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II Encontro Brasil-Colômbia e VIII Seminário da Pós-Graduação em Ciências Sociais

da UFRB

Sul Global: Distâncias e Vizinhanças

24 a 28 de Setembro de 2018

SEMINÁRIO INTERNACIONAL CARAJÁS 30 ANOS: protagonismo popular na


produção de conhecimento frente aos projetos de desenvolvimento na Amazônia
Oriental

Carolina Maria Bruzaca Pinto 1, Graduada em Serviço Social


Introdução
A história da Amazônia tem sido marcada pelo saque e pela rapina de suas riquezas,
pelo genocídio físico e cultural dos seus povos e pela exploração dos sobreviventes. Essa
realidade é marcada, historicamente, pela degradação ambiental, social e cultural, por
conflitos territoriais, pelo assassinato seletivo das lideranças populares, pela criminalização
dos movimentos sociais e sindicais, pelo uso protelatório da judicialização dos conflitos, pelo
avanço do grande capital sobre o território amazônico, pela utilização de trabalho escravo e
pela agudização da miséria, sob a égide de um Estado autoritário, pseudo-democrático e
violento. A postura neocolonialista assumida pelo Brasil incita o conflito entre as nações,
subjugando e violando direitos dos povos.
Após 30 anos de mineração, siderurgia e projetos de “desenvolvimento regional”,
implementados a partir do Programa Grande Carajás, o Seminário Internacional Carajás 30
Anos: resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia oriental
buscou realizar uma avaliação crítica dos processos sociais, ambientais, econômicos e
culturais desencadeados por esse grande investimento, dando continuidade e reavaliando os
resultados obtidos no “Seminário Consulta Carajás”, que foi realizado por movimentos sociais
e pesquisadores universitários na região entre 1992 e 1995. Apesar de ter sido oficialmente
extinto em 1991, o Programa Grande Carajás alterou profundamente a história, a geografia, a
política e a cultura da Amazônia oriental e suas consequências continuam presentes na vida
cotidiana de cidades, povoados rurais, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, grupos
sociais tradicionais, além de ter provocado intensas alterações nos biomas e paisagens.
O Seminário foi concebido numa parceria que envolveu movimentos sociais e comunitários,
sindicatos, pastorais, programas de pós-graduação e grupos de pesquisa universitários.
Buscou oferecer um testemunho concreto e inegável das contradições do ciclo de mineração e

1
carolonalorona@gmail.com, Universidade Federal do Maranhão
II Encontro Brasil-Colômbia e VIII Seminário da Pós-Graduação em Ciências Sociais
da UFRB

Sul Global: Distâncias e Vizinhanças

24 a 28 de Setembro de 2018

siderurgia e, para tanto, contou com uma significativa participação dos atingidos por
mineração em outras regiões do Brasil e do mundo. Constituiu-se em um processo que
culminou num evento com duração de cinco dias, na Universidade Federal do Maranhão,
entre 05 e 09 maio de 2014, e contou com a participação de lideranças comunitárias e
movimentos socioambientais protagonizando apresentações de produção acadêmica nos
grupos de trabalho do seminário. O presente trabalho busca destacar estes segmentos que
ocuparam o espaço da Academia na produção de conhecimentos críticos e coletivos, em
aproximado diálogo com os saberes populares, articulando-se com as lutas sociais na
perspectiva do diálogo de saberes e reconhecendo a importância das epistemologias não
ocidentais na construção do conhecimento

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