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Material de capacitação docente disponibilizado pelo Núcleo de
Acessibilidade da UEL/ Prograd. 2020.
compreendidos como sujeitos culturais e, por isso, diferentes da condição de
deficientes.
A atual legislação destaca que o surdo “compreende e interage com o
mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura, sobretudo,
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras (BRASIL, 2005, art.2º). Assim
a criança surda deve ter contato com a língua o mais cedo possível, iniciando a
comunicação no ambiente familiar e se estendendo ao longo da vida, a
perpassar as produções linguísticas, artísticas e científicas.
Sendo assim, o surdo tem a Libras como primeira língua (L1) e a Língua
Portuguesa como segunda (L2), na modalidade escrita, conforme apresenta o
Decreto nº5626/2005 que regulamenta a Lei Libras nº 10436/2002, a qual
reconhece o indivíduo como surdo e não deficiente auditivo. “Pessoa surda é
aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por
meio de experiências visuais” (BRASIL, 2005, art.2º), e ainda, “considera-se
deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis
(dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz” (BRASIL, 2005, art.2º; parágrafo único).
Mas, então, qual termo devemos utilizar? Surdez ou deficiência auditiva?
Apesar de o Decreto trazer a diferença a partir da perda auditiva, em
decibéis, é comum nos dias de hoje as pessoas se confundirem com qual
termo correto ao se referir a esses indivíduos. Para Vieira (2007 apud
SALDANHA, 2011), “deficiente auditivo é aquele que tem o uso da audição
parcialmente dificultada, pode fazer uso de prótese auditiva ou implante
coclear”, mas Perlin (2000), não enquadra esse grupo na cultura surda.
[...] visto que possuem um problema que pode ser eliminado pelo
simples aumento de volume de som e/ou aparelhos de amplificação
sonora. Já a pessoa que perde a audição antes de adquirir linguagem
estará impossibilitada organicamente de adquiri-la por meio da via
auditiva, principalmente quando for de grau severo e profundo e por
isso se comunicará em língua de sinais (PERLIN, 2000, p.20).
A Universidade no Brasil não foi delineada para todos; sendo assim, seu maior
desafio “está na atitude, como instituição social, de despertar e fazer despertar
uma consciência, não num plano utópico, mas da leitura de recorrências
sociais não excludentes, da vida para a vida” (LIMA, 2014, p.87).
Além dos normativos legais já citados, vale referenciar o documento “A
Educação que Nós Surdos Queremos”, desenvolvido pela Universidade
Federal da Bahia no ano de 2006, com o apoio da Dra. Nídia Limeira de Sá,
com o objetivo de analisar, discutir e oferecer propostas que tornem a inclusão
viável a partir da ótica dos surdos.
- Garantir a existência de intérpretes contratados pela universidade,
assegurando ao surdo condições semelhantes aos seus colegas
ouvintes.
- Lutar para que a comunidade acadêmica reconheça a diferença
linguística e as experiências culturais do sujeito surdo.
- Observar que o pesquisador surdo precisa manter parceria com o
pesquisador ouvinte.
- Assegurar que seja respeitada a autoria do pesquisador surdo
(RIBEIRO, 2017, p. 42).
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
(https://www1.ufrb.edu.br/nupi/images/documentos/Orienta%C3%A7%C3%B5es_para_professores_de
_estudantes_com_defici%C3%AAncia_auditiva.pdf)
4. Organizar a classe de modo que o estudante surdo oralizado possa visualizar as
expressões faciais dos seus professores e colegas, para realizar a leitura labial.
5. Compreender o papel e assegurar o exercício da função do intérprete de Libras em
sala de aula.
6. Utilizar o closed caption/legenda oculta quando a aula demandar filmes ou
documentários. 7. Evitar falar enquanto escreve na lousa de modo a assegurar a
leitura labial para aqueles que a utilizam, cuidando da sua movimentação ou
posicionamento, manipulação de materiais, com vistas a assegurar a comunicação.
8. Ampliar o tempo para realização das provas e demais avaliações, em algumas
situações que se fizerem necessário.
9. Incentivar os estudantes surdos usuários da Língua Portuguesa oral a buscar apoio
institucional nos núcleos de acessibilidade de modo a receber os suportes e recursos
de Tecnologia Assistiva (TA) que lhes possam ser úteis na sala de aula, a exemplo de
gravador, receptor e transmissor auditivo, sistema FM34, notebook, entre outros, além
da gravação das aulas.
Ramos (2014) sinaliza que, a aprendizagem do estudante surdo pode
ser potencializada a partir de vários recursos de TA. O uso do computador e da
internet abriram novas possibilidades de comunicação para os surdos usuários
de Libras e para os usuários da Língua Portuguesa.
Simão (2015) apresenta o uso de Avatares 3D é um bom recurso de TA,
pois traduz textos em tempo real para a língua de sinais, através de um
personagem tridimensional, conhecido como Avatar, o boneco reproduz os
sinais a partir de palavras, enviadas por texto.
Outro recurso, o Closed Caption, é relevante quando se utiliza vídeos e
filmes por favorecer a inclusão da legenda, pois traz o texto na parte inferior da
tela da televisão para informar as pessoas surdas o que está sendo falado.
É fundamental estar atento às demandas e dificuldades dos educandos
surdos, oralizados ou não, avaliando a necessidade de solicitar da
Universidade os suportes e recursos de TA que possam ser úteis no processo
de inclusão e permanência, destacando que o uso desses recursos
tecnológicos supracitados contribuem para a emancipação e independência
destes acadêmicos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
ALBRES, N.A. Surdos & Inclusão Educacional. Rio de Janeiro: Editora Arara
Azul, 2010.