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Isto disse Marx em 1844. Pois bem, em nossos dias os melhores sociólogos norte-
americanos estão, por via empírica, chegando às mesmas conclusões e redescobrem o
problema da alienação do homem.
Propondo-se chegar às massas mais atrasadas, e precisamente para poder
chegar a estas massas, o marxismo se simplificou, se vulgarizou. Pagou um preço
tremendo, pois se desnaturalizou e perdeu sua riqueza, chegou a ser confundido
com uma simples interpretação econômica da história, ou com um simples
programa de melhorias para a classe trabalhadora. A isto foi reduzido.
E então, os aparatos burocráticos que se erigiram sobre a classe operária e que
adotaram o marxismo como um instrumento para a justificação de sua política,
ajudaram com todo seu poderio material a manter as noções vulgares do
marxismo e a ocultar a essência do marxismo, isto é, a luta contra a alienação, a
luta para desalienar o homem. Claro, os aparatos burocráticos têm que ocultar
isso, porque equivale à sua própria liquidação. Se o marxismo fosse só lutar por
melhorias econômicas, ou pela reorganização da economia, os aparatos
burocráticos não correriam nenhum perigo, e até poderiam apresentar-se como
camadas executoras do marxismo. Mas se o marxismo é - e efetivamente o é - a
luta permanente contra a alienação, isto é, contra todas as potências materiais e
místicas que oprimem o homem, então os aparatos burocráticos estão
absolutamente condenados e não há convivência possível entre eles e o
marxismo.
Explica-se, assim, que no chamado "Dicionário Filosófico Marxista"
(Rosental, N. e Ludin, P., 23ª ed., 1940), o conceito de alienação não apareça de
nenhuma forma, nem explícita ou implicitamente, nem direta ou indiretamente.
Em um texto de 1843, Marx se refere à classe operária como “a classe que ...
organiza todas as condições de existência a partir da hipótese da liberdade
social.”ii. Lefebvre retomou esta citação esquecida e afirma com profunda razão
que "o marxismo nasce de uma aspiração fundamental para a liberdade, de uma
exigência impaciente, do desejo de um florescimento".
“Cessa a luta pela existência individual. Então, pela primeira vez o homem, em certo
sentido, distingue-se do resto do reino animal e emerge das meras condições animais da
existência para condições realmente humanas. A totalidade das condições de vida que
cercam o homem e têm até agora dominado-o, colocam-se a partir desse instante sob o
domínio e controle do homem, que se transforma pela primeira vez em senhor consciente
e efetivo da natureza porque ele agora se torna o mestre de sua própria organização
social. As leis de sua própria ação social, que até agora se alçavam frente ao homem
como leis da natureza estranhas e que o dominavam, serão então aplicadas com pleno
conhecimento de causa e portanto controladas por ele. A própria organização social do
homem, até aqui confrontando-o como uma necessidade imposta pela natureza e pela
história, agora é o resultado de sua própria ação consciente. As estranhas forças objetivas
que vinham imperando na história passam ao controle do próprio homem. Somente a
partir de então, poderá o homem, com plena consciência, fazer sua própria história... A
humanidade salta do reino da necessidade ao reino da liberdade.” v
“Em lugar do governo sobre pessoas surge a administração de coisas e a direção dos
processos de produção.” vi
“Um violento aumento de salários - disse Marx - não seria, portanto, mais que uma
melhor remuneração dos escravos, que não concederia nem ao trabalhador nem ao
trabalho a sua função e dignidade humanas.” ix
Notas
“A história, segundo Marx, não faz nada, não possui riqueza alguma, nem
empreende nenhuma luta. O homem, o real e vivente, quem faz, possui e luta.
Não é a história que emprega o homem como meio para desfrutar de seus fins, a
história não é nada mais que a atividade do homem que persegue seus fins”. O
homem é o autor e o ator de sua história.
“Toda a pretendida história do mundo, segundo Marx, não é outra coisa senão
a produção do homem obtida pelo trabalho humano, e por conseguinte, o
surgimento da natureza por obra do homem.”
O marxismo quer reivindicar para o homem, como propriedade do homem,
“os tesouros que foram dilapidados no céu".
O marxismo nega o além e por conseqüência afirma a capacidade criadora
deste mundo. O marxismo nega uma vida melhor no céu, pois crê no seguinte: a
vida deve e tem que melhorar na terra. O futuro melhor é, para as religiões, o
objeto de uma fé ciosa no que virá após a morte, se transforma no máximo objeto
do dever, da atividade humana.
A alienação é o definido por Heine na Inglaterra: “onde as máquinas se
comportam como seres humanos e os homens como as máquinas.”
“A ação conjunta dos indivíduos, segundo Marx, cria muitas forças
produtivas. Mas, uma vez criadas, estas forças deixam de pertencer aos seus
criadores, quando os tornam hostis e os tiranizam.”
“Assim como na religião o homem está dominado pelo produto de sua própria
cabeça, na produção capitalista está dominado pelo produto de sua própria mão”
(Marx).
“Os preços das mercadorias mudam constantemente, sem que a vontade, o
conhecimento prévio, nem os atos prévios das pessoas entre as quais se realiza a
troca intervenham. Seu próprio movimento social cobra a formação de um
movimento de coisas sob as quais está o controle, em vez de serem elas quem as
controlem" (Marx).
Estas citações que lemos pertencem a: Ely Chinoy, Automobile Workers and
the American Dream (New York, 1955). Charles Walker, The man on the
Assembly Line (tradução para o espanhol, Aguilar, Madrid, 1975)
- Marx, Manuscritos economico-filosoficos de 1844, Ed. Pluma, 1980, p.71
- Marx, Introdução à crítica da Filosofia do Direito de Hegel, www.culturabrasil.org.br
- Marx, The Grundisse, Notebook I, Money, www.marxists.org
- Marx, O Capital, Livro Primeiro, v. I, Ed. Difel, 9ª ed., p. 88
- Engels, Anti-Dühring, Part III: Socialism, www.marxists.org
- Engels em: Lênin, “O Estado e a Revolução”, Obras Escolhidas, v. II, ed. Avante, 1978, p. 233.
- Lênin, O Estado e a revolução, Obras Escolhidas, v. II, ed. Avante, 1978, p. 278
- Lênin, ibid, p. 282
- Marx, Manuscritos economico-filosoficos de 1844, Ed. Pluma, 1980, p.78
- Marx, O Capital, Tomo II, v.l, ed. Difel, 9ª ed., cap. XXIII, A Lei Geral da Acumulação Capitalista, p.
718
- Marx, A Ideologia Alemã, Ed. Centauro, 7ª ed., 2004, p. 108
i
- Marx, Manuscritos economico-filosoficos de 1844, Ed. Pluma, 1980, p.71
ii
- Marx, Introdução à crítica da Filosofia do Direito de Hegel, www.culturabrasil.org.br
iii
- Marx, The Grundisse, Notebook I, Money, www.marxists.org
iv
- Marx, O Capital, Livro Primeiro, v. I, Ed. Difel, 9ª ed., p. 88
v
- Engels, Anti-Dühring, Part III: Socialism, www.marxists.org
vi
- Engels em: Lênin, “O Estado e a Revolução”, Obras Escolhidas, v. II, ed. Avante, 1978, p. 233.
vii
- Lênin, O Estado e a revolução, Obras Escolhidas, v. II, ed. Avante, 1978, p. 278
viii
- Lênin, ibid, p. 282
ix
- Marx, Manuscritos economico-filosoficos de 1844, Ed. Pluma, 1980, p.78
x
- Marx, O Capital, Tomo II, v.l, ed. Difel, 9ª ed., cap. XXIII, A Lei Geral da Acumulação Capitalista, p. 718
xi
- Marx, A Ideologia Alemã, Ed. Centauro, 7ª ed., 2004, p. 108