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TIPO E MASSA DO SOBREVALOR
Compensação do número de operários por um prolongamento da jornada de trabalho – Necessidades de
certo mínimo de dinheiro para a transformação do dinheiro em capital.
“Compensação do número de operários por um prolongamento da jornada de
trabalho (...)O tipo do sobrevalor determina, pois, a massa de sobrevalor produzida
individualmente por um operário, dado o valor da sua força.”
Necessidade de certo mínimo de dinheiro para a transformação
do dinheiro em capital – Como o valor é trabalho realizado é evidente
que a massa de valor que um capitalista faz produzir depende
exclusivamente da quantidade de trabalho que põe em movimento;
segundo o que acabamos de ver, pode pôr em movimento uma
quantidade maior ou menor com o mesmo número de operários,
segundo seja a sua jornada mais ou menos larga. Porém, dados o valor
da força de trabalho e o tipo do sobrevalor em outros termos, a divisão
da jornada em trabalho necessário e sobretrabalho, a massa total de
valor, compreendido o sobrevalor que realiza um capitalista, está
exclusivamente determinada pelo número de operários que emprega, e
este mesmo número depende da magnitude do capital variável que
adianta, da soma que consagra à compra de forças de trabalho.
Para pôr em ação a atividade de outrem, para explorar a força
de trabalho e extrairlhe o trabalho extra, o sistema capitalista excede
em energia, em eficácia e em ilimitada potência a todos os sistemas
anteriores de produção fundados diretamente nas diferentes formas de
trabalhos forçados.
CAPÍTULO XII
SOBREVALOR RELATIVO
Diminuição do tempo de trabalho necessário – Aumento da produtividade do trabalho e do
sobrevalor.
“Diminuição do tempo de trabalho necessário – (…)”
O tempo de trabalho necessário poderia ser e é, na prática,
reduzido por uma diminuição do salário, que chega a ser inferior ao
valor da força de trabalho. Porém, aqui admitimos que a força de
trabalho se compra e se vende no seu justo valor; neste caso, o tempo
consagrado a reproduzir o dito valor só pode diminuir quando este
valor diminua. Porém, este valor depende do valor da massa
substancial que necessita para o seu sustento; é necessário, pois, que o
valor desta massa diminua, que se produza, por exemplo, em cinco
horas a quantidade de substâncias em um tempo mais reduzido, só
pode resultar de um aumento de força produtiva do trabalho, aumento
que não ocorre sem uma modificação dos instrumentos ou no método
do trabalho, ou em ambos ao mesmo tempo.
(…) Rebaixando o preço das mercadorias o desenvolvimento da
força produtiva do trabalho faz baixar o preço do trabalhador; esse
desenvolvimento, no regime capitalista, tem por resultado aliviar a
parte da jornada em que o operário trabalha para si próprio, e
prolongar, por consequência, aquela em que trabalha grátis para o
capitalista; os mesmos processos que baixam o preço das mercadorias
elevam o sobrevalor que produzem. A economia de trabalho que realiza
um desenvolvimento desse gênero não tende jamais a abreviar a
jornada de trabalho, como pretendem fazer crer alguns economistas;
que por um aumento de produtividade chegue o operário a produzir em
uma hora dez vezes mais do que produzia, não impede que se continue
fazendoo trabalhar pelo menos tanto como anteriormente.
CAPÍTULO XIII
COOPERAÇÃO
Força coletiva do trabalho – Resultados e condições do trabalho coletivo – O mando na
indústria pertence ao capital – A força coletiva do trabalho aparece como uma força própria do
capital.
Força coletiva do trabalho – A produção capitalista começa de
fato a estabelecerse quando um só dono explora muitos assalariados;
quando um número considerável de operários que funcionam ao
mesmo tempo, sob a direção do mesmo capital, no mesmo lugar, para
produzir o mesmo gênero de mercadorias; é aqui o ponto de partida
histórico da produção capitalista.
(…) assim o total das forças operárias isoladas difere da força que
desenvolve desde o momento em que funcionam em conjunto numa
mesma operação. Tratase, pois, de criar, mercê da cooperação, uma
nova força que só funciona como força cooperativa.
“Resultados e condições do trabalho coletivo – Além da nova potência que resulta
da reunião de numerosas forças em uma força comum, o simples contato social produz uma
excitação que eleva a capacidade individual da execução.”
(…) o possuidor do dinheiro necessita ter um mínimo deste, que lhe
permita explorar bastantes operários para se desobrigar neles de todo o
trabalho manual. Sem essa condição, o pequeno patrão não poderia ter
sido substituído pelo capitalista e a produção não poderia revestir a
forma da produção capitalista. O mínimo de magnitude do capital que
deve encontrarse nas mãos dos particulares apresentase agora com a
concentração de riqueza necessária para a transformação dos trabalhos
isolados em trabalho coletivo.
A força coletiva do trabalho aparece como uma força própria do
capital – O operário é proprietário da sua força de trabalho, posto que
discute o preço de venda com o capitalista e só pode vender o que
possui, a sua força individual. É assim como o capitalista contrata com
um ou com cem operários, independentes uns de outros e que
poderiam empregar separadamente. O capitalista paga por separado a
cada um dos cem operários a sua força de trabalho, porém não paga a
força combinada dos cem.
DIVISÃO DO TRABALHO E MANUFATURA
I – Dupla origem da manufatura – A espécie da manufatura que
tem por base a divisão do trabalho reveste na manufatura a forma
clássica e domina durante o período manufatureiro propriamente dito,
que dura aproximadamente desde meados do século XVI até o último
terço do século XVIII.
A origem da manufatura, sua procedência do ofício, apresenta ,
pois, um duplo aspecto. Por um lado, tem por ponto de partida a
combinação de ofícios diversos e independentes, a qual se simplifica
até se simplifica até reduzilos à categoria de operações parciais e
complementares na produção da mesma mercadoria. Por outro lado,
apoderase da cooperação de artífices do mesmo gênero, decompõe o
seu ofício nas suas diferentes operações, isolaos e tornaos
independentes, de tal sorte que, cada uma delas chega ser função
exclusiva de um trabalhador que, confeccionando só uma parte de um
produto, não é mais que um trabalhador fracionário. Assim, pois, ora
combina ofícios distintos, cujo produto é a obra, ora desenvolve a
divisão do trabalho em um ofício. Qualquer que seja o seu ponto de
partida, a sua forma primitiva é a mesma: um organismo de produção,
cujos membros são homens.
“O trabalhador fracionário e o seu utensílio, tais são os elementos simples da manufatura
(...)”
“III – As duas formas fundamentais de manufatura (...)”
“A primeira espécie subministra produtos, cuja forma definitiva é uma simples reunião de
produtos parciais, que até podem ser executados como ofícios distintos; um produto, tipo dessa
espécie, é o relógio.”
A segunda espécie de manufatura, a sua forma perfeita,
subministra produtos que procedem de toda uma série de
desenvolvimentos graduais; na manufatura de alfinetes, por exemplo, o
arame de latão passa pelas mãos de uma centena de operários
aproximadamente, cada um dos quais efetua operações distintas.
Combinando ofícios, que eram antes independentes, uma manufatura
desse gênero diminui o tempo entre as diversas operações e o lucro em
força produtiva, que resulta dessa economia de tempo, depende do
caráter cooperativo da manufatura.
Mecanismo geral da manufatura – Antes de chegar à sua forma
definitiva, o objeto de trabalho, o latão, por exemplo, manufatura de
alfinetes, percorre uma série de operações que, dado o conjunto dos
produtos em obra, operam todas simultaneamente; vêse executar por
sua vez o corte do arame, a preparação das cabeças, o adelgaçar das
pontas, etc.; o produto aparece assim em um dado momento em todos
os seus graus de transformação.
“IV – Divisão do trabalho na manufatura e na sociedade (...)”
“Enquanto a divisão social do trabalho, com ou sem troca de mercadorias, pertence
às formas econômicas das sociedades mais diversas, a diversão manufatureira é uma
criação especial do sistema de produção capitalista.”
“V – Caráter capitalista da manufatura (…)”
Enquanto a manufatura é a forma dominante do sistema de
produção capitalista, a realização das tendências dominadoras do
capital encontra, sem dúvida, obstáculos. A habilidade do ofício fica
sendo, apesar de tudo, a base da manufatura: os operários h[abeis são
os mais numerosos e não se pode prescindir deles; têm, por
conseguinte, certa força de resistência; o capital tem que lutar
constantemente contra a sua insubordinação.
CAPÍTULO XVI
SOBREVALOR ABSOLUTO E SOBREVALOR RELATIVO
O que caracteriza o trabalho produtivo – A produtividade do trabalho e o sobrevalor
“O que caracteriza o trabalho produtivo (…) ”
Para o futuro, a ideia do trabalho produtivo não indica já
simplesmente uma relação entre atividade e resultado útil, mas uma
relação social, que converte o trabalho em instrumento imediato para
fazer produzir valor ao capital. Também a economia política clássica
tem sustentado sempre que o que caracterizava o trabalho produtivo
era a criação de sobrevalor.
“A produtividade do trabalho e o sobrevalor (…) “
Se a produção capitalista se introduzisse na sua ilha, o bom
insular deveria trabalhar talvez seis dias por semana, para poder
ministrar à sua subsistência o produto de uma jornada de trabalho. A
concessão da natureza não explicaria porque trabalhava agora seis dias
por semana em lugar de um, que anteriormente bastava para a sua
subsistência, em outros termos, não explicaria porque criava
sobrevalor. Unicamente explicaria porque o sobretrabalho pode ser de
cinco dias e o trabalho necessário somente de um. Em resumo, a
produtividade explica o grau alcançado pelo sobrevalor; porém, nunca
é causa dele; a causa do sobrevalor é sempre o sobretrabalho, qualquer
que seja o modo de arrancálo.