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Estoques

Luciana Bazante

Curso Técnico em Administração


Educação a Distância
2019
Estoques
Luciana Bazante

Curso Técnico em Administração

Educação a Distância

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

| 2.ed. reimp. |

2019
Professor Autor Diagramação
Luciana Bazante de Oliveira Jailson Miranda

Revisão Coordenação Executiva


Luciana Bazante de Oliveira George Bento Catunda
Antonio de Souza Silva Júnior Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação de Curso Coordenação Geral


Antonio de Souza Silva Júnior Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Coordenação Design Educacional Secretaria Executiva de Educação


Renata Otero Integral e Profissional

Design Educacional Escola Técnica Estadual Professor


Deyvid Souza Nascimento Antônio Carlos Gomes da Costa
Renata Marques de Otero
Gerência de Educação a Distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

O48e
Oliveira, Luciana Bazante de.
Estoques: Curso Técnico em Administração: Educação a distância / Luciana Bazante de
Oliveira. 2.ed. reimp. – Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da
Costa, 2019.
46 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Conteúdo produzido em agosto de 2018 para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de
Educação Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação (Rede e-Tec
Brasil).

1. Controle de estoque. 2. Administração de materiais. 3. Logística empresarial. II. Título.

CDU – 658.787

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 6

1.Competência 01 | Conhecer o Processo e Variáveis da Armazenagem de Materiais ........................ 8

1.1 Conceitos Iniciais .........................................................................................................................................8

2.Competência 02 | Compreender a Classificação de Estoques por Níveis de Valor .......................... 17

2.1. Classificação dos Estoques ...................................................................................................................... 17

2.1.1 Quanto ao Tipo ..................................................................................................................................... 17

2.1.2 Classificação quanto à Importância ou Valor (Método ABC) ................................................................ 22

2.2. PEPS e UEPS ............................................................................................................................................ 23

2.2.1 PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai) ou FIFO (First in – First Out) ........................................... 24

2.2.2 UEPS (Último que entra, primeiro que sai) ou LIFO (Last in – First Out) .............................................. 25

2.3 Custo Médio Ponderado .......................................................................................................................... 26

3.Competência 03 | Entender o Dimensionamento e Níveis de Estoques .......................................... 28

3.1 Dimensionamento de Estoques ............................................................................................................... 28

3.2 Níveis de Estoque ..................................................................................................................................... 29

3.3. Gráfico Dente de Serra ............................................................................................................................ 32

3.4 Lote Econômico de Compras sem Faltas (LEC) ........................................................................................ 33

3.5 Previsão e Avaliação da Demanda de Estoques....................................................................................... 35

4. Competência 04 | Compreender os Pontos de Compras e Reposição de Estoques ....................... 37

4.1 Sistemas de Controle de Estoques ........................................................................................................... 37

4.1.1 Sistema Min-Máx .................................................................................................................................. 37

4.1.2 Sistema de Revisões Periódicas ............................................................................................................ 38

4.1.3 MRP ....................................................................................................................................................... 38

4.2 Custos de Estocagem ............................................................................................................................... 39

Conclusão ............................................................................................................................................. 43

Referências ........................................................................................................................................... 44
Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 46
Introdução

Imagine que você possui uma pequena lanchonete no centro da cidade. Sua lanchonete
vende, basicamente, sanduíches, salgados, tortas, sucos, refrigerantes e milk-shake. Ela fica aberta
ao público às sextas, sábados e domingos. Durante os outros dias da semana, você costuma pesquisar
e comprar os insumos necessários para o funcionamento da lanchonete. Todavia, para economizar,
você compra alguns produtos em escala, mas outros não podem ser comprados em quantidade, já
que são perecíveis. Independente da frequência com que você compra seus insumos é preciso estocar
alguns, para que você possa servir aos clientes. A quantidade estocada precisa ser bem determinada,
para que não falte produto e nem estrague no depósito.
O controle de estoques é muito importante para qualquer tipo de empresa, pois através
dele, além de se controlar os desperdícios e os desvios, diminuem os custos, efetuam-se análises,
bem como se mede o momento de fazer algum investimento. Uma empresa precisa ter estoques para
que possa estar pronta a produzir sempre que houver uma demanda. No entanto, tais estoques
geram custos e não devem ser encontrados em quantidade que onere a empresa. Então, uma
pergunta surge: quanto de estoque é preciso ter para atender satisfatoriamente à clientela, sem que
haja desperdício?
Na primeira competência, você conhecerá conceitos importantes, que fundamentarão
toda a disciplina: o que é logística, o que é estoque e quais são as atividades primárias e as atividades
de apoio à cadeia de suprimentos.
Na segunda competência, você compreenderá a classificação de estoques por nível de
valor, aprendendo que ABC não é usado apenas como uma alusão ao nosso alfabeto. Em seguida,
aprenderá sobre os métodos de avaliação e movimentação de estoques: PEPS, UEPS e CMP.
Na terceira competência, você estudará sobre os níveis de estoques e no que eles podem
influenciar para a necessidade de reposição ou custos da empresa, bem como ferramentas auxiliares
para entendermos tais níveis e mantermos os estoques em quantidade adequada. Também será
abordado o método de previsão de demanda de estoques.
Na quarta e última competência, você conhecerá sobre os sistemas de controle de
estoques e os custos envolvidos na estocagem.
Ao longo da disciplina, serão esclarecidos vários temas, tais como: o que é a cadeia de

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suprimentos, o que significa PEPS, classificação ABC, entre muitos outros e, por fim, os parâmetros
de controle mais importantes que devem ser trabalhados diariamente em todas as empresas.
Ao fim do aprendizado, você, prezado (a) aluno (a), obterá um novo conhecimento
teórico, entenderá como todos esses fatores o levarão a administrar adequadamente os estoques e
a importância que isso terá para a empresa onde você trabalha ou trabalhará, bem como poderá
aplicar alguns desses conhecimentos em suas atividades.
Seja bem-vindo (a) à disciplina Estoques, do curso de Administração!
Bons estudos!

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Competência 01

1.Competência 01 | Conhecer o Processo e Variáveis da Armazenagem de


Materiais
1.1 Conceitos Iniciais

Voltando à sua lanchonete, quanto de estoque é preciso ter para atender


satisfatoriamente à clientela, sem que haja desperdício? Antes de tudo vamos entender o conceito
de estoques. Segundo Gonçalves (2004), estoques podem ser considerados como acumulação de
matérias-primas, produtos em processo ou produtos acabados, na posse de uma empresa, que
aparecem em vários pontos por todos os canais logísticos e de produção na empresa. Os materiais
são resultados da diferença entre a demanda e o fornecimento, para que seja possível guardar
insumos para oferecer produtos aos clientes.

Veja um rápido vídeo sobre o sistema de Logística na empresa


Natura, acessando o link a
seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=2H9PML_HHHQ

É importante nunca confundir suprimentos com matérias-primas,


pois as matérias-primas são um dos tipos existentes de suprimentos.
Matéria-prima é um produto natural ou semimanufaturado que deve
ser submetido a um processo produtivo até tornar-se um produto
acabado.

Quando estão estocados, os materiais ficam fisicamente parados em algum lugar, seja na
empresa ou em outro ponto. Para utilizá-los, precisam ser movimentados. Para que se mantenha um
bom controle dos estoques, todas as movimentações de materiais devem ser efetuadas por meio das
notas fiscais, quando se tratar de produtos acabados; ou documentos internos, quando se tratar de
transferência ou requisição de matérias-primas.
Podemos encontrar três tipos de movimentações de materiais: entrada, saída e
transferência.

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Competência 01

• Entrada: é a movimentação de materiais que entram no estoque da empresa, como as


compras. Quando você adquire insumos para transformar em produtos a serem
oferecidos aos seus clientes;
• Saídas: é a retirada (comumente chamada de “baixa”) do estoque, formalizada por meio
da emissão de notas fiscais ou, quando ocorrerem movimentações internas, por meio de
requisições de materiais. Então, a utilização de produtos do estoque indica a saída destes;
• Transferências: são movimentações de materiais efetuadas entre almoxarifados ou
filiais da mesma empresa. Esta operação gera débito e crédito entre as unidades da
empresa, mas não afeta o resultado final do saldo do estoque geral. O registro desta
operação pode ser feito por meio de emissão de notas fiscais de transferência ou por
documento interno de requisição de materiais.
Como se dá a movimentação dos estoques?
Para que sua lanchonete possa funcionar é preciso providenciar a movimentação de seus
insumos e de seus produtos vendidos por telefone, para serem entregues ao consumidor final. Há
várias maneiras de se realizar esta movimentação e alguns modais utilizados são: rodoviário,
ferroviário, hidroviário, dutoviário e o aeroviário (não necessariamente uma lanchonete usa todos
eles). Há também a multimodalidade, a integração dos diversos modais de transporte.

Veja um rápido vídeo sobre os tipos de modais de transporte,


acessando o link a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=P6k9y3CDIiI

É preciso identificar como os produtos da lanchonete serão recebidos, bem como serão
feitas as entregas dos produtos para os clientes. Esta identificação deve levar em conta alguns fatores,
tais como: o custo, para que se mantenha dentro do orçamento da empresa; a conservação, para que
os insumos e produtos estejam sempre frescos; e a rapidez com que se deseja receber os insumos e
fazer as entregas.
O grande ponto dos estoques envolve manter seus níveis os mais baixos possíveis, e ao
mesmo tempo prover a disponibilidade desejada pelos clientes.

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Competência 01

A questão dos estoques merece grande atenção por parte dos profissionais de logística e
consequentemente do técnico em administração, exatamente porque o grande desafio é ter o menor
nível de estoque possível sem prejudicar o nível de serviço ao cliente, ou seja, manter uma quantidade
necessária para atender ao cliente quando ele desejar. Não é algo simples, no entanto, existem
técnicas e sistemas de gestão que auxiliam para o seu sucesso. Isso, estudaremos mais à frente.
O grande desafio da movimentação do estoque consiste em reduzir o “ciclo do pedido”,
que é o tempo total entre o cliente realizar um pedido e o mesmo ser entregue, ou o tempo entre
você fazer uma encomenda de insumos e recebê-la de seu fornecedor. Isto é muito importante para
os negócios, pois você não quer ficar sem material para atender aos pedidos dos seus clientes e nem
deixar os clientes esperando demais a entrega do seu alimento, não é? Então, é importante contar
com sistemas eficientes e eficazes de recebimento de pedido, checagem de estoque, separação,
expedição e entrega do produto.
As atividades que vimos até agora, de movimentação e processamento, são ditas como
atividades primárias. Para completar o processo há também as atividades de suporte. As atividades
de suporte são aquelas adicionais, que dão suporte ao desempenho das atividades primárias, para
que seja possível ter clientes satisfeitos e alcançar a lucratividade da empresa. São as seguintes:
armazenagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção, planejamento e sistemas de
informação.

Os conceitos de armazenagem e estocagem são diferentes, fique atento:


A) Armazenagem: é um subsistema responsável pela gestão física dos
estoques, que inclui todas as atividades relacionadas à guarda temporária e
a distribuição de materiais (depósitos, almoxarifados, centro de distribuição,
etc.). As operações de armazenagem consistem no recebimento, estocagem,
separação e expedição de materiais para apoiar o fluxo de materiais nos
sistemas de manufatura e distribuição.
B) Estocagem: é uma das atividades do fluxo de materiais no armazém, é o
ponto destinado à locação estática dos materiais, ou seja, onde eles fisicamente
ficam.

1) Armazenagem
É o processo que envolve a administração dos espaços necessários para manter os
materiais estocados. Essa ação envolve fatores como localização, dimensionamento da área, arranjo

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Competência 01

físico (layout), equipamentos de movimentação, recuperação do estoque, bem como necessidades


de recursos financeiros e humanos.
A armazenagem é constituída por um conjunto de funções de recepção, descarga,
carregamento, arrumação e conservação de matérias-primas, produtos acabados ou semiacabados.
Uma vez que ela envolve mercadorias, apenas é produzido resultado quando é realizada uma
operação, com o objetivo de acrescentar valor a essas mercadorias. Podemos dizer que o objetivo
geral da armazenagem é o compromisso entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na
prática, isso só é possível caso se tenha em conta todos os fatores que influenciam os custos de
armazenagem, bem como a importância relativa dos mesmos.

a. Custos da Armazenagem
Os custos envolvidos na armazenagem são geralmente fixos e indiretos, apresentando a
dificuldade da minimização do impacto dos custos. Por exemplo, se você possui um depósito para
armazenagem, independente dele estar vazio ou cheio, os custos continuarão os mesmos, pois você
precisará continuar pagando os funcionários, os equipamentos, aluguel se o espaço não for próprio,
etc.
b. Sistemas de Armazenagem
Para arrumar adequadamente as matérias-primas ou produtos acabados, alguns sistemas
são utilizados. Existem vários tipos de sistemas de armazenagem, utilizados de acordo com o tipo de
produto a armazenar e área disponível, entre outros parâmetros.
Para se determinar qual o melhor sistema de armazenagem, em primeiro lugar devemos
respeitar as características do produto, isto é, o seu peso, dimensões e a possibilidade ou
impossibilidade de junção em paletes.
Abaixo, vamos conhecer alguns elementos desse sistema:
• Palete (ou estrado)
É possível dizer que é um recurso que tem como função a melhoria do transporte de
cargas, obtido por meio da empilhadeira e da paleteira.

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Competência 01

Figura 1 - Modelo de palete de madeira


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Palete
Descrição: a figura mostra um palete, também chamado de estrado, cujo material é madeira, mas podem ser encontrados
no mercado feitos de outros materiais. O palete tem três vigas que encostam no chão, com espaço entre elas. Sobre elas,
estão presas cerca de cinco tábuas, com pequenos espaços entre elas, que ajudam a organizar e a movimentar produtos
ou materiais. A dimensão padrão de um palete é de 1,10 X 1,10.
• Paleteira
É uma espécie de máquina, um tipo de empilhadeira manual, cuja principal função é fazer
o deslocamento de materiais em uma organização, principalmente no estoque. Uma das vantagens
da paleteira manual é sua relação de custeio com a empilhadeira elétrica, porque, embora ambas
sejam úteis para o carregamento de material, a paleteira, além de mais fácil manuseio, é capaz de
transportar enormes quantidades de peso, sem toda necessidade de tempo que se leva para
aprender a monitorar uma empilhadeira elétrica, e ainda com um preço mais barato.

Figura 2 - Modelo de paleteira


Fonte: http://paleteira 09.wordpress.com/2012/04/17/quais-as-funcoes-que-uma-pa le teira-exerce-na-logistica-de-
uma-empresa
Descrição: a foto mostra um modelo de paleteira, equipamento utilizado para movimentar paletes. Na parte da frente,
onde os paletes ficam apoiados, existem dois braços de ferro, conectados ao motor do equipamento. Esses braços entram
perfeitamente nos espaços das vigas dos paletes. Também conectado ao motor, segue uma espécie de direção, por meio
da qual uma pessoa pode guiar o equipamento. A pessoa guia o equipamento em pé, posicionada sobre uma estreita
plataforma, segurando a direção.

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Competência 01

• Empilhadeira
Máquina usada principalmente para carregar e descarregar mercadorias em paletes.
Existem diversos tipos e modelos, tais como: elétricas, manuais, combustão e portuárias. Você vai
conhecer, na figura a seguir, o que é uma empilhadeira e entender as diferenças físicas entre ela e
uma paleteira.

Figura 3 - Modelo de empilhadeira


Fonte: http://pt. wikipedia.org/wiki/Palete
Descrição: a foto mostra um modelo de empilhadeira elétrica que está sendo operado por uma pessoa. Assim como a
paleteira, este equipamento também possui dois braços de ferro para apoiar os paletes, porém ele pode fazer um
movimento de subir e descer os paletes, para alcançar locais mais altos. O operador da foto está colocando um palete
cheio de produtos na carroceria de um caminhão.

• Porta-paletes
Representa a melhor resposta para os armazéns, onde é necessário armazenar produtos
paletizados com uma grande variedade de referências. É a solução mais simples e mais utilizada,
sendo adaptável a qualquer tipo de carga e volume.

• Drive in
São estruturas para verticalizar cargas paletizadas, com movimentação interna da
empilhadeira, ideal para trabalhar com grandes quantidades de um mesmo produto, com
armazenagem em lote. É uma estrutura composta por laterais com braços que sustentam as
longarinas de Drive-in, formando blocos verticais e horizontais, denominados ruas de armazenagem,
os quais dão acesso à empilhadeira que fará o carregamento dos paletes dentro da própria estrutura,
formando, assim, um bloco contínuo, sem corredores intermediários, permitindo que a empilhadeira
entre na estrutura. As estruturas drive-in são operacionalizadas por uma única entrada. Tem como

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Competência 01

vantagem a rentabilidade máxima do espaço disponível, eliminação dos corredores entre as estantes,
rigoroso controle de entradas e saídas. Admite tanto as referências como as ruas de carga.

Figura 4 - Modelo de drive in


Fonte: http://adminlogistica.wordpress.com/conteudo/estrutura-porta-paletes
Descrição: os paletes podem ser deixados no chão mas, para otimizar o espaço de armazenamento, muitas empresas
instalam estruturas verticais para alocar paletes, sendo o drive in uma delas. Na figura, é possível ver um drive in com 15
posições de dimensão (cada posição cabe um palete), quatro posições de largura e quatro posições de altura. Muito
espaço é aproveitado. Há uma empilhadeira colocando um palete em uma das posições e a estrutura está quase toda
completa de paletes, existem poucos espaços vazios.

• Drive through (ou drive-thru)


Também são estruturas para verticalizar cargas paletizadas, mas diferentes do drive in,
que a empilhadeira entra e sai pelo mesmo lado, no drive through a empilhadeira tem acesso pelos
dois lados, sendo dois corredores: um de entrada e outro de saída. Sua estrutura conta com lastres
com rodas para fazer a movimentação do palete; essas rodas ajudam na movimentação dos paletes,
colocando o mesmo de um lado e sendo levado pela força da gravidade para o outro lado. Você pode
visualizar esta explicação na figura a seguir.

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Competência 01

Figura 5 - Modelo de drive through


Fonte: http://conhecimentosdaarmazenagem.blogspot.com/p/estrutura-porta-palete.html
Descrição: o drive through é outro modelo de estrutura para otimizar espaço quando necessário armazenar paletes.
Through (ou thru, que é a pronúncia) significa “através” em Inglês. Na figura é possível entender a escolha do nome,
uma vez que é possível ver uma estrutura que tem seis posições de dimensão, quatro posições de altura e três posições
de largura. Há duas empilhadeiras colocando paletes com produtos na mesma fileira, só que uma entra por um lado e a
outra empilhadeira entra pelo outro lado. Essa é a diferença básica entre o drive in e o drive through: no primeiro, o
último palete que entra é obrigatoriamente o primeiro que sai, a estrutura não permite que seja diferente. Já no drive
through, a movimentação pode ocorrer dos dois lados, então o operador pode colocar um palete mais antigo de um
lado e um mais novo do outro. Quando precisar retirar o mais antigo, ele não precisa mover o palete mais novo, basta
retirar o mais antigo pelo outro lado da estrutura.

2) Manuseio de Materiais
Digamos agora que você precisa entregar algum produto armazenado para realizar uma
venda. A este processo se chama manuseio de materiais. Essa atividade envolve a movimentação de
materiais no local de estocagem, que pode ser tanto de estoques de matéria-prima como de produtos
acabados. Pode ser a transferência de materiais do estoque para uso no processo produtivo ou do
processo produtivo para o estoque de produtos acabados. Pode ser também a transferência de um
depósito para outro.

3) Embalagem
Para proteger os produtos armazenados são utilizadas embalagens, para que seja possível
movimentá-los sem danificá-los. Um bom projeto de embalagem do produto auxilia a garantia
perfeita e ainda faz uma movimentação sem desperdícios. Além disso, dimensões adequadas de
empacotamento encorajam manuseio e armazenagem eficientes.

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Competência 01

4) Planejamento
O armazenamento está diretamente associado à função planejamento. A função
planejamento é responsável pelo cálculo das quantidades agregadas que devem ser produzidas, bem
como quando, onde e por quem devem ser fabricadas. É a base que servirá de informação à
programação detalhada da produção dentro da fábrica. Com isso, ela determina quanto haverá de
estoques e quando o estoque será utilizado.
5) Sistema de Informação
Para dar suporte aos processos descritos acima são utilizados sistemas de informação. Os
sistemas são alimentados pelas informações sobre custo, procedimentos e desempenho essenciais
para o correto planejamento e controle logístico. Com isso, a empresa terá uma base de dados bem
estruturada, com informações significativas sobre os clientes, sobre os volumes de vendas, sobre os
padrões de entregas, sobre os níveis dos estoques e disponibilidades físicas, importantes para o
desenvolvimento das suas atividades.
E então, o que você achou da primeira competência da disciplina Estoques? Entenda-a
bem, para que possa partir para a competência a seguir.

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Competência 02

2.Competência 02 | Compreender a Classificação de Estoques por Níveis


de Valor
Na primeira competência você aprendeu sobre conceitos importantes para o
entendimento do processo de estocagem. Nesta competência você começará conhecendo sobre a
classificação dos estoques: quais são os seus tipos e quais a relevância para a empresa. Com isso,
podemos tomar melhores decisões sobre o processo de estocagem, como no caso dos produtos da
sua lanchonete que abordamos na competência 1.
Após saber como classificar os estoques, você estará apto (a) para conhecer sobre os
métodos de avaliação e movimentação dos estoques. Sendo assim, você conhecerá três critérios
comumente utilizados, como o PEPS – Primeiro que Entra, primeiro que Sai; UEPS – Último que Entra,
Primeiro que Sai e CMP - Custo Médio Ponderado.

2.1. Classificação dos Estoques

Podem ser encontradas várias classificações dos estoques. Podemos dizer que, onde
existe necessidade de materiais, irão existir estoques. Os estoques recebem diferentes classificações
de acordo com a natureza dos produtos, das atividades da empresa, etc., e podem ser classificados
conforme abaixo:

2.1.1 Quanto ao Tipo

• Estoque de matéria-prima e materiais auxiliares


Se você fabrica o pão para os sanduíches da sua lanchonete, você terá que armazenar
farinha de trigo. É uma matéria-prima básica que foi adquirida para entrar no processo produtivo da
empresa e requer processamento para ser transformada em produto – o pão. Este tipo de material
fica normalmente estocado em armazéns ou depósitos de matéria-prima, aguardando a requisição
do setor de produção para ser usado e transformado. Sendo assim, devem ser mantidos estoques
suficientes para atender a demanda da produção que, por sua vez, segue a demanda dos clientes.

17
Competência 02

Figura 6 - Modelo de armazenamento de matérias-primas


Fonte: http://www.pratic.ind.br/empresa.htm
Descrição: a figura mostra um armazém que possui um pé direito bem alto e muitas janelas. Nele, é possível ver alguns
sacos azuis e brancos de matéria-prima sobre dois paletes, um ao lado do outro. Atrás destes paletes há um palete com
mais sacos empilhados de matéria-prima, dessa vez numa pilha de sacos mais alta. À direita deste palete, existem três
paletes com muitos sacos vermelhos empilhados, também muitos sacos que atingem uma altura maior do que o palete
de sacos azuis. Todos os sacos estão cheios, provavelmente de grãos ou pó, pelo formato que apresentam.

• Estoques de materiais semiacabados


Agora, vamos falar um pouco sobre os produtos semiacabados. No caso das lanchonetes,
um exemplo é quando partimos pães para prepararmos sanduíches. Ora, para uma padaria, o pão é
um produto acabado, mas para a preparação do sanduíche, o pão é um produto semiacabado: aquele
que não está ainda totalmente pronto, por algum motivo. É um tipo de material cujo processamento
está em algum estágio intermediário de acabamento e se encontra quase acabado, faltando apenas
mais algumas etapas do processo produtivo para se transformar definitivamente em produto
acabado. Normalmente, os materiais semiacabados ficam em uma área específica ou no setor
produtivo. Não são mantidos no almoxarifado por não serem mais matérias-primas iniciais, nem
tampouco no depósito de produtos acabados, por ainda não serem estes produtos acabados.

18
Competência 02

Figura 7 - Produtos semiacabados


Fonte: http://www.mangasushibar.com.br/cardapio/acrcimos/1829/pao-de-forma-fatia
Descrição: na figura há duas fatias de pão de fôrma, uma sobre a outra, dentro de um prato pequeno, na cor branca,
aguardando o momento de formar um sanduíche.

• Estoques de Componentes
Os estoques de componentes também são tipos de produtos acabados, mas formados
por peças isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto. São, na
realidade, partes prontas ou montadas que, quando juntas, constituirão o produto acabado.
• Estoque de produtos acabados
É o estoque composto pelo produto que teve seu processo de fabricação terminado, ou
seja, já pronto para venda e expedição. Usando o exemplo da lanchonete, poderia ser o sanduíche, a
coxinha, etc.

Figura 8 - Modelo de estoque de produtos acabados


Fonte: https://teclog2.wordpress.com/category/mov-e-armaz-de-materiais/page/2/
Descrição: depósito de uma empresa, onde foram colocadas estantes de ferro altas, porém estreitas, para armazenar as
pequenas caixas de produtos acabados sobre elas. Pelo tamanho e dimensão dos produtos apresentados, a
movimentação e estocagem deles é mais fácil, por isso não estão sobre paletes.

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Competência 02

Após serem apresentados os tipos de estoque, uma pergunta vem em mente: quanto de
estoque é preciso armazenar? Para todos os tipos de estoque, é muito importante ter uma
quantidade adequada dentro da empresa. Com isso, surge o conceito de estoque mínimo ou de
segurança:

• Estoque de segurança ou mínimo


Se as empresas soubessem de todos os fatores que viriam a influenciar na demanda, as
previsões sobre estas estariam sempre certas. Nesse caso, deixariam de ser previsões para serem
certezas, mas isso é impossível. É impossível você saber quantas latas de refrigerante, precisamente,
você vai vender na lanchonete. Sendo assim, é importante manter quantidades estocadas para
garantir as vendas, caso ocorra aumento na demanda desse item, por exemplo.
Para tanto, usa-se a fórmula abaixo, que compara a demanda máxima que a empresa
pode atender, ou seja, quantos refrigerantes a empresa pode vender, em função da sua capacidade
instalada, e a demanda média, que é a média da quantidade de refrigerantes que a lanchonete vende
em determinado período.
O estoque de segurança é conhecido por meio do uso de uma fórmula:

ES = D(máx) – D(média)

Sendo:
D(máx) A demanda máxima que uma empresa pode atender.
D(média) A demanda média da empresa.

20
Competência 02

Figura 9 - Modelo de gráfico dente de serra para estoque de segurança


Fonte: http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/impressao_artigo/658
Descrição: gráfico formato dente de serra, que tem este nome exatamente pelo seu formato. Para formar o gráfico, há
a coordenada horizontal, chamada “abscissa”, que se cruza com a coordenada vertical, chamada “ordenada”. A abscissa
neste gráfico representa o tempo . A ordenada representa a quantidade e vai até 1, sendo cortada ao meio por uma
reta e, abaixo dessa reta, também cortada por uma linha pontilhada. Entre as duas linhas, abscissa e coordenada, há
uma reta que começa do ponto 1 da ordenada e toca a abscissa; em seguida, a mesma linha sobe novamente e toca a
reta traçada no ponto 1; outra vez, a linha desce e toca a abscissa...formando um movimento de serra, que nomeia o
gráfico.

Sendo:
Ponto 1: Estoque máximo;
Ponto 2: Nível de ressuprimento, ou estoque médio;
Ponto 3: Estoque virtual. Considera-se o estoque real armazenado e as encomendas;
Ponto 4: Estoque de segurança;
Ponto 5: Ponto de ruptura.
Fonte: Tec Hoje (2013)

Nesse processo, influencia o TR (tempo de ressuprimento), que é o tempo que o


fornecedor leva para entregar os refrigerantes. Para evitar falta de produtos, você deve fazer o pedido
de fornecimento quando atingir o estoque mínimo e antes do prazo que o fornecedor lhe dá para
fazer a entrega.
Agora, será que esta fórmula apresentada se aplica a todos os casos? Pois, há produtos
que têm um valor agregado maior que outros, ou seja produtos que dão mais lucros. Como levamos
isso em consideração?

21
Competência 02

2.1.2 Classificação quanto à Importância ou Valor (Método ABC)

Uma maneira de responder a pergunta acima é aplicando o método ABC. O método de


classificação ABC nada mais é do que uma ferramenta que auxilia na gestão de estoques,
proporcionando informações relevantes sobre aqueles produtos que têm maior ou menor giro;
relacionados com o custo de aquisição. A curva ABC permite identificar quais itens necessitam de
atenção e tratamento adequados quanto à sua importância. Também pode ser utilizada para
classificar clientes em relação aos seus volumes de compras ou em relação à lucratividade
proporcionada. Com isso, você saberá quais produtos são mais lucrativos e poderá desenvolver uma
política de estoques mais adequada para eles.

Figura 10 - Exemplo de curva ABC


Fonte:http://www.sobreadministracao.com/wp-content/uploads/2010/12/grafico-ABC.jpg
Descrição: gráfico que representa a curva ABC. A sua abscissa representa a quantidade de itens e a ordenada
representa valor dos itens em porcentagem. Na abscissa estão marcados os pontos 20, 60 e 100. Na ordenada, os
pontos 80, 95 e 100. O que isso significa? Quando os pontos 80 e 20 se encontram, formam o espaço A, que representa
os itens que têm pouco volume (20%), mas muito valor (80%). Quando os pontos 95 e 60 se encontram, formam o
espaço B, que representa os itens que têm 60% de volume e 95% de valor. Quando os pontos 100 e 100 se encontram,
formam o espaço C, que representa os itens que possuem 100% de volume e 100% de valor. Podemos ver, então, que
os itens A são aqueles que precisam de mais atenção, pois uma pequena quantidade já representa alta parcela do valor.
Em seguida, o B e o C. Eis a curva ABC.

Obtém-se a curva ABC com a ordenação dos itens conforme a sua importância relativa.
Uma vez obtida a sequência dos itens e sua classificação ABC, passa a ser conhecida a aplicação
preferencial das técnicas de gestão, conforme a importância dos itens. Após os itens terem sido
ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas das seguintes
maneiras:

22
Competência 02

• Classe A: grupo de itens mais importantes, que devem ser trabalhados com grande
atenção por parte da empresa. São aqueles itens que dão a sustentação de vendas e
normalmente correspondem a 20% do volume total.
• Classe B: é um grupo intermediário de itens em relação à importância, quantidade ou
valor, podendo corresponder a 30% do total.
• Classe C: grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, valor ou
quantidade. No entanto, também precisam de atenção porque geram custo para manter
estoque. Podem corresponder a 50% do volume total.
A Curva ABC é conhecida também por seguir o princípio 80-20, pois é baseada no
teorema do economista italiano Vilfredo Pareto, que num estudo sobre renda e riqueza do século
XIX, percebeu que em uma pequena parcela da população (20%) se concentrava a maior parte da
riqueza, em detrimento dos demais 80%. No caso de estoques, a importância dos materiais é
considerada em relação às quantidades utilizadas e o seu valor.

Figura 11 - Modelo de curva ABC


Fonte: http://miscelaneaconcursos.blogspot.com/2012/09/curva-abc.html
Descrição: quadro que apresenta uma coluna chamada classe, onde estão as letras A, B e C. Em seguida, uma coluna
com os itens em porcentagem, sendo A: 20%, B: 30% e C: 50%. A terceira coluna mostra o valor, sendo A: 80%, B: 15% e
C: 5%. A quarta coluna mostra a importância, sendo A: grande, B: média e C: pequena. É mais uma referência para
ajudar a entender a curva ABC.

2.2. PEPS e UEPS

Mas, é importante saber que toda política de estoques precisa estar atenta a três
aspectos:

23
Competência 02

a) assegurar que o dinheiro investido em estoques seja o mínimo possível;


b) garantir que o valor desse capital seja uma ferramenta de tomada de decisão;
c) evitar desperdícios como perda de validade, roubos, extravios, etc.
Considerando que vários fatores podem fazer variar o preço de aquisição dos materiais
entre duas ou mais compras (inflação, custo do transporte, procura de mercado, outro fornecedor,
etc.), surge o problema de selecionar o método que se deve adotar para avaliar os estoques. Com
isso, é importante, a partir de agora, você conhecer um pouco sobre os métodos de avaliação dos
estoques. O maior objetivo do custeio do estoque é a determinação de custos adequados às vendas,
de forma que o lucro apropriado seja calculado.
É muito importante prever o valor do estoque em intervalo de tempo adequado e
gerenciá-lo, comparando-o com o planejado, e ainda tomar as devidas ações quando houver algum
desvio ou demanda inesperada.
Os métodos mais comuns de avaliação são:

2.2.1 PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai) ou FIFO (First in – First Out)

À medida que ocorrem as vendas, ocorrem baixas no estoque a partir das primeiras
unidades compradas. Produtos perecíveis da lanchonete, como os alimentos, seguiriam esta lógica.
Justificando: a primeira unidade a entrar no estoque é a primeira a ser utilizada no processo de
produção ou a ser vendida.
Algumas vantagens deste método:
• Os itens usados são retirados do estoque e a baixa é dada nos controles de maneira
lógica e sistemática;
• O resultado obtido espelha o custo real dos itens específicos usados nas saídas;
• O movimento estabelecido para os materiais, de forma contínua e ordenada,
representa uma condição necessária para o perfeito controle dos materiais,
especialmente quando estes estão sujeitos à deterioração, decomposição, mudança de
qualidade, etc.
Conheça um modelo de planilha usando o método PEPS na figura a seguir:

24
Competência 02

Figura 12 - Planilha PEPS


Fonte: https://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/rodrigosfreitas/conhecendocontabilidade038.asp
Descrição: planilha de controle e estoque de biscoitos. Ela possui uma coluna de data. Em seguida, tem uma grande
coluna de entradas (que se divide em uma coluna de quantidade, uma coluna de R$ e uma coluna de total) e outra
grande coluna de saídas (que também se divide em uma coluna de quantidade, uma coluna de R$ e uma coluna de
total). Após as duas colunas, há uma coluna de saldo (que também se divide em uma coluna de quantidade, uma coluna
de R$ e uma coluna de total). Para exemplificar o PEPS, há uma entrada na data 01/01, de quantidade 1, cujo valor é de
R$ 1,30 e o total de entradas é de R$ 1,30. Não há nenhuma saída e a coluna de saldo repete o mesmo que há na coluna
de entrada, pois o saldo é o resultado de todas as movimentações (entradas e saídas). No dia 02/01, há uma entrada de
quantidade 1, que custa R$ 1,20, o valor desta movimentação é R$ 1,20. Não há saídas. A coluna de saldo repete a
movimentação de R$1,20. Há uma última entrada na data 03/01, de quantidade 1, cujo valor é de R$ 1,00 e o total de
entradas é de R$ 1,00. Não há nenhuma saída e a coluna de saldo repete o mesmo que há na coluna de entrada. Porém,
na data de 04/01 há uma saída. Não há nada preenchido na coluna de entrada, mas nas saídas há o preenchimento de
quantidade 1, valor R$ 1,30 e total R$ 1,30. Como fica a coluna de saldo? No dia 04 aparecem na coluna de saldo apenas
os valores de R$ 1,20 e R$ 1,00, afinal, o primeiro valor que entrou foi da unidade de R$ 1,30, então esse é o primeiro
valor que sai.

2.2.2 UEPS (Último que entra, primeiro que sai) ou LIFO (Last in – First Out)

O custo do estoque é determinado como se as unidades mais recentes adicionadas ao


estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (saídas) ou (primeiro a sair). Supõe-
se, portanto, que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo destas
unidades.
De acordo com o método UEPS, o custo dos itens vendidos/saídos tende a refletir o custo
dos itens mais recentemente comprados (comprados ou produzidos, e assim, os preços mais
recentes).
Conheça um modelo de planilha usando o método UEPS na figura a seguir:

25
Competência 02

Figura 13 - Planilha UEPS


Fonte: https://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/rodrigosfreitas/conhecendocontabilidade038.asp
Descrição: a planilha parece igual à anterior, porém há uma diferença: na data de 04/01 há uma saída, cujo valor é de
R$ 1,00 e total R$ 1,00. Isso mostra que no método de avaliação de estoques UEPS o último valor que entrou é o
primeiro a ser considerado no momento da primeira saída. O último valor que entrou, neste caso em 03/01, foi de R$
1,00.

Esse método não é muito usado nas empresas, pois dependendo do ramo de atuação, a
empresa pode chegar a ter prejuízos, como uma que vende produtos perecíveis; caso a empresa
venda os produtos que chegaram por último, quando for vender aqueles que foram adquiridos
primeiro, provavelmente os mesmos já estarão vencidos.

2.3 Custo Médio Ponderado

Este método, também chamado de método da média ponderada ou média móvel, baseia-
se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos efetivos.
O método de avaliação do estoque ao custo médio é aceito pelo Fisco e usado
amplamente. Por esse critério, os estoques são avaliados pelo custo médio de aquisição, apurado a
cada entrada de mercadorias, ponderado pelas quantidades adquiridas e pelas anteriormente
existentes.
O princípio contábil de Custo de Aquisição determina que se incluam no custo dos
materiais, além do preço, todos os outros custos decorrentes da compra, e que se deduzam todos os
descontos e bonificações eventuais recebidos.
Conheça um modelo de planilha usando o método custo médio ponderado na figura a
seguir:

26
Competência 02

Figura 14 – Planilha Custo Médio Ponderado


Fonte: https://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/rodrigosfreitas/conhecendocontabilidade038.asp
Descrição: Mais uma vez, a planilha parece igual, porém há uma diferença: na data de 04/01 há uma saída, cujo valor é
de R$ 1,17 e total R$ 1,17. De onde vem este valor? Ora, da média dos valores que entraram (custo médio, não é assim
que se chama?!)! 1,30 + 1,20 + 1,00 = 3,50. Dividimos este total por 3 (que é a quantidade de entradas) e alcançamos o
valor de R$ 1,17.

Então, caro (a) aluno (a), pronto (a) para a próxima Competência? Preparados para
compreender como se dimensionam os estoques, bem como compreender o que significa nivelar um
estoque? Vamos lá, então?

27
Competência 03

3.Competência 03 | Entender o Dimensionamento e Níveis de Estoques

Na competência anterior você aprendeu sobre classificação de estoques e começou a


entender como é importante mantê-los num nível adequado para a empresa: nem tão baixo que não
possa atender a demanda e nem tão alto que venha a apresentar altos custos.
Sendo assim, nessa Competência você aprenderá sobre a importância do
dimensionamento de estoques e, ainda, aprenderá o conceito de nível de estoques e algumas
informações muito importantes relacionadas a ele, como o nível de ressuprimento, por exemplo.
Também conhecerá sobre o (Lote Econômico de Compras) LEC e a sua importância para a adequada
manutenção dos níveis de estoques, aprenderá o que é um gráfico dente de serra e, por fim, mas não
menos importante, conhecerá sobre previsão e avaliação da demanda de estoques.
Você já fez o seu encontro presencial ou atividade semanal? Fique de olho nas
informações que irá aprender por aqui, pois são muito relevantes para complementar seu
aprendizado.

3.1 Dimensionamento de Estoques

A implantação e manutenção de políticas adequadas para administrar o estoque garantirá


o desempenho adequado dos diferentes processos e funções empresariais, bem como minimizará os
custos com produtos estocados.
Para a definição de tais políticas, são levados em consideração vários aspectos, dentre
eles:
• Meta estabelecida pela empresa quanto ao tempo gasto para atendimento ao cliente;
• Definição do giro dos estoques;
• Definição do espaço a ser utilizado (central de distribuição, sites, depósitos, armazéns,
etc.) e a lista de materiais a serem estocados;
• A quantidade adequada para se manter em estoque que atenda a flutuação na
demanda.
Sendo assim, vamos aprender agora como estabelecer o nível adequado que cada item
deve ter em estoque.

28
Competência 03

Antes disso, precisamos saber que a época da aquisição e da quantidade do pedido


depende do conhecimento da demanda.
Pela matemática
É feito o cálculo do lote econômico, que visa reduzir o CP (custo de preparação) e o CA
(custo de armazenagem).

• Detalhamento:
Custo de obtenção (CO) ou custo de preparação (CP) é o custo ligado ao número de
pedidos de reposição de estoque: quanto maior o número de pedidos, maior o trabalho para a
unidade de compras, transporte, recebimento e inspeção, lançamentos contábeis, etc. Se os lotes de
compra forem maiores, menor será o custo de preparação.
Custo de armazenagem (CA) é o custo ligado diretamente à quantidade estocada: quanto
maiores os lotes de compra, maior o estoque médio, maiores os juros sobre o capital investido em
estoque, maior o aluguel do espaço do almoxarifado, maior o custo de mão de obra, o custo de seguro
contra incêndio, etc.

3.2 Níveis de Estoque

Bom, você acabou de ler que dimensionar estoques é estabelecer o nível adequado que
cada item deve ter e, agora, aprenderá o conceito de níveis de estoque. São aqueles que determinam
as ações de reposição ou de cautelas a serem tomadas quanto às quantidades armazenadas.
Normalmente se apresentam através de gráficos, onde a abscissa (eixo x) representa o
tempo decorrido da demanda do estoque e o eixo das ordenadas (eixo Y) representa as quantidades
de unidades consumidas ou adquiridas. Confira essa informação na figura a seguir.

29
Competência 03

Figura 15 - Exemplo de relação entre a quantidade estocada consumida e o tempo de consumo


Fonte: http://colunistas.ig.com. br/ricardogallo/2010/10/08/niveis-de-estoques-na-industrias-estao-ele vados-segundo-
pmi-no-brasil/
Descrição: gráfico apresentando a relação entre a quantidade estocada consumida e o tempo de consumo. A abscissa
mostra os meses de fevereiro de 2006 a agosto de 2010 e o eixo das ordenadas mostra os números marcados: -20, -15, -
10, -5, 0, 5,0, 10,0 e 15. Entre 5,0 e 0 há uma linha horizontal traçada até o final do gráfico, que representa a média em
06/10. Há uma segunda linha, porém nada linear, que representa o número de pedidos em estoque e começa no ponto
5,1, mas sobe e desce constantemente. Os seus pontos mais altos e mais baixos estão circulados e é possível perceber a
grande variação.

Para você entender e controlar os níveis de estoque é importante conhecer alguns


conceitos muito importantes, como os que vêm a seguir:

Tempo de reposição ou de ressuprimento (Tr)

Tem como objetivo minimizar os custos de manutenção de estoques, mas sem correr o
risco de não atender a demanda. A ideia é achar o nível adequado de estoques para cada material ou
produto. Para isso, é necessário que o estoque seja controlado e que seja determinado o ponto de
reposição.
O ponto de reposição tem como objetivo iniciar o processo de ressuprimento com
segurança suficiente para que não falte material. O PR – Ponto de Reposição é calculado
multiplicando a taxa de consumo pelo tempo de ressuprimento.

30
Competência 03

Podemos dizer que o tempo de ressuprimento é aquele tempo que


se gasta desde o momento em que se faz o pedido, até a chegada do
material para uma linha de montagem, por exemplo.

Exemplo: O consumo previsto dos refrigerantes que estão no meu estoque, por semana,
é de 100 latinhas.
- O tempo de ressuprimento é de três semanas.
- Desse modo, o PR das latinhas de refrigerante é de 300 itens.
Ou seja, para que sua lanchonete não corra o risco de ficar sem latinhas de refrigerante
para vender, o estoque não pode ser menor do que 300 latinhas. O PR é definido quando o saldo de
estoque estiver abaixo ou igual à determinada quantidade, chamada ponto de pedido. Você ntendeu?
Quando meu estoque chegar em 300, é o ponto de fazer o pedido de mais latinhas de refrigerante
para o meu fornecedor.
Para minimizar os custos com estoques, bem como para garantir a disponibilidade do
produto, devem ser determinados os estoques mínimos e máximos.

Estoque mínimo (Em)

Em = C x K

Sendo:
C = consumo médio mensal
K = fator de segurança
O fator de segurança (K) é uma maneira de prevenir falhas nas entregas ou em demandas
não previstas, ou seja, aquelas demandas não esperadas. Os valores adotados devem ser definidos
pela alta direção, pois irão variar conforme a criticidade e o valor de consumo obtido pelo método de
classificação ABC.

31
Competência 03

Por exemplo, no fator de segurança, caso queiramos ter uma falha de apenas 10 % em
nossos estoques, será usado o número 0,90. Isso significa que a empresa deseja uma garantia de que
somente em 10% das vezes o estoque desta peça esteja zero.
Significa também que, quando o estoque atingir 34 unidades, a lanchonete deve gerar um
pedido de compra. Lembram-se do exemplo usado no item anterior?

Estoque Máximo
É o resultado da soma do Estoque de Segurança (ES) com a Quantidade Pedida (PP).

Emáx = ES + Quantidade pedida

O estoque máximo é importante, pois uma grande quantidade de estoques gera mais
custos de armazenamento, além de gerar perdas, pois parte deste estoque, que tiver prazo de
validade, vai estragar.

3.3. Gráfico Dente de Serra

É uma ferramenta muito importante para uma adequada gestão de estoques, pois
permite que se estabeleçam relações matemáticas necessárias para conhecer e controlar as
atividades de reposição dos estoques.

Figura 16 - Modelo de gráfico dente de serra


Fonte: www.faccg.com.br/img/professor/une/0000661_Aula_07.10.14_Sistema%20de%20rep osicao%
20de%20estoques.pdf
Descrição: gráfico dente de serra, que apresenta a relação entre quantidade em estoque (ordenada) e os 12 meses do

32
Competência 03

ano (abscissa). O gráfico mostra uma linha traçada do ponto 140 na ordenada, que encosta na abscissa no mês de junho,
formando um triângulo, que representa o consumo. Ao encostar na abscissa, a linha sobe novamente em linha reta,
parando verticalmente na mesma linha imaginária onde o traçado da linha começou (no ponto 140 da ordenada). Esse
ponto 140 que novamente foi atingido neste momento se chama ponto de reposição do estoque. A linha repete o mesmo
movimento anterior e desce para a abscissa no mês de dezembro, formando outro triângulo, representando novamente
o consumo de estoque.

Em um gráfico dente de serra, é possível ter a noção de que um determinado item foi
consumido em quantidades iguais a cada mês uniformemente, chegando a zero, por exemplo.
O gráfico dente de serra apresenta as seguintes características:
• Não existem alterações de consumo durante o tempo T.
• Não existirem falhas administrativas que provoquem um esquecimento ao solicitar a
compra.
• O fornecedor da peça nunca atrasa sua entrega.
• Nenhuma entrega do fornecedor foi rejeitada pelo controle de qualidade.
Após projetar as quantidades de um item estocado nesse gráfico, e este resultar na
representação tipo dente de serra, podem ser adotados critérios para planejamento de
administração de estoque, como o Just in Time, sistema que proporcionará a entrega em tempo e
quantidades sem variação dos pedidos emitidos, pois ficou definido pelo gráfico que o fornecedor do
item possui atendimento em prazo e qualidade dentro dos padrões, o que elimina custos adicionais.
Porém, nem todos os itens se enquadram com essa característica de curva (dente de
serra), então são necessárias fórmulas que mostrem valores apropriados para a análise de um item.

3.4 Lote Econômico de Compras sem Faltas (LEC)

É um método utilizado para determinar a quantidade de um lote que pode oferecer o


menor custo de pedido, bem como o menor custo de armazenar. Simplificando, é a quantidade que
iremos calcular e comprar para que possamos gastar menos na aquisição e estocagem. Objetiva
determinar a quantidade a ser comprada, visando minimizar os custos que atingem os estoques.
O lote econômico visa determinar o número ideal de pedidos a serem feitos e a
quantidade ideal de cada lote. Você pode encontrar várias fórmulas para calculá-lo, sendo uma delas
a relação abaixo:

33
Competência 03

Figura 17 - Fórmula modelo LEC


Fonte: Livro Administração de materiais, de Paulo Sérgio Gonçalves (2013)
Descrição: fórmula do LEC, que é raiz quadrada de 2 X D X Cr, tudo sobre Cp. Sendo que D = quantidade do período em
unidades; Cr = Custo de reposição e Cp = custo de posse.

Sua lanchonete compra de um fornecedor garrafas de vinho por R$ 25,00 a unidade. As


estimativas de demanda de consumo dessas garrafas são de 2.000 unidades anuais. Você calcula o
custo de R$ 5,00 para fazer um pedido ao fornecedor e estima como custo de posse do estoque o
valor de R$ 2,00 por unidade/ano. Sendo assim, vamos determinar a quantidade econômica que esta
empresa deverá comprar:

QLEC = √2x2.000X5,00 = 100 garrafas


2,00

Ou seja, 100 peças é a quantidade adequada que a lanchonete deve pedir por vez. Caso
se queira conhecer o número de pedidos, usa-se a relação entre demanda e o lote econômico de
compras.

Número de pedidos = Demanda Número de pedidos = 2.000 = 20 pedidos ao ano


QLEC 100

Assim, para otimizar os custos com os pedidos, deve-se fazer 20 pedidos ao ano.

34
Competência 03

3.5 Previsão e Avaliação da Demanda de Estoques

Como foi abordado na competência anterior, o gestor de qualquer organização precisa


identificar a demanda de produtos que ele vai comercializar. Acima, usamos o consumo médio como
referência. Mas, de que outras formas podemos prever a demanda? Primeiramente, precisamos
entender que a demanda de um produto é o volume total que seria comprado por um grupo definido
de consumidores, em uma área geográfica definida, em um período de tempo definido, em um
mercado de trabalho definido e mediante um programa definido de marketing.

Métodos de Previsão da Demanda


É necessário ratificar que, infelizmente, prever é um processo passível de erros. Um
barraqueiro que esperava vender mil cocos verdes durante o carnaval pode descobrir que a demanda
real é diferente do que foi previsto. Se a demanda exceder a previsão, a empresa tem de ter em mãos
uma quantidade que permita satisfazer a demanda maior. Se a demanda cair, poderá haver excesso
de material.

Figura 18 - Previsão de demanda de estoques


Fonte: http://portalvideoaula. com.br/cursos/logistica/gestao-estrategica-de-estoques-e-demanda
Descrição: a figura mostra um boneco branco que representa um homem segurando uma prancheta preta, como se
estivesse estudando o estoque, representado por várias caixas de papelão que estão empilhadas atrás dele.

Da mesma forma, o suprimento de materiais comprados está sujeito às flutuações da


demanda dos mesmos. No geral, o problema básico é a velocidade com que os fornecedores possam
responder às variações de demanda. Todos os fornecedores gostariam de dobrar as vendas aos seus
clientes, porém dificilmente são capazes de dobrar sua produção sem que ocorra aviso prévio.
A previsão da demanda pode ser feita através de várias técnicas, tais como:

35
Competência 03

• Projeção – São utilizados dados passados, admitindo-se que haverá repetição dos dados
no futuro ou as vendas irão evoluir em função do tempo. É uma técnica feita com base
em cálculos.
• Explicação – Utilizam-se leis de correlação e regressão, associando-se as vendas
passadas a outras variáveis de evolução conhecida ou previsível. É uma técnica feita com
base em cálculos.
• Predileção – Experiência de pessoas conhecedoras de vendas ou do mercado, feita com
base em informações de especialistas.
Você sabia que um fator diretamente relacionado à previsão de demanda é o
dimensionamento do estoque de segurança? Lembra-se desse conceito? Pois é, a possibilidade de
variação da demanda faz com que uma empresa tenha que manter estoques de segurança para evitar
a falta de materiais ou produtos e, consequentemente, evitar clientes insatisfeitos.
Ou seja, dessa forma você pode concluir que é impossível uma organização prever tudo o
que vai acontecer, mas ela deve ter noção do que está acontecendo, para que possa determinar como
obter lucro, ou seja, precisa de uma visão estratégica de todo o complexo produtivo.
Em função de tudo o que você acabou de ler, é importante determinar a quantidade ideal
a se ter no estoque. Portanto, a quantidade ideal a permanecer no estoque é o mínimo, mas esse
mínimo deve ser necessário para satisfazer a demanda.

36
Competência 04

4. Competência 04 | Compreender os Pontos de Compras e Reposição de


Estoques
Você chegou à última competência! Aqui, você aprenderá o que são e quais são os
sistemas de controle de estoques e qual a sua importância para a lucratividade da empresa.
Como falamos durante toda a disciplina sobre a lucratividade da empresa e a satisfação
do cliente, é muito importante comentar sobre custos e, nessa competência, você conhecerá os
custos que estão envolvidos no processo de estoques e porque é importante mantê-los a níveis
aceitáveis.

4.1 Sistemas de Controle de Estoques

Como você viu na competência anterior, controlar estoques é muito importante para
qualquer empresa porque, apesar dos esforços em reduzir os estoques, estes ainda são
representativos nas empresas, havendo portanto necessidade dos sistemas de controle.
Formalmente, existem três sistemas básicos para se determinar quando fazer o pedido:
• Sistema de ponto de pedido – usados para demanda independente;
• Sistema de revisão periódica – usados para demanda independente;
• MRP – usados para demanda dependente.

4.1.1 Sistema Min-Máx

É considerado por alguns como o mais comum de todos os sistemas de controle de


estoques. Refere-se a um sistema de reabastecimento no ponto de pedido, sendo que “min”
(mínimo) trata-se do ponto de pedido e “máx” (máximo) o nível máximo de estoque. É um
procedimento de controle de estoque, feito em cartões manuais ou por sistemas.
Neste sistema, as quantidades mínima, máxima e de reposição são preestabelecidas e,
através destas, é executado o controle. Para usar esse sistema, não são necessárias pessoas
extremamente qualificadas e há a possibilidade de automatização do processo de reposição.
Por outro lado, em face do automatismo da reposição, o sistema min-máx pode causar
elevação dos níveis de estoques na incidência de retração de consumo, ou pode causar falta de

37
Competência 04

material se ocorrer o inverso, ou seja, aceleração de consumo, visto que o mínimo é estabelecido em
função de registros históricos deste.
A aplicação do método é bastante simples. Quando o nível de estoque, pela ação do
consumo, atinge o mínimo, é automaticamente solicitada uma quantidade de reposição
preestabelecida, potencialmente alcançando o nível máximo.

4.1.2 Sistema de Revisões Periódicas

No sistema de revisões periódicas, ao invés de quantidades, determinam-se períodos de


tempo, pois ocorre a programação das datas em que será feita a revisão nos parâmetros de controle
do item. Tais revisões acontecem em intervalos previamente estabelecidos, caracterizando as
revisões periódicas. No momento da revisão, a empresa decide se deve ou não solicitar a reposição
do item e verificar a adequação dos parâmetros preestabelecidos à realidade praticada.

4.1.3 MRP

O sistema MRP ("Material Requirements Planning" - Planejamento das Necessidades de


Materiais) surgiu durante a década de 60, com o objetivo de executar computacionalmente a
atividade de planejamento das necessidades de materiais, permitindo, assim, determinar, precisa e
rapidamente, as prioridades das ordens de compra e fabricação.
É um sistema lógico de cálculo que converte a previsão de demanda em programação da
necessidade de seus componentes. A partir do conhecimento de todos os componentes de um
determinado produto e os tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com base na visão de
futuro das necessidades, calcular o quanto e quando se deve obter de cada item, de forma que não
haja falta e nem sobra no suprimento das necessidades da produção. Podemos dizer que é um
sistema utilizado para se evitar as peças ausentes.
A aplicação do MRP, voltada a itens de demanda dependente, consiste em determinar
quando e em que quantidade os itens serão necessários a partir do plano de produção da
organização.

38
Competência 04

4.2 Custos de Estocagem

Até aqui, você já aprendeu que os processos relativos à armazenagem precisam de


controle, mas que eles também geram custos. Assim como qualquer atividade de uma empresa,
existem custos na estocagem, e estes precisam de apuração e controle para que possam ser
incorporados aos preços dos produtos /serviços que são entregues aos clientes, mas que não atinjam
um nível alto que venham a encarecer estes produtos.

Figura 19 - Questões sobre os estoques


Fonte: http://www.todaletra.com.br/2012/10/sexta-sem-duvida-sem-sombra-de-duvidas-e-risco-de-morte/
Descrição: a figura mostra um boneco branco que representa um homem, ao lado de um grande sinal de interrogação.
O homem está com os braços cruzados e a mão no queixo, numa posição de dúvida, e há um balão saindo de sua
cabeça, representando um pensamento com duas perguntas: quanto pedir e quando pedir. Perguntas muito relevantes
para manter o nível ideal de estoque.

São três os principais custos básicos ligados ao processo de estocagem, classificados em


função da natureza das atividades:
• Custos de Aquisição (custo de pedir): são os custos gerados no processo de compra
do material. Além do valor do material comprado, existem outros custos envolvidos na
aquisição do material, por exemplo: pagamento dos salários, eletricidade, telefonia,
viagens. São gastos que acontecem independentemente de ser gerado um pedido de
material, por isso são considerados como custos fixos de aquisição. Outros custos
acontecerão somente quando forem gerados pedidos de material: custos de inspeção e
fretes especiais de entrega. Por isso, são considerados custos variáveis do processo de
aquisição.

39
Competência 04

• Custos de manter estoque: estão ligados a todos os custos necessários para manter
uma determinada quantidade de mercadorias por um período, como custos de
armazenagem, de seguro, deterioração, entre outros.
• Custo Total: multiplicando o custo unitário de pedido, ou seja, o custo de um único
pedido, pelo número de pedidos realizados em um período, em geral 1 ano, encontra-se
o custo total.

Figura 20 -Modelo do tratamento de custos de estocagem


Fonte: www.robolog.com.br/armazenagem-e-distribuicao.html
Descrição: a figura mostra uma espécie de fluxograma simplificado das etapas de custeio da armazenagem. O primeiro
passo é a identificação dos itens de custo; em seguida, há uma seta que conecta ao próximo passo, que é calcular os
itens de custo. Todos os passos são conectados por setas. O terceiro passo é agrupar itens de custos relativos a cada
função ou atividade. O último passo é alocar os custos a cada produto ou cliente.

No entanto, para entender um pouco mais o que compõe os custos, podemos detalhar os
três tipos em alguns outros custos, conforme a seguir:
• Custos de Manutenção ou de Armazenamento: São os custos relativos ao processo de
guarda do material e começam a ser apurados assim que os materiais são recebidos no
depósito. Também estão incluídos o investimento no estoque, obtido através da avaliação
do mesmo. Estes custos ainda incluirão os investimentos em maquinário especializado,
pessoal, aquisição e implantação de softwares para registro de movimentações, seguros
para os riscos com o material (obsolescência, danos, furtos e deterioração), o próprio
metro quadrado do armazém, além dos investimentos em infraestrutura de
armazenagem.

40
Competência 04

• Custos de Falta: São os custos decorrentes da escassez do material. Valores que


surgem em função de um pedido não atendido, atrasos na produção por falta de matéria-
prima, abalos à imagem da organização no mercado. Incluirão levantamentos específicos
de setores da produção para a sua apuração, dificultando a determinação do valor exato.
São ligados à possibilidade de escassez do material, sendo em função de trabalharmos
para que essa escassez não aconteça; de difícil apuração, pois inclui informações a
respeito do levantamento de valores de pedidos não aceitos, encomendas não enviadas,
mão-de-obra parada, reprogramação de máquinas da linha de produção, lucros não
realizados. Outro fator que dificulta a determinação do custo de falta é a questão do
prejuízo à imagem da organização no mercado que, apesar de ter consequências de curto
e médio prazo, também possui consequências de longo prazo, tornando a apuração
demorada.
Em geral, a consequência imediata da escassez acaba no registro das compras
emergenciais que a organização faz para suprir e dar continuidade ao processo principal. Tais
compras, em geral, acabam trazendo prejuízos por ocorrerem em época de dificuldades, além de
serem realizadas com condições desfavoráveis de preço.

Ponto de Pedido (PP) ou Reposição (PR) ou Encomenda (PE)


Por fim, discutiremos o conceito de ponto de reposição. Quando é que você sabe que
deve comprar mais ovos para preparar os sanduíches da sua lanchonete, por exemplo?
Para isto, utilizamos a seguinte fórmula:

PP = Em + (C x Tr)

Sendo:
PP = Ponto de Pedido
Tr = Tempo de reposição
C = Consumo Médio Mensal
Em = Estoque mínimo
ES = Estoque de segurança

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Competência 04

Então, quando é que você sabe que precisará comprar mais ovos, para fazer sanduíches
vendidos na lanchonete? Toda vez que você atingir o ponto de pedido é sinal de que precisa realizar
esta compra. Para isso, primeiro, você deve identificar a quantidade de sanduíches vendida em
determinado período (consumo médio), depois calcular o estoque de reserva de ovos para atender a
flutuação da demanda. Por fim, identificar o tempo que você leva para receber os ovos do seu
fornecedor. Depois, e só utilizar a fórmula acima:
Então, se você precisa de 10 ovos de reserva, e vende 12 sanduíches por dia, e todos eles
levam ovos, e o fornecedor demora 2 dias para entregar os pedidos, a fórmula fica assim:
PP = 10 + (12x2)
PP= 34 ovos.
Você precisa ter um estoque mínimo de 34 ovos para atender a seus clientes e estar
seguro de um aumento na demanda.
Bom, por aqui finalizamos a disciplina Estoques. Espero que você tenha absorvido
conhecimentos que transformará em ações práticas em sua vida profissional. Agora, só depende de
você!

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Conclusão
Prezado aluno, agora que concluímos nossas quatro competências você aprendeu vários
novos conhecimentos sobre como gerenciar os estoques nas organizações. Agora, você sabe que o
controle de estoques é tarefa fundamental, pois através dele, além de se controlar os desperdícios e
os desvios, diminuem-se os custos. Pois, é necessário possuir insumos e produtos acabados para
atender a demanda. No entanto, tais estoques geram custos e não devem ser encontrados em
quantidade que onere a empresa.
Os conhecimentos adquiridos o ajudarão, a partir de agora, a entender sobre o processo
de gerenciamento de estoques, classificar os estoques e aplicar os métodos de avaliação e
movimentação destes. Além de saber qual o nível de estoques ideais que sua empresa precisa ter, a
fim de mantê-los em quantidade adequada. Por fim, utilizar sistemas de controle e custos para obter
sucesso neste gerenciamento.
Agora que você terminou mais uma competência, lembre-se que tudo o que aprendeu
será muito útil para a sua atuação como técnico (a). Sucesso!

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Referências

BATISTTI, JULIO. FIGURA 13: PLANILHA PEPS. DISPONÍVEL EM: ERRO! A REFERÊNCIA DE HIPERLINK
NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR 2013.

________. FIGURA 14: PLANILHA UEPS. FIGURA 14: PLANILHA UEPS. DISPONÍVEL EM: ERRO! A
REFERÊNCIA DE HIPERLINK NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR 2013.

________. FIGURA 15: PLANILHA CUSTO MÉDIO PONDERADO. DISPONÍVEL EM: ERRO! A REFERÊNCIA
DE HIPERLINK NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR 2013.

COLUNISTAS. FIGURA 16 EXEMPLO DE RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE ESTOCADA CONSUMIDA E O


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GONÇALVES, PAULO SÉRGIO. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: OBTENDO VANTAGENS


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MANGA SUSHIBAR. FIGURA 7: MODELO DE ESTOQUES DE MATERIAIS SEMIACABADOS. DISPONÍVEL


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ACESSO EM ABR 2016.

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REFERÊNCIA DE HIPERLINK NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR 2013.

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NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR. 2013.

PRATIC LINE. FIGURA 6: MODELO DE ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS. DISPONÍVEL EM:


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ROBOLOG. FIGURA 21: MODELO DO TRATAMENTO DE CUSTOS DE ESTOCAGEM. DISPONÍVEL EM:


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44
SOBRE ADMINISTRAÇÃO. FIGURA 11: EXEMPLO DE CURVA ABC. DISPONÍVEL EM:
RES://IEFRAME.DLL/ACR_ERROR
.HTM#SOBREADMINISTRACAO.COM,HTTP://WWW.SOBREADMINISTRACAO.COM/O-QUE-E-E-
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TECHOJE. FIGURA 10: MODELO DE GRÁFICO DENTE DE SERRA PARA ESTOQUE DE SEGURANÇA.
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TECLOG WORDPRESS. FIGURA 9: MODELO DE ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS. DISPONÍVEL EM:


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TODA LETRA. FIGURA 20: QUESTÕES SOBRE OS ESTOQUES. DISPONÍVEL EM: WWW.
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VIANA, JOÃO JOSÉ. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: UM ENFOQUE PRÁTICO. 1 ED. - 11. REIMPR. -
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WIKIPEDIA. FIGURA 1: MODELO DE PALETE DE MADEIRA. DISPONÍVEL EM:


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________. FIGURA 3: MODELO DE EMPILHADEIRA. DISPONÍVEL EM: ERRO! A REFERÊNCIA DE


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WORDPRESS. FIGURA 2: MODELO DE PALETEIRA. DISPONÍVEL EM: ERRO! A REFERÊNCIA DE


HIPERLINK NÃO É VÁLIDA.. ACESSO EM ABR 2013.

________. FIGURA 4: MODELO DE DRIVE IN. DISPONÍVEL EM:


HTTP://ADMINLOGISTICA.WORDPRESS.COM/ CONTEUDO/ESTRUTURA-PORTA-PALETES/. ACESSO
EM ABR 2013.

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Minicurrículo do Professor

Luciana Bazante
Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco. Experiência
na área de Gestão, com ênfase em Gestão da Qualidade e Produtividade, Gestão de Pessoas, Gestão
Ambiental, Gestão da Qualidade e Segurança dos Alimentos, Gestão de Projetos e Relações
Internacionais. Experiência em educação de adultos e treinamentos.
Endereço para acessar o CV: http://lattes.cnpq.br/7271290941628448

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