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Comércio Exterior

Barreiras comerciais

Os processos atuais de liberalização dos mercados se pautam na eliminação gradativa


das barreiras tarifárias. Isto faz com que as considerações sobre barreiras não-tarifárias e
sobre barreiras técnicas, ganhem cada vez mais importância nas análises sobre as
vantagens de promover o comércio exterior.

O atual desafio nos foros internacionais de comércio (OMC/UNCTAD/Blocos Econômicos)


tem sido conciliar os interesses de todos os países para que todos possam usufruir das
vantagens decorrentes das negociações em nível global.

A negociação da retirada de barreiras às exportações do Brasil dão-se no âmbito de foros


comerciais ou acordos de negociação específicos.

Cabem aos Ministérios do Desenvolvimento Ind. e Comércio Exterior e ao Ministério das


Relações Exteriores a identificação das barreiras existentes às nossas exportações, de
forma sistemática e atualizada, para posterior análise de seu impacto econômico, visando,
simultaneamente, informar e melhorar a performance do setor exportador, bem como
servir de subsídios às negociações internacionais que visem à eliminação dos obstáculos
comerciais.

No atual cenário do comércio internacional é de fundamental importância que esforços


sejam desenvolvidos no sentido de aumentar significativamente a reduzida participação
das exportações brasileiras no mercado mundial, cuja fatia situa-se atualmente em menos

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de 1%, cifra esta que não corresponde às dimensões da economia do país e muito menos
às suas potencialidades.

O MDIC está aberto a todo exportador que queira participar com suas idéias e contribuir
com informações e divulgação das dificuldades em geral de acesso para seus produtos,
em qualquer mercado. É fundamental, assim, a participação do setor privado no processo
de identificação destas restrições.

E os Serviços Internacionais?

O comércio internacional engloba tanto o comércio de bens como o de serviços, os quais


representaram, respectivamente, em 2000, 77,1% e 22,9% do total do comércio mundial.

As barreiras aos serviços internacionais ocorrem através de limitações de acesso a


mercado e tratamento nacional, através de legislação que regulamenta determinado setor.

Categorias mais comuns de barreiras sobre comércio de bens :

São três:

Barreiras tarifárias

(tarifas de importação, taxas diversas e valoração aduaneira);

Barreiras não-tarifárias

(Restrições quantitativas, licenciamento de importação, procedimentos alfandegários,


medidas de antidumping e compensatórias);

Barreiras técnicas

(normas e regulamentos técnicos, regulamentos sanitários, fitossanitários e de saúde


animal).

Sobre Barreiras Técnicas: Órgãos anuentes envolvidos:

INMETRO:

Órgão que, no Brasil, é o responsável pela fiscalização (acreditação) dos organismos


certificantes.

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No Brasil, o Inmetro exerce o papel de Ponto Focal de Barreiras Técnicas às
exportações.
O Ponto Focal é uma fonte imprescindível de informações para os empresários que
desejam obter conhecimentos sobre os requisitos técnicos cujo cumprimento é necessário
para a exportação. Se o exportador considerar que as exigências técnicas são mais
rigorosas do que o razoável, formalizará protesto junto ao Inmetro. O Inmetro analisará
seus comentários e, se for o caso, encaminhará uma reclamação formal à OMC para que
as providências cabíveis sejam tomadas.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas:


é a representante no Brasil das seguintes entidades internacionais e regionais:

ISO - International Organization for Standardization;


IEC - International Electrotechnical Comission;
COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas;
AMN - Associação Mercosul de Normalização.

CERTIFICADOS DE QUALIDADE:

Muitas vezes, para o exportador conquistar um determinado mercado, torna-se


necessário a certificação do produto ou do sistema de gestão de qualidade da empresa,
por um Organismo Certificador Internacional ou por uma entidade por ele credenciada.
Alguns importadores somente iniciam qualquer tipo de contato comercial, caso o
exportador apresente o certificado, que funciona como uma espécie de diploma de
excelência do produtor e de seus produtos.

Na falta deste documento, o importador pode exigir a inspeção da mercadoria antes do


embarque, por empresas especializadas, independentes e com reconhecimento
internacional. Essas empresas fiscalizam a mercadoria a ser embarcada e, em caso de
conformidade, emitem um certificado de inspeção, atestando que o produto está de
acordo com as especificações técnicas e de qualidade exigidas pelo importador.

Série ISO 9000 (produtos e serviços)


Série ISO 14000 (meio ambiente)

Os Certificados de Qualidade da série ISO 9000/ ISO14000, documento emitido por


entidades certificantes especializadas, é cada vez mais considerado como passaporte da
mercadoria no mercado externo.

As principais categorias de barreiras não-tarifárias presentes no comércio internacional


são as seguintes

1. quotas. Ex: limitação de importações pela fixação de quotas para produtos;

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2. proibição total ou temporária. Ex: proibição de importação de um produto que
seja permitido comercializar no mercado interno do país que efetuou a proibição;
3. salvaguardas. Ex: aplicação de quotas de importação ou elevação de tarifas por
questões de medidas de salvaguarda, exceto salvaguardas preferenciais previstas
em acordos firmados;
4. impostos e gravames adicionais. Ex: adicionais de tarifas portuárias ou de
marinha mercante, taxa de estatística, etc.
5. impostos e gravames internos que discriminem entre o produto nacional e o
importado. Ex: imposto que onere o produto importado em nível superior ao
produto nacional;
6. preços mínimos de importação/preços de referência. Ex: estabelecimento prévio de
preços mínimos como referência para a cobrança das tarifas de importação, sem
considerar a valoração aduaneira do produto;
7. investigação antidumping em curso;
8. direitos antidumping aplicados, provisórios ou definitivos;
9. direitos compensatórios aplicados, provisórios ou definitivos;
10. subsídios às exportações praticados por terceiros países;
11. medidas financeiras. Ex: criação de sobretaxa para as importações
12. licenças de importação não automáticas. Ex: produtos sujeitos a anuência prévia
de algum órgão no país importador;
13. controles sanitários e fitossanitários nas importações. Ex: normas sanitárias e
fitossanitárias exigidas na importação de produtos de origem animal e vegetal;
14. restrições impostas a determinadas empresas. Ex: exigências específicas para
importações de produtos de determinadas empresas
15. serviços nacionais obrigatórios. Ex: direitos consulares;
16. requisitos relativos à embalagem. Ex: exigências de materiais, tamanhos ou
padrões de peso para embalagens de produtos;
17. requisitos relativos à informações sobre o produto. Ex: exigências de conteúdo
alimentar ou protéico de produtos ou de informações ao consumidor;
18. requisitos relativos à inspeção, ensaios e quarentena. Ex: produtos sujeitos à
inspeção física e análise nas alfândegas ou a procedimentos de quarentena;
19. outros requisitos técnicos. Ex: exigência de certificados relativos à fabricação do
produto mediante processos não poluidores do meio ambiente
20. inspeção prévia à importação. Ex: inspeção pré-embarque
21. procedimentos aduaneiros especiais. Ex: exigência de ingresso de importações
somente por determinados portos ou aeroportos
22. exigência de conteúdo nacional/regional. Ex: discriminação de importações para
favorecer as que tenham matéria-prima originária do país importador
23. exigência de intercâmbio compensado. Ex: condicionamento de importações à
exportação casada de determinados produtos
24. exigências especiais para compras governamentais. Ex: tratamento favorecido aos
produtos nacionais em concorrências públicas; ( Embraer ?)
25. exigência de bandeira nacional. Ex: exigência de uso de navios ou aviões de
bandeira nacional para o transporte das importações.

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Exemplos de Barreiras às Exportações Brasileiras:

Estados Unidos

Produto Barreira Observações


Suco de Tarifa • Em 2000, o suco de laranja concentrado
Laranja reconstituído foi objeto de tarifa específica de 56%
por litro, estando prevista uma redução de 2,5% em
2001.
• Redução da participação brasileira no mercado
norte-americano de 91% para 71% entre 1992 e
1999.

Açúcar Quotas • A quota brasileira para o ano fiscal de 2001/2002: é


tarifárias de 162.422,05 ton / ano. Exportações de açúcar em
bruto sujeitam-se a uma tarifa específica em até
10,1%. Os países da América Central e os Andinos
estão isentos de tarifas.
• As tarifas extraquota estão sujeitas a tarifas ad
valorem de 140-170%.
• Com a introdução do sistema de quotas em 1982,
as exportações de açúcar brasileiro para os EUA
recuaram 60%.

Carne de Subsídios • O preço médio das exportações americanas, US$


Frango 700 / ton, é muito inferior aos preços internacionais
médios (nunca abaixo de US$ 1.000 / ton).
• O comércio de aves com os EUA é prejudicado,
também, pela falta de acordo sanitário entre as
partes, que também se justifica pelo receio do
Ministério da Agricultura de que o mercado
brasileiro seja invadido pelas carnes de frango
norte-americanas, principalmente pedaços não
consumidos naquele mercado.

Carne Suína Medidas • A barreira é imposta devido ao registro, no


sanitárias passado, de contaminação por aftosa e peste suína
africana (1974) do rebanho suíno brasileiro.
• Não há, no momento, iniciativas concretas para
entendimentos sanitários entre Brasil e Estados
Unidos. Não existe reconhecimento mútuo de áreas
livres ou de baixa incidência de enfermidades.

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Carne Bovina Falta de acordo • Não há equivalência de processos de verificação
sanitário sanitária.
• Não há reconhecimento de áreas livres ou de baixa
intensidade de enfermidades.

Frutas e Morosidade na • O órgão oficial americano opera de maneira


Vegetais aplicação de vagarosa e burocrática na realização de exames e
medidas provas para efetivo controle de doenças e pragas,
sanitárias e bem como as análises de risco. Exemplo: mamão
fitossanitárias papaia brasileiro teve processo de aprovação
iniciado em 1993 e concluído apenas em 1998.

Siderurgia e Medidas • O Brasil é um dos países mais atingidos pelas


Ferro-Ligas antidumping e medidas de defesa comercial aplicadas pelos
direitos Estados Unidos.
compensatórios • Sobretaxas vão de 6% a 142%

União Européia

Soja Subsídios • Embora as importações de soja em grão estejam


sujeitas a tarifa zero, as de óleo de soja em bruto são
Ajuda interna taxadas com alíquotas entre 3,8 a 7,6% e as de óleo
refinado entre 6,1 a 11,4%.
• A UE subsidia diretamente os produtores de grãos
oleaginosos, mediante diversos programas contidos
na Política Agrícola Comum.

Café Isenções • Tarifas: 0% para café em grão e 9,0% para café


concedidas a solúvel.
terceiros países • Os países da Comunidade Andina beneficiam-se de
isenção tarifária ao café solúvel, devido aos
benefícios concedidos pelo regime antidrogas.
• Recentemente, Brasil e UE chegaram a acordo sobre
o estabelecimento de quotas, para o café solúvel
brasileiro, de 10.000t, 12.000t e 14.000t no período
2000-2002, respectivamente, com 0% de imposto de
importação.

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Açúcar Quota tarifária • Tarifas: ad valorem é 66.39%
• Quota conjunta com Cuba e terceiros países de
Subsídios 23.930t com tarifa de 9,8 € / t, ou seja tarifa de 19%
• Países signatários da Convenção de Lomé possuem
Isenções uma quota de 1,5t milhão, com o benefício da tarifa
concedidas a zero.
terceiros países • Subsídio à exportação consolidado na OMC: € 497,0
milhões em 2000 .

Suco de Quota tarifária • Tarifa: 33.6%.


Laranja • Quota, para o mundo, de 1.500t com tarifa de 13%.
Tarifas médias
elevadas

Japão
Soja Escalada tarifária • A estrutura tarifária japonesa apresenta certa
progressividade à medida que os produtos
adquirem maior valor agregado.
• Tarifa de importação de soja em grão é de 0%
e o óleo de soja 20,7 ienes por quilograma.

Açúcar Escalada tarifária • A estrutura tarifária japonesa apresenta certa


progressividade à medida que os produtos
adquirem maior valor agregado.
• As alíquotas para o açúcar vão desde 35,30
ienes/kg até 103,1 ienes/kg. Isso significa uma
tarifa ad valoren que varia de 118,03% a
344,72%.

Frutas Medidas sanitárias • Proibição de importação sob alegação de


Tropicais e fitossanitárias incidência de mosca da fruta mediterrânea,
mariposa Codling e outras pragas.

Vegetais Medidas sanitárias • Exigência de inspeção fitossanitária in loco.


e fitossanitárias • Falta de transparência no que se refere às
exigências em matéria de fumigação.

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Defesa Comercial

Não basta apenas conhecer os acordos internacionais de comércio e exigir sua aplicação
justa, quando se trata de zelar pelas exportações brasileiras. É imperioso adotá-los de
modo correto e eficaz na vertente das importações, cumprindo fielmente procedimentos e
regras, para garantir à indústria nacional o acesso pleno aos efeitos das medidas de
defesa comercial.

A Defesa Comercial no Brasil está baseada em três instrumentos:

• medidas antidumping - que buscam anular o dano sofrido por uma indústria, em
decorrência de importações realizadas a preços de dumping;

• medidas compensatórias - que visam à neutralização dos efeitos danosos à


produção doméstica de importações de produtos subsidiados; e

• medidas de salvaguarda - cuja finalidade é garantir uma proteção temporária,


que permita ao setor prejudicado por um aumento substancial de importações,
ajustar-se às novas condições de concorrência.

Os Acordos Antidumping, de Subsídios e Medidas Compensatórias e de Salvaguardas


fazem parte do conjunto de normas da OMC, ao qual o Brasil aderiu formalmente no final
de 1994, por meio do Decreto n° 1.355, de 30/12/94 e, portanto, estão sujeitos a uma
aplicação estritamente técnica.

Conceitos Preliminares Necessários

EXPORTAÇÃO

Remessa de bens de um país para outro. Poderá compreender também os serviços


ligados a essa exportação como : seguros, fretes, serviços bancários, etc.

Exportação com cobertura cambial: quando implica pagamento a ser efetuado pelo
importador estrangeiro. Há contratação de câmbio.

Exportação sem cobertura cambial: quando NÃO acarretar um pagamento da parte do


importador estrangeiro. Ex: amostras, donativos, bagagem de passageiro, mercadorias

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para feiras e exposições(não vendidas), exportação temporária. Exportação efetuada em
reais também são classificadas como sem cobertura cambial.

IMPORTAÇÃO

Entrada de mercadorias em um país, provenientes do exterior. A essa importação poderá


compreender, também, os serviços ligados à aquisição desses produtos no exterior como
o frete, seguros, serviços bancários, etc.

Também como na exportação a importação poderá ser com ou sem cobertura


cambial, conforme implique ou não pagamento a ser efetuado pelo importador. Em
casos de um aluguel ou leasing (caráter temporário) haverá um ônus cambial.

Importação definitiva: A importação definitiva ocorre quando a mercadoria


estrangeira importada é nacionalizada, independente da cobertura cambial.

Importação não-definitiva: São aquelas em que, contrariamente às definitivas, não


ocorre a nacionalização. Por exemplo: mercadorias importadas sob o regime
aduaneiro especial de Admissão Temporária, que após permanência serão
reexportadas.

NACIONALIZAÇÃO

A nacionalização é a segquência de atos que transfere a mercadoria estrangeira par a


economia nacional. Nas importações definitivas o documento que comprova a
transferência de propriedade do bem importado é, normalmente, o conhecimento de
embarque (B.L. se marítimo).

DESPACHO ADUANEIRO

Despacho de Exportação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o


desembaraço aduaneiro da mercadoria destinada ao exterior, seja ela exportada a título
definitivo ou não (IN SRF nº 28/94).

Despacho aduaneiro de Importação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa


o desembaraço aduaneiro da mercadoria procedente do exterior, importada a título
definitivo ou não.

CONTATO ENTRE EXPORTADOR E IMPORTADOR

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Os contatos em negócios internacionais podem ser feitos entre fabricantes, entre
fabricantes e consumidor final varejista, ou através de trading, concessionários,
importadores / distribuidores ou agentes. O contato pode ser pessoal, correios, telefone,
e-mail, visando definição e escolha dos produtos, preços, garantias, condições de
pagamento e fretes, etc. Concluído esse contato preliminar o exportador deve enviar ao
importador uma fatura Pro Forma, que contenha formalmente as obrigações assumidas
na negociação. Também poderá ser celebrado um contrato formal de compra e venda
entre as partes antes da fatura Pro Forma.

FATURA PRÓ-FORMA

Pro Forma Invoice

É documento de responsabilidade do exportador, emitido a pedido do importador,


para que este providencie a Licença de Importação, apresentar junto ao seu banco para o
envio do pagamento antecipado, extrair dados para a abertura da Carta de Crédito e
outros dentre outras providências. Este documento é um tipo de “contrato” mais
frequente, ele formaliza e confirma a negociação, desde que devolvido ao exportador,
contendo o aceite do importador para as especificações contidas. É bastante utilizada no
comércio internacional, porém não há um modelo para a mesma, variando as exigências
de informações de país para país.

Este documento não gera obrigações de pagamento por parte do importador. A fatura Pro
Forma deve ser emitida no idioma do país importador ou em inglês.

FATURA COMERCIAL
Commercial Invoice

É o documento internacional, emitido pelo exportador, que, no âmbito externo, equivale à


Nota Fiscal, cuja validade começa a partir da saída da mercadoria do território nacional e
é imprescindível para o importador desembaraçar a mercadoria em seu país.

O seu preenchimento deverá ser feito sem erros, emendas ou rasuras, pelo próprio
exportador, não existindo um modelo oficial. Fica a critério do exportador a sua
elaboração, sendo necessário que contenha os seguintes elementos:

a) local, data de emissão e número (poderá ser seqüencial ou o mesmo da Fatura


Pro Forma ou do próprio processo de exportação);
b) nomes e endereços completos do: exportador, fabricante (se houver),
importador, e agente (inclusive com o percentual, tipo de comissão e valor a receber);
c) número do pedido, contrato, ordem de compra;

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d) número de autorização de importação, caso seja necessário;
e) modalidade de: transporte, venda e pagamento;
f) local de embarque, destino e desembarque;
g) marcação do(s) volume(s);
h) número e data do Conhecimento de Embarque, nome da embarcação, nome da
companhia transportadora da mercadoria;
i) descrição detalhada das mercadorias;
j) pesos: líquido, bruto e cubagem;
k) preços: FOB/FCA, Frete, Seguro – valores UNITÁRIOS e valor TOTAL na
moeda acordada;
l) declaração exigida pelo país importador;
m) outras informações que o exportador julgar necessárias ou sejam exigidas pelo
país de destino ou do importador;
n) carimbo e assinatura do exportador.

PREZADO ALUNO:

Para poder negociar e finalizar as operações internacionais, as partes


envolvidas devem priorizar a eliminação das incertezas sobre as obrigações de
cada um bem como minimizar os riscos. Para isso devem usar práticas comerciais
baseadas em padrões internacionalmente aceitos e que sejam dinâmicos . Como ?
É o que veremos e estudaremos a seguir:

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INTRODUÇÃO

Usos, Costumes e Direito Corporativo Internacional

A lex mercatoria teve origem na Idade Média, em resposta aos direitos feudais, plenos de
privilégios, que entravavam as relações de comércio. Surgida nas Feiras, como
ordenamento a reger as relações entre os comerciantes, de modo uniforme, através da
aplicação obrigatória dos usos e costumes comerciais.

A nova lex mercatoria emerge na atualidade como um corpo de normas jurídicas escritas
ou não, ainda incompleto, que visa à regência das relações internacionais do comércio,
como um poder normativo independente do direito positivo dos Estados. Isso porque para
o comércio internacional, a utilização do método conflitual como meio de solução dos
litígios apresenta características de incerteza e imprevisibilidade inaceitáveis para a
sua dinâmica. Desta foram, sua vocação universalista, leva em conta as necessidades
do comércio internacional, suas relações, e não as legislações estatais internas.

Apresenta-se através de MANIFESTAÇÕES:

a) Usos e costumes internacionais: Consistem na repetição, de maneira constante e


uniforme, de atos idênticos - comissivos ou omissivos, com o consentimento tácito de
todas as pessoas que admitiram a sua força como norma a seguir na prática de tais atos.
É compreendido como a lei que o uso estabeleceu, e que se conserva, sem ser escrita,
por uma longa tradição. Na prática comercial, revelam-se, sobretudo, na interpretação de
contratos, segundo a tradição dos negociantes.

b) Contratos-tipo: São fórmulas contratuais padrão elaboradas por organismos que


lidam com o comércio internacional, e que, embora facultativas, pelo seu alto grau de
especialidade, constituem um verdadeiro direito formulário, contendo claras regras
materiais e também normas sobre a sua interpretação.

Contratos Tipos, Exemplos:

b.1) INCOTERMS da C.C.I.(Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris) :


estabelecem as obrigações e direitos do vendedor e do comprador, sua responsabilidade,
através das cláusulas CIF, FOB, EX WORKS, etc...;
b.2) PRÁTICAS E USOS UNIFORMES PARA CRÉDITOS DOCUMENTÁRIOS da C.C.I. -
aplicáveis aos créditos documentários, adotadas por Associações Bancárias ou Bancos
Individuais em 175 países.;

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b.3) REGRAS DA LONDON CORN TRADE ASSOCIATION - para o comércio de grãos,
possui 60 fórmulas-tipo, possuindo-as também para o comércio de seda, para produtos
florestais e minerais, por exemplo;
b.4) CONDIÇÕES GERAIS DE VENDA - são fórmulas elaboradas pela Comissão
Econômica para a Europa, Convenção sobre Contratos para a Venda Internacional de
Mercadorias (legislação da UNCITRAL / ONU), e, de forma semelhante, pelo COMECON,
para os países de economia planificada. (Obs:Uncitral vide dicionário de termos)

Destes vamos estudar os :

Incoterms

Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de


Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda
internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador
(cláusulas comerciais), estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando
regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o exportador deve entregar a
mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro.

Enfim, os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais,
imparciais, de caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios
internacionais e objetivam promover sua harmonia.

Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador,


quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é
elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes
internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte
e seguro internacionais etc. Os Incoterms fundamentam-se nas mais usuais práticas
comerciais e nos princípios gerais de Direito Internacional.

ORIGEM

Os Incoterms surgiram em 1936 quando a Câmara Internacional do Comércio - CCI, com


sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas formas contratuais que vinham sendo
utilizadas no comércio internacional.

O constante aperfeiçoamento dos processos negocial e logístico, com este último


absorvendo tecnologias mais sofisticadas, fez com que os Incoterms passassem por
diversas modificações ao longo dos anos, culminando com um novo conjunto de regras,
conhecido atualmente como Incoterms 2000.

SIGLAS

Representados por siglas de 3 letras, os termos internacionais de comércio simplificam os


contratos de compra e venda internacional ao contemplarem os direitos e obrigações
mínimas do vendedor e do comprador quanto às tarefas adicionais ao processo de

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elaboração do produto. Por isso, são também denominados "Cláusulas de Preço", pelo
fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da mercadoria,
adicionais aos custos de produção.

SIGNIFICADO JURÍDICO

Após agregados aos contratos de compra e venda, os Incoterms passam a ter força legal,
com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Assim, simplificam e
agilizam a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda. Vale ressaltar
que as regras definidas pelos Incoterms valem apenas entre os exportadores e
importadores, não produzindo efeitos em relação às demais partes envolvidas, tais
como: despachantes, seguradoras e transportadores.

Os INCOTERMS tratam do momento da transmissão do risco em havendo perda ou


deterioração das mercadorias, aludindo também ao lugar da entrega destas mercadorias,
à obrigação de contratar seguros, de contratar transporte, ao pagamento deste transporte,
bem como ao pagamento da carga e descarga das mercadorias. Referem-se, ainda, às
questões relativas aos impostos de importação e exportação, a quem compete
providenciar os trâmites legais e a quem cabe a obrigação do pagamento dos impostos.

Deve ser lembrado aqui que alguns países não seguem totalmente suas regras . Por
exemplo os EUA que apesar de signatário usa também regras próprias, os American
Terms, ou a mescla entre Incoterms e American Terms. Entretanto quase todas as
empresas americanas aceitam os Incoterms da CCI considerados nos contratos,faturas e
pedidos de compra.

Os INCOTERMS estão agrupados em quatro categorias por ordem crescente de


obrigação do vendedor. Veja abaixo:

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GRUPO INCOTERMS DESCRIÇÃO

E de Ex (PARTIDA - EXW - Ex Works Mercadoria entregue ao


Mínima obrigação para o comprador no
exportador) estabelecimento do
vendedor.

F de Free FCA - Free Carrier Mercadoria entregue a


(TRANSPORTE FAS - Free Alongside um transportador
PRINCIPAL NÃO PAGO Ship internacional indicado
PELO EXPORTADOR) FOB - Free on Board pelo comprador.

C de Cost ou Carriage CFR - Cost and Freight O vendedor contrata o


(TRANSPORTE CIF - Cost, Insurance transporte, sem assumir
PRINCIPAL PAGO PELO and Freight riscos por perdas ou danos
EXPORTADOR) CPT - Carriage Paid To às mercadorias ou custos
CIP - Carriage and adicionais decorrentes de
Insurance Paid to eventos ocorridos após o
embarque e despacho.

D de Delivery DAF - Delivered At O vendedor se


(CHEGADA - Máxima Frontier responsabiliza por todos
obrigação para o DES - Delivered Ex-Ship os custos e riscos para
exportador) DEQ - Delivered Ex- colocar a mercadoria no
Quay local de destino.
DDU - Delivered Duty
Unpaid
DDP - Delivered Duty
Paid

Prezado Aluno:

Estando as partes contratantes em total acordo na negociação de compra e venda


internacional, dentro dos Termos Internacionais de Comércio, e supondo-se que as
mercadorias já estão prontas para envio, continuemos com os próximos procedi -
mentos necessários para a efetivação da Exportação:

PARA o TRANSPORTE INTERNO DE MERCADORIAS : • Nota Fiscal

PARA FINS DE EMBARQUE PARA O EXTERIOR : • Nota Fiscal e • Registro de


Exportação

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REGISTRO DE EXPORTAÇÃO :

Documento preenchido eletronicamente no SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio


Exterior), diretamente pelo exportador ou pelo seu representante legal. Destina-se ao
registro da operação para fins do gerenciamento governamentais na área comercial,
fiscal, cambial e aduaneira.

ROMANEIO DE EMBARQUE
Packing List

Deve ser emitido pelo exportador. É necessário para o desembaraço da mercadoria e


para orientação do importador quando da chegada dos produtos no país de destino. Na
verdade, é uma simples relação, indicando os volumes a serem embarcados e
respectivos conteúdos.

CONHECIMENTO DE EMBARQUE

Documento emitido pela companhia transportadora que atesta o recebimento da carga, as


condições de transporte e a obrigação de entrega das mercadorias ao destinatário legal,
no ponto de destino pré-estabelecido, conferindo a posse das mercadorias. É, ao mesmo
tempo, um recibo de mercadorias, um contrato de entrega e um documento de
propriedade, constituindo assim um título de crédito.

Este documento recebe denominações de acordo com o meio de transporte utilizado.

• Conhecimento de Embarque Marítimo (Bill of Lading - B/L)

CERTIFICADO OU APÓLICE DE SEGURO

É o documento necessário quando a condição de venda envolve contratação de seguro


da mercadoria. Deve ser providenciado antes do embarque junto a uma empresa
seguradora, da livre escolha do exportador.

CONTRATO DE CÂMBIO

Documento informatizado para coleta de informações, emitido pelo banco negociador de


câmbio e que formaliza a troca de divisa estrangeira por moeda nacional.

PARA FINS FISCAIS E CONTÁBEIS

• Contrato de Câmbio

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• Comprovante de Exportação (CE)
Emitido pelo SISCOMEX após o desembaraço da mercadoria.
• Nota Fiscal
• Certificado ou Apólice de Seguro
• Conhecimento de Embarque
• Fatura Comercial ou Commercial Invoice

OUTROS DOCUMENTOS QUE PODEM SER SOLICITADOS PELO IMPORTADOR

• Certificados de Origem
descrição modelo
• Certificado Fitossanitário
Certifica as condições sanitárias e de salubridade dos produtos.
• Certificado de Qualidade
Atesta a qualidade do produto exportado.
• Certificado de Inspeção
Certifica que foi realizada a inspeção da mercadoria antes do embarque
e as boas condições desta.

CERTIFICADO DE ORIGEM

É o documento providenciado pelo exportador. É emitido pelas Federações de Agricultura,


da Indústria e do Comércio, por Associações Comerciais, Centros e Câmaras de
Comércio. O importador o utiliza para comprovação da origem da mercadoria e
habilitação à isenção ou redução do imposto de importação, em decorrência de
disposição previstas em acordos internacionais, ou ao cumprimento de exigências
impostas pela legislação do país de destino. Os certificados de Origem são fornecidos
mediante a apresentação de cópia da Fatura Comercial e documentos de análise
previstos em cada acordo internacional.

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FATEC-PG COMEX

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