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Qual o tempo que efetivamente as medidas de isolamento social devem

(podem) ser encerradas?


Alguns países da Europa que sofrem pesadamente com as medidas de
isolamento social (e econômico) pensam em dar início à flexibilização no final
de abril.
Contudo, alguns países que atualmente sofrem infecções em larga
escala ainda não demonstram reais condições de diminuir as restrições de
viagens e movimento até o final de maio/junho. Em se falando do novo
continente (EUA) este cenário pode certamente ser estendido para mais tarde,
a exemplo da nossa realidade brasileira. Assim, já passa a ser crível que um
verdadeiro retorno à 'normalidade' provavelmente não chegará até o final do
ano.
E quais seriam as condições para o fim de nosso pseudo-isolamento?
No Brasil sequer chegamos ao nosso pico de infecção para delírio e
desespero de alguns irresponsáveis, o que impõe pedidos e algumas
imposições para uma saída rápida das medidas de isolamento sob a égide de
que a economia não pode parar (acertadamente, porém não da forma como
está sendo cogitada).
A paralisação da economia da forma como se dá no Brasil é
verdadeiramente grave, entretanto, as pessoas não percebem que os danos
em nossa economia se dá em grande parte devido à ocupação de nossa força
laboral.
Parece que esquecemos que estávamos celebrando uma redução na
taxa de desemprego com a elevação de posições informais, o que fez com que
o governo federal celebrasse seu sucesso volátil a baixo custo, com o mínimo
de investimentos. Assim, os custos sociais e econômicos do isolamento social
(para reduzir inclusive os custos do governo) são considerados como severos
por alguns na medida em que regras de distanciamento social catabolizam a
paralização da economia formal e informal.
No hemisfério norte com a aproximação do verão as pessoas tendem a
saírem mais de seus lares, ate mesmo como ação para minimizar o impacto
adverso na saúde mental das pessoas devido ao período de isolamento por
não conseguir permanecer um período distanciado do círculo pessoal, mas isso
é tema para outro capítulo.
O fato é que a melhor antidoto para o C-19 é o isolamento social, já que
uma vacina é inviável no momento em face as mutações que o vírus
sistematicamente utiliza. Deste modo, o ato de equilíbrio entre conter o surto
viral e a limitação dos custos socioeconômicos, torna complexo a análise de
todo o cenário e inevitavelmente conduz o debate sobre como e quando sair do
isolamento.
Na Europa, a Dinamarca sinaliza a possibilidade de encerrar as medidas
de isolamento e bloqueio após a Páscoa.
Uma análise breve e isenta de qualquer polarização politica e ideológica
possibilita o questionamento dos seguintes critérios antes da retirada de
restrições:
 Há a redução de novos casos de COVID-19 por um prazo seguro
(14 dias no mínimo)?
 A saúde pública está com leitos possíveis para atender a
hospitalização da população sem recorrer a medidas de
emergência de guerra, como hospitais de campo, apoio militar
etc?
Espera-se que a responsabilidade governamental traga um movimento
para um ambiente menos restrito por meio de um processo gradual, permitindo
um retorno gradual às atividades profissionais, econômicas para algumas
empresas e um relaxamento das medidas de distanciamento social. Para
países continentais (a nosso exemplo) a implementação poderia ser regional.

As respostas ao C-19 foram graduais na medida em que as nações


foram afetadas conforme a velocidade de infestação. Tal configuração faz com
que alguns países tenham adotado medidas severas enquanto outros não
adotaram medidas de contenção de qualquer espécie, ou seja a resposta foi
por fatores regionais e não por fatores de escala global.
Desta análise é possível supor:
 O primeiro pais a entrar em contenção, deve ser o primeiro a sair:
as nações que foram expostos inicialmente ao C-19 e já
estabeleceram um controle satisfatório possibilitando um
afastamento da curva de pandemia serão os primeiros a remover
as contenções e isolamentos, vide China e Coréia do Sul.
 Segunda onda: esta possibilidade é plausível, pois as restrições
são flexíveis e, se os casos importados não forem impedidos,
mantendo controles rigorosos de imigração as chances de uma
nova onda de infestação são elevadas, vide a própria China.
 Cenário global: nações que atuaram de forma rígida, seguindo as
orientações da OMS, tais como Cingapura e Hong Kong, podem
permanecer com as restrições por um tempo mais prolongado
como medida de segurança interna, vez que se demonstram
como ilhas de isolamento e potenciais alvos de reinfecção.
A necessidade de contenção do vírus e a necessidade de reaminar a
economia pode levar a retirada de restrições de forma prematura. A
sazonalidade do vírus pode incentivar o alívio prematuro e reinício da atividade
econômica ao custo de uma segunda onda de infecção que pode ser mais
gravosa antes que um alívio sustentável das restrições seja possível.
Então, quando isso tudo vai terminar?
A resposta a esta pergunta passa pela análise dos seguintes critérios,
com a respectiva resposta positiva:
1. Infecção elevada da população pelo COVID-19, algo em torno de
80%;
2. A elaboração de uma vacina eficaz contra o vírus – prazo de
consenso de 12 meses;
3. Identificação de um tratamento eficaz contra a infecção do vírus.
Ressalte-se que nenhuma das três condições acima pode ser tomada
como verdade garantista. Não existe vacina para o resfriado comum - outro
coronavírus e a imunidade com base em infecção anterior pode não ser total ou
duradoura (como na gripe convencional), de modo que a imunidade da
população global não é uma meta viável, realista e possível.
Os tratamentos infelizmente até o momento, 02.abr.2020, são somente
paliativos contra o C-19 e as melhores esperança para o tratamento podem
estar na família de tratamento de malária e antivirais como a hidroxicloroquina
brasileira ou o Remdesivir europeu, contudo, os riscos para utilizar estas
terapias contra o COVID-19 são elevados e muitos testes estão sendo
realizados para reduzir os riscos da utilização para outro fim, diferente para os
quais foram projetados.
Em resumo, em nosso cenário de pressão social e econômica está
atingindo níveis severos que muitos países estão tentando amenizar algumas
das medidas de contenção e isolamento já no final de abril.
Talvez até o final de maio/junho países que atualmente estão no núcleo
de infecções na Europa assim como os EUA estejam em posição de aliviar
suas restrições e contenções sociais e econômicas. Quiçá até o final do ano
alguns países comecem a voltar à normalidade.

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