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URBANISMO
Banca Avaliadora:
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Profª. Ana Paula Pereira de Campos Lettieri
Arquiteta e Urbanista
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Campos Centro
.................................................................................................................................
Profª. Aline Couto da Costa
Arquiteta e Urbanista
Doutorado em Arquitetura
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro
.................................................................................................................................
Profª. Leonardo Ribeiro Moço Pessanha
Arquiteto e Urbanista
Mestrado em Engenharia Ambiental
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Macaé
AGRADECIMENTOS
O autismo é um transtorno que tem sido diagnosticado em cada vez mais pessoas no mundo
todo. Existem diferentes métodos para o tratamento do transtorno do espectro autista que têm
como finalidade trabalhar as particularidades dos estímulos sensoriais do usuário. O objetivo
desse trabalho é propor bem-estar e emoções positivas através da psicologia ambiental e do
design de interiores para as crianças que frequentam o espaço onde o projeto será aplicado,
além de possibilitar que a psicologia junto com a arquitetura potencialize o tratamento do TEA.
Como metodologias adotadas para a execução do projeto, adotou-se a pesquisa bibliográfica
sobre o Transtorno do Espectro Autista, sobre a Psicologia Ambiental e o Design de Interiores,
além de visitas técnicas com levantamento de campo na Associação de Pais de Pessoas
Especiais do norte e noroeste/RJ, sendo eles questionários e análise walkthrough. O projeto
proposto apresenta soluções específicas para as necessidades e particularidades das crianças
autistas através da psicologia do design de interiores, resultando em salas flexíveis, no layout e
referentes aos estímulos, para que os ambientes atendam à todos os usuários.
Palavras-chave: Autismo. Projeto arquitetônico. Psicologia ambiental. Design de interiores.
ABSTRACT
Autism is a disorder that has been increasingly diagnosed among people around the world.
There are different methods of treatment of autism spectrum disorder with the purpose of
working the peculiarities of the sensory stimuli of the user. The main goal of this thesis is to
propose well-being and positive emotions through environmental psychology and interior
design for the children who are attending the place where the methodology is being applied,
and also to allow that psychology and architecture enhance the treatment of ASD. The
methodologies utilized carrying out the project were bibliographic researches on Autism
Spectrum Disorder, on Environmental Psychology, and on Interior Design. Technical visits and
field researches in the Association of Parents of Special People of the north and northwest / RJ,
were also performed, with questionnaires and walkthrough analysis being applied. The thesis
presents specific solutions for the needs and particularities of autistic children through the
psychology of interior design, resulting in flexible rooms, in the layout and referring to the
stimuli, for the rooms meet all users.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12
6 O PROJETO ........................................................................................................................ 70
6.1 Conceito e partido ............................................................................................................. 73
6.2 Setorização e fluxograma ................................................................................................. 73
6.3 Memorial projetual........................................................................................................... 76
6.3.1 Centro de referência de autismo ...................................................................................... 76
6.3.2 Jardim sensorial I ............................................................................................................. 81
6.3.3 Jardim sensorial II ........................................................................................................... 83
6.3.4 Sala de artes ..................................................................................................................... 86
6.3.5 Sala de estimulação multissensorial ................................................................................ 89
6.3.6 Sala de pedagogia ............................................................................................................ 91
6.3.7 Sala de musicoterapia e fonoaudiologia .......................................................................... 95
6.3.8 Centro de reabilitação ...................................................................................................... 98
6.3.9 Recepção ........................................................................................................................ 100
6.3.10 Fachada ........................................................................................................................ 102
1
Formado pela Universidade de Paris em 1978, na França, com residência em psiquiatria, Eric Fombonne é um
psiquiatra e epidemiologista que desenvolveu programas clínicos na França, Reino Unido e Canadá, além, de
realizar suas próprias pesquisas na área do autismo (OREGON HEALTH & SCIENCE UNIVERSITY, [entre
2001 e 2017]).
14
Inicialmente usado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em 1911, para descrever uma
tendência patológica de isolamento do ambiente observada em esquizofrênicos (GOLDSTEIN
& OZONOFF, 2009 apud JORGE, 2010), a palavra autismo vem do termo alemão autismos,
derivado do grego auto, que significa “referente a si mesmo” e, do sufixo –ismos, que indica
ação ou estado.
Posteriormente, em 1943, o autismo foi descrito pelo médico austríaco Leo Kanner em
um histórico artigo com título: “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”. Em seu texto,
Kanner analisa 11 casos de crianças avaliadas por ele desde 1938, que apresentavam em comum
a incapacidade de relacionar-se de formas usuais com as pessoas desde os seus respectivos
nascimentos. Além disso, Kanner também observou que:
Em 1944, um médico, também austríaco, chamado Hans Asperger, escreveu outro artigo
com o título “Psicopatologia Autística da Infância”, relatando casos bastante semelhantes aos
descritos por Kanner, porém, seu texto levou muito tempo para ser amplamente lido por ter sido
escrito originalmente em alemão.
A partir de 1960, a psiquiatra inglesa Lorna Wing começou a publicar textos de grande
importância para o assunto, inclusive, traduzindo para o inglês os trabalhos de Hans Asperger.
Em 1979 a psiquiatra caracterizou o assunto através de uma tríade, que envolvem alterações na
sociabilidade, dificuldade na comunicação relacionando-a com a linguagem e alteração no
padrão de comportamento.
Os estudos sobre o autismo, até a década de 1980, faziam parte de um subgrupo da
psicose infantil (esquizofrenia), e só a partir de então recebeu um reconhecimento especial, o
que propiciou um maior número de pesquisas científicas, recebendo a denominação diagnóstica
completa e com critérios específicos. Dentre os sistemas de diagnósticos mais utilizados, estão
17
apresenta nas falas repetidas de frases em um único tom ou volume, ou sobre temas apenas de
seus interesses, resumindo-se em falas monotônicas e monotemáticas (MELLO, 2005).
De acordo com o DSM-V (2014), os déficits no quesito social englobam, além do
“bloqueio” nos comportamentos comunicativos, complexidade na reciprocidade
socioemocional e para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por
exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais a
dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas.
A fala para as crianças, é determinada por diferentes variáveis, incluindo: ritmo próprio,
genética e estímulos que recebem em casa. Esses estímulos em sua maioria são incentivos dos
pais quando as mesmas começam a fazer os seus primeiros barulhinhos. No caso de crianças
autistas, os pais devem persistir nos estímulos e criar novas alternativas de incentivo a interação
e comunicação.
A objeção de interação social, que é um ponto crucial do autismo, consiste na
complexidade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos,
gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas, o que facilita falsas
interpretações referentes a algumas ações da criança.
Apesar de muitos acharem que as pessoas com TEA não sentem prazer no convívio com
os demais, de acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012), práticas clínicas indicaram que, por
eles terem um grau maior de sensibilidade, o contato com alguém se torna ameaçador, e, por
isso, eles tendem a se isolar em seu “mundo”, não como opção, mas como necessidade.
Embora as crianças autistas evitem contato visual, olhar em seus olhos é o primeiro
passo para mostrar interesse em uma comunicação.
A imaginação se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do
pensamento, linguagem e comportamento da criança. Esta dificuldade pode ser percebida por
uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar de objetos e
brinquedos. Como exemplo, uma criança que tem autismo pode passar muito tempo explorando
a textura de um brinquedo, ou um objeto que de maneira geral não se caracteriza como utensílio
para brincadeira infantil.
O comportamento de uma criança autista pode ser dividido em duas categorias:
comportamentos motores estereotipados e repetitivos, que envolvem ações repetitivas sem
função (pular, balançar a cabeça, bater palmas, torcer os dedos, fazer caretas, entre outros) e
comportamentos disruptivos cognitivos, que são caracterizados por aderência rígida à alguma
regra ou necessidade de ter as coisas apenas por tê-las (compulsões, rituais e rotinas, monotonia
e interesses restritos) (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).
19
O espectro autista pode se manifestar de várias formas, com alguns traços similares e,
possui como categoria principal o autismo clássico, que vem a ser o mais grave. A subdivisão
das categorias se baseia no grau em que a tríade do autismo se apresenta, já que nem sempre
todas as dificuldades da tríade se desenvolvem juntas em um mesmo caso (SILVA, GAIATO
E REVELES, 2012).
Já o DSM-V (2014) especifica o espectro autista com 3 níveis de gravidade (conforme
Tabela 1), que descrevem a sintomatologia atual, reconhecendo que os níveis podem variar de
acordo com o contexto ou oscilar com o tempo, assim como as manifestações, que também
variam dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade
cronológica.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o TEA
engloba transtornos que antes eram chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil,
autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de
Asperger.
20
De acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012) podemos subdividir o autismo em: traços
do autismo com características leves, síndrome de Asperger, autismo em pessoas com alto
funcionamento e o autismo clássico, que é associado ao retardo mental.
O traço leve de autismo é observado em crianças que não possuem todos os
comprometimentos, mas apenas algumas dificuldades por apresentarem certas características
da patologia. É uma categoria mais difícil de diagnosticar, visto que algumas de suas ações
podem ser confundidas com outros diagnósticos ou simplesmente ignoradas.
Já a síndrome de Asperger apresenta a característica de dificuldade na interação social.
Com interesses restritos, tem dificuldade em compartilhar ideias, dificuldade de entender o que
o outro está sentindo ou pensando e tendem a manterem-se solitários em suas atividades. Além
de apresentarem rotinas e rituais, possuem uma forma de conversar diferente, usando palavras
que não são comuns para sua idade e fazendo perguntas que são respondidas em seguida por
eles mesmos. As pessoas com essa síndrome não apresentam atraso no desenvolvimento da
linguagem e nem retardo mental, porém, costumam apresentar dificuldades no aprendizado.
Diferente das categorias apresentadas acima, no autismo em pessoas com alto
funcionamento, o atraso na linguagem é comum, além de apresentarem complicação na
interação social e no comportamento. Essa categoria se assemelha à síndrome de Asperger e
possivelmente poderá ser considerada em edições futuras do DSM como uma mesma classe
(SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).
O autismo clássico possui como perfil o retardo mental e problemas de independência,
além de toda a tríade que vem sendo mencionada no presente trabalho. Deve ser diagnosticado
de forma precoce e tratado por toda a vida.
Do mais leve ao mais grave, todas as classes possuem a necessidade de suporte e
cuidados desde cedo, e essa assistência não significa a cura do transtorno em questão, mas sim
aumentar as chances de reabilitação da criança diagnosticada (SILVA; GAIATO; REVELES,
2012).
2
TEACCH – Tratamento e educação para autistas e crianças com déficits relacionados com a comunicação.
22
3
ABA - Análise aplicada do comportamento.
4
PECS - Sistema de comunicação através da troca de figuras.
5
D.I.R. - Desenvolvimento, diferenças Individuais e Relacionamento.
23
Esse modelo é fundamentado por três elementos chave, como o próprio nome
revela: O “D” vem de desenvolvimento e remete à evolução da criança por
etapas graduais que a ajudam a gerar capacidades para envolver-se e
relacionar-se com os outros; o “I”, que vem de diferenças Individuais, refere-
se às características biológicas, que a criança recebe, regula e responde e que
a fazem compreender sensações como o som e o tato, por exemplo; e o “R”
advém de bases de Relações, que apontam os relacionamentos como fonte de
aprendizado das crianças, afetando diretamente sua capacidade de
desenvolvimento (INTERDISCIPLINARY..., 2010 apud CARDOSO;
RIBEIRO, 2014, p. 401).
Para utilizar esse modelo D.I.R, três abordagens podem ser aplicadas: floortime6, peer-
playn7 e problem-solving interactions8; sendo a primeira considerada a principal estratégia para
estruturar a brincadeira com a criança e proporcionar que a atividade progrida o
desenvolvimento da mesma (CARDOSO; RIBEIRO, 2014).
Há várias técnicas e métodos para intervenção no tratamento do espectro autista,
principalmente na área da psicologia, que engloba tanto estudos para entender como o
transtorno se desenvolve, quanto o que pode ser usado para potencializar o desenvolvimento
das limitações das crianças com autismo, envolvendo meios que possuem intervenções diretas,
por exemplo atividades, e indiretas, como a psicologia ambiental, que através do ambiente pode
trabalhar o desenvolvimento da criança.
1.4 Conjunto de diretrizes de design para ambiente construído voltado para autistas
6
Floortime é uma abordagem do modelo D.I.R. baseada na ideia de que o crescimento do cérebro e a evolução
mental são conseguidos através de brincadeiras/atividades realizadas no chão.
7
Peer-playn é uma abordagem que realiza jogos e brincadeiras em pares com o objetivo de estimular a criança a
interagir e se comunicar.
8
Problem-solving interactions é a abordagem que abrange interações semiestruturadas de solução de problemas
como forma da criança adquirir novos conceitos e habilidades.
24
9
“By understanding the mechanisms of this disorder and consequent needs of the autistic user, this environment
may be designed favorably to alter the sensory input, and perhaps modify the autistic behavior, or at least create
an environment conducive of skill development and learning” (MOSTAFA, 2008, p.191)
25
A segurança é um fator que deve ser analisado em qualquer tipo de projeto, ainda mais
o que irá ter como usuários crianças. Para atender a esse critério, é importante se atentar para
quinas, objetos cortantes, espaços com objetos em elevadas temperaturas, peças pequenas
soltas, entre outros materiais.
De acordo com Mostafa (2008), as diretrizes de configuração dentro das salas de aula
foram criadas não para afastar as crianças do mundo real, mas sim para prepara-las, ajudando-
as a desenvolver habilidades para lidar com a desorganização e imprevisibilidade.
26
2 PSICOLOGIA AMBIENTAL
A clássica frase de Hermann Ebbinghaus “A psicologia tem um longo passado, mas uma
curta história” (VIDAL, 2000, p. 13, apud JAC-VILELA, FERREIRA, PORTUGAL. 2006),
resume uma das hipóteses adotada pelo livro “História da Psicologia – Rumos e Percursos”
(JAC-VILELA; FERREIRA; PORTUGAL, 2006), que aborda o século XVI como sendo o
período em que teriam irrompido diversas experiências que conduziram a uma variedade de
orientações no campo atual da psicologia, que é uma ciência que de maneira geral e resumida,
se propõe ao estudo do comportamento humano e dos processos psíquicos.
Entre as diversas áreas de estudo da psicologia, está a psicologia ambiental, que
inicialmente surgiu com o nome “psicologia da arquitetura”. A aparição desse campo se deu
após a Segunda Guerra Mundial, quando para a reconstrução da cidade, arquitetos, planejadores
urbanos e cientistas do comportamento se conscientizaram da importância do ambiente
construído contemplar as necessidades psicológicas e comportamentais dos futuros ocupantes,
e não apenas os princípios de construção e estética (MELO, 1991).
De acordo com Moser (1998, p. 121): “A psicologia ambiental estuda a pessoa em seu
contexto, tendo como tema central as inter-relações – e não somente as relações - entre a pessoa
e o meio ambiente físico e social”. As pesquisas desse ramo não englobam somente a parte
psíquica, e o que a destaca de outras áreas acadêmicas são a atenção e cautela com que se analisa
o indivíduo e seu ambiente, como exemplifica a citação a seguir:
27
10
A teoria de “Environmental Role” desenvolvida por CANTER (1977) refere-se à padrões de interações
desenvolvidos por um indivíduo em um determinado ambiente, sendo que esses padrões podem variar com o papel
social ou organizacional da pessoa.
28
O espaço pessoal segundo Sommer (1973 apud AQUINO; LETTIERI. 2013), pode ser
definido como uma fronteira invisível que envolve o indivíduo, movendo-se, expandindo-se e
contraindo-se de acordo com a situação. Seria como se as pessoas tivessem em torno de si uma
bolha carregada emocionalmente, cujas funções se resumem em regular o espaçamento entre
elas e delimitar e personalizar os espaços que habitam. O espaço pessoal se faz necessário para
que o indivíduo mantenha sua privacidade emocional e física.
Segundo Gifford (1997 apud BARROS et al., 2005) o espaço pessoal é influenciado por
questões pessoais (incluindo o gênero, a idade, a personalidade), sociais (que envolvem a
atração, o medo/segurança e as relações de poder e status), físicas, religiosas, étnicas e culturais,
sendo esta última a mais facilmente perceptível na conformação do espaço. Sendo assim, é um
espaço instável em dimensões e variável de acordo com as circunstâncias, o que o torna
dinâmico e extremamente pessoal.
Para Bins Ely et al. (2000 apud BARROS et al., 2005) o espaço pessoal está relacionado
a duas questões fundamentais: proteção e comunicação. A função de proteção serve para
controlar a quantidade de estímulos trocados. Quanto à função de comunicação, a distância que
se mantém das outras pessoas indica que canais sensoriais de comunicação (cheiro, toque, visão,
fala) serão mais salientes na relação. Na medida em que as distâncias escolhidas transmitem o
grau de intimidade das ações sensoriais e a preocupação com a própria proteção, elas também
informam sobre a qualidade dos relacionamentos estabelecidos.
29
Já a territorialidade consiste em um aspecto mais físico, ainda que de acordo com a ideia
que o homem precisa ter o seu espaço e requer o controle do mesmo. Pode-se exemplificar a
questão com os muros de uma residência, que delimitam um espaço privado e impedem o acesso
de não autorizados. Um simples vaso de plantas pode fazer o papel dessa comunicação não-
verbal que demarca a territorialidade de cada um.
citação acima, é importante analisar o papel do recinto sob o indivíduo, para então estudar como
a superfície em questão deve ser planejada.
Nessa linha, as pesquisas voltam-se para as políticas urbanas e regionais, que são
diversas. Melo (1991), portanto, limitou-se em descrever os aspectos psicológicos dos
transportes, políticas públicas de grandes obras e de educação ambiental, que possuem vários
autores com diferentes teorias.
Em relação ao aspecto psicológico dos transportes, estudos como os de O’Cathain (1976
apud MELO, 1991) e Griffiths et al. (1980 apud MELO, 1991) levantam a questão da poluição
sonora e como isso afeta o comportamento humano, normalmente com efeito no sono e no
aborrecimento. Além disso, os estudos levaram a explicações da forma e intensidade em que
essa poluição sonora incomoda o indivíduo, visto a peculiaridade da intenção de cada um, das
atividades que estão desenvolvendo e do nível de importância dessas atividades.
Já as teorias para políticas públicas de grandes obras buscam estudar o impacto que essas
grandes construções terão sobre os moradores locais e como isso pode mudar/afetar o
comportamento do mesmo. Estudos como os de Lawson e Walters (1974 apud MELO, 1991)
e Lee e Tagg (1976 apud MELO, 1991) relatam que a maioria dessas obras atingem
comunidades de baixa renda com a explicação de que essa população tenha menor capacidade
de mobilização, além das terras geralmente serem mais baratas e seus habitantes mais fáceis de
serem removidos.
Quanto à educação ambiental, uma técnica utilizada por Lynch (ROVINIE E
WEISMAN, 1989 apud MELO, 1991) de propor as pessoas que desenhassem mapas mentais,
demonstra que as mesmas tendem a preservar os fatores simbólicos e estéticos de uma cidade.
Isso porque, em geral, o resultado dos desenhos inclui as paisagens naturais, normalmente
ligadas a experiências passadas, o que ajuda inclusive na criação de novas políticas públicas no
sentido de melhorar a qualidade dos ambientes naturais que não aparecem na maioria dos
esboços.
Os três níveis arquitetônicos devem ser trabalhados juntos para alcançar um projeto
eficaz para os habitantes do recinto, visto que de maneira relacionada, tanto o nível pessoal, que
trata mais da privacidade do indivíduo, quanto os níveis arquitetônicos e urbanos-regionais,
referentes ao conforto ambiental, interferem na ação e reação do homem, ou seja, na inter-
31
relação do local e sujeito, que como dito anteriormente, é o que a psicologia ambiental aborda
em seus estudos.
2.2.1 Amplidão
Figura 1 - Amplidão
2.2.2 Nichos
Figura 2 - Nichos
As barreiras para o espaço pessoal possuem como função a proteção do indivíduo, visto
que, onde quer ele esteja, necessita da sensação de segurança.
Para obter a barreira visual e/ou acústica, pode-se utilizar diversas formas: mobiliários
com dimensões variadas, vegetações, estruturas diferenciadas etc.
Há diferentes aplicações da barreira, conforme Barros et al. (2005). Em ambientes
públicos por exemplo, quanto maior visibilidade, maior a sensação de segurança; já em um
ambiente interno, a sensação de segurança e privacidade pode ser feita através do isolamento
seja com mobiliário ou com outro tipo de composição (Figura 4).
2.2.6 Iluminação
efeito de sentimento dentro de uma sala como o sol que brilha nela”.11 (ALEXANDER,
ISHIKAWA, 1977, p. 615, tradução do autor)
Quando natural, como mostra Figura 6, o projeto do ambiente tende a se encaixar tanto
nos materiais usados, quanto na disposição dos mobiliários. Já a iluminação artificial, além de
ser usada para iluminação geral dos cômodos, tende a ser projetada também para destacar
pontos específicos.
Figura 6 - Iluminação
Os desníveis nas relações interpessoais, em sua maioria, são utilizados para diferenciar
ambientes, seja usado em relação ao piso ou em relação ao teto (Figura 7). Segundo Hall (1981
apud BARROS et al., 2005), esses desníveis podem enfatizar, assim como as distâncias e as
barreiras, o status da pessoa em um ambiente comercial. De forma proporcional à relevância do
cargo, o nível mais alto pode significar o maior status.
11
“The fact is that very few things have so much effect on the feeling inside a room as the sun shining into it”
(ALEXANDER, ISHIKAWA, 1977, p. 615).
36
3 DESIGN DE INTERIORES
A função simbólica é uma das mais complexas. Por um lado, porque se liga
com a espiritualidade do Homem quando este se excita com a percepção de
um objeto estabelecendo relações com componentes de experiências e
sensações anteriores. Por outro lado, a função simbólica tem relação e também
é determinada por todos os aspectos espirituais e psíquicos de uso do objeto.
Envolve fatores sociais, culturais, políticos e econômicos, e, também, associa-
se a valores pessoais, sentimentais e emotivos (LOBACH, 1981 apud GOMES
FILHO, 2006, p. 44).
37
De maneira geral, o design de interiores propõe soluções criativas e técnicas que tem
como objetivo melhorar a qualidade de vida dos usuários, visto que os projetos são elaborados
de acordo com o estudo do espaço físico, a área que o entorna e o contexto social (GUBERT,
2011).
Porém, um projeto de design de interiores não se faz apenas seguindo técnicas e regras.
“Considero como primeiro passo para um bom design nossa capacidade de alterar paradigmas,
conceitos e preconceitos, mantendo a mente aberta a soluções desconhecidas e inovadoras”
(GURGEL, 2013, p. 25). Além da arquiteta e designer Miriam Gurgel, outros profissionais
também consideram que, para um bom projeto, deve-se saber quando não seguir a regra em sua
totalidade, como por exemplo a designer Candice Olson12, apresentadora do programa “Ao
estilo de Candice13”, que diz na abertura de seus episódios que o segredo para projetar um
cômodo bonito é inspiração inesperada, junto com princípios clássicos de decoração. É
compreender as regras, mas também saber quando quebrá-las.
De acordo com Gurgel (2013), o design de interiores possui sete princípios: equilíbrio;
harmonia; unidade e variedade; ritmo; escala e proporção; contraste e ênfase e centros de
interesse. Em um projeto, esses princípios se interligam com o propósito de apresentar a melhor
proposta, que será sempre pessoal e de acordo com o perfil e necessidades do cliente.
3.1.1 Equlíbrio
12
Candice Olson é designer de interiores formada pela Ryerson University, de Toronto (EUA)
(DICOVERYMULHER, [200-?]).
13
“Ao estilo de Candice” é um programa de TV americano sobre transformações de cômodos na área do designer
de interiores (DICOVERYMULHER, [200-?]).
38
organização mais informal e dinâmica, atraindo a percepção visual para o todo e não para um
ponto específico, sendo considerada por Ching e Binggeli (2013, p. 135) como “[...] falta de
correspondência em tamanho, formato, cor ou posição relativa entre os elementos de uma
composição”. Já a radial, Figura 10, remete à uma composição feminina, baseando-se na forma
curva (GURGEL, 2013). Esse último modelo pode locar os elementos em torno de um ponto
central, que podem estar voltados de forma frontal, posterior ou apenas distribuídos em torno
do eixo (CHING e BINGGELI, 2013).
3.121 Harmonia
Figura 11 - Harmonia
3.1.4 Ritmo
O ritmo em um projeto pode ter o papel de servir como “pano de fundo” para uma
composição, ou ainda, criar dinamismo para a mesma.
41
O ritmo na disposição dos mobiliários, objetos ou até mesmo no design destes, possui
consequências para o campo visual dos usuários do cômodo. Em geral, esse ritmo (Figura 13)
apresenta-se por linhas e contornos presentes no ambiente (GURGEL, 2013).
Para Ching e Binggeli (2013), o ritmo se baseia na repetição de elementos tanto no
espaço como no tempo, gerando unidade visual e sensação de continuidade em um determinado
percurso; sendo o espaçamento de componentes, com características em comum, de forma
linear, a forma mais simples de repetição para caracterizar o ritmo.
Figura 13 - Ritmo
Em relação à escala visual, o Ching e Binggeli (2013, p.128) mencionam que ”[...] a
escala de um objeto é com frequência um julgamento que fazemos a partir dos tamanhos
relativos ou conhecidos de outros elementos próximos ou do entorno”. Já a escala humana, de
acordo com Ching e Binggeli (2013), pode tornar um espaço imponente ou modesto,
dependendo do objetivo do projeto.
A proporção, por sua vez, é considerada por Gurgel (2013) como sendo sempre relativa,
pois depende à que está sendo comparado. Para Gibbs (2010), o sistema de proporção clássica
possibilita estabelecer equilíbrio e harmonia na percepção visual, e para Ching e Binggeli
(2013), a relação entre as proporções é o que se deve ponderar para um bom projeto.
Considerando um sistema de proporção oriental, por exemplo, além da harmonia, possui
também a simetria, com linhas simples e com a intenção de projetar espaços íntimos e pessoais.
(GIBBS, 2010)
3.1.6 Contraste
Figura 15 - Contraste
Todos os cômodos devem ter algum tipo de foco ou ênfase, como mostra a Figura 16,
pois de forma inconsciente, as pessoas se sentem atraídas visualmente em um centro de
interesse ao permanecer em um espaço (GIBBS, 2010).
De acordo com Gurgel (2013), um bom projeto de interiores possui diferentes pontos de
interesse em quantidade suficiente para tornar a composição atrativa e dinâmica. Entretanto,
muitos pontos sendo enfatizados podem criar um ambiente estressante já que o usuário acabará
olhando para tudo ao mesmo tempo, gerando desconforto visual.
44
Segundo Ching e Binggeli (2013), a ênfase visual pode aparecer em algum objeto com
tamanho significativo, com alguma textura diferente, com formato peculiar, através da cor ou
de alguma característica contrastante.
14
“[…] may be designed favorably to alter the sensory input, and perhaps modify the autistic behavior, or at
least create an environment conducive of skill development and learning” (MOSTAFA, 2008, p 189).
15
Inspirados pelo autismo é uma instituição fundada em 2008 com a intenção de disponibilizar serviços para as
famílias e profissionais ligados à autistas e, promover a expansão e divulgação de conhecimentos relativos ao
transtorno (INSTITUTO INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2016).
45
positivas e negativas, será relacionada a seguir, a melhor forma de implantar esses elementos
na composição, de modo que possa trazer reações positivas às crianças complementando os
métodos de tratamento realizados dentro de salas para progressão do desenvolvimento.
3.2.1 Espaço
Figura 17 - Espaço
16
Antropometria é o estudo das medidas e movimentos do corpo humano real em relação ao espaço (GIBBS,
2010).
46
Figura 19 - Forma
3.2.3 Linhas
Figura 20 - Linhas
Para Gurgel (2013), a linha reta possui característica mais masculina, e quando na
horizontal, pode transmitir a sensação de relaxamento e tranquilidade. Já a linha reta na vertical
gera sensação de alongamento e sofisticação para o ambiente.
No entanto, Ching e Binggeli (2013) consideram que a linha reta na horizontal pode
representar estabilidade ou o plano onde o indivíduo tenderá a permanecer em pé ou em
movimento. A linha reta na vertical é julgada pelo mesmo autor como tendo a característica de
expressar estado de equilíbrio com a força da gravidade. Além dessas duas direções, há ainda
uma terceira direção, as linhas em diagonais, que indicam movimento e dinamismo,
identificadas por Gurgel (2013) como linhas quebradas.
A linha curva, segundo Gurgel (2013), proporciona suavidade e feminilidade. Além
dessas características, ainda pode expressar, dependendo da orientação, jovialidade, energia ou
padrões de crescimento biológico (CHING e BINGGELI, 2013).
Como cada criança que possui autismo se comporta de um jeito diferente, as atividades
propostas para cada atendimento também são variadas. Algumas crianças precisam de estímulos
para se acalmarem, outras precisam de mais dinamismo na atividade, portanto, os objetos e
mobiliários do projeto que possuem suas linhas como ênfase, devem ser adaptáveis ou móveis,
para atender a necessidade de cada criança.
49
3.2.4 Texturas
Figura 21 - Texturas
Para Ching e Binggeli (2013), a textura é a característica de uma superfície e pode ser
tátil e visual. A tátil normalmente só é percebida pelo tato quando em contato com a superfície;
a visual é percebida pelos olhos, porém pode ser real ou ilusória.
As texturas geram influência no ambiente. Segundo Gurgel (2013), quando lisas ou
brilhantes, refletirão mais o som e calor e fará com que as cores dos materiais pareçam mais
intensas, dando a impressão de que o objeto ou a superfície esteja mais próximo do observador.
Texturas com padrão têxtil reduzido, mesmo ásperas, dão sensação de suavidade. Já as texturas
rústicas, ásperas ou opacas passarão a impressão do objeto mais distante.
Algumas crianças autistas são hipersensíveis ao toque. Para essas, é interessante que
tenha no espaço texturas que elas já estejam habituadas pelo convívio diário. Outras crianças
podem apresentar desconforto com texturas mais ásperas, e isso pode gerar estresse e
irritabilidade da criança. Portanto, para um espaço que comporte crianças com TEA, o
armazenamento de materiais com texturas varáveis ajudará a identificar com quais texturas a
criança se sente mais confortável e quais deverão ser trabalhadas aos poucos para a aceitação
da criança.
50
3.2.5 Luz
Segundo Gurgel (2013), a iluminação em um projeto deve ser pensada para que
proporcione flexibilidade aos espaços, sendo funcional, prática e criativa. Além disso, deve-se
considerar que a luz terá percepção tanto no período diurno, quanto no noturno (GURGEL,
2013); logo, deverá atender as necessidades dos ocupantes para suas atividades em qualquer
momento do dia.
Como a incidência da luz modifica tonalidades (GURGEL, 2013), deve-se pensar tanto
na luz natural quando na artificial, conforme Figura 22. A luz natural apresenta a particularidade
de durante a manhã possuir um tom mais amarelado e ao entardecer mais alaranjado, portanto,
os materiais presentes dos ambientes que recebem luz natural direta, devem ter superfícies mais
opacas e de preferência em tons mais claros para não aquecerem tanto e refletirem de forma
negativa no ambiente (GURGEL, 2013). A luz artificial se apresenta através das lâmpadas, que
atualmente, contam com inúmeras opções no mercado, cada vez mais eficientes no quesito
sustentabilidade. Segundo Gurgel (2013), iluminação envolve: tipo de luz, objetivo da
iluminação, tipo de lâmpada, tipo de facho luminoso e modelos de luminárias ou fontes
luminosas.
Figura 22 - Iluminação
Como algumas crianças com TEA são hipersensíveis, lâmpadas fluorescentes não são
indicadas, visto que as mesmas emitem um ruído e vibrações que são perceptíveis para os
51
autistas. A melhor escolha é aproveitar a luz natural para as crianças que não se incomodam
com estas, ou utilizar lâmpadas que não piscam ou emitam ruídos, como alguma de Light
Emititng Diode (LED17), fluorescente ou de fibra óptica.
3.2.6 Cor
17
LED - Diodo emissor de luz. É uma tecnologia de condução de luz a partir de energia elétrica (UNICAMP,
[20--?]).
52
Como cada criança com TEA precisa de um estímulo diferente, pode-se usar da
psicologia das cores para o projeto do ambiente. Caso o ambiente seja usado por apenas uma
criança, como um quarto ou uma sala de estímulo específica, a cor utilizada pode ser escolhida
de acordo com as suas necessidades, porém, sem exagero. Se for uma instituição ou clínica que
atende várias crianças com autismo, o ambiente deve ser mais neutro para não interferir no
processo de tratamento.
Qualquer ambiente físico para pessoas com autismo deve ser estudado cautelosamente,
usufruindo-se dos elementos da arquitetura e do design de interiores como aliados aos
tratamentos realizados.
54
4 REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS
Todo o espaço interno do projeto foi pensado de acordo com as funções do seu ambiente,
como por exemplo a piscina do Centro, em que até o teto foi pensado no sentido de imitar ondas,
conforme Figuras 25 e 26, de forma a fazer com que as crianças e adolescentes do centro
interagissem ainda mais com o ambiente.
Figura 28 - Circulação I
Figura 29 - Circulação II
Suas inúmeras salas são devidamente equipadas, como mostram as Figuras 30 e 31. A
forma de despertar o interesse das crianças e a importância que foi dada a cada ambiente em
particular são diferencias deste projeto, que além de bonito, explora a funcionalidade de cada
lugar e a relação que o espaço terá com seus ocupantes.
Figura 30 - Brinquedoteca
O partido adotado para a proposta de intervenção no APAPE tem como referência direta
os métodos de design de interiores do CRIT Quintana Roo, onde cada ambiente possui sua
identidade própria e conta com cores apropriadas e relacionadas ao espaço. Foi dada atenção
tanto para o piso, como para a parede, seja com detalhe que dê a impressão de movimento, ou
com um objeto ressaltado na parede ou teto que desperta interesse na criança e a faz interagir
positivamente com o ambiente.
Como referencial funcional foi escolhida a escola para autismo Pathlight School,
localizada em Singapura, que atende crianças e adolescentes com autismo e distúrbios
relacionados, com idades entre 7 e 18 anos.
A escola foi criada pelo Centro de Recursos do Autismo de Singapura a convite do
Ministério de Educação e começou a funcionar e janeiro de 2004. Possui, como visão, ser uma
voz e um modelo para uma comunidade inclusiva, vibrante e de aprendizagem onde as vidas
são transformadas; e como missão, fornecer uma jornada de aprendizado transformacional e
maximizar o potencial de cada aluno em suas formações acadêmicas e habilidades para a vida.
A escola sentiu a necessidade de se expandir para acolher mais alunos; portanto, em
janeiro de 2012, inaugurou o segundo campus da instituição.
59
criança, já que a mesma definirá com o seu toque quais formas e cores serão projetadas no
tecido, conforme Figura 35.
O referencial tipológico para este trabalho será uma sala do CRIT Baja California Sur,
que faz parte do programa Teletón do México. Dispõe de equipamentos e materiais para auxiliar
o tratamento de fisioterapia; porém, os elementos são posicionados para cada um possuir um
espaço necessário para a atividade proposta, além de possuírem cores mais neutras, já que a cor
nessa sala fica presente na parte superior do espaço. É uma sala interativa sem muita informação
visual, conforme mostra Figura 36.
63
A ideia para a proposta na APAPE será dar importância ao teto assim como, em geral,
se dá para o piso. Não apenas trabalhar com diferenças de tonalidades, mas também dar
movimento para que não seja apenas um espaço onde se coloca objetos de iluminação, e dessa
forma trabalhar a percepção de vários ângulos, e, de certa forma, incentivar o desenvolvimento
e a imaginação da criança.
Os ambientes serão projetados para interagir com os ocupantes, não de forma padrão.
Para isso, em cada sala será pensada a relevância de brincar com as formas e cores nas paredes,
no piso ou no teto, para que não haja excesso de informação que desconcentre, ao invés de
incentivar o desenvolvimento da criança.
64
5 CONDICIONANTES PROJETUAIS
5.1 A APAPE
De acordo com Ramos (2000), o clima da cidade é tropical, com módulo superior à 22ºC
em toda a Região, tendo dezembro a março como a época mais quente do ano e, os meses de
junho e julho, como os mais frios.
Em relação à área do terreno escolhido, sua fachada posterior é a que recebe os raios
ultravioletas do período mais quente do dia (Figura 39); porém, a localização da residência do
terreno e a posição dos cômodos estão projetados de forma a minimizar o calor nos ambientes.
5.4 Legislação
O terreno está localizado na Zona de Comércio Principal (ZCP), conforme Figura 41,
que de acordo com a lei número 7.974/2008 de Uso e Ocupação do Solo (p. 31), “compreende
a área de concentração de comércio e serviços, de verticalização baixa e média, compatível com
a diversidade comercial e a presença de bens de interesse cultural”(CAMPOS DOS
GOYTACAZES, 2008).
68
Fonte: Adaptada pelo autor (baseada no mapa de uso e ocupação de Campos dos Goytacazes/RJ)
As atividades e os usos que poderão ser praticados dentro do município de Campos dos
Goytacazes estão classificados conforme o grau de impacto urbanístico e ambiental e, foram
enquadrados de acordo com o seu Grau de Impacto que varia de 1 a 4. Conforme o Quadro nº1
do Anexo da Lei 7.974/2008 de Uso e Ocupação do Solo, a APAPE enquadra-se do Grau de
Impacto 1.
Em relação à taxa de ocupação permitida, conforme Quadro nº 6 do Anexo II da Lei
7.974/2008, que mostra os índices e parâmetros de intensidade e ocupação de acordo com as
zonas da cidade, no caso do terreno que está sendo analisado, por estar na ZCP, é permitido
uma taxa de ocupação de 80%, com coeficiente de aproveitamento do terreno de 5,0 e taxa de
permeabilidade mínima de 10%.
69
6 O PROJETO
Visando potencializar o tratamento para crianças com TEA, a proposta deste trabalho
consiste em um projeto de intervenções arquitetônicas, de interiores e paisagísticas, incluindo
reformas para melhorar conforto e qualidade dos espaços, voltadas para as necessidades
requeridas pelos autistas em ambientes da APAPE.
Serão trabalhadas 10 áreas, conforme Figura 42, sendo essas: as salas de atendimento,
os jardins e a área de recepção. Os demais ambientes não possuem especificidades e relevância
para o tema proposto, porém, em caso de reforma completa na instituição, são ambientes
qualificados para receberem uma requalificação, tornando o espaço melhor para uso.
Para as salas de atendimento, considerou-se o espaço e a funcionalidade do ambiente;
portanto, o centro de referência de autismo e o centro de reabilitação, além de mudanças de
design de interiores, também contaram com reformas para ampliação do espaço, sendo o
primeiro para receber um anexo como uma área secundária para estímulo e o segundo, para
conforto e otimização dos espaços.
As demais salas para atendimento englobam a sala de artes, pedagogia, psicologia,
fonoaudiologia e musicoterapia, que receberam propostas para estimulação adequada a cada
atividade de acordo com a psicologia ambiental e de design de interiores.
Os jardins da associação foram trabalhados para servirem como opção de tratamento
terapêutico. O projeto conta com dois jardins sensoriais, sendo um para atender, pela
proximidade e dimensão, o centro de autismo e, o outro jardim, por possuir maior área, poderá
oferecer diferentes possibilidades de atividades onde mais crianças possam usufruir ao mesmo
tempo. Há ainda um jardim de inverno na sala de pedagogia, que foi trabalhado para servir
como um espaço para estimular a interação social e o contato com diferentes materiais, além de
contar com um painel sensorial.
Como uma das reformas interfere na área da recepção, o projeto também receberá um
estudo e reorganização do espaço para espera, considerando questões climáticas e fluxo dos
funcionários e familiares dos usuários.
A fachada principal, em decorrência da restruturação, sofreu alterações que
possibilitaram que houvesse um projeto pensado em interagir de forma artística,
principalmente, com as crianças que frequentam o espaço, tornando a área de acesso mais
atrativa.
71
Figura 43 - Setorização
Cada solução arquitetônica nesse projeto de interiores foi tomada de acordo com as
necessidades e particularidades dos autistas, com base nas referências bibliográficas
consultadas e nos métodos adotados para a avaliação pós-ocupação do espaço onde foi proposta
a intervenção.
Optou-se por manter alguns mobiliários existentes na sala para que o projeto, caso seja
de interesse, seja possível se implantado com o melhor custo possível. Os materiais que não
atenderam ao conceito do projeto, ou que poderiam ser mais econômicos, por exemplo o ar
condicionado, foram substituídos por versões vistas como melhores para os usuários e
instituição.
Para esse espaço, a ideia foi não alterar muito a disposição e cores, visto que as crianças
que frequentam esse ambiente possuem TEA e, portanto, não são muito adeptas às mudanças
de rotina, que costumam perturbar bastante algumas delas (MELLO, 2005).
Como há diferentes demandas em relação aos estímulos sensoriais, a ideia foi criar dois
espaços dentro de um mesmo cômodo, onde houvesse o mínimo de mobiliário possível para
atender o aspecto amplidão que enfatiza as relações interpessoais respeitando o espaço pessoal
de cada criança, e ainda, onde um estimule mais para acalma-las e outro para agita-las (Figura
44).
77
cômodo e no lugar instalar prateleiras em Medium Density Fiberboard (MDF18) com 0,60m
(sessenta centímetros) de profundidade já que alguns objetos usados no espaço possuem
medidas maiores. Para os materiais não ficarem diretamente expostos e interferir na atenção
das crianças, o fechamento se dará a partir de um painel sanfonado, que foi visto como melhor
opção para não limitar o acesso às prateleiras e nem ocupar espaço além da área que aconteceria
caso fosse uma abertura pivotante.
Atualmente há bastante espaço do piso coberto por diferentes materiais para estimular
as crianças; porém, não é todo o espaço, e conforme as mesmas se movimentam, alguns saem
do lugar deixando o espaço vazio e permitindo contato direto com o piso. Para solucionar essa
questão, foi proposto preencher todo o piso, de forma coerente com as atividades propostas e
encaixados para que não haja espaços vazios e, com isso, a criança possa andar por todo espaço
sem ter contato direto com o chão. Para forração do piso, foram utilizados os seguintes
materiais: piso vinílico, tatame emborrachado em Etil Vinil Acetato (E.V.A.), tapete de sisal,
tapete de feltro, tapete de capacho e tapete pedagógico estimulador sensorial. Além da textura
ser uma forma de estímulo sensorial, também é um elemento do design de interiores que
possibilita estabelecer nichos sem precisar utilizar um mobiliário fixo, delimitando diferentes
espaços para a realização das atividades propostas.
O piso vinílico foi escolhido para o projeto por ser antialérgico, durável, fácil de limpar
e ainda contribuir com o conforto térmico, possibilitando que as crianças realizem as atividades
com contato direto ao piso. Os outros materiais foram selecionados devido às suas texturas, que
contribuem para as técnicas de tratamento utilizadas pela instituição. Com exceção do tapete de
sisal e do pedagógico, todos os outros materiais serão com tonalidades em azul claro para menor
poluição visual.
Para atender a diretriz de sequenciamento espacial, o projeto de piso foi desenhado para
que o mesmo direcionasse os usuários, através de cores e linhas às zonas sensoriais, ou seja,
aos diferentes espaços que foram criados através dos mobiliários.
A iluminação em um cômodo é considerada na psicologia ambiental, como dito
anteriormente, como um elemento que enfatiza as relações interpessoais, porém, no centro de
referência de autismo, não há claridade suficiente, pois, alguns pontos de luz não estão
funcionando. Então foi proposto substituir as lâmpadas existentes por lâmpada de LED tubular,
que são mais econômicas e em pouca quantidade iluminam o espaço de forma satisfatória, além
de alguns focos de luzes que pudessem dar ênfase e gerar centros de interesses conforme
18
MDF – Placa de fibra de média densidade. É um material oriundo da madeira, fabricado com resinas sintéticas
(7GRAUS, [entre 2011 e 2017]).
79
princípio do design de interiores, instalados na direção do espaço de escape que possui assento
confortável e um quadro ímã com círculos coloridos (vermelho, amarelo, verde e branco) para
que a criança personalize conforme necessidade para fornecer a entrada sensorial adequada.
Algumas crianças com TEA possuem hipersensibilidade a luz, portanto, a ideia é
substituir a cortina existente por um jogo contendo um blackout em Policloreto de polivinila
(PVC19) e uma cortina em tecido voil, pois desta forma, pode de forma rápida e prática, utilizar
o tecido que melhor conforte quem está no espaço além de garantir uma barreira visual e
acústica necessária no aspecto da psicologia ambiental.
Aplicando o método de análise walkthrough, viu-se a necessidade de, além das malhas
e assentos suspensos, utilizar também balanços lúdicos, portanto, foi proposto mais dois pontos
de suspensão que serão destinados ao balanço lúdico, que irão compor a unidade e variedade
dos demais objetos suspensos, trazendo harmonia para o espaço. A proposta é que as malhas e
balanços sejam suspensos conforme necessidade da atividade, para atender ao aspecto amplidão
e não tirar a atenção dos usuários.
Ainda através da análise de pós-ocupação, observou-se a necessidade de uma mesa para
a realização de possíveis atividades artísticas que requerem um espaço apropriado. Para essa
questão, sugeriu-se a opção de uma mesa dobrável de parede, que fosse flexível quanto ao ajuste
de altura, já que além das crianças, também há atendimentos individuais com pessoas adultas.
A opção de ser dobrável é para ocupar menos espaço quando não estiver sendo utilizada, e com
isso aumentar o espaço livre paras as atividades com as crianças. Junto com a mesa, cadeiras
giratórias foram propostas (uma em tamanho infantil e duas com dimensões para adultos); pois
além de auxiliar na atividade diante a mesa, podem também ser utilizadas para atividades de
estímulos sensoriais.
O espaço anexo sugerido para estimular de forma mais agitada a criança, foi pensado
para duas opções: onde ficará o parquinho sensorial mencionado no referencial tecnológico
deste trabalho e retirando o parquinho (possível devido a sua estrutura), fica uma sala onde
podem ser realizadas atividades com crianças que precisem desse tipo de estímulo, que se dará
através da psicologia das cores nas paredes, cuja será pintada meio a meio, sendo a partir de
1,20m (um metro e vinte centímetros) do piso pintado em tinta na cor azul céu, a partir de 1m
(um metro) do piso pintado uma faixa branca de 0,10m (dez centímetros) e na parte inferior,
faixas horizontais intercaladas em vermelho, amarelo e branco, que além de seguir um esquema
19
PVC – Policloreto de polivinila, que é um material plástico amplamente utilizado no setor da construção civil.
80
triádico de cor (azul, vermelho e amarelo), utiliza de forma um pouco mais intensa, por estar
na faixa de visão das crianças, as cores vermelho e amarelo, que são cores estimulantes.
Por ser uma sala maior, e com mudanças de pisos e mobiliários, o orçamento20 do centro
de autismo foi um pouco mais elevado (Tabela 3), porém, o projeto possibilita a implantação
por setores, contribuindo para bom custo benefício, visto que sai aplicação pode auxiliar de
maneira positiva para o tratamento do TEA.
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Cadeira Guratória Evidence Branca Pç. 3 R$ 199,99 R$ 599,97
Brinquedo cavalinho pula pula Pç. 2 R$ 79,74 R$ 159,48
Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90
Adesivo Porta de correr de vidro
1
(0,90x2,10m) Pç. R$ 69,90 R$ 69,90
Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 2 R$ 132,95 R$ 265,90
Mesa dobrável de parede - ajustável Pç. 1 R$ 250,57 R$ 250,57
Almofadas Proprioceptivas Pç. 2 R$ 55,71 R$ 111,42
Almofadas Proprioceptivas II Pç. 2 R$ 121,90 R$ 243,80
Nicho em MDP Pç. 2 R$ 138,95 R$ 277,90
Porta sanfonda em PVC
Pç. 1
personalizada R$ 138,90 R$ 138,90
Parquinho sensorial Pç. 1 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00
Armário baixo Pç. 1 R$ 174,92 R$ 174,92
Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) -
Galão 1
Centro geleira R$ 119,90 R$ 119,90
de Sapateiro reciclado Pç. 1 R$ 72,75 R$ 72,75
Autismo Adesivo Porta de correr de vidro
2
(0,90x2,10m) Pç. R$ 69,90 R$ 139,80
Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99
Suporte para bola - 43cm Pç. 2 R$ 37,05 R$ 74,10
Suporte para bola -35cm Pç. 2 R$ 18,22 R$ 36,44
Puff em tricot Pç. 1 R$ 296,99 R$ 296,99
Puff em tecido pelúcia Pç. 1 R$ 224,99 R$ 224,99
Painel acústico Pç. 6 R$ 122,00 R$ 732,00
Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93
Espaço de escape Pç. 1 R$ 149,92 R$ 149,92
Painel metálico para ímã Pç. 1 R$ 230,00 R$ 230,00
Tinta Acrílica Suvinil - (3,6L) -
Galão 2
Geleira R$ 119,90 R$ 239,80
Barra de Apoio Pç. 1 R$ 1.003,10 R$ 1.003,10
Piso Vinílico - 3242871 - Rolo 2
(2,00x10m) R$ 173,90 R$ 347,80
20
Todas as tabelas foram elaboradas apenas com os valores dos itens, não incluindo mão de obra.
81
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Piso Vinílico - 3242857 -
Rolo 1
(2,00x10m) R$ 173,90 R$ 173,90
Tatame EVA azul claro -
Pç. 37
(50x50cm) R$ 8,28 R$ 306,36
Tapete Capacho azul (1,00x1,20m) Rolo 7 R$ 125,00 R$ 875,00
Tapete de feltro azul claro
Rolo 4
(1,40x10m) R$ 10,55 R$ 42,20
Centro
de Tapete de sisal - (0,60x2,30m) Rolo 3 R$ 188,00 R$ 564,00
Autismo Ar condicionado Pç. 3 R$ 1.322,00 R$ 3.966,00
Spot dicróica Pç. 3 R$ 13,90 R$ 41,70
Luminária de embutir Pç. 9 R$ 169,90 R$ 1.529,10
Gancho para teto Pç. 8 R$ 198,46 R$ 1.587,68
Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00
Rebaixo em forro modular
Caixa 6
(1,20X0,60m) R$ 374,08 R$ 2.244,48
Valor Total: R$ 21.788,59
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
O orçamento do jardim sensorial I foi feito junto com o orçamento da recepção e fachada
(Tabela 4) pois são área muito próximas e podem ser realizadas em um mesmo momento, para
que não cause muito tempo de transtorno aos usuários devido às obras, que resultam em
obstáculos no espaço, poeira e poluição visual.
Valor
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Total
Unitário
Valor
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Total
Unitário
Argila expandida (Saco de 5kg) Saco 5 R$ 20,90 R$ 104,50
Bola de gude (1200 bolas) Saco 1 R$ 49,00 R$ 49,00
Tijolo maciço (und) Pç. 70 R$ 0,99 R$ 69,30
Casca de pinus (Saco 1kg) Saco 35 R$ 8,30 R$ 290,50
Pedra dolomita (Saco com 2,5kg) Saco 16 R$ 20,90 R$ 334,40
Piso intertravado Pç. 9 R$ 5,90 R$ 53,10
Recepção + Mosaico de pedra Pç. 9 R$ 54,90 R$ 494,10
Jardim
Sensorial I + Areia Média (Saco de 20kg) Saco 2 R$ 2,79 R$ 5,58
Fachada Caco de Pedra São Tomé Pç. 6 R$ 8,90 R$ 53,40
Luminária de sobrepor Pç. 2 R$ 143,90 R$ 287,80
Perfil quadrado metálico pintado Pç. 19 R$ 192,37 R$ 3.655,03
Placa de policabornato compacta M² 18 R$ 195,79 R$ 3.524,22
Platibanda M² 21,4 R$ 53,36 R$ 1.142,97
Logo 3D Pç. 1 R$ 335,50 R$ 335,50
Laje para platibanda M² 8,4 R$ 53,36 R$ 448,22
Valor R$
Total: 23.949,00
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
O jardim sensorial da APAPE funcionava até precisar ser desativado para uma obra e,
desde então, ainda não foi refeito. A proposta então é reativar o jardim sensorial no espaço que
já era destinado para essa atividade seguindo alguns princípios e elementos de composição
como equilíbrio, ritmo, forma e contorno para a disposição e escolha dos materiais. Para isso,
na área destinada a plantação, foi proposto uma subdivisão do canteiro em cinco partes,
seguindo a seguinte sequência de espécies (Figura 46): olfato (orégano, jasmin, lavanda e
manjericão), visão (Cravina, gerânio, calêndula e camélia), tato (rosa de pedra, veludo roxo,
boldo e violeta), paladar (tomate cereja, morango, salsinha e hortelã) e por último a audição
(fonte de pedra sabão). Cada uma das etapas possui uma simbologia em sua direção fixada na
alvenaria do canteiro.
84
Além das plantações, o jardim sensorial também contará com oito setores no piso:
tronquinhos de madeira cortados ao meio, concreto pintado, argila expandida, areia fina, deck
de madeira, tijolo maciço, grama esmeralda e finalizando com concreto pintado (Figura 47).
Para auxiliar essa área, foi proposto uma barra de apoio fixa na parede para que o jardim possa
atender, também, crianças com limitações motoras.
85
Para que o jardim seja utilizado o mais breve possível caso seja implantado o projeto,
optou-se por utilizar mudas ao invés de sementes. Além disso, para que o custo não fosse alto,
como pode ser analisado na Tabela 5, algumas alterações quanto espécies e matérias de
revestimentos foram adotadas para seguir o conceito adotado do projeto.
A sala de artes é um espaço onde várias atividades podem ser desenvolvidas, podendo
citar a dança, atividades de pinturas, apresentações de vídeos, dentre outras. Portanto, é um
ambiente que precisa ter um espaço livre em determinados momentos e a presença de mesas e
cadeiras em outras circunstâncias.
Para este ambiente, foi proposto uso de materiais para conforto acústico, solução para
criar espaço livre, opções de materiais e disposições alternativas para realização de diferentes
atividades.
Conforme analisado na avaliação de pós ocupação e aplicação do questionário, a sala
não possui conforto acústico e, portanto, os sons externos acabam distraindo as crianças em
determinados momentos. Levando em consideração que a barreira acústica é um item em
destaque na psicologia ambiental, foram utilizados diferentes materiais que podem promover
87
melhor desempenho para diminuir a influência dos sons oriundos da área externa, sendo esses:
piso vinílico, fita de borracha antirruído de feltro sintético para vedar a janela, painel acústico
e o painel removível que oculta o espelho feito de feltro 25mm.
A proposta para criar um espaço livre, garantindo amplidão e espaço, e ainda ter a opção
de utilizar mesa e cadeiras, foi utilizar um conjunto de mesa com dois bancos dobráveis com
treze lugares para assento, fixos na parede, que além de ser prático para armar e desarmar, ocupa
pouco espaço quando fechado. Para segurança das crianças, as quinas da estrutura terão
protetores de silicone e sua parte inferior terá espuma branca para quando a mesa estiver
fechada, não haja riscos para os usuários do ambiente.
Como opções alternativas de materiais que possibilitem diferentes atividades, foi
proposto forrar uma parede, em toda sua extensão, com lousa magnética branca, de forma a
disponibilizar uma grande área que dê para todo o grupo em atendimento realizar a atividade
no mesmo momento; fixar um espelho em uma parede para realização de atividades lúdicas e
estimulantes (que além de ser didático também servirá para atender o quesito amplidão
necessário no espaço), que quando não estiver sendo utilizado poderá ser oculto atrás de um
painel de feltro que terá fitas de fechos de contato no limite de suas extensões; posicionar um
projetor fora do alcance das crianças que dê para realizar atividades , por exemplo, de flahs de
cores, enfatizando um centro de interesse conforme princípios do design de interiores; e ainda,
reposicionar a televisão a uma altura e direção que toda criança do grupo possa ter acesso visual.
A presença de cor se apresentará na parede onde será instalada a televisão, que terá como
tom o violeta claro por estimular o lado artístico (Figura 48) além de um nicho em amarelo para
estímulos energizantes; para harmonizar o restante da sala e não haver poluição visual, optou-
se por manter tons claros, utilizando principalmente a cor branco neve.
88
A sala de artes é um ambiente que dispõe de diferentes materiais para que seja possível realizar
diversas atividades lúdicas para os tratamentos das patologias atendidas pela APAPE. Apesar de possuir
uma pequena área, a flexibilidade do projeto permitiu equipamentos variados e de bom custo benefício
como pode ser observado na Tabela 6.
89
Valor
Área Descrição - Lay Out Und.. Qntd. Valor Total
Unitário
Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) - Branco Galão 1 R$ 119,90 R$ 119,90
Mesa dobrável 13 lugares Pç. 1 R$ 1.563,91 R$ 1.563,91
Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93
Revestimento Cerâmico (Und) Pç. 30 R$ 3,90 R$ 117,00
Pia de apoio dupla Pç. 1 R$ 582,70 R$ 582,70
Nicho em MDF amarelo Pç. 1 R$ 187,00 R$ 187,00
Painel acústico Pç. 1 R$ 122,00 R$ 122,00
Tinta Lavável na cor Dália Rosa (3,6L) Galão 1 R$ 121,30 R$ 121,30
Armário suspenso fechado Pç. 1 R$ 126,90 R$ 126,90
Espelho fixado na parede (2,3x1,50m) Pç. 1 R$ 154,90 R$ 154,90
Sala de
Artes Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20
TV de LED 40'' Pç. 1 R$ 1.679,99 R$ 1.679,99
Porta de correr de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00
Lousa magnética m² 1 R$ 614,25 R$ 614,25
Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 1 R$ 132,95 R$ 132,95
Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Rebaixo em forro modular
Caixa 2
(1,25x0,62m) R$ 374,08 R$ 748,16
Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80
Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00
Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00
Valor
Total: R$ 10.169,79
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
Assim como na sala de artes, optou-se por utilizar fita de borracha antirruído na vedação
da janela e porta, utilizar piso vinílico em toda extensão do ambiente e fixar painéis acústicos
para melhorar o conforto ambiental da sala e com isso diminuir a distração das crianças durante
a permanência das mesmas no local.
Como a sala possui aproximadamente 13m² (treze metros quadrados), o uso do espelho
é uma aplicação da psicologia ambiental que se enquadra no quesito amplidão como forma de
enfatizar as relações interpessoais e torna o espaço mais extenso. Assim como na sala de artes,
a sala de estímulos multissensoriais contará com uma opção de ocultar o espelho quando este
não for adequado para a atividade proposta. Para este ambiente também foi utilizado nas
paredes o tom azul pastel, que possui a característica de acalmar e aumentar visualmente o
espaço.
Por ser uma sala de bastante atividades realizadas no chão e normalmente com um grupo
de 7 (sete) crianças, foi proposto inserir poucos mobiliários, contando apenas com as prateleiras
para armazenamento, um nicho para exposição de livros, recurso de atividade lúdica através de
almofadas cilíndricas giratórias e apenas pufes como opção para assento.
Para o ambiente não se tornar monótono pela cor usada no nas paredes e no piso, optou-
se por utilizar os nichos no tom laranja, como pode ser visto na Figura 49, por estar associada
à ação e aconchego.
Área Descrição - Lay Out Unid. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Porta de vidro pivotante adesivada Pç. 1 R$ 250,00 R$ 250,00
Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 10 R$ 64,99 R$ 649,90
Tinta Acrílica Suvinil - (3,6L) -
Galão 2
Geleira R$ 119,90 R$ 239,80
Puff em couro sintético Pç. 3 R$ 152,99 R$ 458,97
Nicho em MDF branco com fundo
laranja Pç. 2 R$ 187,00 R$ 374,00
Painel acústico Pç. 3 R$ 122,00 R$ 366,00
Cortina com ilhóis com varão
Pç. 1
duplo R$ 132,95 R$ 132,95
Sala de Espelho fixado na parede (m) Pç. 3 R$ 154,90 R$ 464,70
Estimulação Parafuso francês + Protetor
Pç. 4
Multissensorial silicone R$ 4,80 R$ 19,20
Almofadas cilíndricas em estrutura Pç. 1 R$ 442,90 R$ 442,90
Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Piso Vinílico - 3242857 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Rebaixo em forro modular
Caixa 2
(1,25x0,62m) R$ 374,08 R$ 748,16
Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92
Projetor Pç. 1 R$ 1.199,00 R$ 1.199,00
Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80
Globo giratório colorido Pç. 1 R$ 79,90 R$ 79,90
Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00
Valor Total: R$ 7.832,00
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
A sala de pedagogia possui além do espaço fechado, um jardim de inverno que foi
tratado com atenção no projeto para que pudesse servir como uma área em anexo para realização
de diferentes atividades.
Para o jardim de inverno, foi proposto um espaço onde as relações entre as crianças
fossem acentuadas, contato com a natureza, uso de diferentes texturas como elemento do design
de interiores e cores adequadas para as atividades sugeridas.
92
Como segunda opção de espaço para permanência, um deck de madeira modular com
almofadas para assento foi projetado abaixo de um pergolado com jardim para oferecer sombra
e conforto.
Nessa área as crianças terão a opção tanto de permanecerem sentadas como em
movimento, já que além do deck, o jardim conta com uma área com grama e ainda com bolachas
de madeira como pisante para tornar o caminho mais interessante. O uso das cascas de árvore,
seixos, arbustos e pedras na parede, conectam as crianças com a natureza mesmo a instituição
estando em uma área urbana, além de oferecer diferentes texturas para estimulação sensorial.
Como opção de atividade, foi proposto um painel sensorial na parede que fosse
confeccionado pelos próprios usuários, sendo uma forma diferente de interação entre criança e
atividade, despertando maior interesse em aprender brincando.
A paleta de cores utilizada nesse ambiente, estão voltadas para as cores pêssego, que
estimula a comunicação, e laranja, que além de estimulante e aconchegante, pode estimular o
raciocínio (Figura 50).
Já para a área interna, notou-se através das análises de pós ocupação, a necessidade de
reforçar o conforto acústico, disponibilizar mais espaço livre e aumentar a área para
armazenamento.
Nas paredes optou-se por utilizar um pêssego claro, apenas para dar um toque suave de
cor e não poluir visualmente o ambiente para as crianças, possibilitando a neutralidade do
ambiente.
Para o piso, optou-se por utilizar o piso vinílico por suas vantagens e, com o mesmo
criou-se um desenho de forma a direcionar, desde a entrada da sala, os usuários para cada zona
de atividade. Além do piso vinílico, uma das zonas de atividades recebeu tatame emborrachado
em Etil Vinil Acetato (E.V.A.) para acomodar de forma mais confortável.
Como a média de crianças que utilizam a sala são de 7 (sete) por atendimento, e nem
todas as atividades são realizadas na mesa, optou-se por utilizar uma mesa dobrável de parede
de 9 (nove) lugares, que pode permanecer fechada para atividades de dança por exemplo, além
de ampliar o espaço diminuindo as barreiras visuais e físicas. Todos as quinas da estrutura
94
possuem proteção de silicone, e assim como na sala de artes, a parte inferior possui espuma
branca para aumentar a segurança.
Para aumentar o espaço de armazenamento dos materiais utilizados em sala, foi proposto
criar um vão além dos limites da sala, que contará com prateleiras (com porta sanfonada como
fechamento) com profundidade de 50cm (cinquenta centímetros), locadas do piso ao teto. Além
de 2 (dois) nichos distribuídos para armazenar objetos a uma altura que as crianças tenham
acesso visual, porém, caso queiram utilizar, precisem solicitar ao profissional presente no
momento.
Assim como nas demais salas citadas, foi proposto um espelho fixo na parede que tem
a opção de permanecer visível ou ser ocultado através de um painel de feltro com velcro nas
laterais, sendo uma forma flexível e prática de utilizar o objeto conforme necessidade.
Outra proposta versátil para atividades, foi um quadro de velcro onde, de acordo com o
dia e a criança, possa colocar no espaço as imagens pertinentes ao assunto que será trabalhado,
como uma forma de estimulação visual.
Na sala de pedagogia, as maiores alterações foram realizadas no jardim de inverno,
tornando-o em uma área de complemento para as atividades propostas. Apesar das propostas
projetuais de modificação para o ambiente, o orçamento da sala se equipara as outras propostas
de intervenção, sendo portanto, possível de ser remodelada com um bom custo benefício
(Tabela 8).
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Almofada impermeável Pç. 4 R$ 42,90 R$ 171,60
Pergolado de madeira Pç. 1 R$ 850,00 R$ 850,00
Painel sensorial Pç. 1 R$ 259,90 R$ 259,90
Bolachas de madeira Pç. 7 R$ 23,95 R$ 167,65
Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99
Nicho em MDF amarelo Pç. 2 R$ 101,42 R$ 202,84
Sala de Espelho fixado na parede (2,5x1,50m) Pç. 1 R$ 387,25 R$ 387,25
Pedagogia Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20
TV de LED 40'' Pç. 1 R$ 1.679,99 R$ 1.679,99
Prateleiras em MDP 0,56x1,20m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93
Mesa dobrável 9 lugares Pç. 1 R$ 1.672,77 R$ 1.672,77
Tinta Lavável - Espuma pêssego
Galão 3
(3,6L) R$ 121,30 R$ 363,90
Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00
Painel de velcro Pç. 1 R$ 150,00 R$ 150,00
95
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90
Adesivo para porta de correr Pç. 2 R$ 60,00 R$ 120,00
Arbusto Musgo Cuchion Pç. 3 R$ 6,99 R$ 20,97
Separador de grama Metro 12,58 R$ 3,90 R$ 49,06
Piso Vinílico - 3242871 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Piso Vinílico - 3242850 - (2x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Tatame EVA Amarelo 50x50cm Pç. 15 R$ 8,28 R$ 124,20
Sala de Deck Modular de madeira 50x50cm Pç. 9 R$ 69,00 R$ 621,00
Pedagogia Grama esmeralda M² 4 R$ 1,50 R$ 6,00
Pedra dolomita (Saco com 2,5kg) Saco 14 R$ 20,90 R$ 292,60
Casca de pinus (Saco com 1kg) Saco 30 R$ 8,30 R$ 249,00
Rebaixo em forro modular
Caixa 2
(1,25x0,62m) R$ 374,08 R$ 748,16
Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00
Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92
Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80
Valor Total: R$ 11.751,43
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
estímulo para incentivar a criança a interagir com os instrumentos musicais, foi proposto pufes
coloridos, que podem ser utilizados conforme necessidade, como pode ser visto na Figura 52.
Foi proposto também, alterar a disposição e forma das janelas que costumam, em sua
posição atual, desconcentrar as crianças pelo movimento externo de fluxo de pessoas. Para isso,
além da fita de borracha antirruído, optou-se por utilizar basculante maiores, para maior
iluminação natural na sala, a altura de 2,40m (dois metros e quarenta centímetros).
97
Pela sala também ser usada para atividades de fonoaudiologia, foi proposto uma mesa
flexível de parede de 5 (cinco) lugares, com proteção de silicone nas quinas, para atendimento
tanto das crianças quanto de seus familiares quando preciso. Ainda para atender os exercícios
propostos pelos profissionais, um quadro de velcro foi posicionado para que as crianças
pudessem colocar os trabalhos desenvolvidos e, o profissional pudesse de acordo com atividade,
colocar figuras para ensinar de forma lúdica o assunto do dia.
Em relação ao orçamento da sala, os maiores valores foram da mesa dobrável de parede
e do ar condicionado, portanto, caso o projeto seja feito, será uma sala rápida e barata de ser
alterada (Tabela 9).
Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Espuma acústica Pç. 37 R$ 14,00 R$ 518,00
Espelho fixado na parede (2,50x1,50m) Pç. 1 R$ 154,90 R$ 154,90
Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20
Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00
Janela tipo basculante Pç. 2 R$ 95,92 R$ 191,84
Mesa dobrável 5 lugares Pç. 1 R$ 1.184,71 R$ 1.184,71
Tinta Lavável - Geleira (3,6L) Galão 2 R$ 121,30 R$ 242,60
Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90
Painel de velcro Pç. 1 R$ 150,00 R$ 150,00
Sala de Puff quadrado colorido Pç. 4 R$ 34,90 R$ 139,60
Musicoterapia Prateleiras em MDP 0,56x2,26m Pç. 7 R$ 64,99 R$ 454,93
Puff em couro sintético Pç. 1 R$ 152,99 R$ 152,99
Brinquedo cavalinho pula pula Pç. 2 R$ 79,74 R$ 159,48
Prateleiras em MDP 0,56x1,50m Pç. 2 R$ 64,99 R$ 129,98
Piso Vinílico - 3242871 - cinza claro Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Piso Vinílico - 3242857 - azul claro Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00
Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80
Gancho para teto Pç. 2 R$ 198,46 R$ 396,92
Rebaixo em forro modular Caixa 2 R$ 374,08 R$ 748,16
Valor Total: R$ 7.023,71
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
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Área Descrição - Lay Out Und. Qntd. Valor Unitário Valor Total
Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) - geleira Galão 2 R$ 119,90 R$ 239,80
Porta pivotante de vidro fosco Pç. 1 R$ 390,00 R$ 390,00
Prateleiras em MDP 0,56x2,26m Pç. 7 R$ 74,99 R$ 524,93
Papel de parede (0,53x10m) Rolo 1 R$ 59,90 R$ 59,90
Nicho branco MDF Pç. 2 R$ 70,00 R$ 140,00
Esteira ergométrica Pç. 1 R$ 1.699,00 R$ 1.699,00
Almofada Cilíndrica Pç. 3 R$ 49,90 R$ 149,70
Suporte para bola - 43cm Pç. 2 R$ 37,05 R$ 74,10
Suporte para bola -35cm Pç. 2 R$ 18,22 R$ 36,44
Espelho fixado na parede (2,00x1,50m) Pç. 1 R$ 124,90 R$ 124,90
Espelho fixado na parede (2,40x1,50m) Pç. 2 R$ 154,90 R$ 309,80
Parafuso francês + Protetor silicone Pç. 4 R$ 4,80 R$ 19,20
Cadeira Evidence Branca giratória Pç. 3 R$ 199,90 R$ 599,70
Centro de
Pç. 1
Reabilitação Mesa dobrável de parede - ajustável R$ 250,57 R$ 250,57
Lixeira MIX Pç. 1 R$ 190,90 R$ 190,90
Cortina com ilhóis com varão duplo Pç. 1 R$ 132,95 R$ 132,95
Tinta Acrílica Suvinil (3,6L) -Oceano P. Galão 1 R$ 119,90 R$ 119,90
Divã Tablado Pç. 2 R$ 884,31 R$ 1.768,62
Piso Vinílico - 3242871 - (2,00x10m) Rolo 2 R$ 173,90 R$ 347,80
Piso Vinílico - 3242857 - (2,00x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Piso Vinílico - 3242850- (2,00x10m) Rolo 1 R$ 173,90 R$ 173,90
Rebaixo em forro modular Caixa 2 R$ 374,08 R$ 748,16
Luminária de embutir Pç. 2 R$ 169,90 R$ 339,80
Placas de Gesso Acartonado Pç. 6 R$ 27,97 R$ 167,82
Peixes em MDF Pç. 17 R$ 8,90 R$ 151,30
Plafon sobrebor Pç. 2 R$ 189,90 R$ 379,80
Ar condicionado Pç. 1 R$ 1.322,00 R$ 1.322,00
Valor Total: R$ 10.634,89
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
6.3.9 Recepção
Como a área que era destinada à recepção sofreu alterações de dimensionamento, foi
proposto realocar a área destinada à espera para o patamar inferior ao da porta de entrada. Para
isso, foi proposto um fechamento na parte superior com placa policabornato compacta fixa em
tubos metálicos que possuem as cores que a instituição escolheu para classificar as patologias
que são atendidas pela APAPE, portanto, azul, vermelho, verde, amarelo e laranja e branco.
101
Para atender aos diferentes climas da cidade, optou-se por locar brises verticais
interativos, também em policabornato, para que em dias frios ou de chuvas, os painéis possam
ver rotacionados para fechamento sem tornar o ambiente escuro (Figura 54).
Figura 54 - Recepção
6.3.10 Fachada
Para tornar a fachada mais interativa visualmente para os usuários, foi proposto na área
da recepção, criar uma área de convívio com jardim vertical; e criar uma platibanda para ocultar
o telhado aparente da residência onde está instalada a instituição.
Para a platibanda, optou-se por aplicar as cores utilizada pela APAPE para identificar
os diferentes grupos que possuem seus respectivos graus de comprometimento, porém, como
já foi proposto um painel com brises coloridos na área de recepção, a ideia foi não utilizar
muitos elementos para que não haja desconforto para as crianças em relação à poluição visual,
como pode ser visto na Figura 53.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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GOMES FILHO, João. Apresentação. In: GOMES FILHO, João. Design do objeto: Bases
conceituais. São Paulo: Escrituras. 2006. p. 13-39. Disponível em:
<http://docslide.com.br/documents/design-do-objeto-joao-gomes-filho-
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114
KLIN, Amil. Autismo e síndrome de asperger: Uma visão geral. Revista Brasileira de
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LETTIERI, Ana Paula Pereira Campos. Projeto “criança, eu preciso de você”: Proposta de
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Monografia (Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Instituto Federal
Fluminense. Campus Campos Centro. Campos dos Goytacazes (RJ), 2013.
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<https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/encantar/indicacao/parquinho-sensorial-crianca-
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2002.
RHEINGANTZ, Paulo A.; AZEVEDO, Giselle A.; BRASILEIRO, Alice; et al. Observando
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Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pós-
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SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu.
Mundo Singular: Entenda o Autismo. [S.I.]. Fontanar Ed. 2012.
APÊNDICES
118
Nome: ________________________________________________________________
Profissão: ______________________________________________________________
1. Quais espaços da APAPE você utiliza para realizar atividades com as crianças que
possuem o transtorno do espectro autista?
3. Em geral, quais atividades são propostas para o tratamento e qual o objetivo delas?
4. O que seria ideal no espaço utilizado para a realização de cada atividade (mobiliários,
equipamentos, privacidade, outras características do espaço etc.)?
"Centro de referência do autismo, jardim sensorial, área externa para atividades com água e
Fonoaudióloga
sensoriais, sala de estimulação multissensorial (luzes)".
Psicóloga "Depende da criança. Algumas apresentam estereotipias, algumas aceitam o contato visual e
físico, algumas não verbalizam, outras não gostam de barulho.
Sim, o ambiente influencia. O ideal seria um ambiente tranquilo, refrigerado e acolhedor".
Prfº de Educação "Algumas não falam, as vezes não aceitam o contato físico, não realizam as atividades
Física propostas. O ambiente com muita informação pode agitar mais as crianças".
3) Em geral, quais atividades são propostas para o tratamento e qual o objetivo delas?
"Pintura à mão, atividades para trabalhar: movimento de pinça, coordenação motora, uso
Profª de Arte Visual bilateral do visiomotor, formas geométricas, pareamentos, garrafas sensoriais, vídeos para
sons de onomatopeias, recortes com figuras e papel e etc".
"O nosso trabalho visa fazer com que a crianças venha a se engajar na atividade. Isso vai
Psicóloga depender do que ela nos traz. Trabalhamos com sabão, trigo, texturas diferenciadas, a música,
coreografias, legos, lanternas, bolas de tamanhos diferentes e etc".
Prfº de Educação "Em geral, trabalho a parte sensorial, desporto com intuito de conseguir que a criança se
Física concentre".
4) O que seria ideal no espaço utilizado para a realização de cada atividade (mobiliários, equipamentos,
privacidade, outras características do espaço etc.)?
"Equipamentos de integração sensorial, espaço com tatames de fora a fora para manutenção
Fonoaudióloga da segurança por serem realizadas atividades motoras e que envolvem movimento, puffs
pequenos para cada usuário e almofadas proprioceptivas para acomodação sensorial".
"Sala ampla com uma acústica preparada para o tratamento, iluminação direta e indireta, ar
Musicoterapeuta condicionado, armários suspensos, malhas, diferentes instrumentos musicais, chão revestido
com EVA (ou material similar) e mesa com cadeiras para atendimento às famílias".
"Eu preferiria um espaço mais neutro, com os objetos guardados para poder usar de acordo
Psicóloga
com a necessidade de cada criança".
Prfº de Educação
"Jogos de encaixe, espuma, laicra, bolas, tapete sensorial, balanço e etc".
Física
5) Na sua área de atuação, o que acha que influencia no tratamento e no desenvolvimento da criança com
autismo em relação à arquitetura (iluminação, cor, textura, mobiliário/objetos, etc.)?
Profª de Arte Visual "Itens que envolvam controlo motor, sensibilidade ao toque etc".
"Certos estímulos visuais podem distraí-los, mas isso depende de cada caso, pois cada autista
Fonoaudióloga
é único e dotado de sua individualidade e perfil especifico".
"Penso que com um espaço arejado, com tratamento de luz e som, adaptado de acordo com as
Musicoterapeuta necessidades dos usuários e com o mobiliário ideal, o tratamento fluirá melhor, já que o
ambiente faz toda a diferença neste momento".
"Todos esses itens são responsáveis para ajudar ou não, vai depender da criança, de como ela
Psicóloga
vai estar no momento da terapia".
Prfº de Educação "Na atividade física conseguimos incluir a criança de forma satisfatória evoluindo a cada dia,
Física contribuindo com a sociabilização da mesma".
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