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Série Resumo Sistematizado

PROGRESSÃO
DE REGIME
PENAL
Atualizado pela Lei n.º 13.964/2019
(Pacote Anticrime)

Adilson Braga
Portal Braga @portalbraga

Material de distribuição gratuita

Proibido o repasse oneroso


Resumo Sistematizado – Progressão de Regime Penal – Portal Braga 1

BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TEORIA DA PENA


Antes de adentrarmos na análise da progressão de regimes de cumprimento
de pena, especialmente nos aspectos alterados pelo Pacote Anticrime (Lei n.
13.964/2019), é de suma importância que façamos breves considerações acerca da
pena no direito brasileiro.
A sanção penal é a resposta do Estado aplicada ao agente que pratica crime
ou contravenção penal (ambas espécies de infração penal) como consequência do
seu direito de punir (jus puniendi), sempre com respeito ao devido processo legal.
Por sua vez, a sanção penal é gênero, que se subdivide em duas espécies: pena e
medida de segurança.
SANÇÃO PENAL
PENA MEDIDA DE SEGURANÇA
Tem como pressuposto a Tem como pressuposto a
CULPABILIDADE (imputáveis e semi- PERICULOSIDADE (inimputáveis e
imputáveis não perigosos) semi-imputáveis perigosos)
Claus Roxin define a PENA como a 1ª Via do Direito Penal, a MEDIDA DE
SEGURANÇA a 2ª Via e a REPARAÇÃO DO DANO a 3ª Via.

Como iremos tratar de progressão de regime de cumprimento de pena,


vamos nos ater apenas a este campo. A pena, como espécie de sanção penal que
é, consiste na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do condenado
(liberdade, patrimônio, vida). E quais são as finalidades da pena?

GERAL

PREVENTIVA

ESPECIAL

FINALIDADES RETRIBUTIVA

RESSOCIALIZADORA

Teoria Mista/Eclética/Intermediária (adotada no Brasil)

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E quais são as espécies de pena? Esta resposta está disposta no art. 32 do


Código Penal, bem como na Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XLVI.
Vejamos:
Art. 5º, XLVI, CF/88 - a lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Art. 5º, XLVII, CF/88 - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Art. 32, Código Penal - As penas são:


I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
Portanto, em síntese, teremos os seguintes tipos de pena no sistema
brasileiro:

RECLUSÃO

PRIVATIVA DE
DETENÇÃO
LIBERDADE (PPL)

ESPÉCIES DE RESTRITIVA DE
SIMPLES
PENA DIREITOS (PRD)

MULTA

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E quais as diferenças entre essas espécies de pena? Sempre que fazemos a


leitura dos tipos penais, verificamos em seu preceito secundário a sanção que se é
cominada àquela infração penal, caso cometida. Exemplo:
Furto
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Para melhor entendimento, vamos analisar a seguinte tabela comparativa:
RECLUSÃO DETENÇÃO PRISÃO SIMPLES
Reservada para os Reservada para os Reservada para as
crimes MAIS crimes MENOS CONTRAVENÇÕES
GRAVES GRAVES PENAIS
Pode ser o
REGIME INICIAL FECHADO (art. 34,
Somente regime Somente regime
DE CP), SEMIABERTO
SEMIABERTO ou SEMIABERTO ou
CUMPRIMENTO (art. 35, CP) ou
ABERTO ABERTO
DE PENA ABERTO (art. 36,
CP)
Não cabe regime Atenção, pois na
inicial fechado. prisão simples
Concurso de
Porém, por meio não cabe regime
crimes apenados
de regressão é inicial fechado
com reclusão e
possível que se nem mesmo pela
detenção, a pena
cumpra detenção regressão. E, de
de reclusão será
em regime acordo com o art.
OBSERVAÇÕES executada
fechado. 6º da Lei de
primeiro (art. 76,
Não admite Contravenções
CP)
interceptação Penais, deve ser
Admite-se a
telefônica, salvo cumprido em local
interceptação
se conexo com distinto dos
telefônica.
crime apenado apenados por
com reclusão (STJ) crime.
TEMPO MÁXIMO
Com a Lei n.º 13.964/19, o tempo máximo de cumprimento
DE
de pena privativa de liberdade no Brasil passou a ser de 40
CUMPRIMENTO
(QUARENTA) ANOS (art. 75, Código Penal)
DE PENA

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REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA


Realizadas as breves considerações – não exaustivas e apenas para o fim de
delimitação do campo de aprendizado – acerca da pena no sistema jurídico
brasileiro, vamos agora adentrar nos REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE.
Basicamente, três são os sistemas existentes acerca da forma em que a pena
é cumprida (sistemas penitenciários):

Sistema Filadélfia
• O condenado cumpre a pena INTEGRALMENTE FECHADO. Nunca sairá
(surgem as solitárias).

Sistema "Auburn" (Auburniano)


• O condenado, durante o dia, trabalha com os demais presos sem qualquer
tipo de comunicação (silent system). No período noturno, recolhem-se para
suas celas.
Sistema Inglês (Progressivo) - Adotado no Brasil
• Há diferentes períodos de "convívio social". Inicialmente, há isolamento
social. Após esse estágio, passa a trabalhar com outros presos durante o
dia. Por último, passa a cumprir a pena em liberdade.

Quanto aos regimes FECHADO, SEMIABERTO e ABERTO, o art. 33 do Código


Penal elenca onde serão cumpridos, a saber:

Regime Fechado: Estabelecimento de


segurança máxima ou média.

Regime Semiaberto: Colônia Agrícola,


Industrial ou Estabelecimento Similar.

Regime Aberto: Casa de Albergado ou


estabelecimento adequado.

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O art. 33, §2º, do Código Penal estabelece as condições de condenação e do


agente (pena aplicada e existência/inexistência de reincidência) para a fixação do
regime inicial de cumprimento da pena. Para facilitar o estudo, vamos analisar o
seguinte esquema gráfico:

REGIME REGIME
CRITÉRIOS REGIME SEMIABERTO
FECHADO ABERTO
Quantidade de pena
Pena > 8 anos Pena <= 4
aplicada 8 anos >= Pena > 4 anos
Reclusão anos
Reincidência Reincidente Primário Primário
Circunstâncias
Judiciais CJ CJ CJ

**Percebam que, havendo reincidência, como regra, o regime inicial é fechado.


Se houver Concurso de Crimes?
Em havendo concurso de crimes, o critério de quantidade de pena aplicada
vai incidir sobre o resultante do concurso.
Ex.: Bento é condenado a 2 anos por furto + 5 anos por roubo = 7 anos 
Regime Semiaberto, conforme tabela acima.

Art. 111, Lei de Execução Penal. Quando houver


condenação por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinação
do regime de cumprimento será feita pelo resultado
da soma ou unificação das penas, observada,
quando for o caso, a detração ou remição.

E se for Crime continuado?


Aplica-se sobre o resultante do Sistema de exasperação da pena.
Ex.: 10 furtos qualificados com emprego de chave falsa. Juiz aplica pena base
de 3 anos. Exaspera a pena aumentando em 2/3 por ser crime continuado. Chega a
5 anos  Regime Semiaberto.

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Em se tratando de regime de cumprimento de pena, precisamos sempre nos


atentar ao PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA, consagrado no art. 5º,
XLVI, da Constituição Federal, bem como nos arts. 33 e 59 do Código Penal. Por
esse princípio, deve haver proporcionalidade entre o crime praticado e a sanção
que lhe é cominada, bem como devem ser levados em consideração a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social do agente, bem como seu comportamento
durante a próprio cumprimento da pena.
SE LIGA NO BIZU!

REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA E OS CRIMES HEDIONDOS E


EQUIPARADOS – LINHA DO TEMPO

O Supremo Tribunal Federal, em 2006, declarou inconstitucional o art. 2º,


§1º, da Lei n.º 8.072/90 (HC 82.959), o qual determinava que os condenados por
crimes hediondos e equiparados deveriam cumprir a pena em regime
integralmente fechado, vedando-se a progressão de regime. Essa redação
original violava o princípio da individualização da pena e a ressocialização do
preso.
Após esta declaração de inconstitucionalidade, a Lei n.º 11.464/2007
alterou o referido dispositivo prevendo que a pena deveria ser cumprida
INICIALMENTE em regime fechado, estabelecendo a possibilidade de progressão
com o cumprimento de 2/5 da pena (se réu primário) ou 3/5 (se reincidente).
Em 2012, no julgamento do HC 111.840/ES (controle de
constitucionalidade incidental), o Supremo Tribunal Federal entendeu que o
regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados não tem
que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser o regime semiaberto ou
aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, §2º, alíneas “b” e “c”, do
Código Penal.
Portanto, o regime inicial de cumprimento de pena deve respeitar as
regras do art. 33 do CP, verificando as condições subjetivas do condenado, e
motivando o regime prisional mais severo com base em elementos concretos e
individualizados, idôneos a demonstrarem a necessidade de maior rigor da
medida privativa de liberdade do indivíduo. Em suma, deve-se respeito ao
Princípio da Individualização da Pena.

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Entendida a importância do Princípio da Individualização da Pena, surge uma


relevante questão: o magistrado pode fixar um regime mais severo do que a lei
determina?
Se for analisada apenas a letra seca da legislação, não poderia. Porém, a
jurisprudência do STF e do STJ admitem. O Portal Braga mostra a você três
importantes súmulas para serem bem analisadas em seus estudos diários:
Súmula 718 do STF: “A opinião do juiz sobre a gravidade em abstrato do
crime não constitui motivação idônea para imposição de regime mais
severo que o permitido segundo a pena aplicada”.

Súmula 719 do STF: “A imposição de regime de cumprimento mais severo


do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”.

Súmula 440 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito”.
Está bem. Se o magistrado pode fixar um regime mais severo do que a lei
determina, pode ele também fixar um regime mais benéfico do que a lei
determina? Mais uma vez, com atenção ao Princípio da Individualização da Pena,
a resposta é positiva.
Exemplo: Se Bento é condenado a 4 (quatro) anos, tem circunstâncias
judiciais todas favoráveis, mas é reincidente. Em tese, o regime inicial deveria ser o
FECHADO pela reincidência.
No entanto, o Superior Tribunal de Justiça sumulou entendimento que
confere maior peso às circunstâncias judiciais. Vejamos:

Súmula 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto


aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais”

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PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA


Enfim, chegamos ao nosso ponto principal. O art. 112 da Lei de Execução
Penal (Lei n.º 7.210/1984) estabelece a possibilidade de Progressão de Regime
durante o cumprimento da pena. Este dispositivo sofreu profundas alterações com
a Lei n.º 13.964/2019 (Pacote Anticrime), surgindo a necessidade de atualização
por todos os Operadores do Direito.
A progressão de regime é a verdadeira consagração do Princípio da
Individualização da Pena e da finalidade ressocializadora do sistema penal, pautada
no mérito do condenado.
Art. 33, § 2º, CP - As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso.

Art. 112, LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma


progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (...) 16%
a 70% da pena (incisos I a VIII – Pacote Anticrime)
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime
se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

Para ter direito à progressão de regime de cumprimento de pena, o


condenado deve atender a requisitos de natureza subjetiva e objetiva.

Subjetivo: bom
comportamento (art.
112, §1º, LEP)
Requisitos
Objetivo: de 16% a
70% no regime
anterior (Incisos I a
VIII, art. 112, LEP)

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REQUISITO SUBJETIVO (art. 112, §1º, LEP)


A boa conduta carcerária (bom comportamento) deverá ser atestada pelo diretor
do estabelecimento penal.
EXAME CRIMINOLÓGICO
Apesar de não haver mais previsão legal, o STF e o STJ ainda admitem o exame
criminológico para que seja realizada a progressão de regime.

SÚMULA 439 DO STJ - Admite-se o EXAME CRIMINOLÓGICO pelas


peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

SÚMULA VINCULANTE 26 - Para efeito de progressão de regime no


cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO.

REQUISITO OBJETIVO (art. 112, incisos I a VIII, LEP)


Trata-se do lapso temporal de cumprimento do regime anterior para que o
condenado possa gozar da progressão. Aqui tenhamos talvez uma das mais
importantes alterações legislativas trazidas pela Lei n.º 13.964/19 (Pacote
Anticrime).
Antes de adentrarmos neste requisito no que se relaciona ao tempo de pena
já cumprido, há uma observação de suma importância: nos crimes contra a
Administração Pública existe um plus a ser cumprido. Nessas condenações, o
legislador também impõe como requisito objetivo a reparação do dano que causou
ou a devolução do produto do ilícito praticado (art. 33, §4º, CP).
Para se ter noção da imensa alteração gerada pelo Pacote Anticrime, vamos
dar uma olhada no panorama de quais eram os prazos de cumprimento de pena
necessários para a progressão de regime antes da Lei n.º 13.964/2019:

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LAPSOS TEMPORAIS ANTES DO PACOTE ANTICRIME - REVOGADOS


Natureza do crime NÃO REINCIDENTE REINCIDENTE
Crimes comuns 1/6 da pena 1/6 da pena
Crimes hediondos ou equiparados 2/5 da pena 3/5 da pena
Mulher gestante/mãe/responsável por 1/8 Não é possível
criança ou pessoas com deficiência

Agora, vejamos que os requisitos objetivos deixaram de ser expressos de


forma fracionária e passaram a ser expressados em formato percentual. Além
disso, os lapsos são de maior número, atendendo com ainda maior afinco o
Princípio da Individualização da Pena, com base no crime no qual o apenado foi
condenado, bem como na reincidência ou primariedade.
LAPSOS TEMPORAIS APÓS O PACOTE ANTICRIME – REQUISITOS VIGENTES
NATUREZA DO CRIME NÃO REINCIDENTE REINCIDENTE
Crime comum sem
16% da pena 20% da pena
violência ou grave ameaça
Crime comum com
25% da pena 30% da pena
violência ou grave ameaça
Mulher
gestante/mãe/responsável 1/8 da pena (lapso
Não é possível
por criança ou pessoas permaneceu intacto)
com deficiência
Crime Hediondo ou
Equiparado sem resultado 40% da pena 60% da pena
morte
Crime Hediondo ou 70% (reincidência
50% (vedado livramento
Equiparado com resultado específica - vedado
condicional)
morte livramento condicional)
Condenado por exercer
comando de organização
criminosa estruturada 50% 50%
para prática de crimes
hediondos ou equiparado
Crime de constituição de
50% 50%
milícia privada

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Atenção ao caso da mulher gestante ou responsável por criança ou pessoa


com deficiência, visto que, além de cumprir 1/8 da pena, deverá também
atender aos seguintes requisitos, de forma cumulativa:
a) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

b) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

c) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo


diretor do estabelecimento;

d) não ter integrado organização criminosa.

E tem mais: O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a


revogação (LEIA-SE REGRESSÃO) do benefício previsto no § 3º deste artigo.
*** Não importa o crime que a mulher ou responsável nesta situação
cometeu, o prazo de 1/8 vai sempre PREVALECER.

CÔMPUTO DO PRAZO PARA A PROGRESSÃO DO REGIME


Sim, você já entendeu quais são os requisitos objetivos e subjetivos a serem
cumpridos para que o apenado tenha direito à progressão do regime de pena. Mas,
qual o parâmetro para a contagem deste prazo? Seria a pena aplicada na sentença
ou o prazo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade permitido
por lei (atualmente 40 anos)?
O parâmetro é a PENA APLICADA/PENA GLOBAL e não o limite de 40 anos
previsto no art. 75 do Código Penal.
Exemplo: Se Bento foi condenado a 80 anos de pena privativa de liberdade, este
será o parâmetro e não o período máximo de cumprimento da pena limitado a 40
anos.
Agora, mais uma informação utilizando-se do exemplo acima: Bento,
condenado por 80 anos em regime inicialmente fechado, obteve progressão de
pena após cumprir 30% da pena. Ou seja, 24 anos. Agora, encontra-se em regime
semiaberto e faltam 56 anos de pena a serem cumpridos. Pergunta-se: para
progredir ao regime aberto, deve Bento cumprir mais 30% de 80 anos (total que
foi condenado) ou mais 30% de 56 anos (total restante)? Pessoal, pena cumprida
é pena EXTINTA! Portanto, a próxima progressão terá como parâmetro o restante
de pena (56 anos).

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COMETIMENTO DE FALTA GRAVE


As condutas que são reconhecidas como falta graves estão dispostas nos
arts. 50 e 51 da Lei de Execução Penal. Em relação à Progressão do Regime de
Cumprimento de Pena, quais são os seus efeitos?
1º) INTERROMPE a contagem do prazo para a progressão a outro regime
Art. 112, § 6º, LEP. O cometimento de falta grave durante a
execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para
a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena,
caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como
base a pena remanescente.

2º) Implica na REGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA ao apenado


Art. 118, LEP. A execução da pena privativa de liberdade ficará
sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

VEDAÇÃO À PROGRESSÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA


Antes da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), não existia vedação a progressão
de regime. Porém, houve alteração da Lei de Organizações Criminosas (Lei
12.850/13), trazendo expressamente em seu art. 2º, §9º que:
Art. 2º, §9º. O condenado expressamente em sentença
por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa não poderá
progredir de regime de cumprimento de pena ou obter
livramento condicional ou outros benefícios prisionais se
houver elementos probatórios que indiquem a
manutenção do vínculo associativo.
Não são raras as notícias em jornais escritos e televisivos (e nesses os
destaques são evidentes) de organizações criminosas atuantes no Brasil que agem
num macrossistema de elevado grau de sofisticação, movidas como verdadeiras
estruturas empresariais. Líderes e liderados formam uma cadeia de relações
fortalecidas e regradas por estatutos próprios, códigos de conduta e por camadas

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hierarquizadas que vão de indivíduos com imenso poder econômico, político e


social a uma camada mais vasta de pessoas menos favorecidas que, como regra,
sofrem direta e negativamente os reflexos da própria criminalidade organizada.
Aqui temos uma busca pelo legislador de evitar a perpetuação de
organizações criminosas com a prisão de seus integrantes, visto que é corriqueira
a manutenção do vínculo associativo de presos às organizações criminosas,
havendo, inclusive, determinações emanadas de dentro do sistema prisional por
seus membros.
Porém, atenção!!! Essas vedações configuram norma de natureza processual
penal com reflexos materialmente penais (refletem no estado de liberdade do
condenado). Portanto, por ser mais gravosa (lex gravior), não retroagirá e só será
aplicada aos fatos posteriores a sua vigência, portanto, após 23 de janeiro de 2020.

PROGRESSÃO PER SALTUM


A progressão PER SALTUM (por salto) se trata da passagem do apenado que
cumpre pena em regime fechado diretamente para o regime aberto. Ou seja, o
apenado não passa pelo regime semiaberto, como seria o curso normal da
progressão. Esse tipo de progressão É VEDADA no ordenamento pátrio e esse
entendimento foi consolidado pela Súmula 491 do STJ.

PPER SALTUM
NÃO PODE

Regime Regime Regime


Fechado Semiaberto aberto

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REGRESSÃO PER SALTUM


A regressão PER SALTUM (por salto) se trata da passagem do apenado que
cumpre pena em regime aberto diretamente para o regime fechado. Exatamente
o oposto do que tratamos acima.
Pode parecer estranho, visto que sempre ficamos com as nossas mentes
ligadas à ideia de que se a situação mais benéfica não pode, quem dirá a mais
gravosa ao condenado. Porém, aqui é diferente. A REGRESSÃO per saltum é
plenamente possível em razão de expressa determinação legal:
Art. 118, LEP. A execução da pena privativa de liberdade
ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada
ao restante da pena em execução, torne incabível o regime
(artigo 111).

PPER SALTUM
PODE

Regime Regime Regime


Fechado Semiaberto Aberto

Chegamos ao fim, pessoal. Espero que tenham gostado. Quaisquer


dúvidas e sugestões, estou à disposição. Semper fidelis!

ADILSON BRAGA JR.


Pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal – Universidade Cândido Mendes
Escrivão da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina
Fundador do Portal Braga @portalbraga (Instagram)

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