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Antracnose do feijão

1. Etiologia

Sendo considerada uma das doenças mais destrutivas do feijoeiro,


podendo ocasionar perda total da lavoura quando infecta as plantas nos
primeiros estádios do seu desenvolvimento. Ocorre, principalmente, em regiões
de clima frio, como as do Sul do país ou nas de maior altitude. As perdas
podem alcançar 100% da produção nas áreas em que as condições climáticas
são favoráveis para o desenvolvimento de uma epidemia durante o ciclo da
cultura, onde o plantio é realizado com sementes contaminadas provenientes
de ciclos anteriores, ou advindas de outras áreas de produção (EMBRAPA,
2018). 
A antracnose do feijoeiro é causada pelo fungo Colletotrichum
lindemuthianum. A fase perfeita corresponde ao ascomiceto Glomerella
cingulata f. sp. phaseoli. Este fungo é patogênico também a outras espécies de
leguminosas como P. lunatus, P. acutifolius, P. coccineus, Vigna unguiculata e
Vicia faba (AMORIM; RESENDE; BERGAMIM FILHO, 2005, p. 338).
O fungo produz micélio septado e ramificado, de coloração hialina a
quase negra, à medida que envelhece. Os conídios são hialinos, unicelulares,
podendo ser oblongos, cilíndrico, com pontas arredondadas ou uma delas
pontiaguda. Os conídios medem de 2,5-5,5 x 11-20 µm e podem apresentar
uma área clara semelhante a um vacúolo central (AMORIM; RESENDE;
BERGAMIM FILHO, 2005, p. 338).
A massa dos esporos formadas nos acérvulos possui coloração
rósea ou salmão. Os conidióforos são hialinos, eretos, sem ramificação, com
comprimento de 40 a 60 µm. Os acérvulos são providos de setas que
desenvolvem-se sobre uma massa estromática. As setas podem, às vezes, ser
encontradas no hospedeiro e quase sempre em meio de cultura. Apresentam
dimensões de 4-9 x 30-100 µm, são marrons e septadas (AMORIM;
RESENDE; BERGAMIM FILHO, 2005, p. 338).
C. lindemuthianum apresenta grande variabilidade patogênica, com
mais de 32 raças já identificada no Brasil. Os meios de disseminação do
patógeno são por meios de respingos de chuva, o homem e insetos. O fungo
sobrevive em restos de cultura, mas sementes contaminantes constituem sua
vida de sobrevivência e disseminação mais importante. Sementes na fase de
enchimento são mais suscetíveis que aquelas em maturação (AMORIM;
RESENDE; BERGAMIM FILHO, 2005, p. 338).
Nos Estados Unidos, a doença deixou de ter importância direta na
cultura desde que o uso de sementes sadias, obtidas das regiões semi-áridas,
se tornou uma prática constante. No Brasil, não há um controle rigoroso sobre
a origem, sanidade, qualidade, produção e comercialização das sementes.
Este fato favorece uma disseminação generalizada de antracnose em todas as
áreas de cultivo do feijoeiro (EMBRAPA, 2018).
A doença é favorecida por temperaturas entre 13 e 27ºC, com ótimo
a 21ºC e umidade relativa acima de 91%. Os conídios germinam entre 6ª 9
horas sob condições favoráveis, formam tubo germinativo, apressório, e
penetram mecanicamente pela cutícula e epiderme do hospedeiro. O
aparecimento dos sintomas ocorre a partir de 6 dias após o início da infecção
(AMORIM; RESENDE; BERGAMIM FILHO, 2005, p. 338).

AMORIM, Lilian; REZENDE, Jorge Alberto Marques; BERGAMIN


FILHO, Armando. Manual de fitopatologia: doenças das plantas
cultivadas. 4. ed. São Paulo, SP: Agronômica Ceres, 2005. 663 p. (V.2). ISBN
85-318-0043-9.

 AGEITEC: Agência Embrapa de Informação Tecnológica.


Disponível em:
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao/arvore/CONT000gvwk5em
102wx7ha0g934vg3trxyh6.html> Acesso em: 10 out. 2018.

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