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08/09/2015 Thomson Reuters ProView ­ Contabilidade e gestão de tributos

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO
FABIO DA SILVA E ALMEIDA

Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC – São Paulo;
Especialista em Controladoria, Contabilidade e Auditoria pela PUC – Campinas;
Graduado em Ciências Contábeis pela PUC – Campinas; Extensão em
Economics and Finance (IFRS) pela University of Cambridge – Inglaterra e
Universidade de Lisboa – Portugal; Especialização em Tributos pelo IBPT­SP;
Especialização em IFRS e Normas Internacionais de Auditoria pela FIPECAFI­
USP; Professor de Graduação e Pós Graduação nas áreas de Finanças,
Contabilidade e Tributos da PUC­Campinas e PUC­Goiás e IPOG – Sócio­
Diretor da Consulcamp Auditoria e Assessoria Ltda.

O objetivo deste capítulo é resgatar os conceitos centrais do direito tributário
passando primeiramente pela Constituição Federal (CF) e pelo Código Tributário
Nacional (CTN), resumindo os elementos chaves para que os profissionais que
atuem na área fiscal e tributária possam ter conceitos básicos para avançar nos
diversos conteúdos deste livro.

1.1 Conceitos elementares, históricos dos tributos no Brasil

Falar  de  tributos,  principalmente  no  Brasil,  geraria  um  volume  extenso  de
páginas  e  mesmo  assim  teríamos  áreas  e  pontos  importantes  não  cobertos,
dessarte, aqui iremos traçar um breve histórico dos tributos no Brasil, às áreas e
doutrinas  advindas  do  Código  Tributário  Nacional  para  contextualizar  os
conceitos  elementares,  mas  sem  a  pretensão  de  esgotar  o  assunto.  A  ideia  é
uma chamada conceitual e prática do dia a dia para ajudar na empreitada diária
dos profissionais que atuam na área.

Em relação ao tributo, Cony (2000, p. 15), em prefácio do livro A história dos
tributos no Brasil destacou:

“Tecnicamente,  creio  eu,  tributo  e  imposto  devem  ser  diferentes.  Na  geleia
geral do dia a dia, o cidadão não difere um do outro. É obrigado a pagar, seja de
forma declaratória – como o imposto de renda – seja de forma obrigatória, como
os  tributos  que  estão  de  alguma  forma  embutidos  em  tudo  que  é  produzido,
vendido ou consumido”.

Por outro lado, o CTN define tributo em seus arts. 3.º ao 5.º:

“Art. 3.º Tributos é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
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Perceba que o Imposto de Renda que conhecemos atualmente foi instituído
em  1922,  e  como  é  costumeiro,  não  de  hoje,  no  dia  31.12.1922,  conforme
segue:

“Fica instituído o imposto geral sobre a renda, que será devido anualmente,
por toda pessoa física ou jurídica, residente no território do país, e incidirá, em
cada  caso,  sobre  o  conjunto  líquido  dos  rendimentos  de  qualquer  origem”  (Art.
31 da Lei de Orçamento 4.625, de 31.12.1922).

A  Legislação  tributária  é  conceituada  pelo  Código  Tributário  Nacional,


conforme art. 96 da Lei 5172/1966:

“Art. 96 A expressão “legislação tributária compreende as leis, os tratados e
as  convenções  internacionais,  os  decretos  e  as  normas  complementares  que
versem,  no  todo  ou  em  parte,  sobre  tributos  e  relações  jurídicas  a  eles
pertinentes”.

Ao  analisarmos  a  Constituição  Federal  de  1988  constatam­se  profundas


alterações no Sistema Tributário Nacional, em relação aos campos de atuação,
bem  como  na  distribuição  dos  valores  arrecadados  entre  a  União,  Estados  e
Municípios,  o  que  ocasionou  de  alguma  forma  empecilhos  para  reformas
tributárias  em  função  da  falta  de  consenso  entre  os  governantes  como  devem
ser  repartidos  os  valores  arrecadados.  Isso  é  sentido  até  hoje,  em  função  das
chamadas “guerras fiscais” que inundam o Supremo de processos, pedidos etc.

Por  outro  lado  não  é  possível  entender  as  bases  da  legislação  tributária  se
não  tiver  claro  como  são  determinadas  às  Leis,  Tratados,  Convenções
Internacionais e Decretos, neste caso, o art. 97 do CTN destaca:

“Somente a lei pode estabelecer:

I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos arts.
21, 26, 39, 57 e 65;

III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o
disposto no inciso I do § 3.º do art. 52, e do seu sujeito passivo;

IV – a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o
disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65;

V – a comunicação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a
seus dispositivos, ou para outras infrações nelas definidas;

VI  –  as  hipóteses  de  exclusão,  suspensão  e  extinção  de  créditos  tributários
ou de dispensa ou redução de penalidades;

§  1.º  Equipara­se  à  majoração  do  tributo  a  modificação  de  sua  base  de


cálculo, que importe em torná­lo mais oneroso;
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§ 2.º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem­se aos das leis em
função das quais sejam expendidos, determinados com observância das regras
de interpretação estabelecidas nesta lei”.

Por  fim  no  art.  100  são  tratadas  as  normas  complementares,  ou  seja:  “Art.
100.  São  normas  complementares  das  leis,  dos  tratados  e  das  convenções
internacionais e dos decretos: i) os atos dos órgãos expedidos pelas autoridades
administrativas; ii) as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativa,  a  que  a  lei  atribua  eficácia  normativa;  iii)  as  práticas
reiteradamente  observadas  pelas  autoridades  administrativas;  iv)  os  convênios
que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”.

O  ramo  tributário  não  diverge  dos  demais,  sendo  sua  denominação  e,  a
definição  de  seus  limites  mero  exercício  didático.  Assim,  apesar  de  ser
considerado um ramo autônomo do Direito, não há uma divisão que o afaste dos
demais ramos.

Ao contrário, as normas jurídicas tributárias estão permeadas de conceitos e
institutos  de  outros  ramos  do  direito.  Como  exemplo,  citamos  a  cobrança  do
Imposto  Predial  e  Territorial  Urbano  que  tem  por  fato  gerador  a  propriedade,  o
domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou acessão física (art. 32 do
CTN).

Analisando  a  doutrina,  verificamos  diversos  conceitos  utilizados  pelos


principiais  Autores.  Carvalho  (2000)  conceitua  do  direito  tributário  como  “ramo
didaticamente  autônomo  do  direito,  integrado  pelo  conjunto  das  proposições
jurídico  normativas  que  correspondam,  direta  ou  indiretamente,  à  constituição
arrecadação e fiscalização de tributos” e Amaro (2000), de forma sucinta, define
o  direito  tributário  como  a  disciplina  jurídica  dos  tributos.  Este  mesmo
doutrinador cita Rubens Gomes de Souza que o conceitua como “ramo do direito
público  que  rege  as  relações  jurídicas  entre  o  Estado  e  os  particulares
decorrentes  de  atividade  financeira  do  Estado,  no  que  se  refere  à  obtenção  de
receitas que correspondem ao conceito de tributos.”

1.2 Competências Tributárias entre União, Estados e Municípios

Essa repartição de competências é exaustiva, ou seja, a Constituição Federal
estabelece  quais  serão  os  tributos  que  cada  um  dos  entes  federativos  poderá
instituir  e  cobrar.  Essa  atribuição  de  competência  não  é  delegável,  embora  a
capacidade ativa para cobrar o tributo possa ser transferida.

❖ Tributos da União Federal (CF de 1988, art. 153)

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a) Imposto de Importação (II);

b) Imposto de Exportação (IE);

c) Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza (IR);

d) Imposto de Produtos Industrializados (IPI);

e) Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro (IOF);

f) Imposto sobre grandes fortunas;1

g) Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR);

h) Contribuição ao INSS;

i) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);

j) Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL);

k) Contribuição ao PIS;

l) Contribuição previdenciária dos servidores públicos federais;

m) Taxas;

n) Contribuições de melhoria;

o) Impostos extraordinários de guerra; e

p)  Competência  residual  para  criar  outros  impostos  e  contribuições  não


expressamente previstos na Constituição (art. 154). Para sua instituição, exige­
se  lei  complementar  e  que  sejam  não  cumulativos  e  que  não  tenham  fato
gerador  ou  base  de  cálculo  próprios  dos  tributos  discriminados  na  Constituição
Federal 1988.

❖ Tributos dos Estados e do Distrito Federal (CF/1988, art. 155)

a)  Imposto  sobre  Transmissão  Causa  Morti”  (ITCM)  e  doação  de  quaisquer
bens ou direitos;

b)  Imposto  sobre  operações  relativas  à  Circulação  de  Mercadorias  e


prestações  de  serviços  de  transporte  interestadual  e  intermunicipal  e  de
comunicação (ICMS);

c) Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);

d) Contribuição previdenciária dos servidores públicos estaduais;

e) Taxas; e

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f) Contribuições de melhoria.

❖ Tributos dos Municípios (CF/1988, art. 156) e do Distrito Federal (CF/1988,
art. 147)

a) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU);

b) Imposto sobre Transmissão de Bens Móveis “Inter vivos” (ITBI);

c) Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza (ISS);

d) Contribuição previdenciária dos servidores públicos municipais;

e) Taxas; e

f) Contribuições de melhoria.

A Constituição estabelece, ainda, um conjunto de princípios que, a rigor, são
garantias  constitucionais  dos  contribuintes.  Tais  princípios,  também  conhecidos
como  limitações  ao  poder  de  tributar,  devem  ser  necessariamente  absorvidos
pelos  entes  tributantes  da  União,  dos  Estados  e  Distrito  Federal  e  dos
Municípios. Estas limitações são aplicáveis a todos os tributos, podendo também
ser específicas para determinadas situações. No tópico 1.7 há um detalhamento
dos princípios constitucionais tributários,

1.3 Sistema Tributário Nacional

Do  ponto  de  vista  científico  um  sistema  é  conceituado  como  o  conjunto  de
elementos  dotados  de  unidade  interna,  coerência  lógica,  ausência  de
contradições  e  independência  do  todo  com  relação  às  partes.  Assim  o  sistema
jurídico  se  caracteriza  por  um  conjunto  de  normas,  com  estrutura  interna
hierarquizada, coerência lógica, existência de normas para solução de conflitos e
interdependência do subsistema em relação ao todo.

O sistema tributário nacional está em grande parte estabelecido no Título VI,
Capítulo  I  –  arts.  145  a  162  da  CF/1988.  Além  destas  normas  nominalmente
identificadas  podemos  incluir  outras  previstas  na  Constituição,  art.  194  e  195,
que tratam das contribuições para a seguridade social.

Conceito: Conjunto das normas reguladoras e dos tributos cobrados em todo
o território nacional, independente da titularidade deste ou daquele ente público
e,  considerada  exclusivamente  a  incidência  sobre  a  riqueza,  como  vem
esboçado nos arts. 145, 148 e 149 da Constituição, posteriormente detalhado no
CTN.

Da mesma forma que a Constituição, o CTN adotou o critério de sistematizar
os  tributos  de  acordo  com  a  sua  base  econômica,  ou  seja,  de  acordo  com  a
hipótese de incidência da norma tributária.

Podemos,  ainda,  considerar  o  Sistema  Tributário  do  ponto  de  vista  da


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federação,  que  seria  o  conjunto  de  tributos  organizados  segundo  a  distribuição


do poder tributário (União, Estado, DF e Municípios).

O  Sistema  Constitucional  Tributário  está  topograficamente  previsto  no


Capítulo I, Título VI da Constituição Federal de 1988, podendo ser didaticamente
estudado em três grupos, que serão analisados a seguir:

a) A repartição das competências tributárias entre a União, Estados, Distrito
Federal e Municípios;

b) A partilha direta e indireta do produto da arrecadação;

c) Os princípios tributários e as limitações ao poder de tributar;

1.4 Tributos: Conceitos e Função

Tributo está conceituado no Código Tributário Nacional como toda prestação
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua  sanção  por  ato  ilícito,  instituída  em  lei  e  cobrada  mediante  atividade
administrativa plenamente vinculada.

O tributo é uma prestação pecuniária, significando dizer que o tributo só pode
ser devido em dinheiro. Não há possibilidade legal de pagamento do tributo por
meio de coisa diversa do dinheiro, não existe tributo devido in natura.

O  tributo  também  é  uma  prestação  compulsória  como,  aliás,  são  todas  as


receitas derivadas. Assim, o dever de pagar tributo nasce independentemente da
vontade do particular. Basta que o cidadão pratique o ato ou esteja na situação
prevista em lei para a exigência de um tributo que este será devido. É verdade
que  todas  as  obrigações  têm  um  fundamento  legal.  No  entanto,  o  tributo  é  um
tipo  de  obrigação  cujo  nascimento  deriva  diretamente  da  lei,  diversamente  das
obrigações  contratuais  que,  apesar  de  terem  raiz  legal,  derivam  de  um  ato  de
vontade  das  partes  que  só  indiretamente  deriva  da  lei,  como  bem  observou
Machado (2004, p. 238).

Por fim, em relação à função, esta leva em consideração a finalidade a que
se destina o tributo, o objetivo por ele perseguido. Saliente­se que uma função
não exclui a outra, podendo o tributo ter uma função principal e outra secundária.

De acordo com sua finalidade, pode o tributo ser classificado como fiscal, a
qual  objetiva  a  arrecadação  de  recursos  financeiros  para  o  ente  tributante;
extrafiscal  busca  interferir  no  domínio  econômico,  equilibrando  relações;  e
parafiscal, que objetiva custear entidades que atuam em áreas específicas, não
alcançadas pela atividade estatal, como longa manus do Estado.

Por fim, ainda em relação aos tributos, deve­se salientar que a Constituição
Federal  arrolou  os  “direitos  fundamentais  do  contribuinte”,  denominado  por
alguns  autores  de  “estatuto  do  contribuinte”,  os  quais  devem  ser  respeitados
quando  da  tributação  pela  União,  Estados,  Municípios  e  Distrito  Federal.  Estas
garantias podem ser encontradas, de maneira concentrada, no art. 150 da Carta
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Magna.

1.5 Imunidade e Isenção Tributária

❖ Das imunidades

É  importante  entender  que  as  imunidades  podem  ser  classificadas  como


privilégios dados a alguém para que se livre ou se isente de certas imposições
legais  em  virtude  de  que  não  é  obrigado  a  fazer  ou  cumprir  certo  encargo  de
obrigação de caráter legal, dentre este podemos destacar:

• Imunidade Tributária;

• Imunidade Parlamentar;

• Imunidade Judicial e diplomática

No caso em particular a imunidade tributária é estabelecida pela Constituição
e abrange os seguintes aspectos gerais:

• Mantenedoras de templos de qualquer culto;

•  Entidades  Representativas  de  partidos  políticos,  sindicatos  dos


trabalhadores, instituições de educação e de assistência sem fins lucrativos;

• Livros, jornais, periódicos e papel destinado à impressão destes;

❖ Das isenções

No  âmbito  jurídico  entende­se  como  isenção  a  dispensa,  a  imunidade,  a


concessão atribuída a alguma coisa ou alguma pessoa, para que se possa livrar,
esquivar ou desobrigar de algum encargo que a todos pesa, ou para que se livre
de qualquer obrigação. A isenção é concedida por lei.

Necessário  se  faz  sabermos  distinguir  a  imunidade  de  outros  institutos  de


não incidência que acarretam o mesmo resultado prático do não pagamento do
tributo. Já estudamos acima o conceito de imunidade, cabe agora conhecermos
as demais hipóteses para saber diferenciá­las.

• Isenção:

Não se confunde com a imunidade, pois tem natureza Infraconstitucional. É
suspensão  da  eficácia  da  norma  impositiva.  No  conceito  clássico  significa
dispensa  legal  do  pagamento  de  tributo.  Existe  a  previsão  legal  para  o
nascimento da obrigação tributária, porém a eficácia da norma está suspensa;

• Não incidência:

É  a  não  descrição  pela  lei  de  determinado  fato  como  gerador  de  obrigação
tributária.  Neste  caso,  havendo  falta  de  previsão  legal,  não  há  nascimento  da

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obrigação tributária.

• Alíquota zero:

Nesta há toda formação dos elementos tributários: incidência do fato gerador
sobre  o  suporte  fático  tributário,  com  nascimento  da  obrigação  tributária.
Somente  no  momento  da  apuração  do  valor  devido  é  que  se  verificará  a
inexistência de débito. É a supressão do elemento quantitativo.

1.6 Princípios Constitucionais Tributários

Para  introdução  ao  direito  tributário  se  faz  necessário  entender  também
alguns  princípios  que  norteiam  a  matéria  tributária  emanadas  da  Constituição
Federal. Citamos alguns:

1.6.1 Princípio da Legalidade

(Art. 150, I, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (…)”

O  princípio  da  legalidade  veda  a  criação  de  tributos  sem  que  haja  lei
correspondente  para  sua  exigência  ou  aumento,  bem  como  a  previsão  na
Constituição Federal para a sua criação.

Todos os elementos do fato gerador (material, subjetivo, temporal, espacial e
quantitativo)  devem  estar  definidos  em  lei  para  que  a  exigência  do  tributo  se
revista de legalidade.

São  excepcionados  em  relação  ao  princípio  da  legalidade,  uma  vez  que
podem ter suas alíquotas alteradas mediante simples ato do poder executivo, o
Imposto  de  Importação  (II),  o  Imposto  de  Exportação  (IE),  o  Imposto  sobre
Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF),
desde que observadas as condições e os limites estabelecidos em lei (art. 153, §
1.º, da CF/1988).

1.6.2 Princípio da Irretroatividade

(Art. 150, III, a, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:

III – cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei
que os houver instituído ou aumentado; (…)”.

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A  Constituição  determina  que  a  lei  nova  que  instituir  ou  aumentar  o  tributo
não  pode  atingir  os  fatos  geradores  (perfeitos  e  acabados)  ocorridos  antes  de
sua  vigência.  Esse  princípio  é  considerado  um  princípio  geral  e  universal  do
direito e representa uma garantia fundamental do indivíduo.

1.6.3 Princípio da Anterioridade

(Art. 150, III, b e art. 195, § 6.º, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:

III – cobrar tributos:

b)  no  mesmo  exercício  financeiro  em  que  haja  sido  publicada  a  lei  que  os
instituiu ou aumentou; (…)”

“Art. 195. (…)

§ 6.º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas
após  decorridos  noventa  dias  da  data  da  publicação  da  lei  que  as  houver
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.”

A  criação  de  novos  tributos  ou  o  aumento  daqueles  já  existentes  somente
pode ocorrer a partir do primeiro dia do ano seguinte ao da publicação da Lei.

Pretende­se,  desse  modo,  dar  segurança  ao  contribuinte  para  que  possa
projetar  seus  negócios  durante  o  ano,  sem  que  seja  surpreendido  com  o
aumento inesperado da carga tributária. Na prática, entretanto, esse objetivo não
é atendido, uma vez que a lei normalmente é publicada bem próximo ao fim do
ano, para vigência já a partir do primeiro dia do ano seguinte.

Em relação às contribuições sociais, o princípio da anterioridade atenderá o
prazo  nonagesimal  que  permite  a  exigência  dos  referidos  tributos  somente
depois de decorrido o período de 90 dias da data da lei que as houver instituído
ou modificado.

Por  disposição  da  própria  Constituição,  não  estão  sujeitos  ao  princípio  da
anterioridade  o  Imposto  de  Importação  (II),  o  Imposto  de  Exportação  (IE),  o
Imposto  sobre  Produtos  Industrializados  (IPI),  o  Imposto  sobre  Operações
Financeiras  (IOF),  os  impostos  extraordinários  de  guerra  (art.  150,  §  1.º,  da
CF/1988)  e  os  empréstimos  compulsórios  instituídos  em  caso  de  calamidade
pública, guerra externa ou sua iminência (art. 148, inc. I e II, da CF/1988).

1.6.4 Princípio da Isonomia ou Igualdade

(Art. 150, II, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:
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II  –  instituir  tratamento  desigual  entre  contribuintes  que  se  encontrem  em


situação  equivalente,  proibida  qualquer  distinção  em  razão  de  ocupação
profissional  ou  função  por  eles  exercida,  independentemente  da  denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; (…)”

A igualdade estabelecida por este princípio não está relacionada à igualdade
de  fato  entre  os  contribuintes,  mas  sim  à  igualdade  destes  perante  o  direito.  A
enunciação do princípio encontra melhor voz na frase de Aristóteles, que traduz
a  igualdade  em  “tratar  igualmente  os  iguais  e  desigualmente  os  desiguais  na
medida de sua desigualdade”.

1.6.5 Princípio da Capacidade Contributiva ou Econômica

(Art. 145, § 1.º, da CF/1988)

“Art. 145. (…)

§  1.º  Sempre  que  possível,  os  impostos  terão  caráter  pessoal  e  serão
graduados  segundo  a  capacidade  econômica  do  contribuinte,  facultado  à
administração  tributária,  especialmente  para  conferir  efetividade  a  esses
objetivos,  identificar,  respeitados  os  direitos  individuais  e  nos  termos  da  lei,  o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”

Este  princípio  determina  que  o  governo  ao  criar  impostos  deva  considerar,
quando  possível,  o  caráter  pessoal  e  as  características  individuais  do
contribuinte. Assim, de acordo com a capacidade contributiva, quem pode mais
deverá contribuir mais, quem pode menos deverá contribuir menos.

1.6.6 Princípio da Vedação de Tributo Confiscatório

(Art. 150, IV, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:

IV – utilizar tributo com efeito de confisco; (…)”.

O objetivo deste princípio é evitar que por meio de tributo, o Estado anule a
riqueza privada. Contudo, esta vedação do confisco não outorga à propriedade
uma proteção absoluta contra a incidência de tributo, o que anularia totalmente o
poder de tributar.

1.6.7 Princípio da Liberdade de Tráfego

(Art. 150, V, da CF/1988)

“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é
vedado, à União, aos Estados e aos Municípios:

V  –  estabelecer  limitações  ao  tráfego  de  pessoas  ou  bens,  por  meio  de

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tributos  interestaduais  ou  intermunicipais,  ressalvada  a  cobrança  de  pedágio


pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; (…)”.

O  objetivo  deste  princípio  é  evitar  que  os  tributos  limitem  o  tráfego


interestadual  ou  intermunicipal  de  pessoas  ou  de  bens,  quer  por  meio  de
discriminação quer por oneração.

1.6.8 Princípio da Transparência dos Impostos

(Art. 150, § 5.º, da CF/1988)

“Art. 150. (…)

§  5.º  A  lei  determinará  medidas  para  que  os  consumidores  sejam


esclarecidos  acerca  dos  impostos  que  incidam  sobre  mercadorias  e  serviços.
(…)”.

Geralmente este princípio deixa de ser aplicado adequadamente por omissão
do legislador. Os consumidores raramente sabem quais os impostos incidentes
sobre as mercadorias e serviços.

1.6.9 Princípio da Não Diferenciação Tributária em Razão da Procedência ou
Destino dos Bens

(Art. 152 da CF/1988)

“Art.  152.  É  vedado  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em
razão de sua procedência ou destino.”

Esse  princípio  visa  a  uniformidade  da  tributação  em  relação  aos  bens  e
serviços  a  ela  sujeitos,  de  maneira  que  os  entes  tributantes  não  atribuam
diferença de tratamento aos contribuintes em função de localização geográfica.
Dessa forma, pode­se dizer que o referido princípio é uma ferramenta contra o
regionalismo e consequente guerra fiscal.

1.6.10 Princípio da Não Cumulatividade

(Art. 153, § 3.º, II e art. 155, § 2.º, I, da CF/1988)

“Art. 153. (…)

§ 3.º, inc. II Será não cumulativo, compensando­se o que for devido em cada
operação com o montante cobrado nas anteriores. (…)”.

“Art. 155. (…)

§ 2.º, inc. I Será não­cumulativo, compensando­se o que for devido em cada
operação  relativa  à  circulação  de  mercadorias  ou  prestação  de  serviços  com  o
montante  cobrado  nas  anteriores  pelo  mesmo  ou  outro  Estado  ou  pelo  Distrito

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Federal. (…).”

Relacionado ao ICMS e ao IPI, o Princípio da Não Cumulatividade prevê uma
sistemática de tributação em que o contribuinte recolhe o imposto sobre o valor
agregado  aos  produtos,  durante  as  etapas  de  sua  cadeia  comercial,
compensando­se o que for devido em cada operação com o montante cobrado
nas operações anteriores.

1.6.11 Princípio da Seletividade

(Art. 153, § 3.º, inc. I e art. 155, § 2.º, inc. III, da CF/1988)

“Art 153 (…)

§ 3.º (…)

I – Será seletivo em função da essencialidade do produto. (…)”.

“Art. 155. (…)

§ 2.º (…)

I – Poderá ser seletivo em função da essencialidade das mercadorias e dos
serviços. (…).”

Este  princípio  visa  que  os  produtos  sejam  tributados  considerando  a  sua
essencialidade, destinando maior tributação aos produtos menos essenciais.

Ex.:  Os  produtos  da  cesta  básica  têm  a  alíquota  do  ICMS  reduzida  a  7%,
enquanto o fumo e seus sucedâneos têm uma alíquota de 25%.

1.7 A Hierarquia das Leis Brasileiras – Uma Visão Geral

Ao adentrarmos no estudo específico das fontes do direito tributário, a seguir
enumeradas, podemos desde já definir a hierarquia existente entres as diversas
fontes,  de  forma  a  estabelecer  qual  irá  prevalecer  em  caso  de  conflito  de
normas, conforme resumo ilustrativo na pirâmide abaixo:

Figura 1 – Hierarquia das Leis e Normas

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a)  Constituição  e  suas  emendas  –  principal  fonte  formal  do  Direito,  tendo
prevalência sobre as demais normas jurídicas. No campo tributário tem a função
de fixar os princípios básicos e normas nucleares pertinentes aos Tributos. Não
cria  tributo,  mas  estabelece  o  Poder  de  Tributar,  a  competência  tributária  e  as
limitações deste poder de tributar;

As  emendas  constitucionais  podem  ser  declaradas  inconstitucionais  quando


contrariarem cláusulas pétreas da Constituição.

b)  Lei  Complementar:  Tem  a  função  de  estabelecer  as  normas  gerais  em
matéria tributária (art. 146 da CF/1988). Possui, ainda, a competência para criar
determinados Tributos (art. 148, 151, I, 155, § 1.º, III, CF/1988);

c) Lei Ordinária: Norma por excelência para a criação dos tributos, que tem
a  função  de  estabelecer  todos  os  requisitos  para  o  nascimento  da  obrigação
tributária;

Nota:  De  acordo  com  a  posição  adotada  pelo  STF  no  julgamento  do  RE
377.457/PR não há hierarquia entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária.

d)  Medida  Provisória:  Após  diversas  decisões  da  jurisprudência  foi  aceita
como  instrumento  normativo  para  a  instituição  e  majoração  de  tributos.
Atualmente a edição de medida provisória é permitida pelo art. 62, devendo ser
observados os esquisitos do § 1.º, III e §2.º;

e)  Lei  Delegada:  A  doutrina  diverge  quanto  a  sua  utilização  no  Direito
Tributário, pois parte da doutrina não a considera como fonte do direito Tributário
por entender que a competência tributária é indelegável (art. 7.º do CTN). Com a
possibilidade de edição de medida provisória caiu em desuso;

f)  Decreto  Legislativo:  Aplica­se  ao  Direito  Tributário  quando  aprova


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tratados e acordos internacionais sobre tributação;

g) Resolução: Pode  ser  do  Congresso  Nacional  ou  de  uma  de  suas  casas
para  regular  determinadas  matérias,  em  especial  fixação  de  alíquota  mínima  e
máxima (art. 155, § 1.º, IV e § 2.º, IV, V, a e b, da CF/1988);

h) Convênios interestaduais: Utilizado para fixar a forma como os Estados
concederão benefícios fiscais no ICMS (art. 155, § 2.º, XII, g, da CF/1988);

i)  Decreto:  Tem  função  meramente  regulatória  no  Direito  Tributário,  pois
neste  vigora  o  princípio  da  legalidade  estrita,  devendo  toda  imposição  decorrer
de  lei.  Todavia  o  decreto  pode  impor  obrigação  acessória  (art.  113,  §  2.º,  do
CTN). Nos casos previstos no art. 153, § 1.º, da CF/1988, pode ser utilizado para
alterar alíquota de impostos;

Já  as  fontes  formais  secundárias  estão  previstas  no  art.  100  do  CTN.  Sua
aplicação  no  direito  tributário  é  por  demais  restrita  em  razão  do  princípio  da
legalidade.

1.8 Crédito Tributário e Lançamento

Em  função  da  natureza  deste  livro,  faz­se  necessário  entender  aspectos
pontuais  a  respeito  do  crédito  tributário  e  seu  respectivo  lançamento.  Este
aspecto  é  o  que  gera  as  diversas  discussões  entre  Fisco  e  contribuinte,  e  é
preciso entender as bases que o norteiam.

Um aspecto que cerca o dia a dia prático, e a compreensão de quando surge
a obrigação tributária. À obrigação tributária, que surge automaticamente com a
ocorrência do fato gerador, falta certeza e liquidez. Ela não é, portanto, exigível.
Para  dar  certeza  (atestar  sua  existência)  e  liquidez  (determinar  o  seu  valor
exato) à obrigação tributária, é necessária a atuação do Fisco. Esta atuação se
traduz no ato ou procedimento administrativo denominado lançamento.

A  obrigação  tributária  tornada  líquida  e  certa  pelo  ato  administrativo  do


lançamento passa a ser chamada crédito tributário. Crédito tributário, portanto, é
a própria obrigação tributária em um segundo momento. É a obrigação tributária
tornada líquida e certa, portanto exigível, como decorrência do lançamento.

O conceito,  propriamente  dito,  de  lançamento  é  simples:  trata­se  do  ato  ou


procedimento administrativo, privativo da autoridade administrativa, que constitui
o  crédito  tributário.  O  lançamento  tem  natureza  constitutiva  do  crédito  e
declaratória  da  obrigação  (porque  a  obrigação  existe  antes  do  lançamento  e
independe  dele).  É  o  lançamento  o  ato  que  dá  certeza  e  liquidez  à  obrigação
tributária, tornando­a exigível, momento a partir do qual passa a existir o crédito
tributário.

A prática do lançamento é necessária para que o sujeito ativo possa exercitar
atos  de  cobrança  do  tributo,  primeiro  administrativamente  e  depois  (caso
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frustrada  a  cobrança  administrativa)  mediante  ação  judicial,  a  denominada


execução fiscal, precedida está de outra providência formal, que é a inscrição do
crédito como dívida ativa. É ato vinculado, ou seja, não admite considerações de
oportunidade e conveniência acerca de sua efetivação.

1.8.1 Funções do Lançamento

Resumidamente as são funções do lançamento:

1. Identificar o sujeito passivo;

2.  Verificar  a  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  (ou  seja,  declarar  a
existência da obrigação, tornando­a certa);

3. Determinar a matéria tributável (a base de cálculo);

4. Calcular o montante do tributo devido (ou seja, tornar líquida a obrigação
preexistente);

5. Aplicar a penalidade (multa), se for o caso.

Além  disso,  o  CTN  afirma  –  o  que  não  poderia  ser  diferente,  em  razão  do
princípio  da  indisponibilidade  do  interesse  público  –  que  o  lançamento  é  ato
vinculado,  ou  seja,  não  admite  considerações  de  oportunidade  e  conveniência
acerca de sua efetivação.

O Código não explicitou, mas deverá constar também do lançamento o prazo
para  pagamento  ou  impugnação,  está  no  caso  de  o  sujeito  passivo  não
concordar com o crédito exigido e pretender discuti­lo na esfera administrativa. O
art. 143 do CTN é autoexplicativo. Quando o valor tributário estiver expresso em
moeda  estrangeira  far­se­á  a  conversão  pelo  câmbio  do  dia  da  ocorrência  do
fato gerador.

Por  ser  vinculado,  o  lançamento  é  apenas  anulável  (não  é  revogável).  Isso


porque  os  atos  administrativos  vinculados  não  podem  ser  revogados  (por
conveniência  e  oportunidade).  A  anulação  do  lançamento  pode  ser  decretada,
pelo  Poder  Executivo  ou  pelo  Poder  Judiciário,  somente  mediante  provocação
da parte interessada (ação anulatória de débito fiscal – prazo de cinco anos após
o lançamento).

A lei aplicável ao lançamento é a lei que estava vigente na data da ocorrência
do  fato  gerador  (CTN,  art.  144).  O  fato  de  ser  a  lei  aplicável  ao  lançamento
aquela  em  vigor  na  data  do  fato  gerador,  mesmo  que  já  revogada  na  data  do
lançamento, é denominado  princípio  da  ultratividade  da  lei  tributária.  Dizer  que
uma  lei  é  ultrativa  significa  exatamente  isso:  ela  é  a  lei  que  rege  os  fatos
geradores ocorridos durante sua vigência e será ela a lei aplicada, mesmo que,
no momento de sua aplicação, não mais esteja vigendo.

O § 1.º do art. 144 do CTN estabelece uma exceção à regra de ultratividade
da lei tributária. Trata­se de hipóteses em que será aplicada ao lançamento uma
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lei que não estava ainda vigente na data da ocorrência do fato gerador. Nesses
casos, a lei retroagirá para alcançar fatos geradores ocorridos antes do início de
sua vigência.

1.8.2 Alteração do Lançamento Regularmente Notificado

O  art.  145  do  CTN  estabelece  a  regra  segundo  a  qual  o  lançamento


regularmente notificado ao sujeito passivo é em princípio, inalterável, exceto nas
hipóteses previstas em seus incisos. São as seguintes:

“Art.  145.  O  lançamento  regularmente  notificado  ao  sujeito  passivo  só  pode
ser alterado em virtude de:

I – impugnação do sujeito passivo;

II – recurso de ofício;

III – iniciativa de ofício da autoridade administrativa,  nos  casos  previstos  no


art. 149.”

A revisão de ofício é a única possibilidade não litigiosa de modificação de um
lançamento  regularmente  notificado  ao  sujeito  passivo;  as  duas  outras,  para
ocorrerem,  exigem  que  seja  ou  esteja  instaurado  um  processo  administrativo
fiscal.

1.8.3 Modalidades de Lançamento

De acordo com a maior ou menor participação do contribuinte na prática do
ato administrativo do lançamento, ele pode ser:

O  Código  Tributário  Nacional,  ao  longo  dos  arts.  147  a  150  prevê  três
modalidades de lançamento tributário, quais sejam:

•  Lançamento  de  ofício  (art.  149)  –  Lançamento  de  ofício  é  feito  por
iniciativa  da  autoridade  administrativa,  independentemente  de  qualquer
colaboração  do  sujeito  passivo,  devendo,  para  tanto,  ser  feito  com  base  nas
informações  constantes  nos  registros  da  administração.  Em  regra  os  tributos
sujeitos  ao  lançamento  de  ofício  encontram­se  definidos  em  lei,  inc.  I  do  artigo
retro,  porém,  a  inobservância  das  regras  inerentes  às  demais  modalidades  de
lançamento ensejará o lançamento de ofício por parte da administração. O IPTU
e o IPVA enquadram­se nessa categoria de lançamento.

•  Lançamento  por  declaração  (art.  147)  –  O  lançamento  é  efetuado  com


base  na  declaração  do  sujeito  passivo  ou  de  terceiro,  quando  um  ou  outro,  na
forma  da  legislação  tributária,  presta  à  autoridade  administrativa  informações
sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.

•  Lançamento  por  homologação  (art.  150)  –  O  lançamento  por


homologação  é  o  que  sustenta  as  maiores  divergências  entre  a  doutrina  e
jurisprudência, haja vista que caberá ao contribuinte (sujeito passivo) apurar os
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dados necessários à constituição do crédito tributário, tendo o dever de antecipar
o  pagamento  do  tributo,  sem  o  prévio  exame  da  autoridade  administrativa,  nos
termos do art. 150.

Chamamos  a  atenção  para  o  fato  da  modernização  do  Governo  e


especificamente no acompanhamento digital. As obrigações acessórias e o Sped
(Sistema Público e Eletrônico de Dados), que vem auxiliar na tempestividade, e
no fechamento do lançamento por homologação dos tributos.

Podemos  concluir  que  lançamento  nada  mais  é  do  que  a  materialização  do


tributo, ou seja, concretiza, individualiza, especifica a ocorrência do fato gerador.
Se não houver formalização, o Estado perde o direito de cobrar do contribuinte.

Características do Lançamento:

•  Dá­se  por  meio  de  declaração  expressa  de  vontade,  ou  seja,  pela  forma
escrita. Exceção: art. 150 CTN;

• Faz com que aquilo que era incerto para a Fazenda Pública se torne algo
concreto;

• É um ato administrativo obrigatório e vinculado (arts. 142 e 143 CTN);

•  Possui  um  caráter  definitivo,  o  que  nos  remete  ao  princípio  da


inalterabilidade do lançamento (tirando os exemplos dos arts. 146 e 149, CTN).
É  importante  fazer  distinção  entre  crédito  constituído  e  crédito  definitivamente
constituído.  O  primeiro  é  aquele  que  foi  objeto  de  lançamento,  enquanto  que  o
segundo  é  aquele  em  que  o  contribuinte  não  impugnou  ou  encerrou  a  via
administrativa exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

1.9 Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário

O  Código  Tributário  Nacional  (art.  151)  enumera  seis  diferentes  situações


que  possuem  em  comum  o  fato  de,  uma  vez  ocorridas,  impedirem  a  Fazenda
Pública de iniciar atos de cobrança do crédito tributário ou, sendo o caso de já os
haver  iniciado,  prosseguir  na  execução  de  tais  atos.  Suspende­se  o  dever  de
cumprir  a  obrigação  tributária,  ficando,  portanto,  o  sujeito  ativo  impedido  de
exercitar atos de cobrança. São eles:

“Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I – Moratória;

II – O depósito do seu montante integral;

III  –  As  reclamações  e  os  recursos,  nos  termos  das  leis  reguladoras  do
processo tributário administrativo;

IV – A concessão de medida liminar em mandado de segurança.

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V  –  A  concessão  de  medida  liminar  ou  de  tutela  antecipada,  em  outras
espécies de ação judicial;

VI – O Parcelamento.”

Por outro lado o Crédito só gera extinção do crédito tributário no seguinte:

“Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I – o pagamento;

II – a compensação;

III – a transação;

IV – remissão;

V – a prescrição e a decadência;

VI – a conversão de depósito em renda;

VII  –  o  pagamento  antecipado  e  a  homologação  do  lançamento  nos  termos


do disposto no art. 150 e seus §§ 1.º e 4.º;

VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do art.
164;

IX  –  a  decisão  administrativa  irreformável,  assim  entendida  a  definitiva  na


órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X – a decisão judicial passada em julgado.

XI  –  a  dação  em  pagamento  em  bens  imóveis,  na  forma  e  condições
estabelecidas em lei”.

Um  ponto  sempre  presente  das  discussões  do  lançamento  do  crédito  é  a
questão  das  certidões,  motivo  pelo  qual  tecemos  um  comentário  pontual.
Certidão negativa declara que não existe débito tributário de um ou mais tributos
relativamente a um determinado sujeito passivo.

O art. 205 torna explícito que uma certidão negativa faz prova de quitação de
determinado  tributo.  Isso  é  especialmente  importante  para  efeito  de  impedir  a
sub­rogação  (responsabilidade)  no  caso  do  adquirente  de  imóveis,  como
previsto no art. 130 do CTN.

Em situações em que o crédito tributário ainda não é exigível (porque o prazo
para  pagar  ainda  não  está  vencido),  ou  está  com  sua  exigibilidade  suspensa
(porque ocorreu alguma das hipóteses previstas no art. 151 do CTN), ou, ainda,
já  está  garantido  pela  penhora,  deverá  ser  fornecida  ao  sujeito  passivo  uma
certidão  que,  embora  não  seja  negativa,  produzirá  os  mesmos  efeitos  de  uma
certidão negativa, ou seja, poderá ser utilizada sempre que seja exigida prova de
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quitação de tributos.

A  certidão  em  que  conste  um  ou  alguns  débitos  nessa  situação  é
denominada  “certidão  positiva  com  efeitos  de  negativa”  e  produz  os  mesmos
efeitos  da  certidão  negativa  (por  exemplo,  possibilita  a  participação  em
licitações, a obtenção de benefícios e incentivos fiscais etc.).

1.10 Tipo de Lançamentos Tributários

Existem diversas discussões a respeito da Natureza Jurídica do lançamento
tributário, neste caso, nosso objeto é apresentar o que existe de fato no Código
Tributário Nacional, apenas para visualização inicial do assunto.

O  Código  Tributário  Nacional  define  em  seu  art.  142  que:  “Compete
privativamente  à  autoridade  administrativa  constituir  o  crédito  tributário  pelo
lançamento, que se entende por procedimento administrativo tendente a verificar
a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributária,  calcular  o  montante  do  tributo  devido,  identificar  o  sujeito  passivo  e,
sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível”.

1.11 Obrigações Acessórias e sua Função

As obrigações acessórias têm um capítulo à parte na legislação tributária no
Brasil,  tanto  pelo  custo  gerado  ao  contribuinte,  quanto  pelo  volume  e
complexidade  delas.  De  forma  geral,  o  objetivo  das  obrigações  acessórias  é
levar ao ente responsável pela tributação a ocorrência dos fatos geradores dos
diversos  tributos  que  são  devidos  para  todas  as  esferas  da  Administração
Pública.

Essas  obrigações  transferem  ao  contribuinte  o  ônus  da  gestão  das


informações  como  do  cumprimento  em  dia.  Esse  fato  tem  elevado  o  Brasil  ao
patamar dos países mais burocráticos do mundo. Mais recentemente o Governo
lançou o projeto Sped (Sistema Público e Eletrônico de Dados) para concentrar
as informações e tentar reduzir o volume das obrigações acessórias existentes,
que  se  estima  serem  mais  de  150  (cento  e  cinquenta),  dependendo  do  setor  e
localização da empresa.

1.11.1 Evolução das Obrigações Acessórias

As obrigações acessórias foram se avolumando e com o passar do tempo até
que no final da década de 1990, o Governo começou a utilizar a tecnologia para
colher  as  informações  dos  contribuintes.  Essas  informações  seguem
impreterivelmente, na sua grande maioria, a forma de “ATO DECLARATÓRIO”,
ou  seja,  o  próprio  contribuinte  declara  as  informações  sob  pena  da  lei,  para
aquilo que faltar com a verdade.

No  esquema  a  seguir  vemos  algumas  obrigações  acessórias  que  o  Sped  –


Sistema  Público  de  Escrituração  Digital  vem  mudando  aos  poucos.  A  maioria
das  obrigações  acessórias  foi  inicialmente  em  papel  e  examinada  in­loco,
posteriormente  se  transformando  em  meio  eletrônico.  Atualmente  vivemos  a
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versão “conectividade” das obrigações.

Outro ponto relevante é o poder de cruzamento por parte do Fisco que cada
vez  mais  avalia  as  informações  declaradas  versus  os  atos  realizados  deste  e
daquele contribuinte, seja pessoa física ou jurídica.

Figura 2: Visão Resumo das Principais Obrigações

Figura 3: Integração dos Fiscos

1.11.2 Custo de Conformidade e Realidade Brasileira

De  acordo  com  dados  do  Instituto  Brasileiro  de  Planejamento  Tributário
(IBPT),  em  2012  a  carga  tributária  total  do  País  ficou  em  36,27%,  a  maior  da
história.  Soma­se  a  este  número  o  custo  que  as  empresas  têm  para  manter  a
autofiscalização, a conformidade de todas as obrigações acessórias etc.

Bertolucci  (2001)  apresenta  um  resumo  dos  conceitos  de  custo  de


conformidade e suas categorias:

a) Os mais óbvios são os próprios impostos, que representam sacrifícios da
renda em troca das despesas que o Poder Público faz com essa arrecadação;

b)  Os  custos  de  distorção,  ou  seja,  as  mudanças  do  comportamento  na
economia  em  virtude  da  existência  de  tributos,  alterando  preços  de  produtos  e
dos fatores de produção;
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c)  Os  custos  dos  recursos  empregados  para  operar  o  sistema  tributário
poderiam  ser  poupados  se  os  tributos  não  existissem,  estes  são  chamados
custos operacionais tributários;

Nesta terceira categoria temos dois tipos de recursos:

• Os custos administrativos, que representam os recursos do Poder Público,
destinados a legislar (Poder Legislativo), arrecadar e controlar (Poder Executivo)
e julgar (Poder Judiciário) as questões relativas a tributos. Em um país federativo
como  o  Brasil,  esses  custos  podem  ser  avaliados:  por  27  Estados  e  mais  de
5.000 municípios;

• Custos de conformidade na tributação, que abrangem as pessoas físicas e
jurídicas que têm de cumprir as obrigações principais e acessórias definidas pelo
Poder  Público  e  que  representam  o  sacrifício  de  recursos  para  atender  às
disposições  legais.  No  exterior,  são  designados  como  compliance  costs  of
taxation.

O  termo  é  ambíguo  tanto  em  inglês  como  em  português,  mas  deve  ser
compreendido como o custo de conformar a atividade às normas tributárias, de
acordo com a forma estabelecida pelo Poder Público.

Para  Sandford  (1989),  os  Custos  de  Conformidade  se  dividem  em  três
categorias:

a) Custos monetários diretos, que podem corresponder, para pessoas físicas,
à contratação de profissionais que as apoiem no preenchimento de declarações
tributárias  ou,  para  pessoas  jurídicas,  aos  recursos  internos  ou  externos
necessários à realização das atividades exigidas pelo Fisco;

b)  Custos  temporais,  que  correspondem  ao  tempo  necessário,  para  as


pessoas físicas, ao preenchimento de suas declarações de imposto de renda e
aos  cálculos  necessários  para  essa  finalidade.  Nas  pequenas  empresas,
corresponde ao tempo que o seu dono dedica aos impostos e que, geralmente,
corresponde  às  horas  noturnas  para  completar  os  cálculos  dos  impostos  sobre
vendas, por exemplo;

c)  Custos  psicológicos,  que  correspondem  ao  stress  existente  em  certas
situações  nas  quais  o  contribuinte  honesto  e  cumpridor  é  intimado  pelo  Poder
Público  e,  mesmo  tendo  cumprido  as  disposições  tributárias,  pode  ficar  em
estado de ansiedade sem saber se, por engano, poderia ter errado em alguma
das declarações feitas (SANDFORD, 1989, p. 21, apud BERTOLUCCI, 2001). O
autor lembra que, nos casais de idade, é comum que o marido faleça antes da
esposa  e  esta  fique  em  estado  de  ansiedade  quando  tem  de  assumir  a
responsabilidade  de  continuar  a  fazer  a  declaração  de  imposto  de  renda  que
nunca fez até então.

Cada  um  desses  custos  pode  ser  transformado  em  expressão  monetária  –
com  uma  dificuldade  maior  para  os  custos  psicológicos  –  e  é  a  sua  soma  que

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corresponderia aos custos totais de conformidade. Outro conceito levantado por
Sandford é a distinção entre custos temporários e permanentes.

São  temporários  aqueles  que  decorrem  de  alterações  da  legislação  e  que
incluem a análise das mudanças – com eventual consulta a escritórios externos
de  advogados  ou  auditores,  a  tomada  de  decisões  relativas,  o  treinamento  do
pessoal, a compra de ativos e softwares necessários ao cumprimento das novas
atividades  e  a  fase  de  treinamento,  com  níveis  de  produtividade  inferiores  aos
que serão atingidos quando a rotina já estiver implantada. São permanentes os
custos que permanecem depois que as rotinas foram incorporadas à cultura da
entidade e se atingiu o nível de eficiência adequado.

Quadro 2: Custo do Tributo2

1.12 Considerações Finais

Por  fim,  o  objetivo  deste  capítulo  foi  apresentar  os  conceitos  elementares
sobre  os  tributos,  obrigações  acessórias,  crédito  tributário,  princípio  tributários
etc.,  de  tal  sorte  que  o  leitor  tenha  os  elementos  básicos  para  adentrar  aos
demais assuntos.

Faz­se  necessário  ao  contribuinte  e  aos  profissionais  que  atuem  na  área
conhecerem esses elementos básicos para melhor compreensão dos detalhes e
particularidades das diversas leis.

Fica  nosso  alerta  aos  contribuintes  e  empresários  para  o  volume  de


alterações  e  principalmente  de  alíquotas  e  incidências.  Como  o  objetivo  aqui  é
mencionar  a  estrutura  básica,  recomenda­se  fortemente  que  se  consulte  a
legislação  vigente  para  os  detalhes,  considerando­se  as  particularidades  de
cada caso.

É importante também que o contribuinte entenda e compreenda que o custo
do tributo não se restringe somente ao pagamento do principal, mas sim a todo
processo  para  manter­se  em  conformidade  e  em  dia  com  atendimento  das
obrigações acessórias.
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Esperamos  ter  contribuído  para  a  compreensão  dos  pontos  aqui


apresentados, a estrutura conceitual e as bases para os tributos atualmente no
Brasil.

1.13 Referências

AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. São Paulo: Saraiva.

AMED,  Fernando  José;  NEGREIROS,  Plínios  José  Labriola  de  Campos.  A


história do tributo no Brasil. SINAFRESP, 2000.

BERTOLUCCI, A. V. O custo de administração dos tributos federais no Brasil:
comparações internacionais e propostas para aperfeiçoamento. Tese (Doutorado
em  Controladoria  e  Contabilidade).  Faculdade  de  Economia,  Administração  e
Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988.

______. Lei 5.172, de 25.10.1966, que institui o Código Tributário Nacional.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 25. ed. São Paulo:
Saraiva.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros,
2004.

TORRES, Ricardo Lobo.  Curso  de  direito  financeiro  e  tributário.  13.  ed.  Rio


de Janeiro: Renovar.

[www.ibpt.com.br/img/uploads/novelty/estudo/559/CargaTributaria2012IBPT.pdf].
Acesso em: 28.03.2013.
1

Embora haja previsão constitucional, ainda não foi instituído.

BERTOLUCCI,  A.  V.  O  custo  de  administração  dos  tributos  federais  no  Brasil:  comparações
internacionais e propostas para aperfeiçoamento. Tese. 2005. p. 205.

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