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Um Romance na Neve

CAPÍTULO 1

Jannochka olhava para os dois irmãos,


sentados na frente dela.
— Isso foi inadmissível
— Ela falou, séria.
— Eu concordo, mãe. Ekaterina fica se
metendo...
— Você mandou espancarem o Bernardo!
— Ekaterina se levantou e Pyotr não ficou
atrás.

Ambos estavam com marcas de agressão.


Pyotr pior do que ela.
— Ele é um maricas se não aguenta!
— Maricas?
— Ekaterina riu debochada
— Deu para tirar os outros por você?
Pyotr avançou contra Ekaterina, mas
Santiago segurou o rapaz pelo pescoço e o
fez se sentar, olhando feio também para
Ekaterina, que também sei que você queria
apenas machucar o Bernardo.
— Mãe, eu escolhi o mais fraco de nós
para ele treinar! O que mais eu poderia
fazer? - Pyotr deu de ombros, com um meio
sorriso, que logo morreu com a forma como
Jannochka olhou para ele.
— Bernardo não nasceu na máfia. Ele não
foi treinado na máfia. O que você fez foi
injusto e covarde - Jannochka se aproximou
mais de Pyotr, ficando com o nariz quase
colado ao dele - E eu não criei filho covarde.

Covardes não tem vez nessa Organização.

Pyotr franziu a sobrancelha.


Mas eu sou seu filho, o herdeiro. Vai me
matar?

Jannochka inspirou fundo, sem tirar os


olhos do filho.
— Se você for um covarde, Pyotr, não há
lugar pra você aqui. Como meu filho, a
cobrança é dobrada Ela falou e se sentou
atrás da mesa dela - Podem sair. E da
próxima vez, eu mesma vou dar uma surra
nos dois. Como Don.

Assim que os dois saíram, Santiago foi para


trás de Jannochka, que deixou o ar sair e
fechou os olhos, cansada. Santiago
massageou os ombros dela.

— Esses dois são fogo - Ele falou. - Você


precisa relaxar um pouco.
— Hmmm...
— Santiago deu um beijo na lateral do
pescoço de Jannochka e desceu a mão para
um dos seios dela, apertando ali.
— Não, não relaxar. Você precisa ser
bem fodida. - Ele puxou a cadeira dela com
a outra mão e Jannochka engoliu em seco -
Levanta.
— Dando ordens? - Ela perguntou,
provocando, levantando-se bem devagar.
Mas ao invés de ficar de pé, Jannochka se
colocou de joelhos e Santiago sorriu.
—E quem sou eu pra dar ordens na
mulher mais poderosa da Rússia? - Santiago
perguntou - Eu não passo do seu cachorro,
não é?

Jannochka, sem tirar os olhos do marido,


abriu as calças dele.

— Não, Santiago. Você é o único capaz de


mandar em mim Ela abaixou a cueca do
marido, segurando o membro dele - Gostoso.
Sem esperar que ele dissesse nada,
Jannochka o engoliu e Santiago grunhiu e
enfiou a mão nos cabelos de Jannochka.
- Que delícia, amor!

Santiago sempre agradecia por terem feito


aquele escritório à prova de sons.
Subindo as escadas, Ekaterina estava
furiosa, Pyotr logo atrás dela.
— Bernardo precisa crescer!
Ela se virou com raiva.
— Você sabe que fez merda! - Ela o
acusou E ele vai crescer! Primeiro que
Bernardo veio pra cá pra estudar! Nem
sabemos se ele vai ser um de nós!

Pyotr revirou os olhos.


— Não sou tão otário! Sei que você e ele
andam de putaria, Ekaterina. Então, ele VAI
casar com você.
— Não vejo você casando com as garotas
com quem dorme.
— Eu não fodo nenhuma da máfia, fodo? -
Ele perguntou
— Todas sabem bem que não tem nada
sério. Já você, printsessa (princesa), por mais
liberais que sejamos, isso não diminui o seu
status.
— Bernardo não tem que casar comigo só
porque fodemos! - Ela falou e Pyotr torceu o
nariz.
— Não vou deixar ele se aproveitar de
você! - Pyotr rangeu os dentes.
— Ele não está! - Ela respondeu no
mesmo tom.
— Bom, mesmo, Ekaterina. Eu acho ele
um cara maneiro, mas ninguém vai fazer
você sofrer. Eu mato! - Pyotr trincou os
dentes.
— Não, Pyotr. Eu mesma faço isso -
Ela soltou o ar - Obrigada por se preocupar,
irmão, mas eu sei de mim. E homem nenhum
vai brincar comigo. Eu por acaso tenho cara
de lírio do campo, Pyotr?
Pyotr levantou a sobrancelha e negou com
a cabeça.

— Você está mais pra "bast de Wolf" do


que para um lírio - Pyotr fez chacota e
Ekaterina mostrou a língua para ele.
(Bast de Wolf ou Daphne, é um tipo de
arbusto de até 1,5m que cresce na zona
intermediária da Rússia. Seus frutos são
vermelhos e atraentes, porém, mortais. A
morte ocorre por parada cardíaca e até
mesmo o suco da baga, na pele, pode causar
queimaduras graves e feridas).
— Você é o meu irmão e eu o amo, Pyotr,
mas não se meta mais com o Bernardo.
— Você quem vai treiná-lo? Ekaterina, se
ele não ficar forte, vão fazer piada dele e você
sabe disso. Não sei como eram as coisas no
México, mas aqui, ele vai ser devorado.
— Eu cuido disso - Ela falou - E é melhor
você colocar gelo nesse olho. Ou todos vão
ver o estrago que eu fiz em você.

Ele deu um empurrão no ombro da irmã e


entrou no quarto dele.

Ekaterina tomou um banho e foi falar com


Bernardo.

— Posso entrar? - Ela perguntou após


bater na porta.
— Entra.
Ela abriu a porta e viu Bernardo aplicando
pomada nos machucados, já limpos.
— Desculpe por isso - Ela falou e fechou a
porta.
— Melhor deixar aberta –Bernardo disse.
— Não tem motivo - Ela respondeu e se
aproximou, mas Bernardo negou com a
cabeça e passou por ela, com expressão de
dor, e deixou a porta encostada - Você tem
me evitado desde que chegou aqui. Te
meaçaram? Pyotr?
— Eu só não quero desrespeitar você.
Menos ainda aqui. - Ele falou. Santiago
conversou com ele e, entre meias palavras,
deixou claro que se Bernardo desejava se
manter um homem funcional, era melhor
guardar as coisas dele muito bem dentro das
calças.

Ekaterina sabia que não era só isso e se


aproximou mais de Bernardo, colocando a
mão no peito dele por sobre a blusa. Ele
inspirou fundo.
— Amor, assim fica difícil - Ele disse mais
baixo.

Só porque você tá fazendo ser assim -


Ekaterina passou a língua pelos lábios e
desceu a mão, mas Bernardo a segurou pelo
pulso.
— Você ainda vai fazer dezessete anos,
Ekaterina. E eu já tenho quase vinte anos. Eu
já fui muito irresponsável.
Ela estreitou os olhos para Bernardo.
— Eu não tô sendo forçada a nada -
Ekaterina começou a desabotoar a blusa e
Bernardo engoliu em seco - Um ano passa
rápido.
CAPÍTULO 2

Bernardo segurou as mãos dela.


— Então a gente espera um ano -
Ekaterina abriu a boca, indignada - Passa
rápido.
Ekaterina puxou as mãos.
— Eles ameaçaram você.
Certeza! - Ekaterina andou de um lado para
o outro - Você não parecia preocupado
quando me beijou na faculdade. Ou quando
brincávamos nas chamadas de vídeo!
— Shh! - Ele fechou a porta e passou a
mão pelos cabelos loiros, afastando-se de
Ekaterina e indo para perto do banheiro -
Ekaterina, vamos com calma, okay?
Ela negou com a cabeça.
— Você não se sente atraído por mim,
não é? - Ela suspirou e mudou de expressão -
Certo. Não vou insistir. Desculpe.
— Ela se empertigou e foi em direção à
porta. Ekaterina não iria se humilhar.

Bernardo xingou mentalmente, andou até


ela rapidamente e segurou-lhe a mão,
fechando a porta que ela já tinha aberto um
pouco e a puxou para a parede.
— Não me sinto atraído? - Ele segurou o
rosto de Ekaterina com uma mão e a beijou.
Foi como se o corpo dele entrasse em
chamas, deliciosas e dolorosas ao mesmo
tempo - Eu quero você o tempo todo!

Bernardo beijou Ekaterina de novo, os dois


gemendo e a levantou do chão e a levando
para a cama, onde a depositou e se deitou
por cima. Ela passou as pernas pelo torso
dele.

Ekaterina levantou a barra da blusa de


Bernardo, que a retirou e jogou a peça para o
lado. A russa passou a mão pelo peito do
loiro e ao descer o olhar, notou que ele
estava roxo no abdômen.

"Maldito Yenin!", ela amaldiçoou. Bernardo,


apoiando as duas mãos ao lado de Ekaterina,
projetou os quadris para frente e ela gemeu
ao sentir o volume dele.

— Vê como eu te quero? – Ele perguntou


e repetiu o movimento, com mais força - E
me dói ter que protelar o momento em que
eu finalmente vou ter você toda, Ekaterina.

Ele a beijou de novo.


Ekaterina mordeu o lábio inferior de
Bernardo, que acelerou os movimentos dos
quadris.
— Castillo?
Uma voz masculina soou do outro lado e
Bernardo e Ekaterina pararam de se mexer,
respirando pesado - A Don quer falar com
você.
— Ah... - Bernardo olhou para Ekaterina e
saiu de cima dela - Eu já vou. Obrigado!

Passos se afastando e Bernardo cobriu o


rosto com uma das mãos. Ekaterina se
ajoelhou atrás dele, passando as mãos pelos
ombros de Bernardo.
— É melhor você ir. Minha mãe não gosta
de esperar - Ela falou e Bernardo se virou,
Puxando Ekaterina para o colo dele.
— Você é uma tentação, Ekaterina -
Bernardo a beijou de novo e se levantou -
Seja boazinha e coopere.

Ele ajeitou as calças, mas estava difícil de


esconder o estado dele. Ekaterina riu e ele
apertou os olhos para ela.
— O que fizemos aqui... Pode?
Bernardo colocou uma blusa comprida,
mas não era o suficiente.
Ele amarrou um casaco na cintura, ainda
que odiasse aquilo.
Vamos ver - Ele a beijou rapidamente -
Espera um pouco pra sair.
Ela concordou com a cabeça e assim que
ele se foi, Ekaterina deitou na cama de
Bernardo, sorrindo e abraçou um dos
travesseiros.
- Ele me quer, mesmo!
Bernardo estava com o coração à mil. E se
Jannochka soubesse que ele e Ekaterina
estavam quase transando no quarto dele?
Ele chegou ao escritório dela e respirou
fundo, antes de apertar no botão na parede e
se anunciar.
— Pode entrar -
Jannochka soou pelo interfone e desligou.

Bernardo abriu a porta, que foi


destrancada e viu a russa sentada atrás da
mesa dela - Sente- se.
— Com licença - Ele disse e se sentou ali.
Bernardo ainda se sentia nervoso na
presença da mulher que tanto se parecia com
Ekaterina.

"Ekaterina é mais bonita", ele sorriu para si


mesmo e Jannochka, que levantou os olhos
para o rapaz, o olhou com interesse.

Se ainda pode sorrir, não deve ter sido uma


surra tão ruim - Ela disse e Bernardo
despertou das lembranças de minutos antes,
com Ekaterina, Jannochka se recostou na
cadeira - Eu peço desculpas pelo
comportamento dos rapazes, incluindo o de
Pyotr.

Bernardo negou com a cabeça.


— Eu só não tenho condicionamento
suficiente. Apanhei por isso - Bernardo disse
- Pyotr não está errado. Se eu vou ficar,
preciso ser capaz de ao menos proteger a
mim mesmo.
— Você não faz parte da máfia, Bernardo
- Jannochka disse, olhando nos olhos verdes
do rapaz
— Sua vinda para cá está relacionada aos
seus estudos.
— É... É possível que eu seja um de vocês?
Ele perguntou e Janna inspirou fundo.
— Você tem idéia do que fazemos,
Bernardo? Você consegue compreender
onde estaria se metendo? - Ela manteve o
olhar no dele - Não é algo que você pode
entrar e sair quando quiser. Uma vez dentro,
você só sai morto.

Bernardo não respondeu e Jannochka ficou


satisfeita que ao menos ele não era
impulsivo o suficiente para ir em frente e,
depois, se rrepender.
— Vamos fazer assim: você vai treinar,
vai ver como são as coisas e, caso deseje ficar
conosco, passaremos aos testes e,
finalmente, se você passar, a cerimônia - Ela
propôs - Espero que não tenha problemas
com tatuagens.

Pelo menos uma delas é obrigatória.


— Combinado
— Bernardo disse
— E não tenho problemas com tatuagens.
Jannochka anuiu com a cabeça.
— Começaremos amanhã. E você vai
entrar num curso de russo.
— Vou?
Ela levantou a sobrancelha.
— Nem todos falam inglês. A Rússia é
grande, Bernardo. Você não vai querer estar
necessitando se comunicar e não poder. Às
vezes disso depende a sua vida ou de alguém
caro a você.
Ele já sabia uma coisa ou outra, que
Ekaterina havia ensinado.
— A senhora está certa – Ele respondeu.
— Okay. Esteja pronto às seis da manhã.
Pode ir - Ela falou e Bernardo concordou
com a cabeça, se levantando e andando até a
porta - E Bernardo? - Ele se virou para ela -
Nada de netos, por hora.

Entendido?

Ele arregalou os olhos e ficou vermelho


como um tomate.

Ah...
— Você sabe do que estou falando. Ainda
não. E não se atrase, amanhã. Odeio atrasos.
Ele concordou com a cabeça e saiu do
escritório, encostando-se à porta com as
costas e soltando o ar.

"Porra, ela sabe!".

Ao abrir a porta do quarto dele, pegou


Ekaterina dormindo na cama.

Bernardo fechou a porta com cuidado e se


aproximou dela, com a intenção de a acordar,
mas não teve coragem.

Bernardo nunca tinha visto Ekaterina tão


relaxada e ela lhe parecia um anjo. Ele não
era ignorante, sabia que aquela moça era
uma mafiosa, filha de uma Don e
compartilhava daquela genética, sem
esconder nada.

Ele se sentou na beirada da cama e tirou os


fios de cabelo que estavam no rosto da russa,
sorrindo.
Uma vez que ele ficasse na Rússia, ele faria
parte daquele mundo e teria que abdicar de
muitas coisas, incluindo da convivência fácil
com os pais. Máximo era um excelente pai,
aceitava Osvaldo e os outros, mas isso não
queria dizer que ele ficaria feliz com um filho
metido naquele mundo. Clara já foi um
baque bruto no mais velho dos Castillo.
— Mas eu não posso ficar longe de você-
Ele sussurrou e trocou de roupa, vestindo
uma calça de moletom e uma camisa de
algodão.

Depois, Bernardo se deitou na cama, de


frente para Ekaterina.

Os machucados dela estavam cuidados,


mas já estavam arroxeados. Bernardo
inspirou fundo, pois a vontade era de ir até
Pyotr e bater no rapaz.
"Ele vai terminar de me quebrar e, no fim,
vai sobrar para Ekaterina, porque eu sou um
fraco", ele suspirou irritado com ele mesmo.
"Mas eu vou ficar mais forte!".

Mesmo indo para a academia, Bernardo


não era páreo para aquilo.

Quando o celular dele tocou às cinco,


Ekaterina estava nos braços de Bernardo.

Ela resmungou com o barulho, mas


Bernardo levantou a mão para tocar no rosto
dela, que segurou o pulso dele com força e
abriu os olhos.
CAPÍTULO 3

Por um momento, Bernardo sentiu o


sangue gelar. Aquela Ekaterina parecia outra.

Porém, durou apenas alguns segundos. Ela


rapidamente piscou algumas vezes e sorriu
para ele.
— Desculpe... Eu não estou acostumada
a acordar com ninguém
— Ela falou sem graça e Bernardo sorriu.
— Eu fico realmente aliviado — Ele
disse e então, rolou por cima de Ekaterina
— Depois que casarmos vai se acostumar.

Um leve rubor apareceu nas bochechas


dela, que mordeu os lábios.
— Já pensando em casamento, senhor
Castillo?
— Claro! Eu sou um homem sério — Ele
deu um selinho nela
— Quero você todinha pra mim. De
todas as formas.

Ele se inclinou para beijá-la novamente,


mas alguém bateu à porta.
— Acorda. loiro! — Era Pyotr. Ele bateu
novamente com um só soco — Vai se atrasar
no primeiro dia?
— Merda! — Bernardo falou baixinho
— Já tô acordado! Vou só tomar uma ducha!
— Você tem vinte minutos! — Mais um
soco na porta e Pyotr se foi. Bernardo pulou
da cama.
— Você não precisa ter medo dele —
Ekaterina falou e Bernardo, que já estava a
meio caminho do banheiro, a olhou com
incredulidade.
— Sério? Ele vai me matar se pegar
você aqui! Sue mãe e seu pai também! Seus
tios. E eu não duvidaria dos seus primos.
Pelo menos o Aleksey... Ele é estranho.

Ekaterina não podia negar. Aleksey era o


mais novo, porém,o mais cruel e sádico.

Ela saiu da cama, também e se espreguiçou,


o que fez a blusa dela subir e Bernardo
fechou os olhos. Qualquer pedaço a mais de
Ekaterina que ficava à mostra era como um
convite para que ele corresse não só as
mãos, mas a boca.

"Não!", ele brigou consigo e entrou no


banheiro de uma vez.

Quando ele saiu, depois de ter que se


aliviar, Ekaterina já não estava ali.

Bernardo se vestiu rapidamente e, ao


chegar ao primeiro andar, Ekaterina já
estava ali, com os cabelos úmidos, toda de
preto, conversando com o irmão.
— Bem na hora, loirinho — Pyotr
brincou, olhando para o relógio e sorrindo de
lado — Parece que você dormiu bem.
— Não poderia me atrasar no meu
primeiro dia oficial, não é? Eu... Eu dormi
cedo. Foi isso.
— Acabou a moleza!
— Miguel interrompeu Pyotr, que
estava pronto para comentar sobre Bernardo
dormir cedo. Miguel estava saindo da
cozinha com duas garrafas de água e jogou
uma para Bernardo, que a pegou com uma só
mão — Boa!
— Vamos, hora de treino — Fyódor
falou. Os olhos azuis, como os de Aleksey,
varreram todos, até chegar a Bernardo —

Você vai para o escritório. A Don espera.


— Sim, senhor — Bernardo disse e se
virou, encaminhando- se para onde
Jannochka esperava por ele.

Aleksey estava passando, a fim de ir para a


porta de saída, já que tinha um curso do
colégio antes da aula.
— Se eu fosse você, teria cuidado em
trancar a porta — O garoto disse em inglês e
Bernardo parou de se mover e olhou o
garoto, que já estava na porta.
— O que você disse?
Aleksey não se virou, mas sorriu.
— Imagino o que pensariam ao saber
que a princesa dormiu na sua cama
— Aleksey soltou uma risada — Pode
me agradecer depois por tirar o tio Yuri de
perto.

Aleksey saiu pela porta e Bernardo estava


se sentindo estranho. Ele andou rápido até o
escritório e Jannochka notou que ele não
parecia bem.
— Aconteceu alguma coisa?
— Huh? — Bernardo perguntou,
avoado.
— Você parece assustado. O que houve?

Ele piscou algumas vezes e balançou a


cabeça.
— Nada... Eu só... Nada. Perdão.

Jannochka não ia forçar o rapaz a falar,


apenas fez sinal para que ele se sentasse ao
lado dela e a aula começou.

Diferente do que Bernardo imaginava,


Jannochka era extremamente paciente e
explicava com calma. Em nada se parecia
com uma Chefe de máfia perigosa, como ele
ouvia dizerem que ela era.

Mais tarde, no quarto dele, ele conversava


com os pais por vídeo chamada. Quando
Carolina viu os machucados de Bernardo, ela
quase chorou
— O que diabos estão fazendo com
você, aí?
— Máximo perguntou e Bernardo
balançou a cabeça.
— Eu que me meti onde não devia. Além
disso, pai, eu quero treinar. Ficar mais forte.
— Você não precisa treinar com esses...
—Máximo soltou o ar — Respeito os Sigayev,
mas... Eu não quero você nisso!
— A escolha é minha, pai.
— Eles são criminosos!
— Máximo falou baixo, mas ríspido.
Carolina colocou a mão no ombro dele
— Eles não são de brincadeira,
Bernardo. Osvaldo e companhia, perto deles,
são fichinha!
— Eu sei me cuidar! Não vou fazer nada
errado!
— Se se tornar um deles, vai! Porque a
sua chefe vai te mandar roubar, matar! E
você vai! —Máximo levou uma mão ao peito
e Carolina arregalou os olhos — Vocês ainda
me matam!
— Querido, seu pai só está preocupado.
E acho que ele precisa descansar um pouco
— Carolina falou — Por favor, cuide-se.
Pense em tudo com carinho.
— Obrigada, mãe — Bernardo disse e
em seguida, a ligação foi finalizada.
Ele suspirou e olhou para o teto, cansado.

"Mas eu sei o que eu quero!", ele disse,


seguro de si.

Antes de dormir, ele e Ekaterina


conversaram por mensagens e eles como
antes, os dois acabaram "passando dos
limites".

Os dias passaram e Bernardo, por mais que


tentasse não colocar as mãos em Ekaterina,
perdia a força de vontade com apenas um
olhar mais atrevido dela.

Eles evitaram os quartos, mas viviam pelos


cantos se beijando.
— Vou sentir a sua falta — Ekaterina
disse, apoiada no batente da porta, enquanto
Bernardo estava arrumando as malas para
voltar ao México, para o Natal.
— Eu também vou sentir a sua — Ele
respondeu, fechando a pequena mala — Mas,
logo estarei de volta.
— Mamãe disse que o seu treino físico
vai começar — Ekaterina sorriu — E
adivinha quem vai te treinar?

Bernardo balançou a cabeça.


— Quem?
— Euzinha! Ele sorriu.
— Opa! Com uma professora dessas, eu
fico até mais animado
— Ele se aproximou dela, olhou para o
corredor e então, beijou Ekaterina.

Passos no corredor e vozes fizeram os dois


se separarem e ele piscou pra Ekaterina,
pegou a mala dele e saiu pelo quarto, dando
de cara com Yuri e Maksim. YA slezhu za
toboy (Eu estou de olho em você)! — O pai
falava para o filho, que mantinha a cabeça
baixa — Ah, Bernardo! O Fyódor já está te
esperando no carro. Boa viagem!
— Obrigado, senhor Sigayev! —
Bernardo falou e o russo voltou a fechar o
rosto, passando sermão em Maksim, que
apenas deu um sorriso tímido para Bernardo
e Ekaterina, antes de seguir o pai.
— Maksim é bem na dele — Bernardo
falou.
— Sim. Ele é... Doce
— Ekaterina falou, andando atrás de
Bernardo — Tio Yuri quer endurecê-lo.
— Por quê? — Bernardo perguntou
— Eu o vi lutar. Ele me parece muito
bom.
— Não para o patamar da Organização
— Ekaterina disse e Bernardo a olhou de
boca aberta — Maksim tem coração mole.
Ele não é dado a torturas.

Bernardo franziu o cenho.


— E você é? — Ele riu, mas Ekaterina o
olhou, séria.
— Eu não nego as minhas origens, o
meu sangue, Bernardo — Ela falou
— Sou filha da minha mãe.
Bernardo, apesar de ouvir muito falar que
Jannochka Sigayeva era uma mulher cruel,
pior que o próprio diabo, não acreditava.
Sim, ela era durona, rígida, mas também
educada e, de certo modo, amável.
— Aposto que sim — Ele sorriu para
Ekaterina, que sentiu um aperto no coração.
— Aposte. Porque eu sou pior do que
você imagina — Ela falou. Era melhor que
Bernardo sempre soubesse quem e como ela
era.

Ele parou ao pé da escada e acariciou o


rosto de Ekaterina.
— Você tem uma casca dura, mas por
dentro, é um amor.

Uma gargalhada debochada e os dois viram


Pyotr chorando de tanto rir, com Miguel
atrás dele.
— Um amor? Ekaterina? — Pyotr
perguntou e colocou a mão no ombro de
Bernardo. O russo tinha crescido alguns
centímetros e estava do tamanho do loiro
— Pobre iludido. Abre o olho, loiro.
Essa daí é pior que a aranha Karakurt!
— Você está enganado — Bernardo
disse e Pyotr parou de rir, confuso.
— Como eu disse, iludido. Boa viagem
— Pyotr falou — E vê se acorda desse
seu mundo de fantasia. A teia dela é viscosa e
você vai acabar preso e ela vai te matar.
— Cala a boca, Pyotr!
— Ekaterina falou e o rapaz não gostou
do tom, fechando a cara. Miguel se colocou
no meio.
CAPÍTULO 4
— Época de Natal, amor nos corações!
— Ele disse e puxou a manga da camisa
de Bernardo — Tá na hora da gente ir,
Bernardo. Tchau, galera! Comportem- se!

Ele deu uma piscada para os gêmeos e foi


com Bernardo para o carro que os levaria ao
jatinho.
— Pyotr às vezes é insuportável! —
Bernardo falou e entrou no carro.
— Mas... Você sabe que a Ekaterina não
é uma flor, né? — Bernardo olhou feio para
Miguel — Não tô falando mal dela. Só tô
dizendo que ela parece com a tia Janna.

— Essa também não é esse demônio


que vocês pintam.
Miguel soltou uma risada.
— Realmente, você tá iludido. Não sabia
que você era desses que se derretem por
mulher, Bernardo.
O loiro apontou para Miguel.
— Não ouse me julgar! Você fica de
quatro facinho!
— Eu? — Miguel riu com desdém —
Tive um lapso. Já passou.
— Pensei que estivesse com a Gemma.
Gemma? Ficou louco?
— Miguel negou com a cabeça — Não
nego que ela é bonita, está menos chata.
Agora... Ela e eu, juntos, um casal? Nem
louco.
— Eu te vejo de papo com ela... Achei
que estivesse rolando algo.
— Não! Amizade! — Miguel falou —
Não curto mulher tão novinha.
— Ah, nossa, você é tãaao velho!
— Gosto de mulher da minha idade pra
cima — Miguel disse e sorriu de lado — As
de vinte e cinco, por aí. Nossa, que delícia.

Bernardo balançou a cabeça


negativamente.
—Você é um galinha. Junto com o Pyotr.
— Não nego. E você, é um romântico.
Bernardo suspirou.
— Eu prefiro me manter fiel ao que eu
sinto e a quem eu quero. Se eu gosto de uma
mulher, por que eu iria querer outra? Nem
entra na minha cabeça a possibilidade de
outra me tocar.
Ele torceu o nariz e Miguel levantou as
sobrancelhas.
— Vai ver não encontrei o amor da
minha vida, ainda.
A viagem de volta para o México foi longa e
Bernardo não conseguia parar de pensar que
estava adorando ficar pertinho de Ekaterina,
além de estudar o que ele adorava.

Assim que o período iniciasse, ele entraria


para a faculdade na área da computação.

Naquele ano, Tonny passou o Natal com os


Castillo, para que Clara não precisasse
escolher.
— E então, como estão as coisas na
Rússia? — Tonny perguntou a Bernardo,
quando os dois estavam organizando os
talheres.
— Bem... Alguns russos são mais legais
do que outros — Bernardo riu — Acho que
tem uns que não me suportam.

— Você não é nascido no meio. Normal


— Tonny disse — Além disso, você está
"roubando" a princesa deles. Muitos ali
sonham em ter algo com Ekaterina.

Bernardo trincou o maxilar.


— Pois eles que sonhem! Ela é minha!
Tonny sorriu.
— Tenho certeza que sim. E, um
conselho:

Ekaterina não é do tipo que se dobra por


homem, que abaixa a cabeça. Nunca tente
subjugá-la, Bernardo. Nunca.

— Manterei isso em mente — O loiro


disse.

A noite de Natal foi regada a conversas,


brincadeiras e, claro, muito amor.
— Eu nem acredito que elés já estão
crescidos — Carolina reclamou, fazendo
beicinho enquanto terminava de guardar a
louça, com Máximo. Eles haviam insistido em
dar conta de tudo sozinhos.

Máximo a abraçou por trás e apoiou o


queixo no ombro da esposa.
— Parece que foi ontem que Bernardo
era um bebê — Ele falou e sorriu, lembrando
do bebê que ele viu pela primeira vez através
da tela de um celular.
Aquilo sempre fazia Máximo se arrepender
de como muitas coisas aconteceram na vida
deles, e de como ele quase colocou tudo a
perder.
— Obrigada por me dar esses filhos
maravilhosos — Carolina disse, se
encostando mais em Máximo e passando a
mão pelo rosto dele.

A pele estava melhor, com o tempo. Mas, se


olhasse direito, ainda era possível ver que
não era perfeitamente lisa.

Máximo apertou mais a cintura de Carolina


e olhou em volta.
— Acho que estão todos dormindo —
Ele sussurrou e ela mordeu os lábios.
— Mas é perigoso! —
Apesar de dizer isso, Carolina já estava
sorrindo e adorando a atenção que uma das
mão de Máximo estava dando para a coxa
dela e subindo pelo tronco, indo em direção
ao seio.
— Adoro um perigo
— Ele mordeu o lóbulo da orelha dela,
que gemeu e se esfregou mais em Máximo.

Sem pensar mais, Máximo a levantou, para


que Carolina se sentasse no balcão.

Ele se colocou no meio das pernas dela e


atacou-lhe os lábios.
— Você tá cada vez mais deliciosa! —
Ele beijou o pescoço de Carolina, se
enterrando nela, que abafava os gritinhos e
gemidos no ombro dele.

No próprio quarto, Bernardo estava em


chamada de vídeo com Ekaterina, como
sempre.
— Quero saber qual vai ser o meu
presente — Ela brincou e Bernardo sorriu,
safado, passando a mão por cima da calça.
— O que você quiser.
— Hmm... Perigoso você dizer isso —
Ela passou as mãos pelos seios, por cima do
suéter.
— Temos que esperar... — Bernardo
respondeu, a boca seca — Você precisa
completar dezoito anos.
Ekaterina revirou os olhos.
— Não preciso... Nossa diferença de
idade é de menos de três anos!
— Mesmo assim. E... Não quero fazer
besteira e estragar a minha chance de casar
com você.

Ekaterina negou com a cabeça.


— Aqui as coisas não são assim. Eu não
preciso casar virgem
— Ela falou e olhou bem para Bernardo
— E você tem tanta certeza assim de
que vamos nos casar?

Ele fechou a expressão na hora.


— É claro que vamos! Eu não estou
namorando você por brincadeira!
— Ah, estamos namorando... — Ela
disse lentamente e, ao ver a boca dele aberta,
em confusão e ofensa, ela Ekaterina
continuou — Você nunca pediu.

Bernardo ainda levou alguns segundos


para se recompor.

— Não seja por isso. Eu gostaria de


fazer isso ao vivo, mas também não quero
perder mais tempo
— Ele respirou fundo
— Ekaterina, você quer ser a minha
namorada?

Oficialmente?

Ela virou a cabeça para o lado, fazendo um


biquinho. O coração de Bernardo bateu mais
forte, porque ela não estava dando uma
resposta.

"Porra... Será que não é isso o que ela


quer?"
— Eu sou muito jovem. — Ela falou e
Bernardo pensou que morreria ali mesmo.
Ekaterina percebeu como o rosto dele
parecia contorcido em dor e decepção.
CAPÍTULO 5
—Ei! Eu tô brincando! Claro que eu
quero!

Bernardo fechou os olhos, levando a mão


ao peito.
— Você... Diaba! — Ele soltou e
Ekaterina jogou a cabeça para trás, numa
gargalhada que aqueceu Bernardo todo por
dentro.
— Desculpe, desculpe. Não sabia que
você ficaria desse jeito!
— Isso não é jeito de tratar o seu
namorado... — Ele a repreendeu, mas já
sorrindo. Ela era a namorada dele.

De acordo com a máfia, ela poderia estar


noiva dele, sem qualquer problema. Ele
esperaria mais um pouco e a pediria em
casamento. Não tinha qualquer dúvida
dentro dele quanto a quem ele queria para a
vida.
— E como eu posso me retratar? — Ela
abriu mais o sorriso
— Meu querido namorado? Alguém
bateu na porta de Ekaterina, antes de abrir a
mesma. Era Pyotr, que olhou para a tela,
vendo Bernardo sem camisa e apertou os
olhos, se aproximando com raiva.
— Que merda é essa?
— Ele perguntou e fuzilou Bernardo
pela tela do computador.
— Sai do meu quarto!
— Ekaterina bateu o pé e puxou o braço
do irmão, que apontou com o dedo para
Bernardo.
— Eu vou quebrar você... Porra, eu vou
te matar! — Ele gritou e Ekaterina deu um
empurrão nele. Pyotr segurou os braços dela
— Ficou maluca?
— Ei! Solta ela! — Bernardo gritou,
colocando-se de pé, como se ele pudesse
fazer algo, uma vez que estava a muitos e
muitos quilômetros de distância dos gêmeos.
— O que tá havendo aqui? — Santiago
apareceu no quarto e olhou para os dois
irmãos, sem nem olhar para o computador
de Ekaterina.

Isso é, até que Pyotr apontou.


— Ekaterina tá de putaria com o
Bernardo, online!

A expressão de Santiago escureceu e ele


olhou para Ekaterina e, então, para onde
Pyotr estava apontando..
— A gente tava só conversando! —
Ekaterina disse, sem gaguejar — Qual o
problema?
— Por que ele tá sem blusa? — Santiago
perguntou e só então Bernardo se lembrou
que poderia parecer que ele estava nu. Ele se
afastou um pouco da tela para que Santiago
visse que ele estava vestido.

Não que aquilo tenha ajudado muito, já que


o volume nas calças dele ainda estava ali.
— Ele tomou banho e veio falar comigo.
Não é como se não víssemos os rapazes sem
blusa — Ekaterina disse, calmamente — E eu
estou bem vestida, não?

Santiago olhou para ela e concordou com a


cabeça.
— Vamos conversar quando você
voltar, Bernardo — Ele disse para o loiro,
que concordou com a cabeça, pela tela do
computador. — Quanto a vocês dois... Vamos
conversar agora!
Abaixando a tela do computador, dando
uma piscada de olho e um sorriso para
Bernardo, Ekaterina se virou em seguida e
seguiu o pai para fora do quarto.

Eles foram para o escritório.


— Sentem-se! — Os dois se sentaram e
Santiago cruzou os braços, soltando o ar e se
escorando na mesa com as duas mãos,
cabeça baixa, antes de olhar para os meninos
— Essas brigas tem que parar.
— Ele invadiu a minha privacidade —
Ekaterina disse e Santiago concordou com a
cabeça e olhou para Pyotr, que parecia
ofendido.
— Eu só fui chamar Ekaterina para
tomar a droga do chocolate quente que eu fiz
pra ela!
— Pyotr cruzou os braços na frente do
peito, enquanto Santiago olhou com
surpresa para o filho, levantando a
sobrancelha — O quê?
— Você fez chocolate quente para
Ekaterina?
— Eu só quis ser legal! É manhã de
Natal!
— E desde quando você é legal... Na
manhã de Natal, Pyotr? — Ekaterina
perguntou e cruzou os braços.

Pyotr revirou os olhos.


— Foi a primeira e última vez — Ele
retrucou — Mas não mude o foco! Você tava
se insinuando para aquele... Aquele...
— O que você viu, Pyotr? — Santiago
perguntou e Ekaterina agradeceu por não ter
tirado a blusa.
— Ela estava passando a mão pelo
corpo. Eu vi! E eu tenho certeza que ela tava
levantando o suéter!

Santiago olhou para Ekaterina.


— Pai, o senhor nao faz esse tipo de
cobrança com Pyotr, por que comigo? Por
que ele pode dormir por aí com quem quiser
e eu, não?
— Você dormiu com ele? — Pyotr
perguntou, mais irritado.
— Não é da sua conta!
— Ei. ei, ei! — Santiago deu um tapa
forte na mesa.
— Sorte de vocês que Jannochka teve
que sair, ou ela teria dado aquela surra que
ela prometeu! Porra... — Ele suspirou — Só
quero que se cuide, não vou matar Bernardo,
ainda. Ok?
— O senhor vai deixar? — Pyotr
perguntou, levantando-se.
— Como ela disse, se você pode, ela
pode.
— Mas.
— Está dito, Pyotr! —Santiago falou e
olhou para Ekaterina — Mas tenha cuidado.

Porque assim que estiver claro para os


outros que Bernardo anda com você, eles
vão querer a morte dele. Você sabe como os
rapazes são competitivos.
— Dane-se eles! — Ekaterina soltou e
Santiago a olhou feio
— Perdão.
— E você, Pyotr, não quero saber de
você se metendo onde não deve. Sua irmã
não é nenhuma desmiolada. Ela nunca deu
trela para rapaz nenhum e Bernardo é
alguém que eu aprovo.
— Ele é fraco! Incapaz de proteger
Ekaterina!
— E quem disse que EU preciso de um
homem me protegendo? — Ekaterina o
olhou indignada — Eu posso dar conta de
mim. Melhor do que você dá conta de si!
— Quer testar? — Pyotr se levantou e
Santiago segurou os dois pelo pescoço e
olhou de um para o outro.
— Último aviso — A expressão dele
ficou bem diferente e os gêmeos sabiam que,
apesar de ser muito paciente, quando o pai
deles resolvia que a brincadeira havia
acabado, ele era terrível
— Entendido?

Os dois concordaram como dava, com a


cabeça, antes de Santiago os colocar para
fora.
Ekaterina foi em direção a cozinha.
— Hey! — Pyotr a chamou, mas ela o
ignorou. Ele se colocou na frente dela
— Pra onde tá indo?
— Quero saber se você fez mesmo
chocolate ou aquilo foi papo furado! — Pela
forma como Pyotr fechou a boca, Ekaterina já
sabia a resposta — Você é um puta
mentiroso!
— Eu ia fazer o chocolate, mas tinha
que saber se era com ou sem canela — Ele
falou, mas Ekaterina sabia que aquela era
outra mentira e o olhou, esperando que ele
falasse a verdade.

Pyotr jogou as mãos para o alto — Tá! Eu


só queria saber se você podia me ajudar com
uma coisa.
— Não me sinto muito interessada
nesse momento, não. — Ekaterina
respondeu, dando a volta e indo para as
escadas.
— Calma aí, irmãzinha Ekaterina
continuou andando
— Tem essa menina...
Ekaterina parou de subir os degraus e se
virou para Pyotr.
— Você tentou estragar o meu
relacionamento e ainda tem a cara de pau de
querer que eu ajude com o seu?
Ela negou com a cabeça e continuou a
subir, mas Pyotr segurou a mão dela.
— Seguinte, ela é boazinha.
— É da máfia?
Ele negou com a cabeça.
— Do colégio.
— Você estuda num colégio para
meninos
— Ekaterina respondeu, cruzando os
braços.
CAPÍTULO 6

— Eu não disse que era o meu colégio,


disse? — Pyotr tentou desconversar, mas
Ekaterina continuou encarando o irmão, que
soltou um suspiro de derrota — Ela estuda
num outro colégio, óbvio.
— Pyotr, se não vai me contar isso direito,
eu não tenho como ajudar em nada.
— Certo! Hmm... — Ele passou a mão pela
nuca e Ekaterina imaginou que ele estava
preparando outra mentira — Eu fui fazer um
trabalho na casa de um colega e eu a conheci.
Vizinha dele.
— Desisto — Ela abanou a mão na
direção do irmão e voltou a subir a escada.
— Não, pera aí! — Pyotr seguiu Ekaterina
— Eu não tô mentindo!
— Você não vai na casa de ninguém fazer
trabalho. Os professores sabem que você faz
trabalhos sozinho, Pyotr. Então, pense
melhor e, quando tiver uma mentira mais
elaborada, você fala comigo!
— Só... Só me diz o que eu posso fazer pra
uma garota legal me dar bola!
Ekaterina já estava no topo e se virou
novamente, mas não completamente.
— Se ela for legal, mesmo, não vai te dar
bola, Pyotr — Ela então olhou bem para o
rosto do irmão, que parecia chocado e
machucado com as palavras dela — Vai ver
que ela consegue sentir o quão mentiroso
você é e, por isso, ela está sendo esperta e
mantendo distância.

Depois disso, Ekaterina voltou a andar e,


dessa vez, Pyotr não a seguiu. Ele fechou os
olhos, irritado, e foi para o próprio quarto.

Aquele era um dos poucos dias no ano em


que eles não tinham treino e poderiam
aproveitar o dia para eles. Exceto se
houvesse alguma emergência.

Jannochka estava olhando para o homem


sentado na cadeira, com pouco interesse.
— E-eu juro, Parkhan... — Ele falou, com
dificuldade — Não fui... Eu.
— Além de tudo, ainda tenta me passar
de imbecil — Ela murmurou, revirando os
olhos e se aproximando do homem.
— Parkhan... Por favor...
Jannochka fez sinal para o outro soldado,
que segurou o pescoço do homem, pela nuca
e apertou, fazendo-o abrir a boca por reflexo.
Ela enfiou a mão na boca do homem e puxou
a língua dele para fora, vendo-o arregalar os
olhos e se debater.
— Eu odeio mentirosos. Odeio
estupradores... E pedófilos. Você conseguiu
ser os três
— Quando o homem olhou dentro dos
olhos dela, foi como se visse o próprio
inferno. — Vou tirar tudo de você.

Ela tirou a pequena faca do cinto e cortou


lentamente a língua do homem. Depois,
enfiou a mão na bacia de sal, já preparada e
colocou um punhado na boca dele, que
tentava gritar.
— Adrenalina — Ela pediu e o médico
que trabalhava com ela injetou uma seringa
no homem — Você não vai morrer. Não
ainda.

Ela olhou para o meio das pernas dele e


sorriu diabolicamente.

Ao chegar em casa, Santiago já a esperava.


Ela tinha dito que trataria de um problema, e
não precisaria que ele fosse. Na verdade, ela
queria que ele descansasse um pouco, já que
Santiago vinha trabalhando mais do que o
normal.
— Pela sua cara, foi divertido, Santiago
falou, sorrindo de lado.
— Um aquecimento
— Ela falou e foi para o banheiro — A
diversão vai começar agora — Ela piscou
para o marido, que entendeu e a seguiu para
o banho.

Na cama, ela beijou o peito de Santiago e o


acariciou.
— Como as crianças se comportaram?
— Brigaram, de novo, mas nada grave.
Besteira — Ele passou a mão pelo seio de
Jannochka. Ela tinha voltado a colocar os
piercings depois que os gêmeos já não
estavam amamentando.

Santiago deitou por cima dela e passou a


língua no mamilo — Não canso de chupar
essas gostosuras.

Ele sugou forte em um, enquanto apertava


o outro. Enquanto isso, a mão livre dele foi
para o clitóris de Jannochka.
— Ah, Santiago! — Ela gemeu e passou as
unhas pelas costas dele.

Quando ele se posicionou na entrada dela,


sorrindo de maneira safada e começou a
entrar, bateram à porta com urgência.
— Ah, não, porra! — Santiago resmungou
com raiva e olhou por sobre o ombro, para a
porta — O que foi?
— Senhor, é uma emergência!
Santiago rosnou e olhou de novo para
Jannochka, que já se afastava dele. Santiago
fechou os olhos e grunhiu de novo, antes de
pegar os shorts e ir para a porta, abrindo um
pouco, apenas para olhar para o soldado, que
estava de lado, a fim de não olhar para o
quarto.
— É bom alguém ter morrido! — Santiago
falou entre dentes e o soldado engoliu em
seco.
— Pyotr está na delegacia, senhor.
Jannochka, que já tinha colocado um roupão
por cima do corpo, apareceu por trás de
Santiago, com os olhos faiscando.
— O que disse? — Ela perguntou
calmamente, baixo, mas foi o suficiente para
o soldado tremer. Quanto mais calma por
fora, mais furiosa ela estava por dentro.
Todos ali sabiam daquilo.
— Ele foi... — O soldado respirou
fundo. Ser o mensageiro de más notícias
pesava como uma tonelada — Ele foi detido
e o delegado não quis entrar em detalhes,
mas pediu a presença dos pais.
— Já vamos resolver isso. Pode ir.
Obrigado — Santiago falou e fechou a porta.
Jannochka já estava trocando a roupa, o
rosto vermelho de raiva.
— Esse moleque! — Ela apertou os
lábios.
— Dependendo do que houve, eu
mesmo vou dar a porra de uma surra nesse
garoto!

Quando eles chegaram lá, Pyotr estava


sentado na sala do delegado e, pela
expressão dele, não havia um pingo de
vergonha ou arrependimento.
— Senhores Sigayev
— O delegado, um homem de meia idade,
com os cabelos já brancos nas têmporas, os
recebeu.
— Delegado Petrovich — Santiago falou e
apertou a mão do homem, que não se
atreveu a tocar em Jannochka, limitando-se a
um aceno de cabeça respeitoso — O que
houve aqui?

O delegado suspirou, como se tentasse


encontrar as palavras certas.
— Pyotr Sigayev estava com um outro
rapaz... Bom, eles estavam com drogas.

O delegado sabia muito bem sobre os


negócios da família Sigayev, porém, era
estritamente proibido aos membros
consumirem drogas ou serem pegos perto de
quem as estava consumindo.

Santiago olhou para Pyotr, que não podia


vêlos, uma vez que estava fechado na sala.
Mas só de ver como o garoto parecia
tranquilo, até um pouco enfadado, fez o
sangue de Santiago ferver.
CAPÍTULO 7

A porta da sala do delegado se abriu e


Pyotr virou o pescoço, dando de cara com
Petrovich. O rapaz o olhou com as
sobrancelhas erguidas.
— Meus pais já chegaram, Delegado?
— Ele perguntou, com falsa gentileza.
Pyotr odiava ser interrompido, não
importava o que ele estava fazendo.
— Sim — Petrovich disse e deixou a porta
aberta, fazendo sinal com a mão que Pyotr
deveria segui-lo.

Pyotr se levantou e sorriu de lado, porém,


quando ele tentou ir para a saída, um policial
se colocou na frente e ele franziu o cenho.
— Com licença — Ele pediu, mas o
policial não se moveu.
— Senhor Sigayev, por aqui, por favor —
Petrovich pediu e Pyotr o olhou com
confusão.
— Mas a saída é por aqui, não? — Pyotr
perguntou, sentindo que algo estava errado.
— Os seus pais me pediram que o senhor
usasse um caminho diferente.

Pyotr apertou os olhos para ele, mas


decidiu seguir. Não tinha jeito de Petrovich
tentar qualquer coisa contra ele, afinal,
ninguém brincaria com os Sigayev sem
esperar retaliação.

Ao entrar num corredor com a primeira


cela, Pyotr parou de andar.
— Com respeito, mas... Que merda é essa?
Pra onde está me levando?
— Para a sua cela — Petrovich
respondeu, sem muita emoção.
Pyotr ficou calado por uns segundos, antes
de gargalhar, mas Petrovich não esboçou
qualquer reação. Ele estava acostumado a
lidar com jovens como Pyotr.
— Eu não sabia que o senhor tinha um
senso de humor tão bom! — Pyotr enxugou
as lágrimas dos olhos, mas ao perceber que o
delegado não disse nada, ele foi ficando mais
sério — Isso é sério?
— Totalmente, senhor Sigayev.
Pyotr estalou a língua e cruzou os braços.
— Quero falar com meus pais. Agora.
Petrovich finalmente mudou a expressão e
sorriu de leve.
— Com prazer — Ele discou o número de
Santiago e esticou o telefone para que Pyotr
o pegasse — Aqui.

Pyotr levou o telefone ao ouvido.


— Delegado — A voz de Santiago soou do
outro lado.
— Pai, esse delegado quer me colocar em
uma cela — Pyotr disse com um certo toque
de deboche — Por isso pedi para falar com o
senhor. Para resolver esse mal entendido.
— Qual mal entendido, Pyotr? — Santiago
perguntou e o sorriso triunfante de Pyotr
começou a esmorecer
— Você fez merda, eu conversei com o
delegado e, infelizmente, você vai ter uma
curta estadia na prisão.

Pyotr abriu a boca, sem acreditar. Ele ficou


na dúvida se o pai tinha usado o
"infelizmente" para ele ir preso ou se por
ficar pouco tempo lá.
— Pai... Eu vou ficar fichado! — Pyotr
disse e arregalou os olhos — Isso vai foder
tudo!
Apesar de gostar da máfia, Pyotr tinha
intenção de ir para a faculdade!
— Você fodeu com tudo, Pyotr.
Conversaremos quando você sair. Agora,
uma dica: não cave mais fundo a sua cova.

E o telefone ficou mudo. Pyotr engoliu em


seco e olhou para a mão estendida do
delegado, que pedia pelo aparelho dele de
volta.
Por mais que Pyotr tivesse força e
competência para imobilizar o delegado,
seria um tiro no próprio pé dele, pois se ele
saísse dali, seria um fugitivo. E depois do que
os pais fizeram com ele, Pyotr duvidava que
eles o ajudariam.

Apertando o maxilar, ele seguiu o que o


delegado falou e entrou na cela, olhando em
volta com desgosto.
Não era sujo. Mas ele não queria ficar ali.
— Delegado! — Ele chamou e Petrovich
parou de andar, voltando-se para Pyotr,
esperando que o rapaz falasse — E o Kazimir
Semenov?

O rapaz estava com Pyotr. Na verdade, era


ele quem estava fazendo a merda!
— Os pais dele já o levaram.
A resposta do delegado chocou Pyotr, que
nem teve reação, antes de ser deixado
sozinho ali.

Na mansão dos Sigayev, Ekaterina estava


olhando para o pai, piscando.
— Pyotr...Foi preso?
— Sim, ele fez merda, quebrou as regras,
e foi preso — Santiago disse, calmo. Por
dentro, ele estava morrendo.
Deixar Pyotr ali foi como se ele estivesse
enfiando uma barra de ferro quente dentro
dele mesmo.

Mas ele não podia demonstrar aquilo.

Pyotr tinha que aprender e Ekaterina era a


gêmea. É claro que ela ficaria de coração
mole para o irmão. Santiago precisava
demonstrar que eles não podiam fazer o que
bem entenderem e agirem como se não
houvesse punição.
— Eu vou visitá-lo — Ela falou e Santiago
não a proibiu.

Bufando, Ekaterina subiu, pegou o celular


dela, algumas facas e armas e se arrumou
toda. Ao se virar, viu Aleksey escorado no
batente da porta.
— O que foi? — Ela perguntou. O garoto
conseguia tirá-la do sério, mesmo sem falar
nada.
— Parece até que você está indo resgatar
alguém — Ele disse, as mãos nos bolsos.

Apesar do sorriso nos lábios, os olhos do


garoto eram vazios.

Ekaterina era dura, mas ela sentia calafrios


com Aleksey Isso não é da sua conta,
priminho.

Ele levantou as mãos, como se estivesse se


rendendo.
— Claro que não — Ele falou — Mas
como eu gosto muito de você, vim falar
mesmo assim.

Se você for resgatar alguém, contra as


ordens dos tios, você vai apenas condená-lo.
Lembre-se que vocês dois não são os únicos
capazes de subir ao trono.
Na possibilidade de Pyotr e Ekaterina
morrerem, Maksim os substituiria e, depois,
Aleksey. E Ekaterina tinha a sensação de que
o mais novo esmagaria o outro primo dela.
Maksim era "bonzinho" demais.
— Eu vou apenas visitar Pyotr. Mas estou
pronta para qualquer encontro
desagradável, só isso — Ela falou, colocando
o casaco pesado por sobre o corpo e indo em
direção à porta — Obrigada pelo... Conselho.

Ela passou por Aleksey, que a olhou com


um sorrisinho no rosto. Ele adorava
provocar os primos.

Pyotr estava andando de um lado para o


outro, quando a grade que separava a
delegacia da parte das celas fez barulho. Ele
ficou em alerta.
— Rina! — Ele disse e se aproximou da
grade, mas não a tocou.
Ekaterina cruzou os braços na frente do
corpo e olhou bem para o irmão.
— O que você fez, Pyotr? — Ela
perguntou, com um tom de decepção. Pyotr
normalmente não se importava com o que os
outros pensavam dele, mas os pais e,
principalmente, Ekaterina, eram os únicos
que ele queria sempre agradar — Não mente,
ou eu vou embora e juro que vou passar um
tempão sem olhar na sua cara!

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos.


— Kazimir me ligou e disse que tava
numa enrascada. Eu estava de saco cheio de
ficar em 'casa e fui ajudar, afinal, ele é meu
amigo — Pyotr apertou a mandíbula. Ele se
entenderia com Kazimir depois — Quando
eu cheguei lá, ele tinha enfiado a porrada
num outro cara.
— Só uma surra? — Ela perguntou,
incrédula.
Ela conhecia Kazimir e aquele rapaz era
problema.
— Kazimir tava usando drogas, Rina. O
cara descobriu e Kazimir quis dar um jeito
nesse problema. Bom, ele não matou o
desgraçado.
— Ainda bem! Você ser pego com um
assassinato assim não teria nem como os
nossos pais fazerem algo, Pyotr!
— Eu não matei ninguém! Pyotr
respondeu e soltou um suspiro de frustração
— Eu liguei para a ambulância, eles
ligaram para a polícia, que chegou junto.
— Daí você tava ali e rodou junto com o
Kazimir, né? — Ekaterina perguntou e Pyotr
levantou os ombros. Ela balançou a cabeça
— Você é muito imbecil, às vezes! E cadê ele?

Ela olhou ao redor e as celas estavam


quase vazias, com exceção de um homem
deitado num canto.
— O delegado disse que os pais dele o
levaram.
— Pyotr deu de ombros.
— E... E você tomou a culpa? —
Ekaterina apertou os punhos — Eu vou
resolver isso. Kazimir já está morto!
— Rina! — Pyotr a chamou quando ela já
tinha virado na direção da saída — Não.
Ainda não. Deixa que eu lido com ele.
Kazimir vai me pagar por ter jogado a bomba
da merda dele em cima de mim!
— É bom mesmo, Pyotr, porque se não,
eu vou fazer aquele merdinha se arrepender
de ter nascido! Ela se aproximou da cela e
estendeu a mão, ao que Pyotr segurou-a e ela
sorriu — Você logo vai sair daí.

Ekaterina foi para o carro e segurou o


volante, com raiva.
— Se Kazimir pensa que vai ficar assim,
não vai. Eu posso não matar, mas sem
punição por ter mexido com o meu irmão,
ele não fica!
CAPÍTULO 8
Ekaterina estava a caminho da casa de
Kazimir, mas encostou o carro quando ela
viu o nome na tela do celular. Teoricamente,
ela não poderia dirigir, já que era menor de
vinte e um anos, mas, ela tinha conseguido
uma "autorização especial".
— Oi, amor! - Ela atendeu, sorridente.
— Hmmm, de bom humor, minha rainha?
- Bernardo abriu um sorriso imenso.
— Nem tanto... - Ela não sabia se deveria
ou não contar a ele sobre Pyotr, mas então,
ele era o namorado dela. O futuro marido
dela - Pyotr está preso.

O sorriso de Bernardo morreu ali mesmo.


Ele, que antes estava deitado
preguiçosamente na cama, deu um pulo.
— O quê? Como assim? - Bernardo sabia
que a máfia não era uma organização de
caridade, mas ele esquecia das coisas
quando estava rodeado dos "amigos" dele.
Era assim que ele considerava os Sigayev, os
Herrera...

Mesmo Pyotr querendo a morte dele.


— Um filho da puta armou pra ele-Ela
disse e suspirou, contando tudo-E é por isso
que eu vou dar um corretivo nesse merda.
— Não, você não vai! - Bernardo disse e
Ekaterina levantou a sobrancelha. Se
Bernardo pudesse ver o olhar perigoso dela...
— Como é?
Bernardo soltou a respiração.
— Não estou tentando controlar você,
amor. É só que... Ainda que você seja muito
competente, eu não acho que os seus pais
vão te deixar sair ilesa disso. Eles deixaram o
Pyotr preso...
Ekaterina remexeu a boca, pensativa.
— E o que me sugere? Deixar pra lá?
— Não. Mas...-Na verdade, era
exatamente o que ele queria. Até porque
Bernardo tinha certeza de que Pyotr saberia
se vingar à altura -Não é melhor pensar com
mais calma?

Ela apertou os olhos e sorriu.


— Muito bem. Eu vou pensar bem. E vou
foder com o Kazimir!
— Não, você vai foder comigo-Bernardo
brincou e Ekaterina ficou surpresa com a
ousadia de Bernardo. Ele mesmo se
surpreendeu, pois ele não falava daquele
jeito. Bernardo não queria desrespeitar
Ekaterina - Perdão.
— Por quê?
— Huh?
— Por que está pedindo perdão, Bê? – Ela
perguntou e se recostou melhor no banco –
Já sei. Por você não estar aqui pra me foder?
— Ekaterina!
— Eu sei! Não vamos fazer isso até eu ter
dezoito anos — Ela revirou os olhos — Mas
não significa que não podemos brincar.
— Eu não posso. Não agora — Ele falou
— Vamos ter almoço em família.
— Preciso terminar de me arrumar.
Ele olhou para a própria bermuda.
Começar a falar aquele tipo de coisa com
Ekaterina sempre o deixava pronto para ela.
— Quando você volta? — Ela perguntou.
— Em três dias, amor. Vou passar o ano
novo com você — Os pais queriam que ele
ficasse ali, mas Bernardo queria ficar com
Ekaterina na virada do ano. Seria o
aniversário dela.
— E vamos começar a contagem
regressiva, pra valer. Um ano!
— Vai ser a nossa prova, amor —
Bernardo disse e ouviu Carolina chamando
por ele — Tenho que ir. Não faça nada que
vá te colocar em enrascada. E… Espero que o
Pyotr saia logo da cadeia.
— Te amo — Ekaterina disse e Bernardo
ficou sorrindo como bobo.
— E eu amo você — O coração dele batia
loucamente — Assim que eu estiver livre,
vou te avisar. Até mais, amor.

Bernardo respondeu à mãe, colocou uma


blusa, arrumou os cabelos e desceu.
— Pelo sorriso, você tava falando com a
Ekaterina, né? — Artur perguntou e
Bernardo percebeu uma certa tristeza no
irmão mais novo.
— Sim… E você. Por que tá assim?
Artur negou com a cabeça.
— Assim como?
— Não tenta disfarçar. Você anda meio
triste — Bernardo passou o braço pelo
ombro do irmão — É por causa do Lucas?

Artur deu um pulo para trás, com os olhos


arregalados. Bernardo notou como o menino
ficou com as bochechas coradas.
— O… O que o Lucas teria a ver com
alguma coisa?
— Sei lá... Talvez porque ele anda
distante?

Artur abaixou os ombros e concordou com


a cabeça.
— Ele praticamente nem fala mais
comigo. Ele só… Nem parece mais com ele
mesmo.

Bernardo viu como meninos novos


treinavam na Rússia e, por mais que lá fosse
mais cruel e pesado, ele podia imaginar o
que estava se passando com Lucas. Não era
de admirar que o menino estivesse mais
distante de Artur.
— Eu tenho certeza de que ele está
apenas passando por um momento
complicado, Artur.
— Mas eu sou o melhor amigo dele! —
Artur se afastou de Bernardo, bufando, antes
de se virar e os olhos dele estavam cheios de
lágrimas — Ele me evita como se eu fosse a
própria peste negra!
— Olha, eu tô vendo como os meninos
são tratados na máfia. As coisas devem estar
difíceis para o Lucas — Bernardo ofereceu
um sorriso simpatético ao irmão mais novo
— Mas acredito que se você mostrar que
entende e respeita o espaço dele, vai ser de
muita valia para o Lucas. Ele vai precisar do
melhor amigo dele mais do que nunca.

Artur entortou a boca, como se mordesse


os lábios por dentro e finalmente, sorriu. Ele
correu para Bernardo, abraçando-o.
— Você é o melhor irmão do mundo —
Artur apertou um pouco mais Bernardo,
antes de olhar para cima, sorrindo.

Bernardo bagunçou os cabelos dourados


de Artur, que reclamou.
— Irmãos mais velhos são para isso.
Máximo estava descendo as escadas
quando ouviu a conversa dos filhos e não
pôde deixar de sorrir.
“Meus orgulhos!”, ele suspirou e continuou
o caminho dele assim que percebeu que os
meninos já não estavam mais falando sobre
aquele assunto.
— Tonny e Clara já chegaram? — Ele
perguntou e ambos Bernardo e Artur
negaram com a cabeça. Máximo olhou no
relógio e estranhou — Vamos esperar mais
um pouco, então.

Vinte, trinta minutos e nenhum sinal dos


dois.
— Eu vou ligar — Carolina anunciou.
— Talvez seja o trânsito — Bernardo
disse, mas Carolina negou com a cabeça.
— Tonny e Clara são pontuais. Com tudo.
Eles não se atrasariam assim sem dizerem
nada — Carolina insistiu e ligou para a filha.
— Mãe! — Clara atendeu e Carolina
notou que a moça estava nervosa.
— O que aconteceu?
— Ah… Bateram no nosso carro — Clara
disse, num sussurro — Eu ligo depois, mãe.
Acho que podem comer sem a gente.
— Clara… Maria Clara! — Mas o som do
bip-bip tomou conta da linha e Carolina
bateu o pé no chão, frustrada e olhou para os
três homens à frente dela — Ela está
mentindo!
CAPÍTULO 9
Máximo estava ao telefone com Osvaldo,
enquanto Carolina batia o pé, irritada, no
sofá.
— Deve ser coisa da máfia — Artur
sussurrou para Bernardo, que concordou
com a cabeça.

Uma onda de culpa e vergonha tomou


Bernardo. Clara tinha se casado com Tonny e
passou a pertencer àquele mundo. E, por
conta disso, os pais deles viviam
preocupados. Ekaterina, além de ser da
máfia, estava na Rússia e ele duvidava muito
que uma Sigayeva deixaria o lar para se
mudar para o México.

Máximo se despediu de Osvaldo e


caminhou até onde a família estava.
— Alguém bateu mesmo no carro deles,
mas não qualquer um. Aparentemente, agora
que os Herrera estão em acordo com a Cosa
Nostra, Camorra e Outfit, os membros da
‘Ndrang alguma coisa…
— ‘Ndrangheta — Bernardo corrigiu o
pai.
— Isso. Essa — Máximo deu uma pausa,
antes de falar e olhar novamente para
Carolina — Foi um ataque deles. Mas está
tudo bem. Tonny se machucou um pouco,
nada grave. Osvaldo pediu que nós não
fôssemos visitar nesse momento.

O tom de Máximo denotava claro cansaço.


— Mãe, a Clara está bem. Depois ela deve
passar aqui — Artur disse e colocou a mão
no ombro da mãe, que sorriu.
— Mais tarde eu vou ligar pra ela. Tonny
não se machucou muito, não é?
— Ele está bem. Foi mais um susto —
Máximo falou, porém, Bernardo percebeu
que o pai parecia estar colocando panos
quentes. Ele não falaria nada, pois Carolina
pareceu aceitar o que o marido disse.

O restante do almoço em família foi


tranquilo. Artur estava mais relaxado e
participou mais das conversas, afinal, não
estava grudado no aparelho celular, como
antes.

Bernardo queria que o irmão ficasse feliz e


que Lucas falasse mais com ele. Porém, ele
não negaria que era muito bom ter Artur
interagindo mais com eles.

Assim que se retirou para o próprio


quarto, a fim de descansar, já que em
algumas horas o jatinho dos Sigayev o
buscaria, Bernardo ligou para Ekaterina. Já
passava das seis horas, no México.
— Alô… — Ekaterina atendeu, sonolenta
e Bernardo percebeu a mancada que tinha
dado. Já era madrugada em Moscou!
— Amor, perdão! Eu não me atentei ao
horário!
— Não, tudo bem! — Ela respondeu, mais
desperta e se sentou na cama, com um
sorriso — Foi bom o seu dia em família?

Ela soube do que houve com Clara e Tonny,


mas esperou que Bernardo contasse a ela, o
que ele de fato fez.
— Mas eles estão bem, ou foi o que nos
disseram. Clara ainda não falou conosco,
depois disso.
— Notícia ruim se espalha rápido. Fica
tranquilo — Ekaterina falou — Você em
breve vai chegar aqui.
— Sim. E vou encher você de beijos. Tô
morrendo de saudade.

Ekaterina era do tipo que mantinha


sempre uma carranca no rosto, mas o jeito
amoroso de Bernardo a derretia toda.

As pessoas imaginariam que ela iria querer


alguém mais sério, mais frio. Ela mesma
pensava isso. Até que ela despertou para
Bernardo e agora, não havia qualquer
possibilidade de ela olhar para outro homem
que não ele.
— E eu de você. Quero que você chegue
logo.

A forma manhosa de Ekaterina fez


Bernardo sorrir, mas mais safado.
— Ah, Ekaterina… Você não sabe como eu
quero você.
— Se for como eu quero a você… — Ela
soltou um risinho, algo incomum vindo dela
— Raiva de não ter nascido um ano antes!

Bernardo não se aguentou e soltou uma


boa risada.
— Esse vai o ano! — Ele disse — Agora,
vai dormir. Amanhã nos falaremos melhor.
Eu te amo.
— Eu também amo você.
Bernardo passou mais um tempo com
Artur e depois, foi dormir. Em duas horas ele
teria que estar indo para o aeroporto.

Aquelas mais de vinte horas de viagem —


eles precisaram parar na França para
reabastecer — foram um inferno para
Bernardo. Ele odiava viajar de avião e, ainda
por cima, a ansiedade de ver Ekaterina o
estava consumindo.

Ao chegar na mansão, ele viu Pyotr


chegando quase junto com ele. O rapaz
estava com olheiras terríveis e um mau
humor de matar.
— Como você está, Pyotr? — Bernardo
perguntou, ao que o russo apenas o olhou
com uma carranca, balançou a cabeça de leve
e subiu a escada para o próprio quarto.

Quando Pyotr estava de péssimo humor,


ele preferia não falar nada, em vez de ser
grosseiro com as palavras. Bernardo tinha
aprendido aquilo e não levou a mal o
comportamento do futuro cunhado dele.

Ekaterina abraçou o irmão no meio da


escada, falou algumas coisas no ouvido dele
e olhou para Bernardo, sorrindo mais
abertamente.

Não havia ninguém por perto e Ekaterina


correu para os braços de Bernardo. Aquele
era o primeiro contato físico deles depois
que oficializaram o namoro.

Bernardo segurou o rosto dela com uma


das mãos e a beijou.
— Quando sai o casório? — Aleksey
perguntou, fazendo Bernardo soltar
Ekaterina imediatamente. Ela se virou
lentamente para o primo.
— Você não deveria estar treinando?
Ele deu de ombros.
— Me disseram que você me ajudaria
hoje — O rapaz deu um sorriso de lado —
Mas eu posso avisar ao pessoal que você está
de namorico e…

Ele apontou para trás dele, já dando um


passo naquela direção.
— Aleksey, um dia desses eu ainda vou
arrancar essa sua língua — Ekaterina falou
com um sorriso nada amigável.
— Mas sem ela, como é que eu vou poder
dar um beijo desses na minha futura
namorada? — Aleksey fez beicinho.
— Você é confiante. Quem é que vai
querer beijar você? — Pyotr perguntou,
descendo as escadas — Minha irmã está
ocupada. Eu mesmo vou te treinar, priminho.
— Bom… — Aleksey começou a falar, mas
um olhar de Pyotr e ele levantou as mãos e
se retirou.
— Fedelho atrevido! — Pyotr resmungou
e, ao ver Bernardo e Ekaterina o olhando
com curiosidade, ele deu de ombros — O que
foi? Eu não posso ser legal de vez em
quando?
— Eu só me pergunto o que você espera
ganhar com isso — Ekaterina disse e Pyotr
sorriu.
— Bernardo aqui é quem vai pagar — Ele
piscou para o loiro, que fez uma careta —
Relaxa, não vou te espancar. Vamos apenas
conversar coisas de homem.
Ekaterina revirou os olhos.
— Eu já vou para o centro de
treinamento. Deixa só eu falar um pouco com
Bernardo.
— Beleza — O gêmeo respondeu — Vejo
vocês mais tarde.

Depois que Pyotr sumiu no corredor,


Bernardo olhou para Ekaterina, que
começou a puxá-la na outra direção.
— Para onde vamos?
— Privacidade! — Foi a resposta dela,
além de um sorriso travesso.
CAPÍTULO 10
Ekaterina levou Bernardo até uma das
salas que eram usadas para dar aulas. Uma
vez lá dentro, ela trancou a porta e olhou
para o loiro.
— Quero meu presente de Natal — Ela
disse e Bernardo sorriu, passando a mão
pela cintura de Ekaterina.
— Certeza que não vai entrar ninguém
aqui? — Ele perguntou, num sussurro, perto
do ouvido dela.
— Sim… — A russa já estava com os olhos
fechados.

Bernardo se afastou um pouco apenas o


suficiente para poder olhar o rosto de
Ekaterina.

“Minha namorada!”, ele pensou, orgulhoso


e feliz, antes de passar a língua pelos lábios
dela. Ekaterina gemeu e passou os braços
pelo pescoço de Bernardo.

Ele a levantou, sentando-a em cima da


carteira mais próxima e ficando entre as
pernas dela.

Ekaterina estava vestindo uma calça preta


e blusa de gola, já que mesmo com o
aquecedor, a casa ainda estava um pouco
fria. Mas não naquele momento.

Bernardo enfiou a mão pela blusa dela e


apertou um dos seios, arrancando suspiros
da russa.
— Tira, amor — Ela pediu e Bernardo o
fez, jogando a blusa dela em cima de uma das
cadeiras e, em seguida, começou a retirar o
próprio casaco e, por fim, a primeira blusa.

As mãos de Ekaterina foram para o cinto


de Bernardo, mas ele a parou.
— Não.
— Mas… Ele deu um beijo rápido nela.
— Não vamos poder ir longe, então, é
melhor deixar as minhas calças fechadas.
— Não precisamos transar
— Ela falou e mordeu o lábio. Ver
Ekaterina com as bochechas vermelhas por
estar com uma certa vergonha era difícil.
Bernardo sorriu.
— E o que você tem em mente?
— Eu queria… Provar você.
O rosto dela estava mais do que vermelho,
porém, o olhar era decidido. Bernardo não
estava diferente dela. Ele sorriu de lado e
colocou a mão no meio das pernas de
Ekaterina, que soltou um gemido baixo.
— Só depois que eu te provar. Além disso,
eu passei horas num avião, meu bem.
— Podemos tomar banho juntos…
Bernardo negou com a cabeça e se
inclinou, mordiscando o pescoço de
Ekaterina.
— Paciência, meu amor — Ele tomou
novamente os lábios da namorada e a retirou
de cima da carteira — Eu vou tomar um
banho, vou me apresentar à sua mãe e, mais
tarde, eu vou no seu quarto.

Ele falou baixinho no ouvido de Ekaterina,


que concordou. Bernardo olhou para baixo e
viu o soutien preto dela, meia-taça e com
algumas rendas.
— Gostou? — Ela perguntou, passando a
mão no tecido.
— Adorei, mas… Eu gosto mais do que
está dentro.
A vontade de Bernardo era tirar a peça do
corpo de Ekaterina e chupar os seios dela,
porém, ele precisava se controlar. Eles ainda
tinham um pouco mais de um ano até
poderem fazer avançar o sinal. E, além disso,
ele precisava mesmo ir até Jannochka.

Ele pegou a blusa de Ekaterina e a ajudou a


vestir, todo carinhoso. Apesar de mais bruta,
Ekaterina adorava aquele jeito de Bernardo.
Na verdade, ela amava e era justamente por
isso que ela o queria tanto.
— Eu te amo — Bernardo disse, passando
a mão pelos cabelos de Ekaterina.
— Eu também amo você — Ela
respondeu genuinamente.

Alguém bateu à porta e Bernardo


arregalou os olhos.
— Bernardo, a tia está te esperando —
Era Maksim.
— Ah, eu já vou — Ele respondeu, mas
Maksim já não estava mais do outro lado —
Vamos, minha rainha. Eu tenho que falar
com a sua mãe.

Ekaterina abriu a porta e olhou ao redor. O


corredor estava vazio. Bernardo estava
terminando de colocar o casaco e a seguiu
para fora.
— Eu vou cuidar de algumas coisas, nos
vemos mais tarde — Ela disse a Bernardo,
que beijou-lhe os lábios e piscou para ela,
antes de se afastar.

Após bater à porta do escritório de


Jannochka, Bernardo passou a mão pelos
cabelos e pela roupa.
— Entre!
Ele inspirou fundo e entrou.
Jannochka olhou para as roupas dele e,
então, para o rosto do rapaz, que estava com
as bochechas coradas.
— Vai ficar de casaco dentro de casa?
Pensei que já tivesse ido se trocar…
— Eu… Hmmm… Estava falando com
Ekaterina — Bernardo manteve as mãos
atrás do corpo, olhando para baixo.
— Ah… Da próxima vez, a primeira coisa
que deve fazer é se reportar a mim e, depois,
se trocar, tomar banho… — Ela disse —
Ainda mais quando está frio demais lá fora.

Bernardo não comentou que frio era tudo o


que ele não tinha sentido, com Ekaterina nos
braços dele. Ele ainda não tinha perdido o
juízo.
— Farei isso. Desculpe
— Certo… Hoje você pode tirar o restante
do dia de folga. Amanhã, esteja no centro de
treinamento às seis e meia. Vamos começar
seus treinos físicos. Ekaterina vai te ajudar.
E, de tarde, você ficará comigo aqui no
escritório. Pode se retirar.
— Sim, senhora. Com licença.
Assim que Bernardo se foi, Jannochka
olhou para o computador, que tinha as
câmeras da casa conectadas ali.
— Eles acham mesmo que eu não sei
quando dão uma escapada… — Ela suspirou.

Se fosse outro rapaz, Jannochka não caria


tão tranquila, mas Bernardo era um homem
correto e claramente gostava muito de
Ekaterina. A única preocupação da Parkhan
era o fato de ele ser doce demais e ainda não
conhecer como as coisas funcionavam. E, o
mais importante, como Ekaterina realmente
era, em campo.

Após o jantar, no qual Pyotr lançou vários


olhares a Bernardo, que os ignorou,
Ekaterina tomou um banho e se preparou.
Ela se depilou e escolheu uma linda
camisola. Normalmente ela dormia de
pijamas, mas havia comprado aquela
camisola preta especialmente pensando em
Bernardo.

Os dois se falaram por mensagens e,


quando o relógio marcou onze horas,
Bernardo saiu do quarto dele em direção ao
dela.

A porta já estava encostada e, quando ele


entrou, tudo estava escuro, mas com o
abajur de cabeceira ligado.

O coração dele quase parou no peito, ao


ver Ekaterina de camisola, com alças finas,
rendas que delinearam bem os seios dela e
as pernas torneadas à mostra. — Caralho…
— Ele soltou, baixinho, em espanhol.
— Caralho… — Ele soltou, baixinho, em
espanhol.

Ekaterina se levantou, os cabelos soltos, e


começou a andar na direção de Bernardo,
que engoliu em seco. Ele agradeceu por estar
com uma calça de moletom, pois um tecido
mais rígido seria doloroso.

Bernardo sabia que estar ali, com ela, era


muito perigoso, mas ele precisava estar
perto dela.

Sem tirar os olhos dos dele, Ekaterina cou


bem na frente do loiro e passou a mão pelo
abdômen dele, coberto por uma camiseta de
algodão, e desceu, até chegarcà beira da
calça.
CAPÍTULO 11
— Você tem certeza disso, Ekaterina? —
Bernardo perguntou, segundo o pulso de
Ekaterina com carinho e passando o polegar
pela pele dela.
— Bernardo, por mim, nós dois já
teríamos feito muito mais do que beijos e
carícias… — Ela falou e sorriu — Eu quero
tudo com você. E aqui dentro é seguro. Não é
como se a polícia fosse baixar aqui.

Ele suspirou.
— Eu vou saber. Sei que o negócio da
família, em si, já não é dentro da lei. Mas ao
menos isso eu quero tentar manter mais
certo — Bernardo acariciou o rosto de
Ekaterina — Quero você como minha
esposa.

Ekaterina abriu um sorriso mais largo


— Podemos adiantar a lua de mel.
— Muito espertinha, você, senhorita
Sigayeva. Mas não. Tentador, mas não —Ela
abaixou um pouco mais a mão que segurava
o elástico da calça dele — Como eu disse,
primeiro eu vou te provar.

Ekaterina subiu a sobrancelha e colocou


um sorriso safado nos lábios.
— Todo mandão. Vai mandar em mim?
Bernardo enfiou a mão nos cabelos dela e
Ekaterina gemeu.
— Eu sei que você gosta — Ele falou e
passou a língua pelo pescoço dela — Gostosa
demais!
— Você… Aaah, você tem que provar
aqui… — Ekaterina levou a mão de Bernardo
até a bainha da camisola dela.
Bernardo nunca gostou de mulheres
atiradas, mas Ekaterina não o era. Ela era
daquele jeito com ele e isso sim ele aprovava.
Saber que ela se sentia confiante e à vontade
o suficiente com ele, para falar daquele jeito.
— Amei a camisola. Ficou maravilhosa
em você — Bernardo olhou nos olhos de
Ekaterina — Mas acho que não há nada que
não fique, em você, meu amor.

Ele tomou os lábios dela com paixão e a


levou até a cama. Bernardo abaixou uma das
alças da camisola e beijou o ombro de
Ekaterina, dando uma mordidinha e uma
lambida. Ele sugou e Ekaterina choramingou.
Não de dor, mas de tesão.

Enquanto isso, a mão de Bernardo subiu


pela coxa de Ekaterina, apertando-a. Ja a
língua, ia descendo, até chegar ao mamilo
dela.
— Ah, Ber… Aah! — Ele passou o dedo
por cima da calcinha de Ekaterina. Ao
mesmo tempo que ele mordiscou o mamilo,
ele colocou o dedo por dentro do tecido que
cobria a intimidade dela e Ekaterina gritou
mais alto.

Bernardo não levantou a cabeça para falar.


— Vão escutar você, amor.
— Não… Ah… Isola… Assim, amor — Ela
enfiou a mão nos cabelos dele e passou a
outra perna por cima do ombro de Bernardo.

Ele sorriu e levantou a camisola de


Ekaterina, olhando a calcinha dela: era uma
tanga, na verdade, com pequenas rendas na
borda.

Bernardo beijou a tira da calcinha e a


abaixou, fazendo o mesmo com o outro lado,
até retirá-la e deixar Ekaterina nua, ali.
— Você é… — Ekaterina nunca tinha
mostrado aquela parte dela a ninguém e
ficou insegura, mas a adoração nos olhos de
Bernardo mostrou que ela não tinha que
sentir aquilo. O loiro levantou o olhar,
encontrando o dela — Como você consegue
ser tão linda?

Ekaterina quis perguntar se Bernardo já


tinha feito aquilo, mas preferiu por não fazê-
lo.

“Dane-se. Ele agora é meu e só fará


comigo”, ela pensou a passou a própria mão
pela fenda dela, subindo, passando pelo seio
e, finalmente, enfiando o dedo na boca.
Bernardo parecia hipnotizado.

Ele a beijou nos lábios rapidamente e se


voltou para a intimidade dela, novamente.
Bernardo abriu as pernas de Ekaterina e
passou a língua na coxa dela, que estava
melada com os fluidos dela. Ele gemeu de
prazer e fechou os olhos, repetindo o
movimento, na outra coxa.

No momento em que Bernardo passou a


língua pelo clitóris de Ekaterina, ela segurou
os cabelos dele, de novo e gemeu alto. Ela já
tinha passado por muitas coisas na vida, mas
aquilo. Bernardo era o que ela mais queria e
cada vez que ela sentia esse amor por ele,
também crescia o medo de ele deixá-la.

“Ele me ama”, ela afastou os maus


pensamentos e se concentrou apenas em
Bernardo, naquele quarto, naquele
momento.

Ekaterina ainda estava tendo espasmos


nas pernas quando Bernardo terminou de
lambe-la inteira e se deitou ao lado dele.
— Eu… Eu quero… — Ela estava com
pouco ar e colocou a mão no abdômen dele,
mas Bernardo pegou a mão dela e a beijou
nos nós.
— Descansa, meu amor. Temos muito
tempo.

Enquanto Ekaterina dormia nos braços


dele, Bernardo ficou admirando-a. Não havia
nada que ele não achasse lindo, nela.
— Minha Ekaterina — Ele beijou o topo
da cabeça dela e se deixou fechar os olhos.

Cinco da manhã, o despertador de


Ekaterina tocou e Bernardo acordou com ela,
confuso.
— O quê…?
— Acorda, lindão. Hora de treinar —
Ekaterina disse e deu um beijinho na ponta
do nariz de Bernardo, que só se deu conta de
que tinha cochilado de novo, quando
Ekaterina o sacudiu.

Ela já estava vestida e secando os cabelos.


— Oh, droga…
— Você tem quarenta minutos para
tomar banho e se arrumar. Ah, e para sair do
meu quarto.

Bernardo arregalou os olhos e levantou de


pronto. Ele não deveria ter dormido ali!

Sair do quarto demorou mais do que ele


esperava. Toda vez que ele abria a porta,
ouvia passos e alguma outra porta abrindo.
No fim, ele teve apenas quinze minutos para
se lavar e colocar uma roupa, antes de se
apresentar no centro de treinamento.
— Parece que tá fugindo — Pyotr
comentou e Bernardo engoliu em seco.
— É que eu pedi a ele para me ajudar com
umas coisas — Maksim falou e se colocou ao
lado de Bernardo — Obrigado, Bernardo.
Pyotr levantou a sobrancelha, mas não
questionou nada. Aleksey apenas observou.
Porém, outros recrutas olharam estranho
para Bernardo e, em seguida, para Maksim.

Ao passar por um grupo deles, Bernardo


ouviu algumas risadinhas.
— Eu vou pegar as luvas e já venho —
Ekaterina disse a Bernardo e se afastou.
— Fazendo amizades, Castillo? — Um dos
recrutas perguntou e Bernardo o olhou sério
— Quer entrar na família de qualquer jeito,
não é?

Bernardo franziu o cenho.


— Do que está falando?
O recruta riu, olhando os outros três que
estavam com ele.
— Só que, caso não saiba, cortar pra esse
lado vai te render apenas uma bala na testa
— O rapaz de cabelos vermelhos disse,
debochadamente — Na sua e na dele.
CAPÍTULO 12

— Fazer amizade com um dos de vocês


me renderia uma bala na testa? — Bernardo
perguntou, fingindo não ter compreendido o
sentido nas palavras do recruta — Ainda
mais com um Sigayev.

O rapaz parou bem na frente de Bernardo,


com um sorriso que nada mais era do que
mostrar os dentes.
— Não se faz de desentendido — O
recruta olhou os cabelos de Bernardo, olhou
o corpo e riu baixo — Aqui não é lugar pra
viado.
— Então, o que você tá fazendo aqui? —
Aleksey perguntou, com um biquinho. O
recruta avançou sobre o menino, que não
pareceu se incomodar. Mas Bernardo se
colocou na frente —
Deixa ele, Bernardo. Quero ver o que ele
pensou em fazer.
— Que merda tá rolando aqui? — Pyotr
perguntou, com

Ekaterina ao lado dele. Olhando para os


três e, depois, para o grupinho atrás do
recruta, Pyotr voltou a falar — Eu perguntei,
Yankovich, o que merda tá rolando aqui?!

Lev Yankovich sorriu de lado, dando dois


passos para trás, antes de torcer a boca de
leve, indicando que não sabia ao certo.
— Estávamos apenas falando de
amizades, cervos… Nada de mais.
— Sei… Vamos treinar, então. Chega de
fofocas — Todos se encaminharam para o
local de treino, mas Pyotr passou por Lev e
sussurrou — Yesli ty posmotrish' na odnogo
iz moikh lyudey ili skazhesh' chto-nibud'
smeshnoye, ya otorvu tvoy issokhshiy chlen i
zasunu yego tebe v zadnitsu, ponyal (Se
olhar feio pra um dos meus, ou falar
qualquer gracinha, eu arranco esse seu pau
murcho e enfio no seu rabo, entendeu)?

Lev parou de andar, mas Pyotr continuou,


como se não houvesse dito absolutamente
nada.

“Proklyatyy Pyotr! Tak ne ostayetsya


(Maldito Pyotr! Isso não vai ficar assim)!”,
ele pensou, amargurado, mas seguiu para o
treino.

Ekaterina estava a um canto, de frente para


Bernardo, mas a expressão passava longe de
apaixonada.
— Vamos lá, Bernardo. Hoje o seu treino
sério começa.
A postura do corpo da russa indicava que
ela não estava brincando e Bernardo sorriu
de lado.
— Você fica muito sexy toda durona,
sabia?
— Então você pode me mostrar o quanto
me quer, mais tarde.

Agora, — Ela posicionou as mãos, como se


estivesse se preparando para lutar, uma
perna na frente da outra, levemente
flexionada — nós vamos treinar.
— Não duvido que vá me dar uma surra.
— Eu compenso depois, prometo. Mas a
intenção é que você não apanhe no futuro —
Ekaterina suspirou — Eu odiaria ter que
matar quem encostar nesse seu lindo
rostinho.

Por mais que Ekaterina usasse uma voz


suave, Bernardo sentiu um leve calafrio ao
ver o brilho nos olhos da garota, como se ela
achasse aquilo divertido, poder ter uma
desculpa para torturar e matar alguém.

“Ela não é assim. Só é boa no que faz, mas


Ekaterina é boa”, ele disse a si mesmo e se
posicionou, imitando a pose de Ekaterina.

Ela balançou a cabeça e foi até ele,


ajeitando a posição de Bernardo.
— Você precisa apoiar o seu corpo aqui,
ou no primeiro impacto, vai se desequilibrar
e o seu oponente te come vivo.

Dependendo de quem for, você pode não


ter a chance de recuperar o controle.

Bernardo apenas concordou com a cabeça,


admirando como Ekaterina ficava bonita ao
explicar as coisas.
“Mulher linda da porra!”.

Ekaterina foi para a frente de Bernardo e


se posicionou de novo.
— Me ataque.
Ele franziu o cenho.
— O quê?
— Me ataque, Bernardo!
O loiro olhou em volta e viu os outros
treinando, alguns de dupla como eles dois e
só havia outra mulher ali, uma grandona que
estava dando uma surra em um homem com
quase o dobro do tamanho dela.
— Eu não posso…
Ekaterina respirou fundo.
— Pode e deve. Pense que eu não sou a
Ekaterina, sua namorada. Eu sou alguém
querendo te matar.
— Rina…
— Eu vou acabar com você e, depois, vou
atrás da sua família
— Ekaterina falou e um sorriso de lado
crispou os lábios dela — Vou te fazer assistir
enquanto eu arranco, osso por osso, da sua
mãe.

O sangue de Bernardo gelou e ele começou


a ficar em conflito.
— Você não faria isso…
Ekaterina apertou os lábios.
— Acha que não, Bernardo? Quem me
impediria? O seu pai? Ele vai ser derrubado
primeiro. O seu irmãozinho vai ver como a
mãe dele agoniza, chora e você… Você não
poderá fazer nada!
Ela viu que Bernardo estava mais pálido e
resolveu dar o primeiro passo, para que ele
sentisse a ameaça e, talvez, despertasse de
vez.

Ekaterina deu um passo em direção a


Bernardo, que prendeu a respiração. Ela foi
rápida e levantou o braço para atacá-lo, ao
que ele colocou o braço dele na frente,
porém, Ekaterina não o atacou ali, e sim nas
pernas, dando-lhe uma rasteira que o
colocou ao chão imediatamente.

Sem perder tempo, Ekaterina prendeu a


perna direita de Bernardo com as dela, antes
de apoiar-se nas mãos e se impulsionar para
trás, soltando–o, apenas para agarrar o
pescoço dele com as mãos e “montar” nele.

Bernardo segurou na cintura de Ekaterina


e, em vez de atacá- la, ele acariciou a pele
dela.
— Porra, vocês dois! — Pyotr gritou e
largou o peso que estava segurando, indo até
os dois — Ekaterina, saia de cima dele!

Ela sorriu para Bernardo e o beijou nos


lábios. Ele ainda estava confuso quanto ao
que sentiu ao ouvi-la falar aquelas ameaças,
porém, o sorriso que ela lhe deu ao beijá-lo
rápido fez com que o coração dele
derretesse.

“Ela só queria me fazer lutar”, ele sorriu


para ela, enquanto Pyotr parecia a ponto de
ter um AVC.
— Cala a boca, Pyotr. Vai cuidar da sua
vida — Ekaterina falou, estendendo a mão
para Bernardo, mas o irmão dela foi mais
rápido e tomou a mão de Bernardo antes que
este encostasse na de Ekaterina.

Pyotr apertou com vontade a mão de


Bernardo que, mesmo com dor, manteve o
rosto impassível. O russo sorriu.
— Não é tão frouxo, no fim das contas.
— Bernardo não é frouxo! — Ekaterina
defendeu o loiro — Nós estamos treinando,
não se meta!
— Você montou nele! Se eu não
interrompo, era capaz de vocês…

Bernardo franziu o cenho e se colocou na


frente de Ekaterina.
CAPÍTULO 13
— Não fale assim de Rina. Ela não é desse
tipo.

Por mais que o tom de Bernardo fosse


baixo, o corpo dele deixava claro que ele
estava ali por Ekaterina.

Pyotr estalou a língua e apontou para


Bernardo.
— Mantenha as suas coisas dentro das
calças, Castillo! Ou vai treinar comigo e eu te
garanto, não vai sair inteiro!

Pyotr se foi, voltando ao treino dele.


Ninguém ficou observando descaradamente,
pois sabiam que era melhor não se meterem
quando os gêmeos começavam a brigar.

Ekaterina colocou a mão no braço de


Bernardo.
— Muito fofinho você me defendendo —
Ela falou com um sorriso travesso.
— Principalmente quando você mesma
pode dar uma surra em Pyotr que eu mesmo
não vou conseguir.

Ekaterina acariciou a pele do braço de


Bernardo.
— Por isso devemos treinar. Se vai viver
conosco, Bernardo, você precisa aprender a
se defender. Pyotr ladra, mas ele gosta de
você. Já não posso dizer o mesmo dos outros
ou dos nossos inimigos.
— Os seus inimigos iriam querer o que
comigo? Não sou importante, aqui.
— Você e eu ficaremos juntos. E isso vai
chegar aos ouvidos deles — Ekaterina
respirou fundo — Se vai ser um Sigayev no
futuro, estará mais do que na mira deles.
Dentro e fora do país. Bernardo engoliu em
seco.
— Eles irão atrás da minha família?
— Cuidaremos da segurança deles. Não
se preocupe. O tio Osvaldo sempre cuidou e
isso não vai mudar.
— Cuidou? — Bernardo perguntou
enquanto levantava a garrafa de água para
tomar um gole.
— Você acha mesmo que a sua família
está inteira por conta de quê? Sendo tão
amigos dos Herrera? — Ekaterina soltou
uma risadinha — Não nos envolvemos com
civis por isso, meu bem. Caso contrário,
precisamos cuidar da segurança.

Aquilo deixou um gosto amargo na boca de


Bernardo. Ele pensou que, por eles não
serem da máfia, ninguém se incomodava de
fato com eles. Então, se lembrou de que Clara
era esposa do subchefe da La Cicuta. Os
Castillo eram quase como os Associados, sem
serem.

Ekaterina mostrou mais algumas posições


e treinou os socos e chutes de Bernardo.
— Agora que sabemos no que você é
melhor e no que tem mais dificuldade, eu
vou poder te direcionar melhor — Ela falou e
Bernardo inflou o peito — O que foi isso?
— Eu sou sortudo pra cacete, né? Uma
mulher linda e poderosa, toda minha — Ele
falou quando voltavam para o segundo
andar.
— Serei todinha sua quando você
resolver consumar as coisas
— Ekaterina falou e soltou os cabelos,
que antes estavam presos em um rabo-de-
cavalo, andando na frente de Bernardo, que a
segurou pela cintura e a abraçou —
Bernardo, eu tô suja!
— Então eu vou te dar banho — Ele falou,
o que fez o Ekaterina arregalar os olhos e,
então, sorrir.
— Vai? — Ela o provocou ao se encostar
nele, movendo-se e se esfregando nos shorts
de Bernardo, que rosnou baixo — Ou vai dar
pra trás?

Ele se inclinou para frente, para sussurrar


no ouvido da namorada.
— Eu não preciso tirar a sua virgindade
pra me deliciar em você, Rina. Pra te fazer
gozar gostoso — Ele beijou a pele atrás da
orelha de Ekaterina, arrancando suspiros
dela.

Ela se soltou dele e começou a correr


escada acima, dando uma olhadela para trás,
por cima do ombro. Bernardo sorriu safado e
seguiu atrás dela.
Quando ele entrou no quarto de Ekaterina,
que estava com a porta entreaberta, ele a viu
de costas, tirando o top. O corpo de Bernardo
reagiu na hora e ele passou a mão pela frente
do short.
— Vai tomar banho de roupa? —
Ekaterina perguntou e ele apenas sorriu de
lado, enquanto o coração do loiro disparava.
Ele estava quase surdo, exceto pelo sangue
bombeando nas veias.

Ekaterina abaixou o short, ainda de costas


para Bernardo, que nem se deu conta de que
estava andando em direção a ela, até que a
mão dele encostou no bumbum da russa.
— Gosta? — Ela perguntou, ainda
empinada, e Bernardo usou a outra mão para
acariciar um dos mamilos dela.

Ele se ajoelhou, segurando então a cintura


dela com as duas mãos e a puxou para ele.
Ekaterina se segurou na cômoda.
— Banho, amor…
— Você é gostosa demais, Ekaterina. Puta
merda! — Ele se levantou rápido e a pegou
no colo, no estilo noiva — Vou te dar um
belo banho e te devorar!

Bernardo nem tirou a própria roupa,


levando Ekaterina para debaixo do chuveiro
e abriu o registro, encharcando os dois,
enquanto atacava os lábios da morena.

Ele sabia que aquilo era arriscado, pois


podia não conseguir se segurar e acabaria
por querer estar dentro de Ekaterina, mas
cada dia era mais difícil não querer se unir a
ela completamente.

Ekaterina estava pegando fogo. Ela ajudou


Bernardo a se ver livre das roupas e logo,
ambos estavam nus.
Ele pegou o sabonete e o esfregou o líquido
nas mãos, antes de começar a ensaboar
Ekaterina.
— Perfeita — Ele murmurou, absorto na
figura da russa. Bernardo deixou que ela
lavasse as partes íntimas dela, enquanto ele
faria o mesmo consigo, ensaboando-se
rápido.

Assim que ambos estavam enxaguados,


Bernardo colocou Ekaterina no colo,
apoiando as costas dela na parede, enquanto
inclinava a cabeça e ia do pescoço para um
dos seios dela, sugando-o com força,
mordiscando e, claro, ele movia os quadris.

Sentir o membro de Bernardo no abdômen


dela fez Ekaterina se remexer e abaixar uma
das mãos, buscando segurá-lo.

Assim que passou os dedos ao redor do


comprimento do loiro, ele moveu os quadris
mais rápido, emitindo sons pela boca, como
um animal.
— Porra, Rina! — Ele olhou nos olhos
dela, as pupilas dilatadas. Ekaterina o
masturbava, os lábios entreabertos.
— Deixa eu chupar você… — Ela pediu,
baixo e Bernardo concordou com a cabeça,
mas não a colocou no chão. Ele sorriu de
lado e a virou de ponta cabeça, com cuidado.

Apesar de não ser da máfia, ele ia


regularmente à academia e mantinha um
bom físico.
— Confortável? — Ele perguntou com um
sorriso, mas a resposta dela foi passar a
língua pela glande dele — Ah!

Bernardo abocanhou a fenda de Ekaterina,


que estava molhada. Ela soltou um gritinho,
e fez o mesmo com ele. O loiro precisou
apoiar as próprias costas, dessa vez, na
parede, enquanto sugava, lambia e
mordiscava Ekaterina.
— Vamos… Vamos pro quarto — Ele
disse e a colocou de pé no chão. Ekaterina se
sentiu um pouco zonza, mas estava
completamente inebriada com Bernardo,
para se preocupar com aquilo.

Ele a pegou no colo novamente, mas dessa


vez, para que ela enrolasse a cintura dele.
Andando até a cama, ele a depositou ali e
ficou por cima, descendo uma mão pelo
corpo dela, apertando o seio no caminho e
descendo mais.
— Quero você gozando, tesuda — Ele
lambeu os lábios de

Ekaterina, descendo pelo pescoço dela,


lambendo e chupando um pouco cada um
dos mamilos dela, antes de seguir mais para
baixo e segurar as duas pernas dela para
cima, expondo-a completamente.
— Amor…
— Linda… — Ele aproximou o nariz da
intimidade de Ekaterina, inspirou fundo e
sorriu — Tão suculenta, porra!

E lambeu, a entrada dela, subindo para o


clitóris e enrolando a língua ali, antes de
fechar a boca sobre a pele inchada dela.
— Me come, Bernardo! — Ela pediu, a
mão nos cabelos dele, rebolando os quadris.

Bernardo sorriu e colocou o dedo na


entrada de Ekaterina, entrando um pouco,
com cuidado e olhou para cima. Ela revirou
os olhos e começou a choramingar.
— Goza pra mim. Goza, tesuda — Sem
parar de olhar para ela, Bernardo voltou a
lamber o clitóris de Ekaterina, ainda
enfiando apenas a ponta do dedo indicador
dele.
As pernas dela começaram a tremer e ele
sabia que ela estava gozando.

Enquanto Ekaterina ainda estava tendo


espasmos, Bernardo ficou novamente em
cima dela e colocou o membro dele na
entrada dela, pincelando a cabeça. Ele se
posicionou.
CAPÍTULO 14
— Ôh, Ekaterina! — A voz de Pyotr soou
do outro lado da porta, antes de esmurrar a
mesma — Tô mandando mensagem!

Almoço!

Ekaterina rosnou, frustrada.


— Já vou! Acabei de sair do banho!
Pyotr deu mais uma batida, indicando que
tinha ouvido e então, começou a se afastar.

Bernardo encostou a cabeça no ombro de


Ekaterina, respirando pesado, ainda
segurando o membro dele.

“Essa foi por pouco!”, ele engoliu em seco.


Se não fosse por Pyotr, Bernardo teria
entrado, teria feito o que disse que não faria.
“Como resistir a essa mulher?”.
Ekaterina era uma mulher, não uma
menina e Bernardo estava mais do que louco
por ela.
— Deixa eu fazer você gozar — Ela disse,
acariciando as costas de Bernardo.
Ele negou com a cabeça.
— Se chamarem a gente de novo…
— Relaxa.
E Ekaterina colocou a mão sobre a de
Bernardo, que retirou a mão dali e a beijou,
enquanto a jovem o masturbava.

Ele se sentou na cama e ela ficou inclinada,


de quatro. Vê-la naquela posição, ainda que
Bernardo não estivesse por trás, era
alucinante. Ekaterina não era experiente,
mas claramente sabia como interpretar a
linguagem corporal do namorado e fazê-lo
chegar ao ápice rápido.
— Pera, amor, eu vou…
Ekaterina negou com a cabeça e afastou a
mão de Bernardo, continuando a chupar, até
ele segurar os cabelos dela e se derramar
dentro da boca de Ekaterina.

Ela passou o dedo indicador pelo canto do


lábio, sorrindo. Bernardo estava com a
cabeça mais leve.
— Vamos nos vestir. Você ainda precisa
sair daqui.

Com um último beijo, Bernardo pegou a


toalha e abriu um pouco a porta, espiando o
corredor, antes de sair e correr para o
quarto dele. Claro foi necessário ele se lavar
rapidamente, de novo. O mesmo com
Ekaterina.

Os dois desceram para o almoço juntos, de


mãos dadas e Santiago olhou para aquilo,
fazendo bico. Jannochka o olhou e balançou a
cabeça, indicando que ele não deveria dizer
nada.

Pyotr apenas estalou a língua em


desagrado. Não é que ele não gostasse de
Bernardo, mas ele não queria dividir a irmã
gêmea dele. Eles brigavam, mas ela era o que
ele tinha de mais precioso. Além disso, Pyotr
considerava Bernardo fraco e, por mais que
Ekaterina fosse forte e capaz, ele queria um
homem que pudesse segurar qualquer
problema e garantir que

Ekaterina ficaria segura. Ela iria casar, um


dia, e teria filhos. Se Bernardo não
demonstrasse ser qualificado, Pyotr nunca o
aprovaria.
— Desculpe o atraso — Ekaterina falou,
sem dar explicações.
— Sim, perdão — Bernardo disse e
também, apenas isso.
Ekaterina havia avisado que era melhor ele
não dizer nada do que tentar arranjar
desculpas. Jannochka ficaria com raiva se ele
pensasse em enganá-la.

Bernardo puxou a cadeira para Ekaterina,


como sempre fazia e a ajudou a se sentar,
indo então para a cadeira ao lado de Pyotr,
do outro lado da mesa.
— Quero você no escritório depois de
uma da tarde, Bernardo
— Jannochka falou e ele concordou com a
cabeça.

Os membros da organização que viram o


casal descendo as escadas, não gostaram
nada. Bernardo não só era um estrangeiro,
como um mero civil, aos olhos dele. E, agora,
estava ali, ocupando o lugar que um dos
filhos de algum membro do alto escalão
deveria se sentar. Ekaterina e Pyotr eram os
principais candidatos ao posto de Don,
portanto, se ela se casasse com Bernardo
Castillo, ele seria um dos chefes e, para
alguns, aquilo era ofensivo.

Mais tarde, Bernardo foi para a aula dele


com Jannochka, enquanto Ekaterina cuidou
de alguns assuntos relacionados à máfia,
bem como Pyotr e, ao final do dia, o rapaz
resolveu pedir novamente a ajuda da irmã.
— Rina? — Ela, que estava bebendo água
na cozinha, virou-se para ele e, ao notar
como Pyotr parecia sem jeito, ela levantou a
sobrancelha.
— O que foi?
Pyotr queria reclamar do tom dela, no
entanto, ele precisava que ela o ajudasse,
portanto, o melhor a fazer era ser agradável.

Ele se recostou no batente da porta, os


braços cruzados.
— Lembra da garota que eu mencionei
antes? — Ele coçou a ponta do nariz e
Ekaterina sabia que o irmão estava mais
nervoso do que queria demonstrar.
— O que tem ela? Finalmente te deu o pé?
Pyotr apertou os olhos para a irmã.
— Ela é educada comigo, mas… Eu não sei
se ela quer algo ou não.
— Ela não quer — Ekaterina disse a Pyotr
a olhou, pedindo explicações. Ekaterina
revirou os olhos — Se ela quisesse, você
saberia. Está apaixonado, Pyotr?
— Claro que não!
— Então, deixa ela pra lá — Ekaterina
deu de ombros e voltou a beber a água.
— Custa você me dizer como eu me
aproximo dela?
— Eu nem conheço a garota! — Ekaterina
suspirou — Cada pessoa é diferente. Não
tem uma receita única para lidar com todo
mundo, Pyotr. Você tem que, primeiro de
tudo, entender a garota.

Ele concordou com a cabeça.


— Certo… Eu vou tentar fazer isso. Então,
Ekaterina estreitou os olhos.
— Pyotr, o tal amigo que ela é vizinha
dele… Não é o Kazimir, é?

Que, por sinal, ainda nem levou a coça que


ele merece!
— É, é a vizinha dele, sim — Pyotr
mordeu o canto do lábio — Eu não fui ainda
dar um coro no Kazimir justamente porque
ela é vizinha dele e, pelo visto, são um pouco
amigos.
Ekaterina fez uma careta.
— Essa garota é problemas, Pyotr. Fique
longe dela — Ekaterina apontou para o
irmão, ainda segurando o corpo, antes de o
colocar em cima da pia.
— Você tá com o fracote do Castillo e eu
não posso sair com a garota que eu quero?
— Não se trata disso! Kazimir não é boa
companhia. Pelo amor de Deus, ele andava
com você! E olha só o que aconteceu! —

Ekaterina colocou as mãos na cintura —


Ela não é da máfia. Você falou. Já pensou se
ela é alguma espiã? Heim?
— Você desconfia de todos.
— Sim, desconfio. E você deveria,
também! Mas não, só quer pegar no pé do
Bernardo! — Ekaterina se aproximou do
irmão
— Quem é essa garota?
Pyotr deu um passo para trás.
— Não é da sua conta. Obrigado pela
ajuda.

Ekaterina não queria render com Pyotr e


acabar brigando com ele, mas ela descobriria
quem era a tal moça. Algo dentro da russa
lhe dizia que aquela garota era um
problemão e Pyotr tinha muito a perder.
— Isso é tudo por hoje — Jannochka
disse — Você está muito bem, Bernardo. E
aprende rápido, o que é ótimo. Não sou
muito paciente para ensinar quem é lento.

O loiro sorriu para ela.


— Obrigado! — Ele fez uma reverência
com a cabeça — Eu quero poder aprender o
máximo possível e poder começar a
trabalhar.
— Vai ficar conosco? — Jannochka
cruzou os braços e se recostou na poltrona
— Ekaterina não vai sair da Rússia, já te
aviso.
— Eu vou para onde Ekaterina for — Ele
sorriu apaixonado e Jannochka sorriu por
dentro. Era claro o quanto o garoto gostava
da filha dela.
— Certo. A aula está acabada, então.
Bernardo pegou as coisas dele e acenou
com a cabeça, mas Jannochka fez sinal com a
mão para que ele esperasse, enquanto ela
abria uma gaveta e colocava algo em cima da
mesa. Quando ela tirou a mão de cima,
Bernardo viu do que se tratava e arregalou
os olhos.
CAPÍTULO 15

— É só pra garantir que vocês dois não


vão fazer de mim avó, por hora — Ela falou e
Bernardo abriu a boca, mas ela o
interrompeu
— Eu sei de tudo o que se passa por aqui,
Bernardo Castillo. Não estou proibindo
vocês, até porque não acho que isso vá
adiantar de algo.
— Quero apenas que se cuidem,
entendido? Ekaterina tem muito o que fazer
e, quem sabe, não será ela a Don? Os treinos
dela irão se intensificar.

Bernardo apertou os lábios, pegou o maço


de camisinhas e, com outro aceno de cabeça,
saiu do escritório.

Ao caminhar para o salão de entrada, onde


ficavam as grandes escadas, Bernardo foi
empurrado para frente, e quase caiu no chão.
— Olha por onde anda, maricas!
Bernado olhou e reconheceu o ruivo de
mais cedo, o mesmo que insinuou que ele e
Maksim estavam tendo mais do que apenas
amizade. Lev Yankovich.

Mesmo tendo uma boa resposta na ponta


da língua, Bernardo optou por apenas
endireitar a roupa e sair dali, porém, o ruivo
parecia ter outras ideias.
— Ne ignoriruy menya, chert voz'mi!
(Não me ignora, caralho!) Pede desculpas!
— Pelo que ele tem que pedir desculpas?
Miguel perguntou. Ele havia ficado
algumas horas a mais no México, depois do
atentado a Tonny e Clara. Mas em seguida,
embarcou de volta para a Rússia. Ele tinha
acabado de chegar na mansão e estava
retirando as luvas.
— Esse merda esbarrou em mim de
propósito — Lev mentiu e Bernardo inspirou
fundo.
— Não foi nada disso!
— Tá me chamando de mentiroso, seu
mexicano de merda?

Ao ouvir isso, Miguel se colocou ao lado de


Bernardo, um passo à frente. Ele precisou
segurar a mão para não puxar a arma.
— Algum problema com sermos
mexicanos? Lev olhou para os dois, com
desdém.
— Vocês não passam de intrusos. Você,
pelo menos é sobrinho da Don, mas esse aí?
— Lev varreu Bernardo de cima a baixo, com
a boca entortada — Um viadinho que nem
deveria pisar aqui!
Miguel segurou a gola de Lev, que riu
debochado, mas Bernardo colocou a mão no
ombro do amigo.
— Qual é, Bernardo! Esse filho da mãe
tá…
— Não disse para deixá-lo ir. Mas sim
para deixar que eu me resolvo com ele.

Miguel sabia que Bernardo não tinha


chance, fisicamente, contra Lev, mas, aquela
era uma questão de honra. Então, ele soltou
o ruivo e deu um passo para o lado.
— A bicha vai me bater? É isso? — Lev fez
pouco — Anda, quero ver!

Bernardo apertou o punho e Miguel,


apesar de querer pará-lo, sabia que seria
uma humilhação. Melhor que o loiro
apanhasse, do que ser constantemente
defendido pelos outros. Ainda mais quando
ele era o namorado de Ekaterina.
— O que você quer ver, Yankovich? — A
voz de Jannochka soou e Lev remexeu a
boca, incomodado.
— Esse rapaz vem me provocando. Pela
manhã, e agora. Ele até esbarrou em mim de
propósito.

Jannochka cruzou os braços e concordou


com a cabeça.
— Entendi.
— Eu não…
— Bernardo — Jannochka olhou para o
loiro, séria — Isso é algo sério. Não podemos
ter brigas aqui. A melhor forma de resolver
isso, seria no ring. E, claro… — Ela se virou
para Lev — É isso o que você quer?
— Sim — O ruivo disse, o olhar predador
em cima de Bernardo.
— Eu não fiz nada disso! — Bernardo se
defendeu, mas Miguel segurou o braço dele e
balançou a cabeça.
— Ofensas são levadas muito à sério,
aqui. Por isso, vamos ter uma luta. Vão,
durmam e, pela manhã, eu quero os dois no
ringue — Ela olhou os dois e se fixou em
Bernardo — Não gosto de mentiras.
— Sim, senhora — Lev respondeu,
seguido por Bernardo e Miguel.
— Miguel, falaremos depois. Tenho uma
missão para você, daqui a uns dias.
— Sim, tia.
Assim, ela passou por eles e saiu dali.
Miguel já estava convivendo com a tia há
algum tempo, na Rússia, e podia dizer que
ela agiu estranho.
— Amanhã eu vou esfolar você — Lev
disse e sorriu com deboche. Bernardo socou
a parede e Miguel segurou o braço do loiro.
— Vai começar a se quebrar agora,
Bernardo? — Ele perguntou.
— Ela nem me ouviu. Ela só levou em
consideração o que aquele filho da… O que o
Yankovich falou!
— Escuta, não fica assim…
— Como eu não vou ficar assim, Miguel?
— Bernardo perguntou, frustrado.
— Eu confio que a Tia Janna vai fazer o
certo — Miguel colocou a mão no ombro de
Bernardo — Eu nunca a vi errar. É sério.

Confia que vai dar tudo certo. E, se você


tiver que lutar, fica tranquilo que eu te ajudo
depois a treinar pra dar um pau naquele
merda.

Bernardo sorriu de lábios colados.


— Valeu.
— Somos família, não é? — Miguel disse,
sorrindo, porém, dessa vez, ele já não
parecia tão feliz. Porém, Bernardo notou, não
tão amargurado.

“Talvez ele esteja aceitando que Clara


realmente está casada com Tonny e não tem
qualquer chance dela voltar pra ele.”

Aleksei estava descascando uma maçã,


quando Lev passou por ele. Este sentia
calafrios ao olhar para o garoto que, mesmo
com apenas quatorze anos, parecia o próprio
diabo, pronto para levar a alma de alguém. O
rosto bonito não encobria o que tinha por
dentro de Aleksei, e este não fazia a menor
questão de esconder sua natureza.
— Amanhã vai ser interessante — Aleksei
disse, levando um pedaço da fruta à boca,
com a ajuda da faca. Ele mastigou e manteve
o olhar em Lev.
— É… — Lev respondeu, querendo logo
se ver livre do olhar do jovem. Ele só
avançou sobre Aleksei mais cedo porque não
estavam sozinhos.
— Você deveria fazer os preparativos —
Aleksei falou assim que engoliu o pedaço da
maçã e apontou para Lev com a ponta da
faca — É o mais inteligente que você pode
fazer, apesar de que… Esse não é bem o seu
forte, não é mesmo?

O sorrisinho de canto de Aleksei fez Lev


inspirar fundo, querendo partir para cima do
menino.
— Digo o mesmo. Você não passa de um
garotinho, e fica aí pelos cantos, como um
rato, querendo meter medo nos outros. Mas
não passa de uma criancinha — Lev falou e
Aleksei levantou as sobrancelhas,
debochadamente — Meta-se com alguém do
seu tamanho, fedelho.
— Como eu disse, inteligência não é o seu
forte.
Aleksei deu as costas e se afastou,
entrando na cozinha e vendo Ekaterina
preparando dois sanduíches gordos.
— Ele não precisa de tanto — Aleksei
falou e a garota apenas o ignorou — Às vezes
acho que você não gosta de mim, prima.

Ela parou de preparar os sanduíches e


olhou para Aleksei, com descrença.
— Você acha? — Ela soltou um risinho —
Aleksei, você não faz questão de ser legal
com ninguém.

Ele deu de ombros.


— Eu preciso? — O adolescente
perguntou.
— De vez em quando, tenho certeza de
que isso não vai te matar — Ekaterina se
virou novamente para os sanduíches — Você
já tem quatorze anos. Em dois anos, vai fazer
o juramento e, então, aos dezoito, já pode se
preparar para começar a procurar uma
noiva.
— Pyotr não tá procurando. Ele é mais
velho — Aleksei estalou a língua — Só
porque eu sou sobrinho, a tia Janna não vai
me arranjar uma porcaria de casamento, né?
— Ela não daria esse castigo à filha dos
outros.
— Ha, ha… — Aleksei se sentou numa das
cadeiras da mesa da cozinha — Você sabe
que eu não sou muito bom em ser…

“Legal”. Nem sei como fazer isso.

Ekaterina olhou para ele, com um


biquinho.
— Awm… Talvez você precise de aulas —
Ela balançou a cabeça — Esse tipo de coisa
sai naturalmente, Aleksei. Você tem uns bons
momentos, mas parece que sempre está
tirando sarro de alguém.
— Mmm… Eu acho engraçado como vocês
ficam confusos com algumas poucas
palavras. É divertido.
— Tenho pena da sua futura noiva. Ou ela
te coloca nos eixos, ou a pobrezinha vai ser
infeliz.

Ekaterina pegou os pratos e saiu da


cozinha, deixando o jovem ali, pensativo.

“Eu não preciso de uma noiva”, ele falou


para si mesmo, pensando nas garotas da
escola dele. Bonitas, mas não muito espertas,
ou fúteis demais. E as da máfia não eram
muito diferentes.

Como Jannochka não estaria em casa para


o jantar, ela sairia com Santiago num
encontro, todos foram liberados para
jantarem à mesa ou em seus quartos. Por
isso, Ekaterina foi para o quarto de
Bernardo, com os sanduíches. Ela tinha
deixado uma garrafa de refrigerante no
quarto dela, antes de descer para preparar o
que comer.

Ao abrir a porta, viu Bernardo de toalha na


cintura, secando os cabelos enquanto olhava
para o guarda-roupa.
— Deixa eu escolher.
CAPÍTULO 16

Bernardo se virou, já sorrindo e viu


Ekaterina colocando dois pratos em cima da
cômoda, antes de fechar a porta e caminhar
até ele.
— Fica pelado — Ela falou, sem censura e
Bernardo negou com a cabeça.
— Da última vez nós quase transamos.
Temos que ter mais cuidado. Ela revirou os
olhos e se jogou na cama, sentada.
— Não sei qual o seu medo! — Ela
reclamou — Não temos as frescuras de
virgindade…
— Você ainda é menor de idade, lindeza.
Daqui a três dias, fará dezessete, Ekaterina.
Eu já tenho vinte.
— Quatro anos não são nada! Nem chega
a ser quatro…
Ele caminhou até ela e segurou-lhe o rosto.
— Nós convivemos pouco, antes. Não
quero que a gente já comece transando e
pronto.
— Só falta você me dizer que vai casar
comigo quando eu zer dezoito e só aí vou
finalmente sentar em você.

Ele soltou uma gargalhada.


— Não é má ideia — Ele falou e
aproximou a boca do ouvido de Ekaterina —
Mas não sei se aguento… Quero sentir você
quicando na minha rola.

Ela bateu no braço dele. — Fica me


provocando e depois não quer me comer.
— Ah, querer eu quero. Em cada canto
dessa casa. Você não faz ideia, Ekaterina.
— Por que não me mostra?
Ele beijou os lábios dela e se afastou, indo
até os sanduíches.
— Obrigado — Bernardo pegou um e deu
uma mordida — Mmm! O que vamos beber?

Ela se levantou e ao parar na frente do


loiro, puxou a toalha dele. Sempre que
Bernardo estava perto de Ekaterina, ainda
mais se falassem alguma safadeza, ele cava
duro. E aquela vez não foi diferente. Quando
ele falou sobre ela por cima dele, aquilo o
ativou.

Ekaterina se ajoelhou e segurou no


membro dele.
— Pra mim, leite — Ela sorriu, passando
a língua pelos dentes de cima e lambeu a
extensão do membro de Bernardo, que
precisou se segurar na cômoda. Mas ele se
recuperou rápido, deixou o sanduíche de
lado e logo sua mão estava nos cabelos de
Ekaterina.
— Então me chupa gostoso, meu amor —
Ele falou — E eu vou encher essa sua
boquinha.

Lá no fundo, Bernardo brigava consigo


mesmo, por ser tão molenga com ela. Do que
adiantava não transar e fazer aquelas coisas?
Mas ele não conseguia resistir de todo
àquela russa.

Os movimentos de Bernardo foram ficando


cada vez mais brutos. Ekaterina precisou a
boca ao máximo, para aguentar e os dentes
dela não machucarem o loiro.
— Caralho! Eu vou… — Ele segurou a
cabeça dela com as duas mãos e levantou um
pouco uma das pernas — Porra, amor… Ah!
Eu amo você, Ekaterina. Puta que o pariu, eu
te amo pra cacete!

As lágrimas desciam pelos olhos de


Ekaterina, mas estavam longe de ser de
tristeza. Simplesmente, era um reflexo
natural do corpo. Quando Bernardo gozou,
ela quase se engasgou, mas não o fez.

Assim que o último jato dele saiu,


Ekaterina o tirou da boca e o beijou,
masturbando-o.

— Leite quentinho. Que delícia — Ela


falou, a voz um pouco rouca.

— E eu… Eu quero mel — Bernardo


sorriu e levantou Ekaterina, beijando os
lábios dela, sem nojo.
Ao levá-la para a cama, ele a colocou de
quatro, abaixando a calça de Ekaterina e
vendo como ela estava toda melada.

Ele se abaixou e lambeu da calcinha de


Ekaterina até a entrada dela, passando pelas
coxas e então, Bernardo subiu.
— O que…Amor!
— Eu quero tudo — Ele falou e passou a
língua pela outra entrada dela — Vai dar pra
mim?

Ekaterina revirou os olhos, porque


enquanto Bernardo a lambia ali, ele passava
o dedo pela fenda encharcada dela, enfiando
de leve.

— Aaah! Isso… Ai, eu vou… Vou dar tudo!


— Ekaterina rebolou, se empinando mais
para Bernardo.

Ele deu uma palmada com vontade no


bumbum dela e apertou, chupando ela por
inteiro, até que ela gozasse. Então, ele se
levantou e a virou, deitando Ekaterina na
cama.

— Vou pedir sua mão pros seus pais.


Bernardo beijou o pescoço da russa,
apertando o seio dela, mas ele parou de se
mexer e se deixou cair na cama, ao lado dela.
— Um ano de noivado? — Ela perguntou,
passando a perna por cima do tronco de
Bernardo, mas deitando-se no braço dele,
que a puxou para mais perto.

— Sim — Ele engoliu com dificuldade —


Assim que você fizer dezoito anos, nos
casaremos. Se você quiser, claro.

Ekaterina levantou um pouco a cabeça.

— Depois de me abrir pra você desse


jeito, literalmente, acha mesmo que eu não
estou pensando em casamento? — Ela soltou
uma risada.

— Eu te amo — Bernardo acariciou o


rosto dela — Eu amo tudo em você.

Ekaterina suspirou e umedeceu os lábios.


— Tem certeza? Tudo?

— Não há nada para não gostar em você,


Ekaterina.

— Bernardo… — Ela se sentou — Você


entende o que eu faço, não é? Você sabe que
eu não saio de casa para ir conversar com as
pessoas.

Ele também se sentou e a olhou nos olhos.

— Não vou discutir seu trabalho.

— Você disse que faria parte do nosso


mundo. Bernardo, beleza, você vai ser mais
voltado para a parte tecnológica, mas isso
não vai te livrar de ter que matar alguém. E
às vezes, não só puxando um gatilho, mas
arrancando informações.

— Eu não…
— Vai, sim. Não como eu, mas não vai
poder se recusar. Você vai servir um
Parkhan. Um Don. Não é um emprego que
você decide, um belo dia, que não quer mais
e sai andando de cabeça erguida. Ainda mais
se estiver casado comigo. Se eu
for a subchefe do meu irmão, você estará
em um alto cargo. E se eu for a Don,
Bernardo, você vai estar no comando
comigo.

Ele não queria pensar naquilo. Em ele ter


que lidar com mortes. Com torturas. Com
atividades ilegais. Mas… Aquelas
pessoas não eram ruins. Isso deixava
Bernardo muito confuso.
Enquanto isso, ele conheceu gente que
seguia as leis e não eram nada boas.
Ekaterina era uma deusa, para ele. Como
ele poderia ligá-la à imagem de um assassino
cruel? Era impossível para ele. Ainda mais
que ela era doce, divertida. Um pouco
mandona, sim, mas não má.
— Eu te amo. E, seja lá o que estiver no
futuro pra gente, eu vou estar do seu lado.
Sempre.

Bernardo beijou docemente os lábios de


Ekaterina e os dois se deitaram.
Conversaram um pouco sobre os planos do
futuro, sobre coisas para fazerem como
casal, até que finalmente dormiram.

No dia seguinte, quando a notícia do que


aconteceria chegou aos ouvidos de
Ekaterina, ela foi direto falar com a mãe.
CAPÍTULO 17
— Mãe, como pode colocar o Bernardo
para lutar contra o Yankovich?

Jannochka, que estava de costas para a


filha, olhou por sobre o ombro.

— Está questionando a minha decisão,


Ekaterina? A moça respirou fundo antes de
falar.
— Mãe, sabe que eu a respeito. Mas
Bernardo não tem condições de lutar contra
o Lev, por mais que me doa admitir. Ele mal
começou a treinar! Ser grande e forte não é o
suficiente!

— Apenas confie na decisão da sua mãe e


Don — Jannochka se virou para a filha — Eu
não colocaria a vida de Bernardo em jogo, se
eu não soubesse o que estou fazendo.

Ekaterina soltou o ar e apenas concordou


com a cabeça, mas por dentro, ela estava se
preparando para subir no ringue e acabar
com a raça de Lev.

Na sala de treinamento, todos já estavam


ali, incluindo Bernardo, Miguel e Pyotr. Este
estava olhando para Lev como se pudesse
matá-lo ali mesmo.

— Filho da puta! — Pyotr murmurou e


Bernardo o olhou estranho.

— Pensei que ficaria feliz por me ver


levando uma surra. Pyotr revirou os olhos.
— Eu só não gosto de você com a minha
irmã, loiro.
Praticamente crescemos juntos. Somos
amigos, além de, agora, família. Sua irmã
casou com meu primo, lembra? — Pyotr
soltou, surpreendendo Bernardo, que olhou
para Miguel. Este apenas sorriu.

— O que eu perdi? — Aleksei perguntou,


ao se aproximar, seguido de Maksim.
— Nada, ainda. Estamos esperando a Don
chegar. Foi ela quem ordenou isso — Miguel
respondeu.

— Bernardo, eu sei que você quer limpar


a sua honra, mas… — Maksim começou a
falar e então, apenas suspirou — Eu te
desejo boa sorte. O Yankovich é bom na luta.
Por isso ele se acha tanto.

— Ele não é melhor do que você, primo


— Pyotr disse — Se você lutasse de verdade,
sem ficar com medinho de quebrar o seu
oponente, seria magnífico.

Maksim sorriu e olhou para baixo.


Bernardo percebeu as
bochechas avermelhadas do rapaz. Aleksei
apenas balançou a cabeça.

Jannochka apareceu, com Santiago e


Ekaterina. A moça ficou perto de Bernardo,
enquanto Santiago seguiu Jannochka até o
ringue.

— Bom dia! — Ela falou e todos


responderam — Hoje estamos aqui para
ensinar uma lição em uma pessoa.

Os olhos se voltaram para Bernardo.


Jannochka continuou.

— Sabemos que criar confusões dentro


da Organização não é permitido. Podemos
massacrar os outros, mas devemos nos
tratar com respeito e fraternidade. Se não
formos unidos, seremos quebrados
facilmente pelos nossos inimigos.

Lev sorriu debochado para Bernardo.

— Por favor, Lev Yankovich, suba aqui —


Ela pediu e o rapaz o fez — Diga o motivo de
estar aqui.
— Vim para limpar a minha honra! O
estrangeiro, Bernardo Castillo, desrespeita a
nossa Organização!

— Diga o que houve — Ela pediu,


calmamente, e Yankovich o fez. Bernardo
estava se sentindo mais injustiçado ainda,
pois Jannochka havia dado a oportunidade
de Lev mentir, para todos, enquanto ele nem
foi chamado para subir no ringue —
Terminou?

— Sim, Parkhan!

— Muito bem, agora é a vez da outra


parte falar — Jannochka disse e olhou para
Bernardo — Eu também vim limpar a honra
da Organização.

Todos a olharam, sem acreditar. Bernardo


abriu a boca, sem entender nada.

— Eu sabia que ia ser divertido — Aleksei


tirou uma barrinha de chocolate do bolsa,
sorridente — Aqui, trouxe pra você.
Presente por sua vitória — Ele esticou o
doce para Bernardo. O loiro pegou a
barrinha, ainda anuviado.
— Parkhan? — Lev perguntou. Os pais
dele estavam ali, e a palidez do casal só não
ganhava da do próprio rapaz.

Jannochka se virou para ele.

— Você mentiu sobre o que houve pela


manhã. Você mentiu sobre o que houve esta
tarde. Achou mesmo que eu sou tão
desinformada que vou acreditar em
qualquer coisa que me contarem? Acha que
eu não verifico as câmeras desse lugar?
— Jannochka se aproximou de Lev, que
sentiu as pernas
falharem — Você chamou a mim de
incompetente, de idiota, burra,
inconsequente, injusta!
— Don, eu…

— Você atacou um membro, jurado ou


não, sem motivos. Apenas por interesses
próprios, que eu não sei são apenas inveja ou
algo mais. No entanto, Lev Yankovich, isso é
o de menos. O que importa é o que você fez.
E por isso, eu, Jannochka Yarina Sigayeva,
Don da Tambovskaya, vou lavar a minha
honra, da única forma que a nossa
Organização aprova. Um combate limpo. Sem
armas. Corpo à corpo.

Santiago olhava para Jannochka com um


brilho de clara idolatração. Ele a amava e a
admirava. Quando ela contou o que faria, ele
apenas a beijou com mais paixão.

— Posicionem-se — Ele disse. Como


Jannochka estava como uma oponente, ali,
cabia a ele servir de juiz. Yuri e Fyodor não
estavam presentes, tendo viajado em missão.
Ela retirou o casaco e revelou a roupa de
treino, por baixo. Lev
tremeu os lábios, mas não abaixou a
cabeça. Ele sabia que podia nem sair vivo
dali, mas pelo menos não morreria sem
lutar. Ainda que o oponente dele fosse a
própria Don. Ninguém ganhava dela.
Ninguém.

A mãe de Lev, Domka, escondeu o rosto no


peito do marido, que engoliu em seco e
desviou os olhos, parando em Bernardo. O
homem parecia envergonhado e apenas
olhou para baixo, já sofrendo em
antecipação.

— Comecem! — Santiago soltou.

Pyotr sorriu com crueldade, bem como


Aleksei. Ekaterina
estava séria, sem qualquer emoção no
rosto e, para Bernardo, aquilo parecia ainda
mais aterrorizador. Maksim, por sua vez,
também olhou para baixo.

— Não tem isso de “primeiro as damas”


— Jannochka falou
para Lev, com um sorriso de lado e ele a
atacou — Eu disse que pode começar,
garoto.

Lev respirou fundo e começou a atacar


Jannochka, mas não acertava de forma
alguma. Ela apenas se esquivou, sem bater
nele, deixando-o se cansar.

“Esse idiota…”, ela pensou, mais do que


desapontada. “Foi só ficar com medo para
começar a fazer merda”.

Ela o chutou nas costelas, ao mesmo tempo


em que socava o outro lado dele, no rosto.
Jannochka girou, praticamente
passando a perna pelo tronco de Lev, que
caiu no chão. normalmente, ele levantaria
rápido, mas Jannochka não deu chance,
colocando um joelho no pescoço dele,
enquanto o outro estava no baixo ventre
dele, muito perto da região íntima. Ela não
bateria ali, mas chegar perto já era o
suficiente para ele sentir medo e dor.

Os dois braços dela desceram sobre ele,


com socos, de frente, pelos lados. Lev usou a
perna para tentar “abraçar” Jannochka,
enquanto os braços tentavam defender o
rosto e a cabeça.

Jannochka já estava com quase quarenta e


dois anos, mas
parecia muito mais jovem. Lev sempre a
achou bonita e era o modelo de mulher
bonita. Quando Ekaterina cresceu mais, por
se parecer com a mãe, ele pensou que teria a
chance dele.
Porém, Bernardo apareceu e ele perdeu
totalmente a oportunidade de tentar algo
com a garota.
Olhar a primeira paixonite dele, por baixo,
ainda que atacando- o, foi o suficiente para
que Lev sentisse medo e excitação ao mesmo
tempo.

Santiago notou que o rapaz parecia estar


desconcentrado na luta e, como usava um
short leve, o volume dele não foi
despercebido.

“Mas que… Cretino de merda!”, Santiago


pensou. “Se ela não o quebrar, eu vou! Como
ele se atreve a olhar pra minha mulher?””

Lev respirou fundo e usou um dos braços


para agarrar a cintura de Jannochka, junto
com a perna dele, para ficar por cima.

Ela permitiu, dando esperança a ele,


apenas para finalizar o garoto.

Ele os girou e, ao se ver por cima dela, ficou


ainda mais excitado por ela passar as pernas
ao redor dele.

“Caralho!”, ele pensou, sem conseguir bater


nela. “Como é que se bate nessa gostosa?”

Em vez de atacá-la com força, ele se


pressionou contra ela, como se estivesse
tentando imobilizá-la, mas Jannochka não
era burra e percebeu. Ela sorriu suave para
Lev e viu as pupilas dele dilatarem ainda
mais. Ela mordeu o lábio e o puxou para

ela com as pernas.

— Um último desejo, Yankovich? — Ela


sussurrou para ele, subindo os braços, indo
para os ombros dele.
CAPÍTULO 18
— Você… — Ele falou, embriagado.
Jannochka sorriu e, quando Lev se deu conta
do que ela fazia, já era tarde. As pernas dela
começaram a estrangulá-lo, forte, tirando o
ar dos pulmões dele.

Lev tentou bater nas pernas dela, mas


Jannochka segurou o pescoço dele. Se ela
forçasse um pouco mais, o quebraria.

Não demorou para que o ruivo ficasse sem


ar e os pontos pretos na visão dele
tomassem tudo, deixando-o apagado.

Santiago contou até três e, após dar a


vitória a Jannochka, ela finalmente soltou o
rapaz.

O pai de Lev e um outro soldado o tiraram


do ringue, enquanto Santiago segurou a mão
de Jannochka e a levantou, gerando uma
onda de aplausos.
— Você pegou leve com aquele bosta! —
Santiago reclamou — Ele tirou uma puta
casquinha de você!

— Eu quis dar a ele a chance de lutar. Ou


teria matado o garoto nos primeiros vinte
segundos de luta.

— Que matasse — Santiago reclamou e a


levou para fora, depois de fazer sinal com a
mão de que o “evento” tinha acabado. Ele
levou a esposa para o escritório e a
empurrou para dentro.

Jannochka soltou uma risadinha. Uma que


era reservada apenas para Santiago. Ele
trancou o escritório e começou a desabotoar
a blusa.

— Mmmm…

Ela deu alguns passos para trás, sem tirar


os olhos dos de Santiago.

— O único que pode se esfregar em você


sou eu — Santiago chegou a Jannochka
rápido, puxando o top dela para cima e
apreciando os seios da esposa — Cada vez
mais gostosos. Como você faz isso?

Ele tomou um na boca, passando a língua


pelo piercing.

— Ah!

— Mmm, geme pra mim, porra! — Ele


falou com o mamilo dela ainda na boca,
levando-a para o sofá que tinha ali. Ele se
afastou, apenas para virá-la e fazer
Jannochka se ajoelhar no móvel — Empina
esse rabo!

O tapa dele foi estalado e Jannochka gemeu


mais alto, se remexendo.
Santiago começou a abaixar o short dela,
mordendo a pele de Jannochka.

— Já tá molhada, puta — Ele bateu nela


de novo e tirou o membro da calça,
masturbando-se e passou pela entrada de
Jannochka — Eu quero isso aqui.

Ele subiu e deu uma leve empurrada no


ànus de Jannochka.

— O… Lubrificante…

Ele deixava um dentro de uma das gavetas,


com fundo falso. O escritório era um local
que eles transavam bastante, no meio do
expediente. Em todos os locais da casa em
que os dois

costumavam aproveitar para terem


relações sexuais, Santiago
mantinha vidros de lubrificante. Ele
adorava pegar Jannochka de surpresa.
— Quer dar essa boceta gulosa primeiro?
— Ele sorriu safado e começou a entrar,
antes dela responder — Ah! Sempre
deliciosa!

“Como ela com carinho mais tarde”,


Santiago pensou. Naquele momento, a
vontade de sobrepor o cheiro dele sobre o de
Lev, que estava ali, era maior.

Jannochka sabia que Santiago estava


“marcando” dominância, mas ela não se
importou. Ela adorava quando ele ficava
todo possessivo. O único que podia fazer isso
com ela, o único que podia ter controle total
sobre ela.

Santiago colocou um dos pés em cima do


sofá, segurou com força os quadris da esposa
e se perdeu nela, agradecido por ter
isolamento acústico nas paredes e porta.
No quarto de Bernardo, Ekaterina, Pyotr,
Maksim e Aleksei comemoravam.

— Aquele otário! — Pyotr debochou —


Ele deve ter se achado muito esperto por
mentir pra Don!

— Pode respirar, loirinho — Aleksei disse


e Pyotr o olhou feio.

— Respeito, Aleksei. Assim que ele casar


com Ekaterina, vai estar com um status
acima do seu — Maksim falou sorrindo.

— E ele vai casar com ela? — Aleksei


perguntou. Pyotr apontou com o copo para
Bernardo.
— Depois de ficar se agarrando com a
minha irmã, é bom ele se tornar digno e
casar!

— Ele já é digno, seu idiota! — Ekaterina


falou e mostrou a língua para o irmão.
— Ah, se vão começar com isso eu tô
caindo fora — Aleksei se levantou da cadeira
da escrivaninha.

— Não é como se fizesse falta — Pyotr


disse e, por mais que não demonstrasse,
Aleksei ficou magoado. Ele caminhou para a
porta, passando por Pyotr, calmamente,
como se estivesse apenas entediado.

— Qual é, Pyotr. O garoto tem só quatorze


anos — Bernardo falou e Pyotr apenas
revirou os olhos.

— Ele se acha pra cacete. E vai dizer que


você gosta dele por perto? Ninguém gosta.

Maksim se levantou da cama.

— Eu vou ver como ele está.

Aleksei, que estava ainda do lado de fora,


ao ouvir isso, saiu dali e foi para o quarto
dele. Não demorou até Maksim bater na
porta.

— Quem é?

— Sou eu, Aleksei!

— Cai fora! — O garoto respondeu, mas


Maksim ignorou isso e entrou — Eu disse
pra cair fora! Eu podia tá pelado.

— Não é como se a gente já não tivesse se


trocado no vestiário. Não tem nada novo, aí.
Como disse aquela garota lá naquela novela
mexicana… Não quero ver suas misérias —
Maksim falou e Aleksei sorriu de lado.

— Desde a última vez, eu cresci,


priminho. Não quero ficar mostrando as
minhas intimidades por aí.
— Não precisa fingir que não liga, sabia?
— Maksim falou, calmamente e Aleksei deu
as costas a ele, voltando a mexer em algo que
Maksim não conseguia ver — Ficar aí
fingindo que tá fazendo algo não muda nada.

— Não tô fingindo.

Maksim se aproximou do primo e o


abraçou. Aleksei ficou paralizado.

— Você é o chato mais amado, Aleksei —


Ele soltou o mais novo e o virou para ele.

— Eu não preciso de pena! — Aleksei


falou e deu um passo para trás — E não fica
me abraçando!

— Não é pena.

— É o que, então? — Aleksei respirou


fundo — Sou seu primo e não tô interessado
em comer você. Maksim abriu a boca, sem
acreditar no que Aleksei tinha acabado de
falar. Este, se arrependeu do que falou. Num
ímpeto, ele falou para machucar, mas sabia
que tinha passado e muito dos limites.

— Fica bem — Foi tudo o que Maksim


falou, os olhos marejados.

Aleksei atirou o controle do videogame que


ele estava segurando, na parede. Em seguida,
se sentou na beirada da cama e colocou a
cabeça entre as mãos.

— Desculpa, Maksim — Ele falou


baixinho, mas o orgulho era maior, de ir
atrás do primo e se desculpar olhando na
cara dele.

Aleksei se levantou e foi se trocar, para ir


ao centro de treinamento. Ele ia socar algum
saco de areia como se fosse a própria cara.

“Mas que porra!”, ele disse, depois do


primeiro soco. “Você é um imbecil, Aleksei!
Um imbecil!”.

— O Maksim não voltou mais —


Bernardo disse, olhando para a porta.

— Deixa ele — Ekaterina falou — Aleksei


deve ter falado alguma merda. Maksim não
vai querer ficar perto de ninguém.

— Ele é delicado demais — Pyotr disse,


bebendo todo o conteúdo do copo dele e
fazendo uma careta — Tá sem gás!

— Maksim é apenas mais sensível —


Ekaterina defendeu o primo — É por conta
de você e Aleksei fazerem pouco dele que os
outros se sentem no direito de fazer o
mesmo!

— Ah, pára!

— É sério, Pyotr! — Ekaterina se


levantou da cama, onde os três estavam
sentados — Maksim é o nosso primo, um
Sigayev! Ele merece mais consideração de
vocês dois, bundas-moles!

— Minha bunda é durinha — Puytr


respondeu, cínico.

— Você é babaca demais! — Ela falou,


balançando a cabeça — Por isso não arranja
uma garota maneira.

Foi a vez de Pyotr se levantar. Bernardo


não ficou parado e se colocou do lado de
Ekaterina.
CAPÍTULO 19
— Cuida da sua vida amorosa e eu cuido
da minha.

— Quando você tiver uma — Ekaterina


provocou.

— Na moral, chata pra caralho! — Ele


olhou para Bernardo — Você tá é fodido!

Ele passou para a porta e foi para o quarto


dele, apenas para pegar a chave do carro e
sair.

Pyotr passou rápido pelo salão e foi direto


para a garagem. O Gordon Murray T.50 preto
foi o carro escolhido da noite. Se tinha uma
coisa que Pyotr adorava, além de mulheres e
poder, eram os carros. Aquelas máquinas
velozes eram capazes de animá-lo quase que
imediatamente.

Jannochka olhou pela janela e viu o carro


saindo da garagem subterrânea. Pegando o
celular, ela apenas disse:

— Quero que o sigam.

Por mais que confiasse na capacidade de


Pyotr atrás de um volante, Jannochka viu o
rapaz passando quase que correndo para o
andar inferior, com cara de poucos amigos. A
preocupação dela era que a cabeça
requentada do filho o colocasse em mais
algum problema.

Pyotr sorriu enquanto sentia a velocidade


do carro e, quando deu por si, estava
estacionando próximo à casa de Kazimir. Ele
não havia mentido quanto a isso, para
Ekaterina.

“O que porras eu tô fazendo aqui?”, ele se


questionou, pois não faria nenhum sentido ir
até a casa dela e, quem sabe, convidá- la para
um passeio.
No entanto, não foi preciso Pyotr ir muito
longe nas possibilidades, pois a bela garota
de cabelos dourados estava saindo da casa
dela. E, pelo que Pyotr pode ver, era mais
como uma fuga. Ele sorriu de lado e dirigiu
devagar até quase parar ao lado dela e rolou
os vidros para baixo.

— É perigoso andar sozinha — Ele falou e


a moça deu um pulo, levando a mão ao peito
e olhando para dentro do carro. Após
estreitar um pouco os olhos, ela pareceu
reconhecê-lo.

— Ah, você é o amigo do Kaz, não é? —


Ela perguntou, olhando para trás.

— Isso. E posso ser seu amigo também —


Pyotr respondeu — Por que não sobe no
carro e eu te levo?

— Hmm, não precisa — Ela limpou a


garganta — Eu só estava…

— Não tem comércio aqui, princesa. E


pelo seu jeito furtivo, duvido que os seus
pais saibam que você deu uma escapa —
Pyotr passou a língua pelos lábios — Seja lá
para onde esteja indo, eu te levo. Nosso
segredinho.

A piscada de Pyotr era sinal de que ele


estava, de fato,
“flertando pesado”, como dizia Ekaterina,
toda vez que via o irmão fazer aquilo para
alguma mulher.

A garota mordeu o lábio e, finalmente,


decidiu entrar no veículo.

— E então, para onde vamos?

Ela sorriu de leve e abriu o casaco,


revelando um vestido preto brilhoso.
— Eu estava indo me encontrar com
umas amigas — Ela admitiu — Mas meus
pais não são muito… Abertos a esse tipo de
coisa.

— Compreendo — Pyotr começou a


mover o carro — E eu posso te fazer
companhia essa noite?

Ela sorriu para ele e concordou com a


cabeça.

— Claro! — A loira não parecia ter


compreendido que Pyotr se

referia a ficar a noite toda com ela. Toda —


Seu nome é Pyotr,
não é?

O fato de ela lembrar do nome dele fez o


coração de Pyotr bater mais rápido.

— Isso aí, princesa. E o seu… — Ele


lembrava muito bem, mas ainda não queria
parecer “fácil” demais. Pyotr não gostava de
dar esse tipo de poder às pessoas.

— Lisa — Ela coloca uma mecha de


cabelo atrás da orelha, senta–se direito no
banco e atraca o cinto.

— Chama as suas amigas pra boate que


vou te levar — E Pyotr pisou no acelerador.
Ele a levaria na boate da família, assim, ele
não estaria fora do território dele, a “крах”
(krakh, ou seja, Colapso).

Lisa deu um gritinho quando o carro


começou a correr, mas logo tratou de
começar a mandar mensagens no telefone.

— Hmm, eu acho que elas não querem vir


aqui — Lisa disse e franziu o cenho —
Parece que fica longe pra elas.

Pyotr fez um biquinho.


— E você? Quer que eu te leve pra lá ou…
— Ele se virou para a loira e fixou os olhos
escuros nos azuis dela — Vai se divertir
comigo, essa noite?

Dentro do clube, Pyotr entrou como se não


fosse quem ele era. Ao negar de leve a cabeça
para o segurança da portaria, esse
compreendeu que a identidade de Pyotr
deveria ser mantida em total sigilo.

— Caramba, como você conseguiu entrar


tão fácil, aqui? — Lisa perguntou, olhando ao
redor, a boca entreaberta, enquanto era
conduzida por Pyotr para a escada — O que
tem lá em cima?

— A área V.I.P., linda — Pyotr respondeu,


feliz por ter decidido sair naquela noite.

— Mas… Não deve ser qualquer um que


pode subir ali — Pyotr se virou para Lisa e
acariciou o rosto dela.

— Essa noite, nós podemos tudo.

Os dois se sentaram no sofá de uma das


cabines, a que era exclusiva dos Sigayev, com
a melhor visão e duas saídas de emergência.

Pyotr não queria embriagar a garota, pois


se tinha uma coisa que ele odiava, era
transar com garotas bêbadas. Qual era a
graça, se elas não estariam completamente
cientes quando ele entrasse nelas e desse
uma noite inesquecível de sexo?

Apesar de novo, Pyotr não era nada


recatado e no último ano, ele vinha
ganhando fama na cama das mulheres. E ele
não se importava nem um pouco se ela fosse
mais velha. Junto com Miguel, eles
aprontaram bastante desde que o primo foi
para a Rússia, participando até mesmo de
diversões à três.
— Eu conheço uns drinks maneiros aqui,
sem álcool.

— Talvez eu queira álcool — Lisa sorriu,


mas Pyotr, ainda que com ar brincalhão,
apenas balançou a cabeça.

— Nada disso, princesa. Quero você


consciente dessa noite maravilhosa que terá.

Mesmo na penumbra, Pyotr podia afirmar


que as bochechas dela coraram.

Eles conversaram, riram, e, a cada hora que


passava, Pyotr sabia que aquela garota era
diferente.

Ele se levantou e estendeu a mão para ela.

— Do que vale vir até uma boate e não


dançar?

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