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Eletiva Temática: Uso de Drogas e Populações Invisíveis: da Prevenção ao

Tratamento
Professor Marcelo Sodelli

Trabalho
Discussão sobre Uso de Drogas

José Hamilton de Jesus Santos Junior


PSICO-ELET5TEMII
COMPREENSÃO HISTÓRICA
Numa perspectiva histórica podemos dizer que a droga tornou-se um
problema de saúde pública a partir da metade do século XIX (BERGERET, 1991).
Anterior a isso, tais usos faziam parte de hábitos sociais e ajudavam a
integrar as pessoas na comunidade através de cerimônias, rituais e festividades.
Eles não se mostravam tão perigosos, pois estavam sob o controle da coletividade.
Hoje, tais costumes encontram-se esvaziados em consequência das grandes
mudanças sócio-econômicas, e os prejuízos do consumo vêm se mostrando graves.
Além disso, com o advento do capitalismo outros interesses ganharam força no
campo das drogas, interesses de controle social e econômicos. Como aconteceu
com a proibição da maconha que ocorreu logo após começarem a desenvolver
formas de fazer papel com sua folha e, por conseguinte, ameaçar a indústria da
celulose. Esse é um aspecto do proibicionismo, abordagem que será debatida a
frente.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a palavra droga é definida
como sendo toda a substância que ao ser introduzida em qualquer organismo vivo
possui a capacidade de modificar uma ou mais das suas funções. Normalmente, o
nome “droga” é associado às substâncias ilícitas, mas, se analisarmos sua
definição, medicamentos, por também provocarem alterações fisiológicas no
organismo, são considerados drogas, mesmo sendo utilizados para fins
terapêuticos, relacionados com a prevenção ou cura de doenças. Assim como as
drogas farmacológicas, o cigarro e as bebidas alcoólicas também são considerados
drogas lícitas.
Contudo aqui não trabalharemos com o conceito “droga” unicamente,
tampouco seguindo somente a definição da OMS. Discutiremos sobre substancias
psicoativas, que são qualquer substancia que tem a capacidade de alterar o
funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC).
Assim podemos nos servir dos estudos interdisciplinares, sobretudo da
neurologia para identificar as substancias, segundo o que elas causam no SNC: as
drogas depressoras – ex. heroína e álcool, que inibem a função do sistema nervoso
central e estão entre as drogas mais utilizadas no mundo; as drogas estimulantes –
ex. cocaína, uma classe de drogas psicoativas que tendem a aumentar a atividade
do cérebro, podendo elevar temporariamente o estado de alerta, humor e
consciência; e as drogas pertubadoras – ex. LSD, que afetam o pensamento,
alteram seu comportamento e distorcem as percepções.
A OMS define também o conceito de dependência como sendo o estado
psíquico e por vezes físico, caracterizado por comportamentos e respostas que
incluam sempre a compulsão e a necessidade de tomar a droga, de forma contínua
ou periódica, de modo a experimentar efeitos físicos ou para evitar o desconforto da
sua ausência, podendo a tolerância estar ou não presente.
No entanto, como discute Sodelli (2016) a dependência é um padrão de uso
em meio a outros (experimental, ocasional e habitual) e possibilita uma melhor
compreensão acerca dela, excluindo a compulsão como característica central, mas
tem a centralidade da substancia na vida do individuo de forma que apresente
dificuldade de cumprir suas obrigações sociais, além disso relaciona padrões de uso
como modos de uso.
Há uma complexa relação entre uso e abstinência dessas substâncias, e
essa está atravessada por diversos estudos, preconceitos e questionamentos.
As drogas vêm sendo utilizadas pelos homens desde os primeiros vestígios
de civilização, sobretudo destaca-se na história da humanidade a inexistência de
sociedades que tenham prescindido do uso de psicoativos e que tais usos
determinam o mínimo de danos e o máximo de alívio e bem-estar a indivíduos e
comunidades (MONTEIRO, VARGAS, REBELLO, 2003).
Segundo Sodelli (2006 ,2007 e 2015), há também categorizações que
nascem a partir de abordagens que estudam os princípios e políticas de combates
às drogas. São elas
Concordando com como Lancetti (2014) descreve, “Talvez fosse preciso
mudar o nome (da redução de danos), porque ela não visa reduzir nada” “é menos
uma diminuição do risco e mais uma ampliação da vida” (p.66 e p. 80).
Dessa forma o fenômeno do consumo de drogas mostra-se atravessado por
diversas variáveis, tratando-se de um fenômeno multideterminado.
O consumo de substâncias pode iniciar-se ou possuir um alto
desenvolvimento durante situações de sofrimento, mudanças e/ou de inseguranças
como Sodelli (2007) discursa acerca do conceito de vulnerabilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SODELLI, M. Uso de Drogas e Prevenção: da desconstrução da postura
proibicionista às Ações Redutoras de Vulnerabilidade. Rio de Janeiro: Via Verita,
2016. 175p.

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