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ENCONTROS

ERÓTICOS

Anne Aresso

© 2020 Anne Aresso


All rights reserved
Esta é uma obra de ficção.
Na vida real, sexo…
só com proteção
"O erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios,
tão indispensável como a poesia."
Anaïs Nin
O Guarda-Costas

– Você está preocupado com a reputação da família? Como se ela


valesse alguma coisa. – Izabella gritou. O pai tentou controlar a fúria, nunca
tinha agredido fisicamente a filha, mas dessa vez ela passou dos limites, e
antes que pudesse ponderar, a esbofeteou. A garota de dezenove anos caiu
com o golpe. A marca dos dedos na face desapareceria nos próximos dias,
mas a outra marca, aquela deixada na sua alma, essa não desapareceria tão
cedo.
– Olha o que você me fez fazer? – o velho gritou exasperado
caminhando de um lado a outro. Ela não respondeu. Permaneceu imóvel no
chão do escritório do trigésimo andar da Corporação Moretti. – Eu não vou
mais tolerar o seu comportamento promíscuo. Você vai se casar dentro de
dois meses, menina.
– Eu não vou me casar com aquele velho asqueroso. – Ela o encarou
desafiadora. – Eu fujo, desapareço e você nunca mais me verá, se me obrigar
a isso! – Anton Moretti riu as gargalhadas da filha. Isso só fez aumentar a
raiva que ela nutria por ele.
– Ninguém foge dos Moretti, Izabella – ameaçou. – Eu encontro você,
nem que seja no inferno.
– Não esqueça que eu também sou uma Moretti, papa. – A ironia da
filha o irritava, mas também o deixava orgulhoso, ela realmente era uma
Moretti. Chegou a duvidar que havia herdado o sangue da família italiana.
Era uma menina calma, tranquila, nunca havia se envolvido em confusão.
Parecida com a mãe, uma samambaia. Mas bastou contrariá-la que ela
mostrou a força e determinação de um Moretti. Não tinha mais nada da doce
Bella. Ela só precisava ser lapidada, entender as regras do jogo e poderia
assumir os negócios da família em pouco tempo. Mas agora precisava
controlá-la. O casamento com Mirko Grasso e consequentemente a aliança
entre as famílias, daria aos Moretti o controle dos negócios no continente
europeu. Tanto os lícitos quanto os ilícitos.Izabella precisava entender isso.
– Matteo – Anton Moretti chamou o seu, oficialmente, assessor, extra
oficialmente, capanga. O rapaz de pouco mais de trinta anos havia sido
alçado ao cargo depois da morte de Enzo Basile, assassinato, para ser mais
exato. Um tiro certeiro dado pelo próprio Anton Moretti depois de descobrir a
sua traição.
– Senhor? – ele olhou para a garota no chão. O vestido curto deixava a
mostra suas coxas, as alças caiam nos ombros, sem sutiã, um mamilo fugindo
pelo decote do tecido transparente. Ele desviou o olhar e encarou o chefe.
– A partir de agora, sua missão e ficar 24 horas com minha filha.
– O quê? – Izabella protestou.
– Você pediu por isso! – o pai respondeu em tom agressivo. – Você
entendeu, Matteo? Você irá acompanhá-la em todos os lugares.
– Sim, Senhor! – respondeu contrariado, a última coisa que desejava
era ser babá de garota mimada. Lutou para se transformar no braço direito do
chefe da mafia italiana e quando finalmente conseguiu o posto, aparece a
filha para estragar tudo.
– Eu não quero um guarda-costas! – A garota de cabelos castanhos e
olhos azuis gritou, levantando-se do chão.
– Um guarda-costas ou prisão domiciliar, você escolhe – ameaçou o
pai.
– Inferno! – esbravejou, olhando ameaçadora para o homem que
comandava o crime organizado em todas região.
– Espere lá fora, antes que eu perca a cabeça e adiante esse casamento
para amanhã. Daí você passará a ser problema do Grasso.
– Eu te odeio! – Izabella gritou, dando as costas para os dois homens
da sala e saindo a passos largos. Matteo não conhecia ninguém que havia
falado assim com o Senhor Moretti e estivesse vivo para contar.
– Ela está nervosa com o casamento – o velho explicou quando a porta
se fechou com um estrondo. Ele olhou sério para o homem de cabelos negros
e olhos verdes, colocou a mão no seu ombro e sentenciou – Você estará
cuidando do meu bem mais precioso. Eu não confiaria minha filha a mais
ninguém. Não deixe nenhum vagabundo colocar a mão nela, se isso
acontecer, decepe-a.
– Sim, senhor.
–Vá e não tire os olhos dela.

– Entre, vou levá-la para casa – Matteo Santoro ordenou. Ela


permaneceu na calçada e o olhou de cima a baixo.
– Quem você pensa que é para me dar ordens? – ele a encarou
fechando a porta do carro com um estrondo. Izabella permaneceu firme. – O
capacho do papai? O que aconteceu com o Enzo? Se aposentou? Ele pelo
menos sabia o seu lugar.
– Você está sob a minha proteção e até segunda ordem, vai me
obedecer. – Ela cruzou os braços desafiadora. Ele a carregaria facilmente
para dentro do carro. Era alta, magra, corpo escultural, os cabelos longos
cobriam seus ombros, os seios fartos. Há quanto tempo não ficava com uma
mulher? A sua condição o impedia de ver Michelle. Decidiu que era melhor
não tocá-la. – Entre no carro e não me faça perder a paciência.
Erro número 1: Matteo entrou no carro e esperou que ela fizesse o
mesmo. Izabella olhou para ele com um sorriso no canto dos lábios. Dois
faróis se acenderam atrás da BMW e antes que ele pudesse reagir a garota
entrou numa SUV, que saiu em alta velocidade.
– Inferno! – Matteo soqueou a direção antes de acelerar e sair em alta
velocidade. A perseguição o levou até uma boate no centro da cidade. As
luzes da pista de dança piscavam, dificultando a visibilidade. Se a garota
desaparecesse o seu final seria pior que o de Enzo. Todo o seu empenho teria
sido em vão e a culpa era daquela pirralha irresponsável. Ele caminhava
tirando os corpos dançantes da sua frente com um empurrão, mais de uma
vez confundiu uma garota de cabelos longos e vestido preto com Izabella.
Onde, diabos, você se meteu, garota? – resmungou, dando um giro de 360
graus. Foi quando ele a viu, era conduzida por um garoto que não devia ter
mais de 25 anos para uma área privada do local.
Matteo entrou em um corredor mal iluminado, o barulho ensurdecedor
da música eletrônica ficou para trás. Izabella estava escorada contra uma
parede, suas mãos acariciavam o membro do homem sobre a calça jeans. Ele
invadia seu sexo com seus dedos. Suas bocas trocavam um beijo ardente.
O guarda-costas puxou com força o rapaz, desferindo um soco em seu
queixo. O garoto caiu ensanguentado no chão cuspindo seus dentes. Izabella
olhou para Matteo enfurecida, enquanto ele de costas desferia mais um soco
no pobre garoto. Ela procurou algo para defendê-lo, encontrou uma garrafa
de cerveja que alguém havia descartado no chão e golpeou o agressor na
cabeça. Atordoado, Matteo segurou a mão de Izabella com força, impedindo
que ela voltasse a golpeá-lo com a garrafa, agora quebrada. Ele a suspendeu
em seu braços jogando seu corpo contra seu ombro e a carregou até o carro.
Izabella foi atirada no banco de trás da BMW. As portas foram travadas,
impedindo-a de fugir. Ela esbravejou, gritou, esperneou, Matteo permaneceu
em silêncio. Seu supercílio sangrava e sua cabeça latejava.

– Que lugar é esse? – ela perguntou quando o carro estacionou na


garagem subterrânea de um prédio de apartamentos. – Você devia me levar
para casa. – Ele não respondeu, a puxou pelo braço e a empurrou até o
elevador. Subiram em silêncio.
Era um apartamento amplo, moderno, despojado. Decorado com
requinte, sem exageros. Izabella olhou para o lugar sem se impressionar.
Sabia que tudo aquilo fora comprado com dinheiro sujo. Aquele homem era
só mais um lambe-botas do seu pai. Um verme desprezível como todos que a
cercavam.
– Onde fica o banheiro? – Matteo respondeu apontando com o dedo a
direção. Ele tirou o casaco, a gravata, abriu os botões da camisa, serviu um
whisky e atirou-se no sofá. Ela observou tudo do corredor, quando imaginou
que ele não a observava, caminhou cuidadosamente até a porta. Estava
fechada.
– Desista! – ele gritou da sala. – Você só sai daqui se eu deixar.
– Droga, droga, droga! – falou descontando na porta sua fúria – Eu
quero ir para casa! – anunciou ao voltar para a sala de estar.
– Eu teria feito isso com o maior prazer há uma hora. Agora você terá
que esperar.
– Esperar o quê? – Ele tirou o pano que cobria sua testa e mostrou o
ferimento ensanguentado.
– Você mereceu, quase matou o outro cara.
– Quem era o outro cara? Seu amante? Porque seu noivo não era.
– Eu não faço ideia, conheci em um aplicativo.
– E já estava transando com o cara?
– O que você tem a ver com isso?
– Eu tenho ordens de decepar as mãos de quem tocar em você.
– Mesmo? E se for você?
– Eu jamais tocaria em você.
– Eu não sou desejável?
– Não faz o meu tipo.
– Mentiroso, eu vi como você me olhou no escritório do papai ––disse
virando as costa e indo em direção ao banheiro. – Você é muito velho pra
mim.
– Eu sou muito velho pra você? – Ela entendeu a ironia e engoliu em
seco. Um desespero apossou-se de sua mente. Trancou-se no banheiro.
Matteo não sabe quanto tempo dormiu. Minutos, horas, acordou com o
barulho de água escorrendo.
– Izabella? – caminhou até o banheiro, a porta estava trancada. com um
único impulso contra a madeira conseguiu abri-la. Izabella estava na
banheira, a água escorria pelas bordas. Seu corpo nu totalmente submerso.
Ele a puxou para cima e a deitou no chão aplicando as manobras
cardiorrespiratórias. Ela tossiu, cuspindo a água que havia em seu pulmões. –
Você está louca? – Matteo esbravejou quando ela já estava consciente.
– Eu prefiro morrer a me casar com aquele velho – murmurou. Mirko
Grasso beirava os 70 anos, já havia passado por vários casamentos. Seus
relacionamentos acabavam em meio a escândalos de violência e traições. Era
o principal fornecedor de todo o leste europeu. Com a idade avançada e sem
herdeiros, sua aliança com os Moretti foi vista como um grande negócio. No
meio daquele jogo de interesses, estava Izabella.
Ele a cobriu com uma toalha e a carregou até a cama do seu quarto.
Sentou-se em uma poltrona ao lado cama, ela dormiu profundamente.
Exausto, Matteo voltou a adormecer.

Ele acordou assustado, não conseguia mover os braços, olhou para as


mãos amarradas nas guardas da cadeira, imaginou o pior. Izabella havia
desaparecido, começou a examinar a situação, quem o prendeu usou suas
gravatas para isso e os nós estavam mal feitos e frouxos. conseguiria se
desvencilhar facilmente. Era o que ia fazer quando ela entrou no quarto.
Nua, Izabella se aproximou carregando uma bandeja com algodão,
gaze e uma vasilha com água.
– O que significa isso? – Matteo perguntou impaciente, tentando livrar-
se dos nós. Ela deixou a bandeja sobre a cama, pegou o algodão mergulhou
na água e se aproximou, ficando parada a sua frente. O olhar do homem de
confiança de Anton Moretti percorreu o corpo nu de Izabella, demorando-se
nos seios e sexo. Ela sorriu com o conto dos lábios ao perceber o pulsar do
membro protegido pelo leve tecido da calça de corte italiano.
– Você cuidou de mim – sua voz saiu doce, enquanto ficava, de
joelhos, entre as pernas de Matteo. – Agora eu vou cuidar de você.
– Precisava me amarrar? – ele tentava parecer indignado e indiferente,
mas o volume em suas calças denunciavam a sua excitação.
– É para sua proteção – ele levantou uma sobrancelha esperando uma
explicação. Ela tocou o ferimento no supercílio com o algodão, deixando seus
seios a centímetros de sua boca. – Para você não correr o risco de ter que
decepar as suas próprias mãos – respondeu, limpando o ferimento e se
aproximando a ponto de seu mamilo roçar nos lábios do capanga de seu pai.
Quase um ano, desde a última vez que esteve com Michele. Um ano sem
estar dentro de uma mulher e agora aquela garota de dezenove anos estava
ali, nua se oferecendo para ele. Se ele não fosse quem era, se ela não fosse
quem era, ele teria cedido, mas tinha muita coisa em jogo. Ele afastou o rosto.
– Não se preocupe – ela disse divertindo-se com a resistência de Matteo. –
Você é muito velho pra mim. – Ele podia continuar fingindo, sua ereção era
visível, bastava ela abrir o fecho da calça e sentar que estaria feito.
Erro número 2: Ele sorriu com a provocação. Poderia acabar com
aquela brincadeira, já havia se desvencilhado das gravatas, mas deixou que
ela pensasse que estava no controle. Só mais um pouco, pensou. Deixando
que o desejo prevalecesse sobre a razão. Sentiu os lábios de Izabella tocarem
a sua testa, depois o canto dos olhos, a boca, uma mordida demorada no lábio
inferior, uma lambida no pescoço. Ele olhou para ela, que se ajoelhava entre
suas pernas e ofegou. Ela abriu o fecho da calça, apertando seu membro entre
seus dedos finos e lambeu, como se fosse um sorvete a ponta arredondada e
rosada do seu pênis. Matteo gemeu alto demais para passar desapercebido
pela inexperiente Izabella. Isso aguçou a sua fome e ela o chupou devagar,
devassa, faminta.
Matteo tentou sentir culpa pensando em Michele, mas não adiantou,
depois pensou nos seus planos, aquilo poderia colocar tudo a perder, mas
então ela sugou mais forte, levando seus lábios até a sua pélvis, engolindo-o
por completo. E ele se perdeu nos caminhos tortuosos do prazer encontrado
no que é proibido. Seu quadril se projetou para cima quando sentiu sua língua
acariciar seus testículos. Ele ia gozar.
– Izabella, para... para... para... – ofegou, com as mãos envolvidas no
emaranhado de seus cabelos. Ela não parou. – Para! – ele gritou e ela se
afastou e o encarou, os lábios entreabertos, inchados. – Eu vou gozar, mas
não será na sua boca – disse levantando-se e jogando-a na cama.
Matteo tirou a roupa, acariciou seu membro duro, ajoelhando-se entre
as pernas abertas de Izabella. Ele gostava de meter com violência, por isso
tocou o sexo da garota com os dedos para ver se estava molhada o suficiente
para recebê-lo. Estava. Sua glande separou seus lábios e com uma única
estocada ele a completou. Ela gritou com a dor do rompimento. Ele parou.
– Virgem? – perguntou procurando os olhos azuis da jovem italiana. –
Por que não me avisou?
– Você teria feito? – Ela mexeu levemente o quadril para que ele a
sentisse apertada.
– Não – Seu membro pulsou dentro dela, exigindo que ele se
movimentasse, Matteo a abandonou e voltou a meter. Ele controlou sua
libido, queria que ela gozasse, queria vê-la gemer enquanto era subjugada
pelo seu membro. – E os outros homens? – perguntou beijando levemente
seu mamilo e depois sugando-o com volúpia.
– Eu só queria alguém que fizesse isso – respondeu quando ele a
preencheu mais uma vez.
– Qualquer um? – ele mordiscou o outro mamilo e depois abocanhou
seu seio chupando-o com força, aquela informação o incomodou. Por um
instante quis machucá-la e voltou a meter forte. Abrindo o sexo de Izabella,
moldando-o ao seu formato. Ele era o primeiro a prová-la.
– Meu pai vendeu a minha virgindade para o Senhor Grasso em troca
de poder. Você faz ideia de quantos milhões vale cada metida sua dentro de
mim? – Ele fincou mais forte, sentiu as contrações daquele lugar apertado
em volta do seu pênis. Ela gritou de prazer e se entregou a um orgasmo
dolorido. Matteo parou de se movimentar, ficou provando as reações do
corpo de Izabella enquanto gozava, cada tremor, cada gemido, cada respirar.
O membro sendo sugado pelo sexo dela, que se contraía saciado. Ele voltou a
mexer, metendo seu pênis mais fundo. Ela cruzou as pernas em seu quadril e
se projetou para cima, suas unhas fincaram nas costas dele arrancando sua
pele. Ele gemeu de dor e prazer, perdendo o controle e deixando seu gozo
jorrar dentro dela.

– Foge comigo? – ela perguntou escorando o queixo no peito dele.


Matteo estava com as mãos escorando a cabeça no travesseiro, analisava a
situação.
– Seu pai nos encontraria até no inferno.
– Eu sou rica, esqueceu? Posso ir para qualquer lugar, comprar uma
identidade nova, trocar de nome, fazer uma plástica.
– Você anda assistindo filmes demais, Izabella – falou carinhoso,
beijando sua testa. Suas mãos começaram a acariciar suas costas. – Seu pai te
deserdaria e você não teria dinheiro para a sua fuga espetacular. Seríamos
pegos antes de deixar o país.
– Eu tenho as joias da vovó, são minhas por direito e valem milhões,
sei como vendê-las e até serem rastreadas, já estaremos longe.
– E onde estão essas joias?
– No cofre pessoal do papai. – Matteo deu uma gargalhada.
– E você por acaso sabe o segredo?
– Eu criei o segredo – ele a olhou incrédulo.
– Eu brincava com as minhas bonecas, quando tinha seis anos,
enquanto instalavam o novo cofre na parede do seu escritório. Então ele
pediu para que eu falasse alguns números aleatórios na hora de colocar a
senha.
– E você lembra esses números?
– Eles não eram aleatórios. Eram os dias dos aniversários das minhas
bonecas. Uma mãe nunca esquece o aniversário de um filho – Matteo
gargalhou.
– Você é uma maluquinha, sabia? – disse deitando-a de costas na cama
e se encaixando entre suas pernas. Seu membro a penetrou mais uma vez –
Uma maluquinha deliciosa – completou antes de se mover sem pressa,
degustando aquele corpo enquanto ainda era seu.

– Eu consegui o segredo – falou ao celular. – Tenho certeza, eu mesmo


vi ele guardar no cofre. (...) – Imediatamente, quero terminar com isso ainda
hoje. – Desligou o aparelho a tempo de ver Izabella voltando da Cafeteria
com dois copos de café. Ela ainda usava o vestido de festa. Mas o rosto não
estava mais com a maquiagem pesada da noite anterior, estava mais bonita.
– Seu capuccino, senhor Santoro.
– Obrigado, Senhorita Moretti.
Chegaram à Mansão Moretti próximo ao meio – dia. Izabella foi direto
ao escritório do pai, Matteo a seguiu. Ela realmente sabia o segredo do cofre
e o abriu com facilidade. Retirou uma pequena caixa de metal com pérolas
incrustadas. Antes que ela fechasse o cofre, Matteo a afastou.
– O que você está procurando? – Izabella perguntou curiosa. – As joias
estão aqui, papai não guarda dinheiro nesse cofre, só coisas pessoais. – Ele se
virou para ela com uma caderneta na mão, Izabella sabia muito bem o que era
aquilo, seu pai era um homem avesso às tecnologias e ainda anotava em uma
caderneta todos os seus negócios, inclusive os ilegais, acreditava que assim
estava livre de hackers que poderiam invadir seu computador e roubar seus
dados.
– Está comigo, podem entrar – ele falou ao celular.
– Matteo... – ela foi interrompida por sirenes e tiros. A casa foi
invadida pela polícia, os pais de Izabella, que almoçavam nos jardins da casa,
foram algemados, alguns seguranças estavam mortos e outros gravemente
feridos. Um homem usando um colete a prova de balas se aproximou de
Matteo, Izabella estava em choque.
– Parabéns ! – cumprimentou o homem que havia traído Izabella.
– Aqui está – Matteo entregou ao policial a caderneta.
– E ela? – perguntou olhando para a garota abraçada a uma caixinha de
joias.
– Deixe que eu a escolto até a delegacia.
– Eu quero ver os meus pais – ela contestou quando finalmente
conseguiu falar.
– Acho que eles não vão querer ver você – Matteo disse algemando –
a.
– Você é um homem morto – ela falou encarando-o. Ele sorriu e teve
vontade de beijá-la.
Erro número 3 : – Seu eu soubesse que seria tão fácil, teria trepado
com você antes – sussurrou ao seu ouvido enquanto a levava para fora da
casa.

– Vá para casa, Matteo.


– Eu preciso terminar esse relatório... – respondeu alongando os
braços.
– Matt – ele olhou para o corredor em direção à voz.
– Michelle? – Ele estava trabalhando disfarçado há dois anos, dois
anos longe da esposa. – Como ela soube? – perguntou para Carlo que ainda
estava ao seu lado.
– O comandante ligou para a filha – ele respondeu.
Ela correu até ele, envolvendo seus braços em seu pescoço e beijando
seu lábios.
– Você está mais linda – Matteo acariciou o seu rosto e antes de dizer o
quanto sentiu sua falta, um movimento do outro lado da sala chamou a sua
atenção. Ele se afastou de Michele e caminhou a passos largos até o grupo
que seguia em direção a saída da delegacia. – O que está acontecendo aqui? –
Seus olhos encontraram os de Izabella, ela estava acompanhada por dois
homens engravatados, usava um terno sobre o vestido preto. Seu olhar era de
desprezo. Matteo sentiu quando Michelle se aproximou parando ao seu lado.
Izabella a examinou dos pés à cabeça.
– Não há motivos, nem provas que liguem a Senhorita Moretti aos
supostos crimes cometidos pelo seu pai, ela ficará à disposição da polícia
para futuros esclarecimentos – um dos advogados respondeu. Izabella
esboçou um sorriso ao perceber a indignação do policial Santoro. Ele saiu do
caminho deixando o grupo passar. Ela parou a sua frente e olhou em seus
olhos, seus lábios se aproximaram.
– Você ainda tem as marcas das minhas unhas nas suas costas? –
sussurrou ao ouvido de Matteo , alto o suficiente para a garota loira ao seu
lado ouvir.
O Emprego

– O que você vai fazer? – Lisa perguntou, enquanto se olhava no


espelho, retocando a maquiagem.
– Não faço ideia, eu preciso dessa grana ou serei expulsa do apê –
respondi, deitada na cama, usava uma camisa branca, empréstimo de Lis
para passar a noite em sua casa.
Eu comentei com o papai, pedi pra ele ver se não tem alguma coisa
pra você fazer na empresa.
– Sério? – disse me ajoelhando na cama. Ela se virou para mim e
sorriu. Lisa era linda, diferente de mim, tinha um corpo escultural que
provocava olhares maliciosos quando passava.
– Ele disse que ia pensar, não se empolgue. Depois tem seus pais... –
completou revirando os olhos.
– Se ele for consultar os meus pais, estou ferrada. Desde que saí de
casa, eles fazem de tudo para me boicotar para que eu retorne ao lar. – Voltei
a deitar na cama, desanimada.
– Vamos dar um jeito. Agora eu tenho que ir porque o meu gato está
me esperando – ela abanava pela janela para o garoto do outro lado da rua,
escondido entre a vegetação para não ser surpreendido pelo Senhor Spencer.
Os pais de Lisa não concordavam com o seu namoro com o rebelde John, por
isso os encontros às escondidas.
– Tchauzinho! – respondi abanando a mão e enfiando meu rosto no
travesseiro. Antes que começasse a pensar no fracasso da minha vida, ela
voltou assustada.
– O papai quase me pegou na escada. Droga, desce e enrola ele
enquanto eu saio.
– Eu não posso descer assim, espera eu trocar de roupa – resmunguei
enquanto era puxada pela mão e empurrada para o corredor do segundo piso
da casa dos Spencer.
– Não dá tempo – já estávamos na escada.
– O que eu digo pra ele?
– Inventa, só não deixa ele voltar para o quarto até ter certeza que eu
saí.
– Ok, não precisa me empurrar – sussurrei de volta. Eu não sei onde
estava com a cabeça quando concordei com aquela ideia ridícula de passar a
noite na casa dela para que seus pais não desconfiassem do seu encontro
amoroso. Lis já tinha dezoito anos, mas os pais, principalmente a mãe, a
tratavam como se tivesse doze. Caminhei devagar, Lis ficou para trás. Ele
não estava na sala, tentei o escritório, também não. Fui em direção à cozinha.
Lá estava ele, de costas, usava um pijama e estava sem camisa.
Robert Spencer era um homem atraente, eu o conhecia desde criança,
éramos vizinhos. Meus pais ainda são, eu que, num ímpeto de rebeldia,
resolvi sair de casa. Agora estava desempregada, falida e prestes a voltar.
– Droga! – deixei escapar quando bati o dedinho no canto de um
armário.
– Melissa? – Droga de novo, pensei que podia ficar ali quietinha até a
doida da Lis sair, sem chamar a atenção do Senhor Spencer, mas agora aquele
homem de 45 anos, cabelos levemente grisalhos, olhos azuis, um corpo
definido pela academia me olhava curioso. – Você se machucou? – perguntou
caminhando em minha direção, tinha um copo na mão, ainda vazio.
– Não – falei me afastando. Ele parou.
– E a Lis? – seu olhar foi para a porta, instintivamente eu caminhei em
sua direção dificultando a sua visão para o corredor.
– Dormindo – respondi com um sorriso forçado nos lábios. Eu sempre
achei o tio Robert lindão, era assim que eu o chamava quando pequena, na
adolescência cheguei a fantasiar algo indecente com ele. Mas se você
conhecer a Senhora Spencer, uma mulher deslumbrante que concorre em
beleza com a filha, veria que a minha fantasia era absurda, ridícula e
desproporcional. Então caí na real e comecei a tratá-lo como Senhor Spencer.
– E você precisa de alguma coisa? – perguntou fazendo uma ruga entre
os olhos.
– Água – falei pegando o copo da sua mão e caminhando em direção a
torneira, enchendo o copo e tomando tudo de um só gole. Ele me olhava
desconfiado. Fiquei parada na frente da pia segurando o copo vazio com as
duas mãos. Será que já posso voltar para o quarto? Ele pegou outro copo no
armário, caminhou até a geladeira e retirou uma jarra com água gelada.
– Você quer me dizer alguma coisa, Mel? – perguntou depois de beber
a água e ver que eu não havia me mexido, meu olhar estava fixo no corredor,
imaginava se Lis já estaria longe ou havia travado no meio do caminho?
– O emprego – foi a primeira coisa que me ocorreu. Olhei para ele.
– Podíamos falar sobre isso amanhã – disse educado.
– Desculpa, é que eu estou angustiada – expliquei, ele não respondeu,
percebi minha gafe. – Foi mal.
– Foi mal... – ele repetiu com aquele tom de quem critica o vocabulário
dos jovens. – E por que você saiu da lanchonete? – Eu não queria responder
aquela pergunta, mas mesmo assim respondi.
– Eu precisava fazer um trabalho extra e não concordei.
– Trabalho extra? – O Senhor Spencer escorou o corpo contra a ilha
que ficava no centro da cozinha e cruzou os braços. Eu continuava com o
copo na mão, no mesmo lugar, ali eu conseguia ver o que acontecia no
corredor que levava à porta da frente da casa.
– O Senhor Smith me convidou para... sair com ele – falei
constrangida.
– Canalha! – Tio Robert esbravejou. – Ele chegou a...
– Não – respondi antes que ele tirasse conclusões precipitadas.
– Eu vou conversar com aquele... – ele olhou para mim e parou de
falar, como se medisse as palavras. – Amanhã mesmo, se seu pai souber
disso, não sei o que ele é capaz de fazer.
– Por favor, não conta pra ele – implorei. Ele passou a mãos nos
cabelos deixando-os totalmente descabelados.
– Eu vou pensar – disse coçando o queixo.
– Prometa – falei me aproximando.
– Se alguém fizesse isso com a Lis, eu gostaria de saber.
– Nós crescemos, Senhor Spencer.
– Mas seu pai tem obrigação de saber que tipo de homem tenta se
envolver com você.
– Eu não sou mais uma criança para dar satisfação para os meus pais
com quem ando, já tenho vinte anos. Depois ele me fez um convite e eu disse
não, ele não me obrigou a nada. Eu pedi demissão porque não me senti bem.
– Isso foi assédio.
– Pode até ter sido, mas eu sou grande suficiente para resolver – ele
sorriu sarcástico, me deixando furiosa. Em um ímpeto de insanidade abri os
botões da camisa, a única peça que cobria o meu corpo, além da calcinha de
renda transparente que não escondia nada. – Isso é um corpo de criança? Ele
engoliu em seco, fiquei olhando para os seus olhos que deslizavam pelo meu
corpo. Senti minha pele queimar, a raiva foi substituída por um sentimento
mais perigoso. Desci o olhar envergonhada e foi então que eu vi o pulsar
movendo o tecido macio do pijama.
– Cubra-se – ele ordenou.
– Por quê? – perguntei ousada, insegura, corada, mas ousada.
– Foi esse o seu comportamento com o Smith?
– Não, ele não acha que eu seja uma criança.
– Cubra-se, Melissa – repetiu não tão incisivo.
– Me obrigue – disse fincando o pé. Ele caminhou em minha direção,
quase colando o seu corpo ao meu, meu coração acelerou, meu peito subia e
descia, senti seus dedos tocarem minha pele antes dele... começar a fechar os
botões. Um por um, iniciou com o da gola e foi, devagar abotoando minha
camisa, eu olhei para suas mãos enquanto ele me vestia. Quando fechou a
última casa, seus dedos roçaram na renda da minha calcinha, eu ofeguei. Ele
pareceu indeciso, segurando a barra do tecido branco.
– Você quer... sair comigo? – perguntou ofegante.
– Agora?
– Sim – suas mãos envolveram a minha cintura.
– Quero – respondi num suspiro. Ele me suspendeu me colocando
sentada no mármore que cobria a ilha de armários. – E a Senhora Spencer? –
perguntei num último resquício de sanidade.
– Tomou remédios para dormir – respondeu abrindo minhas pernas e
posicionando seu corpo entre elas. – Isso será o nosso segredo – murmurou
me olhando nos olhos enquanto seus dedos acariciavam a renda que cobria
meu sexo.
– Sim – Ele sorriu satisfeito, baixou o cós do pijama e acariciou o seu
membro rosado, colocou minha calcinha para o lado e me tocou com sua
ponta, lambuzando-a na minha excitação. Sua glande separou os meus lábios
e devagar, sem pressa, como se estivéssemos a sós naquela casa, ele me
penetrou, centímetro por centímetro o membro grosso e longo do tio Robert
foi engolido pelo meu corpo. Quando sua pélvis colou em mim, ele se afastou
e começou a se movimentar num vai e vem cadenciado, roçando seu pênis
em minha vagina cada vez mais rápido, mais forte. Coloquei minhas mãos
sobre seus braços tentando me equilibrar da força das suas estocadas. Sentia-
me fraca, em transe. Meu sexo inchado, invadido, profanado. Robert parou,
envolveu minha cintura e me suspendeu, eu cruzei minhas pernas em seu
quadril. O que ele pretendia?
– Vamos para um lugar mais confortável – disse ofegante.
Caminhamos encaixados até o sofá da sala. Ele sentou, me deixando em seu
colo. – A Lis?
–Ela está dormindo – respondi mexendo levemente o quadril. Robert
tirou a minha camisa e suas mãos se fecharam em meus seios, seus polegares
castigaram os meus mamilos enquanto eu mexia seu membro dentro da
minha vagina, expelindo-o e devorando-o. Senti meu corpo estremecer, meu
sexo pulsar, sugando-o para dentro de mim. Ele gemeu, soltando um
grunhido alto, projetou seu quadril para cima enquanto seu pênis ejaculava
seu esperma, eu o sorvi, num orgasmo indecente. O Senhor Spencer não
esperou nossa respiração se acalmar, tinha pressa em sair de dentro de mim.
Levantou-se me colocando para o lado. Fiquei em pé enquanto ele vestia o
pijama.
– Volte para o quarto ou a Lis vai desconfiar – disse num tom ríspido.
Eu me senti usada e descartada. Engoli em seco, lágrimas brotaram em meu
olhos. Dei as costas para ele e caminhei em direção a escada, minhas coxas
lambuzadas pelo seu sêmen. – Amanhã, apareça no meu escritório para uma
entrevista de emprego, use vestido.
– Sim, senhor.
O casamento do meu melhor amigo

– Oi – falou beijando minha bochecha e deixando minha boca no


vácuo.
– Oi – respondi tentando entender o que significava aquele
comportamento frio e distante do Kyle. Éramos amigos desde a faculdade,
amigos com benefícios. Nossos encontros eram escassos, a vida adulta nos
separou, mas quando aconteciam eram quentes e em lugares discretos. –
Aconteceu alguma coisa? – perguntei enquanto ele fazia sinal para o garçom
se aproximar.
– Uma cerveja – pediu e depois me olhou, sem responder a minha
pergunta.
– Podemos ir para outro lugar? – perguntei colocando a mão sobre a
sua perna. – Eu estou sem calcinha – sussurrei ao seu ouvido.
– Não faz isso – ele se afastou.
– Por que não? – Ele mordeu o lábio, uma long neck foi deixada a sua
frente. – Kyle?
– Eu vou me casar – falou sem conseguir me encarar. Engoli em seco,
bebi um gole do meu suco para disfarçar o meu constrangimento.
– Quem é ela? – questionei insegura, na verdade não queria saber, não
me interessava quem era a mulher que estava roubando o meu melhor amigo.
– Uma colega do trabalho – começou dizendo e depois se corrigiu. –
Na verdade, é a filha do meu chefe. Nós estamos noivos há algum tempo.
– Quanto tempo? – indaguei.
– Um ano.
– Um ano? Quer dizer que nos nossos últimos encontros você já estava
com ela?
– Eu nunca te prometi nada – ele finalmente me olhou nos olhos.
Como era covarde.
– Não, mas antes de sermos amantes, somos amigos. Você não acha
que eu deveria saber disso?
– Eu tentei, mais de uma vez, mas quando estamos sozinhos não dá.
– Ok, e quando é o casamento? – perguntei tentando ser prática. –
Preciso pensar num vestido.
– No domingo.
– No domingo? Quer dizer que eu...
– Ela não sabe sobre você – Nunca cheguei a namorar o Kyle, mas
conhecia a sua família, passei férias com eles, jantares, aniversários, almoços
aos domingos. O sexo às escondidas sempre foi excitante, perigoso.
Escolhíamos os lugares mais improváveis, sempre com a expectativa de
sermos flagrados por alguém. – Eu preciso ir – falou colocando o dinheiro da
conta sobre a mesa e levantando-se.
– Isso é uma despedida? – não escondi minha tristeza.
– Eu quero fazer a coisa certa, amo a Julie e não vou ser infiel a ela. –
Lágrimas deslizaram pela minha face. – Adeus, Izzy.

Era madrugada de domingo, passei a noite debruçada sobre um caso


que iria a julgamento na segunda-feira. Não queria pensar, em poucas horas
Kyle estaria no altar casando-se com outra mulher, nunca desejei ser essa
mulher, mas também nunca pensei que perdê-lo seria tão doloroso. Fui
dormir quando o Sol já despontava no horizonte. A ideia era não acordar
naquele fatídico domingo.
Despertei com o meu celular tocando desesperadamente, olhei para as horas.
Droga! Ainda era cedo, quem ousava me acordar antes do casamento?
Esbravejei pegando o celular que voltava a gritar estridente.
– Kyle? – atendi ao reconhecer o número.
– Izzy, eu preciso de você. – Sua voz era angustiada e sussurrada.
– Onde você está? – perguntei levantando da cama e procurando uma
roupa no closet.
– Vem ficar comigo, por favor. Estou mandando o endereço por
mensagem. – Desisti de procurar por uma roupa, vesti um casaco sobre a
lingerie que usava, calcei um sapato que estava atirado ao lado da cama,
peguei minha bolsa e dirigi até o endereço.
Ele estava usando o terno para o casamento, me esperava em uma sala
anexa à capela onde iria acontecer a cerimônia, o burburinho dos convidados
chegando já era audível.
– O que houve? – ele veio até mim, envolveu meu rosto com suas
mãos e me beijou com sofreguidão.
– Eu não consigo ficar sem você – sussurrou entre meus lábios, aquilo
bastou para que eu me entregasse. Em segundos estava nua, ele vestido, abriu
o fecho da calça, vestiu a camisinha e meteu em meu sexo, meu corpo foi
pressionado contra parede de concreto, enquanto um pênis duro me
subjugava, fincando contra meu ventre. – Gostosa – ele grunhiu, me virando
de costas e puxando meu quadril para trás, seu membro voltou a abrir meus
lábios e se encaixar em minha vagina. Suas mãos apertavam minhas partes
arredondados e a ponta do seu indicador penetrava minha outra abertura. Eu
ofegava, minhas pernas estavam bambas, meu sexo dolorido e pulsante. Kyle
tocou meu ponto de prazer com seus dedos e um orgasmo arrebatador me
atingiu. Meu sexo se contraiu em espasmos descontrolados, meus seios
doloridos tocavam o concreto gelado, ele me abandonou, lambuzado pelo
meu prazer e sem prévias, meteu com força em minha outra abertura, senti
dor quando seu membro grosso entrou naquele lugar apertado e proibido.
Kyle colou sua pélvis em minhas nádegas, tocando minhas costas em seu
peito e mexendo perverso. Seus dedos invadiam meu sexo molhado,
prolongando o prazer, enquanto seu membro me infligia com suas investidas.
Eu gozei mais uma vez, joguei minha cabeça para trás, ele me beijou e
investiu mais uma vez, despejando seu esperma no invólucro de látex.
Quando me virei ele já havia colocado a camisinha no lixo, limpava
seu membro com o lenço branco que deveria ficar no boldo do terno. Fechou
a calça, arrumou a gravata e me olhou com um sorriso que me fez ter certeza
que o amava.
– Você consegue caminhar? – perguntou malicioso.
– Consigo – respondi fechando o casaco e procurando meus sapatos. –
Para aonde vamos?
– Você vai para casa – disse beijando a minha testa. – Eu vou me casar
– e saiu da sala sem se despedir.
Encontro às cegas
Paul

– Você vai jogar na minha cara que eu sou uma fracassada? –


perguntei puxando o cobertor para voltar a me cobrir.
– Não, você não é uma fracassada, você é uma mulher bonita e
inteligente.
– Então por que insiste em me arrumar um namorado? – Ela voltou a
puxar o meu cobertor.
– Porque eu quero te ver feliz, minha querida.
– Mãe, entende uma coisa – fiz uma pausa dramática – homem não traz
felicidade.
– Não julgue todos os homens pelo Michael. Ele era um canalha.
– Pensei que você gostasse dele? – ela me olhou ofendida.
– Como eu posso gostar dele depois do que ele fez com você? Olha o
seu estado.
– O que tem o meu estado?
– E de dar pena – disse com tristeza. – Reaja, filhinha! – Escondi o
rosto com o travesseiro, ela puxou com força e o tirou. Minha mãe era uma
mulher forte, estava acima do peso desde que ficou grávida de mim. Aliás me
culpa por isso. – Eu combinei tudo com a Senhora Petisburg, o filho dela
estava noivo também e a garota pediu um tempo, imagina, pedir um tempo às
vésperas do casamento. Vocês tem tanto em comum...
– Eu não fui abandonada às vésperas do casamento.
– Pior, você morava com aquele traste. Ajudou a comprar o
apartamento que hoje ele mora com aquelazinha.
– Mãe, isso foi há três anos, eu já superei
– Então por que continua encalhada?
– É uma opção. – Ela levantou as mãos para cima em desespero.
– Se você não for nesse jantar, eu vou convidá-lo para vir jantar aqui.
– Você não faria isso? – minha vez de me desesperar.
– Farei – disse batendo a porta e saindo do quarto.
– Droga!
Pensei que ela não teria coragem. Mas ela fez. Quatro horas depois, ela
bateu na porta do quarto.
– Seu convidado está te aguardando na sala. o jantar está no forno, a
mesa está posta. Eu vou sair com a Janet, não tenho hora para voltar.
– Ficou louca – gritei, levantando da cama num pulo e abrindo a porta.
– Eu avisei – disse dando as costas. – Não deixe o rapaz esperando por
muito tempo.
– Inferno!
Era noite de sábado, eu havia passado o dia inteiro no quarto, desci
apenas para as refeições, assisti televisão, li um pouco e dormi. Essa era a
minha rotina nos finais de semana. Era, até hoje, quando minha mãe resolveu
interferir. Tudo bem que eu já estava com trinta e cinco anos, que há três
havia voltado para casa, depois de uma separação conturbada. E desde então
me dedicava unicamente ao trabalho em uma corretora e à autodepreciação.
Tomei uma chuveirada, coloquei um vestido nada atraente sobre um
lingerie velho, cara lavada e desci para conhecer meu pretendente.
– Aí está ela... – mamãe falou quando apareci no patamar da escada. O
homem de terno e gravata me olhou, ele não era feio. Aliás era bem
bonitinho. Trazia uma garrafa de vinho na mão. – Já posso ir – concluiu se
despedindo enquanto eu descia a escada sentindo-me pateticamente ridícula.
– Bom jantar!
– Olá, eu sou o Paul – ele se apresentou estendendo a mão para um
aperto, antes de me entregar a garrafa de vinho. Ou era acanhado ou estava
mais constrangido que eu, mas tinha bom gosto para bebidas.
– Ellen – cumprimentei com um sorriso sem graça nos lábios.
Não vou narrar o jantar pois ele foi muito chato, Paul falou da sua ex
100% do tempo que teve o direito à fala, eu respondi com monossílabos, não
que fosse uma imposição, mas falta de interesse mesmo. O cara era um gato,
tinha trinta e dois anos, era engenheiro em uma construtora. Morava no
apartamento que estava montando com a noiva para ser a residência oficial do
casal. Da ex Lauren, eu sabia tudo, ele não deixou escapar nada. Desde seu
nascimento, a queda da bicicleta que lhe rendeu uma cicatriz linda em forma
de estrela na coxa direita, os olhos verdes cristalinos, o sorriso mais lindo do
mundo, o amigo médico, sim Lauren era médica pediátrica, e influenciada
pelas más companhias ( lê-se mãe) envolveu-se com um colega de medicina.
Um cardiologista renomado. Mas ele ainda a amava e se ela se arrependesse
ele a aceitaria sem pensar duas vezes. Em determinado momento ele chorou e
foi então que comecei a recolher a louça do jantar para ver se ele ia embora.
Não funcionou… O cara insistiu em me ajudar. Gostava do serviço
doméstico, sempre imaginou como seria quando ele e Lauren
compartilhassem um lar.
Eu estava lavando a louça, ouvindo suas lamúrias em silêncio, já fazia
algum tempo que eu havia desligado daquela ladainha e havia me
teletransportado para uma realidade paralela onde eu torturava a minha mãe
por ter me obrigado a passar por todo aquele sofrimento, quando senti seu
presença ao meu lado.
– Onde consigo um pano para secar a louça? – perguntou próximo
demais. Eu me encolhi para evitar o toque.
– Não precisa, eu deixo no escorredor – falei olhando em sua direção,
havia algo diferente em seu olhar, aquilo me deixou apreensiva. Ele roçou os
dedos no meu braço.
– Mas eu gostaria de ajudar – disse com a voz quase sussurrada.
– Eu só vou lavar a louça, se você quiser... – eu não terminei de falar,
Paul se posicionou nas minhas costas e suas mãos foram para dentro da pia
sobre as minhas.
– Eu sempre imaginei fazer isso com a Lauren.
– Fazer o quê? – perguntei engolindo em seco.
– Subjugá-la enquanto ela estivesse na pia.
– Eu não sou a Lauren – disse numa última tentativa de afastá-lo, mas
acho que o incentivei. Sua mão molhada foi para o meu seio e o apertou entre
seus dedos. A outra mão desceu pelas minhas costas, levantando o vestido e
se posicionando entre minhas partes arredondadas, um arrepio perpassou o
meu corpo, eu poderia facilmente me livrar dele, mas por quê? A noite que eu
estava dando por perdida, começava a ficar interessante. – O que você
pretende? – minha voz saiu ofegante, enquanto dedos ágeis afastavam minha
calcinha e, promíscuos, abriam meus lábios. Dois dedos me penetraram.
– Úmida e quente – sussurrou ao meu ouvido enquanto ia mais fundo e
voltava lambuzado pela minha excitação. – Eu posso te chamar de Lauren?
– Você pode me chamar do que quiser – respondi com a voz
entrecortada, sentindo meu sexo pulsar estimulado por aqueles dedos grossos
que o massageavam. Instintivamente, empinei meu quadril para trás.
– Você é muito gostosa, Lauren – Paul puxou a alça do vestido para
baixo e apertou com força meus mamilo provocando uma dor deliciosa. – Eu
imaginei te foder em todas os cômodos do nosso apartamento. Na cozinha eu
te pegaria por trás. Ele se afastou, antes que eu me recuperasse de toda aquela
loucura, um membro protegido pelo invólucro de látex, intruso, abriu o meu
corpo e se acomodou dentro dele e, devasso, se movimentou. Entrando e
saindo, uma, duas, três,... vezes. Minhas mãos trêmulas me equilibravam na
borda da pia, as dele deixava marcas vermelhas em minha pele, enquanto se
impulsionava para me saciar. Minha vagina se contraiu, apertando-o em seu
interior, uma onda de calor envolta de espasmos de prazer tomaram meu
corpo. Saboreei seu membro. – Goza, minha linda. Minha Lauren. Goza para
mim –. Gritei de prazer. Ele fincou mais forte e liberou seu sêmen num
grunhido selvagem. Depois desabou sobre mim. Mordendo o meu ombro.
– Isso foi... – murmurei.
– Um erro – ele completou, eu ía dizer incrível. – Desculpa, eu usei
você – falou constrangido, abandonando o meu corpo.
– Eu não me importo de seu usada desse jeito por você – Deus, isso
soou horrível.
– Eu preciso ir – disse caminhando em direção a porta da frente
enquanto tirava a camisinha desajeitado e fechava o fecho da calça. Eu o
acompanhei, em silêncio, já havia me humilhado o suficiente. Ele parou no
marco da porta e sem se virar se desculpou mais uma vez. Não respondi.
Suspirei fundo e bati a porta.
– Idiota!
– O que você fez com o pobre menino? – mamãe perguntou assim que
entrei descabelada e arrastando os chinelos no piso da cozinha na manhã do
dia seguinte.
– Que menino? – disse pegando uma xícara e servindo de café na
cafeteira.
– O pobre do Paul, depois que saiu daqui foi procurar a noiva e fez um
escândalo em frente a casa dela implorando para que ela o perdoasse. – Olhei
boquiaberta para mamãe.
– E a noiva?
– Chamou a polícia, ele passou a noite na cadeia – dei uma gargalhada.
Não voltei a ver o Paul, mamãe não desistiu de arrumar um namorado
para mim e outros encontros aconteceram.
Nunca mais lavei a louça com o mesmo entusiasmo.
O velório

O dia se transformou em noite. A chuva caía torrencialmente. Milla


suspirou, seu hálito se transformou em uma mancha no vidro da janela do
carro. Em outro momento, desenharia uma carinha sorridente, mas esse não
era um desses momentos.
– Nervosa? – Andrew perguntou, observando-a com o canto dos olhos.
Desde que saíram de casa, há três horas, ele não pronunciou mais que
monossílabos. Milla já havia desistindo de manter um diálogo com o
namorado. Ele estava mais abalado com a morte de Verônica do que queria
demonstrar. Milla não entendia o porquê de homens, como Andrew,
esconderem suas emoções, era compreensível que se sentisse triste, conhecia
Verônica desde que eram crianças, anos depois ela se transformou na
Senhora McCarter. Casou-se com o irmão mais velho de Andrew, Alec.
– Preocupada – respondeu com sinceridade.
– Eles vão te achar encantadora – ele respondeu sem demonstrar que
realmente pensava assim. E isso deixou Milla ainda mais preocupada.
– Não é isso. Eu romantizei o meu encontro com a sua família, decorei
as falas, ponderei o assunto. Mas nunca imaginei que ele se daria em um
velório. Como elogiarei o vestido da sua mãe, o cabelo da sua irmã, o sorriso
da sua cunhada... – nesse momento ela se calou. – Desculpa.
– A culpa é minha, eu fiquei protelando esse encontro e, agora , ele se
dará no pior momento – falou colocando sua mão sobre a dela. Milla não
respondeu, ele tinha razão. Nos dois anos que compartilhavam o mesmo teto,
mais de uma vez receberam convites para ir até a Casa McCarter. Natais,
aniversários, as bodas dos pais. Em todas as ocasiões Andrew arrumava uma
desculpa qualquer para não ir. E agora...
Milla voltou a suspirar, seus dedos passearam pelo vidro e a nuvem
branca ganhou os contornos de uma carinha triste.

O carro estacionou em frente a uma casa de três pisos, estilo vitoriano,


Milla sabia que a família do noivo era rica, mesmo assim se impressionou
com a imponência da construção.
Um mordomo veio recebê-los.
– Senhor McCarter, seja bem-vindo – disse polido, recolhendo o
sobretudo de Andrew, quando foi pegar o casaco da moça, seu olhar se
suavizou. E ela sorriu para ele.
– Onde estão todos? – A secura na voz do noivo fez Milla estremecer.
– O Senhor e a Senhora McCarter estão na biblioteca. A Senhorita ,no
quarto e seu irmão está na cidade resolvendo pessoalmente os detalhes. Posso
pegar a bagagem no carro?
– Não trouxemos bagagem, não vamos ficar. Pretendo voltar ainda
hoje.
– Sim, senhor. Vou comunicar a sua chegada.

– Como assim não vai ficar, querido? – Elisa McCarter questionou


depois de abraçar o filho e ouvir que partiria nas próximas horas.
– É melhor assim – ele disse quando se afastaram. A senhora de
cabelos grisalhos, presos num coque, tinha os olhos vermelhos, mas não
havia derramado uma lágrima. Milla permanecia à porta. Não se atreveu a
entrar na sala com estantes que iam até o teto, cobrindo as paredes com
livros.
– Ele tem razão, Elisa – a voz severa de George McCarter soou no
recinto. Milla poderia jurar que os lustres estremeceram. Ele se aproximou do
filho, apertaram a mão em um cumprimento formal.
– Quero apresentar minha noiva Milla – Andrew disse para os pais
olhando para Milla.
– A jornalista – Elisa McCarter comentou, se aproximando da garota
de cabelos negros, presos em um rabo de cavalo. – Sinto nos conhecermos
nesse momento tão triste para a nossa família. – Milla foi abraçada por uma
estátua. Assim ela descreveria aquele gesto tão íntimo que Elisa McCarter
conseguia deixar impessoal.
– O que diabos você faz aqui? – a voz de um homem ecoou pelo
recinto, interrompendo as apresentações. O coração de Milla acelerou quando
ela olhou para ele, o ódio com que mirava Andrew era palpável. – Responda,
seu verme? Como tem coragem de vir até aqui depois de tudo...
– Alec – o pai interveio. Milla olhou para o noivo, sua tês
empalidecera.
– Filho, Andrew veio prestar suas condolências, somos uma família,
temos que permanecer unidos.
– Eu não reconheço esse biltre como irmão.
– Não admito que um incidente infeliz destrua a nossa família. –
George McCarter esbravejou, olhando com autoridade para um e depois para
outro. Milla não entendia o que estava acontecendo. O pai se parou entre
Andrew e Alec, formando um escudo. Impedindo que um agredisse o outro.
– Acidente infeliz? É assim que o senhor descreve a morte de
Verônica? Ela se suicidou quando soube que ele estava noivo. – Alec teve
que ser contido pelo pai, pois avançou contra Andrew.
– Você está fora de si, Alec – Andrew defendeu-se.
– Filho, controle-se – A mãe implorou.
– Eu tenho que me controlar? Ele seduziu Verônica no dia do nosso
casamento – gritou exasperado. – Conte para os nossos pais dos seus
encontros em motéis de quinta categoria com a minha esposa – Milla olhava
para o noivo em choque. Ela conheceu o advogado antes do casamento do
irmão. Lembrava do fim de semana que ele viajou para a festa e lembrava de
como havia voltado diferente, mais confiante, mais sedutor, mais quente.
Pensou que fosse saudade, agora sabia que não era.
– Você está delirando – Andrew o encarou, o maxilar rígido, o olhar
altivo.
– Estou? – Alec tirou um maço de papéis amassados do bolso do
casaco e atirou contra o irmão. – A carta de despedida da minha esposa. Um
pedido de perdão pelas traições e uma declaração de amor a você, meu
irmão.
– Meus Deus! – Elisa caiu de joelhos, a estátua desabou. George
McCarter amparou a mulher, Andrew e Alec se encaravam indiferentes aos
acontecimentos. Milla não conseguia reagir, mantinha-se em estado de
torpor. Aquilo não podia ser verdade.
– Alec, me ajude – O pai pediu ao irmão mais velho. Alec suspendeu a
mãe no colo, antes de sair da sala lançou um olhar de fúria para Andrew.
– Nós ainda não acertamos nossas contas – ameaçou entredentes.
– Vamos embora, Milla – ele anunciou assim que ficaram a sós.
– Quando? – ela perguntou sem se mover. Ele olhou para ela sem
entender o que significava aquela pergunta. – Quando foi a última vez que
vocês se encontraram? – ela repetiu.
– Isso importa? Ela está morta e eu estou com você. – Milla riu, um
riso irônico e triste.
– Importa, eu mereço saber a verdade – murmurou entre lágrimas.
– Eu rompi com ela semana passada, quando te pedi em casamento.
Era só sexo, pensei que ela tivesse entendido. Nunca imaginei que Verônica
pensasse que era mais que isso. – Milla o esbofeteou e saiu a passos largos
daquele lugar sufocante.

Caminhou sem destino na noite chuvosa, o vestido preto grudado em


seu corpo, os cabelos, agora soltos, em total desalinho. A chuva machucava a
sua pele. O vento era cortante. Quando percebeu estava em frente a um
mausoléu. Gravado em letras douradas, no mármore, o nome da família dona
daquelas terras: McCarter. A porta estava entreaberta, a luz trêmula das velas
nos candelabros tiravam o lugar da penumbra. Ela sabia que não devia, mas
entrou.
Ele não percebeu a sua presença, continuou substituindo os tocos de
cera por velas. Limpava o lugar onde sua esposa passaria a eternidade.
– Eu sinto muito – disse depois de observá-lo por alguns instantes. –
ele se virou e a examinou com curiosidade.
– Quem é você? – perguntou se aproximando ameaçadoramente.
– Milla Jordan, noiva do Andrew – Se não estivessem na penumbra,
Milla teria percebido o olhar diabólico de Alec quando percebeu que estava
diante de sua cunhada. – Eu sinto muito por toda essa história sórdida. Eu não
fazia ideia que... – ela ficou sem palavras.
– Que Andrew trepava com a minha esposa? – Alec completou a frase
com palavras que a chocaram.
– Que eles estavam juntos – ela o corrigiu. Ele deu uma gargalhada.
– E o que a dama pretende fazer? – perguntou ácido. Milla o encarou, o
que ele queria dizer com aquela pergunta?
– Eu não sei... – disse constrangida.
– Vai perdoá-lo – ele afirmou aproximando-se dela. Milla o observou
pela primeira vez, era mais alto que Andrew, os olhos azuis estavam
escondidos atrás das mechas do cabelos molhado que lhe caía na testa. A
barba por fazer, o corpo musculoso, grande, assustador. Usava uma camisa
branca com os botões abertos até o peito sob o casaco pesado.
– Não pensei sobre isso... – ela respondeu sincera.
– Pensei que a submissão feminina fosse coisa do passado – ironizou.
– Eu não sou submissa – ela o encarou indignada.
– Vai perdoar anos de traição e diz que não é submissa? O que pensa
que ele fará na primeira oportunidade? – ele esperou que ela respondesse,
como a resposta não veio, completou – Vai encontrar uma substituta para
Verônica
– Eu não disse que irei perdoá-lo – defendeu-se. Alec a provocava
consciente do que estava fazendo. Seus corpos estavam próximos, ela sentia
a sua masculinidade, ele sentia a sua insegurança.
– Você vai perdoá-lo – ele repetiu aproximando seus lábios dos dela,
Milla tentou empurrá-lo, mas ele nem se moveu, quando percebeu uma língua
áspera invadia a sua boca e roubava seu fôlego, suas mãos soquearam o peito
do homem que a pressionava contra a parede gelada do mausoléu, seu
respirar se tornou ofegante, ela precisava afastá-lo ou cometeria uma loucura.
Mas antes que reagisse, os dedos de Alec invadiram sua calcinha e abriram
seus lábios, apertando seu clitóris e penetrando em seu sexo. Ela sentiu suas
forças se esvaírem e uma onda de prazer a enfraquecer. Ele a massageou até
sentir seus dedos úmidos. – Eu posso parar agora, se você pedir – sussurrou,
mordendo levemente a orelha da garota que iria se casar com seu irmão. Ela
não respondeu.
Alec a suspendeu em seus braços e a deitou sobre o jazigo da família
McCarter. Abriu o fecho da calça, liberou sua ereção, afastou as pernas de
Milla, rasgando a renda de sua calcinha e esfregou a ponta do seu pênis
naquele lugar molhado e quente. Ela fechou os olhos para apenas senti-lo
entrando em seu corpo.
Nunca um membro tão grosso e longo a havia penetrado. Ele a abriu
de uma maneira que a saciou e depois a abandonou deixando-a vazia e
faminta. Então veio mais forte, mais violento, Milla gritou de prazer. Ele
sorriu e a satisfez com estocadas mais rápidas, fazendo-a gemer e se entregar
sem pudores. Quando a saciou, virou-a de costas, de joelhos puxou seu
quadril para cima, seus dedos profanaram sua outra abertura, ele sabia que
seu membro a machucaria se ele metesse ali sem preliminares, então apenas a
provocou enquanto entrava por traz em sua vagina inchada pelo orgasmo,
esfregando seu pênis nas paredes do seu corpo. Saciando-se. Ela voltou a
gemer, seu sexo se contraiu e Alec derramou seu esperma em seu interior,
lambuzando-a com seu prazer.
Milla entendeu o que Andrew sentiu quando seduziu Verônica. Era
afrodisíaco, o sexo proibido. Com Alec, selvagem. Ele a ajudou a descer do
jazigo. Quando seus pés tocaram o chão uma dor deliciosa atingiu o seu sexo,
que latejou. Ele olhou para ela, molhando os lábios com a ponta da língua.
– Podemos ficar mais um pouco – disse abrindo os botões do vestido
preto Milla. – Mas antes você tem que prometer que vai perdoar o meu
irmão – completou tocando o mamilo rosado com a ponta dos dedos.
Ela sorriu, antes de sentir a boca do seu cunhado sugar o seu seio.
Padre, eu pequei

– Me perdoa, vai...

– Julie, eu sei que você está online. Responde!

– Eu estou arrependido, eu te amo.
– Vai pro inferno!
– Eu já estou no inferno.
– Então continua aí.
– Eu te amo, Julie.
– Se me amasse não teria trepado com a Suzi.
– Eu bebi demais, era a despedida de solteiro, os caras aprontaram pra
mim.
– Vai se ferrar – escreveu antes de atirar o celular sobre a cama,
sentando-se no chão.
As lágrimas vieram fáceis. Por que ele fez aquilo? Ela se perguntava.
Estavam noivos, o casamento seria em dois dias e ele a traiu com a Suzi, logo
com a Suzi, a garota mais fútil, mais cruel, mais mesquinha que Julie
conhecera. Elas já foram amigas, num passado bem remoto, até Julie perceber
quem Suzi realmente era. Kyle não foi o primeiro namorado de Julie que Suzi
levou pra cama.
– Como Kyle pode ter sido tão estúpido? – esbravejou, secando as
lágrimas e decidida a acabar com tudo.
O som de uma mensagem fez sua atenção voltar para o aparelho
escondido entre almofadas coloridas. Sabia que não era o noivo, era a Dany,
sua melhor amiga.
– Como vc tá?
– Mal pra caramba :(
– Eu odeio aquela vadia
– Eu odeio o Kyle!
– Vc não tá pensando em cancelar o casamento?
–Como assim? Eu já terminei com ele.
– E vai deixar a vaca da Suzi ficar com o Kyle?
– Que faça bom proveito.
– Julie, vc tá nervosa. Tranquiliza e pensa. Vc ama o cara? – Lágrimas
voltaram a rolar dos olhos de Julie.
– Amo – escreveu depois de algum tempo.
– Então, miga...
– Então o quê? Eu não vou perdoá-lo.
– Devolve na mesma moeda. ;p
– Não entendi?
– Traí o cara.
– Se eu fizer isso, ele não vai me perdoar. Os homens querem perdão,
mas quando é com eles...
– Ele não precisa saber
– E qual a graça?
– O gostinho da vingança.
– Não sei...
– Vou te mandar um aplicativo de encontros casuais, entra lá com um
perfil falso e se rolar...
– Não vou fazer iss… – ela não terminou de digitar e o link com o
aplicativo estava em seu celular.
Uma batida na porta do quarto, fez Julie deixar o aparelho de lado.
– O que foi, mãe? – perguntou abrindo a porta.
– Amor, me perdoa – Kyle entrou no quarto e a abraçou, seu corpo
enrijeceu e a droga das lágrimas voltaram aos seus olhos.
– Saí daqui – disse entredentes.
– Eu te amo, não faz isso comigo – ele chorava, Julie engoliu em seco,
ela o amava e ao vê-lo sofrer desejou, pela primeira vez, desde aquela maldita
mensagem, perdoá-lo. – Por favor, me dá uma chance, mas não termina
comigo.
– E se fosse eu? Você me perdoaria? – perguntou afastando-se e
olhando pela janela para que ele não percebesse o quanto estava abalada. Ele
se aproximou e segurou seus braços, escorando o queixo em seu ombro.
– Você não seria capaz, você é melhor que eu. Você é a mulher
perfeita, por isso te escolhi.
– Você perdoaria, Kyle? – ela se virou e olhou em seus olhos.
– Você não faria..
– E se... – ele engoliu em seco.
– Perdoaria.
– Ok.
– Ok? – perguntou confuso.
– Eu vou pensar se você merece o meu perdão. – Ele sorriu de orelha a
orelha. Ela iria perdoá-lo, ele sabia.
Julie era daquelas pessoas inocentes, que demoram a perceber a
maldade no outro, confiam até o último minuto, fáceis de manipular.
Incapazes de fazer o mal. Criada por uma família religiosa e um pai
conservador, donos de uma empresa com capital para se viver tranquilamente
o próximo milênio, esse foi atributo que fez Kyle se apaixonar perdidamente
por Julie. Foi rapidamente aceito no circulo familiar, o pai o tinha como um
exemplo de dignidade e esforço. Valorizava aqueles que vieram de baixo
como ele. A diferença é que o sogro já tinha uma considerável fortuna
quando conheceu a mãe de Julie, de família rica e tradicional. Kyle estava
pulando uma etapa, não precisaria se esforçar tanto. E agora a piranha da Suzi
quase coloca tudo a perder, pensou. Ela não foi a primeira traição, mas foi a
única que Julie descobriu, porque a vadia tirou uma foto enquanto ele dormia
e mandou para a sua noiva.
– Agora saia, preciso pensar – Julie ordenou.
– Eu te amo – falou dando um beijo estalado em sua boca antes de sair
do quarto, confiante.
Julie sentou desanimada na cama e olhou para as mensagens da amiga,
não respondeu. Clicou no link do aplicativo.
– Quer ver como eu sou capaz – resmungou enquanto criava um
perfil. Seu nome era Annie, solteira entediada em busca de diversão.
Conversou com alguns caras. Era um aplicativo direto, encontros para sexo,
sem rodeios. Estava quase desistindo daquela ideia estúpida quando um perfil
lhe chamou a atenção. Era discreto, Miguel, o arcanjo, convidava para
cometer o pecado da luxúria.
– Olá – ela escreveu, esperando que ele não respondesse. Não havia
foto, como na maioria dos perfis daqueles que queriam discrição. Alguns
colocavam fotos das partes intimas, outros de famosos. Miguel escolheu a
imagem de um anjo sem camisa e com o rosto coberto pela escuridão.
– Oi, Annie. – O coração de Julie acelerou, respirou fundo.
– Onde? – Ela perguntou, tinha um objetivo e esse não incluía
interação social.
– Direta – ele respondeu. – Depende do tempo que você dispõe para
mim.
– Meia hora, não mais.
– Ok – ele mandou o endereço de um pub, num bairro afastado do
Centro da cidade. Ela não entendeu. Mas era melhor assim, se ela desistisse
ele não poderia obrigá-la, já que estariam cercados de pessoas.

– Aonde você vai? – sua mãe perguntou quando ela desceu as escadas
apressadamente segurando as chaves do carro.
– Vou dar uma volta, preciso de ar.
– Está tudo bem, querida? – disse se aproximando, Julie agradeceu
por ter se maquiado, disfarçando as olheiras. – Você se trancou no quarto
depois que voltamos da última prova do vestido. Pensei que estava cansada.
Mas depois Kyle apareceu nervoso. Vocês brigaram?
– Foi uma discussão boba, mãe – ela respondeu forçando o sorriso. –
Já fizemos as pazes.
– Que bom, querida. Não demore, amanhã precisamos acordar cedo
para acertar os últimos detalhes do casamento.
Ela estacionou o carro longe do PUB, não era um bairro frequentado
pelos seus amigos ou pessoas do seu relacionamento. Apenas seus passos
eram ouvidos na calçada, ao longe o burburinho das conversas. Era o único
bar naquela rua, famoso por sua cultura underground. Seu coração estava aos
pulos conforme se aproximava, a rua era iluminada, mas havia árvores e
alguns becos entre as lojas que a deixavam com um aspecto sombrio.
– Annie... – ela parou quando ouviu aquele nome, mãos envolveram a
sua cintura e antes que pensasse em gritar já havia sido puxada para um beco
escuro. Ofegante olhou para o seu agressor, olhos azuis a examinavam –
Trinta minutos – ele sussurrou pressionando seu quadril contra o dele e a
beijando com luxúria. Ela pensou em empurrá-lo e dizer que era um engano,
mas quando uma mão macia deslizou pela sua coxa, qualquer rastro de
sensatez que pudesse ter percorrido os seus pensamentos, desapareceu. A
respiração se tornou pesada, dedos ágeis puxaram a renda da sua calcinha
arrebentado-a. – Pronta para pecar? – ele perguntou, mordendo os lábios de
sua boca e metendo seus dedos entre os lábios do seu sexo. Seu clitóris foi
massageado pelas investidas do invasor. A mão de Julie deslizou pelo
abdômen do homem que a subjugava, descendo até o cós da calça, abriu o
fecho e acariciou um membro duro, longo e grosso. O homem gemeu,
entreabrindo os lábios. O cabelo negro antes penteados para trás, agora caiam
nos olhos. Ele é lindo, ela pensou, lindo e muito, muito gostoso. Se ajoelharia
ali e o provaria, se o desejo de tê-lo dentro do seu corpo não fosse maior.
Miguel a fez gozar entre seus dedos. Seu corpo estremeceu, suas pernas
ficaram bambas e seu ventre se contraiu. Ela se equilibrou em seus ombros,
gemeu enquanto era beijada, deliciosamente beijada. Ele mordeu seu queijo
antes de virá-la de costas, levantou o vestido, deixando sua parte macia e
arredondada totalmente exposta. Julie espalmou as mãos na parede fria,
sentiu uma mordida em sua parte traseira e depois uma deliciosa lambida em
seus lábios inchados e ainda pulsantes. Só então ele a abriu com o seu pênis
protegido pelo látex, preenchendo todo o espaço que lhe era deliberadamente
oferecido. Ele segurou seu quadril e se projetou com força, num vai e vem
enlouquecedor. Julie se sentia saciada, enquanto devorava o membro que a
invadia, deslizando para dentro dela, penetrando sua parte mais íntima. Não
demorou a sentir o calor que a fazia arrepiar e seu sexo se contrair sugando
seu invasor. Ele sentiu que ela se entregava ao gozo e mexeu provocante, sua
mão envolveu seu ventre e seus dedos encontraram seu ponto de prazer,
pressionando-o enquanto ainda metia para dentro dela.
Quando ele a abandonou, ela sentiu-se vazia e o constrangimento a
dominou. Virou-se em sua direção, ele já havia se desfeito da camisinha e
fechava a calça. Usava terno e camisa preta. Será que era um marido
entediado com o seu casamento? Ou um executivo a procura de diversão?
Nunca saberia, porque nunca mais o veria.
– Eu preciso ir – disse dando as costas e caminhando em direção à luz.
Ele a alcançou segurando o seu braço.
– Quero voltar a te ver – falou olhando em seus olhos.
– Melhor não – ela respondeu mordendo os lábios.
– Tem certeza? – Ele colocou o que sobrou da calcinha em sua mão.
– Sim – respondeu antes de se afastar a passos largos.

– O que você acha querida? Este ou este ? – Julie olhou para os


colares que a mãe segurava entre os dedos. Mas não respondeu porque sua
mente não estava ali e ela nem percebeu que a mãe lhe fizera uma pergunta.
– Tudo bem com você, filha?
– Sim – respondeu ao perceber que a interação da mulher, que fazia a
última prova do vestido de mãe da noiva era com ela. – O de pérolas é mais
clássico. – disse. A mãe revirou os olhos. Tinha gostos escandalosos para
jóias, se Julie não estivesse pensando no homem de terno preto que encontrou
em um beco escuro, veria que a sua opinião não seria levada em
consideração, mas ela não conseguia pensar em outra coisa desde a noite
passada.
– Vou levar os dois, depois decido – disse à governanta que as
auxiliava nos preparativos para o casamento. A festa seria na Mansão dos
avós de Julie, uma casa à beira de um lago, não muito longe da cidade. A
noite seria oferecido um jantar para os padrinhos, logo após o ensaio do
casamento. – Seu celular está tocando, querida. Não vai atender? – Ela
olhou para o aparelho sobre a cama da mãe, sabia que aquele toque era do
Kyle, havia mandado um mensagem pela manhã dizendo que o perdoava,
mas não queria conversar com ele. Pegou o celular e rejeitou a ligação. O
ícone no aplicativo de encontros apareceu em sua tela. Agiu por impulso e
clicou nele, procurou a imagem de um anjo de asas negras.
– Onde? – escreveu. Mordeu os lábios enquanto aguardava a resposta.
A mãe falava sem parar, a repreendendo por não ter atendido ao noivo. Um
rapaz perfeito, trabalhador, honesto. . Julie ouvia apenas os batimentos do
seu coração. Um endereço apareceu na tela, ela soltou o ar que nem tinha
percebido que havia prendido.
– Preciso sair – falou deixando o quarto.
– Julie, onde você vai? Vamos para a casa do Lago dentro de duas
horas – a mãe gritou sem poder sair do lugar, pois arrastaria o vestido longo
consigo se o fizesse.
– Estarei de volta. – Foi tudo o que ouviu.

Era uma alfaiataria. Ela ficou indecisa em entrar. Por fim, tomou
coragem, afinal mulheres compram ternos. Ele estava em frente a um grande
espelho, experimentava um terno preto, feito sob medida com um corte
italiano. Definitivamente, era um homem de bom gosto.
– Ficou perfeito, senhor – o homem agachado ao seu lado, que
examinava a bainha da calça comentou.
– Você concorda? – ele perguntou lançando um olhar lascivo para
Julie. Ela engoliu em seco.
– Ficou lindo – respondeu.
– Vou levar – disse para o homem que sorriu satisfeito. – Querida,
poderia me ajudar... – falou estendendo a mão para Julie. Depois cochichou
alguma coisa para o atendente.
– Sim, senhor.
– Será muito bem recompensado – discreto o homem acompanhou o
casal até o provador, uma pequena sala com um espelho, uma poltrona de
veludo azul e alguns cabides. As paredes eram forradas com papel de parede
em tons de azul escuro com arabescos dourados. Mas Julie não reparou. Sua
atenção estava presa ao homem que segurava a sua mão.
– Vire-se – ele ordenou assim que ficaram a sós. Ela obedeceu. Ele
abriu o fecho do vestido branco, presente da mãe para ser usado aquela noite,
no ensaio do casamento. Seus dedos acompanharam as alças que deslizaram
pelos seus braços. Ele a virou de frente. – Tire a calcinha. Ela o fez. Não
havia sutiã. – Agora, ajude-me – pediu tirando o terno – com a calça.
Julie umedeceu os lábios com a língua e se ajoelhou a sua frente.
Abriu o fecho e baixou a calça até um par de coxas perfeitas aparecerem.
Olhou para ele, que a observava com interesse. Ela deslizou a boxer,
revelando a sua ereção. Segurou seu membro com seus dedos delicados, o
anel de noivado tocou a pele rosado antes de sua língua. Ela lambeu toda a
sua extensão como se provasse um doce, depois chupou levemente a sua
ponta, beijou o pequeno rasgo de onde saia uma gota de um líquido incolor e
o abocanhou, sugando-o, provando-o, absorvendo-o, levando-o ao limite de
sua garganta, para depois abandoná-lo e voltar a consumi-lo. Miguel
envolveu os cabelos da garota com a sua mão e projetou o quadril para frente
para poder observar a gula com que era devorado. Julie o levou a loucura da
luxúria, ele gozou em sua boca, ela provou o sabor almiscarado da sua
essência.

– Julie, estamos atrasadas – a mãe esbravejou quando ela entrou em


casa. – Seu pai já foi para recepcionar os convidados.
– Eu só preciso de um banho – falou subindo correndo as escadas.
Ainda tinha o gozo do homem de terno italiano em sua boca, em seus seios,
deslizando entre suas coxas.
Kyle parecia um cachorrinho, tentando agradar Julie, mas isso só a
irritava mais. O seu mau humor foi justificado pelo nervosismo. O jantar foi
entediante, o ensaio do casamento só não seguiu o mesmo rumo, porque
padre Olavo, um senhor de setenta e muitos anos, exagerou na sobremesa e
estava um tanto indisposto do estômago, o que provocou algumas
interrupções, nas quais ele saia correndo para o banheiro.

– Você está linda, filha – O pai falou envolvendo o seu braço ao dela
à porta da Capela. Lá dentro o burburinho dos convidados é silenciado pelos
primeiros acordes da Marcha Nupcial. A cerimonialista caminha nervosa até
eles.
– Aconteceu um pequeno imprevisto – disse esbaforida. – O padre
Olavo teve uma pequena indisposição e não poderá celebrar o casamento.
– Mas temos padre? – O pai de Julie perguntou nervoso.
– Sim, o novo Pároco chegou ontem à cidade. Ele celebrará o
casamento. – Era sabido de todos que Padre Olavo estava se aposentando e
que o seu substituto chegaria nos próximos dias para assumir aquela
congregação. O casamento de Julie e Kyle seria a última celebração do padre
que casou seus avós, pais e a batizou. Seria.
As portas se abriram, ela caminhou sorridente, de braços com o pai.
Olhava para os convidados, evitava olhar para o altar, ainda não havia
perdoado Kyle. Somente quando ele se aproximou para terminar de conduzi-
la que ela o encarou.
– Te amo – ele sussurrou beijando sua mão. Ela sorriu para ele,
voltando sua atenção para o altar onde um padre , vestido com batina e uma
estola Sacerdotal, os aguardava. Julie percorreu a roupa do rabino prestando
atenção nos detalhes dourados da estola, depois notou o queixo quadrado, a
boca carnuda, o nariz perfeito e os olhos... azuis que a observavam com o
mesmo interesse. Ela engoliu em seco.
– Padre Miguel, foi uma belíssima cerimônia, levou-me às lágrimas. –
Estavam nos jardins da Casa do Lago, os noivos circulavam entre os
convidados na companhia da dona da casa.
– Obrigado – o padre respondeu com educação à velha anfitriã, mas
sua atenção estava na noiva que a acompanhava.
– Muito bonito o seu terno – Kyle comentou.
– Tive ajuda na escolha – falou com um sorriso que fez Julie
estremecer.
– Aproveite a festa – o noivo completou, batendo com a mão, em um
gesto cordial, no ombro do padre antes de se afastar de braços dados com a
avó de Julie. Ela, levantou a barra do vestido, baixou os olhos para não
encontrar os dele e apressou-se para não ficar para trás. Mas quando passou
por ele sentiu os dedos longos do padre segurarem seu braço.
– Onde? – ele sussurrou ao seu ouvido.
Ela o olhou nos olhos e depois lançou um olhar para a casa de
barcos...
Eu e o duque

Ele sugava meu seio com voracidade enquanto seu membro era
projetado com força dentro do meu corpo, abrindo meu sexo com sua
espessura, saciando minha fome com sua extensão.
– Milady, se me permite a ousadia – murmurou mexendo seu pênis
mais devagar. – És deliciosa.
– Canalha – pensei, sentindo meu corpo responder aquela provocação e
se contrair em torno do grosso falo que me preenchia.

A ideia de passear até a cachoeira da Perdição me pareceu encantadora.


Contrariando os bons costumes, a fiz sozinha, sem a presença de uma aia ou
de Lorde Berton, que preferiu a companhia das cartas. Respirei o ar morno da
estação primaveril. A tarde estava excepcionalmente quente para aquela
época do ano. O barulho da queda d'água me guiava para longe do salão,
onde as damas mais velhas bebiam seus chás e trocavam conversas
entediantes sobre a nova temporada de bailes , enquanto as jovens
cochichavam futilidades, decidindo qual seria a cor da estação e a quem
dariam a honra da primeira dança. Aqueles assuntos me aborreciam. Não era
velha o suficiente para ser uma casamenteira, nem jovem o bastante para
disputar o par para as festas que se aproximavam. Estava no limbo.
Destinada a solteirice. Não que isso me aborrecesse, já fui casada. Por um
curto período, um casamento arranjado por meu pai, um jogador endividado
que apostou a filha em uma corrida de cavalos. Perdeu a corrida, a aposta e a
filha. Fui desposada pelo octagenário Lorde Windsor, que morreu antes de
consumar o casamento. Uma tragédia, para alguns. Um alívio, para mim. Por
esse motivo, enquanto todos me consideravam em estado de viuvez, eu me
classificava em "eterna solteirice". Essa situação me deu a paz que eu tanto
almejava, não era mais cortejada, não estava mais a mercê das sandices do
meu pai, agora era respeitada e com uma situação financeira confortável.

A brisa fresca, trazida pelo movimento da água me fez suspirar. Não


era a primeira vez que visitava a Propriedade dos Palmer, já havia percorrido
aquele caminho quando menina, ao lado da doce Carmela. Olhei para a
cachoeira e me perguntei porque alguém colocaria o nome daquele lugar de
Perdição. Não precisei esperar pela resposta, ela caminhava em minha
direção. O Duque de Moore, que banhava-se nu na cachoeira.
– Não tens vergonha de se mostrar assim diante de uma dama ? –
indaguei ruborizando e dando-lhe as costas.
– Assim como, Lady Windsor? – perguntou atrevido.
– Como veio ao mundo – respondi com indignação. Como ousava?
Aquela hora do dia? E na propriedade da sua futura esposa, lady Carmela. A
casa repleta de convidados, que o aguardavam para o pedido oficial da mão
da filha mais velha do nobre marquês de Palmer.
O que faltava em atributos físicos à querida Carmela, sobrava-lhe em
fortuna. Era sabido de todos, que o duque havia se comprometido com minha
amiga para saldar uma divida de jogo. O que me fez odiá-lo, antes mesmo de
conhecê-lo. Carmela merecia um casamento por amor e não ser mercadoria
de barganha. Assim como eu fui.
– A dama nunca viu um homem nu? – A pergunta foi soprada ao meu
ouvido, denunciando a sua proximidade. – Por acaso não foi casada?
–Meu marido me respeitava. – Ele deu uma gargalhada. Já havia me
encontrado com o duque de Moore em outras ocasiões, mas nunca fomos
apresentados. O que me causava espanto, o fato dele saber quem sou.
– Lorde Windsor era um notório frequentador das casas de má fama –
disse posicionando-se a minha frente. Engoli em seco diante da imagem do
corpo musculoso e bronzeado. – Duvido que tenha sido respeitoso com a
dama.
– Ele nunca ficou nu a minha frente – fixei meus olhos em seu rosto,
seus olhar era intimidante, ele se divertia com o meu constrangimento. O
cabelo molhado caia na sua face, uma gota de água deslizou pelo seu
pescoço, imaginei o caminho que ela faria e mordi os lábios.
– Seu falso pudor me excita, milady – sua voz foi sussurrada.
– Eu não estou mentindo.
– Não? – repetiu intrigado. – Que canalha, desfrutou do prazer do seu
corpo, sem proporcionar-lhe o mesmo. – Fiquei confusa com aquele
comentário, pensei em perguntar o que significava, mas me acovardei diante
da intimidade que o assunto poderia suscitar. –Precisamos corrigir isso –
disse sedutor.
– A única coisa que precisa ser corrigida aqui é a sua falta de pudor,
milorde – falei encarando-o. O Duque pareceu se divertir com a minha
indignação, eu estava prestes a me retirar quando ele tocou o meu queixo
com a ponta dos dedos. Seus lábios se aproximaram.
– O que pretende? – perguntei, me sentindo afrontada com aquela
ousadia.
– Beijá-la, – respondeu descarado. – Entre outras coisas – concluiu
roubando-me o ar. Seus lábios macios, experientes, devassos roubaram-me
qualquer disposição de reação. Sua língua, intrusa, invadiu a minha boca,
capturando a minha sanidade. Nossos corpos não se tocavam, ele segurou a
minha mão num gesto inocente e a levou até uma parte do seu corpo que
pulsava. Tentei recuar – Me toque, veja o poder que você exerce sobre mim –
murmurou entre meus lábios.
Eu toquei. Num instinto, o envolvi em minha mão e o massageei, ele
soltou um gemido rouco. Parou de me beijar apenas para olhar a minha
ousadia.
– Ele quer seus lábios, Milady – implorou. – Clama por um beijo seu.
– Isso seria inapropriado – contestei ofegante enquanto a mão do lorde
se juntava a minha acelerando meus movimentos , uma gota de um líquido
espesso e transparente surgiu no pequeno rasgo da ponta rosada. O duque
voltou a me beijar, seus lábios passearam pela minha face, pescoço, ombros.
Suas mãos, ágeis, desabotoaram o meu vestido, soltaram os laços do meu
espartilho e liberaram meus seios.
– Isso é um crime – disse beijando a pele vermelha marcada pelo
apertado da peça. Sua língua contornou o meu mamilo antes de sua boca
sugá-lo com gana. Ele terminou de me despir e deitou o meu corpo sobre a
roupa espalhada na relva. De joelhos, tocou com a ponta dos dedos minha
parte mais íntima, enquanto deitava e descansava a cabeça entre a minha
coxas.
– O que está fazendo? – perguntei sentindo todo o meu corpo
estremecer quando sua língua profanou o meu sexo, abrindo meus outros
lábios, lambendo-os, sugando o meu ponto rígido, inchado.
– Provando-a, Lady Windsor. – respondeu provocante. – Faça o
mesmo, sinta o meu gosto. – Ao alcance da minha boca, seu pênis duro,
pulsante. Minha língua contornou sua glande e a abocanhou, sugando-a
lentamente. Ouvi a respiração entrecortada do Duque. Levei-o até a garganta,
ele soltou um grunhido. Voltei lambendo-o e chupando-o com força.
–Isso, chupa, mais forte... – eu o devorei. Um gosto almiscarado
chegou ao meu paladar. – Para – ele ordenou. – Eu quero gozar entre as suas
pernas...
Seu membro mergulhou em meu corpo, penetrando fundo, rompendo
minha virgindade. Ele parou e me olhou nos olhos, comum sorriso malicioso.
– Virgem... – murmurou tomando meus lábios em um beijo ardente.
Seus movimentos foram mais contidos, suaves. Mas por pouco tempo. A
virilidade do Duque de Moore falou mais alto e ele mostrou toda a sua
devassidão, metendo seu membro com força. Pronunciando indecências
enquanto me transformava em sua amante.
– Não permitirei que nenhum outro a possua, Lady Windsor. Somente
eu poderei fazer isso – seu quadril se projetou para frente, me preenchendo
completamente. Meu sexo se contraiu, saboreando-o. "São Sete Horas" e ele
gozou dentro do meu corpo.
– Louise, acorda! Vai se atrasar, filha!
– O quê? – sentei ofegante, entre as minhas pernas o lençol embolado.
– São sete horas, deixei o café pronto. Tenho consulta com o
cardiologista e depois vou visitar sua tia que está atacada da labirintite.
– Tá bom, mãe! – respondi desanimada.
– Deixei a conta da luz na porta da geladeira, ela venceu semana
passada, vê se não esquece de pagar ou vão cortar. Ah, e se passar no
mercado, compra papel higiênico. Coloquei o último rolo no banheiro –
gritou do corredor.
– Droga! – esbravejei caindo desanimada sobre os travesseiros, me
virei para olhar as horas no celular que descansava sobre o criado mudo em
cima de um livro de Julia Queen.
Conversa Formal

Ele a tocou com a ponta do polegar. Apertou seu clitóris com força,
não era dor, era algo intenso, enlouquecedor. Movimentos circulares, brutos,
molhados pela sua excitação. A pele áspera de quem trabalha com as mãos
invadiram seu sexo e a fizeram gemer de prazer.
Ele sorriu com o canto dos lábios, ela não viu, tinha os seus semi -
cerrados. Seu membro pulsava duro dentro da calça jeans apertada, precisava
liberá-lo e metê-lo para dentro do corpo dela. Mordeu seu seio sobre o tecido
da camisa branca deixando-a molhada, o rosado do mamilo surgiu para
provocá-lo, ele abriu um único botão e liberou-o para abocanhá-lo e chupá-lo
com força. Seus dedos foram mais fundo. Ela se projetou para cima,
insatisfeita, queria mais. Ele daria mais. Olhou para ela com luxúria e se
afastou.
Ela tirou a calcinha, enquanto ele abria o fecho da calça e liberava um
pênis duro, longo e grosso. Provocante, ele o massageou, até que uma gota
surgisse no pequeno rasgo da ponta arredondada. Ela mordeu os lábios
enquanto levantava a saia, um sexo depilado e inchado, pulsava por ele. Ele
sentou em uma cadeira de ferro com o encosto rasgado. O cheiro de graxa
dominava o lugar. Ela desceu do capo do carro e caminhou até ele. Quantos
anos tinha? Mais de trinta, certamente. Ela terminou de abrir os botões da
camisa, envolveu as coxas dele com as suas pernas.
Ele colocou uma das mãos em seu quadril e a fez sentar, lentamente,
em seu colo, enquanto segurava o membro. Sentiu seus lábios o envolverem,
sentiu a umidade do seu corpo lambuzá-lo e o pulsar do seu sexo sugá-lo. Ele
puxou o sutiã de renda para baixo e sua língua lambeu a pele arrepiada, antes
de chupar seus seios com voracidade. A barba arranhava a pele branca, suas
mãos sujas de graxa apertavam sua maciez. – Ficará roxo, pensou – enquanto
castigava os seios da mulher de roupas caras e olhar arrogante. A recatada
senhora Foster, mexia o quadril em uma dança erótica, devorando-o.
Ela gritou de prazer quando sentiu o dedo áspero voltar a tocar o seu
clitóris. Seu sexo se contraiu e uma onda intensa de prazer a vez perder o
equilíbrio. – Gostosa – ouviu ser sussurrado e um arrepio percorreu o seu
corpo deixando seus mamilos doloridos.
Ele a puxou para baixo com força e a fez mexer até que ambos
gozassem.
Ela levantou-se constrangida, baixou a saia e procurou a calcinha.
Onde estava com a cabeça? Como deixou aquilo acontecer? Sentia o sémen,
do homem que nem sabia o nome, lambuzar as suas coxas.
Ele permaneceu sentado, o membro caído para o lado, semi ereto,
pulsante. Colocou as mãos para trás da cabeça, projetando seu quadril para
cima de forma a mostrar que se ela quisesse poderia ter mais.
Ela olhou para ele, alisando a saia, segurava a calcinha escondida entre
os dedos. Lembrou da conversa que teve com o marido, durante o café da
manhã. O pedido para receber bem o novo motorista, pois o último havia
abandonado o emprego por causa do seu mal humor. Contestou o marido,
dizendo que Robert era um preguiçoso. Ela foi até a garagem, onde os Foster
exibiam uma coleção de carros de luxo, para passar pessoalmente os horários
da família, para que , dessa vez, não acontecesse atrasos. Encontrou o rapaz
deitado embaixo de uma das SUV, sem camisa e todo sujo de graxa. Não
esperava que o marido contratasse alguém tão jovem. Não esperava que a
conversa formal terminasse daquele jeito.
– Espero que isso fique entre nós. – Ela falou olhando nos olhos dele.
Ele sorriu e começou a massagear o pênis, sem responder. Ela engoliu em
seco. Ele levantou-se, caminhando até ela. Virou-a de costas com violência.
Ela se equilibrou no capô do modelo esportivo preferido do marido.
– Será o nosso segredo – ouviu antes de sentir seu pênis a penetrar com
força mais uma vez.
Para sempre

– Tenente Young... – Não consegui me mover, meu corpo não me


obedecia, meus músculos pareciam feitos de pedra, minha mente era um
turbilhão de imagens passando em retrospectiva. Homens armados, a boca
de uma mulher tocando meus lábios, uma pancada na cabeça, um parque de
diversões. Efeito colateral da Passagem, a Passagem... Isso significava
que... Elena…

44 horas para a Passagem.

As coordenadas me levaram a um parque de diversões à beira mar. Era


a primeira vez que via um em funcionamento. De onde eu vim, lugares como
estes não passam de escombros. Por um instante esqueci do motivo que me
levara até ali e fiquei admirando um mundo que não existia mais.
– Elena – uma voz de criança a chamou. Eu me virei procurando pela
dona daquele nome. Pessoas caminhavam sem proteção, expostas aos perigos
bacterianos e virais da atmosfera. – Posso andar no carrossel? – a voz da
menina voltou a chamar minha atenção. Procurei-a com o olhar. Não fazia
ideia de como era, mas a imaginava alta, com aspecto severo, forte,
autoritária e cruel. Não havia registros que comprovassem que a estátua
esculpida 100 anos depois da sua morte fosse uma cópia fiel da realidade.
Erguida na praça central de Ingwon, em bronze, Elena Navsegda, a líder dos
Andarilhos, a progenitora do primeiro governante da Era Pós Controle,
segurava uma bebê em um dos braços, enquanto o outro, levantava a mão
fechada em punho, símbolo daqueles que se rebelaram contra a Aliança. A
força daquela mulher inspirou multidões e trouxe o caos.
– Deve haver um engano – pensei quando vi a garota que se
aproximava da menina. Vinte solstícios de verão, talvez. Frágil, quebraria o
seu pescoço com uma mão. Fácil demais. Olhei para os números tatuados em
meu pulso, analisei as coordenadas retiradas da página de um antigo livro,
saqueado da biblioteca de Jednakost. A história do início do Levante
descrevia aquele lugar. O lugar onde Elena travaria a sua primeira batalha
contra a Aliança.
– Claro, querida! – a garota com o corpo magro coberto por um tecido
fino, com desenhos coloridos, respondeu com um sorriso nos lábios,
enquanto segurava a mão da menina e caminhava em direção a um brinquedo
que girava ao som de uma música repetitiva. Deve haver um erro nos
cálculos, ela não pode ser o alvo. Ela não é uma guerreira.

– É preciso reestabelecer a ordem e para isso devemos eliminar o


inimigo antes mesmo que ele seja concebido.
– O Pacificador? – perguntei enquanto caminhávamos pelas
montanhas geladas de Religio.
– Não, se eliminarmos o Pacificador, ainda teremos a linhagem
Navsegda – olhei confuso para o Líder da Resistência, Coronel Tanasara.
Ele colocou a mão sobre o meu ombro e me encarou.
– Você é o meu melhor guerreiro, tenente Young. Por isso foi
escolhido para essa missão.
– É uma honra, Senhor!
– Você é da Coreia? – duas garotas, com cabelos coloridos, me
interromperam enquanto observava, protegido pela multidão, a interação da
suposta Elena Navsegda com um grupo de crianças. Precisava ter certeza da
sua identidade, não poderia cometer um erro e colocar em risco a missão.
– Coreia? – O que significava aquilo?
– Os seus olhos, o cabelo liso, preto, você é alguém famoso que veio
pra Convenção? – a garota de cabelo laranja continuou divagando, agora aos
gritos, chamando a atenção dos passantes. – Já sei! Você é da banda K Pop? –
perguntou dando pulinhos e batendo palmas.
– Ele é muito velho pra ser – a de cabelos azuis chamou a sua atenção,
eu olhei em direção ao brinquedo onde Elena continuava atenta às crianças
que giravam sentadas em estátuas coloridas que se assemelhavam a cavalos.
– Talvez seja o empresário deles, com esse terno preto. – Observei a minha
roupa, as pesquisas mostraram que aquele traje era comum naquele período
histórico, mas já havia percebido que não condizia com a realidade. Onde
estávamos ninguém usava aquela vestimenta.
– Não! – esbravejei impaciente. – Desapareçam daqui! – ordenei com
exagerada grosseria.
– Não precisa ser tão babaca – as duas resmungaram ao mesmo tempo,
não entendi o que aquilo significava, mas pelo menos consegui afastá-las.
A ordem era eliminar o alvo sem chamar atenção. Imaginei que
encontraria um campo de batalha, que facilmente me infiltraria e mataria
Elena Navsegda. Mas não havia embate, não havia luta, guerra, nem mesmo
tinha certeza que a garota que dava gargalhadas na companhia de pequenos
era o meu alvo.

– A Passagem nunca foi testada em uma viagem temporal tão extensa. Você
foi informado dos riscos?
– Sim, Senhor! – Demência, amnésia ou morte, era o que ocorria em
80% dos casos. Sendo que o pulo máximo, até hoje realizado, foi de 50 anos.
Eu viajaria 300.
– Você terá quarenta e oito horas para a missão, tenente Young, nem
um minuto a mais. Passado esse tempo, seu retorno será iniciado, uma vez
que a projeção da falha temporal se desfaz.
– Será suficiente, Senhor.
– Excelente – concluiu satisfeito caminhando em direção à entrada da
base subterrânea. A neve havia dado uma trégua, olhei para o horizonte
antes de segui-lo e respirei fundo, sentindo o ar gelado em meus pulmões.
Sabia que era uma missão suicida. – Você despertará no ano de 2019, o ano
que Yuri Navsegda foi concebido. Ela poderá estar grávida.
– Grávida? – perguntei voltando a acompanhar o Coronel.
– Você está indo para uma época onde a concepção e a gestação
ainda aconteciam de forma natural, a mulher levava o feto em seu próprio
corpo. – Aquela ideia era repulsiva.

De repente algo tirou a atenção de Elena do brinquedo que girava, ela


correu em direção a uma multidão que se aglomerava em torno do "algo".
Caminhei a passos largos, seguindo-a. Talvez fosse a oportunidade que
esperava. Ela afastou as pessoas, empurrando-as, até chegar no centro do
tumulto, onde um grupo de homens, seis ou sete, chutavam com violência um
garoto.
– Veadinho, teu pai não soube te educar? A gente educa. Vai virar
homem na porrada! – esbravejavam, eufóricos.
– Parem! – Elena gritou avançando sobre eles. Um empurrão e foi
lançada ao chão. Aos meus pés. Ela olhou para o grupo que agora a
observava às gargalhadas.
– Querendo bancar a corajosa, é? – disse um dos agressores que se
aproximou com as mãos fechadas em punho. – No mínimo é dessas
feministinhas que não tiveram um homem para apagar o fogo. – Ela
levantou-se sem tirar os olhos do grupo, em especial daquele que a
ameaçava. Caminhou até ele e parou na sua frente empinando o queixo para
olhá-lo nos olhos.
– Eu não tenho medo de homens como você! – Ele riu com ironia.
Elena também sorriu e aumentou o tom da voz. A população que assistia a
tudo passível, começou a se agitar.
– Pois acho bom começar a ter... – o homem voltou a ameaçá-la. – vai
levar porrada de graça por proteger aquela aberração. Pessoas como vocês se
acham, mas não passam de fracos e logo serão descartados da sociedade.
Vocês não tem força contra a Aliança, nós somos o governo.
– Pois você está enganado. Enquanto o teu preconceito, a tua
intolerância te enfraquece, eu me fortaleço, me fortaleço no meu amor pelo
outro, amor que me impele à luta. – Naquele momento tive certeza que
estava diante de Elena Navsegda.
– Que outro? – perguntou apontando para as pessoas que os rodeavam,
pessoas comuns, fracas. Sem nenhum preparo para enfrentar aqueles
homens.
– Eu não estou sozinha – Ela deu um passo a frente. – Sempre haverá
alguém para lutar ao meu lado... – Um silêncio inquietante se fez até que uma
voz se ouviu, quase um sussurro.
– Eu – murmurou o garoto com a boca ensanguentada, vitima da
agressão. Com dificuldade, ele levantou-se e caminhou até ela. Os homens
riram alto.
– Eu – uma mulher idosa se posicionou do outro lado.
– Eu – uma garota negra segurando a mão de uma criança juntou-se ao
grupo.
– Esse é o seu exército? – o líder dos agressores perguntou com
deboche.
– Eu, eu, eu, eu ... – em segundos Elena foi rodeado por dezenas de
pessoas.
– O que é isso? Um Levante? – falou as gargalhadas. Em segundos
todos no parque cercaram aqueles homens e aos empurrões os expulsaram do
lugar.
– Sozinhos somos apenas um lamento. Juntos, ganhamos voz e essa
voz grita, exige, clama por justiça. Chega dos desmandes desse governo
autoritário. – As palavras de Elena Navsegda ecoariam pela eternidade,
rompendo a barreira do tempo, seriam ouvidas em outras épocas, repetidas à
exaustão pelos seus seguidores. Eu precisava agir rápido e impedi-la que
continuasse. Em cima de uma caixa de madeira, para ser vista por todos, a
progenitora do pacificador mudaria a história da humanidade. – Somos
muitos, somos filhos, somos irmãos, somos pais, mães. Somos a mulher que
esconde o hematoma. A criança que não voltou da escola, somos a menina
que foi condenada pela roupa, somos o amigo que foi espancado por amar –
sua voz embargou e ela procurou alguém na multidão. – Simplesmente por
amar. – Elena estendeu a mão para o homem que havia sido agredido e ele a
segurou com firmeza. – Não podemos mais ser apenas observadores. Essa
luta não é do outro, essa luta é nossa.
Diferente do que estava descrito nos livros da Aliança, não houve luta
corporal, sangue derramado. Elena liderou uma multidão pacificamente com
a força das suas palavras. Caminhei em sua direção, ela estava de costas para
mim. Minhas mãos seriam a minha arma, estava a um passo de mudar a
história. De transformar o mundo em um lugar controlado pela Aliança. Mas
algo me impediu, um tumulto, gritos, uma dor dilacerante e tudo escureceu.

24 horas para a Passagem.

Tentei abrir os olhos, estava tonto.


– Não se mexa. Você levou uma pancada na cabeça. – Aquela voz... –
novamente a escuridão.

16 horas para a Passagem.

– Você descobriu quem é ele? – uma voz masculina perguntou.


– Está sem documentos.
– É perigoso deixá-lo aqui, Elena – abri os olhos e procurei o alvo.
Tentei levantar, mas uma tontura me impediu.
– Eu só estou viva porque ele estava lá. – Olhei em volta. Tudo era
branco. Uma janela aberta me mostrava o céu azul e copas de árvores. – E
quem estava lá, está do nosso lado.
– Você tem razão. Mas depois de hoje todo o cuidado é pouco. – As
vozes foram desaparecendo, até o completo silêncio. Tentei levantar. Não
consegui, sentia-me exausto e adormeci.

11 horas para a Passagem.

Sentei na cama. Estou coberto por um tecido branco, uso apenas a


calça, o restante da vestimenta desapareceu.
– Olá, estranho – ela entrou sorridente no quarto, sentando ao meu
lado. – Sente-se melhor? – não respondi, ponderei se devia matá-la agora ou
esperar. – Fala a minha língua? – Ela perguntou fazendo um trejeito com os
olhos. Eu a examino, os lábios são grossos, a sobrancelha espessa, o cabelo
em desalinho estava levemente úmido. Ela trocou o vestido colorido por um
traje branco, tentei lembrar como os habitantes daquela época chamavam
aquela roupa, minha cabeça dói. Levei a mão até ela e senti um tecido
cobrindo o meu cabelo.
– O que aconteceu? – perguntei sem entender porque, simplesmente,
não cumpria a minha missão.
– Você levou uma pancada na cabeça com um taco de beisebol, eu era
o alvo, mas você estava no caminho. – Ela tocou minha testa com a ponta dos
dedos. Um perfume doce invadiu o ar. Instintivamente, aproximei o meu
nariz do seu pescoço e respirei fundo. Ela se retraiu. – O que foi isso? –
questionou me olhando com desconfiança.
– Seu cheiro – falei olhando para a sua pele, ela estava arrepiada, mas
não fazia frio. – Eu nunca senti nada igual.
– É um perfume de rosas – respondeu franzindo a testa. – Ok,
estranho. Acho que a pancada causou mais danos que eu imaginava – disse
levantando-se e caminhando até a porta. – Vou fazer algo para você comer. –
Antes de sair voltou a me olhar. – Ahhh... e obrigada.
– Por quê? – perguntei sem entender aquele agradecimento.
– Você salvou a minha vida – Aquelas palavras apunhalaram a minha
mente. Como eu poderia ter salvo Elena Navsegda? Isso era impossível, a
morte dela acontecerá daqui a cinquenta anos. Isso se eu falhar na minha
missão. Então o que aquilo significava?
Tentei levantar e sair da cama. Escorei as mãos na parede e caminhei
cambaleando até o outro cômodo. Ela não estava sozinha.
– Como assim procurada? – perguntou com as mãos na cintura
caminhando de um lado a outro. O rapaz mostrou um objeto retangular preto
que parecia uma placa. Elena olhou com interesse. – GRUPO DE
TERRORISTA CAUSA PÂNICO EM PARQUE DE DIVERSÕES
DEIXANDO VÁRIOS FERIDOS – ela diz em voz alta como se lesse
naquele aparelho. – Meu Deus, Erick. De onde tiraram essa história?
– Eles distorceram os fatos, Elena. Aí diz que você é a líder de uma
facção terrorista que quer derrubar o governo. – Ela dá uma gargalhada
nervosa.
– Eu? Líder? Eu sou uma professora do primário. Meu Deus!
– Mas você conseguiu mobilizar aquele pessoal do parque. Não pode
negar isso.
– Eles estavam espancando aquele garoto. Eu não podia ficar calada.
– Eu sei, mas é melhor você ficar por aqui – a voz do homem negro de
cabelos cortados rentes a cabeça era de preocupação. – Alguém conhece esse
lugar?
– É o sítio do avô do Carlos, ele achou melhor trazer o estranho para
cá.
– Vamos manter esse lugar em segredo. Fique aqui até as coisas
acalmarem – o rapaz aconselhou aproximando-se dela. Elena o abraçou. – E
se as coisas ficarem perigosas... – Ele começou a falar.
– Nós não vamos mais nos esconder, chega de fugir a nossa
responsabilidade. – Elena encarou o rapaz, ele a olhou surpreso. – Chame os
outros. Vamos nos organizar.
Não ouvi o restante da conversa, já sabia o que precisava. Voltei para o
quarto antes que eles percebessem a minha presença. Os planos haviam
mudado, ela estava chamando os principais lideres do Levante para uma
reunião. Eu não eliminaria apenas Elena Navsegda, eliminaria a todos.
Eliminaria qualquer possibilidade de Rebelião contra a Aliança.
09 horas para a Passagem.

Ela demorou a retornar. Quando o fez, trazia uma vasilha com algo
fumegante. O cheiro fez meu estômago resmungar de fome.
– Sopa – falou sentando-se ao meu lado. Escorei meu corpo nos
travesseiros forrados com um tecido macio e branco, tão diferente do material
áspero e duro dos Campos de treinamento da Resistência. – Espero que goste,
estamos longe da cidade para buscar mantimentos, Carlos virá mais tarde
abastecer a despensa. – Provei o caldo grosso que me era oferecido. Ele
desceu quente pela minha garganta. Saboroso pensei, mas não disse. – Nossa,
você está faminto ! – Só então percebi que havia bebido o caldo, esquecendo
a colher. – Vou buscar mais, disse levantando-se e pegando a tigela da minha
mão. – Se quiser tomar um banho, o banheiro fica no fim do corredor, tem
toalha lá.
Eu sabia o que era banho, mas não fazia ideia do que era banheiro. O
aparato de banho era diferente dos que usamos no futuro, nos banhávamos
com um jato de vapor. A água era reservada apenas para as necessidades
fisiológicas do corpo.
A dor na cabeça havia sido substituída por uma sensação de torpor.
Sequei meu corpo com o pano que estava pendurado em uma parede e
caminhei até o quarto. Elena estava lá, com a tigela de sopa na mão. Ela
parou na minha frente e me olhou confusa.
– Algum problema? – perguntei.
– Você deveria se cobrir... – disse engolindo em seco. Olhei para o
meu corpo e não entendi que problema poderia haver em não estar usando
minhas vestimentas. Caminhei até ela, sua respiração estava alterada. Franzi a
testa enquanto examinava suas reações. O peito subia e descia, a ponta dos
seus seios estavam enrijecidas, deixando-as transparecer no tecido fino que a
cobria. Sua pele arrepiou quando toquei seus dedos para pegar a tigela de
sopa, que foi bebida em um único gole e descartada sobre um móvel ao lado
da cama. – eu vou procurar algo para você vestir. Falou dando as costas.
– Espera – disse segurando o seu braço, ela estremeceu e se virou
lentamente. – Por que me ajuda?
– Eu já disse, você salvou a minha vida.
– Eu não entendo – repeti pensativo. Aquele era um passado
alternativo, eu acabará de mudar o futuro, já que impedi sua morte, mas
como? Se ela morreria décadas depois?
– Você me puxou pelos ombros no momento que o agressor desferia
um golpe com um taco de beisebol contra a minha cabeça, que acabou
atingindo você.
– E quem era esse agressor?
– Não sei... começou uma confusão, a tropa de choque chegou e
dispersou a multidão com suas bombas de gás lacrimogêneo. Você perdeu a
consciência, Carlos me ajudou e trouxemos você para cá. Você poderia se
vestir – disse tentando desvencilhar o braço do meu toque.
– O que há de errado com o meu corpo? – quis saber, porque aquela
repulsa?
– Errado? – ela disse com ironia e depois olhou para mim de cima a
baixo. – Esse é o problema. Não há nada de errado com o seu corpo – a pele
do seu rosto ficou rosada, ela mordeu o lábio inferior, seus dedos tocaram o
meu peito e seu corpo se aproximou do meu. Senti a leveza das suas vestes
roçarem na minha pele. Eu ainda segurava seu pulso, Elena ficou na ponta
dos pés e tocou os meus lábios com os seus. Sua respiração se misturou a
minha, sua língua me acariciou e invadiu a minha boca, instintivamente eu a
acariciei com a minha, meu coração disparou, me senti febril. Mas o que me
assustou foi o que aconteceu com o meu pênis. Ele começou a pulsar e a ficar
rígido, aumentando significadamente de tamanho... eu a afastei.
– O que significa isso? – perguntei ofegante, tentando controlar os
impulsos provocados por aquele gesto primitivo.
– Desculpa, eu... eu pensei, eu ... foi mal... – ela deu as costas e saiu
quase correndo do quarto. Tentei tocar meu membro, segurando-o com força
para que voltasse ao normal, mas a sensação de prazer aumentou. O que era
aquilo? De onde vim, nos campos de despatriados, controlados pela Aliança,
não havia qualquer contato entre os humanos, a reprodução era artificial e
planejada para atender a demanda organizacional da Sociedade. Um
escaneamento genético dizia qual os doadores eram compatíveis para formar
cientistas, soldados, líderes, estrategistas. Da concepção ao desenvolvimento
do embrião se dava em laboratórios. Nunca vi um homem tocar um mulher,
aquilo era inconcebível em minha época, a Aliança punia severamente os
infratores. E agora eu entendia o porquê. O meu descontrole diante da
situação demonstrava o quanto aquilo era perigoso e poderia enfraquecer um
homem, rebaixando-o a condição de um animal, que age por instinto. Voltei
ao banheiro, liguei o aparato e deixei a água gelada agir, mas a lembrança do
toque de Elena só faz o meu membro pulsar mais forte. Saí do banho sem me
secar, ela estava no corredor, segurava algumas vestimentas. Precisava
cumprir a minha missão, antes que fosse tarde demais. Caminhei decidido até
ela, mas quando me aproximei de seu corpo, enfraqueci e acabei cedendo a
uma força maior que a razão.
– Faça isso parar – murmurei ofegante. Ela segurou a minha mão e me
conduziu até o quarto. Parou ao lado da cama, me olhou nos olhos enquanto
seus lábios acariciavam meu peito descendo pelo meu abdômen, sua mão
tocou o meu pênis. Elena se ajoelhou a minha frente . Seus lábios envolveram
a ponta do meu membro e a sugou, um barulho grotesco escapou da minha
boca. Senti uma onda de calor tomar conta do meu corpo. Ela me engole, sua
língua passeia pela minha pele rosada, antes enrugada, agora lisa, esticada.
Sou sugado com voracidade até perder totalmente o controle e jorrar entre
seus lábios. Gritei como uma fera, um turbilhão de sentimentos me
atordoaram, enquanto meu corpo se delicia com a luxúria do prazer.
– Você vem? – Ela perguntou caminhando até a porta, demorei a
atender o convite, tentando me recuperar daquele momento insano. Não
cheguei a ponderar se queria ir ou não, pois sabia a resposta. Caminhei até ela
que entrelaçou seus dedos aos meus. No banheiro, ela se despiu, olhei para a
sua nudez embriagado. Já estava duro, mas dessa vez não senti insegurança,
mas desejo de conhecer mais sobre aquele comportamento primitivo. Ela
ficou de costas, a água passeava pelo seu corpo. Segurou a minha mão e a faz
deslizar pela sua pele, levando-a para abaixo do seu ventre. Entre suas pernas,
meus dedos sentiram a maciez da sua pelugem, um nódulo rígido que a fez
gemer. Ali, ela me deixou acariciá-la por mais tempo. Depois me empurrou
para uma pequena abertura, meu indicador deslizou para dentro dela. Minha
ereção roçava em sua parte arredondada e macia, eu me esfregava
provocando meu prazer, mordi o seu pescoço, ela me olhou e mordeu o meu
lábio. – Eu quero você dentro de mim... – murmurou rouca. Elena se virou de
frente, suas costas encostaram na parede gelada, sua perna envolveu meu
quadril, me oferecendo sua pequena abertura, olhei para o meu membro
pulsante, como seria entrar em algo tão apertado? Me projetei para frente, ela
me guiou, seu corpo se abriu quente, molhado, delicioso. Instintivamente me
movimentei entrando e saindo, uma, duas, três, ...uma série de vezes,
fazendo-a gemer, sua boca procurou a minha, sua língua me invadiu e eu a
suguei, faminto. Elena me provocava o que havia de mais bruto. A subjugava
aos movimentos do meu quadril, forte. Senti seu corpo se retrair e me apertar.
Gritei de prazer quando o líquido viscoso foi expelido do meu membro em
seu interior.

2 horas para a passagem

Acordei sentindo o seu corpo colado ao meu. Ela me olhava com o


queixo escorado no meu peito. Estávamos na cama, eu a havia penetrado
mais uma vez depois do banheiro, na mesa da cozinha. Depois fomos
vencidos pela exaustão. Estava amanhecendo.
– Quem é você? – perguntou com um sorriso lindo. – Eu não sei nem
seu nome... – Eu a segurei pelos ombros e a virei de costas na cama, me
inclinado sobre ela, toquei seus lábios com os meus, já sabia que aquilo era
um beijo, beijei Elena com voracidade. Sabia que meu tempo era curto e
precisava cumprir minha missão, mas antes a queria uma vez mais. Eu a
penetrei devagar, com movimentos calculados pra proporcionar mais prazer,
suguei seus lábios mordi seu mamilo e chupei seus seios enquanto meu
membro era massageado pelo interior do seu corpo.
– Eu ficaria aqui para sempre... – murmurei fincando mais fundo. Ela
gemeu baixinho.
– Navsegda...
– O quê? – perguntei excitado mexendo provocante, sentindo sua
umidade me envolver.
– Navsegda ... – ela repetiu me olhando nos olhos.
– É o seu nome? –perguntei mordendo seu lábio. De repente me dei
conta que estava dentro de Elena Navsegda, a maior líder já conhecida na
história da humanidade.
– Não – disse com um sorriso inebriante. Por um instante fiquei
confuso. – Navsegda é "para sempre" em russo.
– Navsegda – repeti espalhando meu gozo dentro dela.
– Navsegda – ela gemeu enquanto seu corpo estremecia em êxtase.

– Meu avós eram ucranianos, meu nome é Elena Salenko – disse me


entregando uma vasilha com algo fumegante que não era sopa. Ela percebeu
que eu olhava curioso para o líquido escuro. – Café. – disse divertida. –
Quem é você? – Antes que eu inventasse uma mentira, alguém bateu na porta
com socos.
– Elena!
– O que foi Carlos? – ela perguntou quando ele entrou.
– Eles estão vindo, o exército. Até helicópteros colocaram para
vasculhar a área. Temos que sair daqui o mais rápido possível!
– Mas por quê?
– Você não viu os noticiários? Estourou, Elena. O Levante. As pessoas
não estão mais aceitando os desmandos do governo, tem manifestações em
todos os cantos do planeta. Não só aqui. O vídeo com você enfrentando
aqueles caras viralizou. Todos querem saber quem é a garota do parque.
– Meu Deus! – ela me lançou um olhar que misturava medo e euforia.
Nesse instante ouvimos um barulho vindo da frente da casa.
– Eles já estão aqui. – Carlos disse espiando pela janela, vamos pelos
fundos, eu conheço esse lugar desde criança, tem uma rota de fuga. Erik nos
espera em uma estrada secundária.
Elena pegou a minha mão, mas eu não me movi. Ela parou e me olhou
nos olhos.
– Eu não vou com você.
– Por quê?
– Vocês só terão chance se eu ficar e atrasá-los.
– Não! – lágrimas brotaram em seus olhos. – Você prometeu que seria
pra sempre.
– E será...
A Negociação

– Eu estou desesperada, não sei como vou pagar as contas, com essa
recessão não vendo nada há meses.
– E o Greg?
– Desde que foi demitido não consegue marcar nem uma entrevista se
quer.
– Não consegue ou não procura?
– Ele manda currículo, Sammy, mas você sabe que o mercado de
trabalho não está fácil.
– Lanna, quando você vai perceber que o teu marido é um vagabundo?
Faz um ano que não trabalha.
– Ele não tem sorte – Lanna sabia que a amiga tinha razão, nos dois
primeiros anos de casada o marido trocou, pelo menos, cinco vezes de
emprego e no último ano, nem isso. Havia brigas, Lanna estava cansada delas
e sabia que não levariam a nada. Mas ela o amava e separação era um assunto
fora de questão. O que ela precisava é de uma venda. Uma única e a comissão
daria para viverem bem por alguns meses e as brigas cessariam e tudo ficaria
bem. Eles poderiam ir viajar, fazer uma segunda lua de mel, talvez. – É
aquela casa – disse apontando para que a amiga estacionasse. – Obrigada
pela carona.
– Quando precisar é só dar um toque. Que horas te pego?
– Não precisa, não quero te incomodar.
– Hoje é domingo, querida. Estou em casa de bobeira, me liga quando
terminar que te pego para comemorarmos a venda.
– Deus te ouça – disse com um suspiro antes de sair do carro. – Eu te
ligo.
– Boa sorte – Sammy gritou quando acelerou o Citroen. Lanna olhou
para a casa onde uma placa de Vende-se enfeitava o jardim. Era uma bela
construção, localizada em um condomínio de luxo no bairro mais caro da
cidade. Se ela conseguisse fechar o negócio, seus problemas estariam
resolvidos. Caso contrário, corriam o risco de serem despejados. Uma ironia,
uma vendedora de casas, sem casa.
Abriu todas as janelas e portas da mansão para deixá-la bem iluminada,
enquanto aguardava o possível comprador. Já havia mostrado a casa para a
esposa e os filhos adolescentes durante a semana, mas quem daria a última
palavra era o marido, que estava em uma viagem de negócios e só
disponibilizava aquele domingo para ver o imóvel.
Já havia passado trinta minutos do horário marcado, Lanna caminhava
nervosa pelos cômodos quando o barulho de um carro estacionando chamou a
sua atenção. Desceu as escadas às pressas, a tempo de ver o homem com
cabelos levemente grisalhos, corpo atlético, terno risca de giz, descer do carro
falando ao celular. Ela sentiu-se patética quando sorriu para ele, que a
ignorou totalmente e entrou na mansão falando ao telefone numa discussão
acirrada. Teve pena da pessoa do outro lado da linha e o considerou um
grosso, petulante e mal educado. Ela o seguia enquanto ele olhava os
cômodos, examinava paredes, aberturas, observava a vista sem parar a
conversa com algum funcionário da sua empresa que deveria ter feito algo e
não fez. Já tinham caminhado por quase toda a casa, quando ele desligou o
smartphone e, finalmente, prestou a atenção nela.
– Agradeço o seu tempo, mas não é o que estou procurando – disse
passando por ela. Lanna ficou em choque com tamanha grosseria. Respirou
fundo e o seguiu.
– Senhor Green, eu poderia convencê-lo que essa casa é exatamente o
que o senhor e sua família precisam – falou pausadamente, tentando não
parecer desesperada. Ele parou e virou-se para ela. Lanna se arrependeu de
sua ousadia, mas agora era tarde. Ele a examinou dos pés a cabeça e depois
lançou-lhe um olhar de desdém.
– Acredite, a senhorita não tem capacidade para isso.
– Senhora – ela o corrigiu. – Eu só peço dez minutos do seu tempo.
– Tem cinco.
– Mas...
– Quatro – Lanna controlou-se para não mandá-lo para aquele lugar,
respirou fundo e pensou na melhor forma de apresentar o imóvel sem perda
de tempo. Teria que improvisar.
– Vamos ver a planta, ela está na sala de jantar. – Ele a seguiu.
Ela abriu o documento sobre a mesa e inclinou-se sobre o móvel
apontando com o dedo os cômodos, explanando rápida e sucintamente sobra
as vantagens de cada um. Ele estava do outro lado, em pé, a observando. Era
loira, óculos com uma armação exageradamente grande, cabelo preso num
coque na nuca, camisa branca e saia preta. Nada atraente. Então porque
estava ali perdendo o seu tempo se não pretendia comprar aquele imóvel?
– O que o senhor acha? – ele a olhou confuso.
– Sobre?
– A possibilidade de construir um heliponto, depois do bosque – ela
pontou no papel – existe uma vasta área que pertence à propriedade.
– Interessante – disse, Lanna ficou satisfeita, mas Ethan Green não se
referia à área apontada por ela, mas a outra coisa que viu. Dois botões da
camisa da corretora haviam se desabotoado expondo parte dos seus belos
seios. Instintivamente, ele fez a volta na mesa retangular e se aproximou dela.
Lanna viu aquele movimento com entusiasmo, ele havia se interessado pela
casa. Continuou falando sobre a área que poderia se transformar em quadra
de tênis, basquete, ou qualquer outra extravagância típica dos ricos.
– Posso? – ela o olhou sem entender o que ele perguntava, quando
percebeu ele colocava as mãos em seu peito e mexia em sua camisa. Só então
notou os botões abertos. Apesar de achar a atitude inapropriada, consentiu.
– Eu pensei ... – murmurou quando viu que Ethan Green havia
desabotoado sua roupa deixando o sutiã de renda branco totalmente exposto.
– Que eu iria fechar? – perguntou acariciando a curva do seu seio,
deixando sua pele arrepiada. – Por que eu faria isso? – o indicador deslizou
pelo tecido rendado e tocou o seu mamilo. – Se isso foi a coisa mais atrativa
que você me mostrou até agora.
– Então encerramos por aqui – falou ofegante, tentando parecer
ofendida, quando na verdade, sentia-se excitada. – Já que não há interesse na
aquisição do imóvel, não vou tomar mais seu tempo.
– Eu não disse isso... tome o tempo que precisar. – A outra mão do
Ethan Green tocou a perna de Lanna, exatamente onde a saia se abria em uma
fenda. Ele a testava, era experiente, se observasse qualquer sinal de repulsa,
pararia. Era um homem atraente e sabia o jogo da sedução, nunca precisou
forçar uma mulher a se entregar. Não seria essa a primeira vez. – Convença-
me.
– Essa casa foi projetada pelo famoso arquitet... – Ela tentou, mas os
dedos ágeis de Ethan invadiram a sua calcinha e abriram os lábios do seu
sexo, fazendo-a ofegar.
– Se desejar, podemos parar agora mesmo com a nossa negociação,
senhorita Miller – ele sussurrou ao seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua
orelha enquanto seus dedos a penetravam.
– Não – disse num fio de voz. – continue. – Se ela não estivesse com
os olhos semicerrados veria o sorriso malicioso de Ethan Green quando ele
abocanhou seu seio e o sugou como se estivesse se alimentando.
– Há quanto tempo é casada? – perguntou mordendo o seu mamilo
enquanto seu dedos iam em vinham lambuzados pela excitação de Lanna.
– Três anos... – murmurou.
– E o seu marido ainda te deixa molhadinha assim? – Droga, ela
pensou quando o seu sexo se contraiu entorno dos dedos dele, deixando claro
que a provocação a excitará. Ele percebeu e a fez sentar na mesa, sobre a
planta da propriedade, com a pernas abertas, tirou do bolsinho do terno uma
camisinha, abriu o fecho da calça, não se despiu, liberou seu membro rosado,
duro e espesso. Vestiu o preservativo. Colocou a calcinha de renda para o
lado e a penetrou, devagar, sentiu as contrações da vagina de Lanna
sugando-o para o seu interior. – Você é deliciosa, Senhora Miller.
Lanna jogou a cabeça para trás espalmou as mãos sobre a mesa,
rasgando o papel que a cobria. Dentro dela o pênis de um homem arrogante
se movimentava num vai e vem enlouquecedor. Ele voltou a chupar seus
seios, lambendo sua pele arrepiada, mordendo a parte rígida, deixando-a
dolorida. As mãos de Ethan seguravam seu quadril, enquanto o pênis dele se
projetava, sentindo toda a luxúria de ser devorado por ela.
Um telefone celular começou a tocar insistentemente.
– Porra! – ele resmungou, diminuiu o movimento, enquanto pegava o
aparelho. Lanna o observou, não acreditou que ele faria aquilo. Mas ele fez.
– Alô – disse olhando nos olhos dela, alguém respondeu do outro lado.
Ethan se inclinou e a beijou suavemente, sem fazer barulho, antes de
continuar a conversa. – Posso sim – Ela podia jurar que ele se divertia. Seu
quadril se projetava para frente e para trás, sem pressa. Seu membro pulsava
duro. Aquilo o excitava. – Sim, meu amor. Eu estou dentro... – sorriu para
Lana e fincou fundo – da casa nesse momento. – Ethan mordeu o pescoço
de Lana enquanto ouvia a mulher que falava sem parar – Hummhumm –
respondeu para a Senhora Green quando lambeu o seio de Lanna. – Tudo
perfeito como você havia mencionado. – ele sugou seu mamilo fazendo, de
propósito, um leve barulho com os lábios. – Eu estou bebendo água,
querida. – respondeu para a esposa. – Eu preciso desligar, meu amor. Estou
recebendo uma outra chamada, já te ligo de volta e te dou detalhes da
negociação. Também te amo. – Ethan largou o aparelho sobre a mesa –
Onde estávamos? – perguntou malicioso fincando forte, aquilo o havia
deixado faminto. Lanna sentiu o calor do prazer tomar conta do seu corpo.
Seu sexo inchado se contraia em torno dele fazendo-o gemer. Ela gritou
quando o orgasmo a atingiu, ele grunhiu e gozou jorrando seu esperma no
invólucro de látex.
Ela foi abandonada sobre a mesa. Ele se livrou da camisinha. Arrumou
a roupa. Pegou o celular e voltou a ligar para a esposa.
– Eu não gostei da casa, querida – Lanna olhou incrédula para ele.
Uma sensação de vergonha tomou conta do seu corpo. – Eu sei que eu dei a
entender que sim, mas não era exatamente o que eu procurava. – Lanna
pensou em gritar com ele, chamá-lo de nomes impublicáveis. Queria que a
esposa descobrisse a traição, mas não o fez. Em vez disso começou a
organizar o que sobrou do documento rasgado sobre a mesa. – A Senhora
Miller falou de outra propriedade – Lanna se virou surpresa. – Ela vai
mostrá-la para você na terça-feira durante o dia. Eu não poderei acompanhá-
la, sabe que essa semana será complicada. Mas já combinei com a corretora
de vê-la durante a noite. – Ele sorriu para Lanna, que mordeu os lábios. –
Ótimo, estarei em casa em breve – encerrou a ligação e guardou o aparelho
no bolso do terno.
– Propriedade? – Lanna questionou quando ele se aproximou.
– Encontre uma maior, preço não é problema pra mim. Posso? – Seus
dedos foram para a camisa branca de Lanna e começaram a abotoá-la. – Nos
vemos na terça? – perguntou antes de sair.
– Sim.
Fim de Semana

Eu detestava o cunhado do Tom, achava ele um tarado. Seu olhar me


perturbava, parecia que eu estava nua. Depois aquele bigode, que adotou no
último ano, era nojento. Meus encontros com ele e Diana, a irmã do Tom,
eram casuais, mas agora iríamos passar o fim de semana juntos na praia.
Tentei me desvencilhar daquele compromisso, mas Tom foi irredutível. Ele
sabia da minha implicância, mas para ele não passava disso, uma simples
implicância. Harry nunca disse uma palavra ou tentou algo, apenas o olhar e
o roçar casual que poderia ser entendido como displicência. Era aniversário
de Diana e toda a família estaria presente. Pelo menos, convenci o meu
namorado a ir no sábado pela manhã, qualquer minuto longe do Harry já era
um alívio.
Foi cordial, mas manteve a distância, diferente das outras vezes, não
me beijou a bochecha enquanto roçava as mãos nos meus braços.
Cumprimentou Tom com um aperto de mão e me deu um tchauzinho quando
chegamos. Não saiu do lado da esposa, até que está convidou o irmão para ir
encontrar o restante da família na vila. Chegariam no trem das seis, Diana foi
num carro e Tom no outro para que pudessem dar carona aos todos. Eu e o
Harry ficamos. Resolvi ir para a piscina, deitei em uma espreguiçadeira. Por
algum motivo o desinteresse de Harry me incomodava e quando ele apareceu
na piscina, com uma sunga preta e uma camisa colorida com os botões
abertos, decidi confrontá-lo.
– Eu te fiz algo? – perguntei enquanto abria o tubo de protetor solar.
– Ainda pergunta? – falou visivelmente irritado.
– Fiz? – voltei a interrogá-lo, dessa vez curiosa pela acusação. – O que
eu fiz que não estou sabendo?
– Não se faça de desentendida, Nicole. Você foi reclamar para o seu
marido que eu a estava assediando, Diana quase me deixou.
– Mas você estava – acusei, apesar de perplexa por Tom ter contado
minhas suspeitas para a irmã.
– Quando? Em que momento eu te toquei ou te falei algo indecente.
– Você me olha com lascívia – ele deu uma gargalhada.
– Você se acha, garota. Eu não sinto nada por você, olhá-la é o mesmo
que ver uma porta. – Ele mentia, eu sabia que mentia, mas mesmo assim
balancei. Será que eu tinha me enganado? Não, uma mulher sabe quando é
desejada e Harry me desejava e eu ia provar isso.
– Mesmo? – falei oferecendo a ele o protetor solar. – Então você não
se importa de passar protetor em uma porta. – Ele me lançou um olhar de
desinteresse. Se não aceitasse ia chamá-lo de covarde.
– Você já passou.
– Nas costas não – respondi me deitando de bruço. Por um instante, o
silêncio. Pensei que havia ido embora quando senti o líquido viscoso
deslizando pelas minhas costas. Uma mão pesada acariciou minha pele, ele
passou nos meus ombros e desceu espalhando o protetor. Das costas passou
para as pernas, subindo até minhas coxas.
– Pronto – falou levantando-se. Eu olhei para ele e o desafiei.
– Você não terminou.
– Já foi o suficiente – falou caminhando em direção à casa.
– Isso é medo? – gritei para que ele me ouvisse antes de entrar. Ele
ouviu e parou de costas, pareceu ponderar. Voltou a passos largos e ficou
parado próximo a cadeira. Eu o olhava com a cabeça inclinada para trás ainda
estava de bruço.
– Você está preparada para as consequências? – Engoli em seco. –
Sabe o que está me propondo, é isso que você quer?
– Você me provocou durante meses, me deve isso – respondi
desafiadora, a sua indiferença me deixou sedenta, queria que ele voltasse a
me desejar, porque eu descobri que o desejava. Um sorriso torto escondido
por aquele bigode indecente foi tudo que recebi de resposta.
Harry se ajoelhou entre minhas pernas, pegou o protetor jogou o
líquido naquela parte macia e arredondava do meu corpo e a massageou com
as duas mãos. Desamarrei os laços que prendiam a minha tanga, facilitando o
seu trabalho. De repente ele se afastou e senti algo grosso abrir as minhas
nádegas e passear entre elas, ele esfregava seu membro duro em minha pele,
descendo até a minha abertura, penetrando levemente.
– Ainda podemos parar... – murmurou entrando mais alguns
centímetros, meu sexo pulsava faminto.
– Faça – ele meteu forte até o fim, me preencheu com seu pênis
espesso, longo e indecoroso. Instintivamente, me inclinei para facilitar suas
investidas, ele passeou dentro de mim, promíscuo. Suas mãos seguravam o
meu quadril e eu me ajoelhei de costas para ele. O marido de Diana deslizou
sua mão pelo meu ventre e seus dedos massagearam o meu ponto de prazer, a
outra apertou o meu mamilo provocando uma dor deliciosa que me fazia
estremecer. O barulho distante das ondas do mar era interrompido pelo som
da sua pélvis batendo contra minha pele. Gritei quando senti o prazer me
atingir e me enfraquecer, ele meteu mais rápido e me lambuzou com o seu
gozo.
Entramos na piscina nus e ele me penetrou contra a borda gelada. O
bigode me pinicava a pele enquanto ele sugava meus seios. Subimos para os
nossos quartos, nos despedimos com um beijo demorado e a promessa que
não se repetiria. Mas antes que eu terminasse meu banho ele entrou no
chuveiro e, com um fôlego que eu desconhecia, me fez dele mais uma vez.

Diana cortava o bolo, Harry tinha as mãos em seus quadris. Todos


conversavam animadamente, Tom me abraçou por trás e beijou meu pescoço.
– E então? Como foi ficar sozinha com Harry?
– Como assim? – perguntei assustada.
– Eu e Diana planejamos deixá-los a sós para ver se vocês se
entendiam. Funcionou ou o meu cunhado é um tarado? – olhei em seus olhos
antes de responder, depois sorri e beijei sua boca.
– Obrigada – murmurei entre seus lábios.
–Por quê? – ele perguntou antes de tomar os meus em um beijo
ardente.
– Por me fazer perceber que eu estava totalmente enganada.
Sedução

Foi em uma tarde morna de primavera que John Carpenter colocou os


olhos na doce Amy Lancaster.
A garota de cabelos negros, cacheados, roupa simples, de tecido tosco,
que denunciava sua condição social, caminhava carregando uma cesta,
acompanhava uma mulher de cabelos grisalhos, que Lorde Carpenter deduziu
se tratar de sua mãe. O que ele sentiu naquele momento iria descrever, mais
tarde, para um grupo de amigos, entre gargalhadas e taças de vinho, como a
personificação da luxúria. Ele desejou Amy Lancaster sem conhecê-la,
desejou seu corpo com lascívia e o conde quando queria algo, não media
esforços para consegui-lo.
Quanto à Amy Lancaster, caminhava sorridente naquela tarde
perfumada, acompanhava Lady Strodel, como fazia todas as tardes de
quinta-feira, quando a esposa do clérigo visitava os mais necessitados e
distribuia remédios e alimentos. Reparou na elegante carruagem que cruzou a
rua principal do pequeno vilarejo em direção à propriedade dos Carpenter.
Sabia da chegado do Conde, todos sabiam, era o assunto do lugar, isso e o
nascimento de um bezerro na fazenda dos Wilson. Especulavam o motivo da
vinda do nobre, as teorias iam desde uma simples visita para conhecer a
propriedade que herdara recentemente do falecido Conde, a vinda para o
campo em busca da cura para uma doença terminal. Amy não tinha nenhuma
curiosidade em saber a razão que trouxe o jovem conde. Tinha a mente
ocupada por outro assunto, muito mais importante que um lorde e um
bezerro. Ela estava apaixonada. Sentia-se a mulher mais feliz do mundo, pois
naquela mesma noite, Joshua, o filho do ferreiro, iria até sua casa pedir a sua
mão em casamento.

– Então, Brixton, descobriu o que pedi? – perguntou assim que este


entrou na propriedade Lancaster. John estava entediado caminhando a esmo
pelos jardins desde que o seu companheiro de viagem partiu para a aldeia. A
casa cheirava a mofo, os empregados, que vieram na comitiva do conde,
apressavam-se em deixar tudo em ordem.
– Sim, milorde – respondeu com a voz exageradamente afetada, John
Carpenter não gostava daquele homem, mas tinha que aturá-lo graças a uma
cláusula no testamento que o colocava como seu tutor, com a missão de
transformá-lo em um verdadeiro nobre. Como se precisasse de lições para
gastar a fortuna que herdara do pai. Só se livraria do vassalo quando casasse
com uma dama da corte, mas como isso estava fora dos planos do libertino,
aguentaria o velho por mais um tempo. Já o homem que jurara fidelidade aos
Lancaster, não esperava acabar seus dias como babá do filho bastardo e
arrogante do Conde. Resignado, fazia as vontades do rapaz, nunca o
transformaria em um nobre. Filho de uma aventura do conde com Adélia,
uma cortesã, foi criado sob a guarda e a influência da mãe, que o ensinou a
arte de manipular, seduzir e enganar em proveito próprio. Nem mesmo os
mais renomados tutores, contratados pelo pai, conseguiram moldar o seu
caráter. Onde os segundos fracassaram, a primeira doutrinou com louvor.
Lorde Brixton não era um homem de má índole, mas tinha seus vícios, e um
deles o levou a bancarrota, as cartas. Se não fosse suas dívidas de jogo,
Brixton já teria abandonado o garoto a própria sorte. Mas os honorários que
recebia pagavam seu vício e lhe proporcionavam uma vida razoavelmente
confortável. Isso o transformou num cúmplice solicito às armações do
Conde.
– Então diga – disse impaciente o jovem, conhecido na corte pela sua
prepotência e promiscuidade. Essa última "qualidade' não seria um problema,
se as mulheres com quem se envolvia não fossem casadas ou comprometidas
ou ainda virgens. Estava ameaçado por pelo menos uma dúzia de lordes que
desejavam lavar sua honra. Esse foi o verdadeiro motivo que levou John
Carpenter a passar uma temporada em sua Residência no campo. Um motivo
nada nobre.
– O nome da jovem é Amy Lancaster. É a filha mais velha de seis
irmãos. Sua mãe lava roupas para prover a família, Amy faz pequenos
serviços para ajudar nas despesas da casa. Dizem que é uma excelente
costureira, além de ser paciente com idosos e crianças. Cuidou do pai quando
esse ficou enfermo.
– Qual a enfermidade do pai?
– Não foi diagnosticada. Não há médico no vilarejo. Certo dia
simplesmente adoeceu, ficou acamado por semanas. Chamaram o boticário
que receitou algumas misturas. Amy cuidou dele, pois a mãe teve que
assumir o sustento da família. Ele nunca se recuperou. Morreu um mês
depois.
– Pouco, pouco... preciso de mais informações. – resmungou
impaciente o conde.
– Tem mais uma, milorde.
– O quê? – Brixton sabia que essa última informação só aguçaria o
interesse do Conde, por isso ponderou antes de falar.
– Ela está comprometida com o filho do ferreiro, se casará dentro de
um mês. – John deu uma gargalhada. Brixton engoliu em seco.
– Virgem... excelente – comentou malicioso. – Saia, preciso pensar –
ordenou dispensando o outro que se retirou aliviado. Caminhou pelos
jardins, mãos nas costas. Era um homem bonito, cabelos castanhos, olhos
azuis. Herdara o porte do pai, alto, com ombros largos. Sabia que seduzir
Amy Lancaster seria fácil, já havia seduzido mulheres suficientes para
conhecer seu poder sobre elas, às vezes por diversão outras dinheiro ( apostas
com seus companheiros de farra). Algumas foram trancadas em conventos
depois de desonradas, lembrou-se com um sorriso de triunfo.
– Quero os empregados fora daqui até amanhã – disse horas depois a
Lorde Brixton.
– Mas, milorde, eles precisam de pelo menos uma semana para
terminar a limpeza da casa.
– Amanhã, Brixton. Que trabalhem a noite inteira. Quero essa casa
habitável até amanhã e todos fora daqui antes do anoitecer – caminhou até a
janela e contemplou as montanhas que envolviam a propriedade, era afastada
do vilarejo e nenhum empregado, exceto Brixton, tinha estado lá. Ninguém
conhecia o conde, isso era crucial para os seus planos. – Depois quero que
você vá até o condado mais próxima e compre isso. – disse entregando-lhe
uma pequena lista de materiais. Um em especial chamou a atenção do vassalo
que lançou um olhar curioso em direção ao conde. – Não quero que compre
nada no vilarejo, nem procure ou pergunte. Pegue a carruagem e vá até a
localidade mais próxima, tenho certeza que encontrará esse objeto que
instigou a sua curiosidade – completou com um sorriso jocoso.
– Sim, Milorde. Cumprirei suas ordens.
– Não é só isso, enquanto estiver lá, quero que contrate empregados. O
que for necessário.
– Não quer que eu faça isso amanhã, antes de dispensar os serviçais?
– Não, não quero moradores do Condado – disse irritado com as
interferências de Brixton. – É preciso que eles não conheçam os moradores
do vilarejo. Quando voltar lhe darei detalhes dos meus planos. Agora avise os
empregados que acabou a moleza e coloque-os a trabalhar.

Três dias depois, Brixton deixou a propriedade Carpenter em direção


ao vilarejo. Cavalgava sozinho, pois até o cocheiro fora dispensado. Sentia
um aperto no peito desde que ouviu dos lábios do conde seus planos para
seduzir a jovem Amy Lancaster. Era um homem diabólico, pensou, parando
em frente a um casebre com porcos e galinhas passeando entre hortaliças.
– Charlotte, os porcos fugiram novamente. – gritou um menino de
tenra idade correndo atrás dos rosados animais. Uma menina, talvez dois anos
mais velha o acompanhou na caça. Aquela cena inocente fez o velho sorrir
pela primeira vez desde que chegara até aquele local.

– Amy – disse a mãe levando as mãos ao peito. – Você poderá comprar


coisas novas para a sua casa querida.
– Mãe, o que ganhei de Lady Strodel estão em ótimo estado. Depois
moraremos na casa dos pais do Freddy, não preciso de coisas novas e já tenho
meus afazeres, como vou deixar lady Strodel sem os meus serviços.
– Serão por apenas algumas semanas, milady – Brixton interviu
quando percebeu que a resposta seria negativa. – Depois posso dobrar os
honorários se considera insuficiente. – Amy arregalou os olhos. Não era
insuficiente, era um valor que ela jamais imaginou receber, mas não se
considerava competente para exercer o trabalho que lhe era oferecido.
– Por que eu? – perguntou lançando um olhar desafiador em Lorde
Brixton. Naquele momento ele admirou aquela garota.
– A mãe de Martha, que exercia essa função, ficou adoentada e não
pode nos acompanhar. Atendendo um pedido do conde, fiz uma breve
investigação no Vilarejo e seu nome surgiu como uma pessoa prestativa e
com alguma experiência no assunto. – Brixton notou que a menina engoliu
em seco. – O triplo – ela merecia muito mais, pensou. – o triplo e não
falamos mais nisso.
– Ela aceita – a mãe respondeu antes que Amy pudesse contestar.
– Ótimo, amanhã a carruagem virá buscá-la. Não se preocupe com
roupas, pois temos roupas para os serviçais. Leve o mínimo possível – falou
se retirando antes que ela mudasse de ideia. – Ah, você dormirá na
Residência Carpenter.

A casa mais luxuosa que Amy havia pisado era a de Lady Strodel, e
ela era do tamanho do salão onde Amy se encontrava naquele momento
abraçada a sua maleta de couro rasgado. Sem perceber soltou o ar que estava
prendendo e sorriu quando viu o rosto conhecido de Lorde Brixton. Ele
sorriu de volta, já havia se afeiçoado a menina e sentia remorso por estar
compactuando com aquele plano sórdido.
– Que bom que veio, milady. Confesso que temi que desistisse.
– Minha mãe não permitiria, milorde – respondeu com certo humor .
– Venha, vou acompanhá-la até seus aposentos. Uma ama a aguarda
para ajudá-la no asseio.
– Isso não será necessário – Amy respondeu assustada.
– Precisará de alguém para ajudá-la a vestir –se, milady.
– Sempre fiz isso sozinha e continuarei fazendo – disse resoluta.
– Claro.

O quarto deixou Amy boquiaberta, sentiu um desejo incontrolável de


pular na imensa cama de colchão macio, mas conteve-se para que Lorde
Brixton não percebesse seu encantamento e a tomasse por tola.
– O seu quarto é anexo aos aposentos do conde – Brixton explicou
mostrando uma porta que passara desapercebida pelo olhar astuto de Amy. –
Assim você poderá atender as suas necessidades sempre que solicitada.
– Entendo – Amy respondeu saindo do seu transe e olhando fixamente
para a porta de madeira escura que a separava do homem que precisava dos
seus cuidados. – Ele está no quarto?
– Ele não sai de seus aposentos desde que chegamos. Espero que com a
sua companhia anime-se a fazer passeios pelos jardins.
– Farei o possível – respondeu apreensiva. Ainda não entendia porque
estava ali. Cuidara do pai, mais no desespero e intuição do que no
conhecimento. – Quando vou conhecê-lo?
– Quando estiver pronta para começar o seu trabalho – respondeu
mostrando uma tina com água quente e um vestido branco, simples, com um
avental da mesma cor para vestir –se. – Dentro do guarda –roupas estão
outras roupas caso necessite para alguma ocasião mais formal. Ao lado da
cama do Conde, existe uma sineta que ele tocará quando necessitar que o
atenda. – Nesse momento uma jovem bate à porta e entrou carregando
toalhas.
– Seus serviços não serão necessários, Judith – Brixton comunicou, a
moça respondeu baixando os olhos, deixando a pilha sobre uma cômoda e se
retirando.

– Sua nova cuidadora, milorde. Senhorita Amy Lancaster. – Brixton a


apresentou assim que entraram na penumbra do quarto.
– Eu avisei que não quero ser importunado – a voz abafada deixou o ar
mais pesado. Amy, que caminhava apreensiva um passo atrás de Lorde
Brixton, trancou a respiração.
– Eu vou deixá-los a sós. – comunicou o tutor, se retirando e deixando
Amy sem saber como agir.
– Saia daqui, eu não preciso de mais um para sentir pena de mim – a
voz era um lamento, Amy mordeu os lábios quando ficou ao lado do homem
deitado sobre lençóis brancos.
– Eu estou aqui para auxiliá-lo, milorde.
– Auxiliar-me? – repetiu com sarcasmo. – Então sente-se ali e fique
assistindo como é fascinante a vida de um aleijado. Ela ponderou, era
observadora, sabia que entrar num embate com o lorde não facilitaria o seu
trabalho. Obedeceu e sentou. Ficou por horas sentada, apenas observando o
conde deitado em seu leito. Ele a olhava de soslaio. Imaginou que a garota se
empenharia em consolá-lo, mas estava enganado e isso deixou-o mais
excitado. No dia seguinte, Amy levou um livro para ler, antes de sentar-se
confortavelmente em sua poltrona, perguntou ao conde se precisava de algo,
ele respondeu com uma grosseria e ela se recolheu a sua leitura. Esse
comportamento irritou John Carpenter, não pretendia passar seus dias
deitado. Precisava mudar a tática. Brixton entrou com uma bandeja que
deixou sobre a cômoda. Sob o olhar atendo de Amy, auxiliou o jovem a
sentar-se, acomodando suas costas entre almofadas e travesseiros.
– Milady, poderia ajudá-lo com o desjejum? – Amy estranhava o
tratamento ostentoso com que lorde Brixton a tratava, mas gostava.
– Claro – respondeu prontamente. – Se o conde assim desejar. – O
empregado lançou um olhar de censura para Lorde Carpenter que foi
percebido por Amy. O conde assentiu.
Pela primeira vez, Amy reparou na sua beleza, os cabelos lisos que
cobriam levemente os olhos azuis. Percebeu o contorno dos músculos dos
braços. Notou que usava a mesma roupa do dia anterior e perguntou-se como
fazia a sua higiene. Será que Brixton o auxiliava? Ele a observava enquanto
recebia o alimento na boca, com um guardanapo, Amy limpava seus lábios
quando necessário. Era mais linda do que ele havia imaginado. Ela se
perguntou o que teria acontecido para que ele acabasse naquela cama.
– Uma queda do cavalo – John respondeu como se lesse seus
pensamentos. – Foi assim que fiquei aleijado.
– É um homem jovem, milorde – ela ousou comentar. – Vai se
recuperar.
– Eu não sinto minhas pernas e minhas mãos não têm força para
segurar um colher – esbravejou levantando as mãos com dificuldade.
– Se me permitir, conheço algumas ervas que poderão curá-lo.
– Por acaso é médica ou boticário, Amy? – ele a chamou pelo primeiro
nome, a intimidade a incomodou, mas ela não disse nada.
– Trabalhei para o boticário, ele me ensinou a manipular ervas. São
óleos aromáticos para massagear o local doente. Podemos começar com as
mãos.
– Tudo bem, serei sua cobaia – respondeu o conde.
– Mesmo? – Amy disse empolgada. – Hoje mesmo vou a vila buscar as
ervas, amanhã começaremos seu tratamento.
– Não se anime, meu caso é perdido.

No dia seguinte, ela começou o tratamento, enquanto John recebia


massagens das mãos delicadas de Amy contava sua vida antes do acidente,
uma vida inventada, onde o velho conde era um homem terrível e ele e a mãe,
pobres vítimas. Ela já auxiliava Brixton a colocá-lo sentado, sem perceber
que o conde, propositadamente, a tocava em lugares que a arrepiavam e a
deixavam corada. Ela imaginava que a culpa era sua, por ser desajeitada.
– Milady, terei que me ausentar por dois dias, o conde ficará sob seus
cuidados. Se precisar movê-lo peça ajuda a Stheban – anunciou Brixton
quando encontrou Amy na cozinha naquela quinta manhã.
– Eu cuidarei dele, milorde.
– Ótimo. Ele a aguarda para as massagens matinais, hoje quer que
passe o medicamento em suas pernas – comunicou dando às costas.
Naquele dia, quando Amy entrou no quarto, John estava nu, suas
partes intimas estavam cobertas com um tecido branco. Amy paralisou.
– Algum problema? – perguntou o conde percebendo a sua
perturbação.
– Não – respondeu insegura.
– Não se preocupe, sou um aleijado. Não vou atacá-la. – Amy
envergonhou-se de seus pensamentos. Derramou o óleo na palma de suas
mãos e começou a massageá-lo. De repente, percebeu um volume sob os
lençóis. Fingiu que não havia visto, mas suas mãos ficaram trêmulas, John
esqueceu que não deveria sentir as pernas, não resistiu, estava excitado e não
preocupou-se com a ereção. – O que houve? – perguntou. – Você está pálida.
– Nada, milorde...
– Eu... eu sinto muito ... que vergonha! Que vergonha!... – gritou
fingindo perceber o membro ereto. – Saia daqui, eu sou um canalha! Um
animal que não controla mais seus instintos. Perdoa-me… Que vexame!
– Não, está tudo bem... – ela tentou acalmá-lo.
– Saia... – gritou. – Eu sou uma desonra para a minha família. Teria
sido melhor se tivesse morrido naquele acidente patético.
– Não diga asneiras! – falou tentando controlar-se. Estava assustada,
mas que culpa tinha ele? Sabia das necessidades dos homens e acreditava
que um lorde como o conde deveria ter todas as mulheres que desejasse aos
seus pés antes de se encontrar naquele estado. Ela não era inocente, sabia
coisas que as mulheres casadas, com quem trabalhava, cochichavam em
bailes e tardes de chás.
– Saia daqui, por favor, Amy! – ele cobriu com as mãos a sua
vergonha.
– Eu só sairei depois que o lorde se acalmar. – Ela se aproximou da
cabeceira da cama.
– Não faça isso, não vê que eu a desejo, do contrário isso não teria
acontecido. – Amy perdeu a voz, não esperava por aquela confissão. – Que
direito tenho eu? Um aleijado , de desejar uma moça como você? Você é
linda, perfeita. Será feliz com um homem inteiro e não pela metade como eu.
Um homem que precisa de cuidados até para fazer as necessidades mais
simples. – Aquilo a comoveu, um sentimento de compaixão tomou conta
dela. Por instinto, Amy se aproximou, tomou seu rosto com as suas mãos e
beijou sua têmpora, sem se afastar olhou em seus olhos e quando percebeu
seus lábios eram dele, um beijo casto no começo, mas quando a língua ávida
do conde tocou sua boca ela a abriu para recebê-lo, John roubou o seu ar e a
sua sensatez. Sua respiração era ofegante, seus mamilos ficaram rígidos, uma
dor deliciosa se formou abaixo do seu ventre, quente, úmida e indecente. Ela
perdeu as forças para reagir, ou não quis, as mãos, agora ágeis do conde a
puxaram para cima da cama e a envolveram, tocando o seu corpo sobre o
vestido de tecido fino. Ele segurou a mão de Amy que ainda tocava a sua
face e a fez deslizar pelo seu peito nu, chegando no abdômen. Sem deixar de
beijá-la, a fez tocar o seu membro, ela ofegou e estremeceu, ele entrelaçou
seus dedos aos dela e a ensinou a massageá-lo. Assustada ela se afastou e
antes que o conde pudesse se desculpar, Amy desapareceu na porta que
interligava seus cômodos.
– Inferno! – esbravejou o conde, sentando-se na cama.

Amy caminhou pelo quarto por horas, inquieta, arrumou a mala com os
trapos de roupa que trouxe. Mas não conseguiu partir. Quando dava por si
estava com a mão na maçaneta da porta que a levaria para ele. Depois se
atirava na cama chorando. Já era noite quando saiu do quarto para comer algo
e ver se o conde havia sido atendido por algum empregado. Para a sua
surpresa encontrou Judith, a empregada que deveria ser sua dama de
companhia, com uma pilha de toalhas entrando no quarto do conde, não sabia
que ela tinha permissão para frequentar os aposentos dele. Amy a seguiu e
entrou no quarto sem ser vista. O conde estava sentado na tina de banho,
coberto por água.
– Suas toalhas, milorde – a empregada falou com a voz sedutora. –
Deseja mais alguma coisa? – Ele lançou um olhar para ela, pensou em
convidá-la para acompanhá-lo, mas antes que pronunciasse uma palavra,
vislumbrou o vulto de Amy na porta. Um sorriso desenhou-se em seus lábios,
que não foi percebido por nenhuma das duas mulheres que se encontravam
no aposento.
– Não, deixe-me só – falou com a voz embargada.
– Eu posso esfregar as suas costas – insistiu a moça de seios
volumosos e corpo sedutor.
– Ele já disse que não precisa de seus serviços – Amy falou irritada
com a insistência da moça. – Agora volte para a cozinha que devem estar
precisando de você! – ordenou. Judith saiu um tanto contrariada.
Um silêncio se fez, foi John que o rompeu.
– Pode se retirar também – disse sem olhá-la nos olhos, fingindo -se
envergonhado. Ela se aproximou e se ajoelhou ao lado da tina.
– Você precisa de mim – falou procurando seus olhos, ele a olhou,
olhos vermelhos. Um pouco de sabão e parecia que havia chorado.
– Eu te causo repulsa. Por favor, saia.
– Não, você me causa outra coisa, que eu não sei explicar, mas que me
dá medo – disse com sinceridade.
– Não entendo? – questionou, degustando cada palavra que a inocente
Amy pronunciava.
– Você me faz perder o controle, eu ajo sem pensar e acabo...
– Acaba?
– Pecando... – disse num fio de voz. – O lorde não me causa repulsa,
mas desejo de pecar... – Ele se inclinou em sua direção, passou a mão pela
sua nuca e a beijou com volúpia. Amy deixou-se beijar, deixou -se tocar. Não
impediu que ele desabotoasse seu vestido e acariciasse seus seios enquanto
seus lábios trocavam carícias. Ele precisava que ela entrasse na banheira, mas
temia assustá-la novamente. Devido a farsa tinha que conter seus
movimentos. Para sua surpresa ela levantou-se e despiu -se na sua frente.
Entrou na tina e sentou-se em seu colo, de frente.
– Você é linda – murmurou antes de abocanhar seus seios e sugá-los
sem pudor, mordiscando seus mamilos rosados. Amy gemeu entregue aos
prazeres da carne. Os dedos do conde tocaram sua parte intima, um toque
macio seguido por uma leve pressão e uma massagem naquele ponto tão
pequeno, mas com o poder de fazê-la entender o verdadeiro sentido da
luxúria. Seu corpo aqueceu, sua pele arrepiou, uma leve tontura enquanto seu
sexo se abria e fechava, contraindo-se. – Isso é um orgasmo, minha linda –
ele sussurrou em sua orelha, enquanto seus dedos a subjugavam. Ela o
encarou com os olhos arregalados, a boca entreaberta procurando o ar que lhe
faltava. Ele sorriu e a beijou intensamente. Segurou-a pelo quadril e a
levantou até que seu membro encontrasse a sua pequena abertura – Será
dolorido, na primeira vez sempre é. Mas eu terei cuidado, prometo... – disse
pressionando-a para baixo, abrindo-a com a sua ereção, moldando-a a sua
forma. Ela equilibrou-se em seus ombros e o prazer se misturou com a dor da
invasão. O conde a ensinou a mexer o quadril, ritmado, devagar, mais rápido,
ela era uma excelente aluna. Ele gozou, derramando seu esperma dentro do
seu corpo.
Ela deitou em seu peito sonolenta e apaixonada. Ele acariciava os seus
cabelos pensando na sorte que teria aquele que a desposasse, depois que ele a
ensinasse tudo que uma mulher pode fazer para satisfazer um homem.
–Vá para o seu quarto, pedirei para Stheban me ajudar e depois volte
para ficar comigo – disse beijando-a levemente os lábios.

Amy voltou, ele estava sentado na cama, escorado em almofadas.


Usava apenas uma calça branca de pijama, ela uma camisola de um tecido
branco, que encontrou entre as roupas que estavam no guarda-roupa.
– Tire isso – ele pediu. Ela obedeceu. – Venha aqui – disse pegando a
sua mão e a fazendo ficar de joelhos entre suas pernas. – Mais perto – falou
pegando o seu quadril e trazendo seu corpo até que sua boca pudesse beijar o
seu ventre.
– O que está fazendo? – Amy perguntou assustada.
– Eu quero prová-la – ele disse beijando o seu sexo, John a possuiu
com a boca, lambeu, sugou sua parte mais íntima e a fez refém do seu jogo de
sedução. Ela o provou quando ele pediu, sugou seu membro com voracidade,
o engoliu até sentir seu gosto invadir sua boca e lambuzá-la com seu prazer.
Amy não tinha mais pudores, deixava que o conde usasse o seu corpo
experimentando todas as formas de prazer.
Nos dias que se seguiram, o conde deixou o quarto e em uma cadeira
de rodas passeou com Amy pelos jardins da propriedade. Passavam horas
juntos, trocavam beijos as escondidas, carícias e quando sozinhos, entre
arbustos, ela sentava em seu colo e ele a penetrava entre tecidos e rendas,
mergulhando seu membro em seu delicioso corpo. Brixton observava a tudo a
distância, preocupado com o que aconteceria com a garota quando o conde se
cansasse.
As semanas passaram e o casamento de Amy se aproximava. Ela não
via Frederic desde que fora trabalhar para o conde, mas sabia que teria que
voltar para a vila. Essa ideia começou a angustiá-la. Como poderia se casar
com um se estava apaixonada pelo outro, se já havia se entregado a esse
outro?
– Algum problema? – o conde perguntou certa manhã, quando a
observou distante. Eles faziam o desjejum no jardim. John não precisava mais
da ajuda de Amy para comer. Sua melhora era visível, apesar de ele ainda não
sentir as pernas.
– Você vai partir e eu vou me casar com outro – ela murmurou.
– Você pode ir comigo – ele disse com uma naturalidade que fez o
coração da moça disparar. – Venha comigo para a corte e eu te transformarei
em minha condessa. – Amy pulou da cadeira e se ajoelhou ao lado dele. Ele
segurou suas mãos. – Quer casar comigo, Amy Lancaster?
– Sim, sim, sim – ela o encheu de beijinhos.

Amy partiu para a vila aquela tarde, primeiro procuraria Frederic, ele
teria que entender que ela não o amava, temia que o noivo fizesse um
escândalo, não falaria do seu amor pelo conde. Mas para a mãe contaria que
estava apaixonada, ela entenderia, afinal havia amado o seu pai e sabia que
não se mandava nas coisas do coração. Por falar em coração, o de Amy
estava aos pulos quando a carruagem a deixou na aldeia. Correu até a casa de
Frederic, ele a recebeu entusiasmado, tentou abraçá-la, mas ela o repeliu.
Contou que não o amava, ele chorou. Disse que não se casaria, ele implorou.
Decidida, deixou para trás um homem desesperado.
Quando chegou em casa não encontrou a mãe, Charlotte e Victor
brincavam, Mary, que era um ano mais jovem que Amy, preparava o jantar,
sopa com sobra de legumes. Amy confessou à irmã que fora pedida em
casamento pelo conde, disse que ele viria no outro dia pedir permissão para
sua mãe. A irmã se emocionou com sua felicidade, juntas terminaram o jantar
e esperaram a mãe chegar com os outros irmãos.

–Então teremos um casamento? – Brixton perguntou para o conde


assim que Amy partiu. John deu uma gargalhada.
– Não seja ridículo, partiremos ao amanhecer. Quero que dispense os
empregados ainda hoje, mande-os de volta para o buraco de onde saíram, não
permitam que passem pela vila. Não quero correr o risco de um escândalo.
Mas antes mande arrumar nossas bagagens e colocá-las nas carruagens.
Assim que o Sol nascer quero pegar a estrada para França. Vamos passar
uma temporada em Paris, preciso tirar esse cheiro de mofo das minhas roupas
e me perder entre as pernas das francesas.
– Sim, milorde – A ordem foi dada e quando os últimos raios de sol
pintaram o horizonte a carruagem levando os empregados deixou a
propriedade Carpenter. Brixton e John ficaram sozinhos, mas não por muito
tempo. Duas luxuosas carruagens despontaram na entrada da Mansão, para
surpresa do conde, um grupo de amigos, tão depravados quanto ele,
acompanhados por mulheres de reputação questionável vieram passar uma
temporada no Condado e decidiram visitá-lo. John se vangloriou de sua
última conquista, contou com detalhes como foi fácil e divertido seduzir a
deliciosa aldeã. Seus parceiros de bebedeira brincaram com a cadeira de
rodas correndo pelos salões do casarão. John encontrou entretimento nas
curvas de uma ruiva que veio acompanhando o marquês de Combert. Esse
não se importou em emprestar a companheira para o amigo por uma noite.
Quando a mãe chegou, estranhou a presença da filha, a esperava
somente no domingo. Amy, eufórica contou sobre o pedido de casamento do
conde, disse que o amava e que partiria com ele. Joanne era uma mulher
experiente, diferente do que a filha imaginava, não foi amor que a uniu ao
marido, foi desespero. Aos dezessete anos, a menina foi seduzida por um
lorde, grávida foi expulsa de casa, viveu nas ruas, a fome e a falta de higiene
provocaram um aborto expontâneo. Sem o bebê, ela acabou em uma casa de
má fama. Foi lá que conheceu o jovem Lancaster que se apaixonou por ela e
a tirou daquele lugar. Agora, parecia ver a história se repetir a sua frente,
desesperada esbofeteou Amy, antes que essa pudesse terminar sua história. A
filha caiu no chão com a força do golpe e a mãe continuou a agressão, mas
agora com palavras, algumas impublicáveis, não poupou adjetivos
pejorativos para nomear a filha. Amy chorava convulsivamente, incapaz de
defender-se. Quando recuperou suas forças, levantou-se.
– Ele me ama e eu vou provar que você está enganada – foi tudo que

conseguiu dizer antes de sair correndo e desaparecer na noite.

Quando Amy chegou nos portões da Mansão Carpenter, duas


carruagens passaram por ela. Caminhara a noite inteira, se embrenhara na
floresta, enganada pelas lágrimas, se perdera no caminho. Sua roupa estava
rasgada, seus sapatos cheios de lama, suas mãos machucadas, mas o que
realmente doía eram as palavras da mãe. Subiu correndo as escadas quando
entrou na casa, estranhou não ver o movimento dos empregados, mas assim
era melhor, não queria dar explicações, só pensava em se aninhar nos braços
do conde, era o único lugar que encontraria alento. A porta do quarto estava
aberta, ela entrou. Ele não estava na cama, ela olhou estarrecida em direção à
janela. John estava de costas, em pé.
– Por que demorou Brixton? Quero partir o quanto antes – falou
desviando o olhar da janela e procurando o empregado, mas não foi ele que
seus olhos encontraram. – O que você faz aqui? – perguntou num tom de voz
que Amy desconhecia.
– Você... você está caminhando? – ela perguntou se aproximando. Ele
sorriu. Não precisava mais fingir e nem estava disposto a dar explicações.
– Um milagre – disse com deboche. – Acho que foram seus óleos –
falou aproximando o rosto do dela – ou talvez outra coisa que você me deu –
concluiu com malícia. Ela engoliu em seco.
– Você me enganou? – questionou sabendo a resposta, mas desejando
que ele respondesse o contrário.
– Não se faça de vítima, minha linda. Foi você que se despiu e entrou
naquela banheira, foi você que sentou no meu colo e me obrigou a penetrá-la.
Eu estava convalescendo. Se tem uma vítima aqui, essa vítima sou eu. – Uma
dor no peito e a sensação de que estava caindo em um terreno movediço
fizeram Amy levar a mão até peito do conde em busca de equilíbrio. Ele a
segurou impedindo-a – Não me toque, você cheira a lama.
Amy desmoronou no chão. Não conseguia reagir. Ele tirou algumas
moedas do bolso e atirou sobre ela.
– Um pagamento extra pelo seu excelente serviço – falou dando às
costas e saindo do quarto. Caminhou em direção às escadas, Brixton devia
estar esperando-o na carruagem. Desceu o primeiro degrau de mármore
quando sentiu uma pressão nas costas. Antes que pudesse procurar um ponto
de apoio caiu. Sentiu uma dor dilacerante nas costas e tudo escureceu.

Uma leve tontura e um peso nos olhos, ele tentou se mover, mas não
conseguiu. Olhou para os lados tentando se orientar.
– Onde estou? – murmurou sentindo a garganta seca.
– Bom dia, milorde. – Brixton se aproximou.
– Que lugar é esse? O que aconteceu? Eu caí e depois... tudo está
confuso.
– Estamos na sua casa em Paris, milorde. O lorde sofreu uma queda da
escada, passou alguns dias no hospital do condado de Heshword. Mas
resolvemos trazê-lo para Paris, para continuarmos o tratamento. – Enquanto
falava, Brixton abria as cortinas e as portas que davam para uma pequena
sacada, o azul do céu anunciava um dia ensolarado de primavera.
– Por que eu não consigo me mover? – John perguntou tentando
levantar-se.
– O Senhor sofreu uma lesão na coluna. – Brixton trouxe uma cadeira
de rodas. O conde imaginou que aquilo era uma piada, que estava sob o efeito
de sedativos, enquanto era colocado sentado na cadeira. – Os médicos não
sabem se sua paralisia é temporária ou definitiva. Mas não se preocupe,
contratei os melhores profissionais para cuidar de sua saúde. – concluiu
enquanto empurrava-o até a sacada. Ele observou a bela Paris, sentiu seu
cheiro. Aquilo só podia ser uma piada, em breve o efeito dos sedativos iriam
passar e ele conseguiria sair daquela cadeira. – Vou deixá-lo, Senhor, sua
cuidadora irá atendê-lo em breve. – O conde ouviu a porta se fechar. Alguns
minutos depois voltou a abrir, passos suaves e um perfume de verbena se
aproximaram, ficou curioso, mas não se virou. Ela se inclinou ao seu lado e
seus lábios tocaram sua orelha.
– Bom dia, milorde – um calafrio perpassou a sua nuca antes que
olhasse para a dona daquela voz.
– Amy... – murmurou aterrorizado.
Encontro às cegas
Arthur

Ele mordeu meu mamilo e sugou meu seio com voracidade. Suas mãos
apertavam minhas nádegas acompanhando o movimento do meu corpo, que
subia e descia, fazendo seu membro me preencher e me abandonar.
Estávamos vestidos, uma carona para o trabalho resultou num sexo matinal
com meu vizinho casado. Eu não era dessas, não era. Mas desde que minha
mãe resolveu arrumar encontros às cegas para sua filha solteirona, os homens
da cidade começaram a ser mais solícitos. Entre eles, Jeffrey. Esse, que neste
momento, está esfregando o seu polegar no meu clitóris me levando à
loucura.
–Delícia – ele gemeu quando meu sexo se contraiu apertando-o dentro
de mim. Atingi o orgasmo enquanto ele expelia seu sêmen no invólucro de
látex.
Abotoei o vestido, minha calcinha teria que ir para o lixo, a renda
estava rasgada. Me olhei no retrovisor e retoquei o batom, enquanto ele se
desfazia do preservativo. Ele não era um homem bonito, mas chamava a
atenção por sua elegância e gentileza. Era gerente da única agência bancária
da cidade. Voltamos para a estrada principal. O silêncio dominou o restante
da viagem.
– Obrigada pela carona – falei descendo do carro.
– Foi um prazer – ele respondeu com um sorriso malicioso. Sempre
imaginei que Karen tivesse uma vida sexual enfadonha, porque Jeffrey era
enfadonho. Tranquilo demais, atencioso demais, aparentemente, submisso
demais. Agora eu sabia que era só aparentemente. Mas como eu fui parar no
colo dele em menos de dez minutos de carona?

Eu acordei atrasada aquela manhã e tinha uma reunião importante,


quando saí na rua, lá estava ele tirando o carro da garagem. Estava chamando
o aplicativo quando ele estacionou na minha frente.
– Bom dia, Ellen – falou com sua voz pausada demais. – Está indo para
o centro?
– Bom dia, Jeff – depois de quinze anos de vizinhança acabamos
chamando os vizinhos pelos seus apelidos sem sermos realmente íntimos. –
Estou, chamei um aplicativo – respondi mostrando o celular.
– Cancela, te dou uma carona.
– Obrigada, mas ele já deve estar chegando.
– Ficarei ofendido se recusar – dei um sorriso forçado em resposta e
entrei no carro. Era um dia quente de verão. Eu usava um vestido curto e uma
sandália de salto. Ele terno. Quantos anos ele tinha? Eu era adolescente
quando se mudaram para a casa do lado. Nunca tiveram filhos.
– Como está a Karen? – perguntei para romper o silêncio
constrangedor que pairava no ar.
– Ocupada preparando o jantar.
– O jantar? – repeti pensando que ele havia se enganado. Ele me olhou
com um sorriso.
– Vamos receber visitas, a família dela vem para o jantar e tudo vira
uma ocasião especial para Karen. E você, soube que está com o Derik.
– Soube? – perguntei surpresa. Derick foi meu terceiro encontro às
cegas, saímos três vezes no máximo. Depois vimos que nem no sexo éramos
compatíveis.
– Derick é cliente do banco e um velho amigo. Ele me falou de você,
parecia apaixonado.
– Mas não durou muito a paixão.
– Que pena – comentou – colocando a mão sobre a minha perna tão
naturalmente que eu pensei que tivesse sido um gesto inocente. Mas não era.
A mão macia e quente de Jeff permaneceu na minha coxa, fazendo meu
ventre se retrair. Eu pensei em tirá-la, mas não o fiz. Ele continuava falando,
olhando para frente e dirigindo tranquilamente, enquanto minha pele era
acariciada, meu sexo começou a pulsar quando seus dedos encontraram a
renda da minha calcinha. Como ele conseguia se manter impassível. Minha
respiração era pesada. Seus dedos tocaram os meus lábios, abrindo-os. –
Prontinha. – falou sentindo a umidade e depois me abandonou. Desviou para
uma estrada de chão e dirigiu até uma área deserta. Estacionou o carro sob a
sombra de uma árvore. – Eu posso? – perguntou pedindo permissão para
continuar o que havia começado.
– Você não acha que é tarde para fazer essa pergunta? – Ele sorriu e
me puxou para o seu colo.

Cheguei em casa exausta. Queria tomar um banho e dormir. Mas


minha mãe tinha outros planos. Assim que entrei pela porta, ela veio me
receber.
– Querida, temos visita. – disse segurando o meu braço e me
escoltando até a sala. – Arthur, essa é Ellen, minha filha. – Olhei incrédula
para a minha mãe e depois para o homem de quase dois metros, cabelos
pretos penteados para trás exibindo duas grandes entradas, vestido
elegantemente com um terno. Não era jovem, mas também não era velho,
nos cumprimentamos um pouco constrangidos. – Arthur vai levá-la para
jantar. Já separei a sua roupa, vá tomar um banho enquanto faço companhia
para esse belo rapaz. Não argumentei, aprendi que com minha mãe isso não
funcionava.
– Onde está seu carro? – perguntei quando chegamos à calçada.
– Não precisamos de carro, vamos a pé – respondeu sorridente. Demos
alguns passos até o nosso destino.
– Querido, eles chegaram – Karen gritou quando abriu a porta.
– Quem chegou? – Jeff apareceu no hall – Arthur, quanto tempo
cunhado. Não sabia que estava na cidade. – Eles se cumprimentaram com um
abraço e só depois Jeffrey me viu. – Ellen? – um aperto de mão e mais nada.
– Eles não formam um lindo casal – Karen comentou com o marido
quando entramos para conhecer o restante da família.
A Casa do Penhasco

A Casa do Penhasco, como era conhecida a residência da praia dos


Bringston, era uma construção secular, de uma beleza deslumbrante e, ao
mesmo tempo, assustadora. Construída em forma de castelo a beira de um
penhasco, poderia ser cenário de um romance das irmãs Brontë.

Um vento gelado fez meu corpo arrepiar. Os últimos raios de Sol


desapareciam no horizonte. Era melhor voltar para a casa, meu celular estava
quase sem bateria. Olhei mais uma vez para o mar antes de encarar as
escadarias íngremes incrustadas no rochedo que me levariam de volta à velha
construção.
Alexia estava atrasada, devia ter vindo com elas. Sair antes foi uma
péssima ideia.
– Onde vocês estão? – perguntei quando meu celular tocou, 5%.
Droga!
–Aconteceu um acidente – Alexia começou a falar.
– Vocês estão bem? – perguntei angustiada.
– Não foi com a gente, boba. Estamos bem presas em um
congestionamento quilométrico.
– Sério? – resmunguei desanimada vencendo os últimos degraus, a
minha frente, a escuridão. Por que não acendi as luzes antes de me aventurar
na praia?
– Algum idiota se perdeu na curva e deu de cara com o muro de
contenção. – Lucy comentou.
– Que horror!
– Desculpa, Lou. – Alex disse desanimada.
– Tudo bem...
– O meu irmão ainda está aí? – ela quis saber.
– Não... Aparentemente não tem ninguém na casa.
– Espero que ele não tenha esvaziado a dispensa, não conseguiremos
pegar o mercado da vila aberto.
– Eu posso... – antes que eu terminasse minha frase, a bateria morreu.
Ia me oferecer para ir ao mercado apesar de não fazer ideia onde ficava, aliás
nem a casa eu encontraria naquela penumbra. Liguei os faróis do carro,
iluminei a construção, procurei as chaves na minha mochila. O vento batia
forte em meu rosto fazendo meus olhos arder. Desliguei os faróis. – Ok,
vamos encarar a mansão mal assombrada. – Encontrei a fechadura com
facilidade e a chave das luzes também. – Uau... esse lugar é lindo. – Sabia
que a família de Alexia era rica, mas meu conhecimento de riqueza era bem
limitado. Nunca imaginei que existisse casas de praia naquele estilo. Comecei
a explorar o lugar, mas minha exploração não durou muito. O estrondo de um
trovão e a energia se foi.
–NÃO!!!! Eu não coloquei meu celular pra carregar... – resmunguei
desanimada. – Preciso encontrar velas nesse lugar – comecei a tatear pelos
cômodos atrás de um candelabro ou algo assim. Aquele lugar parecia um
castelo e castelos tinham candelabros. Os clarões dos raios iluminavam meu
caminho. Depois de perambular pelos cômodos do primeiro andar, esbarrar
em vários móveis e derrubar alguns objetos, desisti. Voltei para o hall, talvez
ainda reste alguma energia no celular. Encontrei minha mochila, de cócoras
peguei meu celular. Nesse momento, a porta se abriu com o vento. Meu
coração acelerou e quase saiu pela boca quando a silhueta de um homem se
desenhou com a claridade de um relâmpago. Levantei às pressas e me
coloquei em posição de ataque, ameaçando-o com o meu... celular.
– Quem é você? – falamos ao mesmo tempo.
– Saia daqui ou vou chamar a policia – gritei apontando a minha "
arma" para ele.
– Eu sou o dono dessa casa, se tem alguém invadindo é você...
– Ha,ha,ha ... Acha que me engana? Essa casa é dos Brinsgton.
– Prazer, Gilbert Bringston – fiquei boquiaberta, envergonhada e sem
ação. Mas não podia dar o braço a torcer.
– Prove. – Ele deu uma gargalhada.
– Com todo prazer – falou apalpando os bolsos. – Onde está a minha
carteira?
– Então? – falei levantando mais a mão com o meu celular
ameaçador.
– Não seja ridícula – disse perdendo a paciência e desistindo de
encontrar a carteira. – Você deve ser uma das amigas da Alex, ligue pra ela.
– O meu celular está sem bateria, me empresta o seu – falei baixando a
guarda.
– Deixei no carro – respondeu visivelmente desanimado. – Por que
estamos no escuro?
– Por que não tem luz? – respondi com ironia.
– Bem típico das amiguinhas da Alex...
– O que você quis dizer com isso?
– Infantil... – falou passando por mim. Idiota! pensei, seguindo-o
depois que outro trovão explodiu no horizonte.
– Com medo? – ele falou, não conseguia ver o seu rosto com nitidez,
mas tenho certeza que ele tinha um sorriso no canto dos lábios.
– Medo? Eu? Só se for de você, não conseguiu nem me provar que é
quem diz. – Ele parou em frente a um piano. Pega um candelabro sobre ele
com imensas vela.
– Você tem fogo?
– Não fumo.
– Então vamos à cozinha. Quer que eu pegue a sua mãozinha para não
se perder no caminho?
– Vá pro inferno! – respondi irritada com as suas piadinhas, passei por
ele e caminhei a sua frente, sabia onde ficava a cozinha, na minha exploração
havia passado por ela, mas na escuridão consegui bater em algo e perder o
equilíbrio. Ele me segurou.
– Sua roupa está molhada – comentei tentando disfarçar o incomodo
que seu toque me provocou.
– Está chovendo, gênio! – Estava? Achei que a tempestade ainda não
havia chegado.
Ok, à luz da vela ele era lindo, cabelos castanhos, acho ou pretos? A
cor dos olhos também não conseguia distinguir.
– Você está bem?
– Por quê?
– Sei lá, ficou me olhando esquisito, meio psicopata.
– Não era pra você ter ido embora, hein? – perguntei perdendo a
paciência. –Por que você está aqui?
– Houve um acidente e eu fiquei preso – respondeu pensativo.
– Saco! – resmunguei lembrando do congestionamento, teria que
aturar o irmão da Alex por um bom tempo.
– Você é bem desbocada – comentou com um tom adulto.
– E você é um chato. – Ele não retrucou, em vez disso, se afastou
caminhando em direção às escadas, será que ficou bravo?
– Ei, aonde você vai?
– Trocar de roupa, estou com frio.
– Espera que eu vou com você – falei pegando o candelabro.
– Vai me ver trocar de roupa – perguntou me esperando no meio da
escada.
– Palhaço!
– Infantil!
–Idiota!
– Desbocada!
– Babaca!
–Psicopata! – caminhamos até o quarto trocando elogios. Eu o esperei
na porta, não demorou ele apareceu enrolado em uma manta. – Eu não deixei
roupas aqui – confessou.
– Por que não busca no carro?
– Vou me molhar mais ainda. – Descemos as escadas, Gilbert sentou-
se num sofá encolhendo as pernas e se cobrindo. Ele tremia. Eu sentei ao seu
lado.
–Você deve estar com febre – falei colocando a mão em sua testa. –
Está gelado, deve ser hipotermia – constatei alarmada.
– Por acaso é médica?
– Não enche! Onde eu encontro mais cobertores.
– Na cozinha.
– Você poderia deixar de ser babaca?
– Ok, "gênia"... nos quartos.
– Eu vou buscar – disse levantando do sofá. Ele segurou o meu braço.
– Vem aqui – sua voz era trêmula. – Fica aqui comigo. Eu o abracei,
sua roupa ainda estava molhada.
– Você tem que tirar isso – disse mostrando a camisa ensopada. Ele
levantou-se com dificuldade e se despiu ficando apenas com uma cueca
boxer. Quando sentou me puxou para junto dele e me abraçou.
– Eu vi num filme que sexo é bom para hipotermia. – Eu o encarei, ele
sorria com deboche.
– Você não presta – esbravejei me afastando, ele se cobriu. Sentia
calafrios que faziam seu corpo todo estremecer. Subi as escadas e procurei
por mais cobertores, desci carregando dois. Quando cheguei na sala, ele
estava desacordado. Sua boca estava roxa. – Gilbert – chamei me ajoelhando
ao seu lado, seu corpo era frio. – Gilbert, por favor, acorda. – Ele engoliu em
seco e tentou abrir os olhos. – Ok! Vamos ver se o seu filme tem algum
fundamento científico – murmurei beijando os seus lábios. Ele não
correspondeu. Tirei minha roupa, ficando apenas com a lingerie, e o abracei
enroscando minhas pernas nas sua e colocando sua cabeça no meu peito. Ele
estava completamento gelado. Não consegui conter as lágrimas, se Alex não
aparecesse logo, ele poderia morrer. Talvez eu devesse levá-lo para um
hospital, mas como o arrastaria até o carro?
– Como você é quente – ele murmurou beijando o contorno do meu
seio.
– Você está bem? – perguntei aliviada, sem me importar com aquela
provocação.
– Com frio – ele disse olhando nos meus olhos. – Eu estava sonhando
ou você falou em fazer um experimento científico? – sua voz era um
sussurro.
– Eu pensei que você estivesse morrendo...
– Mas eu estou – falou fazendo uma careta.
– Bobo – disse segurando seu rosto para fazê-lo voltar ao normal. Ele
era um bobo lindo.
– Quer correr o risco? Eu posso me transformar num zumbi e querer te
comer... – eu dei uma gargalhada, a proximidade do seu corpo gelado era
perturbadora, deliciosamente, perturbadora. – Ou você pode salvar a minha
vida... – murmurou aproximando seus lábios dos meus – e eu seria
eternamente grato – ele me beijou, de leve, eu ofeguei.
– Ok, mas é só um experimento científico – falei mordendo os lábios ,
ele voltou a me beijar, se inclinado sobre o meu corpo e me fazendo deitar de
costas no sofá.
– Pela ciência – murmurou mordendo meu queixo, beijando o meu
pescoço. Suas mãos liberaram meus seios, ele acariciou com a ponta dos
dedos meus mamilos, depois beijou levemente e me abocanhou, chupando
com força. – Acho que está funcionando. – disse antes de ir para o outro
seio.
– Então devemos continuar.. – respondi com um gemido, sentindo sua
língua acariciar a minha pele. – O que você está fazendo? – perguntei quando
seus lábios se fecharem sugando o meu clitóris.
– Testando todas as hipóteses – respondeu ficando de joelhos e me
puxando para cima, minhas pernas se encaixaram em seu quadril, ele me
elevou, beijou o meu ventre, depois me fez descer devagar até sua glande
abrir os lábios do meu sexo. – Posso continuar? A partir de agora corremos o
risco de nunca mais nos desconectarmos...
– E isso é ruim? – perguntei mexendo levemente o quadril, sentindo
toda a sua ponta tocar meu interior.
– Seria a combinação perfeita – falou envolvendo meu rosto com suas
mãos, meus cabelos entre seus dedos. Enquanto seu membro deslizava para
dentro de mim, nossos lábios se encontravam.
Eu descia e subia, sentindo sua extensão me completar e me
abandonar. Já não nos beijávamos, nossos lábios se tocavam, trocávamos
respirar. O orgasmo veio sincronizado. A combinação perfeita. Meu corpo
aqueceu, meu sexo de contraiu, apertando o intruso. Ele gemeu, me
pressionando contra a sua virilha, metendo fundo, espalhando seu gozo em
meu interior.

–Precisamos registrar nossa pesquisa. – disse enquanto acariciava o


meu cabelo, você fez anotações? – Escorei meu queixo em seu peito e olhei
em seus olhos.
– Esqueci...
– Então teremos que repetir o experimento?
–Acho que sim... – Ele sorriu, lindo.
– Eu preciso ir até o carro – disse de repente. Vestiu-se com pressa, eu
o observava enrolada na manta.
– Não pode esperar a luz voltar?
– Não, é urgente. – ele me abraçou e sussurrou ao meu ouvido – Eu
volto... me espera?
– Sim. – Um beijo demorado.
Caminhamos de mãos dadas até a porta, não chovia, uma neblina densa
tomava conta da noite. Ele caminhou em direção a ela e, antes de desaparecer
na névoa branca, virou-se para trás e nossos olhares se encontraram.

A luz retornou. Cinco minutos depois, um carro estacionou na frente


da casa. Corri imaginando que era Gilbert, mas eram minhas amigas. Lucy
dirigia.
Alexia saiu do carro e correu em minha direção, me envolvendo em
um abraço apertado, deitou seu rosto no meu ombro e desabou, em um choro
convulsivo. Olhei confusa para Lucy, minha amiga tinha os olhos vermelhos,
secava as lágrimas com a ponta dos dedos.
– Ei... O que houve? – perguntei com a voz embargada por vê-la
naquele estado. Ela não conseguia falar.
– O acidente ... – Lucy respondeu se aproximando. – Era o carro do
Gilbert...
– O quê? – uma dor no peito...
– Eu preciso ligar para a mamãe... – Alex disse entre soluços.
– Calma, Alex. Eles já foram avisados e já estão vindo. – Lucy a levou
até o sofá e sentou-se abraçando-a.
– Não, não era ele... – consegui falar depois de processar a informação.
Aquilo era impossível, elas estavam enganadas. Lucy me puxou para um
canto.
– O carro bateu na mureta e mergulhou no oceano ... Nós estávamos lá
quando foi retirado.
– Mas ele ... ele não morreu. Eu sei... – murmurei entre lágrimas. – Ele
não pode... – uma dor dilacerante rompeu em meu peito, sai correndo da casa
em direção ao penhasco... Não conseguia respirar, olhei para o céu estrelado,
a grama seca, sem chuva, sem neblina,... Olhei para o oceano a minha frente e
caí de joelho.
– Gilbert… – gritei para a noite.

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