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CAPÍTULO XI

TIPO E MASSA DO SOBREVALOR

Compensação do número de operários por um prolongamento da jornada de trabalho – Necessidades de  
certo mínimo de dinheiro para a transformação do dinheiro em capital.

“Compensação do número de operários por um prolongamento da jornada de 
trabalho  ­   (...)O   tipo   do   sobrevalor   determina,   pois,   a   massa   de   sobrevalor   produzida 
individualmente por um operário, dado o valor da sua força.”
Necessidade de certo mínimo de dinheiro para a transformação 
do dinheiro em capital – Como o valor é trabalho realizado é evidente 
que   a   massa   de   valor   que   um   capitalista   faz   produzir   depende 
exclusivamente   da   quantidade   de   trabalho   que   põe   em   movimento; 
segundo   o   que   acabamos   de   ver,   pode   pôr   em   movimento     uma 
quantidade   maior   ou   menor   com   o   mesmo   número   de   operários, 
segundo seja a sua jornada mais ou menos larga. Porém, dados o valor 
da força de trabalho e o tipo do sobrevalor em outros termos, a divisão 
da jornada em trabalho necessário e sobretrabalho, a massa total de 
valor,   compreendido   o   sobrevalor   que   realiza   um   capitalista,   está 
exclusivamente determinada pelo número de operários que emprega, e 
este   mesmo   número   depende   da   magnitude   do   capital   variável   que 
adianta,   da   soma   que   consagra   à   compra   de   forças   de   trabalho.

Para pôr em ação a atividade de outrem, para explorar a força 
de trabalho e extrair­lhe o trabalho extra, o sistema capitalista excede 
em energia, em eficácia e em ilimitada potência a todos os sistemas 
anteriores de produção fundados diretamente nas diferentes formas de 
trabalhos forçados.

CAPÍTULO XII
SOBREVALOR RELATIVO

Diminuição do tempo de trabalho necessário – Aumento da produtividade do trabalho e do  
sobrevalor.

“Diminuição do tempo de trabalho necessário – (…)”
O   tempo   de   trabalho   necessário   poderia   ser   e   é,   na   prática, 
reduzido por uma diminuição do salário, que chega a ser inferior ao 
valor   da   força   de   trabalho.   Porém,   aqui   admitimos   que   a   força   de 
trabalho se compra e se vende no seu justo valor; neste caso, o tempo 
consagrado   a   reproduzir   o   dito   valor   só   pode   diminuir   quando   este 
valor   diminua.   Porém,   este   valor   depende  do   valor   da   massa 
substancial que necessita para o seu sustento; é necessário, pois, que o 
valor   desta   massa   diminua,   que   se   produza,   por   exemplo,   em   cinco 
horas   a   quantidade   de   substâncias   em   um   tempo   mais   reduzido,   só 
pode resultar de um aumento de força produtiva do trabalho, aumento 
que não ocorre sem uma modificação dos instrumentos ou no método 
do trabalho, ou em ambos ao mesmo tempo.

Aumento   da   produtividade   do   trabalho   e   do   sobrevalor   –   Por 


aumento   da   força   produtiva   ou   da   produtividade   do   trabalho 
entendemos, em geral, uma mudança nos seus processos que abrevie o 
tempo atualmente necessário por termo médio para a produção de uma 
mercadoria,   de   forma   tal   que   uma   quantidade   menor   de   trabalho 
adquira a faculdade de produzir mais objetos úteis.

(…) Rebaixando o preço das mercadorias o desenvolvimento da 
força   produtiva   do   trabalho   faz   baixar   o   preço   do   trabalhador;   esse 
desenvolvimento,   no   regime   capitalista,   tem   por   resultado   aliviar   a 
parte   da   jornada   em   que   o   operário   trabalha   para   si   próprio,   e 
prolongar,   por   consequência,  aquela   em   que   trabalha   grátis   para   o 
capitalista; os mesmos processos que baixam o preço das mercadorias 
elevam o sobrevalor que produzem. A economia de trabalho que realiza 
um   desenvolvimento   desse   gênero   não   tende   jamais   a   abreviar   a 
jornada de trabalho, como pretendem fazer crer alguns economistas; 
que por um aumento de produtividade chegue o operário a produzir em 
uma hora dez vezes mais do que produzia, não impede que se continue 
fazendo­o trabalhar pelo menos tanto como anteriormente.

CAPÍTULO XIII
COOPERAÇÃO

Força coletiva do trabalho – Resultados e condições do trabalho coletivo – O mando na  
indústria pertence ao capital – A força coletiva do trabalho aparece como uma força própria do 
capital.

Força coletiva do trabalho – A produção capitalista começa de 
fato a estabelecer­se quando um só dono explora muitos assalariados; 
quando   um   número   considerável   de   operários   que   funcionam   ao 
mesmo tempo, sob a direção do mesmo capital, no mesmo lugar, para 
produzir o mesmo gênero de mercadorias; é aqui o ponto de partida 
histórico da produção capitalista.
(…)   assim   o   total   das   forças   operárias   isoladas   difere   da   força   que 
desenvolve   desde   o   momento   em  que   funcionam  em  conjunto  numa 
mesma  operação.   Trata­se,  pois,   de   criar,  mercê   da   cooperação,   uma 
nova força que só funciona como força cooperativa.
“Resultados e condições do trabalho coletivo – Além da nova potência que resulta 
da reunião de numerosas forças em uma força comum, o simples contato social produz uma 
excitação que eleva a capacidade individual da execução.”
(…) o possuidor do dinheiro necessita ter um mínimo deste, que lhe 
permita explorar bastantes operários para se desobrigar neles de todo o 
trabalho manual. Sem essa condição, o pequeno patrão não poderia ter 
sido substituído  pelo  capitalista   e  a  produção  não  poderia  revestir  a 
forma da produção capitalista. O mínimo de magnitude do capital que 
deve encontrar­se nas mãos dos particulares apresenta­se agora com a 
concentração de riqueza necessária para a transformação dos trabalhos 
isolados em trabalho coletivo.

O   mando   na   indústria   pertence   ao   capital   –   No   começo   do 


capital, o seu mando sobre o trabalho tem um caráter quase acidental. 
O   operário   trabalha   sob   as   ordens   do   capital   no  sentido   de   que   lhe 
vendeu a sua força por carecer dos meios materiais para trabalhar por 
sua própria conta. Porém, desde o momento em que haja cooperação 
entre   operários   assalariados,   o   mando   do   capital   manifesta­se   como 
uma  condição  dispensável  da  execução  do  trabalho.   Todo   o  trabalho 
social   ou   comum   reclama   uma   direção   que   harmonize   as   atividades 
individuais.   Um   músico   que   executa   um   solo   dirige­se   a   si   próprio; 
porém   uma   orquestra   necessita   um   diretor.   Essa   função   direta   de 
vigilância chega a ser função do capital quando o trabalho que lhe está 
subordinado se torna cooperativo, e, como função capitalista, adquire 
caracteres especiais.

O   mando   na   indústria   pertence   ao   capital,   como   nos   tempos 


feudais pertenciam  à  propriedade   territorial  a   direção   da   guerra   e  a 
administração   da   justiça.   Augusto   Comte   e   a   escola   positivista 
intentaram demonstrar a eterna necessidade dos senhores do capital; 
poderiam   igualmente   e   com   as   mesmas   razões   demonstrar   a   dos 
senhores feudais.

A força coletiva do trabalho aparece como uma força própria do 
capital – O operário é proprietário da sua força de trabalho, posto que 
discute   o   preço   de   venda   com   o   capitalista   e   só   pode   vender  o   que 
possui, a sua força individual. É assim como o capitalista contrata com 
um   ou   com   cem   operários,   independentes   uns   de   outros   e   que 
poderiam empregar separadamente. O capitalista paga por separado a 
cada um dos cem operários a sua força de trabalho, porém não paga a 
força combinada dos cem.

Se   a   potência   coletiva   do   trabalho,   desenvolvida   pela 


cooperação, aparece como forma particular da produção, a cooperação 
aparece como uma forma particular da produção capitalista; nas mãos 
do capital, essa socialização do trabalho aumenta as forças produtoras, 
unicamente para explorá­las com mais proveito.
CAPÍTULO XIV

DIVISÃO DO TRABALHO E MANUFATURA
I – Dupla origem da manufatura – A espécie da manufatura que 
tem   por   base   a   divisão   do   trabalho   reveste   na   manufatura   a   forma 
clássica e domina durante o período manufatureiro propriamente dito, 
que dura aproximadamente desde meados do século XVI até o último 
terço do século XVIII.

A origem da manufatura, sua procedência do ofício, apresenta , 
pois,   um   duplo   aspecto.   Por   um   lado,   tem   por   ponto   de   partida   a 
combinação de ofícios diversos e independentes, a qual se simplifica 
até   se   simplifica   até   reduzi­los   à   categoria   de   operações   parciais   e 
complementares  na produção da  mesma mercadoria.  Por outro lado, 
apodera­se da cooperação de artífices do mesmo gênero, decompõe o 
seu   ofício   nas   suas   diferentes   operações,   isola­os   e   torna­os 
independentes,   de   tal   sorte   que,   cada   uma   delas   chega   ser   função 
exclusiva de um trabalhador que, confeccionando só uma parte de um 
produto, não é mais que um trabalhador fracionário. Assim, pois, ora 
combina   ofícios   distintos,   cujo   produto   é   a   obra,   ora   desenvolve   a 
divisão do trabalho em um ofício. Qualquer que seja o seu ponto de 
partida, a sua forma primitiva é a mesma: um organismo de produção, 
cujos membros são homens.

II   –   O   trabalhador   fracionário     e   sua   utilidade   –   O   operário 


fracionário converte todo o seu corpo em órgão mecânico de uma só 
operação simples, executada por ele durante a sua vida, de forma que 
chega a executá­la com mais rapidez que o artífice que executa toda 
uma   série   de   operações.   Comparada   com   o   ofício   independente,   a 
manufatura, composta de trabalhadores fracionários, subministra, pois, 
mais   produtos   em   menos   tempo,   ou   por   outros   termos,   aumenta   a 
força produtiva do trabalho.

“O trabalhador fracionário e o seu utensílio, tais são os elementos simples da manufatura 
(...)”

“III – As duas formas fundamentais de manufatura ­ (...)”
“A primeira espécie subministra produtos, cuja forma definitiva é uma simples reunião de 
produtos parciais, que até podem ser executados como ofícios distintos; um produto, tipo dessa 
espécie, é o relógio.”
A   segunda   espécie   de   manufatura,   a   sua   forma   perfeita, 
subministra   produtos   que   procedem   de   toda   uma   série   de 
desenvolvimentos graduais; na manufatura de alfinetes, por exemplo, o 
arame   de   latão   passa   pelas   mãos   de   uma   centena   de   operários 
aproximadamente,   cada   um   dos   quais   efetua   operações   distintas. 
Combinando ofícios, que eram antes independentes, uma manufatura 
desse gênero diminui o tempo entre as diversas operações e o lucro em 
força   produtiva,   que   resulta   dessa   economia   de   tempo,   depende   do 
caráter cooperativo da manufatura.
Mecanismo geral da manufatura – Antes de chegar à sua forma 
definitiva, o objeto de trabalho, o latão, por exemplo, manufatura de 
alfinetes, percorre uma série de operações que, dado o conjunto dos 
produtos em obra, operam todas simultaneamente; vê­se executar por 
sua vez o corte do arame, a preparação das cabeças, o adelgaçar das 
pontas, etc.; o produto aparece assim em um dado momento em todos 
os seus graus de transformação.

Com   a   manufatura   tem­se   desenvolvido   também   em   alguns 


produtos   o   uso   das   máquinas,   sobretudo   para   certos   trabalhos   de 
simples preliminares,   que   só   se   podem  executar  em  grande   escala   e 
com gasto considerável de força, tais como o de partir o mineral nos 
estabelecimentos   metalúrgicos.   Porém,   em   geral,   no   período 
manufatureiro as máquinas desempenham um papel secundário.

“Ação   da  manufatura  sobre   o  trabalho  –  O   trabalhador   coletivo,  formado   pela 


combinação de grande número de operários fracionados constitui o mecanismo próprio do 
período manufatureiro.“
(...). A perda relativa de valor da força de trabalho, que depende 
da diminuição ou desaparição das despesas de aprendizagem, ocasiona 
um aumento de sobrevalor: com efeito, tudo o que diminui o tempo 
necessário para a produção da força de trabalho acrescenta por este 
mesmo fato o domínio do sobretrabalho.

“IV – Divisão do trabalho na manufatura e na sociedade ­ (...)”
“Enquanto a divisão social do trabalho, com ou sem troca de mercadorias, pertence 
às   formas   econômicas   das   sociedades   mais   diversas,   a   diversão   manufatureira   é   uma 
criação especial do sistema de produção capitalista.”

“V – Caráter capitalista da manufatura ­ (…)”
Enquanto   a   manufatura   é   a   forma   dominante   do   sistema   de 
produção   capitalista,   a   realização   das   tendências   dominadoras   do 
capital   encontra,   sem  dúvida,   obstáculos.   A   habilidade   do  ofício   fica 
sendo, apesar de tudo, a base da manufatura: os operários h[abeis são 
os   mais   numerosos   e   não   se   pode   prescindir   deles;   têm,   por 
conseguinte,   certa   força   de   resistência;   o   capital   tem   que   lutar 
constantemente contra a sua insubordinação.

CAPÍTULO XVI
SOBREVALOR ABSOLUTO E SOBREVALOR RELATIVO

O que caracteriza o trabalho produtivo – A produtividade do trabalho e o sobrevalor
“O que caracteriza o trabalho produtivo ­ (…) ”
Para   o   futuro,   a   ideia   do   trabalho   produtivo   não   indica   já 
simplesmente uma relação entre atividade e resultado útil, mas uma 
relação social, que converte o trabalho em instrumento imediato para 
fazer produzir valor ao capital. Também a economia política clássica 
tem sustentado sempre que o que caracterizava o trabalho produtivo 
era a criação de sobrevalor.

“A produtividade do trabalho e o sobrevalor ­ (…) “
Se   a   produção   capitalista   se   introduzisse   na   sua   ilha,   o   bom 
insular   deveria   trabalhar   talvez   seis   dias   por   semana,   para   poder 
ministrar à sua subsistência o produto de uma jornada de trabalho. A 
concessão da natureza não explicaria porque trabalhava agora seis dias 
por   semana   em  lugar   de   um,   que   anteriormente   bastava   para   a   sua 
subsistência,   em   outros   termos,   não   explicaria   porque   criava 
sobrevalor. Unicamente explicaria porque o sobretrabalho pode ser de 
cinco   dias   e   o   trabalho   necessário   somente   de   um.   Em   resumo,   a 
produtividade explica o grau alcançado pelo sobrevalor; porém, nunca 
é causa dele;  a causa do sobrevalor é sempre o sobretrabalho, qualquer 
que seja o modo de arrancá­lo.

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