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1. TEMPO DA SUCESSÃO
Morte é o momento da abertura da sucessão, pois com ela ocorre o fim da personalidade jurídica do
titular de determinado patrimônio (universalidade de direitos).
Assim, a sucessão nada mais é do que a transmissão da titularidade dessa universalidade de direitos.
Princípio de Saisine: art. 1784, CC – transmissão da propriedade e da posse no exato momento da
morte, ainda que a pessoa desconheça a qualidade que ostenta (ficção jurídica);
3. LUGAR DA SUCESSÃO
Lugar: art. 1785, CC – último domicílio;
Inventário judicial x Inventário extrajudicial:
1. Inventário judicial:
Competência:
REGRA: deverá ser distribuído no juízo do último domicílio do falecido (art. 48, CPC);
OBS: Último domicílio no exterior, mas bens imóveis no Brasil art. 23, II, CPC
(competência brasileira);
Nesse caso, qual será a lei aplicada? art. 5º, XXI, CR; art. 10 e §1º, LINDB
REGRA: lei estrangeira do último domicílio para inventário e partilha (art. 1785, CC);
EXCEÇÃO: lei brasileira, se a aplicação da lei estrangeira prejudicar filhos ou cônjuge
brasileiros.
EXCEÇÃO: inexistente o último domicílio, será é competente (art. 48, p.u., CPC): I - o foro
de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer
destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
4. SITUAÇÃO ANÔMALA
Há direitos sucessórios que não são tratados pela legislação sucessória (ex1: art. 551, p.u., CC).
5. ESPÉCIES DE SUCESSÃO
5.1. Quanto à origem:
a) Lei Sucessão legítima:
Na sucessão legítima os herdeiros podem ser:
Necessários (art. 1845, CC): descendentes, ascendentes e cônjuge;
OBS: No CC 16, o cônjuge era herdeiro facultativo.
OBS2: A lei assegura a metade da universalidade de direitos para a sucessão apenas para os
herdeiros necessários (art. 1846, CC). A legítima (metade garantida) dos herdeiros necessários
não pode estar incluída em testamento (art. 1857, §1º, CC).
Facultativos: todos aqueles que não estiverem elencados no art. 1845, CC.
A sucessão legítima é suplementar à sucessão testamentária, ou seja, aplica-se nas hipóteses em
que não ocorrer a sucessão testamentária (art. 1788, CC) “princípio da sobra”.
OBS: Sobra tem que ser de, pelo menos, 50% se os herdeiros forem necessários; se forem
facultativos, a lei autoriza que nem exista sobra (art. 1789, CC)
ATENÇÃO! Companheiros continuam a ser herdeiros facultativos.
b) Vontade Sucessão testamentária
8. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Trata-se da identificação do direito de suceder (art. 1798, CC)
Modos de suceder
Por direito próprio: partilha por cabeça;
Por representação: partilha por estirpe;
Art. 1829, I, CC art. 1833, CC;
Filhos sempre sucederão por direito próprio, partilhando por cabeça;
Netos e demais descendentes poderão suceder:
REGRA: por representação, partilhando por estirpe (ex: descendente pré-morto pode ser
representado por descendentes (art. 1851, CC));
ATENÇÃO! Só haverá representação se houver alguém de grau mais próximo
concorrendo, na herança, com alguém de grau mais distante (ex: filhos e netos).
EXCEÇÃO: por direito próprio, partilhando por cabeça (ex: se não existirem descendentes de 1º
grau (filhos), os descendentes de 2º grau sucederão por direito próprio, com partilha por
cabeça.
Art. 1798, CC – vocação hereditária se estende aos concebidos no momento da sucessão (aguardar o
nascimento para a aquisição do direito – art. 2º, CC)
OBS: Reprodução assistida
CASO: Eduardo e Monica, em 2014, procuram uma clínica de reprodução assistida (embrião
foi formado na proveta e congelado para preservação); em 2016, Eduardo morre; em 2018,
nasce do Dudu, filho do casal (que, pela data, não podia ter sido concebido no momento da
sucessão). Dudu teria direito hereditário?
Três correntes:
1ª corrente (Maria Helena Diniz): Não, a concepção se refere ao desenvolvimento
gestacional;
2ª corrente (posição majoritária): Sim, para os embriões formados à época do óbito
(Flávio Tartuce + Enunciado 267, III Jornada de Direito Civil) – posição majoritária;
3ª corrente (Maria Berenice Dias): Sim, em qualquer hipótese:
a) para não haver discriminação entre filhos – art. 227, §6º, CR;
b) se o filho havido por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido, é
considerado presumidamente concebido na constância do casamento – art. 1597, III, CC –
ainda mais o havido de reprodução assistida
OBS: Nesse caso, deve ser ajuizada ação de petição de herança (art. 1824 a 1828, CC) para
que o filho tenha reconhecido o seu direito à vocação hereditária.
CASO: Eduardo e Monica, em 2014, procuram uma clínica de reprodução assistida (embrião
foi formado na proveta e congelado para preservação); em 2016, Eduardo morre; em 2018,
nasce do Dudu, filho do casal (que, pela data, não podia ter sido concebido no momento da
sucessão). Dudu teria direito hereditário?
Para analisar se ele teria ou não direito hereditário, deve-se verificar o prazo prescricional:
2016 a 2018: 2 anos – corre a prescrição, pois ainda não nasceu (apenas contra absolutamente
incapaz que não corre a prescrição – art. 198, I, CC;
2018 a 2034 – suspensão da prescrição;
2034 – volta a correr a prescrição, pois Dudu completa 16 anos; faltam mais 8 anos para a
prescrição, pois já decorreram 2 anos antes da suspensão;
2042 – completam-se 10 anos e prescreve, para Dudu, o direito de reclamar a herança de
Eduardo;
CASO: Orlando e Regina dividiram, mas surge um neto: Kinder. E ele terá direito a tudo, por ser
descendente. Ocorre que eles eram os “herdeiros aparentes”, de modo que eles não tinham a
propriedade, mas tinham a posse.
OBS: Nome “prole eventual”: art. 227, §6º, CR – não pode haver discriminação entre filhos.
OBS2: O filho adotado já está concebido. Se a sentença de adoção ocorre depois do prazo de 2
anos, mas já há estado de convivência, pode-se entender que houve “posse do estado de filho”,
pois era mãe socioafetiva.
CASO: Herança de R$12 milhões. Leonora (aceita), Laura (aceita) e Leonardo (renuncia).
Nesse caso, a renúncia é abdicativa. Monte será dividido por 2, ao invés de 3.
Se Leonardo renuncia em favor da Laura, há a cessão de direitos hereditários
(alienação), que será ato bilateral.
Espécies:
a) Abdicativa (não há pagamento de imposto, pois não sucedeu);
OBS: Se a renúncia do Leonardo foi abdicativa, se aparecesse Kinder, ele teria 1/3.
b) Translativa (há pagamento de imposto) – art. 1805, §2º, CC.
OBS: Não é aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais coerdeiros
(art. 1805, §2º, CC) logo, é renúncia.
OBS2: Se a renúncia do Leonardo foi abdicativa, se aparecesse Kinder, ele teria 1/4.
2. SUCESSÃO DO CÔNJUGE
- Art. 1829, III c/c art. 1838, CC
ATENÇÃO! Jamais haverá concorrência entre cônjuge e colaterais do falecido, na herança
legítima.
- Art. 1830, CC – cônjuge não tem direito hereditário (inclusive direito real de habitação):
a) ao tempo da morte do outro, estavam separados judicialmente;
OBS: Ainda que o artigo não preveja a separação extrajudicial, esse caso deve ser
estendido a essa hipótese, pois a sociedade conjugal foi dissolvida, ainda que
extrajudicialmente.
c) ao tempo da morte do outro, estavam separados de fato:
a. Há mais de dois anos;
b. Culpa do cônjuge sobrevivente.
OBS: Informativo 573, STJ – presunção relativa de culpa do cônjuge sobrevivente.
OBS2: Enunciado 525, V Jornada Direito Civil
5. HERANÇA NECESSÁRIA
Arts. 1845 a 1850, CC
Herança necessária é interseção entre sucessão legítima e sucessão testamentária;
Aproximação à sucessão testamentária;