmbolo é chamado o terceiro tempo do ciclo, tempo de explosão, tempo motor ou
tempo útil, uma vez que é o único que efetivamente produz trabalho, pois durante os
outros tempos, apenas se usa a energia de rotação acumulada no volante ("inércia do
movimento"), o que faz com que ele ao rodar permita a continuidade do movimento
por meio de manivelas durante os outros três tempos.
4°O cilindro encontra-se agora cheio de gases queimados. É nesta altura, em
que o êmbolo impulsionado por meio de manivelas retoma o seu movimento
ascendente, que a válvula de escape se abre, permitindo a expulsão para a atmosfera
dos gases impelidos pelo êmbolo no seu movimento até ao PMS, altura em que se
fecha a válvula de escape. A este quarto passeio do êmbolo é chamado o quarto
tempo do ciclo, ou tempo de exaustão (escape).
Após a expulsão dos gases o motor fica nas condições iniciais permitindo que o
ciclo se repita.
Figura 8, Motor convencional.
1.
3.2.2. Motor Radial
Motores radiais, também chamados motores em estrela - são motores de
combustão interna de simetria radial, com pistões dispostos em torno de um ponto
central na árvore de manivelas. Esta configuração foi muito utilizada para mover as
hélices de aeronaves.
Estes motores têm sido de utilização principalmente aeronáutica, sendo raros
em outros tipos de veículos. Um exemplo de aplicação de um motor de nove cilindros
em estrela num veículo terrestre foi o tanque M4 Sherman. Um motor deste tipo foi
utilizado na pouco convencional motocicleta Megola.
Também são utilizados em Dragas de extração de Areia e nos garimpos para
extração de ouro.
Figura 13, Motor Radial.
3.2.3. Motor em V
Motores em V são motores com os cilindros dispostos de tal modo que formam
um "V", quando visto ao longo da linha do eixo (virabrequim).
As configurações mais comuns são os V6 e os V8, sendo as mais
frequentemente encontradas nos automóveis produzidos atualmente, com cilindrada
acima de dois litros. São usadas também em automóveis as configurações V10 e V12.
As configurações V4 e V16 já foram usadas em automóveis.
A principal vantagem dos motores em V, na fabricação de automóveis, é o fato
de serem mais compactos que os motores em linha, isso permite melhorias no design
e na aerodinâmica.
Os motores V2 e V4 são usados em motocicletas. Nas motocicletas com motor
montado transversalmente, apresentam como vantagem principal o fato de tornar a
motocicleta mais estreita do que aquelas equipadas com motores de dois ou quatro
cilindros em linha.
Os motores diesel em V são menos utilizados do que aqueles do ciclo de Otto.
Os automóveis a diesel visam principalmente a economia de combustível, geralmente
possuem 1400cc a 2200cc e quatro cilindros em linha. No entanto, fabricantes como a
BMW possuem motores de 3000cc e 4000cc. A Mercedes e a Audi também possuem
motores de cilindrada elevada como, por exemplo, o conhecido motor 2500cc V6 TDI
utilizado no Audi A6.
Relativamente a desempenho, atualmente um bom, motor a diesel possui uma
potência igual ou superior a um motor a gasolina com a mesma cilindrada. A título de
exemplo, um BMW 123d com motor de apenas 2000cc possui 204cv e um BMW 335d
com 3000cc possui 282cv.
No caso dos motores de caminhões são usados em alguns modelos pesados
motores a diesel V8. Também são produzidos caminhões com motores V6, entretanto
a maioria é equipada com motor de seis cilindros em linha. O pouco uso dos motores
em V nos caminhões se deve ao fato de que o comprimento dos motores de seis
cilindros em linha não interfere no design e na aerodinâmica.
O ângulo de abertura de V é um valor teórico que varia em função do número
de cilindros. O ângulo de V ideal é aquele que permite que o início do ciclo de
combustão em cada um dos cilindros ocorra em intervalos regulares (iguais). Motores
com bastantes cilindros podem ter mais de um ângulo ideal, entretanto motores com
ângulo de V muito aberto tornam-se demasiadamente largos para a maioria das
aplicações. Por exemplo, os motores V6 e V12 tem o ângulo ideal de 60°, o V8 de 90°, o
V10 de 72° e 144° e o motor V16 têm o ângulo ideal de 45°, 90° ou 135°.
3.2.4. Motor em W
Motor em W é um motor constituído por duas bancas de motor tipo VR,
formando um ângulo entre si. O sistema VR foi originalmente desenvolvido pela
Volkswagen, que queria um motor de seis cilindros em um tamanho mais próximo
possível de um de quatro cilindros.
O motor VR é similar ao motor V, mas com as linhas do cilindro formando um
'V' com um ângulo de apenas 10.6º ou por 15º, diferentemente dos tradicionais
ângulos de 45º, 60º ou 90º.
O termo VR vem da combinação de motor em V e Reihenmotor, quem em
alemão significa motor em linha. A combinação dos dois pode ser traduzida como
'motor V em linha'. O ângulo estreito entre bancos do cilindro permite também a
utilização de apenas um cabeçote e dois eixos de comando de válvulas para comandar
todas as válvulas. Isto simplifica a construção e reduz custos.
Esse motor possibilita a colocação de motores de maior cilindrada usando um
menor espaço, não comprometendo o design e a aerodinâmica do carro, já que não
será necessário o alongamento da frente do carro.
6.1.1. Cilindro
Local a onde o embolo desloca-se com movimento retilíneo alternado, está
contido no interior do bloco. Em motores arrefecidos a ar, possuem externamente
aletas para aumentar a superfície de contato com o ambiente e dissipar melhor o
calor.
1.
6.1.2. Bloco
Segundo OLIVEIRA, Durval P. (1997) o Bloco é a maior parte do motor e suporta
as demais partes constituintes. No interior do bloco está contido o(s) cilindro(s), onde
ocorre a queima do combustível e os mancais de apoio da árvore de manivelas. A
disposição dos cilindros no bloco pode ser em linha, radial ou em “v”. Normalmente os
blocos são construídos de ferro fundido ou ferro gusa, o que lhe proporciona boa
resistência, trabalha em altas temperaturas, facilidade de usinagem e um menor custo.
6.1.4. Cabeçote
É o órgão do motor que fecha o bloco na sua parte superior, também
confeccionado em ferro fundido. O cabeçote apresenta na sua parte inferior, parte da
câmara de combustão, orifícios para o alojamento das válvulas, bicos injetores, canais
para o líquido de arrefecimento (motores arrefecidos à água) ou aletas (motores
arrefecidos à ar), canais de admissão, escape e para óleo lubrificante. Segundo
Schlosser (2001) o cabeçote pode ser chamado de tampa de cilindro quando as
válvulas forem presentes no bloco ou inexistente (motores de dois tempos), sua
função será somente fechar a parte superior do bloco e conter a vela.
6.1.6. Êmbolo
Também chamado de “pistão”, é o órgão do motor que recebe o movimento
de expansão dos gases (primeira parte do motor a movimentar-se). Está preso a biela
através do pino de êmbolo, possui um movimento retilíneo alternativo que através da
biela é transformado em movimento rotativo continuo na árvore de manivelas ( eixo
virabrequim). Topo que é a parte superior, geralmente plana ou levemente côncava;
cabeça onde estão localizadas as ranhuras para a colocação dos anéis de segmento, e
por fim a saia, parte abaixo do orifício do pino do êmbolo. É desejável que o embolo
seja tão leve quanto possível, sem diminuir a sua resistência e desgaste. Os materiais
mais utilizados são ferro, aço e ligas de alumínio.
6.1.8. Biela
Sua função é transformar o movimento retilíneo alternado do êmbolo em
movimento circular continuo na árvore de manivelas. A biela apresenta o formato de
uma barra (denominada de corpo ou haste) com orifícios nas extremidades, o orifício
superior de menor diâmetro é denominado de “pé” ou “olho” onde é fixado ao
êmbolo através do pino do êmbolo, o orifício inferior de maior diâmetro é
denominado de “cabeça” ou “olho grande” onde é fixado na árvore de manivelas. A
cabeça da biela é separa em duas partes, sendo fixadas por meio de parafusos, a fim
de fazer a união da biela com a árvore de manivelas.
6.1.9. Bronzinas
Entre o pé da biela e o pino do êmbolo e a cabeça da biela e a arvore de
manivelas são colocadas às bronzinas (também chamadas de casquilhos)
confeccionadas em bronze e revestidas de uma liga metálica anti-fricção, estas
prolongam a vida útil do motor por evitar o contato direto entre as mesmas.
6.1.10.Pino do êmbolo
Possui forma oca, que lhe garante boa resistência à flexão com menor peso.
Tem por finalidade proporcionar uma ligação articulada entre a biela e o êmbolo.
6.1.11.Árvore de manivelas
Também conhecido como eixo de manivelas ou eixo virabrequim, são
fabricados em aço forjado ou fundido. No seu interior existem vários canais que são
responsáveis pela condução do óleo lubrificante até seus mancais e cabeças das bielas.
Em cada manivela existe um moente, o qual se acopla o mancal da cabeça da biela,
entre as manivelas existem os munhões que apoiam nos mancais do bloco. Em uma de
suas extremidades a árvore de manivelas possui um flange que se acopla ao volante do
motor e na outra às engrenagens de acionamento do comando de válvulas.
6.1.12.Volante
Disco de ferro fundido de grande massa. Sua função é acumular energia
cinética e manter uniforme a velocidade angular da árvore de manivelas, reduzindo as
variações dos tempos do motor, dando equilíbrio no movimento rotativo. A energia
cinética é acumulada no tempo de explosão e liberada nos demais tempos do motor,
que apenas são consumidores de energia. O volante é constituído de flange que se fixa
a árvore de manivelas, coroa dentada (cremalheira) na qual se engrena o motor de
partida.
6.1.13.Válvulas
Têm como função interromper o fluxo de gases de aspiração e descarga de
acordo com os tempos do motor ( 4 tempos), são abertas por meio da arvore de
comando de válvulas e fechadas por molas. Pode ser de dois tipos: admissão, entrada
da mistura ar + combustível (ciclo Otto) ou somente ar (ciclo Diesel) e escape, saída
dos gases queimados resultante da combustão. Normalmente estão presentes no
motor em numero de dois cilindros ( admissão e escape), quando estão em numero
par , dividem-se em igualmente, quando em numero impar, existe uma válvula de
admissão a mais que a de escape. Deve ser construída com aço de alta dureza.
Figura 45. Válvula.
7. Sistemas complementares
São os sistemas que proporcionam as condições necessárias para que o
processo de transformação da energia interna dos combustíveis em trabalho mecânico
se realize de forma eficiente e contínua.
7.1. Sistema de arrefecimento
A função desse sistema é fazer com que seja admitido no cilindro quantidades
de ar e que o mesmo esteja livre de impurezas. o Ciclo Diesel: para cada litro de
combustível 28 mil litros de ar;
O motor de combustão interna necessita de uma temperatura ótima para
converter a energia do combustível em trabalho de forma eficiente. Para tanto, é
necessário a existência de um sistema que mantenha a temperatura interna do motor
dentro de certos limites. Esse sistema é o de arrefecimento.
Quando o motor fica parado por muito tempo, sua temperatura interna fica
abaixo do valor ótimo ao seu funcionamento, sendo necessário elevá-la. É o sistema de
arrefecimento responsável por tal função. Por outro lado, somente 25 a 35% da
energia dos combustíveis é convertida em trabalho, os 65 a 75% restante são perdidos
na forma de calor, o qual é transferido ao meio externo pelo sistema de arrefecimento.
Dessa forma, deve-se dizer que a função do sistema de arrefecimento é manter
a temperatura interna do motor a um nível ótimo para seu funcionamento, sendo
errado dizer que sua função é de refrigeração.
Para transferir o calor para o meio externo, utiliza-se um meio arrefecedor, o
qual fica em contato com as partes do motor, absorvendo o calor. Os meios
arrefecedores mais utilizados são o ar e a água. Assim, os tipos de sistemas de
arrefecimento são:
Sistema de arrefecimento a ar: Usado em aviões, motocicletas, motores de
veículos e alguns tratores. Esses motores apresentam aletas que tem por função
aumentar a superfície de contato com o ar e, assim, melhorar o escoamento do calor.
Motor de partida
É um motor elétrico que recebe energia da bateria e tem como função acionar
o volante para dar início ao funcionamento do motor. Entra em contato com o volante,
girando a árvore de manivelas até que ocorra combustão em um dos cilindros do
motor, onde a mistura entra em combustão e o motor em funcionamento.
No ciclo Otto também pode ocorrer injeção direta, ou seja, bicos injetores que
tem como função dosar a entrada e pulverizar o combustível na câmara de combustão
localizados nos porta injetores acoplados no cabeçote do motor. Tem capacidade de se
adaptar com perfeição a todas as condições de uso a que é submetido, assim obtendo
um menor consumo de combustível comparado a injeção indireta.
Figura 70. Bomba injetora rotativa. Figura 71. Esquema de funcionamento da bomba
injetora rotativa.
Figura 72. Comando de válvulas simples Figura 73. Comando de válvulas duplo
(SOHC). (DOHC).
Comando de válvulas indireto (OHV) – Over head valve - apresenta a mesma
constituição do direto acrescentando as varetas e os balancins, localizado no bloco do
motor. A diferença no funcionamento dos dois comandos é que no indireto, o
acionamento das válvulas é feito através das varetas e dos balancins, que se
encontram entre o tucho e o pé da válvula. Os ressaltos movimentam os tuchos e as
varetas, elevando uma das extremidades dos balancins, enquanto que a outra
comprime a mola e aciona as válvulas.
Figura 74. Esquema de funcionamento do
comando de válvulas OHV.
Nos motores de quatro tempos encontram-se duas válvulas por cilindro: uma
válvula de admissão, através da qual é admitido ar (ciclo Diesel) ou ar + combustível
(ciclo Otto) na câmara do cilindro e uma válvula de escape através da qual os gases
oriundos da combustão são expelidos para fora da câmara, indo para o coletor de
escape e depois para o meio externo.
As válvulas abrem somente uma vez por ciclo do motor, ou seja, a árvore de
comando de válvulas da uma volta por ciclo (360o) enquanto que a árvore de
manivelas dá duas voltas por ciclo (720o). Isso ocorre porque as engrenagens
responsáveis pela transmissão do movimento da árvore de manivelas para a árvore de
comando de válvulas possuem tamanhos diferentes. A engrenagem fixa à árvore de
comando de válvulas, possui o dobro do número de dentes da engrenagem da árvore
de manivelas, portanto, a velocidade angular da árvore de comando de válvulas é a
metade da árvore de manivelas.
O momento de abertura e fechamento das válvulas é determinado de forma a
resultar numa maior eficiência do motor, ou seja, proporcionar uma melhoria na
entrada de ar e saída dos gases queimados dos cilindros. Por essa razão, a abertura e
fechamento das válvulas não coincidem com os momentos que o êmbolo encontra-se
nos pontos mortos.
Para proporcionar maior entrada de ar no cilindro e auxiliar a expulsão dos
gases queimados no último ciclo, a válvula de admissão abre-se antes que o êmbolo
atinja o ponto morto superior no tempo de escape do último ciclo, e para preencher
completamente o volume deslocado pelo êmbolo, a válvula de admissão permanece
aberta mesmo depois do ponto morto inferior.
Por outro lado, a válvula de escape abre-se antes do êmbolo atingir o ponto
morto inferior no tempo de expansão, para que ocorra uma melhor exaustão dos
gases queimados. O fechamento da válvula de escape ocorre após o êmbolo Ter
atingido o ponto morto superior, para que ocorra uma melhor lavagem do cilindro.
Motor de múltiplas válvulas
Esses motores são apenas aperfeiçoamentos para o ciclo OTTO ou quatro
tempos e sua única diferença é que existem pelo menos duas válvulas para cumprir
uma única função ao mesmo tempo.
Existem atualmente 3 configurações para motores multiválvulas, são os
modelos com 3, 4 ou 5 válvulas por cilindro. No caso do motor que possui 3 válvulas
por cilindro, 2 são para admissão e uma apenas para exaustão, com 4 válvulas, 2 são
para admissão e 2 para exaustão e no caso de 5 válvulas são 3 para admissão e 2 para
exaustão. A principal função de um motor de múltiplas válvulas é maximizar o fluxo de
gases que entram (entra mais oxigênio) e saem (exausta mais gases com menos força)
do motor, conseguindo deste modo uma eficiência maior da combustão.
Figura 75, Motor de múltiplas válvulas. Figura 76, Motor de múltiplas válvulas.
Diagrama de Válvulas
Através da analise do diagrama de válvulas, é possível entender os momentos
de abertura e fechamento das válvulas de admissão e escape. Quem define o diagrama
de válvulas é a árvore do comando de válvulas, ou seja, o formato, o espaçamento de
ângulo dos cames é quem determina o acionamento das válvulas. Para melhor
entender o funcionamento do comando de válvulas, podemos transformar os
movimentos em graus, tornando-o um ciclo, como na figura a seguir. Com isso, obtém-
se um diagrama de válvulas para cada cilindro do motor, onde cada fase do motor
(admissão, compressão, combustão e escape) tem seus momentos identificados no
diagrama.
Pode-se observar que algumas vezes os movimentos ocorrem
simultaneamente, como por exemplo na fase final do escape, onde a admissão começa
a ser realizada e com isso tem-se a chamada “limpeza” da câmara de combustão.
Motor aspirado
Baseia-se em obter maior potência do motor através da substituição da árvore
de comando de válvulas, este faz com que as válvulas permaneçam abertas por mais
tempo, proporcionando assim um melhor enchimento dos cilindros. A substituição da
árvore de comando de válvulas sempre deve ser acompanhada da recalibração do
carburador ou a substituição do mesmo e retrabalho do cabeçote, além de velas,
bobina e filtro de ar. A principal vantagem desse método é o baixo custo. As
desvantagens ficam por conta da perda de torque em baixas rotações e a instabilidade
da marcha lenta.
Turbo-compressor
O turbo-compressor, instalado sobre o coletor de escape do motor, consiste de
um conjunto de compressor centrífugo e uma turbina centrípeta acionada por gases
de escape resultante da queima de combustível no motor. Ele alimenta o motor de
graça, pois utiliza a energia contida nesses gases, não roubando potência do motor.
Para existir uma inércia limitada, assegurando uma resposta imediata, os turbo
compressores possuem rotores de dimensões reduzidas. Um eixo que atravessa o
cárter central, apoiado por dois rolamentos lubrificados e arrefecidos por óleo sobre
pressão proveniente do sistema de lubrificação do motor, liga o rotor da turbina
diretamente ao rotor do compressor. As dimensões reduzidas, o peso limitado e a
grande liberdade de posicionamento tornam os turbo compressores muito adequados
ao uso no campo automobilístico, uma vez que a ligação do motor é feita apenas por
tubulações.
O funcionamento baseia-se na saída dos gases queimados no quarto tempo do
motor, que acionam uma turbina, enquanto que o excesso desses são expulsos pela
válvula de alívio. A turbina, ao girar, movimenta o compressor que suga o ar ambiente
e o comprime no motor, fazendo passar pelo radiador para resfriá-lo. Daqui vai ao
carburador e depois ao cilindro (ciclo Otto) ou diretamente ao cilindro (ciclo Diesel).
Intercooler
É um sistema de troca de calor, geralmente do tipo ar-ar, existindo também o
intercooler do tipo ar-água. É usado para abaixar a temperatura do ar enviado aos
cilindros nos motores turbo-alimentados, quando se adotam pressões elevadas de
alimentação. Trata-se, então, de uma espécie de radiador do turbo. Tem aparência
semelhante á de um radiador comum, mas normalmente é fabricado em um material
de liga leve. No compressor, o ar pode atingir temperaturas elevadas de 160 a 200o C,
e cabe ao intercooler abaixá-las. Dessa forma, o ar comprimido que entra no cilindro é
mais denso, o que auxilia o rendimento do sistema e diminui a solicitação térmica
exigida a componentes como válvula de exaustão, pistões e paredes das câmaras. O
intercooler resfria ainda mais o ar que entra no cilindro, cabendo um volume maior,
aumentando assim a potência e o torque.
Compressor mecânico
Trata-se de um equipamento destinado a aumentar a potência de um motor de
combustão interna. O ganho de potência se deve ao aumento de densidade e do
volume de ar admitido devido a um aumento na pressão de admissão, causado por um
compressor volumétrico, que é acionado pelo próprio motor de combustão interna
através de uma transmissão por correias ou engrenagens.
Potência
É a medida do trabalho realizado numa unidade de tempo. Ela é a medida da
capacidade do veículo de desenvolver velocidade. Quanto maior a potência, maior é a
capacidade de atingir maiores velocidades. O motor oferece maior potência à medida
em que a rotação aumenta. A potência máxima está disponível na rotação máxima.
A potência é calculada através de:
P=( f∗d )/t , onde a unidade é: cv, hp, kW
Cavalo-vapor (cv)
É uma unidade de medida de potência. um CV é a força necessária para elevar
um peso de 75 kgf à altura de um metro num segundo.
Torque máximo
É aonde acontece à eficiência máxima do motor, onde o motor converte a
maior parte da mistura combustível em movimento, ponto onde o motor já atingiu sua
potência máxima. Não significa, necessariamente, que seja o ponto de maior
economia.
9. Características dimensionais dos MCI
Diâmetro do cilindro
Curso do pistão
É a distância entre o ponto morto superior e o ponto morto inferior
Volume do cilindro
É obtido multiplicando-se a área do cilindro pelo curso do pistão.
Cilindrada minuto
É o volume admitido pelo motor em um minuto de funcionamento. Depende da
cilindrada total e da rotação da árvore de manivelas.
Cmin=(C t∗N )/∆
em que:
Cmin = cilindrada minuto, cm³.min;
Ct = cilindrada total, cm³;
N = velocidade angular da árvore de manivelas, RPM;
Δ = 2 para motores de quatro tempos; 1 para motores de dois tempos.
W= 2πN