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MARCONDES
HÉLIO KURAMOTO
Formado em Engenharia Elétrica pela
UnB em 1988. Diplomado em Estudos
Aprofundados (DEA) em Ciências da
Informação e da Comunicação pela
ENSSIB (França), em 1995. Doutor
em Ciências da Informação e da
Comunicação pela Université Lumière
(Lyon, França), 1999.
Trabalha no Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT) desde fevereiro de 1983,
inicialmente como analista de sistemas
e, em seguida, ocupou diversos cargos
de confiança. Desde outubro de 2002,
atua como Coordenador Geral de
Projetos Especiais e Diretor substituto
do IBICT.
Editora da UFBA Instituto Brasileiro de Informação em
Rua Barão de Geremoabo, Ciência e Tecnologia - IBICT
s/n - Campus de Ondina SAS Quadra 05 Lote 06 Bloco H
CEP 4 0 170-290 - Salvador - BA 70070-914 - Brasília, DF
Tel: +55 7 1 3263-6164 Tel: +55 6 1 2 17-6360 / 6350
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Saberes e Práticas
Carlos H. Marcondes
Hélio Kuramoto
Lídia Brandão Toutain
Luís Sayão [orgs.j
Salvador/Brasília
UFBA/IBICT
2005
© 2005 by Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFBA
e IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
Direitos para esta edição cedidos à Editora da Universidade Federal
da Bahia. Feito o depósito legal.
Capa
Joe Lopes
Parcerias:
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia,
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFBA e a
Editora da Universidade Federal da Bahia - EDUFBA
CDU 027-021.131
Prefácio...... 7
1 . D im e n s ã o C o n t e x t u a i
2 . D im e n s ã o T e c n o l ó g i c a
4 . G e s t ã o erm B i b l i o t e c a s D i g i t a i s
5 . E x p e r iê n c ia s B r a s ile ir a s e in te r n a c io n a is
8
outra realidade, onde estão indo seus clientes, e aprender a conviver com
o novo e o inusitado, numa constante renovação da novidade.
O presente livro trata de todos estes aspectos, no seu tema de bibliote
cas digitais, desde a história destas bibliotecas, seus conceitos e definições,
a articulação tecnológica, a gestão, o uso e as experiências brasileiras.
Certamente, um livro que preenche uma lacuna na área. A parte sobre
DIMENSÃO CONTEXTUAI analisa o significado econômico, social e cul
tural da Web semântica e a recuperação de informações: ontologias, agen
tes, metadados e publicações digitais: os principais padrões de bibliote
cas digitais. A DIMENSÃO TECNOLÓGICA verifica o que é necessário
para montar o “site” de uma Biblioteca Virtual: os componentes da “URL”
de uma biblioteca digital: rede, servidor, roteador, endereço IP, servidores
de bancos de dados, motores de busca, a interface com o usuário. DI
MENSÕES DO USO indica o novo papel das bibliotecas digitais na co
municação científica, suas finalidades, mecanismos, canais, filtros: o pa
pel dos serviços de informação e das publicações eletrônicas: a auto
publicação, o auto-arquivamento e informação livre; movimento “Open
Access” , “Open Archives” . GESTÃO EM BIBLIOTECAS DIGITAIS explora
os fluxos de trabalho no contexto de uma Biblioteca Digital: seleção, aqui
sição e inclusão de material digital; relações com os usuários; habilida
des do profissional de informação no planejamento e operação de biblio
tecas digitais. EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS e internacionais informa sobre
as experiências de sucesso no Brasil e no exterior.
A n a ló g ic o
Sistem a de representação de fenôm enos por m eio de analogias ou
sem elhanças.
B ib lio te c a d ig it a l
Biblioteca que tem com o base informacional conteúdos em texto completo
em formatos digitais - livros, periódicos, teses, imagens, vídeos e outros
que estão armazenados e disponíveis para acesso, segundo processos padro
nizados, em servidores próprios ou distribuídos e acessados via rede de com
putadores em outras bibliotecas ou redes de bibliotecas da mesma natureza.
C e r tific a d o d ig it a l
D o cu m e n to e m itid o e assin a d o d ig ita lm en te por um a autorid ad e
certificadora que con tém dados que identificam seu titular.
C r ip t o g r a fia
C odificação de dados segundo um código secreto, ch am ad o chave,
de form a que som ente os usuários autorizad o s podem restabelecer sua
form a original para consultá-lo.
C o o k ie
A rq u iv o que o navegador pode ler e registrar no co m p u tad o r do u s u
ário um website. A ssim , o usuário pode ser identificado, na segunda v is i
ta, no website. C orresponde a um arquivo de texto pequeno, que o s e rv i
dor cria no disco rígido do usuário, sem sua perm issão ou co n h ecim e n to ,
o que é freq üentem en te ch am ad o de “ p erson alização” .
D ig ita l
Forma de codificação de o b jeto s do m un d o real por m eios de dígitos
binários - seqüência de 0 ' s e l ' s .
D ig ita liz a ç ã o
Processo de co n versão de um d o cu m en to analógico para um form ato
digital, convertendo-o em sinais binários, por m eio de d isp o sitivo ap ro
priado, com o um scanner ou câm era fotográfica d igital.
D o c u m e n to d ig it a l
D O I - D ig i t a l O b j e c t I d e n t i f i e r
D u b lin c o r e
F o r m a to d e a r q u iv o
Fra m e s/q u a d ro s
G e s tã o d e c o n te ú d o s
H ip e r f ic ç ã o / h y p e r f ic t io n
U tiliz a çã o literária do hipertexto. Em vez de m arcação linear, que per
m ite ao a u to r um a planificação rigorosa do cu rso de recepção, são ofere
cidas ao leitor alternativas de ligação que exigem a renúncia m o m e n tâ
n e a , as o fe r t a s e s p e c íf ic a s , e a c e n t u a m o p r o c e s s o de le itu r a ,
respectivam ente, a situ ação, interação x im ersão. O e n co n tro com o tex
to é assim objetivo não só a respeito da geração do sentido, m as tam b ém
em relação à com po sição do texto.
H ip e r lin k / h y p e r lin k
U m a palavra, frase ou im agem que recebe um a m arcação especial
para fun cion ar com o um elo com o u tro d o cu m en to que pode estar no
m esm o co m p u tad o r ou em ou tro servidor da Internet. O hiperlink é a cio
nado por um clique do mouse.
H ip e r m íd ia / h y p e r m e d ia
A m p lia çã o do co n ce ito de hipertexto. Forma de e stru tu ração de d o
c u m en to s segundo o qual vários m eios de arm azen am en to e tran sm issão
de inform ação são integrados através de hiperlinks, perm itind o a u tiliz a
ção sim ultânea de texto, sons, im agens e vídeo.
H ip e r t e x to / h y p e r te x t
Forma de e stru tu ração da inform ação que perm ite a leitura não linear
de um texto, por m eio de acio n a m en to de hiperlinks que viabilizam a
conexão direta com o u tras partes do d o cu m en to ou com ou tro s d o c u
m entos disp on íveis na W e b .
H T M L / H y p e rte x t M a rk u p Language
É a língua franca para p ublicação de d o cu m en to s na W e b . E um for
m ato não-proprietário baseado no padrão S G M L e pode ser criado e p ro
cessado por um a grande variedade de ferram entas. O H T M L utiliza tags,
com o < h I > e </h I > , para e stru tu rar o texto em cabeçalhos, parágra
fos, listas, links de hipertextos etc.
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Ic o n e / í c o n
Pictogram a que, na tela, sim boliza um objeto específico, program a ou
funções, as quais são ativad as por clique, co m o , por exemplo, o sím bolo
da lixeira para a função rejeitar.
IC P - In f r a - e s t r u tu r a d e C h a v e s P ú b lic a s
E um co n ju n to de técn icas, práticas e procedim entos, que estab ele
cem os fun d am entos técn ico s e m etodológicos de um sistem a digital
baseado em certificação chaves públicas.
In t e r n e t
Rede das redes. Rede de com putadores de abrangência m undial que
interliga os mais diferentes sistem as com putacionais e redes, e possibilita,
por meio de protocolos padronizados, tais com o o Transmission Contool
P ro to co l (TCP) e Internet P ro to co l (IP), a troca de dados entre eles. O s
diferentes serviços de Internet baseiam-se nos próprios protocolos de trans
m issão: Simple M a il Transfer P ro to c o l (S M T P ) para e-mail, File Transfer
P ro to co l (FTP) para transm issão de dados, Internet Relay C hat (IR C ) para
Internet, C hatb HyperTextTransfer P ro to co l (H T TP) para W o rld W id e W e b .
M e ta d a d o s
M ig r a ç ã o
Estratégia de preservação que co n siste em copiar, co n verter e/ou
transferir a inform ação digital de um a plataform a tecnológica que está se
tornand o obsoleta para um a outra m ais atualizada e de uso corrente. O
ob jetivo da m igração é preservar a integridade de objetos digitais e n
q u an to m antém a capacidade do usu ário de recuperá-los, exibi-los e
utilizá-los em face das co n sta n te s m udanças tecnológicas.
M u lt im íd ia
O b je to d ig it a l
N o con tex to dos arquivos e bib liotecas digitais, é um registro de in
form ação codificado digitalm ente, co n sistin d o de con teú d o inform acional,
m etadados e identificador.
O n to lo g ia
1. Proposição evidente ou que se dá por verdadeira em um sistema lógico e
da qual derivam dedutivamente outras proposições. Estabelece fundamentos
de significados conceituais sem os quais a W e b Semântica não seria possível.
2. C o n cep ção de estruturas con ceb id as co m o um c o n ju n to de rela
ções entre elem en tos com funções definidas.
O pen a r c h iv e s / a r q u iv o s a b e r t o s
A rq u ivo eletrôn ico baseado no p rotocolo O p e n A rch ives Initiative
Protocol for M etad ata H arvestin g (O A I- P M H )- , geralm ente de acesso li
v re , d o ta d o de d is p o s it iv o s de a u t o p u b lic a ç ã o e in te r c â m b io de
m etadados. C o n stitu i um m arco h istó rico do d e se n vo lvim e n to da c o m u
n icação científica, da publicação eletrônica e das bibliotecas digitais. A
partir dos O p e n A rch ives, estabeleceram -se padrão e protocolo para per
m itir interprobabilidade entre os sistem as das bibliotecas digitais.
O p e n s o u rc e
Refere-se a pacote de softw are cuja d istrib u ição acom p anh a o seu
código fonte, o que possibilita ao u su ário alterar e adequar o softw are
segundo as suas necessidades.
O W L/W eb O n to lo g y Language
Padrão para elaborar ontologias na W e b . Possui uma term inologia para
form alizar a definição do conceito.
P a d rõ e s a b e rto s
P re se rva çã o d ig it a l
R D F / R e s o u r c e D e s c r ip t io n Fra m e w o rk
S e r v iç o d e r e f e r e n c ia d ig it a l
S e m â n tic a
S e r v id o r w e b / w e b sever
S G M L / S ta n d a rd G e n e r a liz e d M a rk u p Language
Padrão internacional para definir descrições de estrutura e co n teú d o
de diversos tip o s de docu m en tos. Forma a base para o H TM L e o X M L .
P r o to c o lo s o a p
T a x o n o m ía
Ferram enta que possui a função de organização sistem ática de c o n
teú dos inform acionais, ap resentando as relações hierárquicas entre os
con teú d os, classificando-os em grupos ou categorias.
T e sa u ro
V o ca b u lá rio controlado, com preendido co m o estruturas te rm in o ló
gicas, que visa a Padronizar a linguagem , em serviço s de inform ação,
cob rin do um dom ínio específico do co n h e c im e n to , trad uzid o de um a lin
guagem natural para um a linguagem de m áquina.
T e s a u ro c o n c e it u a i
Recurso que perm ite evidenciar m elhor as relações entre os term os
representados na on tolog ia*, privilegiando-se os aspectos do significado.
U n ic o d e ( IS O 10646-1 U n iv e r s a l C h a r a c te r S e t)
C ódigo de caracteres de 16 bits que busca cobrir tod os os sistem as
de escrita em escala m undial; deve su b stitu ir o A S C II - c o n ju n to de
caracteres de 7 bits que tem com o lim ite som ente 128 caracteres.
U R I/ U n ifo r m R e s o u r c e Id e n t if ie r
C o n ju n to genérico de to d o s os nom es/endereços que identificam re
cu rsos inform acionais na W e b . Inclui U R L 's e U R N 's .
U R N / U n ifo r m R e so u rce N am e
V ir tu a l
W eb s e m â n t ic a / s e m a n t ic w e b
W e b m a s te r
W 3 C
W 3
X M L / E x t e n s ib le M a rk u p Language
R e fe r ê n c ia s
C Â M A R A TÉCN ICA DO D O C U M EN TO ELETRÔNICO. Qlossários de Docu
mentos /¡rquivísticos Digitais. Rio de Janeiro: C O N A R Q , julho 2004. Dispo
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Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.'
Cavan McCarthy, Ph. D."
I . In tr o d u ç ã o
C i ê n c i a e T e c n o lo g ia (C & T )
IB IC T
O In s titu to Brasileiro de Inform ação em C iên cia e Tecnologia (IB IC T ),
um a agência do M in istério da C iência e Tecnologia (M C T ), sem pre d e
sem penhou um p a p e l v it a l n o d e s e n v o lv im e n t o de a t iv id a d e s
in fo rm acion ais avançadas. O s seus projetos que chegaram à fase de
im p lem en tação serão co m e n tad o s a seguir.
O Program a de Inform ação e C o m u n ica çã o para a Pesquisa (P R O S S I
G A ) [U R L : h ttp : //prossiga. ib ict. br] foi criado em 1995, no âm b ito do M i
nistério da C iência e Tecnologia; em m eados de 2 0 0 1, foi transferido para
o IBICT. Ele é um portal que tem por ob jetivos a d ivulgação da inform a
ção, co m u n ica çã o e in ovação para a ciência e tecnologia. A lé m de m anter
um d iretório com pon teiros para sítios selecionados nas diversas áreas
de C & T , p o s s u i ta m b é m u m a série de b ib lio te c a s d ig ita is [h tt p : //
w w w . p ro s sig a . b r/bvtem aticas/], d e n o m in a d a s "b ib lio te c a s v ir tu a is ” .
M u ita s dessas bibliotecas são guias de sítios W e b sobre cada um dos
tem as e que, geralm ente, incluem dados sobre: pesquisadores, asso cia
ções e sociedades científicas, in stitu içõ es de ensino, publicações, legis
lação, principais periódicos e obras de referência. Essas bibliotecas, na
verdade, são diretórios de sítios W e b relacionados com um tem a esp ecí
fico, geralm ente in cluind o dados sobre: pesquisadores, associações e
sociedades científicas, in stitu içõ es de ensino, publicações, legislação,
principais periódicos e obras de referência. Elas cobrem um a variedade
de a ssu n to s e que foram criadas con tan d o, em sua maioria, com a co o p e
ração de im p ortantes instituiçõ es.
Em m aio de 2003, o Prossiga tin h a um a m édia diária de 8 5 . 980 aces
sos (Prossiga em núm eros, 2003).
A té janeiro de 2005, eram 19 os tem as cob erto s pelas bibliotecas
digitais. A baixo, em ordem alfabética, são inform ados o tem a, a data de
criação, o U R L e resum o do projeto.
M inistério d a Educação
Portal da C A P E S . A C oordenação de A perfeiçoam en to de Pessoal de
Nível Superior (C A P E S ) [U R L: h ttp : //w w w . cap es. gov. br] é o órgão do M i
nistério da Educação responsável pela avaliação dos program as brasilei
ros de pós-graduação. Sua primeira iniciativa na área da inform ação digi
tal foi a criação, em novem bro de 2000, do Portal da C A P E S [U R L: h ttp : //
w w w . periodicos. cap es. gov. br] que oferece acesso a diversos sistem as
europeus e norte-am ericanos de periódicos eletrônicos.
Em 2 0 0 1, com um estoque de cerca de 1500 títu los, o portal tinha um
uso m édio de 350. 000 acessos por mês: no final de 2002, passou a ofere
cer acesso a 2. 400 títu lo s, dos fornecedores Scien ce Direct, Blackw ell,
O vid, A C M e outras fontes: em janeiro de 2005, passou a oferecer acesso
a 8. 466 títu lo s de periódicos nacionais e estrangeiros.
O Portal é um program a que tem finan ciam en to federal e que p erm i
tia, em jan eiro de 2005, o acesso a alunos universitários, professores e
pesquisadores de 130 instituiçõ es, entre elas universidades, centros de
pesquisa da E M B R A P A e centros federais de ensin o técnico. Essas e n ti
dades podem consultá-lo por m eio de um endereço Internet autorizado
(IP address). M ed ian te pagam ento, a C A P E S passou a perm itir o acesso
às in stitu içõ es privadas de ensino, sendo a U niversid ad e C ató lica de
Brasília a primeira organização a assinar este tip o de contrato.
N o segundo semestre de 2003, com os problemas orçamentários advindos
dos cortes feitos pelo Executivo, o Portal da C A PES passou por período difícil
na renovação das assinaturas com os provedores de periódicos eletrônicos.
Chegou-se a propalar até que o Portal estava sendo "fechado", havendo m ani
festações a favor do funcionamento do Portal por parte das sociedades, associ
ações científicas e acadêmicos. U m a Comissão Consultiva para Negociação
do Portal de Periódicos foi criada e, em 3 de outubro de 2003, informou que
A r te s e A r q u it e tu r a
Instituto Moreira Sales
O In s titu to Moreira Salles (R io de Ja n e iro e São Paulo) [U R L : h ttp : //
w w w . im s. c o m . br] iniciou, em fevereiro de 2004, a digitalização dos acer
vos da sua divisão m usical, que tem sob sua guarda as coleções dos
m úsicos A n tô n io D auria, Pixinguinha, Elizeth Cardoso e Ernesto Nazareth,
do crítico Jo s é Ram os Tinhorão, do pesquisador H um b erto Franceschi e
do jorn alista W a lte r Silva (C onde, 2002). O projeto visa disponibilizar
para o público um riquíssim o acervo co m p o sto de livros, p artituras e
gravações m usicais raras que con tam a história do choro, do surgim ento
das escolas de sam ba, do nascim ento do rádio e dos antigos carnavais
do Rio de Janeiro.
Tesouros d a C idad e de São Paulo
Em I I de m arço de 2003, foi lançado o Projeto Tesouros da Cidade de
São Paulo: Biblioteca Digital M u ltim íd ia [U R L : h ttp : //portal. prefeitura.
sp.gov.br/secretarias/cultura/bibliotecas/marioandrade/0009]. Esse Projeto,
uma parceria entre a Secretaria M unicip al da C u ltu ra de São Paulo e o
In stitu to Em bratel 2 1, visa a digitalização e a veicu lação pela Intern et de
acervos raros localizados na Biblioteca M ário de A n d rad e e no D ep arta
m ento de Patrim ôn io H istórico.
O s acervo s incluem cerca de 5. 000 gravuras e fotos das tran sfo rm a
ções urbanas ocorridas em São Paulo, no período de 1860 a 1960 e os
textos integrais de 120 livros raros sobre o Brasil, publicados entre 15 5 1
a 1885.
Bib lio teca V irtu a l do A m a zo n a s
A Biblioteca V irtu a l do A m azo n as [U R L : h ttp : //w w w . bv.am . gov. br/
portal/] foi lançada em abril de 2002. Trata-se de um projeto da Secretaria
de C ultura do Estado do A m a z o n a s que tem por ob jetivo disponibilizar
parte do acervo de m ateriais raros da Biblioteca Pública do Estado e do
In stitu to Geográfico e H istó rico do A m azo n as. A b ran g e textos em d o m í
nio público sobre tem as am azônicos, d o cu m en to s da Província ( 1852-
1888), estu d o s literários e recortes de jornais. Em janeiro de 2005, já
estavam dispon ibilizados I 74 im agens de projetos arq u itetô n ico s de
edificações de M a n a u s no final do século 19 e início do século 20, além
de plantas da cidade, linhas de bonde, relatórios, m ensagens, exposições
e legislação da Província do A m azo n as.
3 . C o n c lu s õ e s
48
em coleções de fotografias históricas. Uma possível causa desse fato
poderia ser que as fotografias antigas teriam mais dificuldades de serem
preservadas nas condições climáticas brasileiras. Outra razão adicional
poderia ser o fato de que, no passado, os jornais brasileiros talvez te
nham operado com relativamente baixo nível técnico e, portanto, meno
res chances para acumularem grandes coleções fotográficas.
E as perspectivas futuras? A maioria das estatísticas demonstra que
as bibliotecas digitais brasileiras estão tendo significativos impactos na
sociedade, na pesquisa e cultura do subcontinente. O atual sistema de
bibliotecas digitais parece cobrir de forma razoável as áreas prioritárias,
principalmente pelo fato de que foi criado por instituições que já estavam
atendendo as demandas existentes.
Ainda não está claro como as bibliotecas digitais podem se desen
volver sem uma coordenação adicional. Além disso, também não está
claro se essa coordenação deva ser espontânea ou estimulada central
mente. Até meados de 2004, uma variedade de instituições estava disse
minando suas teses e dissertações, tanto no formato de resumo como
em texto completo. Com o advento da Biblioteca Digital de Teses e Dis
sertações (BDTD) o IBICT recuperou o tempo perdido, fazendo com que o
país possa ser mais bem servido por meio de um sistema coordenado
para controle e acesso desse tipo de material. E o caso de indagar se
ações similares deveriam ser copiadas em outros segmentos, como o
feito pelo Governo Federal ao aprovar, em 2002, normas gerais para a
criação de sítios governamentais (Brasil. 2002).
Em fevereiro de 2005, época em que este capítulo foi escrito, o Gover
no do Presidente Lula já tinha ultrapassado o seu segundo ano de admi
nistração e a temática da inclusão digital ou a ampliação do acesso ao
mundo virtual está sendo retomado pelas autoridades federais. Infeliz
mente, o Programa Sociedade da Informação (Governo, 2002), lançado
pelo governo anterior (Fernando Henrique Cardoso), parece que ficou
“congelado” e as verbas oriundas do Fundo de Universalização dos Ser
viços de Telecomunicações (FUST) não foram gastas até agora. E sabido
que nesses recursos seriam contemplados projetos para dar acesso à
Internet às bibliotecas públicas, escolas e telecentros. Assim, recursos
financeiros que poderiam estimular o surgimento de projetos de bibliote
cas digitais oriundos de bibliotecas públicas estão no compasso de es
pera, aguardando m udanças por parte dos m inistro s envo lvid os. A lém
disso, recursos orçam en tários têm sido co n tingenciad os.
De qualquer m odo, apesar da presente situ ação financeira, à sem e
lhança de ou tro s países, é visível que a Intern et e as bibliotecas digitais
poderão executar um im portan te papel na garantia da am pliação do aces
so à in fo rm ação no Brasil. A in fo rm a tiz a çã o do país e a criação de
telecentros som ente terão sentido se for possível oferecer m ateriais in
form ativos de boa qualidade à população. A s bibliotecas digitais c o n s ti
tuem o único canal que tem o potencial de d isponibilizar co n teú d o c u ltu
ral de bom nível para a N ação em geral. Isso representaria a grande
co n trib u ição das bibliotecas digitais para o progresso brasileiro.
R e f e r ê n c ia s
ANATEL. Só 8 % dos brasileiros têm acesso à internet. Brasília, 7 de out. de
2003. <URL: http://www.anatel.gov.br> Acesso em: 23 de dezembro de 2003.
A p re s e n ta ç ã o da B ib lio te c a D ig ita l da U n ic a m p . < U R L : h ttp : //
w w w . unicamp.br/bc/bibdig/apresentacao.h tm > Acesso em: 21 de janei
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BRASIL. Presidência da República. Gabinete Civil. Comitê Executivo do G o
verno Eletrônico. Resolução E-Gov n. 7, de 30 de julho de 2002, estabe
lece regras e diretrizes para os sítios na Internet da Administração Pública
Federal. D ispo nível em: < h ttp : //w w w . g o v e rn o e le tro n ic o . e . g o v. br/
g o ver n o e le t ron ico/p u b lic a c a o / d o w n _ a nexo. w s p ? t m p . arq u iv o =
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Maria Luiza M. Campos'
Maria Luiza deAlmeida Campos/UFF'
Linair Maria Campos/NCE-UFRf"
I. Introdução
A Web é hoje considerada o maior repositório de informações dos
mais variados domínios de conhecimento, tendo apresentado um desen
volvimento vertiginoso desde sua criação. Suas características de liber
dade de publicação, autonomia das fontes e controle descentralizado fi
zeram com que uma grande diversidade de recursos fosse crescentemente
disponibilizada, mudando significativamente o comportamento de seus
usuários e ampliando o perfil de sua utilização. O que pode hoje ser ob
servado é uma significativa dependência dos serviços prestados via este
novo ambiente de interação, muito além do objetivo inicial de publicação
de documentos interligados via uma rede hipertextual de associações.
Além de navegar através de ligações entre os documentos, os usuários
da Web podem ainda fazer buscas por produtos, verificar situação de sua
2. U m a n o v a g e ra çã o d a W e b : a W e b s e m â n t ic a
3. A d e s c r iç ã o e r e p r e s e n t a ç ã o d e c o n t e ú d o s
in fo r m a c io n a is a s e r v iç o d a g e s tã o d e
c o n te ú d o s na W e b
4. A W e b s e m â n t ic a e o
p o t e n c ia l in fo r m a tiv o d e s e u s p a d rõ e s
<head>
<title>Macaxeira</title>
<meta NAME="description" content=" Comidas Típicas do Nordeste ">
cmeta NAME="keywords" content="comida típica, nordeste, macaxeira">
<meta NAME="author" content="Maria Luiza"> '
</head>
<head>
<tille>Mocaxeira</title>
<meto NAME="DC.description" content=" Comidas Típicas do Nordeste ">
<meta NAME="DC.subjed" content="macaxeira">
<meta NAME="DC.Ianguage" content="pt">
</head>
Figura 2 - Exemplo do uso de tags META no cabeçalho de uma página HTML
O DC, embora forneça descritores extensíveis, ainda não perm ite d es
crever de forma expressiva os diferentes recursos e co n teú d os disponíveis
na W e b , tendo em vista os agentes de software. Por exemplo, não é possí
vel associar ao autor de um livro outros recursos na W e b , tais com o sua
página pessoal, seu e-mail e a página da instituição a que ele pertence.
En tretanto, m esm o que padrões com o o D C não ten h am resolvido as
questões de expressividade objetivadas pela W e b sem ântica, um asp ec
to que não deve ser ignorado é que os m etadados padronizados e os
vo cab u lário s estruturad os torn am m ais fácil às bases de dados com uni-
carem -se entre si, levando em con ta o grande problem a da Intern et a tu a l
m ente, que é a fragm entação dos dados e a natureza esp o ntânea da d es
crição de con teú d os. O uso de um a term inologia padronizada possibilita
um tra tam e n to au to m á tico m ais refinado das inform ações descritas, ga
rantindo co n sistên cia e harm on ização entre o term o em pregado e seu
co n teú d o inform acional. Dessa form a, esse tem sido o ca m in h o seguido
pelas iniciativas e padrões ligados à W e b sem ântica, em bora m uitos a s
pectos devam ser levados em consideração ao definir tais vocab u larios
padrão, com o verem os a seguir.
C om a W e b sem ántica, agentes podem descobrir o significado de
urna página W e b seguindo ligações hipertextuais dos d o cu m en to s W e b
a vocab ulários controlados específicos. Por exemplo, as on tolog ias ofe
recem referências cruzadas, de m odo que um agente com preenda que
‘m acaxeira’, ‘a ip im ’ e ‘m an d io ca ’ co n stitu em diferentes expressões do
m esm o conceito. A in d a, as o n to lo g ias perm item descobrir que dois c o n
ceitos são eq uivalen tes caso am bos com partilhem as m esm as ca racte
rísticas necessárias e suficientes para defini-los. Por exem plo, se um a
pizza doce é definida com o sendo uma pizza que tem um a cobertura doce,
e se um a pizza possui cobertura de chocolate, e ainda ch o co la te é defini
do com o sendo doce, então a on tolog ia perm ite inferir que um a pizza de
ch oco late é um a pizza doce.
Para atingir os objetivos pretendidos pela W e b sem ântica, espera-se
anotar os recursos disponíveis com m etadados expressivos, com o os for
necidos pelas ontologias. A lé m disso, para perm itir inferências no nível
pretendido, é necessário que as ontologias sejam representadas em um a
linguagem com p atível com padrões em uso na W e b , de m odo que sua
aceitação e extensão sejam facilitadas, mas com um nível de form alism o
tal que perm ita processam en to pelos agentes. C om p lem en tarm en te, é
im p ortante que as on tolog ias sejam planejadas através do uso de algum
m étodo que ven h a a ajudar a definição e a organização dos con ceitos,
sempre tendo em m ente que a sua construção é uma tarefa multidisciplinar,
envo lven do não só as técn icas para sua elaboração, com o tam b ém o c o
n hecim en to do seu d om ínio alvo.
V á ria s in iciativas têm sido adotadas de forma in terdependente para
perm itir a concretização da W e b sem ântica. Elas partem do uso do X M L 2,
que fornece um a estrutura sin tática padrão para descrever dados e vêm
sendo con struíd as em busca de m aior flexibilidade, m aior expressividade
sem ântica e interoperabilidade entre recursos e aplicações.
O uso do X M L tem se difundido rapidam ente na W e b , por ser um
padrão sim ples, em form ato texto, com um a estrutura bem definida e
facilm ente extensível. Porém o X M L está no nível da interoperabilidade
sintática, pois a sem ântica das suas representações ainda é im plícita, o
que pode gerar am bigüidade ao descrever con ceitos de um d om ínio. Por
exem plo, o elem ento < id e n tifica cão > em um esquem a X M L pode ser
usado para representar o m esm o recurso que o elem ento < id e n tid a d e >
em o u tro esquem a, sem que seja possível para a m áquina inferir a u to m a
tica m e n te que eles são equivalentes. Isso se dá porque não existe uma
interpretação geral im posta pelo padrão para as tags que descrevem os
elem entos. Essa interpretação deve ser negociada pelos que usam os
d ocu m en to s. N a W e b sem ântica, en tretanto, espera-se que os agentes
de softw are sejam capazes de interpretar a descrição de um recurso de
form a independente, sem am bigüidade, de m odo a poder localizá-los,
com biná-los com ou tro s, se for con venien te, e to m ar decisões baseadas
em co n h ecim e n to s q ue podem ser inferidos a partir dos significados in
terpretados.
N esse contexto, surge o RD F3, que faz uso do X M L para perm itir d es
crever e pesquisar recursos de forma m ais flexível, m ediante rep resenta
ção de relacionam entos entre estes, na forma de triplas co m p o sta s por
objeto-atributo-valor, sendo que um valor pode ser um literal ou ou tro
recurso. A tra vé s do RDF, é possível representar afirm ações sim ples, com o,
por exem plo: “ o a u to r da m úsica Beatriz é C h ico B u a rq u e " e “ C h ic o
Buarque possui e-mail c h ico @ x x x . co m . br” . Estas afirm ações podem ta m
bém ser representadas em forma de grafo. N este caso, recursos são re
presentados por elipses, e n q u an to a associação de valores literais a e s
tes é representada por um a caixa retangular, c o m o m ostra a Figura 3.
5 . B ib lio t e c a s d ig it a is e a g e s t ã o d e
c o n té u d o s n a e ra d a W e b s e m â n t ic a
7. C o n c lu s ã o e t e n d ê n c ia s
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I. In t r o d u ç ã o
Para se pensar em um a infra-estrutura tecn oló g ica para um a b ib lio te
ca digital, é necessário o e n ten d im en to dos co n ce ito s relacionados à ex
pressão “ Biblioteca D ig ital” :
79
um a biblioteca tradicional/convencional, desde o processo de aquisição
(com pra, digitalização, acesso a ou tro s sites e auto - arq u ivam en to ), o
processam ento técnico (catalogação, classificação, indexação - m etadados
e iniciativa de arquivos abertos), a recuperação (ferram entas de busca), a
dissem inação (boletins eletrônicos), o aten d im en to ao usuário (setor de
referência digital - m eios de co m u nicação digital e sistem as agentes), até
a preservação (itens docum entários e dos suportes inform acionais). N e s
te sentido, torna-se necessário um estud o sobre as funcionalidades, as
características e os serviços a serem oferecidos, bem co m o um a política
de d esen volvim ento de coleções baseada em tipos d ocum entais, c o n te ú
dos inform acionais e público-alvo, e uma política de preservação.
O planejam ento da estrutura digital passa pelas etap as de definição
da A r q u it e t u r a da In f o r m a ç ã o de w e b s ite , q u e c u lm in a c o m o
d im e n sio n a m e n to do sistem a de co m p u tação (h ard w a re e softw are), v i
san d o a integração dos serviço s e dos co n teú d o s inform acionais para
um a interação eficiente do usuário com o am biente inform acional.
Definidos os requisitos básicos de fu n cio n am en to de um a biblioteca
digital, passa-se ao processo de aquisição, no qual são definidos os c o n
teúdos/recursos inform acionais que com p o rão o acervo digital por m eio
de com pra, assinatura, digitalização, auto- arq u ivam en to e seleção de
o b ras p ertencentes a o u tras bibliotecas digitais, rep o sitó rio s in s titu
cio nais, periódicos científicos e/ou outros websites. O acervo pode ser
c o m p o s to por recu rsos m u ltim íd ia (in fo rm açõ es tex tu ais, so n o ras e
im a g é tic a s ) in te rlig a d o s a tra v é s de in fo rm a ç õ e s re fe re n c ia is e/ou
contextuais.
A p ó s a a q u is iç ã o d os ite n s d o c u m e n tá rio s d ig ita is , in icia-se o
p rocessam en to técn ico dessas obras com a elaboração de m etadados,
q u e s ã o “ um c o n ju n to de d a d o s re fe re n c ia is m e to d o lo g ic a m e n te
e stru tu rad o e codificado, conform e padrões in ternacionais, para lo cali
zar, id e n tifica r e recuperar p o n to s in fo rm a cio n a is de d o c u m e n to s ” .
(Siqueira; San to s, 2004, p. 96). C o m o exem plo, tem-se; M A R C em X M L ,
D ub lin C ore (D C ), Intern et A n o n y m o u s FTP A rch ive (IA F A ), S u m m a ry
O b jects Interchange Format (S O IF ), Text Encoding Iniciative (TEI) e Encoded
A rch ival D escription (E A D ). V ale destacar que o O A I (O p e n A rch ives
In itia tive ) provê um a forma padrão para to rn ar disponível o acervo digital
via Internet, bem co m o para a coleta de inform ações de o u tro s acervos
via co n su ltas através do protocolo O A I- P M H (O p en A rch ives In itiative
Protocol for M etad ata H arvestin g).
O processo de recuperação das inform ações pode ser baseado em
estruturas de diretório que classificam as obras/recursos digitais seg u n
do sistem as de classificação hierárquico predefinidos, com o C D D (C la s
sificação Decim al de D e w e y) ou C D U (C lassificação Decim al U n iversal),
e em estruturas de busca direta via ferram enta de busca, que con siste em
percorrer tod a a base de m etadados à procura das inform ações que s a tis
façam a expressão de busca. A lém disso, a recuperação pode ser feita em
diferentes bibliotecas digitais e/ou o u tro s websites de form a sim ilar a um
m etapesquisador.
A atividade de dissem inação pode consistir na elaboração e no envio
de boletins eletrônicos, e-mails, listas de discussões que divulguem a
incorporação de novos con teú dos, bem com o de con teú d os específicos a
cada usuário potencial, segundo critérios estabelecidos no m om en to do
cadastro do usuário e em atividades d in am icam ente estabelecidas c o n
forme interação do usuário com o sistem a.
O atendim ento digital ao usuário, conform e serviço de referência, pode
ser feito por várias form as de com u n icação que vão desde e-mails e IR Q ,
IC Q , ehat - softwares que têm a característica de serem on-line, p o ssib i
litando "co n ve rsa s ” virtu a is em tem p o real -, até sistem as agentes de
com unicação.
A política de preservação dos recursos/objetos deve ser enfocada em
termos de integridade lógica e física do ambiente informacional, que consis
te na instalação de softwares e hardwares de segurança quanto à questão de
acesso e uso, bem com o da m anutenção e da atualização dos suportes
informacionais, considerando a evolução destes suportes e sua vida útil.
Conform e W a in w r ig h t (1 996, p. 2, tradução nossa), reafirma-se, e n
tão, que
81
2 . A r q u it e t u r a d a In f o r m a ç ã o d e w e b s it e
82
classificação por assu n to s ou tó p ico s específicos), orientad os a tarefas
(organiza co n teú d o s e aplicações em co n ju n to s de funções e processos),
específicos a um público (com acesso restrito ou não), e dirigidos a m e
táforas (utilizam m etáforas com u ns ao usuário, que lhe perm item e n te n
der itens de inform ação a serem acessados). Já os híbridos con têm m ais
de um tip o de esquem a, ta n to dos esquem as exatos q u an to dos am b í
guos, e são geralm ente enco ntrad o s em websites, um a vez qu e um único
esquema de organização nem sem pre é suficiente para representar o c o n
teúdo inform acional. Destaca-se que a utilização de esq uem as deve s u
gerir m odelos m entais associados à estrutura cog nitiva dos usuários.
- S is te m a de ro tu la g e m : d e n o m in a ç ã o do c o n te ú d o do g ru p o
inform acional - form a de representar um co n ju n to de inform ações u ti
lizando um a palavra ou um ícone, de m odo a facilitar a recuperação
da inform ação e a navegabilidade do w e b site . Em o u tras palavras, é a
representação ou identificação textual ou iconográfica de um c o n te ú
do específico, ob jetivan d o facilitar e tornar fam iliar um a forma de or
ganização de inform ações. Possibilita ao usuário decidir qual c a m i
nho seguir, p e rm itin d o que o m esm o possa identificar-se com a
linguagem e com a estruturação do site, cu lm in an d o em um tem po de
navegação m ais otim izado.
83
para o usuário. A s estru tu ras de navegação baseiam -se geralm ente
nas form as hierárquicas, globais e locais.
A estrutura de navegação hierárquica perm ite o acesso às inform a
ções dos níveis mais gerais até os m ais específicos. A estrutura de
navegação global possibilita o acesso a diferentes tip os de inform a
ções e serviços (m ovim en tos laterais - largura), e o acesso a itens
específicos de inform ações (m ovim en tos verticais - profundidade). O
sistem a de navegação local é um sistem a utilizado para com plem entar
o sistem a global, perm itindo um a navegação entre um co n ju n to p arti
cular de páginas do próprio website. A estrutura de navegação ad-hoc
apresenta links inseridos no corpo do texto, que podem ser palavras
ou frases, fornecendo inform ações adicionais sobre um assunto, em
u m a form a m ais te x tu a l. D e n tre os e le m e n to s q u e p e rm ite m a
e stru tu ra çã o da navegação d estacam os: a barra de navegação, os
frames, o sum ário, os índices e o mapa do site.
A s s im , conform e N u n es (2 00 0, p. I ),
84
con hecidos, qu an d o o usuário sabe exatam ente o que deseja; busca
por idéias abstratas, em que o usuário tem um a vaga noção do a s su n
to; b uscas exploratórias, q u an d o o usuário pesquisa para aprender
mais sobre um determ inado assu nto; e buscas com preensivas, em
que os usuários desejam todas as inform ações possíveis sobre o as
sun to a ser pesquisado.
Para tornar os serviços e con teú dos da biblioteca digital acessíveis via
Internet, devem ser consideradas algumas características do fun cion am en
to da Internet. Essa rede perm ite que m ilhões de com putadores troquem
inform ações entre si, e isso só foi possível devido à utilização de conceitos
com o o de pacotes de inform ações e de endereçam ento. Toda inform ação a
ser transm itida é fragmentada em pacotes (partes) e então enviada para seu
destino, contendo o endereço do rem etente e do destinatário.
Q u a n d o o usuário se con ecta à Internet, recebe um endereço, que
pode ser diferente a cada conexão, já que sua única função é perm itir que
receba as respostas às solicitaçõ es geradas.
Porém , qu an do o objetivo é fornecer um d eterm inado serviço à rede.
com o, por exemplo, tornar disponível o co n teú d o de um a biblioteca vir
tual, deve-se obter um endereço fixo e assim poder ser e n co n trad o pelos
usuários que se pretende atender.
A Internet utiliza um esquem a de endereçam ento e nom enclatura ch a
m ado endereçam ento IP (Internet Protocol). Cada endereço IP é com p o sto
por qu atro núm eros, cada um com valor entre 0 e 255, com pondo, assim,
um endereço único em toda a rede para cada ponto ou nó desta rede.
O co n ju n to de elem entos de h ard w are e softw are qu e form am a es
tru tu ra do site com p õ em uma rede local e para que esta rede local possa
se co m u n icar com o u tras redes é necessário um e q u ip am en to capaz de
enviar e receber inform ações de outras redes, o roteador, que terá seu
próprio endereço de rede, con h ecid o com o g a te w a y, endereço este que
deverá estar registrado em tod os os dem ais eq uip am entos que fazem
parte da rede local, pois é através do roteador que os m esm os poderão se
co m u n ica r com a Internet.
A s inform ações que trafegam entre os eq uip am entos da rede local
são identificadas por endereços específicos que podem ser classificados
em fun ção do cálcu lo realizado em co n ju n to com um a identificação da
própria rede, con h ecido com o m áscara de rede. Se o endereço de d estino
da inform ação não pertencer à rede local, esta inform ação será direcionada
para o roteador, que irá então direcioná-la para as redes externas e, por
con seg u in te, para a Internet.
N ã o é tarefa fácil lem brar esta seqüência de núm eros cada vez que se
deseja acessar um determ in ado endereço, e para sim plificar esta tarefa é
86
utilizado ou tro esquem a de sim plificação, llniform Resource Locator (U R L ),
através do qual é atribuído um nom e para cada endereço, cham ado nom e
de host ou nom e de dom ínio.
O endereço IP, do binário ao dom ínio, é ilustrado da seguinte m anei
ra: I 10 0 1000 10 0 10 0 0 1 1010101 1 0000001 I à 2 0 0 . 14 5 . 17 1.3 à w w w .
marilia. u n e sp . br. Para visualizar o endereço IP de um d eterm inado end e
reço, com o a U n e sp - C am pu s de M arília, o usuário pode utilizar, por
exemplo, a opção Executar do W in d o w s e digitar o com ando: tracert
w w w . m arilia. u n esp . br. N este m om ento, será exibido o endereço IP deste
endereço de host e o cam inh o percorrido.
Para que seja possível utilizar este esquem a de endereços é preciso
registrar seu próprio endereço de IP e seu dom ínio. N o Brasil, é possível
registrar seu endereço através de um cadastro ju n to à Fundação de A m
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP. M aiores inform ações
podem ser obtidas no endereço: h ttp: //registro.br/index.h tm l, onde é pos
sível verificar se o dom ínio já existe e realizar tod o o processo de regis
tro, que co n siste no preenchim ento de form ulários e pagam ento da taxa
referente ao registro e ao prim eiro período.
A W o rld W id e W e b , conhecida tam bém com o W e b , é um dos serviços
disponíveis na Internet. A W e b oferece um a interface gráfica com o usuário
(Ç rap h ical llser Interface - G U I), colorida e de fácil utilização. O utilitário
necessário para acessar dados na W e b é cham ado navegador W e b , cliente
W e b ou Browser. Projetada inicialm ente para com unicação de material tex
tual e gráficos simples, atualm ente a W e b permite a utilização desde im a
gens a som, vídeos, filmes interativos, aplicativos e m u ito mais.
Para que seja possível oferecer este tipo de serviço, é preciso que o
navegador W e b do usuário, ao acessar o seu endereço, receba com o res
posta um co n teú d o em form ato W e b . Para tan to , é necessário o desen
volvim en to de um a estrutura com posta por eq uip am ento e program a que
passam a ser os responsáveis pela resposta para as solicitações do c o n
teúdo que se deseja disponibilizar.
O ap licativo a ser instalado e configurado será o servid or W e b e rece
berá e responderá às solicitações dos usuários. Entre as várias opções de
aplicativos para atender a esta tarefa, pode ser citado o Internet Information
Services - IIS da M icrosoft. Porém , o m ais u tilizado tem sido o A p a ch e
que, vale lembrar, é m ais u tilizado em sistem as op eracionais Linux, a m
87
biente para o qual foi desenvolvido. A p ó s a in stalação do A p ach e, d e v e
rão ser configuradas as variáveis am bientais e de fu n cion am ento, tais
com o os endereços, os serviços e as interfaces com o u tro s aplicativos.
U m sistem a operacional é um softw are responsável pela in terp reta
ção dos com and os, pela criação do am biente de trabalho, e que co n siste
na cam ada interm ediária entre o softw are ap licativo e o h ard w are. É o
interpretador básico de com and os, e é a interface pela qual o usuário tem
acesso aos recursos que o h ard w a re oferece. O s exem plos mais co m u n s
de sistem a operacional são o W in d o w s - M icro so ft e o Linux
A perform ance do site vai estar ligada, entre ou tro s fatores, à v e lo c i
dade de resposta às solicitaçõ es geradas pelos usuários via W e b . Para
que esta velocidade de resposta seja otim izada, é altam en te reco m en d á
vel que o eq u ip am en to que irá processar estas inform ações seja a d e q u a
d am ente configurado.
Cada um a das tarefas do site pode ser atribuída a um eq u ip am en to
que irá funcionar para aquele fim, sendo definido com o servidor, ou co m o
definem Baldam , Valle e C avalcan ti (2002, p. 156):
88
usuários. É considerado um a das m elhores opções de banco de dados
de código aberto, sendo disponibilizada tam bém uma versão com er
cia l. M a is d e ta lh e s p o d e m ser e n c o n t r a d o s em : h t t p : / / w w w .
postgresql. org. br/
Para que o am biente inform acional não seja alterado de forma indevida,
são utilizados firew alls, barreiras interpostas entre a rede interna e a rede
externa com a finalidade de evitar acessos não autorizados, protegendo
programas e eq uip am entos de ações com origem externa (In te rn e t). São
aplicativos preferencialm ente in stalados em co m p u ta d o re s dedicados
som ente a esta função. A lé m disso, devem ser instalad os a n tivíru s efica
zes que inibam a execução de vírus que se instalam nos eq u ip am en tos
sem autorização (co n scie n te ) do usuário e que podem p rovocar danos
ta n to aos dados, co m o aos aplicativos e ao próprio h ard w a re . M an ter
aplicativos que possam con tro lar e im pedir que esses program as sejam
instalados é fator fun d am ental na política de segurança de q u alq uer p ro
je to ligado à tecn olo gia da inform ação, não sen d o diferente no caso das
bibliotecas digitais.
4 . C o n s id e r a ç õ e s F in a is
R e fe r ê n c ia s
I. In t r o d u ç ã o
O u então:
<meta name = "dc.creator" content = "MARCONDES, Carlos Henrique">.
10 0
sociados ao m esm o d o cu m en to eletrônico. Desta forma, o m esm o d o c u
mento eletrôn ico pode estar sendo referenciado por vários co n ju n to s de
metadados, assim com o um livro pode ter cópias em diversas bibliotecas
e em cada um a delas ser descrito diferentem ente, com várias finalidades
diferentes, não só para descrevê-lo e ajudar na sua recuperação, co m o
tam bém para ajudar a sua gestão, identificar questões relativas a direitos
autorais ou à preservação digital do docu m en to.
A descoberta de recursos para viabilizar seu uso torna-se, com o já foi
dito, altam ente crítica num am bien te co m o a W e b . D iferentem ente do
contexto restrito dos catálogos de um a biblioteca, a W e b é um am b ien te
com partilhado mas altam ente desestruturad o, gerido de forma d e sce n
tralizada e em crescim ento explosivo, co n s titu in d o um verdadeiro d e sa
fio para seus gestores, em especial para os profissionais da inform ação.
Todas as ações e decisões dos profissionais de inform ação têm um im
pacto global, tu d o que for publicado é im ed iatam en te visível para o m u n
do todo. Estes têm de ter a con sciência que este desafio só pode ser
enfrentado com estratégias que, em bora já con h ecid as pelos p rofissio
nais de inform ação, agora têm que ser em pregadas num a escala global.
Estam os falando de cooperação e co m p artilh am en to de recursos.
N o espaço da Internet, atividades co m o a descoberta de recursos são
desenvolvidas não só por usuários h um ano s, mas tam bém , e cada vez
mais, na perspectiva da W e b sem ântica, por m eios autom áticos, por p ro
gramas robôs, “ aranhas” , agentes de software. Isto é m otivado pelo grande
crescim ento da W e b e esta é um a das principais estratégias de fazer fren
te a este crescim ento explosivo.
Além do uso de agentes de softw are, o u tra estratégia ig ualm ente
im portante, ligada tam bém à q u estão dos m etadados, é, um a vez q ue as
publicações na W e b crescem de form a exponencial e não existem profis
sionais de inform ações suficientes para descrevê-los todos, perm itir que
autores eles mesmos descrevam seus docum entos ao publicá-los eletroni
camente “ na fo n te ” , conform e um a proposta bem antiga da b ib lio te co
nomia, retom ada por W e ib e l ( 1995).
Para isso é necessário portan to que descrições/representações de re
cursos inform acionais - os agora cham ados m etadados - possam seguir
um padrão de descrição que seja simples o suficiente p a ra que um autor
possa descrever seu documento. Esta é a proposta da iniciativa Dublin Core.
101
3. O p a d rã o D u b lin C o r e e s u a c o d ific a ç ã o
le g ív e l p o r m á q u in a
• S u b ject (assu n to ):
• Title (títu lo ):
• C reator (autor, responsável pelo d o cu m en to ):
• Pu b lish er (publicador, quem to rn a o d o c u m e n to d isp o n íve l na
Internet):
102
•Rights (texto livre especificando qualquer restrição referente a direi
tos autorais).
A q ui, o elem ento Dublin C ore (dc) Coverage recebe um “ refinam en
to ” , especificando que a cobertura é “ tem p o ral” .
O positores desta ten d ência dentro da D C M I argum entam que o uso
de Qualificadores faria com que o co n ju n to de m etadados D C perdesse
seu caráter in tu itivo , dificultando seu uso pelos próprios autores. N o
entanto, o uso de qualificadores, bem co m o de qualquer dos 15 e lem en
tos, é opcional: pode-se utilizar tod os os 15 elem entos, som ente alguns
deles, com ou sem qualificadores.
U m a vez v is to o padrão proposto pela D C M I, fica ainda a q u estão de
como codificá-los em m eio legível por com putador, de form a am pla, ge
neralizada e não exclusiva, para que os m etadados possam ser lidos por
programas. A form a que tem se firm ado com o um padrão na W e b para
codificar m etadados tem sido a linguagem X M L.
103
4 . C o d if ic a n d o m e ta d a d o s em lin g u a g e m X M L
104
Language - que se co n stitu i na base da “ teia global” da Internet, sua
versão mais conhecida. A diferença entre a H T M L e a X M L é que naquela,
as tags são predefinidas, im utáveis: por exem plo, < h I > e </h I > para
cabeçalhos, < a href> e < /a> para hiperlinks, etc. Todo d o cu m en to deve
ser identificado co m o H TM L (< h t m l> < / h tm l> ), ter um a área de cab e
çalho ( < h e a d x / h e a d > ) com o nom e para o docu m en to (< t it le > < /
title > ), um títu lo principal e um a área definida com o corpo (< b o d y > < /
b o d y> ) do co n te ú d o do docum ento. C o m o o exem plo a seguir:
<html>
<head>
<title> Exemplo de HTML simples</title>
</heod>
<body>
<hl >Este é o primeiro nível de cabeçalho</hl >
Bem-vindo oo mundo do HTML.
Este é o primeiro parágrafo. <p>
E este é o segundo.<p>
</body>
</hfml>
105
um a folha de estilo s - C SS, caseating style sheet -, com instruções refe
rentes especificam ente a com o o docu m en to deve ser exibido. U m d o cu
m en to X M L tam bém pode fazer referência a um ou tro arquivo, cham ado
esquem a (X M L Sch e m a ) ou DTD (D o cu m e n tT yp e D efinition) que especifi
ca regra de validade do docum ento, por exemplo, quan tas ocorrências do
cam po < a u to r> são possíveis, que co n teú d o é válido para o cam po -
letras, núm eros, valores num éricos. O uso de docu m en tos X M L asso cia
dos a esquem as ou DTDs garante um a grande precisão na sua form atação,
perm itindo que eles possam ser usados em tran saçõ es "se g u ra s ” via
Internet, com o, por exemplo, em com ércio eletrônico. Para evitar co n fu
sões sem ânticas sobre os cam pos usados em d ocu m en tos X M L , o uso do
cam p o < a u to r> num livro ou num a ação judicial, d ocu m en tos X M L ta m
bém podem fazer referência aos ch am ad os espaços de nom es - nam e
spaces, vocabulários específicos que perm item identificar, através de uma
U R L , em que con tex to s e que com unidades utilizam um d eterm inado sig
nificado para os cam pos de docu m en tos X M L . O s elem entos que c o m
põem o am biente eletrônico de fun cion am ento de um d o cu m en to X M L na
W e b podem ser visto s de forma integrada na seguinte ilustração:
106
U m exem plo do uso de m etadados segundo o padrão Dublin C ore e
codificados em X M L é o protocolo O p en A rch ive s In itiative Protocol for
M etadata H a rve stin g - O A I- P M H ( h ttp : //w w w o p e n a rch ive s. org/O AI/
openarchivesprotocol. h tm ). Este protocolo surge da com u nid ad e de c i
entífica que publica seus trabalh os em arquivos eletrônicos de acesso
aberto, os open archives ( http: //w w w . open arch ives. org), que com eçam a
surgir com o alternativa aos periódicos publicados pelos grandes editores
em fins da década de 90, para publicação direta pelos próprios autores
(Marcondes, 2 0 0 1). O O A I- P M H permite a coleta autom ática de metadados
de docum entos arm azenados em arquivos de publicações eletrônicas -
os “ provedores de d ad o s” . U m a v e z coletados, m etadados de d o cu m e n
tos eletrônicos de diferentes provedores de dados podem ser “ reutilizados” ,
por exemplo, agregados num a base de dados única, p erm itindo realizar
uma busca unificada a esta base co m o se tivesse sendo feita aos diferen
tes provedores de dados sim ultaneam en te. O s m etadados são coletad os
segundo o padrão Dublin Core. A seguir é m ostrad o o diálogo entre os
programas: harvest do provedor de serviços e servidor O A I- PM H : o p ro
grama harvest solicita m etadados de determ inado d ocu m en to, recebe
como respostas estes m etadados, segundo o padrão Dublin Core e c o d i
ficados em X M L :
hHp://orXiv.ora/ooi2?verb=GetRecord&identifier=ooi:arXiv:cs/
011201 7&metadafaPrefíx=oai_rl<-
107
U m a aplicação especial em X M L para a descrição de recursos W e b é
o RD F-R eso u rce Description Fram ework (http: //ww w . w 3 c . org/RDF/), ta m
bém um padrão W 3 C . En q u a n to X M L é um a linguagem genérica para a
descrição da estruturação de d o cu m en to s eletrônicos, RD F é específica
para criar m etadados com a finalidade de localizar e identificar recursos.
RD F usa X M L dentro de um esquem a m ais estruturado. Baseia-se na c o n
cepção de que um recurso W e b possui propriedades (por exem plo, seu
autor, seu títu lo, seu idiom a) e que cada um a destas propriedades possui
um va lo r ( “Jo ã o da S ilv a ” , “ M in h a v id a ” , “ p o rtu g u ês” ). O valor de um a
propriedade pode ser ou tro recurso, por exem plo, o v a lo r de a u to r pode
ser o endereço de sua página W e b . U m exem plo é m ostrado a seguir
108
tíficos este vo cab u lário poderia ser o Dublin Core, conform e v is to em
Beckett (2002).
5. C o n c lu s õ e s
De forma acelerada, m ais e m ais p rod utos da cultura hum ana passam
a ser publicados e distribuídos diretam en te em m eio digital através da
W e b , pois esta proporciona alcance, rapidez, baixo cu sto e interatividade.
A W e b vem se to rn a n d o algo com o um a única e im ensa biblioteca digi
tal. U m recurso inform acional, com esta dim ensão, é único na história da
cultura hum ana. N o ssas responsabilidades, com o profissionais de infor
mação, para a gestão e o uso com u m destes recursos tam b ém assum em
uma dim ensão mais am pla.
Mais e mais se torna prem ente facilitar a recuperação destes recursos
para que eles possam ser utilizados. A W e b vem tendo um crescim ento ao
mesmo tem po acelerado e caótico, e a ordenação deste crescim ento, o uso
de padrões que facilitem a recuperação e viabilizem o uso das inform ações
disponíveis tem sido um a preocupação constante. O uso de m etadados
pelas mais diferentes com unidades da W e b se insere neste contexto.
Dublin Core é o m ais o mais específico para inform ações bibliográfi
cas. O u tro s padrões de m etadados b astan te usados em o u tras áreas
especializadas são os seguintes:.
109
docum ents/pdf/CCSDS-650. 0-B-1. pdf
• M e ta d a d o s sobre d ire ito s a u to ra is - p ro ject R o M E O , h tt p : //
w w w . lboro. a c . uk/projects/romeo/index. htm l
110
lizarem tarefas que dem andem con h ecim ento, raciocínio, dedução. Espe
ra-se, desta forma, que estes program as possam ser m uito m ais co o p e
rativos e úteis, facilitando a vida dos usuários h um anos, antecipando-se
a suas necessidades, aprendendo, com o tem po, os hábitos e n ecessid a
des de seus usuários. Espera-se com isso cam inh ar para a realização da
proposta do idealizador da W e b sem ântica, Tim Berners-Lee (2 0 0 1), que
nos é m uito familiar, lem brando a proposta do M u n d an eu m de Paul O tle t:
"A W e b sem ântica não é m eram ente a ferram enta para con d u zir tarefas
individuais que nós tem o s discutido até aqui. M ais que isso, se ad eq ua
damente planejada, A W e b sem ântica pode apoiar a evolu ção do c o n h e
cim ento h um ano com o um to d o ” .
111
N o ta s
R e f e r ê n c ia s
112
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113
LuísFemando Sayao'
I. A e ra d o e s q u e c im e n to
' Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. Centro de Informações Nucleares - CIN
lsayao@cnen.gov.br
co de arm azenam ento e, sobretudo, pelos extraordinários ganhos de p ro
dutividade e eficiência proporcionados pela otim ização dos fluxos de tra
b a lh o . Is t o s e m f a la r n a s f a c ilid a d e s d e a c e s s o a o s e s t o q u e s
inform acionais. públicos e privados, que, por si só, são um fenôm eno
n ovo e sem precedentes, com o tam b ém é a sua outra face: a facilidade de
produção, edição, publicação, integração e distribuição de inform ação em
form atos digitais pelos m eandros das redes de com p u tad ores m undiais.
D entro desse con tex to de incertezas, talvez não haja desafio m aior
para os bibliotecários, arquivistas e dem ais profissionais de inform ação e
co n h ecim en to , neste com eço de século, do que garantir m eios de acesso
à in fo rm a çã o d ig ita l às fu tu ras g e raçõ es, para q ue elas n ão sejam
am eaçadas ou sofram os efeitos de algo catastrófico co m o uma era do
esq u ecim en to . A q u estão essencial que se coloca para a sociedade da
inform ação pode bem ser com o salvar a nossa m em ória digital '.
N ão é necessário dizer que grande parte da informação produzida hoje já
nasce digital, e as que estão em suportes convencionais estão rapidamente
sendo convertidas para formas digitais: o que é preciso enfatizar é que, ape
sar dessa tendência avassaladora e irreversível, não há em contrapartida es
tratégias consolidadas para garantir o acesso de longo prazo às informações
digitais de valor contínuo. M uitas informações consideradas tesouros digi
tais pela U nesco29já foram irremediavelmente perdidas, com o foi, por exem
plo, a prim eira m ensagem e le trô n ica e n viad a por c ie n tis ta s do MIT,
M assachusetts Institute of Technology, em 1964 '• A nossa com pulsão em
produzir informações digitais é infinitam ente superior à nossa capacidade de
preservar o acesso a elas. N ão obstante, o que a hum anidade deseja, sem
talvez dar conta da dim ensão do problema, é garantir que a herança cultural,
histórica, científica e econômica, expressa através de informação digital, possa
no futuro ser acessada por m eio dos recursos tecnológicos disponíveis na
época, de maneira íntegra, e que essa informação tenha a garantia tam bém de
sua autenticidade e confiabilidade - o seu valor de prova.
O maior problema da preservação digital é que a tecnologia digital, em
com paração com a impressão tradicional, é um suporte extremamente frágil e
instável. A longevidade dos materiais digitais está ameaçada pela vida curta
das mídias digitais, pela obsolescência rápida dos equipamentos de informática,
dos softwares e dos formatos. O tem po cada vez mais curto entre a inovação
e a obsolescência tecnológica nas áreas de tecnologia da informação constitui
116
uma ameaça cada vez mais contundente à longevidade dos objetos do reino
digital. Isto acontece principalmente porque a rápida obsolescência é a chave
da sobrevivência empresarial num mercado altamente competitivo.
Entretanto, o im p acto da curta longevidade dos m ateriais codificados
digitalmente não está circu n scrito som ente aos sistem as de inform ações
formais - arquivos e bibliotecas digitais -, ou à consciência histórica e à
memória coletiva das organizações e dos seres hum anos. Ele tem ou tro s
desdobram entos, com o o ilustrado pela seguinte questão: com o podere
mos lançar para um futuro d istan te m ensagens suficientem ente d u ra
douras, alertando sobre depósitos de rejeitos radioativos form ados por
substâncias cuja meia-vida pode alcançar m ilhares de anos, com o um
dos isótopos do plu tônio, o 239, que tem meia-vida de 24 mil anos?
Imagine o que aconteceria, se a docum entação sobre uma falha em um
reator nuclear m isteriosam ente desaparecesse. Este foi o problema com que
a Ontário Hydro 2 se deparou quando, no início de 1990, verificou que os
registros digitais sobre a falha num com ponente não podiam ser recupera-,
dos. M uitos casos exemplares são repetidamente relatados pela literatura
sobre a perda irreversível ou sobre o alto custo de recuperação de registros
exclusivamente digitais de im portância reconhecida, causados por práticas
e p olíticas-o u ausência de políticas - equivocadas de gestão de repositórios
digitais. São m uitos os exemplos, mas entre os casos clássicos está o do
censo am ericano de 1960, cujos dados foram arm azenados em fitas que 16
anos depois só duas m áquinas no m undo podiam ler, uma no Jap ão e outra
guardada com o peça de m useu no Sm ithsonian Institu tion . 3 U m a operação
de salvamento heróica e custosa recuperou a m aior parte dos dados, mas
não tudo (dizem que hoje se sabe mais sobre o censo americano de 1860 do
que o de 19 6 0 )4. O Brasil tam bém está bem representado: observações da
Amazônia feitas por satélite na década de 1970 estão para sempre perdi
das14. Essas inform ações foram perdidas por causa da o b so lescên cia
tecnológica: o hardw are e/ou software, usados para acessar ou ler os regis
tros não estão mais disponíveis e a tecnologia atual não é com patível.
Deve ficar claro que o desafio de assegurar o acesso de longo prazo a
informações armazenadas digitalm ente coloca o profissional de informação
diante de um problema de grande complexidade, posto que as questões
envolvidas não se limitam ao dom ínio puram ente tecnológico, o que já seria
uma tarefa hercúlea. A gestão de informações digitais, devido principalmen-
117
te à sua transcendência tem poral e à sua dependência aos com prom issos de
longo prazo, envolve ainda questões adm inistrativas, legais, políticas, eco
nôm icas e financeiras e, sobretudo, questões referentes à representação das
informações via m etadados para acesso e gestão da preservação. Tudo isso,
somado, coloca a preservação digital na classe dos problemas de natureza
complexa. E exatam ente disso que vam os tratar neste texto.
2 . B ib lio t e c a s d ig it a is e a p r e s e r v a ç ã o d ig it a l
118
tal têm a responsabilidade inicial de assegurar a preservação de longo
prazo e, conseqüentem ente, a plena acessibilidade a esses m ateriais, posto
que as condições para a criação de inform ação digital e para a atribuição
de usabilidade a elas são essencialm ente as m esm as requeridas para que
elas perdurem. Há um con sen so claro de que, à medida que os criadores/
disseminadores/ proprietários de inform ação digital aceitam a resp on sa
bilidade inicial de arquivarem seus objetos digitais, terão tam b ém de in
corporar preservação digital nos seus processos 6.
Dentro desse contexto, as bibliotecas digitais se torn am cada vez
mais um elo im portan te na perenização dos estoques de inform ação dig i
tal, as quais co n stitu e m testem u n h o s das atividades da organização ou
sistema de organizações na qual essas bibliotecas estão inseridas. U m
exemplo concreto disso são as redes de bibliotecas de teses e d isserta
ções, cujos acervos digitais distrib uídos em rede são o te ste m u n h o das
atividades acadêm icas e de pesquisa de um a universidade, de um país ou
de uma região 7-8. G eneralizando um grau a mais, pode-se verificar que
cada vez mais in stitu içõ es não-arquivísticas são obrigadas a assum ir a
custódia de estoques inform acionais digitais de caráter arquivístico, fato
já reconhecido pelos especialistas da área de arquivologia, ta n to é que a
norma IS O /O A IS 9 é dirigida tam b ém - e especialm ente - para in s titu i
ções não-arquivísticas, d eten to ras de responsabilidade co m o geradora,
provedora ou cu sto d ian te, de inform ação digital.
A s bibliotecas digitais sem pre estiveram imersas em problem as de
origem bem diversificada 7 - técn ico s, gerenciais e eco n ô m ico s - tais
como banco de dados, arm azen am en to de massa, interoperabilidade,
metadados, protocolos e padrões, direitos autorais e m odelos de c u sto -
e só agora, reconhecida a gravidade da q u estão e as responsabilidades de
quem detém acervos digitais, vo lta m sua atenção para o problem a de
preservação digital e para o seu escopo tam b ém interdisciplinar e m uitas
vezes coincid ente com os seus antigos problem as.
3. P r e s e r v a ç ã o d ig it a l - c o m p le x id a d e e p a ra d o x o
119
a forma original ou a função do objeto de forma que seja asseguradas sua
autenticidade e acessibilidade" l0-Além do mais, as estratégias de preser
vação devem ter uma am plitude tal que incorporem vários outros aspectos,
incluindo custo-benefício, restrições legais e requisitos de acesso para o
usuário-final. O próprio sentido conceituai de preservação, no contexto da
inform ação digital, está imerso em um paradoxo: tradicionalm ente preser
var algo significa mantê-lo im utável e intacto; entretanto, no am biente di
gital, preservar significa, na maioria dos casos, mudar, recriar, renovar: mudar
form atos, renovar mídias, hardw are e software. Por um lado, queremos
manter a informação intacta, com o ela foi criada; por outro, queremos acessá-
la dinam icam ente e com as mais avançadas ferramentas 5.
A longevidade da inform ação, finalm ente, torna-se um problem a im
portante e de interesse de m uitas disciplinas, não som ente da arquivologia
e da biblioteconom ia. Cada grupo com percepção, interesses e ab ord a
gens diferentes em relação à longevidade dos docum entos digitais. Exis
tem hoje num erosas iniciativas internacionais cuidando dessa questão.
En tretanto, a variedade de soluções não tem im plicado ab solu tam en te
um corpo de con h ecim en tos plenam ente consolidados.
É de se esperar, portanto, que se tenham abordagens variadas de e s
tratégias para a preservação digital. Elas vão desde a criação de m useus
tecnológicos, onde equipam entos e program as são depositados e m a n ti
dos; passando pelo desen volvim ento de programas em uladores de e q u i
p am entos antigos, que perm item - em tese - processar softwares o b so
letos em qualquer com p u tad o r do futuro; passando ainda pela m igração,
que se baseia no princípio de que os objetos digitais podem acom panhar
a tecnologia por meio de atualização de mídias e form atos; chegando a
um a abordagem que co n stitu i uma autêntica regressão tecnológica: pas
sar o m aterial digital para meios mais estáveis - e analógicos -, com o
papel ou m icrofilm e. A despeito da perda total dos atributos digitais, tais
co m o hipertextualidade, som , m ovim ento e distribuição em rede, esta é
p rovavelm ente a estratégia mais usada pelas organizações e pelas p esso
as (ou você, leitor, nunca im prim iu um a foto digital achando que esta é
m elhor m aneira de preservá-la? ).
N en hu m a dessas estratégias tom ada isoladam ente é capaz de solu ci
onar o espectro am plo de problem as decorrentes da fragilidade dos m ate
riais digitais e de suas inúm eras dependências. Além do mais, a escolha
120
das estratégias é som ente uma das facetas do problema de preservação
do acesso aos d ocu m en tos digitais. Temos que considerar ainda outras
variáveis, com o os aspectos tecnológicos decorrentes do uso intensivo de
tecnologia da inform ação - hardw are, software, arm azenam ento de m as
sa, tecnologia W e b , protocolos, normas etc.; os aspectos organizacionais,
gerenciais, sociais, legais e jurídicos - g e s tã o , planejam ento, direitos au
to ra is , a u te n tic id a d e , le g is la ç ã o e tc .; a s p e c to s e c o n ô m ic o s , c u jo
equacio nam ento ainda está nos primeiros passos - m odelo de custo, m o
d e lo de n e g ó c io e tc .; e p rin c ip a lm e n te os a s p e c to s p e rtin e n te s à
arquivologia e à ciência da inform ação. Essas diversas facetas interagem
entre si p actuand o com prom issos de longo prazo, aum entando o núm ero
de variáveis do problem a e colocando a preservação digital na classe dos
problem as com plexos. C oncorre para isso a própria essência complexa
dos objetos digitais inform acionais, com o será visto a seguir.
O que se espera da preservação digital é, em últim a análise, preservar
o con teú do intelectual de um objeto digital. Entretanto, a noção de c o n
teúdo no m undo digital é estratificada e complexa. N o m undo analógico,
os d ocu m en tos encerram em único suporte todos os seus atributos de
forma m onolítica: a presença física, o layout, o form ato, o con teú d o e o
suporte são elem entos virtu alm en te inseparáveis, com o é o caso de um
livro convencional. Todo processam ento acontece na cabeça do leitor, e
quando o livro é preservado, todos os aspectos do livro são igualm ente
preservados. Em contraste, os objetos digitais são facilm ente d ecom pos
tos em elem entos individuais, o que im plica um esforço adicional - e sig
nificativo - para identificar quais elem entos devem ser preservados para
garantir que o objeto digital seja preservado com o um todo. Bullock 11
identifica um co n ju n to de aspectos, enfatizando que as estratégias de pre
servação devem garantir que o maior núm ero tecnicam ente possível deles
persista no tem po, quais sejam: lim ites do objeto digital; presença física -
ou seja, a sua cadeia de bits: conteúdo - no seu nível mais baixo com o um
arquivo A S C II; apresentação; funcionalidades; autenticidade; localização
e referência do objeto no tem po; proveniência - origem e cadeia de c u s tó
dia; e contexto - relacionam entos e dependências de hard w are e software.
Parece claro que o objetivo da preservação digital não é preservar os
objetos digitais tão som ente com o artefatos físicos, independentem ente
da sua usabilidade, p osto que para tal bastaria a guarda em am biente
121
con tro lad o das m ídias que dão suporte a esses objetos. A preservação
no universo digital tem pouca relação com a longevidade de discos ó t i
cos, fitas m agnéticas e ou tros m eios de armazenagem (bem guardado, o
m eu C D de m úsica pode durar 100 anos, mas daqui a 25 anos haverá
aparato para tocá-lo? ). Hoje não há dúvida que o santo graal da preserva
ção digital é a preservação do acesso con tínu o ao conteúdo intelectual
dos d ocu m en tos digitais, e que a viabilidade das bibliotecas e arquivos
digitais depende fortem ente da expectativa de vida dos sistem as de aces
so - um elo tão resistente q u an to o seu mais frágil com p onente l2. N o
m un do analógico - do papel e do microfilme - a preservação e o acesso
são atividades relacionadas, porém distintas e m uitas vezes antagônicas;
no m undo digital a preservação e acesso são indissociáveis - a p reserva
ção digital se confunde com a própria preservação do acesso.
Conclui-se, portanto, que para m anter os objetos digitais perenem ente
acessíveis para uso, requer-se algo mais do que preservar sim plesm ente
o artefato físico, é necessário considerar tam bém várias outras d im en
sões que o problem a apresenta: I) a preservação física, cujo foco está na
preservação das mídias e na sua renovação quando se fizer necessário; 2)
a preservação lógica, que tem com o foco os form atos e a dependência de
h ard w are e software que m antenham legíveis e interpretáveis a cadeia de
b its; 3) preservação intelectual, que tem com o foco o conteúdo in te le ctu
al e sua autenticidade e integridade; 4) é im portante ainda considerar a
preservação do aparato - na forma de m etadados - necessário para lo ca
lizar, recuperar e representar a inform ação digital; 5) assim com o proce
der ao m onitoram ento e à instrum entalização da com unidade-alvo, aud i
ência para o qual a inform ação de forma privilegiada se dirige, no sentid o
de garantir que ele possa com preender plenam ente a inform ação no m o
m ento do seu acesso . 13
O s processos de preservação de informação digital variam enorm em ente
em função dos diferentes tipos de objetos a serem preservados - texto,
imagem, dados numéricos, vídeo, som, multimídia etc. Não im portando a
natureza do objeto digital, o objetivo fundamental é preservar a integridade
do objeto, isto é, as suas características de objeto único e singular. Saber
com o se preserva, em term os operacionais objetos, codificados digital
mente, ou m esm o outros tipos de objetos, depende fortemente da capaci
dade de discriminar as características essenciais do que precisa ser preser
122
vado. A integridade de objetos inform acionais digitais não depende so
m ente do objeto em si, mas está tam bém vinculada aos diversos tipos de
atributos que eles vão incorporando durante o curso de sua vida, bem com o
os interesses dos diversos atores envolvidos. Tudo isso som ado é que fi
nalm ente lhes confere identidade distinta e singularidade l4.
Dois docum entos têm im portância fundam ental na formalização e na
conceitualização do problema da preservação dos objetos digitais e ta m
bém no estabelecim ento de um elenco de inform ações necessárias para
instruir os processos de preservação. São eles: o relatório Preserving Digi
tal Inform ation 14e a norma O pen Archival Inform ation System (O A I S ) 9.
Preserving Digital Inform ation, relatório produzido peloTask Force on
A rch ivin g o f Digital Inform ation em 1966, no âm bito da C om m ission on
Preservation and A ccess (C P A ) e do Research Libraries G roup (R L G ) e s
tabelece que “ no am biente digital, as características que determ inam a
integridade da inform ação e m erecem atenção especial para propósitos
arquivísticos são as seguintes: con teú d o , perm anência, referência, p ro
veniên cia e co n te x to ” .
123
para dar suporte à preservação digital. Essas informações são divididas em
quatro diferentes grupos fortemente baseados nos conceitos já estabeleci
dos pelo Relatório da CPA/RLG - informação de referência, informação de
contexto, informação de proveniência e informação de permanência.
C o n te ú d o - Conform e já enfatizado, o objeto da preservação digital é o
conteúdo, isto é, a substância intelectual contida nos objetos informacionais.
N o entanto, a noção de conteúdo é em si uma idéia complexa que opera em
níveis distintos de abstração. O s objetos do reino digital precisam, para pre
servar a sua integridade, que se considere em que nível de abstração está
definido o seu conteúdo inform acionall4. A natureza digital de uma informa
ção é dada pela forma com o ela é armazenada: seqüências de 0 ' s e I 's , isto
é, cadeias de bits (bitstream). Podemos, portanto, concluir que a forma mais
básica de preservar a integridade de um objeto informacional é preservar a
configuração de bits que o definem com o objeto único. Mas esta estratégia é
simplista demais e pouco útil, pois, “ um arquivo, formado por cadeia de bits,
não é um docum ento propriamente dito, ele simplesmente descreve um d o
cum ento que se concretiza quando o arquivo é interpretado pelo software
que o produziu. Sem esse software (ou um equivalente), o arquivo é um d o
cum ento criptografado através do seu próprio código” l6. Recuperada uma
cadeia de bits, ela pode representar uma infinidade de coisas - de um a se
qüência de inteiros a um arranjo de pontos de uma imagem, e deve, portanto,
ter o seu significado interpretado. A maioria dos arquivos contém inform a
ções cujo significado só pode ser explicitado pelo software que os criou. Essa
interpretação é fortemente dependente de formatos, códigos e estruturas -
que não podem ser explicitamente representadas na cadeia de bits - e que
são tratados por software e hardware específicos, que por sua vez estão
sujeitos a um ciclo de obsolescência cada vez mais rápido. Estas dependên
cias é que impõem as mais graves dificuldades na gestão da integridade da
informação digital, pois pressupõem níveis sofisticados de controles14' l6.
Portan to, para se com preender um docum ento é necessário conhecer
o significado do seu con teú d o na linguagem para o qual ele foi construído.
N o caso de um docu m en to digital, essa linguagem é um program a de
com putador. D ependendo da complexidade de um dado d o cu m en to digi
tal, pode-se extrair o seu conteúdo através de um softw are que não o
original, com perdas de vários níveis. U m bom exemplo são os editores
de texto que, via de regra, disponibilizam m ecanism os para con verter
124
d ocu m en to s em form atos co m u n s de intercâm bio, porém o uso de tais
m ecanism os freqüentem ente resulta em perdas e execução inadequadas
em term os de estrutura, layout e funcionalidades.
O RLG 14estabelece que, no mais alto nível de abstração, os arquivos
definem os seus co n teú d o s de forma que transcendam os lim ites de
h ard w are e softw are necessários para a leitura e interpretação dos bits de
um o b jeto inform acional e tam bém para executá-lo segundo form atos e
representações estruturais específicas; isto é, os arquivos devem definir
o co n teú d o em term os do co n h ecim en to e idéias que o objeto contém .
Portan to - ao m enos por essa ótica, o desafio da preservação digital é
fazer as conversões necessárias para a preservação do con teú d o in te le c
tual usando algoritm os padronizados de intercâm bio e o u tras estratégias
apropriadas, de forma que as idéias presentes no final sejam idênticas às
con tid as no objeto original.
P e r m a n ê n c ia (F ix it y )
125
inform acional de um objeto digital não sofreu alterações não d o cu m e n ta
das; ela se refere a qualquer inform ação que docum enta m ecanism os de
au ten ticação em uso em um dado repositório.
R e f e r ê n c ia
Para que um objeto m antenha sua integridade e as características que
o identificam com o um objeto único e singular, é necessário tam bém que
se possa localizá-lo de forma definitiva e confiável entre outros o b jeto s
ao longo do tem po. Isto nos indica que é necessário que o co n teú d o
inform acional seja, de algum m odo, identificado e d escrito14. Portan to,
um m eio con sisten te de referência a um objeto inform acional co n stitu i
um aspecto im portante no processo de preservação digital. Parte deste
problem a geral - identificar e corretam ente referenciar objetos digitais -
con siste no problem a específico de resolução de nom es e localização,
que é objeto de iniciativas im portantes, principalm ente no âm bito W o r ld
W id e W e b C osortiu m - W 3 C (h ttp : //www. w 3 c . org) - entidade resp on
sável pelo ord enam ento da Internet.
• O m étod o mais usado para indicar a localização de um objeto digital
no m un do W e b é a Uniform Resource Locator (U R L ). Ela se refere a um
lugar ond e o objeto reside, mais especificam ente, em que com p u tad o r
servidor ele está arm azenado e disponível para acesso. A debilidade da
U R L é que ela varia com m uita freqüência, especialm ente quando o o b je
to migra de uma m áquina para outra. O u tros m étodos mais robustos têm
sido testad o s pela W 3 C e por outras organizações: Uniform Resource
N am e ( U R N ) '7, que estabelece um nom e único e perm anente para cada
objeto; Persistente U R L (P U R L )18 e Digital O b ject Identifier (D O I)19.
Inform ação de Referência, nos termos do O A IS 9, descreve sistem as de
identificação e mecanismos que permitem assinalar identificadores, usados
para identificar univocamente o conteúdo informacional, tanto interna com o
externamente, em relação ao sistema de arquivos onde ele se encontra ar
mazenado. Dessa forma, a Informação de Referência tam bém permite que
sistemas externos façam referência a este conteúdo informacional particu
lar, o que sugere duas principais funções para a informação de referência:
em primeiro lugar ela deve identificar o conteúdo informacional localm ente
- ou seja. dentro do sistema de arquivo que ele reside; em seguida ela deve
identificar o conteúdo informacional globalmente, isto é, para um sistem a
126
externo ao s iste m a de a rq u ivo onde e stá a rm a ze n a d o o co n te ú d o
informacional. U m bom exemplo para esta função dupla da informação de
referência é a catalogação de um livro que é identificado dentro do contexto
de sua coleção, via núm ero de cham ada e no contexto global - do universo
de livros - por uma agência externa via seu ISBN , ou pelo Digital O bject
Identifier (D O I). U m nível intermediário de identificação pode ser observa
do no contexto da catalogação cooperativa, por exemplo, por um núm ero
O C LC . A informação de referência pode tam bém ser usada para armazenar
informações descritivas que podem ser usadas por usuários para descobri
m ento de recursos. N esse sentido, muitas iniciativas em arquivos digitais
estenderam a definição de informação de referência para incluir também dados
descritivos. O O A IS observa que no contexto das bibliotecas digitais, infor
mações de referência podem tam bém incluir descrição bibliográfica.
P r o v e n iê n c ia
127
origem - criação, transferência de propriedade, migração de form atos;
inclui tam bém inform ações sobre a cadeia de custódia, isto é, quem tem
tid o sua custódia desde que ele foi originado. A inform ação de procedên
cia pode registrar ainda inform ações sobre propriedade intelectual, per
m issão de acesso, depósito legal, dentro do escopo da gestão de acesso
do co n teú d o inform acional.
C o n te x to
128
nism os de preservação con tem plem não som ente o ob jeto isoladam ente,
mas tam bém seus links. U m a Homepage, por exemplo, para ter a sua in te
gridade preservada, deve ser preservada em con ju n to com seus links e
com ou tros objetos.
4. A s e s t r a t é g ia s d e p r e s e r v a ç ã o d ig it a l
129
outras são experim entais e estão ainda nas bancadas dos laboratórios ou
ainda em patam ares bastan te teóricos.
De forma geral, a com unidade envolvida no problema de preservação
digital foi capaz de desenvolver m étodos efetivos para a preservação do
con teú d o inform acional de m ateriais digitais, cujos form atos e e s tru tu
ras são bem conhecidos e mais simples, mas falha ou obtém resultados
pífios para m ateriais m ais com plexos e dinâm icos, ou para os que c o n s
titu em form as novas ou em ergentes de docum entos e que expressam a
inovação no uso da tecnologia digital.
Por mais surpreendente que seja, uma das estratégias mais com um ente
usadas no afã de se con servar o conteúdo intelectual de d ocu m en tos
digitais é fixá-lo em suportes analógicos, m esm o tendo-se em co n ta as
perdas óbvias dos seus atributos digitais, tais com o apresentação, fu n cio
nalidades, distribuição em rede, hipertextualidade e hiperm ídia. A forma
mais elem entar de se fazer isto é imprimir os docum entos digitais em
papel, que é ainda m ais longevo que os equivalentes digitais, ou m elhor
ainda, fixá-los em m icrofilm e, onde a estabilidade e valor de prova p od e
rão estar garantidos por séculos. Papel e m icrofilme são mais estáveis
que a maioria das mídias digitais e não necessitam de software e h ard w are
especiais para recuperar os seus conteúdos.
Explorando esse m esm o cam inho, novos produtos com erciais são lan
çados tendo por base gravações analógicas. Este é o caso do “ H D R o se tta ”
22 que prom ete aos seus clientes mil anos de duração para as páginas
gravadas em suas placas de metal e recuperadas com auxílio de m icro s
cópios ó tico s ou eletrônicos. Estas soluções con stituem verdadeiras re
gressões tecnológicas, à medida que se valem de suportes tecn o lo g ica
m ente ultrapassados para garantir um futuro cujo lim ite não podem os
avaliar, - a preservação de artefatos digitais.
Ainda seguindo a estratégia de regressão tecnológica, se pode conver
ter os docum entos para formas digitais mais simplificadas, tais com o texto
puro - form ato A S C II; dessa forma, m inim izando a exigência de softwares
de recuperação sofisticados, podem atravessar sucessivas gerações de
tecnologia. Pode-se ainda transformá-los em imagens em form ato digital -
form atos PDF, Tl FF, JP E G etc. - a partir de docum entos digitais originais.
Para am bos os casos persistem, todavia, os problemas de preservação di
gital dos objetos resultante das conversões, e somam-se ainda as perdas
13 0
severas dos atributos inerentes aos docum entos digitais, principalm ente
no caso dos docum entos com características m ultim ídias ou formatos mais
complexos. Entretanto, estas são estratégias de baixo cu sto e especial
mente viáveis pela sua facilidade e universalidade, para o caso em que reter
o conteúdo é o mais im portante, e que outras funcionalidades presentes -
exibição, indexação, características com putacionais etc. - não são críticas.
O fato real é que enqu anto perdurar a carência de estratégias de preserva
ção mais robustas, consolidadas e de custo-benefício favorável, a im pres
são em papel, microfilme ou em outros dispositivos analógicos, bem com o
a conversão para form atos mais simples permanecerão com o as únicas
estratégias viáveis para m uitas pessoas e organizações l4 23-24
C on siderand o que uma cadeia de bits faz parte da cam ada mais ele
m entar dotada de um significado intencional de um ob jeto digital, pode
se supor, a princípio, que o requisito básico para a preservação digital é
assegurar que esta cadeia de bits estará para sem pre arm azenada de m a
neira íntegra num m eio estável. Pode se supor ainda que se este m eio se
d eteriora ou se to rn a o b s o le to antes q u e a in fo rm ação ten h a sido
transferida para o u tra mídia, a inform ação estará perdida e portanto, a
preservação digital está circunscrita à cópia da inform ação digital para
uma nova mídia, antes que a inform ação arm azenada na mídia atual se
torne obsoleta e não possa ser mais acessada.
A realidade, porém, m ostra que a preservação digital é algo mais c o m
plexo do que a sim ples cópia para uma mídia mais atualizada. Isto é n e
cessário, mas raram ente suficiente com o estratégia única de preservação
digital e com o garantia de que a inform ação possa ser recuperada e p ro
cessada com a tecnologia disponível no futuro. O acesso e interpretação
de um a cadeia de bits requerem estruturas gerenciais e tecnológicas s o
fisticadas e m etainform ações que orientem a extração do seu significado
e a com preensão plena, a qualquer m om ento, pela com unidade-alvo para
a qual o objeto foi originalm ente produzido. ..
P a d rõ e s
131
m ente disponível, e que tem o desenvolvim ento baseado em processos
consensuais envolvendo as várias partes interessadas. N um a visão o tim is
ta, os padrões abertos permitem que os docum entos digitais sejam repre
sentados em form atos mais duradouros e estáveis, dessa forma reduzindo
a velocidade do ciclo de obsolescência dos objetos digitais. São os padrões
que formam as bases de funcionam ento das bibliotecas digitais, e que to r
nam possíveis m uitas de suas funcionalidades essenciais, com o por exem
plo, a interoperabilidade entre sistem as e intercâmbio autom ático de infor
m ações28. A aplicação de padrões na preservação digital - na codificação,
nos form atos e nos esquemas de representação - torna os processos de
preservação digital mais fáceis, m enos freqüentes e mais baratos, à medida
que reduzem a grande variedade de processos de preservação custom izados,
que são decorrentes da m ultiplicidade de formatos em que se traduzem os
objetos digitais não padronizados. Idealmente a padronização deve prece
der a própria criação do objeto da preservação14-23 24.
Esta abordagem se baseia no pressuposto de que produtos da in d ú s
tria de tecnologia da inform ação - h ardw are, software e mídias - que são
aderentes com padrões largam ente utilizados, estão mais difundidos no
m ercado e são, p ortanto, m enos v o lá t e is 23.
E necessário enfatizar que os padrões de uso corrente, via de regra,
não foram planejados especificam ente para a preservação digital e talvez
por isso não funcionem tão bem, mas facilitam a com unicação e a ação
m útua entre os vários dom ínios - conceituais, tecnológicos, representa
cionais etc. - que concorrem para a preservação digital e são con sid era
dos essenciais para tal. N um a primeira análise, podem os diferenciar as
seguintes classes de padrões de interesse 25:
132
descrever o conteúdo, o contexto tecnológico, a proveniência e o signi
ficado, perm itindo a recuperação e a interpretação futura dos docu m en
tos digitais. O conjunto de m etadados preconizados pelo O A IS para
preservação, Dublin Core, M A R C e IS A D (G ) são alguns exemplos.
133
Existe, portanto, um co n sen so claro entre os especialistas da área de
que a preservação digital pode ser realm ente facilitada com a adoção de
alguns procedim entos que incluem : I) a definição de um con ju n to lim ita
do e gerenciável de padrões, preferencialm ente abertos e/ou de am pla
aceitação e de uso corrente: 2) a aplicação desses padrões na criação de
n ovos objetos digitais, ou na conversão de docum entos analógicos para
form atos digitais; 3) o acom p an h am en to da obsolescência dos padrões
desse co n ju n to e o m on ito ram ento do surgim ento de novos padrões; 4) a
m igração para os novos padrões tão logo eles estejam consolidados
Portanto, o uso de padrões será de grande utilidade se houver co n sen
so entre os vários atores envolvidos na questão da preservação digital s o
bre que conjuntos de padrões são potencialm ente eficazes para determ ina
dos tipos de materiais digitais; se a indústria de T.l. tornar prontam ente
disponíveis produtos e ferramentas de software que estejam em conform i
dade ou dêem sustentação a esses conjuntos de padrões; e ainda se os
gestores de arquivos e bibliotecas digitais puderem exigir aderência aos
padrões com o condição para inclusão de docum entos nesses repositórios.
As a b o r d a g e n s d e p r e s e r v a ç ã o d ig it a l
134
ao o b jeto digital é agrupado fisicam ente ou logicam ente, sendo então
preservado, incluindo inform ações que são expressas por m etadados.
M ig ra ç ã o
135
essas características, a migração preserva potencialm ente o conteúdo de
um objeto digital; entretanto, ela pode não ser capaz de preservar algumas
das funcionalidades mais complexas, com o por exemplo, as propriedades
m ultim ídias e o contexto - links e outros relacionam entos - do objeto
digital. E mais: migrações sucessivas podem eventualm ente levar a perdas
severas e inaceitáveis; a idéia básica, portanto, é m inim izar essas perdas e
reter o conteúdo num a forma mais usável possível "■l4-24-
A s estratégias de migração e os seus custos associados variam conside
ravelmente, posto que são fortemente dependentes da sustentação tecnológica
do material digital a ser preservado, da diversidade de formatos, do grau de
complexidade dos atributos de exibição e das facilidades de acesso e recupe
ração que se deseja mantida através do tempo. O que se observa é que os
procedimentos de migração aplicados a informações digitais assentada em
arquivos de dados mais simples estão bem estabelecidos e em funcionam en
to operacional, mas as soluções para objetos digitais mais complexos, só
agora estão nas primeiras etapas do seu encam inham ento pela com unidade
envolvida com os problemas da preservação digital. Essas soluções exigem
ainda um grande esforço de pesquisa e interdisciplinaridade; de estudos de
viabilidade técnica, econômica, legal e gerencial; de análises com parativas e
de avaliação sobre as melhores práticas l4.
O s pesquisadores da área vem estabelecendo taxonom ias para as d i
ferentes abordagens da migração, baseadas principalm ente na medida da
intervenção da m igração sobre o objeto digital, m ais precisam ente, no
grau de transform ação que sofre a cadeia de bits original do objeto digital
subm etida a um determ inado processo de migração. A lg u n s autores c o n
sideram tam bém para fins de classificação os efeitos sobre as fu n cio n ali
dades e look a n d feel do objeto original, e ainda fatores tais com o: risco
associado, esforço hum ano e com plexidade técnica envolvida l0. A nor
ma O A I S 9 identifica quatro tip os de migração, que têm ainda com o prin
cípio de divisão o grau de interferência da m igração sobre a integridade
da cadeia de bits. reju ven escim en to (refreshing); replicação, reempa-
co tam en to e transform ação. N o rejuvenescim ento, a mídia em vias de
deterioração é sim plesm ente substituída por outra, assegurando-se uma
cópia perfeita da cadeia de bits original; na replicação a cadeia de bits é
m antida, mas ocorrem m udanças nos m ecanism os de m apeam ento das
inform ações; e n q u a n to no reem pacotam ento a interferência ocorre ao ní
136
vel das m etainform ações de e m p aco tam ento do objeto, conform e defini
da pelo m odelo O A IS ; finalm ente na transform ação há uma real interfe
rência na cadeia de bits do objeto digital.
A ssim com o o uso de um pequeno núm ero de padrões evita que se
tenha que fazer um núm ero excessivo de m igrações custom izadas, além
de reduzir o ciclo tem poral de operações de m igração pelo alongam ento
da longevidade dos objetos digitais, a com patibilidade retrospectiva dos
softwares seria o u tro fator de im pacto p ositivo para a com unidade que se
interessa pela preservação digital. A com patibilidade retrospectiva per
mite que softwares atuais leiam dados de sistem as mais antigos sem
n ecessidade de reform atações su b sta n cia is e sem perdas de fu n c io
nalidades. O que se propõe é que com patibilidade retrospectiva faça par
te do elenco de facilidades padrão dos pacotes de software,
Em bora as estratégias de m igração venham rapidam ente se tornando
mais efetivas e mais consolidadas, fortalecidas pela experiência prática
adquirida pelas com unidades envolvidas com o problem a, e pelo aprendi
zado de com o selecionar m étodos mais efetivos e apropriados, a m igra
ção perm anece em grande escala experim ental e fornece um terreno fértil
para pesquisa e esforço de desenvolvim ento l4.C on tu d o, as fragilidades e
incertezas da m igração ficam mais evidentes à medida que crescem o v o
lume e a diversidade dos estoques digitais que necessitam de gestão para
a preservação de longo prazo. Q u an d o alguém assum e a responsabilida
de de preservar um objeto digital, pode ser difícil predizer quando a m i
gração será necessária, o que será requerido, quantas reformatações terão
que ser feitas, o qu an to de informação e funcionalidade será perdido, q u an
to a m igração irá custar, ou - o que é pior - se ela é p o s s ív e l23. O que se
tem certeza é que as operações de m igração, a cada ciclo, terão de ser
repetidas para cada um dos docum entos, m esm o que esses docum entos
sejam raram ente acessados e que cada form ato, cada aplicação, cada tip o
de docu m en to vá exigir uma operação específica, o que torna virtualm ente
im possível a adoção de m étodos autom atizados.
M as as críticas à m igração com o estratégia de preservação digital
não se esgotam no cam po da gestão e cu sto . A m igração envolve quase
sem pre interferência na cadeia de bits - exceto quando envo lve a sim ples
cópia da cadeia de bits original para uma nova mídia -, cujas im plicações
podem significar perdas severas de inform ação, de funcionalidades; in
137
tro d u ção de erros e m odificação na forma com o a inform ação é exibida
para o usuário. M igração é a cópia da cópia, da cópia que m antém o
acesso, mas não preserva os originais. Por fim, as técnicas de m igração
pod em n ão ser ca p a ze s de c o n v e rte r o b je to s co m p le x o s c o m o as
m ultim ídias e d ocu m en tos criados a partir de novos paradigm as té c n i
cos, cu ltu rais e artísticos 24.
P r e s e r v a ç ã o d a t e c n o lo g ia
Esta estratégia pressupõe que um m useu de equipam entos e progra
mas - plataforma de hardwares e periféricos, sistemas operacionais, driv ers
e o program a de aplicação original - podem ser preservados com a fin a
lidade de replicar no futuro a configuração necessária para recuperar um
objeto digital no seu am biente original l0.
A vantagem im ediata desse m étodo é que o objeto digital m antém
tod as as suas propriedades, aparência e com p o rtam en to originais, vis to
que será processado no seu am biente nativo. Há um certo grau de c o n
senso que esta pode ser a m elhor estratégia para certos objetos num
h orizonte tem poral curto, quando a migração não é possível. Porém, num
prazo mais longo ela se torna absolutam ente proibitiva em term os de
supo rte técnico, espaço e cu sto "•26.
E fácil com preender as dificuldades de m anter e gerenciar m useus
tecn ológicos, se pensarm os na velocidade em que gerações de h ard w are
e softw are se m ultiplicam e no cu sto - quando possível - de m anu ten ção
e assistência técnica; no problem a da docum entação e na deterioração
dos eq uipam entos, pois é im provável que as m áquinas funcionem indefi
nidam ente, considerando tão som ente que os próprios chips estão s u b
m etidos a decaim entos inerentes à sua natureza física.
A lé m do mais, é necessário com preender que os objetos digitais a n
tigos e os softwares aplicativos que os suportam raram ente poderão s o
breviver nas suas m ídias originais, e terão de ser copiados para m ídias
atualizadas, o que os im pede de serem lidos em seus equip am entos o ri
ginais. Isto im plica que interfaces entre cada m áquina antiga e n ovas
gerações de mídias deverão ser desenvolvidas 26.
Por últim o, os docum entos recuperados por essa estratégia têm o
acesso restrito aos m useus, perdendo os seus atributos de d istribuição
por rede.
138
E m u la ç ã o
139
de s e n v o lv im e n to de form atos p ad ro nizad os para a e sp ecificação de
h ard w are facilite no futuro essa tarefa l4.
A p esar das controvérsias, percebe-se um consenso em to rn o de al
gum as possibilidades im portantes da em ulação, dentre elas a possib ili
dade que oferece de m anter - pelo m enos a curto e m édio prazo - a
presença física do objeto digital e suas funcionalidades originais, que
pode ser crítica para alguns objetos e alguns usuários. A estratégia ta m
bém é potencialm ente útil para o caso em que a migração não é possível,
seja porque se desconhece o form ato do objeto, seja pela sua com plexi
dade, seja porque o recurso é fortem ente dependente de h ard w a re e
softw are particulares ou ainda porque não se pode convertê-lo para for
m atos independentes de softw are ia l4.
Pode-se argumentar também que emulação é mais “ econôm ica” do que a
migração - apesar de essa diferença não poder ser minimamente quantificada
- porque um programa emulador de uma configuração de hardware particu
lar pode ser usado para acessar toda a informação digital que requer tal co n
figuração. Entretanto, necessita-se ainda muita pesquisa e comparações para
que a emulação possa finalmente sair da bancada dos laboratórios.
E n c a p s u la m e n to
5 . À g u is a d e c o n c l u s ã o
140
tos e políticas que tornem tão longevos os seus estoq u es inform acionais
q u an to eles são dem andados pela sociedade de hoje, ten d o com o pers
pectiva o am anhã e o depois.
Portanto, com o co n clu são talvez seja mais útil estabelecer um c o n
ju n to de recom endações, extraídas do texto, que sintetizem as ações ne
cessárias para se co n stru ir um corpo de co n h ecim en to e um elenco de
práticas voltadas para a preservação de docu m en tos digitais.
Pad rõ es. U m dos desafios im portantes é criar diretrizes, políticas e
padrões que o governo, em presas, a ciência e tecnologia possam usar
hoje para assegurar a longevidade dos registros digitais. Isto inclui pro
m over o uso de padrões e protocolos abertos, estáveis e de uso amplo;
adotar padrões na criação, arm azenam ento e tran sm issão . de. d o cu m en
tos digitais; m onitorar o surgim ento de novos padrões e m igrar quando
necessário. O uso de padrões torna m ais fácil e m enos dispendiosa a
aplicação de estratégias de preservação. A rq u ivo s e Bibliotecas digitais
devem manter-se à frente do desen volvim ento de padrões e garantir que
sua própria infra-estrutura esteja em conform ação com os padrões larga
m ente adotados.
G e s tã o d o cu m e n ta l. A p licar procedim entos e estratégias de gestão
docum ental quando da criação, tratam en to , tran sm issão e preservação
de d ocu m en tos em form atos digitais; desenvolver planejam ento de lo n
go prazo; definir critérios para seleção do patrim ôn io digital, pois nem
tu d o poderá ser salvo; desenvolver m odelos de cu sto e de m inim ização
dos riscos das conversões; prom over o uso e o estab elecim en to de p ro
cedim entos de m elhores práticas. Para ajudar os bibliotecários e arqui
vistas do futuro, nós precisam os de m étodos para organizar a inform ação
digital hoje.
141
que os proteja contra acidentes e intervenções não autorizadas, tais com o,
certificação digital e criptografia.
M etad ad o s. Incentivar o uso de estruturas padronizadas de metadados
orientadas para a gestão da preservação digital, para a acessibilidade dos
d o cu m en tos digitais e para a interoperabilidade dos sistem as.
Agenda de pesquisa. Desenvolver uma agenda nacional de pesquisa ori
entada para os problemas da preservação do acesso e da longevidade digital,
alinhada com as principais iniciativas internacionais. Além das considerações
naturais provenientes da arquivísticas, da biblioteconomia e da tecnologia da
informação, é necessário incluir aspectos legais, sociais e éticos.
Legislação. Dispor de um corpo de leis que garanta a proteção do
p atrim ôn io digital e o seu reconhecim ento pleno com o valor de prova.
Isto envolve os problem as de depósito legal e as restrições im postas
pelas questões de Copyright e propriedade intelectual à preservação do
patrim ônio digital, pois uma biblioteca pode ter o direito de acesso e uso
da inform ação digital, mas não o de preservar.
A rq u ivo s e bib liotecas nacionais. Fortalecer e instrum entalizar - em
term os de equipam entos, metodologias e pessoal especializado - o A rq u i
vo e a Biblioteca Nacional, para que possam desempenhar um papel ativo de
liderança e de disseminadores de conhecim ento na gestão da preservação
dos docum entos digitais. Alertar aos outros detentores de acervos digitais
que a primeira linha de defesa contra a perda de informação de valor são eles
— geradores, disseminadores e proprietários de informação digital.
G o ve rn o . Propor e estabelecer políticas públicas voltadas para a sal
vaguarda do patrim ôn io digital do país, incluindo alocação de recursos,
estab elecim ento de diretrizes e ordenam entos e disponibilização de in s
tru m en to s de divulgação para a conscientização da sociedade sobre os
problem as decorrentes da fragilidade dos objetos digitais.
R e c u rs o s h u m a n o s . In c lu ir n o s c u r r íc u lo s d a s e s c o la s de
arquivologia, b ib lio teco n o m ia e tecn olo gia da inform ação d isciplinas
que co n tem p lem as q u estõ es de preservação digital; organizar e p ro
m over tre in am e n to , cursos de exten são e esp ecialização para as e q u i
pes graduadas a tu a n te s na área.
142
to, estabelecer pactos de cooperação entre governo, editores, indústrias
de Tl, bibliotecas, arquivos, m useus, universidades, in stitu to s de p esqui
sa etc. Sem alianças e cooperação, os program as m ais am plos não serão
a b solu tam en te possíveis.
A c e s so . Por fim, o mais im portante: tu d o isso é necessário para ga
rantir acesso aos estoques de inform ações digitais de valor co n tín u o às
suas respectivas com unidades-alvo, e, não m enos im portante, garantir
tam bém que essa inform ação - e n q u an to válida - perm aneça com p reen
sível para esta com unidade.
143
Notas
1 LUKESH, Susan S. E-mail and Potential Loss to Future Archives and
Scholarship or The Dog that Didn’t Bark. First Monday, Peer-Reviewed
Journal on the Internet, v. 4, n.9. September 6th 1999. Disponível em:
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2 CO O K, Terry. It’s 10 o ’clock: do you know where your data are? Technology
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4 LESK, Michael. Preservation of N ew Technology. Disponível em: < http:/
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5 CHEN, Su-Shing. The paradox of digital preservation. Computer, p.2-6,
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6 C O N SELH O N A C IO N A L DE A R Q U IV O S, C Â M A R A TÉCN ICA DE D O
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145
23 HEDSTROM, Margaret. Digital preservation: a time bomb for digital
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24 HEDSTROM , Margaret. Digital preservation: problems and prospects.
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25 LORIST. Jeroen. Standard for digital libraries and archives: digital longevity.
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29 The continuity of digital heritage. Qateways, n.61, February 2003. Dis
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Acesso em: 14/03/2005.
146
Hélio Kuramoto'
I . In t r o d u ç ã o
147
bibliotecas digitais são bem m enores, sem necessidade de grandes in
vestim en tos em term os de infra-estrutura tecnológica. Essa facilidade será
m ostrada ao longo deste capítulo, mas antes, para contextualizar, será
feita um a rápida discussão sobre o con ceito de bibliotecas digitais e ter
m inologias afins. Em seguida, será apresentada a iniciativa de arquivos
abertos (O p e n A rch ives Initiative), os seus ideais e padrões. Essa in icia
tiva co n stitu i um m arco im portante no desenvolvim ento das bibliotecas
digitais. Em seguida, serão apresentados alguns requisitos desejáveis para
um pacote de softw are de adm inistração de bibliotecas digitais, além de
um a tipologia desses pacotes e uma breve descrição de alguns dos p aco
tes de software, open source, identificados na Web.
148
• a meta principal é o acesso universal a bibliotecas digitais e servi
ços de informação;
• as bibliotecas digitais não se lim itam a referências bibliográficas ou
inform ações referenciais: elas se estendem aos artefatos digitais que
não podem ser representados ou distribuídos em form ato im presso.
149
ma ç õ e s r e f e r e n c ia i s , a s s i m c o m o c o n t e ú d o s e m t e x t o in t e g r a l e m m e io
d ig it a l.
3 . A in ic ia t iv a d o s o p e n a r c h iv e s e as
b ib lio t e c a s d ig it a is
A in ic ia t iv a d e o p e n a r c h iv e s c o n s t it u i u m m a r c o n a h is tó r ia d o d e
s e n v o l v i m e n t o d a c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a e , p o r c o n s e g u i n t e , d a p u b l i c a
ç ã o e l e t r ô n i c a e d a s b i b l i o t e c a s d i g it a is . E s s a i n i c i a t i v a p r o m o v e u a e l a
b o r a ç ã o e o e s t a b e le c im e n t o d e p a d rõ e s e p r o t o c o lo s p a ra in t e r o p e r a r
b i b l i o t e c a s d i g it a is .
Em ju lh o d e 19 9 9 , P a u l C in s p a r g , R ic k L u c e e H e r b e r t V a n d e S o m p e l
f iz e r a m u m a c h a m a d a p a r a p a r t i c i p a ç ã o d e u m a r e u n iã o p a r a e x p lo r a r a
c o o p e r a ç ã o e n t r e a r q u iv o s d e e - p rin ts c ie n t íf ic o s . O e n c o n t r o fo i r e a li z a d o
e m o u t u b r o d e 19 9 9 , e m S a n t a Fé, e fo i d e n o m i n a d o o r i g i n a lm e n t e c o m o a
R e u n i ã o s o b r e S e r v i ç o U n i v e r s a l d e P r e p r in t , p a r a o e s t a b e l e c i m e n t o d a
O p e n A r c h i v e s in i t i a t i v e ( O A I ) [w w w . o p e n a r c h i v e s . o r g ] . O o b j e t i v o d a O A I
é c o n tr ib u ir d e fo rm a c o n c r e ta p ara a tr a n s fo rm a ç ã o d a c o m u n ic a ç ã o c ie n
t íf ic a . O v e í c u l o p r o p o s t o p a r a e s s a t r a n s f o r m a ç ã o é a d e f in iç ã o d e a s p e c
t o s t é c n i c o s e o r g a n iz a c io n a i s d e u m a e s t r u t u r a p a r a p u b l ic a ç ã o c i e n t í f i c a
n a q u a l a m b a s a s c a m a d a s , liv r e s e c o m e r c i a i s , p o d e m s e r e s t a b e l e c i d a s .
• A s s im , a lé m d o s a s p e c t o s t é c n ic o s , e s s a in ic ia t iv a d e u o r ig e m a u m
m o v i m e n t o c h a m a d o O p e n A r c h i v e s a n d O p e n A c c e s s to K n o w l e d g e a n d
I n f o r m a t i o n in S c i e n c e a n d H u m a n it ie s . Is s o fo i p o s s ív e l d e v i d o a o s id e
a is e c o n c e i t o s e s t a b e l e c i d o s p e lo O p e n A r c h i v e s I n i t i a t i v e ( O A I ) , q u e
p o d e m s e r s i n t e t i z a d o s n o s s e g u i n t e s t e r m o s : u s o d e s o f t w a r e liv r e , t a m
b é m c h a m a d o o p e n s o u r c e , a u t o - a r q u i v a m e n t o 5, c r i a ç ã o d e r e p o s i t ó r i o s 6
d e liv r e a c e s s o , t a n t o i n s t i t u c i o n a i s q u a n t o t e m á t i c o s , u s o d e p a d r õ e s d e
p r e s e r v a ç ã o d e o b j e t o s d i g it a is .
E m t e r m o s o r g a n iz a c io n a is , a in ic ia t iv a d e a r q u iv o s a b e r to s p r e c o n iz a
d o is g ran d es c o n ju n to s de a t o r e s 7, o s p ro v e d o re s de dados (d a ta
p r o v id e r s ) e o s p r o v e d o r e s d e s e r v i ç o s (.S e r v ic e p r o v id e r s ) .
O s p r o v e d o r e s d e d a d o s s ã o o s g e s t o r e s d e a r q u i v o s d e e - p rin ts o u
ta m b é m d e n o m in a d o s r e p o s it ó r io s , a o s q u a is s ã o s u b m e t id o s , d ir e t a
m e n t e p e l o s s e u s a u t o r e s , o s p r e - p r in t s , r e l a t ó r io s t é c n i c o s , d e n t r e o u
t r o s t ip o s d e d o c u m e n t o s . O s p ro v e d o re s d e d a d o s to r n a m d is p o n ív e is ,
150
à com unidade, m ecanism os para subm issão ou auto-arquivam ento, res
ponsabilizam -se pelo arm azenam ento a longo prazo dos trabalhos, preo
cupam -se com a preservação dos objetos digitais e tornam disponíveis,
para coleta, os m etadados relativos aos trabalhos ou d o cu m en tos p u b li
cados no seu repositório.
O s provedores de serviços, que tam bém podem se caracterizar com o
agregadores, são in stituições que se preocupam em coletar os m etadados
arm azenados nos vários provedores de dados, oferecendo um a interface
ou m ecanism o de busca que possibilita aos usuários finais a con sulta ou
busca em um repositório que integra os m etadados coletad os a partir de
diferentes provedores de dados.
Esse m odelo de organização é bastante interessante, pois viabiliza e
facilita o acesso à inform ação pela com u nidad e científica e tecnológica.
O s provedores de serviços têm o papel de integrar diferentes provedores
de dados, os quais arm azenam inform ação em áreas do co n h ecim e n to
específicas. A existência dos provedores de serviços tem á tico s facilita
ao usuário final o acesso à inform ação especializada. N o Brasil, o In s titu
to Brasileiro de Inform ação em C iência e Tecnologia (IB IC T ) vem tra b a
lhando com essa perspectiva, assu m indo o papel de um grande provedor
de serviço, ou agregador, e prom ovendo a in stituição de provedores de
dados em diversas áreas do con h ecim ento, assim com o a in stitu ição de
repositórios in stitu cio n ais, facilitando, assim , o cu m p rim en to de sua
m issão com o órgão nacional de inform ação em ciência e tecnologia.
Para facilitar a exposição de m etadados por parte dos provedores de
dados e a sua captura por parte dos provedores de serviços, a O A I e s ta
beleceu um c o n ju n to de padrões: definiu-se o D u b lin Core, sem os
qualificadores, com o padrão de m etadados; o protocolo O A I- P M H (Open
A rc h iv e In itia tive - Protocol o f M e ta d a ta Harvesting) com o o m ecanism o
para interoperar os vários provedores de dados e os provedores de se rv i
ços. O O A I- P M H é um p rotocolo con cebido e executado no contexto de
um ou tro protocolo, o H TTP - Hypertext Transfer Protocol, protocolo u ti
lizado pela W eb para navegação em suas páginas.
Graças ao estabelecim ento dessa iniciativa, vários pacotes de software
para a con stru ção e gestão de bibliotecas digitais surgiram, u tilizando os
ideais e padrões preconizados por essa iniciativa. N a seção 5 . 1 serão
descritos alguns desses pacotes.
151
4 . R e q u is it o s d e s e já v e is p a ra u m s o ftw a r e
d e b ib lio t e c a d ig it a l
Existem inúm eros pacotes de softw are para con stru ção e a d m inistra
ção de uma biblioteca digital. Esses pacotes vão desde um softw are to
talm en te genérico com o um S G B D 8, a partir do qual, aliado a um con ju n to
de program as, pode-se con struir qualquer tipo de biblioteca digital, até
pacotes que são específicos para determ inado tipo de coleção com o um
sistem a de gestão de eventos científicos, com o o Open ConferenceSystem.
A escolha de pacotes específicos com o o Open Conferece System ou o
Open Jo u rn a l System, com propósitos específicos, dem anda do usuário
m enor esforço, dado que esses pacotes de software são preparados para
serem param etrizados, cabendo ao usuário apenas adequá-lo à sua ne
cessidade. Esses pacotes de software não exigem esforço de program a
ção e são sim ples de serem m anipulados.
São os seguintes os requisitos básicos desejáveis para pacotes de
softw are para gestão de bibliotecas digitais:
P o r t a b ilid a d e
F le x ib i lid a d e q u a n t o à d e f in iç ã o d o
p a d rã o de m e ta d a d o s
152
flexibilidade advém do fato de que nem sem pre o D ublin Core é capaz de
descrever adequadam ente um determ inado objeto digital.
U s o d e p a d rõ e s d e in t e r o p e r a b ilid a d e
U s o d e lin g u a g e m de m a rc a ç ã o X M L
C a p a c id a d e d e t r a t a m e n t o de
m ú ltip lo s fo r m a to s d e d o c u m e n t o s
P o s s u i r in t e r f a c e s e r g o n ô m ic a s e a d a p t a t i v a s
153
de deficiência física. Assim , com o propósito de inserção social e digital,
a ergonom ia das interfaces é um aspecto im portante a se considerar na
escolha de pacotes de softw are para adm inistração de bibliotecas digi
tais. Deve-se verificar tam bém a existência de facilidades para adaptação
das interfaces às necessidades estéticas das bibliotecas digitais.
F a c ili d a d e s p a r a e s t r u t u r a ç ã o d o s d o c u m e n t o s
Determ inadas coleções necessitam de facilidades que proporcionem
um a e stru tu ra çã o hierárquica e que, in clusive, os p roced im en to s de
indexação do con teú d o considerem essa estruturação. U m exem plo d es
se tip o de necessidade é o caso de uma coleção de revistas. Existem duas
alternativas para a sua estruturação: I) considerar a revista com o sendo
um a unidade de inform ação, com posta por várias subunidades represen
tadas por cada um dos artigos contidos na revista; 2) considerar cada
artigo que a revista contém com o sendo um a unidade de inform ação.
C o n f i g u r a ç ã o d o s p r o c e d i m e n t o s d e in d e x a ç ã o
Essa funcionalidade dá ao administrador da biblioteca digital a possibili
dade de definir os metadados que se tornarão os campos de busca, ou pontos
de acesso, aos registros de uma biblioteca digital. Alguns pacotes desoftware
oferecem essa funcionalidade e dão a possibilidade de escolher não apenas
os metadados que se deseja indexar, mas tam bém se o conteúdo integral do
docum ento deverá ser ou não indexado. O Qreenstone ofecere essa possibi
lidade, oferecendo parâmetros para que se possa indicar se o conteúdo do
docum ento deve ser indexado, e até, a indexação de seções ou capítulos em
índices separados do conteúdo integral do docum ento. Dentre os pacotes de
software que serão apresentados, o Qreenstone é o único a oferecer essa
facilidade. Essa característica repercute na interface de busca, a qual o ferece
ao usuário a possibilidade de escolha dos metadados que poderão com por
uma estratégia de busca. Portanto, a existência dessa funcionalidade não é
apenas desejável com o característica, mas imprescindível para oferecer ao
usuário maior flexibilidade na construção de sua estratégia de busca.
P o s s u i m ó d u l o d e f o r m a t a ç ã o d e r e l a t ó r i o s o u s a íd a s
154
torio ou para se configurar a apresentação de docu m en tos. Trata-se de
uma funcionalidade m u ito desejável, pois e ven tu alm en te o usuário tem
necessidades de im prim ir o resultado de uma busca. Em alguns pacotes
de software, com o o G reenstone, o usuário pode configurar a forma de
apresentação por m eio do uso da linguagem HTM L.
Foram detalhadas nesta seção as principais características desejáveis
em um pacote de softw are para adm inistração de bibliotecas digitais.
N em tod os os pacotes de software possuem tod as essas características,
são p oucos aqueles que possuem todas as facilidades apresentadas. A
seguir, será apresentada uma tipologia de pacotes de softw are para ad
m inistração de bibliotecas digitais.
5 . T ip o lo g ia d e p a c o t e s d e s o f tw a r e p a ra
a d m in is t r a ç ã o d e b ib lio t e c a s d ig it a is
155
P a c o t e s d e s o f t w a r e d e c a r á t e r g e n é r ic o
O s pacotes de softw are de caráter genérico são aqueles que podem
ser u tilizados para qualquer tipo de aplicação, podem ser u tilizados na
co n stru çã o de qualquer tip o de biblioteca digital. Isto significa que esses
p acotes de software são capazes de tratar, organizar, registrar e d issem i
nar qualquer tipo de docum entos. Por exemplo, o pacote de software Nou-
Rau pode ser u tilizado para tratar, organizar, registrar e dissem inar q u a l
quer tip o de coleção de docum entos, uma vez que ele utiliza um padrão
de m etadados com patível com o padrão Dublin-Core, que é genérico.
Sabe-se, à priori, que esse padrão não consegue descrever alguns tip os
de coleções, mas dependendo das exigências do usuário, ele poderá ser
adotado em uma gama variada de coleções.
A seguir, será feita uma breve descrição de cada um desses pacotes
de software. Devido à variedade de pacotes de software existentes, não
se pretende ser exaustivo enum erando tod os eles, mas será feita um a
breve descrição do softw are Qreenstone, e em seguida, será apresentado
um quadro (Q u a d ro I) com os pacotes de softw are conhecidos pelo a u
tor e suas características técnicas.
Qreenstone
Esse pacote de softw are foi desenvolvido pela U n ive rsity o f W a ik a to ,
da N o va Zelândia, no contexto do projeto N e w Zeland Digital Library
(w w w .n z d l.o rg ). O G reenstone (w w w .greensto ne.org ) oferece um a nova
forma de tratar, registrar e dissem inar inform ação na Internet. Trata-se de
um softw are open source, distribuído m ediante licença9 G PL. A versão
atu alm en te em distribuição é a 2.53. C on co m itan tem en te a essa versão,
o s d e s e n v o lv e d o r e s d e sse s o ftw a re e s tã o d is tr ib u in d o um n o v o
G reenstone, tod o redesenhado, denom inado G reenstone 3.0. A d is tri
buição do G reenston e conta com apoio da U nesco. Seguem algum as das
funcionalidades desse softw are:
A m b ie n te s operacionais - softw are m ultiplataform a, executável ta n
to em am biente U N IX com patível, qu an to em am biente W in d o w s e M ac
O S X. D esenvolvido em linguagem C + + e PERL, utiliza utilitários, tod os
softw are open source, com o o M G (M anaging Giga), biblioteca de fu n
ções que facilita a indexação e recuperação de inform ação, o S G B D . Por
tan to , atende ao requisito de portabilidade.
156
Fo rm ato s de d o cu m e n to s s u p o rta d o s “ O G reenstone, ao ser des
carregado do seu portal, vem com plu gins'0 d esenvolvidos para tratar
determ inados tipos de form atos, com o por exemplo:
157
por pessoas não especializadas. Essa interface é denom inada G reenstone
Librarían Interface (G LI).
Padrões de interoperabilidade - O G reenstone em suas últim as ve r
sões vem com dois padrões: o Z39.50, para busca distribuída, e o O A I-
P M H (Open A rch ives In itiative - Protocol o f M e ta d a ta Harvesting), p ro
to co lo que perm ite a coleta de m etadados.
Formas de submissão de docum entos - A entrada de docum entos nos
repositórios criados e administrados pelo Qreenstone pode ser realizada de
três maneiras: por F T P ", por meio de um diretório, ou pasta e por meio do
protocolo HTTP. A té a presente versão, esse software não oferece a facilidade
de auto-arquivamento, ou seja, não existe a funcionalidade de o usuário sub
meter, on-line, um determinado arquivo contendo o docum ento (upload).
Facilidades de apresentação e recuperação de inform ação “ O softw are
Qreenstone oferece um a funcionalidade que raram ente é oferecida por
ou tro s pacotes. Trata-se do parâm etro Classify, que perm ite a criação de
listas de d o cu m en to s ordenados por títu lo, autor ou qualquer o u tro
m etadado definido pelo adm inistrador da biblioteca digital. Essa facilida
de perm ite ao usuário da biblioteca digital consultá-la por m eio de n a ve
gação ou visualização em listas classificadas. Essas listas podem ser tan to
ordenadas alfabeticam ente, quanto segundo uma determinada hierarquia.
A lé m disso, esse softw are perm ite que se especifique a forma de apre
sen tação dos resultados de uma busca ou con sulta em linha.
Id io m a das in terfaces - A s interfaces do G re e n sto n e podem ser
visualizad as em vários idiom as, inclusive o português do Brasil.
P a c o t e s d e s o f t w a r e d e c a r á t e r e s p e c íf i c o
158
Um outro exemplo de software nessa categoria é o TEDE - Sistema de
Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações, desenvolvido e distribuído
pelo IBICT.
No quadro 2 será apresentada uma lista de alguns desses software
com algumas de suas características técnicas. Da mesma forma que a
descrição da categoria anterior, não será feita uma lista exaustiva de pa
cotes de software nessa categoria, tendo em vista a enorme variedade
desses pacotes e a exigüidade deste espaço. Será apresentado, portanto,
um pequeno conjunto de software.
Considerando que o termo bibliotecas digitais designa um sistema
de informação que trata tanto de informações referenciais quanto de con
teúdos integrais, não poderia deixar de apresentar pacotes de software
open source para automação de bibliotecas, detalhados no quadro 3.
159
Quadro 2 - Relação de Pacotes de Software de Caráter Genérico (Open Source)
160
Quadro 3 - Relação de Pacotes de Software de Caráter Específio (Open Source)
6 . C o n s id e r a ç õ e s fin a is
161
N o ta s
1Soluções proprietárias são soluções comerciais cujos códigos fontes não
são entregues, mas apenas o código objeto.
2 Domínio público são pacotes de software disponibilizados ao público,
livre de qualquer custo ou taxas.
3 Entende-se por software open source aquele cuja distribuição acompa
nha o seu código fonte. Isso significa que o usuário tem além do código
de máquina do software, o seu código fonte, o que lhe dá condições para
alterar e adequar o software segundo as suas necessidades e eventual
mente distribuí-lo. Normalmente esses pacotes de software são livres de
custo, mas eventualmente eles podem ter um custo associado, segundo
os serviços que são oferecidos vinculados ao software.
4 DRAENSTOTT, Karen M. Analytical review of the library of the future,
Washington, DC: Council Libary Ressources, 1994.
5 Os próprios autores arquivam os seus trabalhos nos repositórios ele
trônicos.
" FTP é a sigla de File Tranfer Protocol. trata-se de um padrão para trans
ferência de arquivos na Internet.
1G2
14 Desenvolvido pelo Instituto Vale do futuro em parceria com a Unicamp.
(http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/)
15Desenvolvido pela Universidad de Monterrey, (http://copernico.mty.itesm.mx/
phronesis/project/phronesis 14.html)
16 Desenvolvido pela University Virginia Library e Cornell University, (http:/
/www.fedora.info/)
R e f e r ê n c ia s
1 SOM PEL, Herbert van de: LAGOZE, Carl. The Santa Fé Convention of
the Open Archives Iniciative. D-Lib Magazine, Virginia, v. 6, n. 2, 2000.
Disponível em: < http://www.dlib.org/dlib/februarvOO/ vandesomoel-oai/
02vandesompel-oai.htm.> Acesso em: I I mar. 2005.
2 BOLLACKER, Kurt D.; L A W R EN C E, Steve: GILES, C. Lee. CiteSeer: an
autonom ous w eb agent for autom atic retrieval and identification of
in te re s tin g p u b lic a tio n s . S m e a lS e a rch . D is p o n ív e l em: < http://
smealsearch2. psu. edu/cache/papers/Business/594/
163
h tt p :z S z z S z w w w .c s d .u c h .g rz S z ~ m a rk a to s z S z p a p e r s z S z A C M 9 8 .
Autonom ous.Agents.CiteSeer.pdf/DID.pdf/>. Acesso em: 2 1mar. 2005.
3 BRIN, Sergey; PACE. Lawrence. The anatomy of a large-scale hypertextual
web search engine: CiteSeer. Disponível em: < http://citeseer.ist.psu.edu/
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4 O 'N EILL, E d w a rd !; LA VO IE. Brian F.; BENNETT. Rick. Trends in the
evolution of the public web. D-Lib Magazine. Virginia, v. 9, n. 4, Apr. 2003.
Disponível e m :< http://www.dlib.org/dlib/april03/lavoie/04lavoie.html>.
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5 CHRISTIAN , Eliot J. GILS: W h a t is it? W h e re ’s it going? D-Lib Magazi
ne. Virginia, Dec. 1996. Disponível em:
< http://www.dlib.org/dlib/ december96/12christian.html >. Acesso em:
2 I mar. 2005.
6 STAPLES, Thorton; W A YLA N D , Ross; PAYETTE, Sandra. The Fedora Project:
an open-source digital object repository management system. D-Lib M aga
zine, Virginia, v. 9. n. 4. Apr. 2003. Disponível em: < http://www.dlib.org/
dlib/april03/staples/04staples.html>. Acesso em: 12 mar. 2005.
7 SMITH, MacKenzie e outros. DSpace: an open source dynamic digital
repository. D-Lib Magazine, Virginia, v. 9, n .l, Jan. 2003. Disponível em:
< http://www.dlib.org/dlib/january03/smith/0lsmith.html>. Acesso em:
12 mar. 2005.
164
Se/y M. S. Costa'
I. In t r o d u ç ã o
v i s t o q u e p o d e m s e r d e f in id a s e m d i f e r e n t e s n ív e is . É i m p o r t a n t e d e s t a
c a r, p o r e x e m p lo , q u e , e m u m n ív e l m a is a b r a n g e n t e , o c o n c e i t o d e c o
m u n i d a d e c i e n t í f i c a in c l u i o s p e s q u i s a d o r e s , o s b i b l i o t e c á r i o s , o s p r o v e
d o r e s d e a c e s s o à In t e r n e t , o s c e n t r o s d e c o m p u t a ç ã o , e d i t o r e s , a g ê n c i a s
d e f o m e n t o e t c . E n e s s e n ív e l d e a b r a n g ê n c ia , p o r t a n t o , q u e s e c o n s i d e r a
a q u e s t ã o d a s t e c n o l o g i a s d i g i t a i s e o s m o d e lo s d e c o m u n i c a ç ã o c i e n t í
f ic a r e s u l t a n t e s d o s e u u s o , p o r p e s q u i s a d o r e s a c a d ê m i c o s , p a r a c o m u
n ic a ç ã o d e s u a s p e s q u is a s .
D e s s e m o d o , o c a p ít u lo a b o r d a c in c o q u e s t õ e s c o n s id e r a d a s e s s e n
c ia i s p a r a a d i s c u s s ã o d o t e m a e a p r e s e n t a u m p a n o r a m a s u c i n t o s o b r e o
P r im e ir o , d i s c u t e a q u e s t ã o d a c o m u n i c a ç ã o c i e n t í f i c a n o s d i a s a t u a i s ,
a p r e s e n t a n d o u m m o d e lo h í b r i d o q u e il u s t r a o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o
c i e n t í f i c a e m f u n ç ã o d a c o e x i s t ê n c i a d o m e io im p r e s s o e d o m e io e l e t r ô
n ic o p a ra c o m u n ic a ç ã o d a p e s q u is a . S e g u n d o , c o m e n t a a lt e r n a t iv a s q u e
e s t ã o d is p o n ív e is a o s p e s q u is a d o r e s p a ra a c e s s o à in f o r m a ç ã o e m te r
m o s d e s e r v i ç o s b a s e a d o s n o m e io e le t r ô n i c o . T e r c e ir o , d i s c o r r e s u c i n t a
m e n te s o b re c o m o o a c e s s o a b e rto te m in f lu e n c ia d o a d i s c u s s ã o a r e s
p e i t o d a a c e s s i b i l i d a d e d a i n f o r m a ç ã o c i e n t í f i c a n o s e io d a s c o m u n i d a d e s
c i e n t í f i c a s , m a is e s p e c i f i c a m e n t e n o q u e c o n c e r n e à s a g ê n c i a s d e f o m e n
t o , à s u n iv e r s id a d e s e a o s e d ito r e s . Q u a r t o , a r g u m e n t a c o m o u m a e s p é
c ie d e “ f i lo s o f i a a b e r t a ” t e m in f l u e n c i a d o a c o m u n i c a ç ã o c i e n t í f i c a h o je .
F i n a l m e n t e , a p r e s e n t a r e s u l t a d o s d e p e s q u i s a q u e m o s t r a q u a i s r e f le x o s
podem s e r o b s e r v a d o s n o B r a s i l, e s p e c i a l m e n t e n o q u e d i z r e s p e i t o à s
i n i c i a t i v a s c o m a r q u i v o s a b e r t o s n o P a ís .
2 . U m m o d e lo h íb r id o d o p ro c e s s o
d e c o m u n ic a ç ã o c ie n t ífic a
Q u a n d o G a r v e y ; G r ifith ( 1 9 7 9 ) a p r e s e n ta r a m s e u m o d e lo d o p r o c e s
s o d e c o m u n ic a ç ã o , r e s u lt a d o d e u m e s t u d o a m p lo c o m p e s q u is a d o r e s
d a p s ic o lo g ia , e c o m e n fo q u e n a q u e s t ã o te m p o r a l, c e r t a m e n t e - c o m o
t o d o a u t o r - g o s ta r ia m q u e o t r a b a lh o t iv e s s e u m fa to r d e im p a c t o e le v a
d o . N o e n t a n t o , p o d e m n ã o t e r im a g in a d o o i m p a c t o q u e o t r a b a l h o , d e
f a t o , t e v e n o e s t u d o d a c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a p o r e s t u d i o s o s d e o u t r a s
168
d i s c i p l i n a s e s o b r e p e s q u i s a d o r e s d a s m a is d i v e r s a s á r e a s d o c o n h e c i
m e n to . A v e r d a d e é q u e o m o d e lo d e G a r v e y ; G r ifit h , p o r s e u a s p e c to
s e m i n a l n o e s t u d o d o p r o c e s s o , t e m s i d o a m p l a m e n t e e x p lo r a d o . S e r v e ,
a s s im , d e b a s e p a ra u m s e m - n ú m e r o d e o u t r o s e s t u d o s .
É im p o r t a n t e r e s s a lta r a a d a p t a b ilid a d e d o m o d e lo c o m r e la ç ã o a n o
v o s fa to re s q u e , a o p ro v o c a re m m u d a n ç a s n o p ro c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o
c ie n tífic a , re q u e r e m n o v a s fo r m a s d e r e p r e s e n ta ç ã o d o m o d e lo d e G a r v e y ;
G r i f i t h . A s s i m , n o v a s r e a li d a d e s , in t e r p r e t a d a s p o r s e u s a u t o r e s c o m o
m u d a n ç a s n o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a , tê m s id o p o s s ív e is d e
s e r r e p r e s e n ta d a s c o m b a s e n o m o d e lo d o s a u t o r e s .
E o c a s o d o s im p a c t o s q u e a in t r o d u ç ã o d e t e c n o lo g ia s d e in f o r m a ç ã o
n o a m b ie n t e a c a d ê m ic o p ro v o c a n o p ro c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o e n tr e p e s
q u is a d o r e s . H u r d ( 1 9 9 6 ), a o e s t u d a r e s s a q u e s t ã o , e m r e la ç ã o a c ie n t is
t a s n a t u r a i s , p r o p ô s u m m o d e l o i n t e i r a m e n t e b a s e a d o n o m e io e l e t r ô n i
co. C o sta (1 9 9 9 ) a e s tu d o u ta m b é m em r e la ç ã o a c ie n t is t a s s o c ia is e
p r o p ô s u m m o d e lo h í b r i d o d o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o o n d e a c o e x i s
t ê n c i a d o s m e io s i m p r e s s o e e l e t r ô n i c o é il u s t r a d a . E n t r e t a n t o , p o d e m - s e
d e s t a c a r d o i s a s p e c t o s d o m o d e l o h íb r id o q u e lh e p e r m i t e m se m a n te r
a p r o p r i a d o p a r a i l u s t r a r o p r o c e s s o , e n q u a n t o p e r d u r a r a r e f e r id a c o e x i s
t ê n c i a d o s d o i s m e io s : s u a a t u a l i d a d e c o m o f o r m a d e r e p r e s e n t a ç ã o d o
p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a e m d ife r e n t e s p e r ío d o s d e t e m p o e a
p o s s ib ilid a d e d e r e p r e s e n ta r d if e r e n t e m e n t e o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o
e n tr e p e s q u is a d o r e s d e d ife re n te s d iv is õ e s d o c o n h e c im e n t o .
N o q u e c o n c e rn e à q u e s tã o d e m u d a n ç a s q u e o c o rre m a o lo n g o d o
te m p o , a fo r m a d e r e p r e s e n t a ç ã o d o m o d e lo p e r m ite ilu s t r a r o p r o c e s s o
e m , p o r e x e m p lo , q u a t r o m o m e n t o s d i s t i n t o s . P r im e ir o , a r e p r e s e n t a ç ã o
d o p r o c e s s o d e s d e o s p r i m e ir o s e p i s ó d i o s d o u s o d e c o m u n i c a ç ã o e l e
t r ô n ic a , q u a n d o s e p o d e r e p r e s e n ta r a p r e s e n ç a p o u c o s ig n if ic a t iv a d o
m e io e l e t r ô n i c o e m t o d a s a s s u a s e t a p a s . S e g u n d o , s u a r e p r e s e n t a ç ã o n o
p e r í o d o c o m p r e e n d i d o p e la d é c a d a d e 9 0 , e m q u e h á u m a p r e s e n ç a s i g n i
f i c a t i v a d o m e io e l e t r ô n i c o , p o r é m i n f i n i t a m e n t e m a i o r n a c o m u n i c a ç ã o
in f o r m a l d o q u e n a f o r m a l. T e r c e ir o , a r e p r e s e n t a ç ã o d o p r o c e s s o n o s d ia s
a t u a i s , e m q u e s e o b s e r v a u m a r e p r e s e n t a t i v i d a d e u m p o u c o m a is e q u i l i
b r a d a n o s a s p e c t o s i n f o r m a i s e f o r m a i s d o p r o c e s s o , e m b o r a a i n d a m a io r
n a c o m u n i c a ç ã o in f o r m a l , e o c r e s c i m e n t o n a f o r m a l r e l a c i o n a d o c o m a
p u b lic a ç ã o , e m b o r a m a is e s p e c if ic a m e n t e e m p e r i ó d ic o s . F i n a l m e n t e , a
169
re p re s e n ta ç ã o n o fu tu ro , em q u e a s p e r s p e c t iv a s p a r e c e m ser de u m a
r e p r e s e n t a t i v i d a d e c a d a v e z m a i o r d o m e io e l e t r ô n i c o e m t o d a s a s e t a p a s
d o p ro ce sso .
A f ig u r a I é u m a t e n t a t i v a d e il u s t r a r o p r o c e s s o c o m o o b s e r v a d o n o
m o m e n t o a t u a l, p r o c u r a n d o r e p r e s e n ta r a d im e n s ã o d a p r e s e n ç a d o im
p re s s o e d o e le t r ô n ic o e m c a d a u m a d e s u a s e ta p a s . É u m a a d a p ta ç ã o d o
t r a b a l h o d e C o s t a ( 19 9 9 ) , o q u a l a d a p t o u o t r a b a l h o d e H u r d ( 19 9 6 ) , q u e ,
p o r s u a v e z , s e b a s e o u e m G a r v e y ; G r i f i t h ( 19 7 9 ) . É i m p o r t a n t e n o t a r q u e
n a a d a p t a ç ã o d e H u r d n e m t o d a s a s e t a p a s d o m o d e lo d e G a r v e y ; G r i f i t h
e s t ã o r e p r e s e n t a d a s , v i s t o q u e a a u t o r a s i m p li f i c o u o m o d e l o . A s s i m , o
m o d e lo a q u i a p r e s e n t a d o t a m b é m r e p r e s e n ta u m a s im p lific a ç ã o d o m o
d e lo d o s a u t o r e s . A r e p r e s e n t a ç ã o r e f le t e a i n t e r p r e t a ç ã o d e s t a a u t o r a ,
n ã o le v a n d o e m c o n s id e r a ç ã o n e n h u m a d iv is ã o e s p e c ífic a d o c o n h e c i
m e n t o . N a v is ã o d o s le ito r e s , p o d e h a v e r u m a in t e r p r e t a ç ã o d ife r e n te , o
q u e e s t i m u l a o d e b a t e a r e s p e it o d a r e p r e s e n t a t iv id a d e d o m o d e l o h í b r i
d o p a r a o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a , le v a n d o e m c o n t a a c o e
x i s t ê n c i a d o m e io im p r e s s o e d o m e io e le t r ô n ic o .
A p e s a r d a d in a m ic id a d e d o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a , e m
f u n ç ã o d a s m u d a n ç a s q u e o u s o d e t e c n o lo g ia s d e in f o r m a ç ã o p r o v o c a , é
i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e d u a s q u e s t õ e s t e n d e m a p e r m a n e c e r in a lt e r a d a s .
A p r i m e ir a d i z r e s p e i t o a o u s o d o m e io e l e t r ô n i c o e m m a i o r e s c a l a n a s
e t a p a s d o p r o c e s s o c o n c e r n e n t e s à c o m u n i c a ç ã o in f o r m a l d o q u e n a q u e
la s r e l a c i o n a d a s à c o m u n i c a ç ã o f o r m a l, e m t o d a s a s á r e a s d o c o n h e c i
m e n t o . A s e g u n d a s e r e f e r e à s d i f e r e n ç a s d i s c ip l in a r e s e a t e n d ê n c i a , p o r
e x e m p lo , d e m a i o r p r e s e n ç a d o m e io e l e t r ô n i c o n a c o m u n i c a ç ã o f o r m a l
e n tr e c ie n t is t a s d a s á re a s e x a ta s e n a tu r a is d o q u e e n tr e c ie n t is t a s s o c i
a is e h u m a n i s t a s .
E p o s s ív e l, n o e n t a n t o , e la b o r a r v e r s õ e s d i f e r e n t e s d o m o d e lo , d e p e n
d e n d o d a d iv is ã o d o c o n h e c im e n t o s o b re a q u a l se q u e r re p r e s e n ta r o
p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o . M a i s q u e is s o , o m o d e lo h íb r id o n ã o s o m e n t e
r e f le t e a c o e x i s t ê n c i a d o s d o i s m e io s n a c o m u n i c a ç ã o d a p e s q u i s a - c o
e x is tê n c ia e s s a q u e , p o r s u a v e z , p e rm a n e c e rá ta m b é m p o r m u it o t e m p o
- , m a s p e r m i t e , ig u a lm e n t e , r e g is t r a r a c o m p le m e n t a r id a d e g r a d u a l e c r e s
c e n t e d o m e io e l e t r ô n i c o e m r e l a ç ã o a o m e io im p r e s s o . N ã o o b s t a n t e , o
a s p e c t o c r e s c e n t e d a c o m p l e m e n t a r i d a d e d o s d o is m e io s p o d e r á s e t o r
n a r s u b s t it u iç ã o , p e lo m e n o s e m r e la ç ã o a a l g u m a s d a s e t a p a s d o p r o -
170
Figura 1: Modelo híbrido do processo de comunicação cientifica, adaptado de Costa (1999)
171
3. R á p id a s c o n s id e r a ç õ e s s o b r e s e r v iç o s d e
in f o r m a ç ã o p a ra a c o m u n id a d e a c a d ê m ic a ,
b a s e a d o s n o m e io e le t r ô n ic o
172
abrangentes, visto que um percentual substancial da literatura precisa
ser indexado por esses serviços antes que os cientistas o considerem útil.
173
publicados off-line, na m esm a fonte. O autor ressalta que “ para maximizar
o im pacto, m inim izar a redundância e acelerar o progresso científico,
autores e editores deveriam visar a tornar a pesquisa fácil de ser acessada” .
O acesso tende, então, a ser a qu estão crucial do progresso científico em
qualquer área do conhecim ento.
N os últim os cinco a seis anos, tem-se identificado um m ovim ento en
tre pesquisadores acadêmicos, principalm ente das ciências exatas e n atu
rais, no sentido de que seus resultados de pesquisa estejam disponíveis,
gratuitam ente, o mais am plam ente possível. Com unidades científicas de
disciplinas com o a física, a m atem ática, a com p u tação e a biologia q u a n
titativa (arXiv: http://arxiv.org), a econom ia (RePEc: http://repec.org), as ci
ências da vida (Pu b M ed Central: http://ww w.pubm edcentral.nih.gov), a
medicina e biologia (PloS: http://www.plos.org) e as ciências cognitivas -
psicologia, neurociência, lingüística, filosofia, biologia, entre outras disci
plinas (CogPrints: http://cogprints.org), por exemplo, desenvolveram solu
ções am plam ente conhecidas.
Tais iniciativas provocaram um am plo e acalorado debate na literatura
m undial a respeito do n ovo m odelo de publicação, em que “ direito livre,
irrevogável, m undial e perpétuo de acesso ” a trabalhos publicados, com o
definido na R eu n ião de B eth esda de I I de abril de 2003 (B e th e sd a
S tatem en t..., 2003) é reivindicado em nível global.
Suber (2 0 0 3 ) cham a atenção para o fato de que o sistem a atual de
publicação é contrário a esse etos. De fato, com o ressaltam C h an ; C osta
(2 00 5), editores com erciais têm atribuído preços excessivos e im p osto
barreiras de perm issão sobre publicações de pesquisas que são am p la
m ente financiadas com recursos públicos. N o entanto, a inform ação c i
entífica e técnica é, fundam entalm ente, um bem público global, que deve
estar livrem ente disponível para o benefício de tod os (A lb erts, 2002). É
com preensível, portanto, o debate que se observa na literatura sobre o
tem a. A N ature, por exemplo, tem estim ulado essa discussão. Em data
recente, a N atu re publicou o resultado de uma enquete em que procurou
identificar qual seria o desejo dos seus leitores para 2005. A p ó s a c o n
clu são da pesquisa, a própria revista decidiu se incluir nos resultados,
apresentando seus desejos, cham ados de “ resoluções para os leitores da
revista” , e que incluem , entre o u tras idéias (Wis/i list 2005):
174
Boa informática: Resolva visitar uma biblioteca real para folhear periódi
cos e livros em papel pelo menos uma vez em 2005. E lembre a você
mesmo e aos estudantes que o conhecimento disponível sobre um assun
to não é restrito às respostas a buscas no Google;
175
O governo deve prover fundos para todas as universidades do Reino Unido
criarem repositórios institucionais de acesso livre;
5. O t r íp lic e A A : a c e s s o a b e rto ,
a r q u iv o s a b e r to s , a u t o - a r q u iv a m e n to :
in flu ê n c ia d e u m a “ filo s o f ia ” a b e rta ?
17G
o meio impresso no contexto da publicação eletrônica, as mudanças na
comunicação aumentam também, provocando crescimento e diversidade
nas interações entre pesquisadores e no desenvolvimento do conheci
mento. Isso, por seu turno, acelera o acesso à informação.
Da mesma forma, mudanças paradigmáticas relacionadas com uma
necessária filosofia aberta estão progressivamente acontecendo, dando lu
gar a uma nova ordem mundial que, por sua vez, é subjacente às preocupa
ções de pesquisadores em relação à publicação eletrônica. Uma sumarização
das idéias discutidas nas sessões gerais da EIPub2003 mostrou, de fato,
que a tendência principal da comunicação eletrônica hoje parece ser em
direção a uma filosofia aberta, levantando questões sobre software aberto,
acesso aberto, arquivos abertos e outras (Costa; Moreira, 2003).
N este pon to, vale a pena ressaltar as explicações de Lagoze; V an de
Som pel (200 1) a respeito do term o arquivos abertos. O s autores obser
vam que nesse term o, a palavra arquivo é usada para representar a idéia
de um repositório onde se arm azenam inform ações. Q u a n to à palavra
aberto, o sen tid o é de uma interface de m áquina aberta que facilite tornar
co n teú dos de diversos autores disponíveis, a u m en tan d o a visibilidade da
produção de com u nidades científicas.
Deusdará (2005) chama atenção para duas questões essenciais nessa
discussão. A primeira diz respeito às afirmações de Unsworth, intima
mente relacionadas com a abordagem de Lagoze; Van de Sompel e o guar-
da-chuva técnico da interoperabilidade (abordagem da multiplicidade de
atores). A autora destaca, do trabalho de Unsworth (2004):
177
- Existe um a crescente insatisfação com o sistema de com unicação científi
ca já estabelecido (...), resultado de vários fatores, incluindo o rápido
a u m en to do preço das assinaturas, a questão dos direitos autorais, a
lentidão entre o m om ento da obtenção do resultado e sua real publicação
e restrições q uanto ao que pode ser publicado e com o isso pode ser d is
sem inado (Van de Som pel apud Deusdará 2005, p. 19),
N a v e rd a d e , a q u e s tã o d o p reço d as a s s in a tu ra s te m s id o u m a d as
p rin cip a is , se n ã o a p rin cip al m o tiv a ç ã o para o s m o v im e n to s d o a c e s s o
a b e rto e d o s a rq u iv o s ab erto s. Pro s se r (2 0 0 3 ) c h a m a a te n ç ã o para o fato
de q u e p o r três s é c u lo s o m o d e lo b ásico para a c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a
nas c iê n c ia s exatas e n a tu ra is p e rm an ece u im u tá v e l, c o m o p e rió d ic o c i
e n tífic o n o p apel c e n tra l. C o n tu d o , o b s e rv a Prosser,
178
od íeos científicos e letrônicos de acesso livre. N a primeira, p o rtan to , o acesso
livre é g aran tid o pelos arq u ivo s ab erto s q u a n d o estes to rn a m d isp o n íveis,
liv re m e n te 1, artig o s p u b lica d o s em p erió d ico s cien tífico s referendados. N a
seg u n d a, o acesso livre é g aran tid o d ire ta m e n te pelos p róp rios periódicos.
O b s e rv e - s e q u e a ab o rd a g e m de H a rn a d e o u tro s tra z para d eb aixo
d o “ g u a rd a - ch u va té c n ic o para in te ro p e ra b ilid a d e p rá tic a ” , de Lagoze;
V a n de So m p e l (2 0 0 4 ), o s ed itores. Q u a n t o ao s re po sitó rio s in stitu c io n a is,
p ro v o ca m a e n tra d a d as b ib lio te c a s em cen a . Todos c e rta m e n te c e n tra d o s
na p re o c u p a ç ã o c o m a a c e s s ib ilid a d e a m p la e irrestrita à in fo rm a ç ã o , re
s u lta d o d o m o v im e n to re ce n te em d ire çã o à filosofia a b e rta para o s ar
q u iv o s em q u e o s c o n te ú d o s g erad o s p o r p e sq u isa d o re s e s tã o d is p o n í
v e is , o s s o ftw a re s u tiliz a d o s na c ria ç ã o d e re p o sitó rio s d e d iv e rs o s tip o s
e o acesso , q u e s tã o c e n tra l e m to d a e ssa d iscu ssã o .
6 . R e s u lt a d o s d e p e s q u is a re c e n te
s o b r e a r q u iv o s a b e r to s no B r a s il
E s tu d o re c e n te (D E U S D A R Á , 2 0 0 5 ) in v e stig o u c o m o in s titu iç õ e s a c a
d ê m ic a s b ra sileira s, ta is c o m o u n iv e rs id a d e s e in s t it u t o s d e p e sq u isa ,
tê m re sp o n d id o ao m o v im e n to m u n d ia l n ã o s o m e n te d o s a rq u iv o s ab er
to s , m a s ta m b é m de u m a e s p é c ie de b o rb u lh a n te filo sofia ab erta (C o s ta ;
M o re ira , 2 0 0 3 ). N e s te s e n tid o , ta n to o n ú m e ro c re s c e n te de s e rv iç o s e
p ro d u to s q u e tê m sid o criad o s - p a rtic u la rm e n te para p e sq u isa d o re s a c a
d ê m ic o s - q u a n to as m u d a n ç a s q u e tê m s id o o b s e rv a d a s n o a m b ie n te da
p e s q u is a s e n as c o m u n id a d e s c ie n tífic a s p arecem ser re s u lta d o d o a c a lo
rad o d e b a te e n c o n tra d o na lite ra tu ra , n o s ú ltim o s três, q u a tr o an o s , s o
bre tó p ic o s re la c io n a d o s c o m a In ic ia tiv a c o m A r q u iv o s A b e r t o s (Open
A r c h iv e s In it ia t iu e - OA / ). M a is q u e isso , s ã o c e rta m e n te p ro d u to d essa
e s p é c ie de filo so fia ab erta.
A p re o c u p a ç ã o c o m a q u e s tã o d o s a rq u iv o s a b e rto s, p e rió d ic o s e le
trô n ic o s , re p o s itó rio s in s titu c io n a is , b ib lio te c a s d ig ita is e tc , a p o n ta para
a n e c e ss id a d e de p e sq u isa s s o b re o tó p ic o , à m e did a q u e reflete n o v o s
p a ra d ig m a s para a c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a . Isso p o rq u e tê m su rg id o t a n to
n o v o s p ro b le m a s de p e sq u isa so b re o s is te m a de c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a ,
q u a n to n o v a s fo rm as de lidar c o m eles. C o m essa m o tiv a ç ã o em m e n te ,
in icio u - se, em ju lh o de 2 0 0 4 , u m e s tu d o cross-sectional, a ser re aliz a d o
179
regularm ente pelos próxim os dois ou três anos2, com o ob jetivo de ex
plorar as experiências com arquivos abertos no Brasil. N a primeira etapa,
descrita nesta seção, o objetivo foi m apear as iniciativas brasileiras com
im plem entações relacionadas com arquivos abertos.
A s p e c to s m e t o d o ló g ic o s d o e s t u d o
O estudo centrou o foco no uso do protocolo O A I- P M H (Open A rchives
Initiative-Protocol for M e ta d a ta Harvesting). N esse contexto, considerou
quatro tipos de iniciativas: o primeiro diz respeito ao envolvim ento inde
pendente e direto de autores com o auto-arquivam ento. O segundo en vo l
ve o desenvolvim ento e a im plem entação de repositórios institucionais. O
terceiro tipo se relaciona com iniciativas que visam a criar periódicos ele
trônicos. Finalm ente, o quarto tipo de iniciativa considerada no estud o diz
respeito às que visam ao gerenciam ento de conferências e publicação dos
anais em form ato eletrônico, em am biente aberto.
U m a das s u p o siçõ e s do e s tu d o foi a de q ue o que vem sen d o
im plementado no País em term os de O A I, envolvendo a com unidade cientí
fica, está de acordo com o que Lagoze; Van de Sompel (2 0 0 1) cham aram de
“ guarda-chuva técnico para interoperabilidade prática” (Figura 2). O s auto
res discutem a multiplicidade de comunidades que exploram hoje a estrutura
técnica da O A I para coleta de metadados (m etadata harvesting), observando
que uma variedade de atores pode agora ser identificada no contexto das
com unidades de O A I- PM H , que incluem autores, editores, bibliotecários,
agências de fom ento etc. Isto é, comunidades científicas no contexto mais
amplo do termo, conforme discutido no item 2 deste capítulo.
U m a segunda suposição para o estudo foi a de que a com u nid ad e
científica brasileira deve estar con sciente do possível aum ento da sua
visibilidade, qu an d o torna seus con teú d os disponíveis por m eio de um a
im plem en tação baseada no O A I- P M H , interoperável. p ortanto. C o m o c i
tad o anteriorm ente, a pesquisa de Law rence (2 0 0 1 ) ressaltou a relação
entre disponibilidade on-line de um trabalho e seu im pacto. N o en tan to ,
quer com acesso livre ou não. um a im plem entação baseada na O A I c o n s
titu i certam en te um fator que con trib u i para aum entar a visibilidade do
pesquisador.
180
Fig u ra 2: Estrutura da Iniciativa com Arquivos Abertos para Múltiplas
Comunidades. Fonte: Deusdará, 2005. adaptado de Lagoze: Van de Sompel,
2001.
181
Tipos de implementação e suas características:
Foi identificado o uso dos quatro tipos de iniciativas com arquivos
abertos,definidos no estudo, quais sejam: auto-arquivamento em qual
quer repositório, repositórios institucionais, periódicos eletrônicos e anais
de conferências.
Todas as iniciativas identificadas usam o protocolo OAI-PMH, inde
pendentemente do software adotado. Todas se baseiam em softwares li
vres.
As iniciativas com arquivos abertos no País são lideradas por pesqui
sadores (autores), editores e bibliotecários, confirmando o modelo de
interoperabilidade de Lagoze: Van de Sompel.
Os softwares utilizados e suas finalidades são:
182
implementação de iniciativas com arquivos abertos é ampliar a visibili
dade dos autores e suas organizações, assim com o agilizar o processo de
publicação de trabalhos científicos. A perspectiva para o futuro, na o p i
nião deles, é de que haja um crescim ento rápido na adoção de arquivos
abertos no País.
7. C o n s id e r a ç õ e s fin a is
183
N o ta s
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184
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transformation of scientific communication. Medford, NJ: Information
Today, 1996. p. 9-33.
185
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira'
Patrícia Cristina do Nascimento Souto"
I . E v o lu ç ã o d o c o n c e it o d e in t e r f a c e
187
linhas de com an do e textos e com eçam a adicionar elem entos da lin g u a
gem visual, resultando em interfaces gráficas1, que am pliam as p o ssib ili
dades e a qualidade do acesso, m anipulação e co m u nicação entre h o
mem e com putador.
N este sentido, interface passa a ser, de acordo com M oran (1 98 1) "a
parte de um sistem a co m pu tacio nal utilizada pelo usuário para interagir
física, perceptiva e con ceitualm en te com o próprio” . Esta definição a m
plia a noção do con ceito de interface, determ inando claram ente a p resen
ça de dois com p o nentes com plem entares:
188
interação entre o usuário e o com putador: a interface de usuário é o meio,
não o fim ” .
189
2. A in te r fa c e c o m o u m d o s fa to re s q u e
in flu e n c ia m a a d o ç ã o d a s b ib lio t e c a s d ig it a is
Figura 1 - Modelo de adoção do usuário de bibliotecas digitais (Thong e outros, 2004, 2002).
190
Este m odelo de adoção, co m p o sto de nove fatores agrupados em três
dim ensões, pode ser assim entendido:
191
n h e cim en to que o usuário possui sobre o tem a tratado pode in flu en
ciar sua aceitação das bibliotecas digitais.
3 . D e s ig n d e in te r fa c e s
D e s ig n d e interface
D e s ig n fu n c io n a l
D a d o s e m eta d a d o s
C a r a c t e r í s t i c a s d a in t e r f a c e
193
• prestim osidade - a interface deve ser prestativa, fornecendo ajuda
quando requisitada ou quando perceber que o usuário se encontra em
dificuldades. A ajuda pode se dar na forma de m ensagens de erro,
co n selhos etc., e deve ser clara e precisa, não con d u zin d o o usuário a
situações em baraçosas, nem exigindo dele con h ecim entos que ele
não tenha ou não possa obter pelo próprio sistema;
• im itação - a interface deve im itar o diálogo hum ano. Isto não sig ni
fica necessariam ente o uso de linguagem natural, mas sim a explora
ção de aspectos da co m u nicação hum ana não orientados a c o m a n
d o s, ta is c o m o o u so de e x e m p lo s , e x p la n a ç õ e s , a n a lo g ia s ,
com parações, descrições etc;
• naturalidade - a interface deve se com unicar com o usu ário de m a
neira natural, não exigindo o co n h ecim ento de term inologia não refe
rente à tarefa;
• satisfação - a interface deve satisfazer o usuário e não gerar fru stra
ção. Ela não deve dem orar na resposta e deve perm itir que o usuário
obtenha ajuda em qualquer po n to da interação;
• personalização - a interface deve possibilitar ao usu ário interagir
com o sistem a no sentid o de custom izá-lo de acordo com seu in te
resse, perfil ou preferências;
• naturalidade e intuitividade.
F u n c io n a lid a d e s d a in te r fa c e
194
• oferecer m ecanism os de recuperação de in fo rm a ç ã o - e x iste m duas
m aneiras para se prover acesso ao co n teú d o das bibliotecas, o m eca
nism o de busca (searching) e o de exploração (browsing) que signifi
ca a navegação por m enus de vários tipos, texto e imagem e menus
pud-down. A apresentação da inform ação resultante da busca deve
ser apresentada de forma clara, co n siste n te e segundo algum critério
definido de priorização do con teú do, habilitando os usuários a sele
cionarem o que é relevante.
• auxiliar / orientar - interfaces de ajuda tem um a função específica
no que tange a facilitar a com p reensão dos usuários sobre o sistem a,
dirim ir dúvidas operacionais ou de con teú d os e auxiliar os usuários.
Isto pode ser feito de várias m aneiras: to u r guiados, m anuais, orien
tações etc.
4 . E m b a s a m e n to d o d e s ig n d e in t e r f a c e :
e n t e n d im e n t o d o s u s u á r io s
196
lógicas e cog nitivas internas do indivíduo e com o elas afetam os padrões
de procura e co m u nicação da inform ação (C ho o, 1998).
O desen volvim en to de estudos de usuários pode ser feito com uso de
três abordagens:
197
Ihanças e diferenças na busca e uso da inform ação de grupos específicos
será o input para a operacionalização de processos executáveis no siste
ma e na interface que, posteriorm ente, serão concretizados e se tornarão
d isponíveis aos usuários na resposta do sistem a (output) .
Entrada de dados e
198
ses acim a m encionadas e detalh ando as experiências dos usuários em
cada um a delas.
199
certeza dim inuem à medida que o entendim ento aum enta e surge uma
sensação de m aior clareza. A tarefa aqui é formar um foco a partir da
inform ação encontrada na fase anterior do processo. A ação mais
com u m é ler as anotações sobre os tem as e a tarefa mais apropriada é
form ular foco a partir da inform ação encontrada.
• Fase 5 - C oleta - fase onde a interação entre usuário e sistem a de
recuperação de inform ação se torna mais efetiva e eficiente. É a coleta
de inform ações para o problem a em foco. A sensação é de um a dire
ção mais clara, proporcionando maior confiança para o aprofundam ento
do tem a. O interesse aum enta e pensa-se em definir, estender e dar
apoio ao tóp ico selecionado. Fisicam ente, a ação mais com u m é a de
procurar inform ação relevante e focada e a tarefa mais apropriada é
reunir inform ação pertinente ao foco.
• Fase 6 - A presen tação - a tarefa é com pletar a busca e resolver o
problem a em questão. O s sen tim en to s são de alívio e satisfação. O
estado cog n itivo está mais claro e focado. A ação m ais com u m é
sintetizar de forma personalizada o tópico ou o problem a e a tarefa
apropriada refere-se a com pletar a busca e preparar-se para apresen
tar ou usar seus resultados.
200
tem po e no espaço onde o sentido é con struíd o e a necessidade de
inform ação emerge. G aps ou L acu n as7- pontos em que o usuário tem
pouca ou nenhum a com preensão do processo e isto o leva a inter
rom per seu cam inh o. Usos/help - se refere ao uso ou não uso da
inform ação pelo indivíduo na busca de sentido. O peracionaliza-se na
forma com o as respostas, que o sistem a provê, atendem (ou não) às
necessidades de inform ação dos usuários. Esta m etáfora pode ser
assim representada:
•Qual foi a situação que levou •Como você acha que as respostas
você a procurar por informação? puderam lhe ajudar (ou não ajudar)?
•O que você sentiu? •O que você estava tentando alc an ç a r/
acom panhar?
G A P D E IN FO R M A Ç Ã O
E s t u d o s d e u s o / u s a b ilid a d e
201
q uando o co n ceito de usabilidade passa a ser foco de pesquisa tam bém
de várias áreas do co n h ecim en to com o a ciência da com p u tação , p sico
logia, ergonom ia dentre outras.
A s perspectivas sobre usabilidade têm evoluído ao longo do tem po, pas
sando de uma preocupação mais centrada no desenvolvim ento de artefatos
com putacionais para atendim ento a necessidades físicas dos usuários e, a tu
almente, aparece mais centrada às necessidades e capacidades cognitivas
dos usuários durante o processo de interação com os sistemas (A rm s, 2000).
De acordo com a IS O 9 2 4 l- l I (Q u id an eeo n usability), usabilidade é
a “ extensão que um p roduto pode ser usado por usuários específicos,
para alcançar ob jetivos determ inados de efetividade, eficiência e satisfa
ção em um con tex to de uso definido” .
A in d a não existe co n s e n s o para a d e te rm in a çã o de crité rio s de
usabilidades especificam ente aplicados para bibliotecas virtuais, m uito
em bora Saracevic (2 0 0 4 ) m encione que tais estudos têm sido largam ente
utilizados para suas avaliações.
Dentre os vários estudos já desenvolvidos (Dias. 2003; Blandford;
Buchanan, 2003; Tedd; Large, 2005), os critérios mais utilizados (m uitos
deles definidos com base nos critérios d ejaco k Nielsen, 1994) são:
202
• habilidade de aprendizagem ( le a m a b ility): medida im p ortante para
que as interfaces de bibliotecas digitais possam m elhor apoiar os p ro
cessos mais com plexos de acesso, busca e uso da inform ação.
5 . C o n s id e r a ç õ e s f in a is
203
N o ta s
1 O termo Interface Gráfica com o Usuário (Graphical User Interface -
G U I) é usado para descrever uma interface homem/máquina quando ima
gens gráficas e analogias de gestos humanos formam a linguagem básica
de interação entre o usuário e o computador.
2 Inteligência Artificial: uma definição bastante esclarecedora é a de E. Rich
(1991) para a qual, Inteligência Artificial (IA) é o “ estudo de como fazer os
computadores realizarem tarefas as quais, até o momento, os homens fa
zem melhor” . Ou ainda a definição de J. L. Laurière (1990): “Todo problema
para o qual nenhuma solução algorítmica é conhecida, é um problema da
IA” . Ou seja, as tarefas relacionadas com o processamento simbólico, reco
nhecimento de imagens e tudo o que envolva “ aprendizado” , (http://
www.universiabrasil.net/pesquisa_bibliotecas/materia.jsp?id= 6 3 10\)
3 Adaptatividade: refere-se à habilidade do sistema se adaptar a um ambiente
mutável, a diversos grupos de usuários e diferentes padrões de uso. Essas
adaptações podem se dar no conteúdo ou na interface de usuário.
Stephanidis e outros (2000).
4 Modelo conceituai significa a descrição do sistema proposto em termos
de uma série de idéias integradas e conceitos sobre o que ele deve fazer, se
comportar e parecer de forma a ser entendido pelos usuários na maneira
em que eles pretendem e planejam.
5 Espaço de Negociação: é onde o “ casamento” entre sistema e usuário
ocorre e é avaliado. Este espaço reflete as preocupações ocorridas na
análise do ambiente de uso da informação, que se denominam “ proble
m as” (Taylor, 1986).
R e fe r ê n c ia s
A RM S, W illiam X DigitalLibraries. Massachussetts Institute ofTechnology
2001.
204
Part I - Background and theory.Journal of Documentation, v. 38, n.-2, jun,
1982. p. 61-71.
DILLON. Technologies of information: HCI and the digital library. In: J.M .
Carroll, ed. Human-Computer Interaction in the N ew Millenium. A C M
Press, 2002.
205
user interface of interactive com puter system s. International Jo u rn a l of
M an-M achine Studies, v. 15, 1981. p. 3-50.
S T E P H A N ID IS , C; A K O U M IA N A K IS , D.; P A R A MYTH IS A .: N IK O L A O U
C. User interaction in d ig ita l libraries: co p in g w ith d iv e rs ity th ro u g h
adaptation - International Jo u rn al of Digital Libraries, 2000.
206
"/) biblioteca é um conceito, tanto quanto
um lugar - é função, não apenas forma"1
Marília Leuacov'
I. Introdução
A transição entre a Revolução da Imprensa, iniciada por Gutenberg
(que não acabou ainda) e a Digital (que está apenas iniciando), coloca o
profissional da informação entre dois modos eventualmente conflitantes
de encarar sua profissão, o local onde a exerce e as atividades e respon
sabilidades que a acompanham2-
De um lado, uma abordagem que lida com a informação que existe,
principalmente como tinta sobre o papel, que a define e delimita, facilitan
do sua a classificação e armazenamento, pois para elas existem critérios e
convenções muito bem definidos. De outro lado, a mudança progressiva e
' Doutora em tecnologia e mídia pela Boston University (Boston, 1994) e mestre em
computação na educação pelo Lesley College Graduate School (Cambridge. 1986).
Professora e pesquisadora na UFRGS até 2003, onde também coordenou o Centro de
Informação em Ciência e Tecnologia do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados.
Trabalha atualmente em consultorias privadas, mlevacov@penta.ufrgs.br
207
inevitável desta inform ação para a tela com o arquivos digitais, alterando os
sólidos paradigmas inform acionais construídos através de séculos.
O espaço da biblioteca e a form ação do próprio profissional da infor
m ação com o o con h ecem os organizaram -se e evoluíram em função das
características físicas da inform ação em átom os. A biblioteca era e ainda
é, para m uitos, um local onde reside um objeto analógico (o livro, o d o
cu m en to etc.) e para onde se dirigem os usuários em busca de inform a
ção. Prateleiras para arm azenam ento, critérios de indexação, catálogos,
norm as técnicas, serviços de em préstim o, subdivisões de funções etc.
criaram-se em virtu d e destas características físicas.
A crescente d esm aterialização da inform ação, em decorrência da
m udança do suporte analógico para o digital, e as con seqüências desta
m udança (a explosão de inform ação e a tela com o suporte, por exem plo)
requerem do profissional desta área novos con ceitos sobre o que é e faz,
onde reside o objeto de seu trabalho, quem o possui e tam bém sobre
quem são e onde estão os usuários desta inform ação que "toma-se c a d a
vez menos ligada a o objeto físico que a contém 3-
À m edid a q u e o m u n d o se m o ve , m ais e m ais, em d ire ç ã o à
digitalização (im pu lsion ado pela era de avanços tecnológicos em que v i
vem o s), as in stituiçõ es que se relacionam com a inform ação, tais co m o
as b ib lio te ca s , p recisam tran sform ar-se tam b é m para g a ra n tir sua
acessabilidade e m anter-se em dia com as necessidades inform acionais
da sociedade a que atendem . C aso não o façam, correm o risco de se
tornarem irrelevantes para grande percentagem de usuários, uma vez que,
a m aioria das inform ações atualizadas, principalm ente em determ inadas
áreas do co n h ecim en to , nasce e perm anece sob a forma digital, sem n u n
ca alcançar um a versão impressa. Portanto, é sob esta form a digital, in s
tável e volátil, que am pla e significativa parte do discurso h um ano se
apresenta, cada vez m ais, no início do século X X I 4.
Isso certam en te não significa que a biblioteca “ tra d icio n a l” vá d esa
parecer num futuro próxim o em virtude do crescim ento da im portância
da in fo r m a ç ã o d ig it a l, m as q u e in e g a v e lm e n t e e la t e n d e a se
desm aterializar e descentralizar , evoluindo ju n to com a sociedade
onde se insere.
208
globalizada e interconectada está viven d o e que se expressam de diferen
tes m aneiras, mas com grande pungência nas atividades relacionadas
com a inform ação.
209
2. A b ib lio te c a h íb r id a e a q u e s t ã o d a p r e s e r v a ç ã o
(d a in f o r m a ç ã o e d o a c e s s o )
210
podem ser readquiridos, se houver disponibilidade financeira), mas aq ue
les outros, que, de alguma forma especial ou raros, poucas chances terão
de reimpressão: docum entos únicos, seja pela inform ação que contém ,
seja pela im pressão aquela em particular, seja pelo tipo de diagram ação,
ilustração, encadernação, que precisam ser preservados de forma especi
al, mas tam bém precisam estar disponíveis para o acesso dos usuários, o
que nem sem pre é com patível com os cuidados que inspiram.
Preservar a inform ação existente nestas coleções e situações, processo
antes feito de m odo pouco satisfatório em microfilmes, ganha alento com o
barateam ento e a popularização das novas tecnologias, com seus equipa
m entos digilitadores, a flexibilidade e o pouco custo de arm azenam ento da
inform ação digital, a evolução das interfaces ¡cónicas que não requerem
mais conhecim entos m atem áticos específicos para o m anuseio das m áqui
nas, a sociedade em redes, o crescim ento dos usuários remotos, etc., fatos
estes reforçados, com o m encionam os na acima, pelo cu sto crescente do
livro im presso, pela dificuldade em expandir fisicam ente as áreas de
arm azenam ento, por políticas editoriais discutíveis e, principalm ente, por
que o suporte im presso engloba agora apenas parte da inform ação produ
zida atualm ente, parte essa m enos atualizada e em form ato estático, em
contraposição aos form atos dinâm icos das hipermídias.
Estes e ou tro s fatos conectados im plicaram um a das mais im p o rtan
tes decisões a considerar qu an d o o rçam en to s de bibliotecas são p laneja
dos: aum entar a coleção ou o acesso? A resposta a essa pergunta rapida
m ente está se to rn an d o clara7
3. A d e s c o r p o r if ic a ç ã o d a in fo r m a ç ã o ,
d a b ib lio te c a e d o u s u á r io
211
U m a situação igualmente conflitante e ameaçadora para alguns aconte
ceu quando os primeiros livros impressos surgiram, uma vez que os “ profis
sionais da inform ação” da época, os escribas nos mosteiros, consideraram
essa forma perigosa e inadequada (poderia expalhar idéias não-censuradas,
conter e difundir erros ortográficos, tiraria o poder da mão de quem o deteve
por m uitos séculos etc.). É a célebre frase do personagem Frollo, de V ito r
Hugo: Ceei tuera cela*, sem a qual U m berto Eco considera incom pleto qual
quer texto sobre a transição da informação do suporte analógico para digi
tal. Apesar de desaprovar o livro impresso e tudo o que representava, a
Igreja não conseguiu deter sua proliferação e sua crescente importância com o
suporte da informação na cultura ocidental, a ponto de se tornarem, livro e
conhecim ento, sim bolicam ente sinônim os.
A Era da Inform ação, mais uma vez, reabre o debate territorial sobre
vantagens e desvantagens de um form ato e sua inexorabilidade. Desta
vez, o digital. A inform ação neste form ato apresenta grandes vantag ens
porque descorporificada, descolada do papel, habita livrem ente, com o
sinal elétrico, o ciberespaço: um ecossistem a inform acional (form ado por
com putadores, cabos telefônicos, fibras óticas, ondas eletrom agnéticas,
satélites, telefones fixos ou celulares e outras tecnologias afins) que existe
(visível e invisível) ao nosso redor e que cresce exponencialm ente a cada
segundo, em im portância e em volum e, estando potencialm ente disp on í
vel a qualquer um em qualquer hora e em qualquer lugar.
A biblioteca, antes “ ilh a” de inform ações visitad a fisicam ente por
usuários que buscavam um produto, principalm ente o livro, precisa ago
ra integrar-se e disputar espaço num “ mar de inform ações” . Seus u su á
rios, tornando-se progressivam ente rem otos e descorporificados, a co s
tum am -se àquilo que se pode obter “ aq ui” e “ agora” : a inform ação digital
“ in sta n tâ n e a ” disponibilizada pelas redes, em especial pela Internet e
pela crescente largura de banda disponível.
4 . C a r a c t e r ís t ic a s d a in f o r m a ç ã o n o s u p o r t e d ig it a l
C o n v e r g ê n c i a d e m íd ia s
212
ao sinal elétrico que pode ter apenas dois estados: on e off, com ou sem
corrente, tam bém representado por zeros e uns. Exemplo: 0 0 0 1 1010.
M ídias antes residentes em suportes variados (papel de polpa de ár
vores, de linho, de arroz, pergam inhos, papiros, plástico, telas gessadas
etc.), com o a maioria das mídias estáticas, ou em suporte m agnético, com o
as m ídias dinâm icas (áudio, víd eo etc.), podem ser todas representadas
pelos m esm os sinais digitais e, portanto, com binadas, duplicadas, arqui
vadas, recuperadas, cruzadas e distribuídas de m odos inéditos.
Esta mídia digital - ao con trário das m ídias anteriores, nas quais cada
cópia im plicava aten uação do sinal que descrevia a inform ação (fo to có p i
as, duplicação m agnética de fitas de áudio e vídeo etc) - pela precisão de
seu sup orte tecnológico, perm ite duplicar e recom binar d ocu m en to s de
forma a tornar indistinguível o original da cópia. Vale lem brar que, com o
diversas coleções ainda co n tin u a m (e con tin u arão por algum tem p o ) em
form ato analógico, m uitas bibliotecas precisarão adaptar-se e d e se n vo l
ver as estratégias necessárias para adm inistrar dois acervos sem elhantes
ou até redundantes: um analó gico e o u tro digital.
A l t e r a ç ã o n o s c o n c e i t o s d e “ lu g a r ” e d e “ t e m p o ”
G raças às tecnologias das teleco m u nicações em rede, on d e o d o c u
m ento reside, com o bits salvos em algum H D em um p o n to da rede, deixa
de ser im portante. Sob a form a digital, a inform ação passa a habitar um
espaço “ v irtu a l" e ser visualizad a na tela do com putador. Por esta razão,
a biblioteca digitalizada pode ap on tar para as fontes de inform ação sem,
necessariam ente, possuir a propriedade física das m esm as. O im p o rtan
te passa a ser a dispon ibilização do acesso e, com freqüência, a con fia
bilidade da inform ação disponibilizada. Dada a facilidade de m anipulação
deste tip o de inform ação, torna-se agora especialm ente im p ortan te saber
quem a produziu, quem a identificou co m o valiosa, quem a selecionou
para disponibilizar e quem garante sua autenticidade.
O conceito de tem p o tam bém se altera, criando-se uma “ relativização”
do m esm o. U m a de suas m aiores conseqüências é que a instantaneidade
passa a ser a palavra de ordem. Soluções com o o Programa de C om utação
Bibliográfica, por exemplo, não mais atendem às necessidades de acesso
im ediato aos docum entos q ue a inform ação em rede oportuniza. O v o lu
me e a diversidade de inform ação disponível on-line, em um núm ero cres
213
cente de áreas, permite que o usuário im paciente possa migrar para uma
outra, igual ou similar, com um “ cliqu e” de seu mouse. Essa biblioteca
digitalizada pode estar “ aberta" 24 horas por dia, sete dias por semana,
com p etindo em acesso com outras bibliotecas e outras fontes, a maioria
bastante anárquicas.
A velocidade das m udanças tecnológicas que acontece nestes am bien
tes, que podem ser medida em meses às vezes, com parada a processos
eq uivalen tes nas mídias anteriores que dem oravam séculos, cria co n fu
são e stress entre bibliotecários e usuários. N ão há sequer co n sen so em
prever quais serão os form atos existentes e as necessidades de um a b i
blioteca daqui a uma década, o que dificulta enorm em ente os p laneja
m entos na área.
N o v o s c o n c e it o s d e c a ta lo g a ç ã o
Este n o vo lugar, o cib eresp aço , abriga um a m u ltitu d e de e n tes
descorporificados: d ocu m en tos diversos, inform ações em diferentes for
m atos e de diferentes naturezas, além de pessoas u tilizando diferentes
protocolos de acesso. Esses protocolos privilegiam determ inados tipos
de inform ação, evoluindo e transform ando-se com d esconcertante v e lo
cidade. E essa descorporificação que perm ite que, de qualquer lugar do
m un do onde haja o potencial de acesso, em qualquer hora e de diferentes
eq uipam entos, usuários busquem os locais onde reside - naquele m o
m en to - a inform ação digital desejada.
U m a das ferram entas clássicas para a localização da inform ação na
biblioteca tradicional, o catálogo,' é fortem ente influenciada por tu d o isso.
Por séculos, os catálogos representaram um a ferram enta de identificação
e descrição que atendia adequadam ente às coleções relativam ente e stá
ticas ou m oderadam ente dinâm icas co n tid as num a determ inada in stitu i
ção. Tais catálogos perm itiam encontrar um livro por seu títu lo , autor ou
gênero, porque apontavam para a localização física desta inform ação na
prateleira da biblioteca. Para o profissional da ciência da inform ação, a
convergência de mídias, oportunizada pelo form ato digital (bem com o
sua localização volátil), apresenta novos desafios tam bém ao exigir que
sejam desenvolvidas novas form as de descrever e indexar estes d o c u
m entos dinâm icos, em m últiplos form atos e em localizações rem otas s o
bre as quais, m uitas vezes, tem-se m uito pouco controle.
214
Por sua im portância, o catálogo foi a primeira coisa a ser digitalizada
em m uitas bibliotecas e, posteriorm ente, a ser disponibilizada na Internet.
C ham ado em inglês de O P A C - Online Public-Access C a ta lo g (C atálo g o
de A c e s so Público em Rede), referia-se aos docu m en to s analógicos pre
sentes em um a determ inada instituição , m uitas vezes "re u n in d o ” co le
ções dispersas por diferentes lugares em um a única longa e flexível pra
teleira virtual. A m aioria das bibliotecas universitárias o possui, em seu
website, ju n to com as opções de acesso a bases de dados digitais, locais
ou remotas.
A complexa questão de criar um catálogo que descreva e aponte para
docum entos digitais dinâm icos e inconstantes, em hipermídia, em um v o
lume crescente, será abordada no capítulo sobre m etadados deste livro.
Mas, enq u anto eu escrevia este, a conhecida lista de discussão de A ld o
Barreto ap on tou 9 para um m emorável artigo, “ The Future o f Cataloging “ l0,
onde autora questiona-se sobre se há futuro para atividades de ca talo g a
ção, indexação etc. num a época de indexadores autom áticos, que criam
in stantanem en te o que se poderia cham ar de um a lista personalizada que
aponta diretam ente para a inform ação d entro da topologia específica do
ciberespaço. A autora faz as perguntas duras, mas necessárias, ao d e s
crever, de m odo realista, o que ela e outros autores percebem qu an d o
conversam com usuários da Internet: que estas pessoas utilizam m aterial
digital on-line, diretam ente, sem recorrer aos catálogos convencionais,
acessando d o cu m en to s que, freqüentem ente, não existem ou não são
sequer solicitad os na biblioteca em átom os. A autora tam bém descreve o
form idável projeto G oogle de digitalização de obras em textos integral
(existem outros m ais antigos, com o o Projeto G utenberg, que foi o pri
meiro, mas esses não possuem um indexador a u to m ático e poderoso
com o o G oogle na função tam b ém de patrocinador do p r o je to "). N este
universo, o nível interm ediário para localização do texto com pleto, a fu n
ção da catalogação e indexação, talvez se torne redundante ou d esneces
sária e precisa ser repensada.
5. A lg u n s d a d o s p a ra p e n s a r
215
C a p t u r a , a r m a z e n a m e n t o , d is tr ib u iç ã o e s e u im p a c t o s
s o b r e a s p o l í t i c a s d e p r o p r ie d a d e i n t e l e c t u a l
M u ita s coisas serão ditas sobre isso nos capítulos adiante mas é im
portante refletir sobre uma em especial: as redes cliente a cliente. Duas
das características de um d ocu m en to digital - sua duplicabilidade sem
sofrer aten uação e sua portabilidade - propiciam que estes sejam d istri
buídos e com partilhados de m odos alternativos e sem controle. A t u a l
m ente isso se dá, cada vez mais, por meio das diversas redes P 2 P (peer to
P e e r - parceiro a parceiro, ou cliente a cliente, com o são cham adas em
português) e que, com o o nom e m ostra, im plicam relação de igualdade
entre os dois ou mais usuários envolvidos no com p artilham en to dos ar
quivos. A tecnologia P2 P é uma maneira eficiente de transferir inform a
ção eletrônica, via rede, possuindo, entre outras vantagens, o potencial
de reduzir sub stan cialm en te o tem po e os custos, quando com parada
com os sistem as de distribuição baseados em servid ores.13
O mais recente destes protocolos a ganhar notoriedade foi o Napster.
N este m odelo, os com putadores dos usuários cadastrados em um site
“ organizador” faziam um upload de sua lista de arquivos disponíveis (neste
caso, principalmente trilhas sonoras em formato M P3 ) para o banco de da
dos do servidor Napster e, em troca, acessavam o “ catálogo” do mesmo
banco para descobrir onde residiam arquivos de seu interesse e quais deles
estavam on-line e disponíveis naquele momento. Recebiam tam bém informa
ções sobre o tipo de conexão que cada um destes potenciais depósitos
possuíam (linhas discadas, dedicadas etc), bem com o outros dados que lhes
permitisse escolher uma fonte de confiança (outro com putador com boa co
nexão) para seu download, à qual, depois, conectavam-se diretamente.
Im ediatam ente, as gravadoras, as maiores interessadas nos direitos
autorais desse tip o de d ocum entos, e alguns dos autores (p or m eio da
Records Industry 7\ssociation o f A m e rica - R IA ) entraram com diversas
ações legais e conseguiram gradualm ente a extinção do site organizador.
Claro que um novo site poderia surgir im ediatam ente em o u tro lugar no
ciberespaço, mas, a esta altura, novos protocolos P 2 P surgiram , mais
eficientes e to talm en te descentralizados, burlando outra vez as te n ta ti
vas de con tro lar o trâ n sito de inform ações na rede.
O novo m odelo P2P, independe de um servidor, é totalm en te descen
tralizado, funcionando com o conceito de “ horizonte". Cada m áquina com
216
este tipo de protocolo vasculha a Internet em busca de outros usuários do
m esm o programa (ou de com patíveis), que tam bém estejam sinalizando
sua disponibilidade, até um lim ite de quatro mil usuários, por exemplo.
Estes quatro mil estão "enxergando” , por sua vez, um outro núm ero sem e
lhante de m áquinas (bem com o os arquivos que elas estão querendo
disponibilizar) e assim sucessivam ente. O usuário então dispara sua(s)
busca(s), que podem ser de form atos m últiplos (texto, áudio e vídeo). Cada
m áquina, naquele horizonte, que recebe a solicitação confere seu catálogo
pessoal e os catálogos que existem, com o m etadados, dos demais por ela
avistados em seus respectivos horizontes. Isso potencializa enorm em ente
cada pesquisa. Recebidas as “ respostas” , o usuário escolhe de onde fazer
o d o w n lo a d desejado, acom panhando os uploads sim ultâneos, que p o
dem estar sendo realizados de sua m áquina por outros usuários.
O s d o cu m en to s assim tro cad o s são cópias fiéis do d o cu m en to o ri
ginal, ficando agora disp on ib ilizad os tam bém no co m p u ta d o r daquele
usuário rem oto. A propriedade intelectual destes d o cu m en to s (arq uivos
de m úsica, vídeo ou texto) não está m ais sob um con tro le centralizado.
M ais ainda, estes pro to co lo s agora perm item segm entar os d o cu m en to s
so licitad os, fazendo o d o w n lo a d sim u lta n e a m e n te de diferentes seg
m en tos do arquivo desejado, de diferentes usuários, e im ed iatam en te
tornand o estes segm entos disponíveis para ou tros uploads rem otos (ch a
m ados de leeches - sangu essugas), o que aum enta g eom etricam en te o
núm ero de fontes, para os dem ais, de onde fazer o dow n load , bem com o
a dificuldade de im pedir sua dissem in ação. Tudo isso com to tal p rivaci
dade e ano nim idade dos usuários envo lvid os, pois é v irtu a lm e n te im
possível descobrir quem está tro can d o o que e onde, d e stru in d o assim
m uitas das velhas hierarquias de poder relacionadas com a inform ação e
seu acesso.
Esta é um a das razões pelas quais tais protocolos foram destacados
neste capítulo, pois o co n h ecim e n to de sua existência pode to rnar to ta l
m ente fútil im aginar que os direitos autoriais, tal com o existiram no sé
culo X X , possam ser preservados nesta nova mídia. Sem pre e cada vez
m ais (à m edida que usuários de com pu tad o res de uma geração nascida já
sob a égide do digital crescem ), haverá hackers dispostos a m ostrar sua
m aestria e criar estratégias para atalhar os “ o b s tá c u lo s ” legais que p o s
sam ser im plem entados.
217
Q u an d o o w w w foi criado (a parte em hiperm ídia da In tern et), as
lim itadas páginas existentes eram acessadas por meio dos links nelas
colocados. Posteriorm ente, surgiram os indexadores, portais etc. Ia-se
para um “ lugar” para buscar a inform ação (m uitos destes cada vez mais
carregados de anúncios e que, basicam ente, procuravam con tro lar o flu
xo de inform ação na rede m ediante da venda de posições privilegiadas no
to p o do catálogo personlizado para cada busca, utilizando uma indexação
laica e anárquica).
A nova geração dos program as P2 P ignora estes portais com erciali
zados e os indexadores com suas lim itações. Ela é desenvolvida por in d i
víd u o s ou pequenos grupos que se debruçam sobre as fragilidades ou
deficiências das versões P 2 P anteriores, aprim orando-as mais e mais. Por
exemplo, cada com p utador guarda agora um índice dos docum entos avis
tados nas conexões anteriores, fazendo o processo de busca m uito mais
rápido e eficiente. C om o dizem seus defensores:
218
exista, de seu controle. U m a reflexão que parta do “ reconhecim ento de
que cópias físicas de artefatos com u ns, mas caros, possuem m uito p o u
co valor, se uma cópia digital e acessível(ável) dos m esm os já existe’’ 16.
6. O u tra s q u e s tõ e s
A u s ê n c i a d e e s t a n d a r d s p a r a d e s c r i ç ã o d e p á g in a s
O cap ítulo referente às meta-tags certam ente irá discudir com mais
profundidade este tópico. E im p ortante m encionar “ as dificuldades que
essa ausência traz para a localização eficiente das inform ações e no im
pacto disso na atu ação do profissional da inform ação, que tem agora de
conhecer m uito mais as ferram entas de pesquisa e o how-to da w eb do
que propriam ente as fontes de inform ação (ao con trário das fontes em
papel). Isso é um a nova perspectiva para o bibliotecário, por dois m o ti
vos: prim eiro, porque m uda o perfil das suas com petências, com o c o
m entei acim a; segundo, porque pode ser um novo m ercado de trabalho,
com o indexador, m esm o que seja exclusivam ente para atender as d e
m andas internas de sua in stitu içã o ” l7.
Essa ausência de estandards, resultado da explosão de produção "la ica "
de d ocu m en to s on-line, afastados do con tro le de editoras, bibliotecas e
catálogos comerciais, de forma desorganizada e não-hierárquica, cria pouca
diferença "p e rce p tíve l’’ ao leigo entre do cu m en to s au tênticos, fofocas,
desinform ação, notícia jorn alística e pura especulação. Perm ite tam bém ,
a quem distribui e/ou diponibiliza seus d o cu m en tos no ciberespaço, criar
estratégias “ o c u lta s" para garantir m elhor indexação e acesso, indepen
dentem ente da autenticidade e da qualidade do co n teú d o distribuído. O
desafio de criar estratégias e m etadados para garantir a confiabilidade e a
ad e q u a d a in d ex ação de d o c u m e n to s em b ib lio te c a s d ig ita is e em
indexadores com erciais, sua procedência de fontes fidedignas, d im in u in
do ou até evitan do a anarquia atual dentro de um perspectiva ética e
profissional18, é m ais uma razão para o profissional da ciência da infor
m ação conhecer os aspectos técn ico s específicos da inform ação digital.
A v o lu b ilid a d e d a W e b
219
blicados, alterados e rem ovidos. C oletâneas de links de um ou m ais anos
freqüentem ente apresentam uma alta taxa de erro 404: avisos de d o cu
m en tos não mais existentes (ou que m udaram de “ lugar” ).
U m das interessantes experiências atuais para adm inistrar de forma
organizada e legal alguns destes problem as é o Open A rchives da Creative
C o m m o n s 19, que pretende definir um espectro flexível de licenças que se
acom odam entre o copyright pleno até dom ínio público, definidos pelo
a u to r do d o cu m en to disponibilizado. A iniciativa tem o ob jetivo de ga
rantir a divulgação do con h ecim en to científico, que atalha sobre a b u ro
cracia da publicação em papel, agilizando a publicação w e b e, ao m esm o
tem po, garantindo a solidez dessa referência, m ediante dos co m p ro m is
sos dos repositórios em m anter a inform ação disponível.
7. E n c e r r a n d o o c a p ít u lo , e m a b r il d e 2 0 0 5
220
futuro próximo, superem lim itações com o a de um link apontar para um
único endereço ou docu m en to. O co n ceito que defendem é o de que in
form ação já foi analógica, já foi digital, e agora, pelo m enos m etaforica
m ente, quer ser “ líquid a” , livre, fluída, m aleável, personalizável. O for
m ato digital a descolou do suporte. O form ato “ líquido” , um a nova etapa
em sua e v o lu ç ã o , v a i fazê-la e x is tir em um fluxo in in te r r u p to e
desobstruído. Isso porque, segundo afirmam seus criadores em seu site,
a m aioria das atividades relacionadas com a co m u nicação eletrônica pre
ocupou-se com sua produção e com a disponibilização de seu acesso,
não com as alternativas de processam ento desta inform ação.
Então, o que permanece e o que muda no m undo digital? Esse é um
assunto polêm ico e controverso sobre o qual não há um consenso. N a
desta autora, o mais im portante norteador das decisões éticas, financeiras,
educativas e políticas em relação a inform ação é torná-la disponível.
Se o usuário não encontra o que procura em um determ inado lugar,
volta-se para o u tras opções oferecidas pela rede e, se a biblioteca e n c o n
trar-se am arrada e am ordaçada por con ceitos tradicionais e obsoletos,
outras fontes de inform ação eq u ivalen te surgirão rapidam ente. Em p o u
cos anos, o público jovem que precisará acessar as bibliotecas terá tid o
pouca experiencia com as originais e com seus artefatos curiosos e o b
soletos, o livro im presso.
A luta entre a oligarquia e (o que é visto com o) a anarquia digital ,na
realidade não alteraram m uito o ecossistem a inform acional digital, que
cotid ian am en te se reorganiza no ciberespço, colaborativa ou in d ivid ual
m en te cria d o , in d ife re n te às lim ita ç õ e s da m ídia a n a ló g ic a . Este s
ecossistem a se desdobra, am plia-se e evolui de forma to talm e n te d es
centralizada, o que esperam os que tenha ficado claro ao longo deste c a
pítulo.
N a Biblioteca do C on gresso A m erican o , assim co m o no resto do
m undo, com issões23 ou ind ivíd uos (professores, estud an tes, profissio
nais da área) debruçam-se sobre as questões relativas às bibliotecas d i
gitais e às m udanças em com p o rtam en to s e con h ecim entos exigidas do
profissional que as atenderão. Pode parecer frustrante e desalentador abrir
m ão de paradigmas arduam ente aprendidos e testados e dispor-se a apren
der novos fatos e habilidades, criando e testan d o hipóteses que refaçam
ou su b stitu am co n ceito s fam iliares, mas não m ais adequados, e refazen
221
do-os à m edida que a tecnologia evolui. Ind ubitavelm ente novos desafi
os se apresentam , alguns con ceitos se obsoletizam ao m esm o tem p o em
que novos cam pos se abrem para o profissional da inform ação. Seu s u
cesso ou não parece ser, m ais um a vez, diretam ente proporcional ao d o
m ínio que ten ham das características da inform ação: agora digital.
222
Notas
I Marcum, D The Future of Cataloging, [online] Address to the Ebsco
Leadership Seminar Boston,'Massachusetts (January 16, 2005) < http://
www.loc.gov/library/reports/CatalogingSpeech.pdf> (tradução da autora)
2Guscott,J.(Editorof Library Futures Quarterl)These EmergingTechnologies
W ill Change Public Libraries [online] (Updated May I, 2001; originally
posted February I, 2001) http://www.libraryfutures.com/freereports/
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3 LEVACOV, M. Bibliotecas virtuais [r]evolução?. Ciência da Informação,
Brasília, DF, v.26, n.2, p. 125-135, (maio/ago. 1997)
www.ibict.br/cionline/260297/26029702.htm
4 Fineberg, G. Library Needs a Digital Strategy, [online] Bicentennial
Conference on Bibliographic Control for the New Millennium: Confronting
the Challanges of the Networked Resources and the W eb (data?) http://
www.loc.gov/catdir/bibcontrol/nas I .html
5 Birdsall, W . The Myth of the Electronic Library: Librarianship and Social
Change in America. Westport CT: Greenwood Press, 1994, p. xiii.(tradução
da autora)
6 http://www.ndc.uff.br/textos/vanja_periodicos.pdf
7 Lombardi, J. Academic Libraries in a Digital Age. [online] D-Lib Magazine
(O cto b er 2000) Volum e 6 Num ber 10 ISSN 1082-9873 http://
www.dlib.org/dlib/octoberOO/lombardi/IOlombardi.html
8 ECO, Umberto. AFTERW ORD. “ Isso" (o livro) "substituirá aquilo” (a
catedral), isso é, a informação filtrada e divulgada pela Igreja Católica,
(tradução da autora) http://www.stanford.edu/dept/HPS/HistoryWired/
Eco/EcoAfterword.html
9 BARRETO, Aldo odla@centroin.com.br“ o processamento técnico está
acabando?” (07-03-2005)
10 Marcum, D The Future of Cataloging, [online] Address to the Ebsco
Leadership Seminar Boston, Massachusetts (January 16, 2005) http://
www.loc.gov/library/reports/CatalogingSpeech.pdf
II D O NIA, R. Death of the Book: An Historian's View of the Digital
Revolution Rebuild [online] http://www.openbook.ba/icsl/papers/
rdonia.htm
12 SAFFO, P apud? Students shun search for information offline [online]
(19-12-2004) (tradução da autora) http://www.filfla.com/newsitem
.php?id= 188
13 http://p2p.libraries.psu.edu/
223
14 "The notion that intellectual property is the same as real or tangible
property has become ingrained in current policy-making bodies and has
become, if not dogma, at least accepted lore. Unfortunately, historically,
legally, and otherwise, it’s ju st w rong", (tradução da autora) http://
www.ala.org/al_onlineTem plate.cfm7Section = mwreports6rTemplate=/
ContentManagem ent/ContentDisplay.cfm £rContentlD=59337#p2p
15 V aid h yan ath an , S. P2P and the future of Inform ation. The new
information ecosystem: Part I : cultures of anarchy and closure, [online]
(27-06-2003)
http://www.opendemocracy.net/themes/article-8-13 19.jsp#
16 LOM BARDI, J. Academic Libraries in a Digital Age. [online] D-Lib Maga
zine (October 2000 Volume 6 Number 10 ISSN 1082-9873
http://www.dlib.org/dlib/octoberOO/lombardi/IOlombardi.html
17 Grings, Luciana. email pessoal para a autora (20-04-05)
18 http://www.capurro.de/diglib.htm
19 http://creativecommons.org/
20 http://Vivisimo.com
21 http://www.northernlight.com
22W h a t happens when you unleash text? http://www.liquidinformation.org/
23 http://www.cetus.org/acad_lib.pdf
224
Marília Alvarenga Rocha Mendonça
I . In t r o d u ç ã o
227
e a inform ação, precisa d o m in ar as técn icas bibliográficas ju n ta m e n te
com as novas tecn olo gias, para bem desem penhar seu papel neste n ovo
cenário.
O serviço de referência, por ser o que proporciona esta interface u su á
rio/informação, tam bém sofre alterações, decorrentes do surgim ento da
biblioteca virtu al. Surge o serviço de referência digital, que tem por finali
dade prestar assistência aos usuários, virtualm ente. Ferreira (2004, p.2)
co m e n ta que: “ Fornecer um serviço de referência a u to m a tiz a d o aos
utilizadores da biblioteca e m odernizar o serviço tradicional é um a s su n
to com plexo que os bibliotecários têm de enfrentar” .
Refletir sobre o papel que os serviços de referência digital vêm d e
sem penhando nas bibliotecas torna-se im portante neste m om ento, v is to
a expansão que se delineia no cenário inform acional. C onhecê-los e sa
ber com o funcionam é im p ortan te para avaliar se esse serviço cum pre o
p ap el do s e r v iç o de re fe rê n cia t r a d ic io n a l. Fazer um re g is tro da
inform atização das bibliotecas e relembrar as origens do serviço de refe
rência e sua evolu ção é o que se pretende no m om ento.
2. A s b ib lio te c a s n a e ra d a in fo r m á tic a
228
interconexão de com putadores de diferentes m arcas e com diferentes sis
tem as operacionais, utilizando linhas telefônicas com uns com binadas com
linhas de transm issão de dados de alta velo cid ad e” .
A s bib liotecas e dem ais u nidades de in form ação se beneficiaram
grandem ente das facilidades oferecidas pela Internet, o que veio c o n tri
buir para facilitar a interm ediação entre o fornecim ento de inform ação e o
usuário, possibilitando que as m esm as cum pram com m aior eficiência
seu papel na sociedade. A s bibliotecas passam a atuar segundo novo
paradigm a, que privilegia a inform ação em detrim ento do d ocu m en to em
si, o acesso ao invés da posse, não se lim itando a local nem se prenden
do a horários previam ente determ inados e que m uitas vezes foram em p e
cilhos para os usuários na ob ten ção da inform ação desejada.
Das bases de dados referenciais com eçam a surgir as textuais, ofere
cendo o texto com pleto dos docu m en tos, ju n ta m e n te com serviços de
fornecim ento de cópias cuja transação ocorre on-line (C o m u t) e que vêm
ao e n co n tro de uma das necessidades dos usuários de hoje em dia, ou
seja, a otim ização do tem p o de espera pela inform ação desejada. A ssim ,
os avanços tecnológicos vêm proporcionando m udanças consub stan ciais
nas bibliotecas: do m odelo tradicional, com o acervo com p o sto, basica
m ente, por material im presso e áudio-visual, para um acervo eletrônico
e/ou virtual, resultando no surgim ento das bibliotecas eletrônicas.
Cum pre ressaltar a opinião de Day e outros, citados por R o w le y (2002),
que afirm am existir um a variedade m u ito grande de significados a respei
to de biblioteca eletrônica pelo fato de o referido term o não estar, ainda,
con solidado na área. C on firm an d o esta opinião, Briquet de Lem os afirma
que “ na realidade ainda existe m uita confusão a respeito do que se pode
ria ch am ar genericam ente de bibliotecas ele trô n icas” . A ssim é que são
enco ntrad o s na literatura diversos term os para designar este tip o de bi
blioteca, destacando-se, entre eles bibliotecas sem paredes, bibliotecas
em rede, bibliotecas no m icrocom putador, biblioteca lógica, biblioteca
virtual, centro nervoso de inform ação (Corral, citad o por Row ley, 2002).
A o apresentar um significado para biblioteca eletrônica O p p enh eim ,
citado por R o w le y (2002, p. 4), “ descreve-a com o um a coleção organiza
da e adm inistrada de inform ação num a variedade de m eios (texto, im a
gem fixa, imagem em m ovim ento, som , ou suas com b in ações), porém
tod os em form ato d ig ita l” , organizada de tal forma que perm ita o acesso
229
do para satisfazer as atuais necessidades inform acionais de transição pelas
quais as bibliotecas convencio nais vêm passan d o” . A ssim é que:
Acredita-se que esta seja a situ ação da m aioria das bibliotecas aca
dêm icas brasileiras, com o está sendo delineado por uma pesquisa em
andam ento, realizada por M arcondes, M endonça; H ughenin (2004), cujo
ob jetivo geral con siste em averiguar se as bibliotecas universitárias bra
sileiras oferecem o serviço referência d ig ital e em que co n siste este servi
ço. Segundo Rusbridge, citado por G arcez e Rados (2002, p. 45 ), as bibli
o te cas híbridas devem proporcio nar “ um a va sta gam a de interfaces,
incluindo diferentes tipos e form atos de in form ação” , integrados entre si,
visand o tornar to d o s os recursos acessíveis aos usuários, em que se des
tacam a existência de:
231
beçalhos que representem com presteza o tem a pesquisado, exigindo
“ co n h ecim en to do assunto, das bases de dados e da bibliografia” (G arcez
e Rados, 2002, p. 50), com a ajuda do bibliotecário ou por um usuário
devidam ente preparado para tal.
O s e r v i ç o d e r e f e r ê n c ia : d a s o r ig e n s à r e f e r ê n c ia d ig it a l
O serviço de referência é uma atividade que, segundo Maciel e M en d on
ça (2000), pertence à função encarregada pela dinam ização das coleções,
232
m ereceu um a posição de destaque nas bibliotecas que, naquele tem po,
tinh am as atividades de aquisição, catalogação, classificação e controle.
O acesso à educação por parte da população e o increm ento da pro
d ução editorial, segundo Grogan ( 2 0 0 1), contrib u iu para m udanças nos
serviços bibliotecários. C o m a produção bibliográfica em expansão, com
o crescim ento de obras especializadas em diversos assuntos, o controle
bibliográfico por parte dos eruditos ficou m ais difícil, provocando uma
dem anda para a busca por assunto, “ a que os bibliotecários responderam
com m ais catálogos de assu ntos, sistem as de classificação e ajuda pes
so a l” (G rogan, 2002, p.2-4).
A dem ocratização do ensino, por sua vez, gera novo público leitor
que passou a exigir um novo tip o de biblioteca - a biblioteca pública
m antida com im postos - , principalm ente nas grandes cidades in d u stri
ais da Grã-Bretanha e dos Estados U n id o s e quando se pode localizar as
origens daquilo que hoje con h ecem os com o serviço de referência. N o
en tan to , co n tin u a Grogan (2 0 0 1), apesar de em 1888 M elvil D e w e y em
pregar a term inologia ‘biblioteca de referên cia', o serviço de referência,
com o atividade rotineira das bibliotecas públicas, só veio a se consolidar
no início do século XX.
Em se tratan d o de o u tro s tipos de bibliotecas, as universitárias, por
exemplo, o serviço de referência teve um im pulso com o aliam en to da
pesquisa ao ensino, o que apontou para um a necessidade m aior dos u suá
rios pela utilização das fontes bibliográficas disponíveis nas bibliotecas,
fato que, no entanto, só ocorreu nos m eados de século XX. Já as bibliote
cas especializadas foram consideradas "in stitu içõ e s do século X X , cria
das sob m edida para a finalidade de fornecer serviço de referência e infor
m ação ” (Grogan, 2 0 0 1 p. 28).
O serviço de referência é aquele realizado face a face com o usuário.
C ostum a-se dizer que é o cartão de visitas da biblioteca, responsável
pela m anutenção dos usuários, ou, com o diriam os administradores, aquele
que garante a fidedignidade dos clien tes à em presa. Para que tal a co n te
ça, é necessário prestar um serviço de qualidade, ou seja, um serviço que
atenda às reais necessidades de seus usuários: a inform ação pertinente,
no tem po certo, a um cu sto ótim o.
Para H u tch in s (1 973, p.4), “ o c o n ta to direto com o leitor é o alvo do
trab alh o de referência” . Ele acrescenta que:
233
O trabalho de referência inclui a assistência direta e pessoal dentro da
biblioteca a pessoas que buscam informação para qualquer finalidade e
também as diversas atividades biblioteconômicas destinadas a tornar a
informação tão acessível quanto possível.
234
priado na linguagem de acesso do acervo de inform ações” (Crogan, 2 0 0 1,
p. 53); o processo de busca no acervo de inform ações; a resposta, que
con siste no resultado da busca; a solução é a fase em que se chega à
conclusão de que o resultado foi satisfatório. Todo este processo serve
para lem brar que “ [...] o processo de referência não se torna um esp etá
culo em que o bibliotecário é o único ator; deve ser um diálogo, com
con sulen te e bibliotecário desem penhando papéis com plem entares do
com eço ao fim ” (Grogan, 2 0 0 1, p. 55).
3. O s e r v iç o d e r e f e r ê n c ia d ig it a l
235
podem ser identificadas. Pomerantz e outros (2002, p. 2) com entam que,
desde a criação da W e b , aum entou consideravelmente o número de serviços
de referência que vêm utilizando meios de comunicação eletrônica assíncronos,
para realizar este tipo de interação com os usuários. O s serviços de referên
cia digital surgiram no final da década de 80, quando as bibliotecas com eça
ram a disponibilizar seus catálogos na rede, segundo Márdero Arellano (2 0 0 1),
o que veio facilitar a localização de docum entos de uma biblioteca.
N o e n ta n to verifica-se que, na prática, o serviço de referência digital
oferecido pelas bibliotecas se refere, basicam ente, em responder q u es
tões dos usuários que sentem necessidade de inform ação e que não s a
bem co m o encontrá-la por si m esm o, u tiliz a n d o m eios e letrôn icos.
M árdero A re llan o (2 0 0 1, p. 8) acrescenta: “ A tu alm e n te , m u itos desses
serviços estão reduzidos a con sultas enviadas por correio eletrônico, te
lefone ou form ulários na W E B , co n sum in d o tem po e exigindo um tra b a
lho árduo de pesq uisa.” O p in ião sem elhante apresentam C u en ca e o u
tros (s.d.), ao se referirem a bibliotecas acadêm icas: “ O aten d im en to de
questões pela Internet tem sido um a nova op ção para o u su á rio f...]” .
Em recente pesquisa realizada nos Estados U nid o s, cuja coleta de
dados aconteceu no período entre fins de 2001 até início de 2002, por
Pom erantz e outros (2004, p. 4), foi relatado que são poucos os m odelos
de referência digital que adotam procedim entos, com o os em pregados
no balcão de referência tradicional. Inform am ainda que, dentre os s e rv i
ços de referência digital pesquisados, as práticas mais utilizadas eram o
envio das respostas autom atizadas para os usuários via e-mail e a m a n u
tenção de um form ulário na W e b para receber as questões dos usuários,
inclusive, com espaço para inform arem o endereço eletrônico, sem o qual
não é possível retornar ao usuário.
A lg u n s serviços de referência digital arm azenam as perguntas e res
pectivas respostas em um banco de dados de assu ntos e, quando rece
bem uma pergunta, a base de dados é autom aticam en te acionada. A lgu ns
desses serviços perm item o acom panham ento do processo registrando/
inform ando a situação do m esm o, ou seja, se trata de uma nova questão,
se recebida e ainda não respondida, se encontra em andam ento. A pesqui
sa em base de dados das questões previam ente respondidas, segundo
Pom erantz e outros (2004), é tudo que serviços de referência digital dese
jam , apesar de ser im portante a seleção das questões que podem ser res
236
pondidas por meio desta ferramenta, ou, por outro lado, referem-se a ques
tões que necessitam da m ediação hum ana para serem respondidas. Infor
mam ainda que alguns serviços m antêm os arquivos com as respostas
previam ente respondidas som ente para os especialistas, ao passo que
outros serviços os disponibilizam para tod os os usuários.
M árdero A rellan o (2 0 0 1, p. 7), relata que existem, no exterior, in ú m e
ros serviços de con sulta que atendem a um volum e grande de perguntas
diariam ente e
237
• Levantamento bibliográfico;
• COMUT;
• Pergunte à Bibliotecária;
• Fale conosco;
• Envio de cópias on-line;
• Sugestões;
• Empréstimo entre bibliotecas;
• Sumários correntes;
• Fichas catalográficas;
• Normalização de documentos;
• Dicionário, Enciclopédias on-line;
• Livros e periódicos on-line;
• Informativo: acervo, equipe e serviços;
• Lista de periódicos eletrônicos.
Uma questão que vem preocupando estudiosos desse tema está rela
cionada à mediação humana no processo de referência digital. O fator
humano sempre foi considerado imprescindível no referido processo, uti
lizado pelas bibliotecas tradicionais e um dos responsáveis pelo sucesso
das mesmas. Lankes, citado por Ferreira (s.d.), é de opinião que “ é tempo
de colocar um rosto humano na biblioteca virtual” e que o sucesso da
biblioteca virtual depende das pessoas que nela atuam. Ferreira (s.d.)
questiona: "Será que as TIC tornam obsoletas ou dispensável a mediação
humana no Serviço de Referência?” Ferreira continua relatando: “ Um ou
tro problema formulado por Lankes relaciona-se com a falta de acompa
nhamento que os bibliotecários têm proporcionado aos utilizadores.”
Torna-se im portante definir o papel da biblioteca digital e do b ib lio te
cário neste n ovo cenário. Pom erantz e outros (200 4) se referem à diferen
ça existente entre o aten d im en to a um usuário no balcão de referência de
um a biblioteca tradicional, durante a entrevista de referência, em que o
bibliotecário tem a oportunidade de tornar claras as necessidades de in
form ação desse usuário, o que não é possível na referência digital, e a
qu estão inicial apresentada pelo usuário é tu d o que o bibliotecário tem
para trabalhar. Inform am ainda que serviços de referência digital m o s
tram que, m eios assíncronos não garantem a eles um a boa negociação.
C o m o num a biblioteca tradicional, o planejam ento desse serviço é in d is
238
pensável, nele incluído o e stu d o de usuário, sem o qual não é possível
conhecér suas necessidades de inform ação e as form as de acesso por
eles desejadas.
4 . C o n s id e r a ç õ e s fin a is
239
úteis a seus usuários, seja quando aponta as m elhores fontes ou quando
apresenta a resposta certa às questões apresentadas, fruto de seu c o n h e
cim ento técn ico especializado, aliado à sua habilidade de lidar com as
ferram entas advindas das novas tecnologias e, principalm ente, de sua
experiência adquirida no desem penho profissional.
Acredita-se que a tendência é que a oferta dos serviços de referência
digital se amplie nas bibliotecas e que se instalem serviços que funcionem
em tempo real, utilizando-se dos chats e das mensagens instantâneas,
entre outros recursos que a tecnologia possa oferecer.
240
Re f e r ê n c ia s
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R O W L EX Jennifer. 7\ biblioteca eletrônica. Brasília: Briquet de Lemos/Li
vros, 2002.
242
LuizAtílio Vicentini'
[...] a informação não pode ser considerada de maneira isolada nas insti
tuições, e que, às bibliotecas está reservado o papel de repensar suas
atividades e funções, adaptando-se aos novos modelos organizacionais e
extraindo das tecnologias disponíveis o substrato para a melhoria na pres
. tação de serviços e na utilização eficaz de informações.
244
• auto-serviço: ele é auto-suficiente em seu cam inh o na busca pela
informação;
• integração de tecnologias para facilitar o acesso à inform ação;
• navegação eficiente para localização da inform ação.
I . A b ib lio t e c a d ig it a l
A inform ação com o elem ento principal da necessidade hum ana torna-
se indispensável para o desenvolvim ento da pessoa. N o livro 7\ inform a
ção: análise de um a liberdade frustrada, Xifra-Heras (1975, p. 27) afirma:
245
como uma liberdade individual que se concretiza no direito do homem a
emitir, expressar e receber informações.
Coleção/conteúdo
Recursos humanos
Equipe multidisciplinar
- Capacitação
Padronização
Metadados
MARC
Formato do arquivo digital
Padrão de digitalização
Tecnologia • ^
Hardware
Software
Livre
....Proprietário
Flexibilidade de desenvolvimento
Facilidade de gerenciamento da coleção digital
Linguagem de programação 5
Utilização de protocolos de comunicação para
importação e exportação de dados
Digitalização
Garantia de direito autoral
Preservação do documento digital
2. A s t e c n o lo g ia s d e in fo r m a ç ã o
246
aberto), viável para que as instituições desenvolvam soluções (serviços e
produtos) com m aior velocidade a um cu sto m uito baixo. .
O so ftw a re livre pode ser d efin id o a p a rtir das ca ra c te rís tic a s a
seguir:
3. G e s tã o d a b ib lio t e c a d ig it a l
247
Criar uma biblioteca digital com foco no usuário. Saber quais serão os
nossos usuários potenciais é fundam ental no planejam ento dessa bibliote
ca. N unca se deve pensar que o seu principal usuário será o da sua in stitu i
ção, pensar assim será um grande erro. A partir da estruturação de uma
biblioteca digital com acesso via Internet, toda categoria de usuário terá
acesso ao d ocum ento publicado, com variados interesses, pessoais, aca
dêmicos ou até por curiosidade. Nesse sentido, torna-se fundam ental iden
tificar qual con teú do será trabalhado para construir o banco digital.
Estabelecer um p lanejam ento para a criação da biblioteca digital que
atenda às características a seguir: igualdade do d ocu m en to digital com o
d ocu m en to im presso, acesso direto do usuário à inform ação publicada,
revisão do fluxo de trabalho na biblioteca com os principais envo lvid os,
aplicar co n ceito s de qualidade visand o a m inim izar erros, flexibilidade e
capacitação dos funcionários envolvidos em tod o o processo da b ib lio te
ca digital, execução de estu d o s e planejam ento financeiro para garantia
de software, h ard w are e rede para acesso a biblioteca digital.
U m a estratégia para o bom d esen volvim ento de um a biblioteca digi
tal é a co n stitu içã o de um a equipe m ultidisciplinar, com profissionais de
diversas áreas da instituição, estabelecendo prioridades e m etas, e o mais
im portante: todos devem estar envolvido no projeto da biblioteca digital
a ser estruturada. Esta estratégia deverá abranger os aspectos de:
248
Também se deve atentar aos aspectos legais. O direito sobre o d o cu
m ento digital será sem pre do autor, garantindo a ele o direito de ve to da
publicação do docu m en to digital. Para facilitar esta questão, pode-se es
tabelecer prazos para a publicação, m ediante form ulário de autorização
com as seguintes opções ao autor: o p çã o I - autorizo a publicação do
d ocu m en to digital: o p ção 2 - autorizo a publicação do docum ento digital
após dois anos da assinatura desta autorização; o p çã o 3 - consulte-m e
após dois anos da data de assinatura desta autorização para publicação
do d o cu m en to digital. C om a indicação das opções 2 ou 3, o d ocu m en to
digital poderá ter restrição de publicação de dois a quatro anos.
Estabelecer procedim entos para a publicação do d ocu m en to em m eio
eletrônico na biblioteca digital deve ser um o b jetivo a ser seguido. O s
arquivos con ten d o o docu m en to eletrônico deverão estar no form ato com
a extensão que identifique sua estruturação, tais com o:
• P o n to d oc (M S W o rd );
• P o n to ps (post-Script);
• P o n to p d f (A d ob e).
249
biblioteca digital nunca deve restringir qualquer outro form ato de docu
m ento a ser publicado. O formato mais usual atualm ente é o PDF. Verifica-
se que a tendência é a disponibilização de diversos tipos de docum entos
em diversos form atos, ou ainda a im plantação do conceito de “ cluster” , um
docum ento texto em form ato PDF, com os anexos desse d ocum ento em
outros form atos de vídeo e sons, anexados ao docum ento texto principal.
U m dos p o n to s relevantes ao se con struir um a biblioteca digital é o
acesso. A partir da sua im plantação, se não houver restrições, o acesso
será universal e trará grandes vantagens conform e as citadas a seguir:
4 . A r q u it e t u r a d a in fo r m a ç ã o
250
funcionários, técnicos de informática devidamente conhecedores de
te c n o lo g ia s para o d e s e n v o lv im e n to a d e q u a d o das ferra m e n ta s de
gerenciam ento e acesso aos d o cu m en tos publicados em form ato digital.
Cam argo (2004) define a estruturação de uma biblioteca digital com o,
251
A fase de publicação de um d ocu m en to em um banco digital transfor-
ma-se em um processo, com um co n ju n to de ações e envo lven d o núm ero
significativo de pessoas.
252
nha particular, fica registrado naquele docum ento quem acessou ou fez
dow nload. Im portante, este banco deve ficar à parte do banco digital, e só
pode ser acessado pelos adm inistradores da biblioteca digital.
O acesso livre, navegabilidade, interface am igável, possibilidade de
cópia de docum entos sem custo, independentem ente se existe ou não um
controle de d ow n load s aos docu m en tos digitais, não inviabiliza o usuário
na busca pelo con h ecim ento registrado nos docum entos digitais. Todas
estas facilidades atendem a um dos grandes requisitos da Internet, a
usabilidade. Talvez um a das grandes restrições atuais é o tip o de conexão
que o usuário a distância possui em sua estação de trabalho. U m usuário
ao acessar a Internet por meio de um a conexão de baixa velocidade com
certeza terá dificuldades em fazer um d o w n lo a d de um d ocum ento digital,
diferente do usuário que utiliza uma conexão de alta velocidade.
U m detalhe im portante, no m om en to da criação de um a biblioteca
digital, é o uso sim ultâneo de um m esm o docu m en to. Dois usuários d e
vem poder executar dow n loads de um m esm o d ocu m en to sim u lta n e a
m ente sem prejudicar a performance do sistem a.
V o lta n d o à q u estão de quem acessa ou faz dow n load s nos d o cu m en
tos digitais. Essa é um a questão inusitada. De acordo com o con ceito de
uso na Internet, tu d o é livre e o acesso é irrestrito. N a realização de um
con tro le sobre d ow n load s nos d ocu m en to s digitais, o con ceito de uso
da Internet não é ferido, e o acesso co n tin u a livre e irrestrito, com um a
inform ação a mais, e os adm inistradores da biblioteca digital e p rincipal
m ente a in stitu ição poderão saber quem está e de onde está acessando
os d o cu m en to s digitais. Por m eio desses dados, a in stitu ição poderá ter
indicadores de qual con h ecim ento registrado e divulgado pela biblioteca
digital dem onstra m aior interesse. Essa inform ação poderá direcionar mais
ou m enos in vestim en to s em determ inadas áreas, por exemplo. A o m es
mo tem po, com esse tip o de indicador, passam os a ter um a nova b ib lio
teca digital, um a biblioteca mais personalizada direcionada ao m aior in
teresse da com u nidade usuária.
N esse ponto, retom am os à questão tecnológica. M u ita das atividades
descritas acima serão fáceis de serem im plantadas, se o produto gerenciado
(software) facilitar e tiver flexibilidade suficiente para adaptar-se à neces
sidade de gerenciam ento não só do banco digital, mas tam bém atender a
m udanças necessárias de forma rápida e eficaz. Assim , é fundam ental •
253
que o software, ao ser desenhado, possua uma estrutura hierárquica que
facilite a adm inistração do fluxo dos docum entos digitais, com atrib u i
ções bem definidas de “ quem faz o que na biblioteca d igital” .
5 . D ir e tr iz e s p a ra o d e s e n v o lv im e n t o e
g e s t ã o d e u m a b ib lio t e c a d ig it a l
254
I ) D e se m p e n h o - De acordo com G arvín ( 1992), “ as características
operacionais básicas de um produto é responsável pelo seu desem pe
n h o ” . N o projeto de um a biblioteca digital, podem os identificar as variá
veis m ais im portantes referentes a esta categoria:
a) A rm a z e n a m e n to s dos D o c u m e n to s - Para o arm azenam ento dos
docu m en tos, o sistem a deve con tem plar em suas funcionalidades alguns
requisitos de controle, necessários para garantia do d esem penho da bi
blioteca digital:
• con tro le de upload - som ente d ocu m en tos au ten ticad o s são inse
ridos no banco digital;
• compressão dos arquivos - objetiva a econom ia do espaço ocupado
pelos docum entos, garantindo a performance de acesso ao banco digital;
• identificação de víru s - o servidor deve possuir um sistem a de a n ti
víru s ativado pelo con tro le de upload, garantindo a integridade do
arquivo inserido, do banco digital e dos dow n load s a serem realiza
dos posteriorm ente;
• publicação do d o cu m en to - a inserção do d o cu m en to digital deve
ser de fácil e rápida operacionalização. B uscar a integração da biblio
teca digital com os bancos referenciais (catálog o a u to m atizad o ), que,
por m eio de protocolos de com unicação (ex.: Z39.50), perm ite a tran s
ferência dos m etadados, evitan d o o retrabalho na descrição dos d o
cu m e n to s no banco digital;
• m etadados - a descrição dos docu m en to s na biblioteca digital é
realizada m ediante a m arcação (identificação) dos m etadados que são
extraídos de outras bases referenciais.
255
ta n te se identifica com seus dados, criação de login e senha, a u to m a tica
m ente au tenticada pelo sistem a.
d) C o n tro le de A c e s so - Possibilidade de registro de todas as visitas e
dow nloads de cada arquivo, com a identificação do usuário que está exe
cu tan do o dow nload . A pós o primeiro download, o sistema permite ao
usuário a realização de novos dow nloads sem a necessidade de nova au
tenticação da senha. Esse controle de acesso perm ite o reconhecim ento
dos docum entos mais visitados.
e) Estatística - Permissão do registro do número de visitas e downloads
realizados por documento. Apresentação dos dados estatísticos dos docu
mentos mais acessados, por área do conhecim ento, por domínios, instituição
e pelos termos (assuntos) mais utilizados para as buscas no banco digital.
256
sub-níveis, dependendo da necessidade. Podem ser previstos tam bém a
definição de categorias que correspondem a tip os de d ocu m en tos v á li
dos e os lim ites de tam an ho, podendo ainda especificar um ou mais for
m atos a serem aceitos dentro de cada categoria.
c) M e ta d a d o s - O s m etadados constituem -se em uma nova forma de
estruturar e disponibilizar inform ação eletrônica por m eio da Internet. A
literatura identifica form atos para descrição de dados bibliográficos de
acordo com as recom endações estabelecidas pela norm a IS O 2709 e ta m
bém dos m etadados. Inclui inform ações descritas tradicionalm ente, com o
os catálogos de bibliotecas (autor, títu lo, assu n to etc.) e sobre recursos
eletrônicos. Gils (2 0 0 1) relaciona a idéia de m etadados às citações b ib lio
gráficas, e n tre ta n to seu con ceito torna-se m ais am plo em razão das suas
características: descrever, identificar e definir o recurso eletrônico; ap re
sen tar diferentes níveis de especificidade, e stru tu ra e com plexidade;
ob jetivan do m odelar e filtrar o acesso, estabelecer term os e condições
para o uso, autenticação e avaliação, preservação e interoperabilidade
das publicações eletrônicas.
d) In te g ra çã o e In te ro p era b ilid a d e - Esses itens são identificados nas
ações de im plem entação de sistem as de acesso, dissem inação e co o p e
ração de repositórios inform acionais, convergem para a possibilidade de
os usuários interagirem em recursos inform acionais heterogêneos, ar
m azenados em diferentes servidores na rede, em um a interface única para
a recuperação das inform ações dem andadas.
257
m entais para garantir a continuidade no seu desen volvim ento e as m a n u
ten ções que se fizerem necessárias. Todo projeto baseado em tecnologia
de softw are livre perm ite o desen volvim ento de novas funcionalidades e
o aperfeiçoam ento do sistem a a medida de suas dem andas.
c) P rese rva çã o do d o cu m e n to digital - N ão existe ainda um a política
de preservação do d ocu m en to digital, em form ato e mídia adequada para
garantir o acesso c o n tín u o dos m ateriais digitais para gerações futuras.
Essa preocupação tem sido objeto de discussões pelos pesquisadores da
área da inform ação e pelos responsáveis dos repositórios q ue utilizam a
W e b com o am biente inform acional.
6. U m a b ib lio t e c a d ig it a l in t e g r a d a
258
A visão de futuro, apontada por diversos especialistas, acena para
um acervo eletrônico/digital, em que o con ceito do acesso deve predom i
nar sobre o de posse da inform ação.
U m a nova biblioteca coloca-se no atual estágio de d esen volvim ento
tecnológico, a biblioteca digital não deve m ais se preocupar som ente
com o d esen volvim ento de sua coleção local visand o a satisfazer às n e
cessidades dos usuários presenciais. O s bibliotecários devem estar a te n
to s a uma nova realidade na biblioteca, que terá no futuro um enorm e
acervo digital. C om essa m udança, será necessário conhecer os reais
interesses dos usuários, principalm ente o usuário não-presencial.
D evem os pensar na biblioteca digital do futuro, com um a estrutura
mais personalizada e funcional. Personalizada no sentido de conhecer o
seu usuário, o que foi mais acessado, de onde é o usuário, e criar m eca
nism os de interatividade com este usuário, por exemplo: criando um c a
nal de co m u nicação inform ando os novos d o cu m en tos publicados na b i
blio teca digital sob re o a s s u n to por ele p e sq u isad o a n te rio rm e n te .
Funcional no sentid o de que a sua infra-estrutura con tem p le os requisi
tos de hardw are, softw are e arquitetura da informação, para perm itir maior
flexibilidade para m udanças e adaptações exigidas em nível in stitucio nal
e de usabilidade.
259
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262
Helena Pereira da Silva'
OthonJambeiro"
Angela Maria Barreto
I . In tr o d u ç ã o
263
a possibilidade de agir à distância, com o coloca Capurro: urna action in
distans, dem onstrada pelas invenções que unem o hom em com o d is ta n
te: com o a pólvora, a bússola, a im prensa etc.
A relação técnica e cu ltu ra é susten tada pelos processos com unica-
cionais. A o produzir teias de significação para si m esm o, o hom em fu n
dam en ta sua vida social nos aspectos da produção, arm azenam ento e
circulação da inform ação e do con teú d o sim bólico. Para isto, utiliza-se
de vários recursos ou m eios técnicos. Thom p son (1 998), ao inserir esta
com preensão em sua discussão sobre a mídia e a m odernidade, diz que
os m eios técnicos em pregados necessitam apresentar algum as caracte
rísticas, tais com o as de fixação, reprodução e d istan ciam en to tem poral.
O grau de fixação depende do m eio utilizado e liga-se aos m ecan is
m os de arm azenam ento da inform ação. O atrib u to da reprodução refere-
se à possibilidade de m ultiplicação de form as e con teú d os sim bólicos. A
terceira característica, o distanciam ento espaço/temporal, significa o afas
tam e n to da forma sim bólica de seu contexto de produção no tem p o e no
espaço. Alterações nestas características redundam na passagem de uma
cu ltu ra analógica para um a cultura digital.
Sabe-se que todos os m eios técn ico s têm relação com os fatores es
paço e tem po da vida social. A im prensa, por exemplo, é um a técn ica que
co loco u o indivíduo - que tin h a sua capacidade com u nicacional forte
m en te sincrónica e espacialm ente b astan te restrita - em co n ta to com
essa periferia infinita - em espaço e tem po - de leitores potenciais, com o
sugerido por O rtega (ídem , ibidem ). O surgim ento de n ovas técnicas,
co m o o telégrafo, o telefone, o disco, o rádio, a T V a era das te le c o m u n i
cações, enfim, tornou o atrib u to tem po/espaço ainda m ais significativo.
C apurro transporta essa idéia para a perspectiva da Intern et e a m u
dança do paradigma cultu ral provocada pela técnica das redes digitais,
que não só conectam o indivíduo solitário com uma periferia infinita de
leitores, com o perm item a co m u nicação desses leitores com o autor. Isto
transform a am bos em participantes virtu ais de um diálogo e de um a ação
com u m , que ele denom ina actio digitalis in distans e - o que revoluciona
tu d o - de forma interativa em tem po real.
O u tra possibilidade que a Internet oferece é a da m estiçagem c u ltu
ral, um dos m ais fascinantes fenôm enos do m undo atual, ta n to nos as
p ectos p ositivos de diferenciação e m ú tu o enriq uecim ento co m o nos ne-
264
gativos de hom ogeneização, incluindo, às vezes, políticas do tipo p rote
cionista ou isolacionista. C om essas proposições, C apurro invoca o s o
nho O rtegiano, que se faz realidade agora:
Desde hace anos sueno com um posible curso em que se muestren frente
a frente las técnicas de Occidente y las técnicas dei Ásia (Ortega, 1965,
p.95, apud Capurro, 2002, p.2)
C apurro (2002, p.2) com plem enta que a cultura digital é algo assim
com o um projeto vital em que a técn ica do técnico, cristalizada na figura
do engenheiro, m uda em direção ao que se cham a engenharia do c o n h e
cim ento, podendo operar co n ju n ta m e n te com a técnica do espírito, que
pode ser representada em term os m enos idealistas, co m o técnica de
software. N ã o no sen tid o estrito, mas latu senso, para indicar uma forma
de estruturar, desenvolver e com u nicar o saber que oferece p ossibilida
des específicas de um a actio digitalis in distans, não realizável dessa
m aneira em nenhum ou tro meio.
Estam os, sem dúvida, num con tex to em m utação, onde já não são
mais apenas previsões as m udanças significativas dos papéis profissio
nais tradicio nalm ente estabelecidos, em particular daquele que era o p ro
fissional da biblioteca: o bibliotecário. Elas já são reais. N o seu papel
tradicional, a função era estar fisicam ente num espaço físico específico,
processando, arm azenando e recuperando d ocum entos, suportes m a te
riais, que o leitor pessoalm ente buscava. Esperava pelo leitor num a a titu
de reativa e dentro de um con tex to previsível. U tilizava-se de códigos
con vencio nais na tarefa de m ediar a inform ação ao usuário. Agora, é pre
ciso considerar que a utilização dos novos m eios técn ico s para fixação e
tran sm issão da inform ação exige novas form as de habilidades, co m p e
tên cia s e form as de c o n h e cim e n to , pois em pregam n o vas regras de
codificação.
O s program as de Q u alid ade Total, desenvolvidos para empresas, ter
m inaram por invadir tam bém o m undo das bibliotecas, despertando os
bibliotecários para um a atitude m ais pró-ativa. A in d a assim , era a c u ltu
ra do analógico, em que se previa o aten d im en to de necessidades de
usuários “ ao alcance das m ãos e dos o lh o s ” . A chegada dos m eios digi
tais e, com eles, da possibilidade de “ esticar os b raços” para m uito além
265
do espaço físico em que atuavam , m udou o foco dos profissionais do
d o cu m en to para a inform ação.
A gora, qu an do o relacionam ento com o usuário se dá via sistem as
autom atizados, um novo cenário da inform ação se configura, in co rp o
ran d o d iferen tes atores. É m o m e n to de red efinições, rein ve n çõ es e
rep osicion am entos do profissional e das cham adas bibliotecas digitais.
U rs (2002, p. I) afirma que não se trata de um a m udança determ inada
apenas pelas tecnologias, mas tam bém pelas tendências do m ercado da
inform ação, p rofundam ente alterado por m udanças ocorridas na cadeia
produtiva da inform ação.
Transform ações em m uitas áreas da sociedade se som aram à ascen
são das TIC s, foram intensas e atingiram todos os segm entos da socie
dade do pós-guerra. N as empresas, os form atos organizacionais tra d ici
onais, fundam entados em forte centralização de poderes, funcionalização,
h ie r a r q u iz a ç ã o e c o m u n ic a ç ã o v e r t ic a liz a d a , a lé m de e x c e s s iv a
burocratização das tarefas, remodelaram-se.
Na atual sociedade, as organizações de trabalho apresentam -se com
grandes e fortes deslocam entos no que se refere à m udança de paradigma,
ao s a s p e c to s e c o n ô m ic o s - que têm d im e n s õ e s m u n d ia is - e à
descentralização de poderes. N este contexto, as inform ações tom am lu
gar privilegiado na arena econôm ica e com eça-se a falar em unidades de
informação:
2GG
N este ponto é im portante salientar a forma repetitiva com o aparece a
palavra “ m udança” . Ela acontece em cadeia e é o que permanece nesse
contexto de rápidas transform ações tecnológicas. Isto é, se o perm anente é
a m udança, a capacidade de adaptação deve tam bém permanecer. Deve, na
verdade, se transform ar num programa de existência, com o alerta Capurro
(2003), o que constitui, hoje, um dos maiores desafios da humanidade.
A ssim com o m udança, desafio é um a palavra recorrente em textos
que tratam da relação entre bibliotecários, bibliotecas e T IC s . U rs (2002,
p. I) aponta que as veneráveis in stituiçõ es bibliotecas e seus profissio
nais estão sendo desafiados a oferecer n ovos serviços e novos atores
diante desse novo m ercado da inform ação. Portanto, qualquer programa
de educação para bibliotecas digitais deve considerar não só as m u d a n
ças tecnológicas, mas, principalm ente, as tendências que essas m u d an
ças provocam no m ercado da inform ação. O autor relaciona algum as que
necessariam ente devem ser consideradas:
267
lho em equipe; da orientação do esforço físico para o do cérebro (Vargas
Zúniga, 2000; 2 0 0 1; Arruda, Marteleto, Souza, 2000). O perfil profissional
exigido nestes novos tem pos de intensa utilização de tecnologias de in
form ação e com unicação prende-se ao tripé co n h e cim e n to s, h ab ilid ad es
e a titu d e s. Tal perfil não se restringe aos profissionais da inform ação, de
m aneira geral, nem especificam ente aos tradicionais, com o os bib liotecá
rios. Abrange, na verdade, todos os que exercem algum tipo de atividade
laborai, porque expressa as profundas m udanças do m undo do trabalho, o
que im plica tam bém a necessidade de m udança na relação trabalho-edu-
cação, com o colocam Arruda, M arteleto e Souza (2000, p. 15).
' Volta-se, então, à m udança da cultura analógica para a digital, em
que tam bém se insere essa relação trabalho-educação. N a verdade, estam os
d ian te de um novo ethos ético e sociopolítico, irrecusavelm ente inserido
no “ espírito do nosso tem p o ” , no qual tam bém se insere o que se d e n o
m ina sociedade da inform ação, baseada nas redes digitais, ou sociedade
do con h ecim ento, que privilegia o saber perante o fazer. A m b as as d e n o
m inações são unificadas pelo condicionam ento do sucesso pessoal e social
à aprendizagem con tínu a, num a conform ação de círculo v irtu o so e, por
con seqüência, de um a educação global.
O con ceito de ethos, já utilizado por H om ero e A ristó teles, de acordo
com Lastoria ( 2 0 0 1, p .63), significa a m orada do hom em , isto é, a N a tu
reza. U m a vez processada m ediante a ação hum ana, sob a form a de c u l
tura, ela faz com que a regularidade própria aos fenôm enos naturais seja
tran sp o sta para a dim ensão dos costum es de uma determ inada socied a
de. A cultura prom ove, então, a sua própria ordenação, ao estabelecer
norm as e regras de conduta, que devem ser observadas por cada um de
seus membros.
Segundo C aniello (2003, p.31-32), o con ceito de ethos, apropriado
pelas ciências sociais por Kroeber e G eertz, tem estreita identidade com
a n oção de Volksgeist (espírito de um povo), elem ento central da filosofia
de Hegel, para quem , o “ espírito de um p o v o ” , ou cultura, estará sem pre
trasp assado pelo “ espírito do tem p o " (Zeitgeist), que lhe im põe lim ita
ções e con strangim entos. N a síntese de C aniello (2003, p.32) sobre o
p ensam en to de Kroeber e Geertz, o ethos guarda a marca da estrutura que
conform a a tradição de um povo, seu “ e sp írito ” , m as tam bém com p orta
os influxos da ação dos sujeitos e das pressões conjunturais que interagem
268
com essa estrutura, em um determ inado tem p o histórico. Estam os, por
tan to , irrem ediavelm ente, inseridos na cu ltu ra digital e adaptar-se a ela é
seguir o espírito do tem po.
2. O c o n c e it o
269
A diversidade de denominações e conceitos é discutida por Watstein;
C alarco; Ghaphery, (1 999) no artigo Digital Library: K eyw ords. O s a u to
res relem bram que, já em 1978, Lancaster (p .348) previu a sociedade sem
papel (paperless society), observando a intensa m igração dos processos
inform acionais para os com putadores, desde alguns pioneiros, com o o
M E D L A R S (M edicai Literature A n a lysis and Retrieval System ), em 1965,
e a im portância da rapidez da recuperação nesses sistem as, que em 1975
já co n tavam mais de 500 serviços.
N a verdade, essa previsão de m udança dos repositórios de inform a
ção rem onta à V an n evar Bush, considerado o precursor da biblioteca d i
gital. Ele previu esse futuro, em 1945, e apresentou o Mem ex: “ um d isp o
sitivo em que o indivíduo arm azenará seus livros, seus registros, suas
anotações, suas com unicações. O dispositivo será m ecanizado de m odo
a poder ser con sultad o com extrema velocidade e flexibilidade” (B u sh ,
1945, a p u d Silva; Sá; Furtado, 2004. I )
A s previsões de Bush se confirm aram com possibilidades talvez não
im aginadas por ele. N o entanto, o papel não desapareceu com o p reco n i
zava Lancaster. A o contrário, aum entou o volum e em função da facilida
de de edição e im pressão. M as, cada vez mais, a inform ação sobre as
atividades hum anas e o estoque inform acional migram para o m eio digi
tal. M u ita s inform ações já não são mais produzidas ou dissem inadas via
papel, com o é o caso da infinidade de títu lo s de periódicos on-line (sem
versão em papel) que estão surgindo. E deve-se salientar: m uitas delas
com acesso gratuito. Isso representa uma significativa m udança cultural,
dado o rom p im ento do m onopólio das editoras m ilionárias, em direção a
tão propalada dem ocratização do acesso ao conhecim ento.
Em recente entrevista, M iguel Ángel M árdero A rellano, técn ico do
Ibict responsável pelo curso de Editoração Eletrônica de Revistas C ie n tí
ficas, explicou por que cresce, a cada dia, o núm ero de organizações in te
ressadas em disponibilizar suas revistas na Internet. A s que já existem
no form ato papel estão m igrando para a rede e novas estão sendo criadas
d iretam ente no form ato digital:
270
bio de informações. Entretanto, é bom que se note que a divulgação ele
trônica está tendo uma divulgação muito maior. Especificamente no Ibict,
nós temos verificado que a revista Ciência da Informação começou com
uma certa resistência por parte dos usuários, mas agora o trabalho está
sendo bastante divulgado. Além disso, nós podemos obter estatísticas e
contabilizar não somente os acessos à revista Ciência da Informação
como um todo, mas também constatar que artigo foi mais ou menos
acessado. Outro aspecto muito importante é que aumentou o número de
autores que estão submetendo seus trabalhos e também cresceu o nú
mero de acessos ao Portal do Ibict, com a divulgação da revista Ciência
da Informação no sistema. (2005, disponível em http://www.ibict.br/
noticia.php?id=82) (grifo nosso)
271
Pritchard, em 1969, é o estudo dos aspectos q u an tita tivo s da produção,
d issem inação e uso da inform ação registrada. D esenvolve padrões e m o
delos m atem ático s para medir esses processos, usando seus resultados
para elaborar previsões e apoiar tom adas de decisão.
A cienciom etria é o estudo dos aspectos q u an tita tivo s da ciência e n
q u an to um a disciplina ou atividade econôm ica. E um segm ento da s o c io
logia da ciência, sendo aplicada no desen volvim ento de políticas c ie n tífi
cas. Envolve estudos q u an titativo s das atividades científicas, incluind o a
publicação e, portanto, sobrepondo-se à bibliom etria. A inform etria é,
portanto, o estud o dos aspectos q u an tita tivo s da inform ação em q u a l
quer form ato, e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, refe
rente a qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. Pode in co rp o
rar, utilizar e am pliar os m uitos estudos de avaliação da inform ação que
estão fora dos lim ites ta n to da bibliom etria com o da cienciom etria. U m a
tipologia para as três disciplinas foi identificada por M cG rath ( 1989, ap u d
M acias-C hapula, 1998, p. 135), com seus objetos de estudo, variáveis,
m étodos e objetivos dispostos no quadro I .
272
0 co n ceito de biblioteca digital deve envolver, então, tam bém esse
sentido de “ celeiro de co n h ecim e n to s” , a partir do cruzam ento de dados
num a rede de conceitos: dados, inform ação, inteligência, co n h ecim ento
- to m a d a de d e c is ã o - d ire c io n a m e n to de p olíticas sociais, econôm icas e
de inform ação. Pacheco; Kern, 2 0 0 1, ap u d Silva; Sá; Furtado (2004, p .6)
apontam a criação da Biblioteca Digital Brasileira - que teve com o p io
neiro o repositório de teses e dissertações do Program a de Engenharia de
Produção da U niversidad e Federal de San ta C atarina - com o um sistem a
único, que perm ite o acesso à produção científica, além de fornecer d a
dos bibliom étricos, inform étricos e a m edição de acesso.
W a t s te in ; C alarco ; C h a p h e ry (1 9 9 9 ), tra ta n d o do c o n c e ito e da
polissem ia, fizeram um levantam en to em três bases de dados nas áreas
das ciências da inform ação e da com p u tação , no período 1970-1997.
U saram as bases Library Literature, Inspec e Com pendex, verificando o
período e o núm ero de artigos que aparecem sob cada palavra-chave.
C ham am a aten ção para o fato de que esse estud o é com parativo entre os
diversos term os, diferentem ente da m aioria dos estudos enco ntrad o s na
literatura até aquela época, que tratam dos term os de forma in dependen
te, sem com pará-los.
A figura I dem onstra a quantidade de artigos no período 19 7 3 - 1986,
no qual as curvas dem onstram claram ente a situação dos term ospaperless
library (biblioteca sem papel) e library o fth e future (biblioteca do futuro),
os prim eiros a surgir. São seguidos, a partir de 1980, por on-line library
(biblioteca “ em lin h a ” ) e a partir de 1984 por lib rary w ithout w a lls (b ib li
oteca sem paredes).
A figura 2 dem onstra o período de 1987 a 1997, quando o term o on
line library se m antém , mas em declínio até 1997. Em 1987 surgem os
term os d ataw areh ou se (depósito de dados), v irtu a l lib rary (biblioteca vir
tual) e eletroctronic library (biblioteca eletrôn ica). Em 1990 com eça a as
cender, de form a discreta, o term o digital lib rary (biblioteca digital), que
cresce num a curva quase vertical de 1994 até 1996, com um leve declínio
em 1997, m as é o term o que perm anece em m aior evidência até o m o
mento.
273
Artigos Recuperados
Artigos Recuperados
Ano de Publicação
Figura 2 - A predom inância dos termos digital library e dotawarehouse
Fonte: Adaptado de Watstein; C alarco; Ghaphery (1999, p.346)
274
Silva; Sá; Furtado (2004) ainda abordam a diversidade de term ino log i
as que se referem aos repositórios inform acionais no m eio digital e a
crescente im portância do tem a, a partir do desen volvim ento acelerado da
Internet, desde 1980. C itam que há um a vasta literatura, ta n to nacional
q u an to estrangeira, com inúm eras denom inações para con ceitos d istin
tos, e que as expressões m ais recorrentes são biblioteca virtu al e bib lio
teca digital. Registram os trabalhos de C unha ( 1997) e O hira (2 0 0 1) com o
exem plos de artigos nacionais que narram levantam en to s bibliográficos
sobre o tem a. E apontam para o fato de que várias com unicações são
feitas nos even to s da área da ciência da inform ação e biblioteconom ia,
além do W orkshop Internacional Políticas de Inform ação em Bibliotecas
Digitais. O próprio trabalho foi apresentado ao Sim p ósio Internacional de
Bibliotecas Digitais em 2004, em Campinas-SP.
A s mesmas autoras (Silva; Sá; Furtado, 2004, p. 2), optaram pelo term o
biblioteca digital e explicam que o tem a envolve todos os aspectos de cons
trução de um banco de dados, com assuntos novos e de abrangência
interdisciplinar. O estudo delas se concentrou em levantam ento nos perió
dicos Ciência da Informação e Datagramazero - Revista de Ciência da Infor
m ação e nos anais do Sem inário N a c io n a l de Bibliotecas Universitárias
(S N B U ); do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Docum entação (C BBD );
e do Integrar - Congresso Internacional de Arquivos. O s artigos encontrados
foram agrupados em quatro eixos tem áticos: I -Conceitos; 2 -Tratamento da
Informação e Metadados; 3- Biblioteca Digital Brasileira (BD ) e a Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações; 4- Im plantação de Bibliotecas Digitais.
É significativo o fato de o resultado de um trabalho tão recente (2004),
baseado na análise do uso do co n ceito por autores da área de ciência da
inform ação, apontar para a presença ainda de im precisão. A s autoras c i
tam com o provável razão para o não-consenso a m ultidisciplinaridade,
que envolve desde a con cepção até a im p lantação da biblioteca digital.
Im p ortante salientar que o estud o destaca o fato de que a form ulação do
con ceito está quase sem pre nas ferram entas e nos processos, sem m e n
çã o aos a to re s e n vo lvid o s , co m o os p ro d u to re s de c o n h e c im e n to , os
g erenciad ores - profissio nais de in fo rm ação e a n a lista s - e os u suários.
(Silva; Sá; Furtado, 2 0 0 4 ,p.3). (grifo nosso)
A exem plo de W a ts te in ; Calarco; G h ap h ery ( 1999), fizem os um a c o n
sulta na base S cie lo 1, exatam ente no índice de assu ntos, e enco ntram os
275
os seguintes term os dispostos em ordem alfabética: biblioteca digital;
bibliotecas digitais; biblioteca digital m ultilíngüe; biblioteca digital u n i
versitária; biblioteca do futuro; biblioteca eletrônica; biblioteca híbrida;
biblioteca virtual. N u m a busca por cada um desses term os foram recupe
rados 4 1 artigos, no período 1997-2004. Todos são da revista C iên cia da
Inform ação, do IBICT, única revista da área indexada na base, até o m o
m ento da pesquisa (abril de 20 05 ). A distribuição dos artigos sob cada
term o ao longo do período está dem onstrada no Q u ad ro 2.
Biblioteca do Futuro 1 1 2
Bibliotecas Brasileiras na 1 1
Internet
Biblioteca Eletrônica 4 1 1 6
Biblioteca Virtual/Eletrônica 1 1 2
Bibliotecas Brasileiras na 1 1
Internet
Biblioteca Híbrida 1 1
Biblioteca Virtual 7 1 1 9
Biblioteca Digital ou 2 1 2 9 2 2 19
Bibliotecas Digitais
Total G eral 41
Biblioteca Digital 2 - 1 1 7 2 1 14
ou Bibliotecas
Digitais
276
Pelo exposto, está claro que a incon sistên cia perm anece entre a u to
res e linguagens de indexação. N esse p o n to é preciso retom ar a questão
da m udança cultural que necessariamente envolve os atores, foco do nosso
interesse aqui. A s outras categorias apontad as pelas autoras, que e n vo l
vem o tra tam e n to da inform ação no con tex to digital, as ferram entas
te c n o ló g ic a s e o e s ta b e le c im e n to de pad rõ es, fu n d a m e n ta l para a
interoperabilidade necessária à im plantação das bibliotecas digitais e o
com p artilh am en to de dados, são essencialm ente técnicas e necessitam
de equipes m ultidisciplinares. E esse aspecto envo lve novam en te a m u
dança cultural. O trabalhar em equipe de forma sinérgica é um desafio
para profissionais que sem pre procuraram estabelecer d om ín ios sem
interação de forma efetiva.
Dada esta realidade, e num a ten ta tiva de síntese con ceituai e de
p osicio nam ento neste trabalho, assum e-se que bibliotecas digitais são
repositórios de inform ação disponíveis nas redes (referenciais ou de tex
to com pleto, de im agens fixas ou m óveis e de sons), acessíveis de forma
rem ota, de qualquer lugar do planeta. Essa condição está estreitam en te
relacionada com o co n ceito de recuperação da inform ação, d e se n vo lvi
m ento de ferram entas para esse fim, assim com o ao estab elecim ento e
ad oção de padrões que perm itam a intercam bialidade. O acesso por meio
da vitrin e global em que se transform ou a Intern et está torn an d o real o
so n h o de Paul O tle t e Henri LaFontaine, acalentado desde 1893, quando
organizaram um a conferência para propor o C o n tro le Bibliográfico U n i
versal. (Taylor, 2004, p.29).
Essas perspectivas ap ontam para a possibilidade de um a biblioteca
digital universal, cuja con strução , por via da interligação de bibliotecas
digitais tem áticas, nacionais, locais, etárias, étnicas, escolares etc. de
pende de algum as con d ições {core areas), cujo preenchim ento requer
com p etên cias específicas dos profissionais de inform ação. Isto será d is
cu tid o a seguir.
3 . Á r e a s e s s e n c ia is (c o re a r e a s ) d a b ib lio t e c a d ig it a l:
b a s e s p a ra a s c o m p e t ê n c ia s p r o fis s io n a is
A s considerações sobre bibliotecas digitais e profissionais da infor
m ação, de acordo com as proposições encontradas, parecem estar v in c u
277
ladas à identificação dos aspectos essenciais que devem ser con sid era
dos nesse novo tip o de biblioteca. Isto, para que sejam traçadas as c o m
petências dos profissionais, que além de con h ecim entos teóricos e h a b i
lidades técnicas, devem ter novas atitudes diante da m udança cultural.
Baw d en ; Vilar; Z abukovec (2004, p. 190) observam que as bibliotecas
estão se tornand o cada vez m ais digitais, e por isso é necessário repen
sar a idéia de biblioteca com o um lugar. Se a idéia de lugar im plica lo ca
lização física, com o ela deve ser agora? Lem bram que a biblioteca co m o
um espaço de quietude e reflexão deve ser revisto com o um am biente que
estim ule a criatividade, palavra de ordem no cenário do n o vo m ercado da
inform ação, onde se inserem as bibliotecas digitais. Esse cenário está
exigindo uma nova abordagem dos program as de form ação para lidar com
a inform ação, que, de acordo com U rs (2 00 2), devem con tem p lar os se
guintes aspectos:
• um a perspectiva interdisciplinar;
• estratégias centradas no usuário (leiam -se estratégias
centradas no m ercado);
• a filosofia: “ inform ação co m o recurso” ;
• foco no con teú d o , independentem ente do form ato;
• visão do processo de agregação de valor.
278
Quadro 4 - Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essenciais (core areas)
Area Torefas Conhecimento e Habilidades Requeridos
Usuário do - Conhecer o usuário - Abordagem teórico referente o estudos de usuários
informação - Identificar e anolisar as necessidades do - Métodos de pesquisa qualitativos
usuário - Métodos de pesquisa quantitativos
- Realizar entrevistos de referência • Ferromentol do psicologia
- Formular estratégias de busco - Estratégias de busca
279
A visão sistêm ica e o com p o rtam en to pró-ativo tam bém são fatores fu n
dam entais.
Q u a n to à adoção de tecnologias não parece ser um com p licad o r sério
para os profissionais da inform ação, relem brando a colocação de Baw d en ;
V ilar; Zabukovec (2 00 4), para quem os profissionais da inform ação sem
pre procuram usar as tecnologias disponíveis “ em seus te m p o s ” . O que
significa dizer que a área da inform ação sem pre buscou a tecnologia mais
atualizada para organizar, arm azenar e recuperar a inform ação. Deve-se
salientar que sem pre houve, na verdade, um a preocupação m aior com a
organização dos estoq ues inform acionais, procurando resolver m ais os
problem as operacionais do que as dem andas dos usuários. O s autores
colocam que, dessa perspectiva, as novas tecnologias são co m o as a n te
riores, porém o enfoque se redireciona com a m udança, já com entad a, do
m ercado da inform ação, e tam bém porque m udam as dem andas, o que
con seq ü entem ente deve refletir na educação e nas com petências dos pro
fissionais da inform ação.
N essa perspectiva, C loonan; Dove (2005, p. I) destacam que este é um
bom te m p o para se reto m ar a id eologia clá s sic a das c in c o Leis da
Biblioteconom ia, propagada por Ranganathan: I - livros são para serem usa
dos; 2- a cada leitor o seu livro; 3- a cada livro o seu leitor; 4- poupe o
tem po do leitor; 5- a biblioteca é um organism o em crescim ento. Eles d es
tacam que as cinco leis continuam em perfeita consonância com esse novo
m eio digital, para o qual devem adaptar-se os profissionais da informação.
Enfatizam a consideração da 3a lei porque ela tem particular relevância na
crescente proliferação de recursos no meio digital, já que m ecanism os de
recuperação da inform ação com o o Google e o Yahoo são cada vez mais
populares e, a princípio, levam o usuário a encontrar de forma fácil o que
necessitam , ou seja, dispensam a interm ediação do profissional.
N o entanto, a inform ação relevante não é tão facilm ente recuperada
pelo usuário. O s autores enfatizam que é possível, e m esm o necessário,
aplicar a 3 a lei no m eio digital, ou seja, fazer com qu e os recursos
inform acionais estejam de tal forma bem organizados que “ eles encontrem
os seus usuários” , num paralelo a cada livro o seu leitor. Para isso propõem
a consideração de cinco aspectos, que são com entados a seguir:
I -C onexão m áxim a: construir tan tas possibilidades de acesso qu an to
possíveis, ou seja, m axim izar a possibilidade de localização ao usuário
280
para o que ele necessita. Essa é um a im p ortan te tarefa do profissional
nesse meio, cu jo m aior desafio con tin u a sendo a recuperação da infor
m ação relevante. Dessa form a, C loo nan; Dove (200 5) apontam que a 3a
lei pode ser subvertida para: “ os recursos inform acionais encontram seus
u su ário s” . N o m eio digital isso é possível com a colocação de links que
levam a recursos sim ilares àqueles que os usuários buscam , a exemplo
do serviço oferecido pela A m azo n .co m , que traça com entários e leva a
o u tro s itens que tratam do assu nto procurado.
2 - C o n stru ir um a “ C o le ç ã o e le trô n ica bem arran jad a: significa a p li
car a 3a. lei ao princípio da valorização do con teú d o, de forma rápida e
fácil para o usuário, concorrendo com os m ecanism os de busca que tra
zem um a avalanche de inform ação. N o e ntanto, ao contrário de m ecan is
m os com o o Google, a con stru ção de um a “ estrutura de c a m in h o s” deve
ser por esquem as bem elaborados, que con trib u am para um a recupera
ção relevante. N o s m ecanism os de busca disponíveis na Internet, a a n á
lise e a indexação da inform ação são operações autom áticas, realizadas
por robôs. Esses robôs utilizam a técnica de extração de palavras para
representar o co n teú d o do texto analisado. Ela é diferente da técn ica dos
indexadores hum anos, que é a da atribuição, que representa o con teú d o
com term os significativos, m esm o que esses term os não apareçam no
o b jeto analisado, assim co m o outros aspectos que não estão explícitos,
co m o por exemplo: gráficos; figuras; tip o de contexto; tip o de site e o u
tros. O u tra lim itação dos indexadores autom áticos é que reconhecem
som ente o texto. A riqueza de inform ações con tid as em im agens, gráfi
cos e vídeo ficam de fora. A lg u n s program as podem enco ntrar cores e
padrões de im agem , mas nenhum pode fazer deduções e relações de sig
nificado de um a imagem. Isso é ainda dom ínio som ente dos hum anos,
pois depende de senso crítico, feeling. Essas capacidades ainda não fo
ram incorporadas aos softwares (Lynch, 1997, apud Silva, 2000). .
3-A b ib lio te ca in visíve l: a expressão W eb Invisible foi cunh ad a por
Sherm an; Price (2 0 0 1, ap u d C loonan; Dove, 2005, p.3), alertando para o
fato de que os m ecanism os de busca deixam grande parte da Internet
sem indexação. Ficam de fora fontes de inform ação valiosas, com o as
governam entais, universitárias e de m ercados m enos visíveis. Algum as-
in iciativas fazem ten ta tiva s no sentido de levar ou tro s recursos não c o
bertos por esses m ecanism os aos usuários, a exem plo do G oogle Print e
281
do O p e n W o r ld C a t da O C L C (On-line C o m p u te r L ib ra ry C en ter). A g ra n
de q u e s tã o é q u e esse s recu rso s n ã o são c o n e c ta d o s , o u in te g ra d o s p or
“ c a m in h o s de m ã o d u p la ” . T am b ém em m u ita s b ib lio te c a s d ig ita is isso
a c o n te c e . Existe d e n tro d elas “ sala s fe c h a d a s ” , o n d e c o n te ú d o s ficam
sem a cesso , a ex em p lo d as b ib lio te c a s co m p ared e s. O s c o n te ú d o s p re
c is a m e s ta r d is p o n ív e is n u m fluxo c o n tín u o , livre. Para isso é im p o rta n te
a a d o ç ã o de p ad rõ e s de m e ta d a d o s q u e p e rm ite m a in te g ra ç ã o de v á rio s
s is te m a s , o u b ib lio te c a s d ig itais, o u recu rso s in fo rm a c io n a is , a ex em p lo
d o fo rm a to M A R C .
4 - N a v e g a ç ã o e le tr ô n ic a ( e le c tro n ic b ro w s in g ): o s p ro fiss io n a is d e
v e m a p ro v e ita r as p o s sib ilid a d e s d o hiperlink. A n a v e g a ç ã o em rede p er
m ite q u e o le ito r v á de re c u rs o em recu rso de in fo rm a ç ã o , fa z e n d o c o m
q u e ele c h e g u e n o q u e sa b e q u e q u e r e n a q u ilo q u e n ã o c o n h e c e e a te n d e
às su a s n e ce ss id a d e s. A s s im , o s p ro fiss io n a is d e v e m e s te n d e r seu t r a
b a lh o no s e n tid o de ligar o m a io r n ú m e ro p o s s ív e l de p eças de in fo rm a
ção . O s re cu rso s p o d em ser bem o rg a n iz a d o s e in te g ra d o s , fa c ilita n d o a
n a ve g a ç ã o d o leitor. A s s im é p o ssív e l ligar a u to re s , e d ito re s, livreiros,
p e s q u is a d o re s etc. A facilid ad e de a ce sso e de form a ráp ida é q u e o s
u s u á rio s d as redes e sp e ram . (C lo o n a n ; D ove, 2 0 0 5 , p .4 )
5 - A W e b s e m â n t ic a : o c o n c e ito de W e b s e m â n tic a e s tá e s tre ita
m e n te re la c io n a d o à q u e s tã o p rin cip al da a v a la n c h e in fo rm a c io n a l, p o s
sível de ser d is p o n ib iliz a d a n o s s is te m a s a u to m a tiz a d o s e lig a d o s em
rede. Essa id éia p ren de-se à fa c u ld a d e h u m a n a d e e s ta b e le c e r s ig n ific a
d o s o u c a p tá - lo s o n d e n ã o e s tã o e x p lic ita m e n te c o lo c a d o s . V o lt a m o s ao
ex em p lo da in d ex ação : o s m e c a n is m o s in d ex ad o res falh am na su a tarefa
p o rq u e n ã o p o s s u e m essa facu ld a d e da a b s tra ç ã o e d o feeling, c o m o já
c o lo c a d o . A in fo rm a ç ã o d is p o n ív e l na In te rn e t n ã o e stá c o lo c a d a d e n tro
de e s tru tu ra s s e m â n tic a s . C o m e s se o b je tiv o foi criad a a id éia da W e b
s e m â n tic a , q u e v is a a d e fin ir o s ig n ific a d o da in fo rm a ç ã o a tra v é s de
o n to lo g ia s - d o c u m e n to q u e d e sc re v e um v o c a b u lá rio de te rm o s para
c o m u n ic a ç ã o e n tre h u m a n o s e a g e n te s a u to m a tiz a d o s .
A idéia d is se m in o u - s e p rin c ip a lm e n te d ep o is d o artig o de Berners-
Lee, H endler, Lassila, "T h e Se m an tic W e b ", p u b lic a d o em 2 0 0 1 , na revista
Scie n tific A m e ric a n . Bern ers- Lee é o in v e n to r da W o r ld W id e W e b e a tu a l
m e n te um d o s d ire to res da W 3 C , o rg an iz a çã o para o d e s e n v o lv im e n to da
W eb , q u e p ro m o v e u m a d as p rin cip ais in ic ia tiv a s para e s tu d o e d e s e n v o l
282
vimento da Web semântica. Bax (2004) coloca que os autores acima defi
nem a W eb semântica como uma extensão da W eb tradicional, onde, a
partir do uso intensivo de metadados, espera-se obter o acesso
automatizado às informações, com base no processamento semântico de
dados e heurísticas feitos por máquinas. Para tal, desde 1998, a equipe da
W 3 C (World W id e W eb Consortium) vem trabalhando arduamente no
desenvolvimento de tecnologias avançadas, que visam à representação
estrutural e semântica dos recursos na W eb. Essas tecnologias, aliadas à
teoria de domínios ou ontologias, permitem oferecer um serviço com um
nível maior de qualidade. Dentro destas perspectivas, a W eb será capaz
de tecer uma rede extensa de conhecimento humano, podendo ainda, por
meio do processamento via máquina, inferir novos conhecimentos.
Para Levy (apud Bax, 2004) a W eb semântica como “ ferramenta" é ne
cessária para o desenvolvimento da inteligência coletiva. Segundo ele, a
semântica da W eb é a elaboração de um sistema de códigos. Não é neces
sário que as pessoas utilizem uma nova língua - cada um utilizará a sua -
, mas haverá um software que traduzirá o que está sendo escrito ou dito
para uma língua universal. Ranganathan afirmava que o negócio do biblio
tecário é adotar todos os métodos possíveis para atrair seu público real e
potencial. No meio digital isso é possível com esse serviço de valor agre
gado e customizado que amplia as chances do usuário. A 5a lei tem tudo a
ver com a 3a: oferecer serviços é a razão de bibliotecas e bibliotecários. .
Livros são pora Colocar os livros em circulação não Os recursos on-line estão disponíveis onde e
serem usados significa o mesmo que compartilhar quando forem necessários
Para coda livro Abrir os depósitos e preparar Integrar recursos eletrônicos num ambiente
o seu leitor • catálogos cruzados eficientes virtual de aprendizagem
Poupe o tempo Criar catábgos efetivos para o Prover metabuscodores capazes de oferecer
do leitor localização rápido de um livro em ao usuário o possibilidade de pesquisar em
particular todos os recursos disponíveis e links
identificando os melhores fontes
283
Os autores sintetizam a aplicação da 3a. lei no meio digital com as
seguintes proposições:
4. Considerações finais
Parece possível colocar um marco de compreensão para a relação bi
blioteca digital e profissional da informação, tomando como base a teoria
das ‘redes complexas’. Do ponto de vista dessa teoria:
284
que ¡nterconecta todos os recursos de informação. Nesse sentido, pode-se
considerar as competências do profissional da informação no papel de
interconector, estabelecendo nós {hubs) de forma a conseguir a máxima
conexão, anunciada por Cloonan; Dove (2005), na observância da 3a lei de
Ranganathan. Na verdade, como observam os autores, essa ação subverte a
3a lei, no sentido de que os recursos vão ao encontro dos seus usuários. É
como se, à medida que o usuário vai entrando, os recursos “ pulassem” ao
seu encontro. É o dar visibilidade à W eb invisível, como também propõem os
autores. E um trabalho de aranha: o tecer infinito de recursos informacionais
e ou interações sociais. A complexidade está, como afirma Costa (2005,
p.36), no grande número de nós e conexões existentes e possíveis.
Estes são novos desafios que se apresentam de forma tão diferente
daqueles que se apresentavam à práxis bibliotecária anterior, amparada
num saber consolidado, até que as mudanças se acelerassem. Desafios
trazidos pela nova cultura e que poderão ser transpostos pela adoção de
novas posturas profissionais que estão a exigir novas competências
conceituais para os trabalhos de análise e resolução de problemas:
285
mesmo em outro momento;
• de garantia da integridade do documento, sua fluidez (Levacov, 1997).
286
No t a
1 http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/
R e f e r ê n c ia s
A R R U D A , Maria da Conceição Calm on; M ARTELETO , Regina Maria; S O U
Z A , Donaldo Bello. Educação, trabalho e o delineam ento de novos perfis
profissionais: o bibliotecário em questão. C iência da Inform ação, Brasília,
v. 9, n. 3, p. 14-24, set./dez. 2000.
B A X , Marcello. Segundo Tim Bemers-Lee, a W eb sem ântica é um a extensão
d a W e b tra d icio n a l. D isp o n ível em : < h ttp ://w w w .b a x .co m .b r/n ew s/
N e w s_ltem .2 0 0 4 - 0 4 - 2 9 .8 2 6 18533 16> A cesso em: 28 abr. 2005.
Berners-Lee, Tim; Hendler, Jam es; Lassila, Ora. The Sem antic W e b : a new
form of W e b content that is meaningful to computers will unleash a revolution
of new possibilities. Scientific Am erican, May, 2001. Disponível em: chttp://
ww w.scientificam erican.com /article.cfm ?articlelD=0004814 4 - 10D2-1C70-
84A9809EC588EF21 & c a tlD = 2 > Acesso em: 28 abr. 2005.
287
LA STO R IA , Luiz. A . C. Nabuco. Ethos sem ética: a perspectiva crítica de T.W .
Adorno e M. Horkheimer. Educação e Sociedade, v. 22, n. 76, out. 2 0 0 1.
288
2002. Portland. Proceedings of the...,2002. Disponível em < http://
lair.indiana.edu/papers/urs.doc> Acesso em: 30 mar. 2005.
WATSTEIN, Sarah B.; CALARCO, Pascal V; GHAPHERX James S. Digital
library: keywords. Reference Services Review, v.27. n.4, 1999.
289
Hélio Kuramoto'
I. In t r o d u ç ã o
294
Pelo cenário apresentado, conclui-se que há necessidade de iniciativas
que estim ulem o increm ento do registro de conteúdos brasileiros na rede
Internet e, por conseguinte, em língua portuguesa; que facilite o acesso à
inform ação à com unidade científica e tecnológica, em particular, e à socie
dade em geral; que se assimilem as novas tecnologias da inform ação e da
com unicação para o tratam ento, organização, registro e dissem inação da
inform ação científica e tecnológica, colaborando para a expansão da pre
sença brasileira na Internet e, principalm ente, para o desenvolvim ento
científico e tecnológico do Brasil. E com esse propósito que o In stitu to
Brasileiro de Inform ação em Ciência (IB IC T ) vem desenvolvendo esforços
para a con strução da Biblioteca Digital Brasileira.
2 . C o n t e x t o c o n c e it u a i
3. O b je t iv o s
295
• integrar recursos informacionais heterogêneos;
• tratar, organizar, registrar e dissem inar a p rod ução cien tífica e
tecn oló gica brasileira.
4 . B ib lio t e c a d ig it a l b r a s ile ir a : s u b p r o je t o s
296
se encontram os vários acervos de inform ação. A idéia dessa iniciativa é
o d esen volvim ento de um a única interface de busca que possibilite ao
usuário subm eter uma m esm a busca a várias bases de dados distribuídas
pela rede Internet. Portan to, o d esen volvim ento dessa interface perm itirá
a integração dos vários recursos de inform ação existentes no país, inde
pendentem ente das tecn olo gias utilizadas pelos provedores a serem in
tegrados.
M ais recentem ente, o IBIC T vem trabalhando em um ou tro projeto a
ser integrado à BDB. Trata-se de um servidor de publicações periódicas
eletrônicas. O objetivo dessa iniciativa é colaborar com os editores cientí
ficos na m anutenção de suas publicações periódicas, oferecendo-lhes um
am biente no qual ele possa publicar e gerir todo o processo de subm issão,
seleção e publicação dos artigos. Para tan to, o IB IC T cu stom izou o pacote
de software Open Jo u rn a l Systems, o qual ganhou a denom inação, em por
tuguês do Brasil, de Sistem a Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER).
5 . P r in c íp io s
D e s e n v o l v i m e n t o e u s o p r e f e r e n c ia l
d e s o ftw a re o p en so u rce
A experiência tem m ostrado que as in stituiçõ es m antedoras de acer
vo s de inform ação enco ntram dificuldades para disponibilizar e dissem i
nar os seus acervos utilizando as novas tecnologias da inform ação e da
com unicação. A lém disso, essas in stituiçõ es não con tam com quadros
de pessoal especializado em tecnologias da inform ação para o d esen vo l
vim e n to das ferram entas necessárias. A partir dessa co n statação , o IB IC T
adotou esse princípio com o propósito de transferir os pacotes de software
para que essas in stitu içõ es possam im plantar as aplicações de b ib lio te
cas digitais, bases de dados etc. A utilização de ferram entas de softw are
proprietário dificultaria o repasse de pacotes de softw are para o u tras ins
titu ições. A adoção de softw are open source possibilitou, por exemplo, a
d istribuição do pacote de softw are TEDE, pacote para publicação eletrô
nica de teses e dissertações.
297
A d o ç ã o d e m o d e lo d is t r ib u íd o
N o m undo de hoje, com as tecnologias da inform ação disponíveis,
não se pode adm itir m odelos centralizados para sistem as de inform ação.
A lém disso, o Brasil tem dim ensões con tinentais e os acervo s de infor
m ação encontram -se em várias instituições, portanto a adoção de um
m odelo distribuído com tecnologias que possibilitem integrar esses acer
vo s facilita tod o o processo de sensibilização e valorização dessas in s ti
tuiçõ es. N esse processo, o IB IC T passa a ter o papel de facilitador e
integrador.
A d o ç ã o d e p a d r õ e s e p r o t o c o l o s d e a m p la a c e i t a ç ã o
in t e r n a c io n a l
Trata-se do principal fundam ento para a obtenção de sucesso em uma
iniciativa com o o da Biblioteca Digital Brasileira. A adoção de padrões e pro
tocolos de ampla aceitação internacional, com o o XM L, o Dublin Core, per
mite obter maior interoperabilidade entre os vários sistemas de informação.
6 . M e t o d o lo g ia
298
O O A I- P M H (O pen A rch ives In itia tiv e - P ro to c o lo fM e ta d a ta Harvest)
é um p rotocolo utilizado pelos repositorios que utilizam os padrões da
iniciativa de arquivos abertos. Esse protocolo é u tilizado para expor e
capturar m etadados dos repositorios que utilizam o padrão e os ideáis
dos arquivos abertos. Esse protocolo funciona de forma aliada ao HTTP.
C on sid erando a existência de sistem as que oferecem essa facilidade
de integração de fontes de inform ação, os ch am ad os m etabuscadores,
dentre os quais destacam -se o Q u erySe rve r e o M etalib. Por um processo
licitatório, a solu ção que saiu vencedora foi o M etalib. Esse pacote de
softw are é u tilizado por diversas universidades estrangeiras. Trata-se, é
bem verdade, de um a solução proprietária. A té o presente m om ento, não
se identificou qualquer so lu ção de softw are open source que atendesse
às características e funcionalidades oferecidas pelo M etalib.
Para a segunda vertente, a criação de repositórios, foram adotados os
preceitos e padrões do Open A rch vies In itiative (O A I), ten d o em vista o
fato de vários projetos de bibliotecas e repositórios digitais o adotarem ,
inclusive, o bem -sucedido projeto ND LT| D - N etw orked D ig ita l Library
o f Thesis a n d Dissertation. Essa biblioteca digital foi desenvolvida pela
Virginia Tech e integra, em urna biblioteca digital federada m ais de 100
in stituiçõ es de ensino superior, inclusive o IBICT, por m eio da BDTD. O s
resultados ob tid o s pela BDTD têm sido satisfatórios, pois o m odelo m o s
trou que funciona, tendo o In stitu to conseguido integrar, por m eio de
harvest, a tu alm en te 12 in stitu içõ es de ensino superior. A lg u m a s dessas
instituiçõ es, com o o In s titu to N acion al de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a
U nicam p, apesar de utilizarem pacotes de softw are próprios ou diferen
tes daquele desenvolvido pelo IB IC T (FED E), conseguiram se integrar à
BDTD pelo fato de terem im plem entado o p rotocolo O A I- P M H e adotado
o padrão de m etadados para descrição de teses e dissertações (MTD-
BR ). Verifica-se, portanto, o acerto em ter adotado esse m odelo em fu n
ção do alto nível de interoperabilidade alcançado.
299
• X M L co m o linguagem de m arcação para encapsular os registros
dos o b jeto s digitais.
300
Figura 1 - Esquema de funcionamento dos Open Archives
301
relação a um ou tro provedor de serviço, tendo em vista que ele pode
expor os seus m etadados para esse outro provedor de serviço. Esse papel
é o que tem sido desem penhado pelo IB IC T no contexto da Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações. O In stitu to é provedor de serviço com
relação às in stitu içõ es de ensino superior, dado que o IB IC T coleta os
m etadados das in stitu içõ es de ensino superior. Por o u tro lado, o IB IC T
desem penha o papel de provedor de dados em relação à NDLTD, dado
que ele expõe os seus m etadados para.a ND LTD coletá-los, inclusive u ti
lizando um o u tro padrão de m etadados, que é o ETD-M S. O bserva-se,
pela descrição do m odelo, a sua versatilidade e potencial de integração.
D iante do exposto, o IBICT, m ais do que sim plesm ente investir no
m odelo proposto pela Open A rch ives In itiative com o um sub p rojeto da
BD B, conform e proposto inicialm ente porTrista; Café [7], adotou-o com o
m etodologia para a im plem entação de respositórios, ta n to in stitu cio n ais
q u an to term áticos.
7. E s t á g io a t u a l d a b ib lio t e c a d ig it a l b r a s ile ir a
B ib lio te c a D ig it a l d e T e s e s e D i s s e r t a ç õ e s
O IB IC T praticam ente concluiu o desenvolvim ento da Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações (BD TD ), com base no m odelo apresentado na
m etodologia. A n te s de iniciar o desenvolvim ento das tecnologias neces
sárias para a im plantação da BDTD, o IBIC T con stituiu um com itê denom i
nado de C om itê Técnico-Consultivo para acom panhar e definir as princi
pais questões técnicas relativas à BDTD. Assim , uma das primeiras tarefas
foi a definição do padrão brasileiro para descrição de teses e dissertações,
o M TD-BR. Esse padrão foi inicialm ente baseado no padrão da NDLTD, o
ETD-MS, que por sua vez é baseado no Dublin Core. O padrão brasileiro foi
elaborado com vistas à integrar a BDTD a outros sistem as de inform ação
nacional, com o a Plataform a Lattes, o sistema da Capes e o SCIELO . Em
seguida, o In stitu to desenvolveu os seguintes pacotes de software:
302
teca digital de teses e dissertações local. Essa foi a primeira versão desse
pacote de software e con tem pla a p articipação de três atores principais: o
aluno, a secretaria de pós-graduação e a biblioteca da universidade. O
processo de publicação de teses e dissertações se inicia quando o aluno
solicita o agendam ento da defesa da sua tese ou dissertação. N esse m o
m ento, a secretaria de pós-graduação atribui uma senha ao aluno, que
inicia a inserção dos dados cadastrais, conform e o M TD-BR. U m a vez
defendida a tese ou dissertação, o aluno faz a sua publicação por m eio do
upload dos arquivos que com p õem a sua tese ou dissertação. A partir
desse m om ento, a secretaria de pós-graduação entra em ação para verifi
car a conform idade dos dados do aluno e do docu m en to (tese ou disser
tação ), liberando-os para a biblioteca que os com plem enta com inform a
ções específicas de biblioteca. A ssim , um a vez que a biblioteca libera o
registro da tese ou dissertação, os m etadados desta tese ou d issertação
tornam -se disponíveis para serem coletados pelo procedim ento de harvest
executado pela BDTD, no IBICT, assim com o para con sulta, em nível lo
cal, e p osteriorm ente em nível nacional, após o harvest. O m esm o a co n
tece, em nível internacional, pela NDLTD.
V e rific o u - se , ao lo n g o d o s p ro c e d im e n to s de tra n s fe rê n c ia de
tecnologia para as IES, capacitação dos seus técnicos e da im plantação,
um a certa dificuldade. Isso ficou com provado ao se observar que, após o
trein am en to de 162 técn ico s de 72 IES, apenas nove deles chegaram efe
tiva m e n te a im plantar esse pacote em suas universidades.
A conclusão, após avaliação desse processo de repasse de tecnologias
e im p lantação nas IES do m odelo e da m etodologia concebida pela BDTD,
é que existe um a cultura nas IES e que a m etodologia proposta pela BDTD
provoca m udanças de paradigm a, pois o próprio autor é quem se resp on
sabiliza por publicar a sua tese ou dissertação. A lém disso, a existência
de três atores envolvid os nos p rocedim entos de publicação das teses e
d issertações exige m aior interação entre esses atores, além de padrões,
procedim entos de con tro le e acom p anh am en to .
O pacote de softw are TED E integra, além dos m ecanism os de p u b li
cação eletrônica de teses e dissertações, um a interface de busca e o pro
to co lo de O A I- P M H , com vista s à exposição dos m etadados para os pro
ced im en to s de harvest. Esse softw are foi escrito em P H P e utiliza o S G B D
M y S Q L , fun cion and o ta n to em am biente Linux q u an to W in d o w s .
303
T E D E Sim plificado
C on sid erando as dificuldades de im plantação da BDTD Local, a p o n ta
das anteriorm ente, o IB IC T prom oveu o desen volvim ento do TED E sim p li
ficando os procedim en tos de publicação das teses e dissertações. A s
sim, nessa nova versão, os procedim entos de publicação ficam a cargo da
biblioteca, que se responsabiliza por obter a autorização do alu no para
publicar a sua tese ou dissertação, e tod o o processo de cad astram en to e
publicação da tese é realizado pela biblioteca. O s resultados ob tid o s com
o repasse dessa nova versão estão se m ostrando m ais anim adores, com
m elhor receptividade por parte das IES. Essa nova versão utiliza as m es
mas tecnologias e plataform a da primeira versão do TEDE.
B D T D / H arvester
Para integrar as várias BDTD locais, o IB IC T im plem entou a BD TD u ti
lizando o S G B D O racle 9i e a interface de busca em Java. A lé m disso, o
IB IC T cu stom izou o harvester, que é o m ecanism o de softw are responsá
vel por fazer a coleta de m etadados ju n to às IES que im plantaram o TED E
ou que habilitaram as suas bibliotecas digitais locais de teses e d isserta
ções com o protocolo O A I- P M H , casos do Inpe e da U nicam p .
O m ecanism o u tilizado pelo IB IC T para im p lantação da BD TD é a rea
lização de workshops. N o rm alm en te o In s titu to faz a cham ada para esses
workshops com um a média de 30 a 40 vagas, e as IES interessadas in s
crevem , sem pre em duplas, um técn ico de inform ática e um de inform a
ção, para que a IES ten ha to tal condição para im plantar a BDTD local.
D iá lo g o C ie n t íf ic o
Esse projeto tem com o base o pacote de software E-prints, desenvolvi
do pela Southam pton University. Esse software foi custom izado para a lín
gua portuguesa pelo IBIC T e recebeu a denom inação de Diálogo Científico.
Trata-se de umso/tuvare que implementa os padrões e ideais da OpenArchives
Initiative. Portanto, é um a ferramenta que permite criar um repositório de
dados, portanto, um provedor de dados ao qual o pesquisador pode subm e
ter os seus trabalhos, tais com o pré-prints, relatórios técnicos, artigos. Além
da facilidade de auto-arquivam ento, esse pacote de software oferece as se
guintes facilidades: auto-arquivam ento de com entários a um determ inado
trabalho publicado no repositório, publicação de novas versões de um de
304
term inado trabalho, consulta em linha e exposição de meta dados para os
procedimentos de harvest por parte dos provedores de serviços.
Assim , o Diálogo C ien tífico propõe uma nova m odalidade de c o m u
nicação científica que perm ite m aior interação entre os autores e os leito
res, criando, de um a certa forma, um colégio invisível virtu al cujos pares
estão espalhados pelo m undo integrados por m eio da rede Internet.
O IB IC T vem estim ulan d o a criação de repositórios de dados nas v á
rias áreas do con h ecim ento. N o caso de as instituiçõ es não terem uma
infra-estrutura apropriada, o In s titu to oferece a possibilidade de h osp e
dar os repositórios utilizando a sua infra-estrutura tecnológica.
C a tá lo g o d e A n a is d e C o n g r e s s o E le t r ô n ic o
Esse sub projeto está sendo realizado pelo C en tro de Inform ações
N ucleares da C o m issão N acion al de Energia N uclear (C IN / C N E N ). N esse
contexto, o C IN / C N E N cu stom izou o pacote de softw are Open Conference
System, o qual foi desen volvid o pela U n ive rsity o f British C olu m b ia, no
âm bito do projeto Pu b lic Knowledge Project, coordenado pelo professor
Jo h n W illin sk y. Trata-se de um softw are open source co n stru íd o em c o n
sonância com os padrões e ideais da O A I. U tiliza, portan to, o co n ju n to
de m etadados Dublin Core, assim com o o protocolo O A I- P M H . Essa fer
ram enta perm ite a gestão de tod o o processo de organização de um evenr
to científico, oferecendo as seguintes facilidades: criação de página web
do evento, auto-arquivam ento (subm issão) de trabalhos, controle do flu
xo de avaliação dos trabalhos subm etidos (w o rkflow ), avaliação desses
trabalhos e publicação dos anais eletrônico do even to na web.
N a adoção dessa ferram enta pelos organizadores de even to s científi
cos, estes desem penharão o papel de provedores de dados e o C IN / C N E N
desem penhará o papel de provedor de serviço, por m eio da criação e
m anutenção a u to m ática de um C atálogo de A n a is de C ongresso Eletrô
nico, conform e apresentado no esquem a da figura I .
O C IN / C N E N atribuiu a essa ferram enta a d enom inação de Sistem a
O n-Line de A c o m p a n h a m e n to de Conferências (S O A C ).
In t e g r a ç ã o d e R e c u r s o s d e I n f o r m a ç ã o
A integração de recursos de inform ação será realizada por m eio de
um a interface que está em d e sen vo lvim en to , u tilizan d o o pacote de
305
softw are M ET A LIB . Essa ferram enta de softw are possui os protocolos: i)
Z39 .50 , o qual perm ite a busca distribuída em várias fontes de inform a
ção, em especial as O P A C s ; ii) O A I- P M H , o qual perm ite realizar o a
coleta (iharvest) de m etadados, consolidando-os em um a base de dados
que fica disponível para co n su lta em linha: iii) http, protocolo u tilizado
para navegação na W eb. Essa últim a m odalidade de p rotocolo exige p ro
gram ação de seripts para que se possa sim ular um usuário entrando em
uma página W e b para fazer um a determ inada con sulta em uma d eterm i
nada fonte de inform ação. Essa program ação é feita em linguagem Perl.
A idéia, portanto, é criar uma interface para facilitar ao usuário o acesso
às fontes de informação, sem que ele tenha de entrar em cada uma delas
pessoalmente, ou seja, é o próprio Metalib que fará a subm issão das con sul
tas de um determinado usuário às fontes de informação por ele escolhidas.
8 . C o n s id e r a ç õ e s f in a is
306
cação de ou tros pacotes de software, com o o D SPA C E, o FED O R A e o
C D Sw are . A identificação e absorção dessas tecnologias perm itirão ao
IB IC T cum prir a sua principal m issão, que é a de registrar e dissem inar a
produção científica e tecnológica brasileira.
A utilização, por exemplo, do DSpace ou do Fedora pelas bibliotecas
universitárias com o propósito de abrigar a produção técnico-científica da
sua respectiva universidade possibilitará, no futuro, a geração de um c a tá
logo contendo toda a produção técnico-científica brasileira. Por outro lado,
o uso intensivo do SEER, pacote de software custom izado a partir do Open
Jo u rn a l Systems, certam ente dará origem a um catálogo nacional de pu bli
cações seriadas. Essa iniciativa, com binada com articulações políticas que
recom endem a publicação preferencial, por parte dos pesquisadores, em
repositórios Open Archives, poderá tornar o Brasil mais independente das
publicações e repositórios estrangeiros. Essa é uma grande oportunidade
para países, com o o Brasil, despontarem com o um dos países produtores
de inform ação, e não apenas consum idor com o o era no século passado.
Essa autonom ia representará uma grande econom ia para o país.
Dessa m aneira, a identificação, ab sorção e cap acitação técnica no
uso e d e se n vo lvim e n to de sistem as de inform ação com base nos p a
drões e ideais da O A I co n stitu iu o grande aprendizado prop orcionad o
pelo projeto B ib lio teca Digital Brasileira. Esse projeto, além de cum prir
as m etas propostas, prom oveu a in ternalização de tecn olo g ias e sua d is
tribuição à com unidade provedora de inform ação em ciência e tecnologia,
além dé cria r c o m p e tê n c ia té c n ic a no u so e d e s e n v o lv im e n to de
tecn olo g ias da in form ação e da co m u n ica çã o aplicadas ao tra ta m e n to e
d issem in ação da inform ação.
307
N o ta s
1 Segundo Sompel e Lagoze, participaram da Convenção de Santa Fé dois
tipos de atores: data providers e service providers, os quais são definidos
como “ a data provider is the manager of an e-print archive, acting on
behalf of the authors submitting documents to the archive. As pointed
out above, the data provider of an open archive will, at least, provide a
submission mechanism, a long-term storage system and a mechanism
that enables third parties to collect data from the archive: A service
provider is a third party, creating end-user services based on data stored
in e-print archives. For instance, a service provider could implement a
search engine for mathematical e-prints stored in archives worldwide".
? Auto-submissão é uma facilidade oferecida pelos sistemas que permite aos
autores submeterem os seus trabalhos diretamente nos provedores de dados.
■ 3 Entende-se por software open source aquele cuja distribuição acompa
nha o seu código fonte. Isso significa que o usuário tem, além do código
de máquina do software, o seu código fonte, o que lhe dá condições para
alterar e adequar o software segundo as suas necessidades e eventual
mente distribuí-lo. Normalmente esses pacotes de software são livres de
custo, mas eventualmente eles podem ter um custo associado, segundo
os serviços que são oferecidos vinculados ao software.
R e f e r ê n c ia s
BO LLACKER, Kurt D.: L A W R E N C E , Steve; GILES, C. Lee. CiteSeer: An
Autonom ous W e b Agent for Autom atic Retrieval and Identification of
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vandesompel-oai/02vandesompel-oai.htm, Acesso em I I mar. 2005.
309
Fredric M ic h a e l Litto *
311
mil dos quais no nível pós-bacharelato). Urna vez que não existem recursos
financeiros para a construção de urna centena de cam pi necessários para a
expansão da educação superior no Brasil, o país precisaria investir em urna
universidade aberta a distância” . M as 30 tentativas de criar, nos últim os
30 anos, urna tal instituição, de tam anho sucesso em outras partes do mundo,
falharam, quando ainda no papel. Há, sem dúvida, um a necessidade para
investim ento na inform ação e na tecnologia da informação em todos os
níveis de educação no Brasil para superar esses problemas. N as 1.900 ins
tituições de ensino de terceiro grau, as bibliotecas têm um total de 32.2
m ilhões de volum es (não com putando duplicatas de uma mesma obra, ge
ralm ente adquiridas para com pensar a impossibilidade de aquisição pelos
estudantes), e, quando dividim os esse núm ero pelo total de estudantes,
chegam os a uma chocante baixa média de 9.2 livros por estudante. C o in ci
dentemente, havia, em 2004, um total de 3 6 7 .8 13 computadores conectados
à Internet nas m esm as instituições, dando uma média de 9.5 estudantes
por computador. Se não houvesse com putadores conectados à Internet nas
casas de alguns estudantes e instrutores, seria apropriado perguntar se o
Brasil espera entrar de fato na sociedade do conhecim ento nesse século.2
Estudos recentes da U n esco e associações de editores locais confir
mam a situação calam itosa de outros tipos de bibliotecas e livrarias no
Brasil. Cham ado de "patin ho feio” do sistema escolar, a falta de bibliotecas
escolares, suplantada som ente pela falta de laboratórios de ciências, é pre
dom inante em todo o país. Bibliotecas públicas são tam bém uma grande
incógnita, com estatísticas governam entais afirm ando a existência de cerca
de 4 mil dessas instituições, mas não oferecendo inform ações sobre os
critérios de inclusão, se 300, 3.000, 30.000 ou mais livros. A m aioria das
autoridades sugere, inform alm ente, que talvez não haja mais que 250
in stituiçõ es com acesso pú blico livre a coleções com mais de 30 mil
v olum es. O ite n ta p orcento dos usuários de bibliotecas públicas, de acor
do com as e statísticas, são estudan tes, e a m aioria das in stituiçõ es não
possui fonte regular de recursos para aquisição, dependendo, p rin cip al
m ente, de doações, e estão a costum ad as a um estad o co n s ta n te de
desatualização. Finalm ente, há em todo o país som ente 1.500 livrarias (o
ideal seria 10 mil, segundo estu d o s da U n e sco ), concentradas em gran
des cidades. De fato, 8 9 % dos m unicípios brasileiros não têm n en hu m a
livraria.3
312
Há cerca de 22 m ilhões de com p u tadores pessoais em uso no Brasil
em 2004, o que significa que cerca de 1 2 % da população os usa, e há
aproxim adam ente 14 m ilhões de usuários da Intern et ( 8 % da população),
som ente 8 16 mil dos quais tem acesso à banda larga, e há 2.2 m ilhões de
hosts na W eb. Esses núm eros colocam 0 Brasil bem atrás da m aioria das
nações desenvolvidas e resultam de dois fenôm enos: a baixa renda da
m aioria da população brasileira e 0 fato de o português, sua língua n aci
onal, representar som ente 0 ,7 % do co n teú d o da W eb, oferecendo, assim,
pouco in cen tivo para acesso.4
Essa "letargia” se reflete tam bém na presença, ou falta de presença, de
com putadores e da Internet em escolas de educação primária e secundária.
Há um total de 176.880 escolas públicas e privadas no país, com um total
de 48.5 m ilhões de estudantes (o dia escolar é tipicam ente apenas de q u a
tro horas de duração, e m uitas escolas públicas funcionam em três ou q u a
tro turnos). 8 0 % ( 14 1.508) dessas escolas têm eletricidade, e 5 0 % (88.887)
têm uma linha telefônica. V in te e sete porcento (48.671) das escolas têm
com putador (um total de 276.988 m áquinas, 8 0 % deles em escolas parti
culares) e 11 % (1 9.434) têm acesso à W eb). Isso representa uma média de
5.7 com putadores em cada escola, e 174 estudantes por com putador.5Exa
m inando esse triste cenário, fica claro que a maioria dos investim entos em
tecnologia e educação tan to no setor público quanto no privado está co n
centradas em hardware, software e treinam ento de professores, e não em
conteúdo, o que seria a força m otriz para justificar a aquisição de co m p u ta
dores e da Internet em educação em tod os os níveis. Sem bom material
(bom no sentido de útil para o aprendizado), apresentado com bom uso da
língua local, e não som ente chats e outros desvios dos modelos padrão de
escrita) não podem os esperar que exista m otivo para a maioria das pessoas
se preocupar com com putadores e a Internet no processo de aprendizagem.
Por isso, foi com grande satisfação que um grupo de investigadores
da Escola do Futuro, laboratório de pesquisa interdisciplinar da U n iv e rs i
dade de São Paulo, recebeu, em abril de 1997, a notícia de que seu pedido
de sub venção da Fundação A T & T em N o va York para a criação de uma
“ biblioteca virtu al para o estu d an te brasileiro” tin h a sido aprovado. A
subvenção, decidida por um seleto painel de especialistas organizado
pelo Intern atio nal C ou ncil for O p en and D istance Learning (IC D E) forne
ceu U S$ 100 mil para 0 projeto e pouco depois, outra subvenção de U S$
313
40 mil da Secretaria de C ultura do Estado de São Paulo perm itiu o início
de um processo de “ inclusão cu ltu ra l” que con tin u a até hoje, início de
2005. O s passos iniciais foram um a dem onstração clara da o b servação
hoje corrente de que, se no passado gastavam -se 2 0 % do tem p o de um
projeto no seu planejam ento e 8 0 % em seu desenvolvim ento, hoje em
dia, devido à grande com plexidade que nos cerca, o reverso é, na m aioria
da vezes, o caso: 8 0 % para planejam ento e m eram ente 2 0 % para execu
ção do que foi planejado. O grupo de pesquisa levou mais de um ano para
organizar os aspectos docum entais, tecnológicos e dos fluxos das ta re
fas antes de efetivam ente "en trar no ar” .
A s tarefas iniciais foram as seguintes: I . form ação do tim e de p esq u i
sadores: 2. fixação de parcerias internas e externas: 3. estab elecim en to
de princípios para negociar questões sobre direitos de propriedade in te
lectual: 4- aquisição de h ard w are, softw are e ou tros m ateriais; 5. criação
de espaços de trab alh o e rotinas que conduzem à produtividade; 6. c o n s
tru ção de interface do usuário; 7. iniciação de busca de p atrocínio para o
projeto após april de 1998. A equipe era form ada por um coordenador
geral, um especialista em interfaces na rede, um especialista em design
gráfico, um coordenador de produção e vários assisten tes de iniciação
científica para a digitação de dados, correspondência com usuários e
o u tras tarefas im portantes. Teve início tam bém a troca de idéias com a
in stitu içã o associada, parte da proposta original, a U n iv e rs ity o f British
C olu m bia, do C anadá, na pessoa do d ou tor Tony Bates, renom ado e s tu
d ioso e profissional de educação a distância, que con co rd ou , g e n tilm en
te, em servir co m o avaliador form ativo do projeto.
O s objetivos gerais iniciais do projeto: I . fornecer textos com pletos de
obras clássicas e de difícil aquisição da cultura brasileira adequados para
estudantes do ensino básico (obras literárias e históricas, obras de referên
cia, atlas, imagens, sons e vídeos); 2. aperfeiçoar as habilidades heurísticas
de estudantes e professores; 3. aum entar o desejo de im plantar co m p u ta
dores e acesso à rede nas escolas; 4. estudar o verdadeiro uso no dia-a-dia
da biblioteca virtual pela sua com unidade de usuários; 5. investigar os as
pectos de custo-benefício de uma tal coleção de materiais em m ultim eios
que oferece apoio ao ensino a distância formal ou informal.
U m a im portan te parceria “ in terna” foi firmada com o M u seu de A r
queologia e Etnologia da U niversid ade de São Paulo, que cedeu para a
314
Biblioteca V irtu a l im agens valiosas de cerâm ica, cocares e ou tros artefa
tos culturais dos povos indígenas brasileiros. O u tra parceria externa im
portante foi firmada com a Fundação Roberto M arin h o do Rio d e ja n e iro ,
em sociedade com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp) e a agência de nível nacional Serviço Social da Indústria (Sesi),
que, ju n to s desenvolveram o Telecurso 2000, cursos com p letos do en si
no fundam ental e m édio, d istribuidos por m eio de program as de tele vi
são em circuito aberto e m ateriais im pressos disponíveis em bancas de
jornais em tod o o país.6
Criado principalm ente para adultos já envolvidos em atividade econ ô
mica, mas com escolaridade incom pleta (o trabalhador médio no Brasil
ainda tem apenas seis ou sete anos de educação formal) e desejosos de
com pletála por meio de ensino a distância em tem po parcial, o programa
Telecurso 2000, em 2004, teve mais de 600 mil alunos matriculados. Com
ajuda do superintendente do programa, professor M arcos Formiga, a Fun
dação Roberto M arinho deu à Biblioteca V irtu al do Estudante Brasileiro
permissão para usar todo o material do curso já em forma digital, que co n
tinua sendo, até hoje, um a das partes mais acessadas da Biblioteca.
O u tra colaboração foi firmada com a V o zo te ca (biblioteca de vozes)
de Luiz Ernesto M. K aw all, um colecionador independente de sons do
passado do Brasil, especialm ente gravações de personalidades políticas
da p rim e ira e s e g u n d a m e ta d e s do s é c u lo X X . E s sa s g ra v a ç õ e s
disponibilizadas digitalm ente pela Biblioteca V irtu a l perm item aos e s tu
dantes ir além do livro de texto tradicional, o u vin d o, de fato, os estilos
oratórios de figuras históricas cujos nom es estão co n sta n te m en te na sua
presença em livros de texto, nom es de ruas e m esm o nas palavras de
canções populares.
O u tro s planos foram feitos, m as, devido às dificuldades de finan cia
m ento, nunca foram im plantados. Talvez valha a pena listá-los aqui c o m o .
sugestão para outros que porventura queiram criar bibliotecas virtu ais
desse tipo. Esperávam os originalm ente, por exemplo, ter a inform ação
básica na Biblioteca V irtu a l em português e navegação dentro da base de
dados em português, inglês, espanhol e, talvez, até m esm o em francês,
perm itindo assim , aos estud an tes de diferentes partes do m undo que se
interessam por Brasil e sua cultura, acesso ao m aterial. M as os recursos
disponíveis para fazer isso nunca foram suficientes. Igualm ente, espera
315
va-se criar um a interface para usuários com três eixos: localização (m apa
m undi - ao clicar em algum lugar, aparece tu d o o que a ele se refere na
base de dados); tem po (um a barra de tem p o deslisante); tóp ico (p a la
vras-chave de acesso a to d o s os arquivos), mas isso não foi possível. A
equipe tam bém não foi capaz de dar início a um setor Frequently-Asked
Q u e s tio n s (F A Q ), capaz de perm itir aos usuários obter m uitas respostas
a suas questões referentes à Biblioteca.
O u tro s problemas de natureza genérica capazes de desencorajar al
guns futuros criadores de bibliotecas virtuais foram encontrados: I . a a u
sência notável de uma tradição de trabalho de grupo em pesquisa nas h u
m an id a d e s, pelo m en o s c o m o a ve m o s no B rasil, c o n s ta n te m e n te
atorm entando as tom adas de decisão e a produção; 2. a escolha de técnica
de entrada de dados tam bém impediu o desenvolvim ento do trabalho -
leitura óptica de caracteres de textos se m ostrou não ser prática, e a
digitalização dobrada de quase todos os textos foi tom ada com o norma; 3.
o problema das m uitas m udanças ortográficas que ocorreram na língua
portuguesa no correr dos últim os 100 anos e a inabilidade de os jovens
estudantes de hoje entenderem textos nos form ato ortográfico e gramatical
originais exigieram m uita reformatação; 4. a existência de m enos m aterial
em dom ínio público disponível do que se esperava, obrigando o grupo a
buscar novas soluções. Editoras resistiam ao uso gratuito de seu material
na Internet, m esm o com o apoio da associações de classe. Em vez da “ acei
tação por a ta ca d o ” que nós esperávam os da parte das editoras, com a
perm issão de colocar na Intern et suas obras esgotadas, a equipe teve de
se engajar num a “ operação va re jista ” , conseguindo, só ocasionalm ente,
perm issão na base de títu lo a títu lo. Esperava-se que um sem inário sobre
propriedade intelectual, novas tecnologias de com u nicação , e a e d u c a
ção, em associação com um a organização nacional de editoras, ia ser
benéfico, mas isso ainda não aconteceu, talvez porque os setores im p li
cados ainda não reconhecerem a im portância do tema.
Finalm ente, esperava-se ter um a rica área de atividades paradidáticas
d entro da Biblioteca V irtu a l, com referência ao m aterial audiovisual e tex
tual dentro da coleção. Tais atividades paradidáticas incluiriam role-playing
games, troca de inform ação entre pares, co n su lta a especialistas im p or
tan tes pela Intern et e co n su lta a outras bases de dados. Há, na verdade,
um a troca de idéias ativa e proveitosa entre professores sobre currículo,
316
atividades na sala de aula e bibliografia, mas isso ainda não atingiu o
estágio de um sistem a poderoso de apoio originalm ente im aginado.
A Biblioteca V irtu a l do Estudante Brasileiro está disponível g ratu ita
m ente a tod os os interessados 24 horas por dia, sete dias por sem ana,
por meio do W o rld W id e W e b (w w w .b ib virt.fu tu ro .u sp .b r). Seu co n te ú
do está dividido em três seções: a coleção, atividades e sugestões para
fontes de pesquisa. A coleção co n siste de textos com p letos de obras
literárias e d o cu m en to s históricos, artigos de periódicos científicos, im a
gens, sons e softw are. M ais de 300 obras da literatura brasileira em d o
m ínio pública estão d isponíveis pelo índice de autor, títu lo e gênero, e
m uitas delas são “ baixáveis” para com p u tadores e palm tops. Resenhas
de m uitas dessas obras estão tam bém disponíveis, bem com o cinco obras
com pletas da literatura internacional traduzidas para o português (Lew is
Carrol, Alexandre Dum as Fils, Georg Büchner, and H enry Rider Haggard).
Há, tam bém , um link para a célebre biblioteca virtual Gutenberg, uma cole
ção digital existente há 30 anos, e possuindo agora mais de 10 mil obras
literárias, em 16 diferentes línguas, todas elas em texto integral. A seção
de imagens (a maioria em form ato JP E G ) inclui m uitos dos desenhos ab un
dantes em cores d e je a n Baptiste Debret, o francês que visitou o Brasil no
período de 1816-1831 e deixou um rico relato pictórico da vida econôm ica e
social na sociedade colonial. Desenhos dos diferentes pássaros do Brasil e
fotografias da enorm e variedade de frutas do Brasil estão presentes, bem
com o uma grande coleção de clipart especialm ente organizada para jovens
estudantes. A seção de sons (em Real A udio, M P3 , M ID I e R A M ) deve
m uito à colaboração de Luiz Ernesto M. Kaw al, que forneceu as gravações
de eventos históricos, personalidades e políticos do passado, bem com o
fam osos jingles espots de publicidade da mídia de décadas atrás. U suários
podem escolher entre gravações que registraram a primeira vo z gravada no
Brasil, vozes das revoluções de 30 e 32, da II Guerra Mundial, da História
do Rádio no Brasil, Brasil nos cam peonatos m undiais de futebol, com p osi
tores de Bossa N ova, e a história do sam ba e de fam osas escolas de samba.
U m a área divertida de pesquisa m usical oferece fotografias, partituras e a
gravação de sons de 14 diferentes instrum entos de percussão do Brasil.
Há, tam bém , um a pequena (m as em crescente d esen volvim ento) coleção
de “ livros falad o s” , incluindo m uitas obras de literatura, preparada para
pessoas com deficiência visual, e disponível para tod os os interessados,
317
graças à cooperação da Fundação Dorina Nowill e da Auditeca Kaete
Heymann da Comunidade Shalom de São Paulo.
Uma considerável coleção de revistas científicas, difíceis de serem
encontradas, está também disponível, cedida pelos editores interessa
dos em ajudar futuras gerações de estudantes: Revista Brasileira do Ensi
no de Física, Revista do Professor de Matemática, Física na Escola, Revista
do Departamento de Qeografia, Educação e Pesquisa, Sinopse -7\ Revista
do Cinema e outras.
Entre “ materiais especiais” , encontram-se tesouros como uma cole
ção de mais de 80 entrevistas gravadas no período de 1984-1989 com
importantes cientistas brasileiros, e várias dezenas de entrevistas
“ baixáveis” de vídeo com importantes figuras como Paulo Freire (suas
entrevistas são um absoluto hit, recebendo um milhar de “ baixadas” por
semana). Alberto Dines.Juscelino Kubtscheke líderes das tribos Araweté
e Krenakarore da região amazônica, entre outros. Espalhado por toda a
coleção, encontra-se um amplo material representando ricas tradições
folclóricas brasileiras em textos, imagens e sons.
A área reservada para “ atividades” enfatiza interatividade com os
usuários, bem como entre os próprios usuários, especialmente com ex
periências relacionadas ao uso da Biblioteca Virtual no processo ensino/
aprendizagem. Há um “quadro de mensagens” para anúncios e trocas de
idéias, sugestões, noticiário de eventos, um calendário cultural, e uma
Caça de Tesouro Online Anual, que estimula estratégias de busca criati
va de informação dentro da Biblioteca Virtual e resulta em premiações
(geralmente palmtops e livros doados por livrarias locais). Etcetera é uma
seção que cita fontes adicionais de pesquisa disponíveis na Web, bem
como os endereços de bibliotecas e livrarias reais no país, complemen
tando as fontes disponíveis na Biblioteca Virtual.
Vistos como um todo, os conteúdos da Biblioteca Virtual refletem seu
desenvolvimento: com exceção do extensivo e bem organizado material
do Telecurso 2000, o restante é, mais precisamente, uma maravilhosa mis
celânea de conhecimento, informação e sabedoria incomum. Devido à fal
ta de financiamento consistente desde o término das doações iniciais,
fomos tolhidos por severas restrições sobre direitos autorais. Mesmo as
sim, acabamos gostando do crescimento não-linear, exponencial e eclético
em várias direções. Mas, responsáveis pelo desenvolvimento da Bibliote-
318
ca V irtu al, assum im os seus defeitos e falhas e deleitam o-nos com o gran
de uso dado, apesar da irregularidade de seu acervo. Esperam os pelo dia
em que as virtudes da Biblioteca V irtu a l e sua im portância estratégica
sejam reconhecidas por agências financiadoras generosas, que perm itirão
realizar os m elhoram entos necessários. Im pacientes, contudo, com o so
m ente os m em bros da equipe de uma nova biblioteca podem ser, envo lve
mo-nos em ação para m udar o nom e Biblioteca V irtu a l do Estudante Bra
sileiro para Biblioteca V irtu a l do Estudante da Língua Portuguesa, pois
assim será possível crescer mais, incluindo m aterial educativo dos oito
países na Europa, Am érica do Sul, África e Á sia, onde o português é a
língua principal, recebendo de, e reencam inhando para cada país, m aterial
para o ensino e o entreten im en to que poderá ser entendido por todos.
Em 2 0 0 1, Luciana Salgado, uma estudante no Programa de M estrado da
Escola de Com unicações e A rtes da U niversidade de São Paulo, fez um
estudo de alguns aspectos da Biblioteca V irtual. Sua tese tentou determ i
nar se a Biblioteca V irtu al havia atingido seus objetivos originais e qual o
perfil de seus usuários.7Em 2 0 0 1, o núm ero médio diário de usuários dis
cretos excedeu 5 mil. N o decorrer dos três anos subseqüentes, a Biblioteca
Virtual recebeu seis troféus “ l-Best” votados pelos internautas brasileiros
por excelência no conteúdo nas categorias de educação e treinam ento, e
arte e cultura, e seu núm ero diário de usuários cresceu para 15 mil. C o n tu
do, os resultados da investigação de 2 0 0 1 m erecem atenção.
De setem bro de 20 00 a 25 de fevereiro de 2001, um q u estion ário
con ten d o 37 itens preparado por Salgado ten tan d o determ inar o perfil de
usuários e a natureza de sua satisfação ou insatisfação foi colocad o no
site da Biblioteca V irtu a l, ob ten d o um total de 528 respostas, das quais
479 foram efetivam ente usadas para o estudo. O s resultados do le va n ta
m ento trouxeram algum as surpresas: para um site planejado para e s tu
dantes de prim eiro e segundo graus, os usuários eram um ta n to mais
velhos: 10-13 anos de idade, 7 .0 % ; 14-17 anos, 2 0 .9 % ; 18 - 2 1 anos, I 7 .4 % ;
2 2 - 15 anos, 15 . 1% ; 26-29 anos. 2 0 .9 % ; 30-39 anos, 18 .3 % ; acim a de 40
anos 11.7 % . U su ário s m orando em capitais de estados eram 5 0 ;8 % , e os
do interior, 4 9 .2 % . U su á rio s residentes em cidades com população s u
perior a I m ilhão de h abitantes eram 4 3 ,0 % do total, en q u an to os m ora
dores de cidades acim a de 500 mil hab itantes eram 14%, h ab itan tes de
cidades entre 500 mil e 100 mil habitantes, 2 2 .0 % , os de cidade com
319
m enos de 100 mil hab itantes, 14-0% , e os de cidades com m enos de 10
mil habitantes, 7 .0 % . Estu dantes de escolas primária e secundária ab ran
giam 3 7 ,8 % dos usuários, e n q u a n to estudantes de nível universitário
abrangiam 2 3 ,8 % do total. Estudantes do sexo m asculino eram 5 0 .7 % e
do fem inino 4 9 .3 % . Estudantes de escolas públicas representavam 5 0 ,7 %
do to tal e os de escolas privadas 4 9 ,3 % . Estudantes do Estado de São
Paulo co n stitu íam 4 3 ,0 % dos usuários, os de M inas G erais 10 ,0 % , os do
Rio de Janeiro, 8 ,0 % , e os do Paraná, 7 ,0 % . A renda m ensal fam iliar infor
mada foi bem mais alta do que o esperado: até R $ 3 0 0 ,0 0 ,3 ,3 % ; R$ 3 0 1,00
a R$ 600,00, 3 ,3 % ; R$ 601,00 a R$ 1.200,00, 14 ,7% ; R$ 1.200,00 a R$
3.000.00, 17,45; R$ 3.0 01 ,00 a R$ 6.000,00, 3 ,3 % ; R$ 6.001,00 a R$
10.0 00 .00 , 11,2 % ; R$ 10 .0 0 1,00 a R$ 20.000,00, I 7 ,4 % ; acim a de R$
20.000.00, 10 ,4 % .8 A o serem perguntados de onde acessavam a Internet,
os usuários responderam o seguinte: de suas casas, 7 2 ,1% ; do trabalho,
17 .4 % ; da escola 5 .4 % ; da casa de am igos ou parentes, 3 , 1% ; da b ib lio
teca 1,7 % . Também, 8 4 ,4 % responderam que usaram a Biblioteca V irtu a l
para estudo e pesquisa, e n q u an to 8 .4 % indicaram prazer, e 7 .2 % , relação
com o trabalho.
Talvez digno de preocupação e atenção no futuro seja o fato de 5 7 ,3 %
terem respondido que seus professores pediram pesquisa na Web. mas não
deram orientação; 2 5 ,4 % disseram que os professores deram uma orienta
ção mínim a; 17 ,3 % indicaram que seus professores deram orientação in i
cial para sua pesquisa na W eb. Q u an d o perguntados se seus professores
os encorajavam a fazer pesquisa usando a Internet, houve respostas dife
rentes da parte de estudantes de escolas públicas e privadas:
■ “ Todos os seus professores encorajaram sua pesquisa na W e b ?": Dez
por cen to dos estu d an tes das escolas públicas deram resposta positiva,
e n q u a n to som ente 8 ,0 % dos estudantes de escolas privadas responde
ram afirm ativam ente; “ A lg u n s professores?” 5 0 ,0 % dos estud an tes de
escolas públicas e 4 4 ,0 % dos de escolas privadas confirm aram p o sitiva
m ente; "N e n h u m professor?” ; 4 0 ,0 % dos estud an tes de escolas públicas
e 4 8 ,0 % dos de escolas privadas responderam p ositivam ente.
Em relação à general satisfação geral dos usuários com a Biblioteca
V irtu a l, 5 7 ,0 % responderam afirm ando que encontraram exatam ente o
que estavam procurando, e n q u a n to 4 4 , 1% afirmaram que “ n orm alm en
te ” enco ntravam o que procuravam . A pergunta sobre se foram capazes
320
de localizar o m aterial desejado dentro da biblioteca: 3 4 ,4 % responde
ram “ sem pre” : 4 4 ,4 % responderam “ quase sem pre” ; 1 5 ,7 % responde
ram “ algumas ve ze s"; 8 ,4 % responderam “ raram ente” ; e 7,45 responde
ram “ n un ca” . Se ou não o m aterial encontrado na Biblioteca correspondeu
às necessidades de sua pesquisa: 5 7 ,0 % responderam que encontraram
“ exatam ente o que p rocu ravam ” ; 12 , 1% acharam o m aterial “ m uito so
fisticad o” ; e 3 0 ,9 % acharam o m aterial “ um ta n to sim p lório” . Se ach a
vam que o m aterial procurado na Biblioteca V irtu a l poderia ser en co n tra
do facilm ente em outras fontes, 3 6 ,9 % disseram que isso seria possível,
3 3 ,8 % disseram que “ às vezes achavam isso ” ser verdadeiro, 13 ,6 % d is
seram que era difícil, e 3 ,5 % disseram que nunca era o caso.
N a ordem de im portância para os usuários, o acervo da Biblioteca foi
assim avaliado: literatura, m aterial didático, m aterial paradidático, sons
e im agens. C om relação à navegação d entro da Biblioteca, 9 0 ,4 % relata
ram não ter tido dificuldade, 9 ,4 % sentiram dificuldade; 4 8 ,5 % relataram
usar o Internet Explorer 5x, en q u an to 19 ,2 % responderam usar Internet
Explorer 4x. Em relação à forma em que eles leram o m aterial encontrad o
na biblioteca, 2 8 ,0 % leram diretam ente na tela; 13 ,4 % im prim iram dire
tam ente en q u an to se achavam ligados à Internet; 3 4 ,3 % “ baixaram ” para
leitura posterior on-screen, e 2 3 ,2 % baixaram para posterior im pressão e
leitura. Salgado concluiu que o público destinatário original da Biblioteca
V irtu a l tinha na verdade sido alcançado, mas o aspecto de “ acesso livre e
irrestrito à W e b " tornou o m esm o co n teú d o disponível para um público
m u ito m aior do que o originalm ente visado. Estudantes universitários e
vestib u land o s parecem ter usado a Biblioteca V irtu a l com o uma maneira
de ter acesso “ sem -livros” às leituras exigidas para as quais sua fonte
financeira era inadequada. Ela tam bém concluiu que, embora m elhorias
pudessem ser feitas em relação à interface entre o usuário e o sistem a,
em geral, os usuários pareciam satisfeitos com a estrutura e a natureza
do acesso ao con teú d o da Biblioteca.
O núm ero reduzido de bibliotecas escolares, bibliotecas públicas e
livrarias no Brasil, claram ente incom patível com as necessidades de uma
econom ia baseada em con h ecim ento, e as verbas públicas disponíveis
no passado e aparentem ente no futuro para retificar essa situ ação ob ri
gam aqueles preocupados com a produtividade futura do Brasil e sua
capacidade de com p etir globalm ente a experim entar com soluções para
321
problem as sociais baseadas nas novas tecnologias da com u nicação . A
m aior parte da inform ação na W e b está em inglês, portanto com acesso
lim itado para estud an tes de países com outras línguas principais. Países
em d esen vo lvim en to precisam usar novas tecnologias do tip o usado no
projeto da Biblioteca V irtu a l do A lu n o de Língua Portuguesa, quer vista
com o um site independente na W eb ( “stand a lo n e "), quer com o “ sistem a
de a p o io ” para estud an tes m atriculados em cursos on-line. O s benefícios
a seram atingidas são os seguintes: ( I ) dar ao estud an te acesso à sua
própria literatura nacional, iconografia e sons do passado; (2) e stim ular a
leitura e a pesquisa em coleções de fontes nacionais online; (3) ajudar a
ju stificar o cu sto da com pra e m an u ten ção de com putadores e acesso à
W eb em escolas e centros com u nitários, oferecendo, em língua local, in
form ação útil para o aprendizado. Isso, por sua vez, dim inui as diferenças
entre o aprendizado nas zonas rural e urbana e prom ove, em geral, um a
m elhor e susten tável qualidade de vida.
322
No t a s
1Litto, Fred ri c (2002). The Hybridization of Distance Learning in Brazil —
An Approach Imposed by Culture. International Review of Research in
Open and D istance Learning: 2, 2 [iuicode: http://w w w .icaap.org/
iuicode? 149.2.2.6 Accessed 15 April 2004].
2 Para estatísticas tratando da população, indicadores sociais nacionais,
educação e condições de vida, ver o site do Instituto Brasileiro de Geogra
fia e Estatística [www.ibge.gov.br Acessado 15 de maio de 2004.] Para
estatísticas mais específicas sobre educação fundamental e média ver
Dataescolabrasil; Edudatabrasil; Censo Escolar 2004: e Sinopse Estatística
da Educação Básica 2003, e educação pós-secundária Sistema de Infor
mação da Educação Superior (SiedSup); Cadastro de Cursos e Institui
ções da Educação Superior, ver o site do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [www.inep.gov.br Acessado 19 de
maio de 2004]. Ver também: Fredric M. Litto, org. Campus Computing
Report.Br 2004. Computação e Tecnologia de Informação nas Instituições
de Ensino Superior no Brasil. São Paulo: Altana, 2005.
3Sobre bibliotecas e livrarias ver Cecília Jorge, "Brazil, a Nation that D oesn't
Read” Brazzil Culture, June 2004 [www.brazzil.com/2004/html/articles/
jun04/p 109jun04.htm Acessado 17 de maio de 2004.]; Ottaviano De Fiori,
"As políticas do livro" [www.minc.gov.br/textos/olhar/politicaslivro.htm
Acessado 15 de maio de 2004]: “ Estudo revela que cerca de mil cidades
brasileiras não têm bibliotecas” [26/4/04] Notícias de 17 de junho de 2004.
A judaBrasil [www.ajudabrasil.org/noticias.asp? ¡dnoticia=50]; e Joseana
Paganin e, “ Câdê o L e ito r?” [< w w w 2 .u n iv ille . ed u.br/biblioteca/
boletim Junho2002/PAGANINE. htm> Acessado 17 de junho de 2004].
4 Informativo INEP, Ano 2, No 38, 11 Mai 2004 [www.inep.gov.br/infor
mativo/informativo38.htm Acessado 17 de junho de 2004].
5 Marcos Dantas Loureiro, secretário de Educação a Distância, Ministério
da Educação do Brasil, “ O Ministério da Educação e a EAD: Visão Geral
em, Legislação Atual" Seminário Internacional de Educação a Distância,
Brasília, U N ILEG IS, 9 de junho de 2004. Ver também Fredric M. Litto
(1998), “ Culture and Entropy at the Interface of Freedom of Expression
and the N ew Com m unications Technologies” in Freedom of Expression
and the N ew Communications Technologies, eds. Michèle Paré and Peter
Desbarats (Montreal, Canadá: U N ESC O and IQ Coletif), pp. 201-09.
6 Oliveira, J.B.A ., Moura Castro, C. e Verdisco, A. (2003). Education by
Television: Telecurso 2000. In J. Bradley (Ed.). The Open Classroom. Distance
Learning In and Out of Schools. London and Sterling, VA: Kogan Page,
pp. 133-145.
323
7 Luciana Salgado, “ A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro da Escola
do Futuro da Universidade de São Paulo: Um Estudo da sua Estrutura e
dos Seus Usuários” , Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e
Artes, Universidade de São Paulo, 2001. Ver também Fredric M. Litto,
“ Digital Libraries, Developing Countries, and Continuing Education” ,
Continuing Higher Education Review (Harvard University), Vol. 68, Fall,
2004, pp. 78-86.
8 Em dezembro, 2000, um dólar norteamericano valia aproximademente
R$ 2.00.
324
Sueli Mara S. P. Ferreira‘
Patricia Cristina N. Souto"
I . In tr o d u ç ã o
326
Figura 1 - Modelo de Biblioteca Digital proposto por Feng (2001, 2002, 2004)
327
concordam em assum ir uma série de serviços e padrões com uns, buscando
a interoperabilidade entre elas. O s parceiros em uma federação podem ter
diferentes plataformas tecnológicas, desde que implementem serviços co m
patíveis com os padrões determ inados. N ecessitam concordar tan to com
os padrões tecnológicos com o com as políticas e diretrizes (incluem nor
mas de direitos autorais, segurança, privacidade e acordos financeiros)".
Pirri e ou tros (2 0 0 2 ) e G on çalves, France e Fox (2 0 0 1) com p lem en tam
este co n ceito agregando a idéia de que um a Federação se refere à c o m p o
sição ou união de várias bibliotecas digitais independentes ou a u tô n o
mas, distribuídas na Internet e organizadas por tem as ou recursos esp e
cíficos, que form am um a rede de bibliotecas com interface de acesso único
e in te g rad o à gran de q u a n tid a d e e h ete ro g e n eid ad e de in fo rm a çã o
estruturada, sem i-estruturada e não-estruturada (vídeos, apresentações,
im agens, sons, gráficos etc.).
A proposição de uma federação de bibliotecas digitais para a c o m u
nidade lusófona em ciências da co m u n icação é resultado do processo
evo lu tivo das atividades, serviços e produtos desenvolvidos pela Portcom
/ Rede de Inform ação em C iên cias da C om un icação dos Países Lusófonos,
criada em 19 8 1 pela Intercom / Sociedade Brasileira de Estudos Interdis-
ciplinares da C om un icação. Este d o cu m en to apresenta o projeto da fede
ração e d e ta lh a o m o d e lo p ro p o s to d esd e sua c o n c e p ç ã o a té sua
operacionalização e gestão.
2 . H is t ó r ic o r e s u m id o d a P o r t c o m
328
de políticas, ações e instrumentos que normalizam e implementam estra
tégias para o desenvolvimento e uso de recursos e competências lusófonas
em ciências da comunicação. Como resposta a este novo papel surge o
projeto de criação da federação que ora se apresenta.
3. Projeto da Federação
O projeto da Federação de Bibliotecas Digitais Lusófonas em Ciên
cias da Comunicação engloba as seguintes etapas:
329
softwares em uso; inexistência de tesauro e/ou vocabulário controlado em
português em ciências da com unicação; predominância de livros nos acer
vos; ausência de revistas científicas lusófona indexadas; ausência de publi
cações não tradicionais (filmes, vídeos etc) no acervo; participação m ajoritá
ria em redes de serviços e/ou produtos genéricos (tipo C om ut e C C N ).
Tais resultados, som ados a revisão de literatura e análise das ferra
m entas tecn oló gicas disponíveis, forneceram as condições necessárias
para o detalh am en to do projeto con ceituai da Federação de Bibliotecas
Digitais Lusófonas.
C o n c e p ç ã o e s t r a t é g ic a d a F e d e r a ç ã o (p r o je t o c o n c e it u a i)
A Federação é concebida estrategicam ente com base no m odelo do
Feng (2004, 2002, 2 0 0 1), privilegiando e alinhand o sua atu ação às duas
d im ensões propostas - "cogn itivo tático " e "cogn itivo estratégico". Desta
forma, alicerça-se em várias prem issas, tais com o:
330
• gestão da federação - adotar um modelo de gestão compartilhada
(descentralização e co-responsabilidade), valorizando as especificidades
de cada biblioteca federada, garantindo sua autonomia e criando estraté
gias de motivação para cooperação contínua. Flexibilizar o desenvolvi
mento de bibliotecas em torno de eixos: geográfico (estado, região, país),
temático (áreas especializadas da comunicação) e processual (metodologia,
tecnologia, procedimentos).
D e s e n v o l v i m e n t o d o m o d e lo o p e r a c io n a l p a r a a F e d e r a ç ã o
O m odelo operacional da Federação é determ inado pela adoção do
protocolo de transferência O A I- P M H , que por sua vez foi selecionado em
função dos valores agregados aos parceiros/bibliotecas federadas e aos
usuários finais. Para as bibliotecas parceiras, o uso do protocolo garante
interoperabilidade4, proporciona facilidade e reduz cu sto s na im plem en
tação. Para os usuários finais, viabiliza, por meio de um a interface única,
o acesso e uso integrado de inform ações e serviços advindos de m ú lti
plas bibliotecas digitais (L IU , 2002: SH I, 2004).
O protocolo O A I- P M H adota o conceito de "provedores de dados (PD )"
e "provedores de serviços (PS)". Segundo IB IC T (s.d.), os "provedores de
dados adm inistram sistem as que m antêm repositório de dados e supor
tam o Protocolo O A I- P M H com o m eio de expor m etadados para serem
coletados por provedores de serviço ou agregadores, e os provedores de
serviço (PS ) usam m etadados coletados a u to m aticam e n te dos provedo
res de dados, via o Protocolo O A I- P M H , com o base para oferecer prod u
tos e serviços de valor agregado".
Esta Fed eração id e n tific a c o m o p ro ve d o re s de d ad o s p arceiro s
in stitucio nais e/ou individuais que adm inistrem repositórios em uma ou
mais área de ciências da com unicação, com um ou m ais tip o e suporte de
fontes, e que se dispõem a adotar o protocolo O A I- P M H para in tercâm
bio de seus m etadados. O papel de provedor de serviço é exercido, in ici
alm ente, pela Portcom /lntercom , que assum e a responsabilidade de de
sen vo lve r e im p le m e n ta r o co le ta d o r dos m eta d a d o s dos parceiros/
provedores de dados e oferecer interface unificada de busca.
V isa n d o a oferecer suporte m etodológico, procedim entos de trabalho
e te cn o lo g ia s esp ecíficas para aq uelas in s titu iç õ e s in teressad as em
im plem entar bibliotecas digitais com coleções digitais diversificadas (tipo
de fonte ou de tem ática) e com serviços alinhados as dim ensões "cognitivo
331
tático" e "cognitivo estratégico", a Federação projetou e desenvolveu vá
rios módulos.
332
nais; aum entar a visibilidade, a acessibilidade e a credibilidade nacional e
internacional da publicação científica em ciências da com unicação dos
países de língua portuguesa; increm entar o im pacto da produção científi
ca lusófona, atu ando diretam ente no processo de com unicação científica.
Iniciado em 2002 com uso da m etodologia Scielo6, hoje adota o S is te
ma Eletrô nico de Editoração de R e vistas (S EER ), q ue foi trad u zid o e
cu stom izad o pelo IB IC T baseado no softw are d esenvolvido pelo Public
K n o w le d g e Project (O p e n Jo u rn a l S y s te m s ) da U n iv e rsid a d e B ritish
C olu m bia ( http://www.pkp.ubc.ca/ojs/). Este sistem a tem com o objetivo
dar assistência aos editores científicos em cada uma das etapas do pro
cesso de edição dos periódicos científicos, desde a subm issão e avalia
ção dos co n sultores até a publicação on-line e sua indexação. O s siste
mas de gerenciam ento do periódico podem ser definidos de acordo com
suas próprias políticas de publicação (A rellan o , 2004).
N este m ódulo, os parceiros/provedores de dados são os editores cien
tíficos de revistas publicadas por associações de pesquisa e/ou programas
de pós-graduação. Eles são convidados, m otivados e instigados a utilizar o
aplicativo SEER (custom izado para a área de com unicação pela equipe da
Portcom ) para o gerenciam ento de suas respectivas revistas.
M ó d u lo /¡rena Científica
A ren a C ientífica é um repositório de e-prints1, inspirado em um dos
m odelos de negócio instituído pela O penA rchives Initiatiue8 para viabilizar
um sistem a de co m u nicação científica eletrônica baseado no auto-arqui
va m e n to de textos com p letos pelos autores de forma a garantir o acesso
livre e perm anente em m eio eletrôn ico e espelhar a produção científica de
um a ou mais in stituiçõ es e/ou áreas da com unicação.
Este m ódulo, fortem ente em basado nas dim ensões cog nitivas d efini
das para a Federação, tem com o proposta "ser um espaço de construção,
reconstrução, com p artilham en to e d istribuição de co n h ecim ento e in te li
gência visan d o a otim izar a colaboração e co m u nicação entre pesquisa
dores lusófonos da área das ciências da com unicação, increm entar o c i
clo de geração de novos co n h ecim en to s e prom over acesso integrado à
produção científica da área (Ferreira, 2 0 0 2 )9.
Foi im plem entado com o software DICI (Diálogo Científico), versão bra
sileira e custom izada pelo IBIC T do software Eprints 7\rchive desenvolvido
333
pelo Sou th am p to n U n ive rsity na Inglaterra (http://w ww .eprints.org). Este
softw are prom ove um espaço virtual para o autodepósito de textos inédi
tos (papers, trabalhos de eventos, etc) ou já publicados (capítulos de li
vros, artigos de periódicos, etc), bem com o para se pesquisar, com entar e/
ou avaliar os textos depositados pelos pares.
O produto deste m ódulo está disponível no próprio Portal da Portcom
para uso dos estudantes de pós-graduação, docentes e pesquisadores (co n
siderados produtores de con teú do e tam bém usuários de inform ação cien
tífica) da área de ciências da com unicação.
334
Este provedor está sendo desenvolvido de acordo com norm as e p a
drões de norm alização e descrição com patíveis com o protocolo Dublin
Core, visand o à oferta de m ecanism o de busca integrada por m eio de
interface única com oferta de serviços de valo r agregado ao usuários par
ceiros e/ou finais da Federação (serviço de N e w s , Boletins de A lerta, Ser
viço s de Personalização, N o ta s em D ocum entos, dentre outros). C om o
estratégia de im plem entação, o coletador está sendo pensando para a
busca integrada dos co n teú d o s disponíveis nos softwares: Dspace; Seer,
O JS , D ICI e Eprints. Posteriorm ente, será iniciada a integração com pro
v e d o re s de d a d o s / p a rc e iro s co m p la ta fo rm a s d is tin t a s , m as q u e
im plem entem o protocolo O A I- P M H , conform e definição da Federação.
N este m om ento, estão sendo analisados os sistem as P K P / Public
K n o w le d g e Project (O p e n Jo u rn a l S y s te m s ) da U n ive rsid a d e B ritish
C olum bia ( http://www.pkp.ubc.ca/ojs) e o A R C - A Cross A rch ive Search
Service ( http://arc.cs.odu.edu) para futura integração e im plem entação
do provedor de serviço.
D e s e n v o lv im e n to d e e s tr a t é g ia s d e
im p le m e n ta ç ã o da Fe d e ra çã o
A im plem entação da Federação, com o um todo, tem sido feita com a
articulação de diversificadas ações, tais com o:
335
autom ática de m etadados por m eio da instalação do p rotocolo O A I
em seus respectivos am bientes;
• a equipe da Portcom assum e a gestão das coleções parceiras para
os M ó d ulo s Revcom e Reposcom , em regime de "incubação", durante
período experim ental;
• especificam ente para o m ódulo Revcom , os critérios de qualidade
de avaliação das revistas científicas em ciências da co m u n icação se
rão adaptados dos critérios Q u a lis da Capes;
• ainda em relação ao m ódulo Revcom , a equipe da Portcom assum e
a conversão para su p o rte eletrôn ico da coleção retrospectiva de 2 0 0 1
a 2004 das revistas brasileiras classificação N ível N acion al A no Sis-
• tem a Q u alis da Capes;
* • • referente ao m ódu lo A rena, a equipe da Portcom tem buscado fo
m entar parcerias com m em bros de N ú cle o s de Pesquisas, em espe
cial dos N ú cleo s da Intercom , para a geração colab orativa de c o n h e
cim ento científico u tilizand o este espaço com o am biente facilitador e
integrador de suas atividades de pesquisa e produção.
• para todos os m ódulos foram preparados m anuais de p rocedim en
tos e esquem a para auxiliar na cap acitação e tre in am e n to de equipes
dos provedores de dados/parceiros.
336
do N ú cleo de C o m u n icação O rganizacional da ECA/USP. Inicia-se agora
a im plem entação de repositórios in stitucio nais pelos representantes re
gionais da Po rte o m 11 em suas respectivas in stituiçõ es de origem visand o
a atuar com o com unidades-piloto em regime experim ental.
G e s tã o da F e d e ra çã o
A gestão das atividades e m ódulos propostos pela Federação adota o
m odelo de gestão com partilhada, no qual cada parceiro m antém sua iden
tidade in stitucio nal e program ática, valoriza-se o espírito de cooperação
e co-responsabilidade, privilegia-se a ausência de hierarquia, a co m p le
m entaridade e interdependência em prol do interesse do todo.
Tais valores levaram à definição de um a estrutura organizacional para
a Federação em C iências da C o m u n icação co n stitu íd a por com itê c o n s u l
tivo, com itê operacional e secretaria executiva.
337
n am en to efetivo do C o m itê C o n su ltivo organizando reuniões perió
dicas, m antém a integridade e co n sta n te avaliação dos trabalhos, de
sen volve padrões e critérios de qualidade, capacita equipes, assegura
a atu alização co n sta n te das ferram entas e produtos, coordena e a tu
aliza co n sta n te m e n te a ferram enta de busca que integra os c o n te ú
dos das bibliotecas digitais federadas etc. N e s te m om ento, a equipe
da Portcom /lntercom (co m p o sta por bibliotecários, analistas e e s ta
giários e ainda por seus representantes regionais) é quem assum e a
Secretaria Executiva da Federação.
338
N o s últim os anos, o Endocom tem sido um dos pontos-chave na es
tratégia e gestão da Portcom e seus produtos, tendo em vista o am biente
propicio que se tem criado para a troca de experiências, revisão e va lid a
ção sistem ática e periódica dos serviços e produtos e divulgação dentre
a com unidade de novas ten dências e inovações. A n o a ano cresce o n ú
m ero de pesquisadores, alunos e profissionais que participam , apresen
tam seus trabalhos e utilizam o Encontro para trocar experiências e forta
lecer as redes de relacionam ento. O s tem as discutidos nos encontros
desde o início do projeto da Federação estão indicados no quadro I .
4 . P r ó x im o s p a s s o s
339
No ta s
1Budapest Open Access Initiative URL: http://www.soros.org/openaccess/
read.shtml
R e f e r ê n c ia s
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apresentada no SN B U , Natal. U R L:http://www.bczm.ufrn.br/snbu2004/
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LIU , Xiaom ing (2002). Federating heterogeneous digital libraries by
metadata harvesting.
342
Este livro foi publicado no formato 17x24cm
Fontes G oudySans LT B T , QoudySans M D BTeArcadeAcentuada
Miolo em papel 75 g/m2
Tiragem: 200 exemplares
Impresso no Setor de Reprografia da EDUFBA
impressão de capa e acabamento: ESB Serviços Gráficos
LIDIA B. TOUTAIN
Doutora em Filosofía
pela Universidad
León (Espanha). Mestre
em Biblioteconomia.
Atua na área da informação,
tendo dirigido e coordenado diversos
projetos na área da COT, na Secretaria de
Planejamento, Ciência e Tecnologia do
Estado da Bahia. Foi diretora do Sistema
Estadual de Bibliotecas Públicas da
Bahia. Coordenou o Mestrado
Interinstitucional em Ciência da
Informação oferecido pela Unb por meio
de convênio com a UFBA. Primeira
coordenadora do Curso de Mestrado em
Informação Estratégica da EBD/UFBA.
Atualm ente é professora e Vice-
Coordenadora do Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação
no ICI/UFBA.
LUÍS SA YÃ O
Físico, Mestre e Doutor
em Ciência da Informação.
Chefe do CIN - Centro de Informações
Nucleares da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (C N EN ).
Representante do Brasil no INIS -
International Nuclear Information
System, Agência Internacional de
Energia Atômica.
Cordenador da Red Regional
de Información en el Area Nuclear
(R RIA N ).
Membro da Câmara Técnica do
Documento Eletrônico (CTDE)
do Conselho Nacional de Arquivos
(C O N A R Q ).
Caso pudéssemos viajar no tempo, possivelmente veríamos pessoas
discutindo acaloradamente os impactos da imprensa de tipos móveis em suas
atividades e funções. Aproximadamente 500 anos depois somos desafiados,
como os monges copistas de então, a desbravar e adaptar nossas práticas a
uma "nova tecnologia", que se coloca a serviço da memoria, da informação e
do entretenimento.