Você está na página 1de 4

AS PRIORIDADES DA GESTÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA, DE MODO A

QUE SEJA ASSEGURADO A TODOS OS ALUNOS SEU VERDADEIRO ESPAÇO


PARA APRENDER

Por Andreza Silva e Myrtha Albuquerque

Antes de falar sobre as prioridades de uma gestão escolar inclusiva, com a


finalidade de assegurar a todos os estudantes um espaço verdadeiramente
inclusivo, onde é possível favorecer a aprendizagem a todos os personagens da
comunidade escolar, é importante relembrarmos a finalidade da educação. E, para
isso, precisamos rever o conceito de educação.

De acordo com Carlos Rodrigues Brandão (2007), em seu livro clássico, O


que é educação?, este traz a educação como,

[...] uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam,
entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de
educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos
os que ensinam e aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os
códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da
religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para
reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos,
através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que
existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde
onde ajuda a explicar — às vezes a ocultar, às vezes a inculcar — de geração
em geração, a necessidade da existência de sua ordem. (Brandão, pág. 04,
2007)

Neste trecho do livro, percebemos a educação como parte da vida dos


indivíduos, como uma educação onde se cria e se recria constantemente, onde em
sociedade moldamos a educação conforme as trocas que existem neste mundo
social.

É a partir dessas mudanças que atualmente podemos ver todos que fazem a
educação voltados para a inclusão de todos os estudantes sejam estes com
deficiência (atípicos) ou sem deficiência (típicos). Com isso, é preciso identificar a
responsabilidade e importância de cada integrante do corpo docente, desde o
professor ao gestor da escola em participarem de estudos e mudanças em suas
práticas profissionais e pessoais para que possamos ter um espaço
verdadeiramente inclusivo.
Em especial, o gestor da escola, como figura de liderança do espaço
educacional precisa ter em sua prática cotidiana, atitudes que promovam a prática
inclusiva de todos na escola.

Mas, não podemos falar do gestor escolar, sem entendermos o que é a


gestão escolar. Segundo Heloísa Lück (1981),

A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação, o que


objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as
condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos
processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados
para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los
capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e
da economia centrada no conhecimento.(Luck, pág. 07, 1981)

Se o desafio dos educadores, que atuam em sala de aula, para se ter uma
prática educativa inclusiva é desafiadora, podemos dizer que os desafios do gestor
escolar é bem mais complexa, pois este precisa visualizar esta inclusão não apenas
na didática em sala de aula, mas em todos os ambientes escolares, seja no aspecto
relacional/humano, seja no aspecto físico/ material.

Conforme Lück (2008, pág.97), nos diz, [...] a gestão escolar pressupõe o
trabalho com outras dimensões, como por exemplo a gestão administrativa, gestão
do currículo, gestão dos resultados, etc. (embora todas dependentes do trabalho das
pessoas) [...], trabalho do gestor escolar engloba diversas dimensões (pedagógica,
administrativa, financeira, de recursos humanos/de pessoas, da comunicação, do
cotidiano escolar/de tempo e eficiência e da tecnologia educacional) que devem ser
bem gerenciadas para se ter uma educação de qualidade.

Como falamos anteriormente, o gestor tem uma responsabilidade mais


complexa, no que diz respeito a inclusão escolar, pois este é responsável por
difundir as mudanças necessárias para que exista o processo de inclusão em todo o
espaço escolar, além de um ambiente inclusivo este ator do ambiente educacional
deve manter uma gestão democrática, participativa, fazendo com que professores,
funcionários, estudantes e pais sintam-se partes importantes de todo o processo de
ensino-aprendizagem.

Desde 1989, com a Lei 7.853 que inicia-se o debate sobre a inserção das
pessoas, como diz a lei da época, portadoras de deficiência a terem um apoio, com
a evolução dos debates percebemos que a percepção sobrea inserção das pessoas
com deficiência na sociedade vem se intensificando até chegarmos ao momento
atual, onde dispomos da Lei 13.146/2015 Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que vem garantir através da lei
não só igualdade de direitos, como também o direito a equidade.

E, o gestor, líder dentro das unidades de ensino tem o dever de propiciar a


equidade de oportunidade aos estudantes tenham ele deficiências aparentes ou não.
Pois, se observamos criteriosamente a inclusão deveria fazer parte da vida de todas
as pessoas desde sempre, sem que fosse preciso criar-se uma lei e/ou um estatuto
para que este direito seja garantido.

Pois, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de


dezembro de 1948, em seu artigo II diz que,

1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades


estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de
raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. (DUDH,
pág. 05, 1948)

Observando a DUDH, todos tem direitos e liberdades sem distinção,


entretanto, vivemos numa sociedade que só funciona se tiver algum regulamento,
uma lei que garanta o direito de diversos grupos mais fragilizados ou menos
valorizado. E, o gestor tem o papel de a partir da revisão do conceito educacional de
sua escola, do Projeto Político e Pedagógico de unidade, fazer valer o direito de
todos os estudantes a educação em sua totalidade.

Diante disso, o gestor precisa ter os objetivos e valores da unidade


compartilhados e vivenciados por todos que fazem parte da escola, por isso precisa
ser um líder que sabe o momento exato de delegar funções, mantendo uma
liderança compartilhada trabalhando junto em prol de uma educação inclusiva desde
quem trabalha na portaria aquele que trabalha na direção da escola.

De acordo com COLARES, PACÍFICO e ESTRELA (2009),

Estimular a escola na construção coletiva de um projeto educacional de


inclusão social na perspectiva da diversidade cultural é uma forma de
dinamizar a proposta pedagógica para que a tarefa de ensinar possa se
atrelar à complexidade da realidade em que os educandos estão inseridos.
(COLARES, PACÍFICO e ESTRELA, pág.127, 2009)
Desafios e obstáculos sempre existirão no dia a dia de um gestor escolar, mas se
este souber estimular sua equipe, os estudantes, as famílias e a comunidade no
entorno da escola, todos sentir-se-ão responsáveis pelo projeto educacional
inclusivo construído coletivamente.

BIBLIOGRAFIA

BRANDÃO, Carlos R., O que é educação? São Paulo; Brasiliense, coleção primeiros
passos, 2007.

COLARES, Mª Lilia Imbiriba S., PACÍFICO, Juracy Machado, ESTRELA, George


Queiroga. org. GESTÃO ESCOLAR: Enfrentando desafios cotidianos em escolas
públicas. Curitiba, Editora CRV, 2009.

Declaração Nacional dos Direitos Humanos, disponível em:


https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf, acesso em: 26 de
agosto de 2020.

LÜCK, Heloisa org., Em Aberto / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais. v. 1, n. 1, (nov. 1981- ). Brasília: O Instituto, 1981.

______________, Liderança em gestão escolar. (Série cadernos de Gestão),


Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

Você também pode gostar