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ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS
PARA ATUAÇÃO DE
TRADUTORES INTÉRPRETES DE LIBRAS
REDE ESTADUAL DE ENSINO DE MATO GROSSO DO SUL
Setembro à Novembro – 2016
1
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
Reinaldo Azambuja
Governador do Estado de Mato Grosso Do Sul
Rose Modesto
Vice-Governadora do Estado de Mato Grosso Do Sul
Waldir Leonel
Superintendente de Políticas de Educação
Parque dos Poderes – Bloco V- Campo Grande-MS – CEP 79031-902 – Fone (67) 3318-2318
Home Page da Secretaria – www.sed.ms.gov.br – Home Page do Estado – www.ms.gov.br
2
DIREÇÃO – CAS/SED/MS
COORDENAÇÃO – CAS/SED/MS
ELABORAÇÃO
REVISÃO
COLABORAÇÃO
2016
3
Apresentação
A Direção
4
Sumário
Deficiente Auditivo........................................................................................................................ 6
Atribuições do Instrutor Mediador/ Modalidade sinalizada ......................................................... 7
Mapa Conceitual ........................................................................................................................... 9
Caderno de Vocabulário .............................................................................................................. 10
Nível Linguístico .......................................................................................................................... 11
Português como segunda língua para estudantes surdos: desatando nós metodológicos. ....... 12
Alfabetização em português no contexto do estudante surdo .................................................. 17
O ensino de Língua Portuguesa num contexto de educação bilíngue dos alunos surdos .......... 20
Leitura e Produção Textual ......................................................................................................... 22
Legislações................................................................................................................................... 24
Documento Orientador para o Tradutor Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - TILS .......... 28
Orientações para o Instrutor Mediador – Modalidade Oral ....................................................... 30
Orientações para realização da Avaliação .................................................................................. 31
Materiais ..................................................................................................................................... 34
Referências e sites sugeridos: ..................................................................................................... 43
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Deficiente Auditivo
Pessoa com deficiência auditiva é aquela que apresenta perda bilateral, parcial
ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais. Decreto Nº 5626/2005.
Formas de Comunicação: Língua Portuguesa modalidade oral e escrita.
Acessibilidade: Instrutor Mediador Modalidade Oral, Língua Portuguesa
modalidade oral e escrita.
Surdo
Pessoa surda é aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com
o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Decreto Nº
5626/2005.
Formas de Comunicação: gestos, apontamentos, sinais isolados, Libras,
Língua Portuguesa modalidade escrita.
Acessibilidade: Intérprete Educacional ou Instrutor Mediador Modalidade
Escrita, Libras, Língua Portuguesa modalidade escrita.
Identificação: Por meio da audiometria podemos medir o grau de surdez,
como demonstra a tabela abaixo:
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Atribuições do Instrutor Mediador/
Modalidade sinalizada
1. Mediar à comunicação entre o estudante surdo, professores e
comunidade escolar, promovendo sua participação nas atividades;
2. Analisar os conhecimentos linguísticos em Libras/L1 e em Língua
Portuguesa na modalidade escrita/L2;
3. Considerar as possibilidades do estudante executar as atividades
propostas pelo professor:
3.1 quando apresentar condições para realizar as atividades com
autonomia – o instrutor mediador deverá somente realizar a
interpretação;
3.2 quando não apresentar condições para realizar as atividades
somente com a interpretação – o instrutor mediador deverá
providenciar recursos diferenciados (imagens, vídeos, mapas e
outros) para que o estudante compreenda o conteúdo;
3.3 quando faltar pré-requisitos para o estudante realizar as atividades –
o instrutor mediador deverá elaborar e aplicar atividades para que
o estudante supere as dificuldades, essa situação poderá ocorrer nos
conteúdos de matemática por ser uma disciplina que se fundamenta
em sucessão de conteúdos;
4. Solicitar aos professores, com antecedência, os conteúdos curriculares
que serão ministrados nas próximas aulas;
5. Preencher a ficha do plano de aula descrevendo os recursos visuais
utilizados;
6. Produzir o caderno de vocabulário junto com o estudante a partir dos
conteúdos ministrados pelos professores de cada disciplina.
Anotações
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Mapa Conceitual
Mapas Conceituais são estruturas esquemáticas que representam
conceitos para apresentar mais claramente os conteúdos, são utilizados para a
facilitação, a ordenação e a sequenciação hierarquizada dos conteúdos
trabalhados pelos professores.
Para Faria (1985) os Mapas Conceituais indicam as relações existentes
entre conceitos, conectando-os através de palavras-chave e oferecendo
estímulos adequados aos estudantes, tornando a aprendizagem mais
significativa, facilitando a memorização e favorecendo estabelecer relações
sistematizadas entre os conteúdos.
Para a construção de mapas conceituais Novak e Gowin (1996) propõem
que as temáticas sejam apresentadas de modo diferenciado, progressivo e
integrado. Pela diferenciação progressiva, determinados conceitos são
desdobrados em outros conceitos que estão contidos em si mesmos, parcial ou
integralmente, indo dos conceitos gerais aos específicos.
Os mapas conceituais podem seguir as seguintes etapas:
a) Ler o texto;
b) Analisar os conceitos principais;
c) Escolher o conceito principal e estabelecer relações entre os conceitos
secundários;
d) Organizar os conceitos de forma hierarquizada estabelecendo conexões com o
conceito principal;
e) Repetir as etapas acima tantas vezes quanto se fizer necessário para abranger
todo o conteúdo.
Anotações
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Caderno de Vocabulário
O caderno de vocabulário é uma forma de dicionário confeccionado pelo
estudante, com a finalidade de registrar as novas palavras aprendidas, durante
as aulas, para depois consultá-las com facilidade. Nesse sentido, é um arquivo
que poderá ser utilizado durante a produção escrita de palavra, de frase ou de
texto; e também para pesquisa de vocabulário de palavras ou de sinais.
O contato com o registro escrito das palavras, as imagens e os sinais em
Libras facilitam a memorização; pois seu uso desenvolve a autonomia, enriquece
e promove a retenção do léxico de forma quantitativa e qualitativa, estimulando
a construção de associações entre os itens lexicais e favorecendo a produção
escrita.
Anotações
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Nível Linguístico
Instrutor Mediador Modalidade Sinalizada
Estudante:
Escola:
Instrutor Mediador:
a) na compreensão:
b) na expressão:
a) na leitura:
b) na escrita:
Data: ___/___/______
11
Português como segunda língua para
estudantes surdos: desatando nós
metodológicos.1
Muito se tem discutido em relação à apropriação da escrita pelos surdos, em
diferentes perspectivas teórico-metodológicas e pontos de vista. Podemos distinguir
dois processos metodológicos, cuja base teórica assenta-se em uma mesma
concepção de linguagem/alfabetização.
No último século, predominaram experiências centradas na reabilitação da
audição e da fala, em que professores-terapeutas buscavam reproduzir o processo de
aquisição da linguagem de crianças não-surdas impostando fonemas, desenvolvendo
técnicas de produção de fala e leitura labial e praticando exercícios corporais que
buscavam o desenvolvimento de traços supra-segmentais da fala como a prosódia,
seus tons, acentos e curvas melódicas. Aliada a esse aparato metodológico de base
clínicoterapêutica, posto que inspirado teoricamente nos postulados da Fonoaudiologia
e da Medicina, está o uso de próteses e as tecnologias de implante coclear para
aproveitamento de possíveis resíduos na audição que pudessem contribuir nas
técnicas de treinamento auditivo empregadas para percepção de traços distintivos dos
fonemas.
Acreditava-se/acredita-se que, de posse do conhecimento fonológico da língua,
o aprendizado da escrita seguiria seu curso tal como ocorre com crianças não-surdas.
Mais recentemente, a partir da década de 1990, motivadas pelas pesquisas que
atribuem o papel ativo do sujeito na construção de seu conhecimento sobre a escrita e
às teorias interacionistas de linguagem, houve um redirecionamento metodológico nas
práticas escolares. Inverteu-se o método para o processo de leitura e escrita, até então
da parte para o todo, ampliando-se para palavras e frases (e em alguns casos, textos)
o ponto de partida para a sistematização de sílabas, letras e fonemas. No entanto, a
escolha de palavras que obedecem a uma progressão fonética, o uso de frases
descontextualizadas e de ‘textos’ arranjados para a sistematização de sílabas e
fonemas pré-determinados pelo princípio fonético, denuncia que essa mudança
epistemológica foi apenas aparente.
A concepção de linguagem subjacente a essa perspectiva toma a língua como
instrumento de comunicação, realizada pela troca de mensagens entre emissor e
receptor, seja na forma oral ou escrita. Cabe ao aluno o treino e a memorização do
código da língua, organizado em formas fonéticas, lexicais e gramaticais, em um
sistema autônomo e hierarquicamente definido por leis rígidas e imutáveis. Ou seja,
abstrai-se o falante, a produção de sentidos de sua enunciação e o contexto sócio-
histórico que a determina.
Em ambos os casos, o viés utilizado para a discussão desse processo é o da
alfabetização, em sua acepção estrita, na qual a aprendizagem da leitura e escrita é
tomada como o domínio do código, um processo de treinamento e reconhecimento das
relações entre a oralidade e escrita, entre fonemas e grafemas. Em outras palavras,
envolve um conjunto de habilidades de codificação e decodificação de letras, sons,
sílabas, palavras (SOARES, 1998; TFOUNI, 1995)
Ainda que nas últimas décadas, com a incorporação dos estudos que sinalizam
para a concepção sócio-interacionista de linguagem, os textos tenham invadido as
salas de aula, ampliando o universo de leitura dos alunos, libertando os surdos da cópia
de letras e sílabas sem significado, isso não garante seu processo de letramento na
1
FERNANDES, Sueli. Português como segunda língua para estudantes surdos: desatando nós
metodológicos. Curitiba, UFPR, 2006.
12
língua portuguesa. Mesmo que os professores utilizem-se de textos como ponto de
partida para o trabalho e haja a preocupação com suas condições de produção e com
interesses e vivências do estudante, a mediação do processo é realizada pela
oralidade. Além disso, persiste a necessidade da sistematização de unidades menores
que compõem a escrita como sons, sílabas e letras. Seja partindo de textos, de
palavras, de famílias silábicas ou de letras isoladas, o processo de alfabetização
baseia-se em relações entre fonemas e grafemas. Assim, não é possível ensinar os
surdos a ler e a escrever alfabetizando-os2.
Dito isso, fica evidente um primeiro princípio metodológico: a alfabetização, em
sentido estrito, contraria a natureza do processo de apropriação da escrita pelos
surdos, simplesmente porque a codificação e decodificação pressupõem a habilidade
de reconhecer letras e sons (!!!). Se os surdos não têm acesso a experiências auditivas
qualitativas, que lhes permitam fazer distinções perceptivas entre fonemas e grafemas,
sua incursão ao mundo da escrita estaria inviabilizada por encaminhamentos
metodológicos que tomem como ponto de partida a oralidade (FERNANDES, 2006).
No início do processo de alfabetização é comum que os professores
supervalorizem as propriedades fonéticas da escrita, apresentando-a as crianças como
um sistema de transcrição da fala. As crianças não-surdas, que pensam e se
comunicam por meio da fala, encontram relativa facilidade em aprender a ler e a
escrever essa escrita alfabética, já que estabelecem uma relação quase biunívoca
entre o que falam e escrevem e vice-versa. Apenas mais tarde, é que percebem o
caráter simbólico da escrita e passam a compreender as relações arbitrárias que
constituem sua estrutura e funcionamento (FARACO, 2002).
No Quadro 1, buscamos contrapor estratégias utilizadas pelos professores em
fase inicial de alfabetização e as implicações para a (não)aprendizagem dos alunos
surdos, em função da oralidade ser o pressuposto para as inferências na escrita:
2
Reafirmamos que em nossa análise nos ocupamos da discussão das práticas de letramento que envolve
estudantes surdos para os quais a língua de sinais configura-se como possibilidade privilegiada de acesso
e desenvolvimento da linguagem. No modelo de bilingüismo aqui defendido, o espaço para o trabalho
com a oralidade é reservado a práticas terapêuticas realizadas por profissionais da fonoaudiologia.
Reconhecemos o valor de pesquisas ocupando-se de grupos de alunos surdos com surdez parcial,
pressupondo o aproveitamento de resíduos auditivos no processo de alfabetização e o trabalho com o
português oral. Entretanto tais pressupostos estão distanciados do corpo teórico-filosófico aqui assumido.
13
A leitura se processa de forma linear e A leitura se processa de forma
sintética (da parte para o todo); ao pronunciar simultânea e analítica (do todo para o todo); a
seqüências silábicas a criança busca a palavra é vista como uma unidade compacta;
relação entre as imagens acústicas na ausência de imagens acústicas que lhes
internalizadas e as unidades de significado confiram significado, as palavras são
(palavras). memorizadas mecanicamente, sem sentido.
3
Essa proposta materializou-se na interlocução com inúmeros professores especializados do Estado do
Paraná, nas discussões que vimos realizando nos últimos dez anos sobre os desafios do ensino e da
aprendizagem do português como segunda língua para surdos. Em 2003, este trabalho foi defendido sob a
forma de tese de doutorado em letras, na UFPR (FERNANDES, 2003) e, nos anos posteriores inúmeros
foram os momentos de discussão e reflexão junto aos professores de uma escola pública para surdos, em
Curitiba. Às companheiras Lilian, Flávia e Lizmari que compartilharam comigo os desafios do letramentos
dos surdos em suas salas de aula, agradeço a riquíssima dialogia.
4
Em trabalhos anteriores (FERNANDES, 2003), propusemos sugestões de ‘roteiros’ de leitura que
viabilizassem essa sistematização.
15
social. O texto social delimitará o conhecimento lingüístico, objeto da ação escolar, e
não o contrário. Se há um texto circulando socialmente é porque seu conteúdo está
vinculado à realidade histórica que determinou sua produção: ele é fruto de uma
intenção comunicativa real, destinado a um interlocutor e, justamente por isso, assume
características composicionais e discursivas particulares
Reside aí um desafio na seleção de textos pelo professor, considerando que a
língua que se apresenta em grande parte dos materiais didáticos está impregnada da
tradição normativa e não reflete o movimento vivo dos falantes em suas interações
diárias. Chamamos a atenção para esse aspecto que assume desdobramentos
importantes na educação bilíngüe dos surdos.
O conceito de norma padrão, tal como se apresenta nos manuais gramaticais é
uma abstração, à medida que não reproduz (se é que alguma vez já o fez) o ‘modelo’
de falante ideal a que se propôs. As inúmeras pesquisas sociolingüísticas realizadas
sobre as variedades cultas utilizadas no português brasileiro (BAGNO, 2000; NEVES,
1998;
FARACO, 2000; POSSENTI, 1998) evidenciam o enorme distanciamento entre
o que propõe a tradição gramatical como ‘norma culta’ e o que, de fato, ocorre nas
práticas dos falantes de variedades cultas da língua, a chamada norma padrão.
Há um padrão lingüístico idealizado, sob a tutela normativa das gramáticas e
manuais de estilo, que torna invisível a heterogeneidade da língua. Em contrapartida,
há o padrão real manifesto pelos falantes cultos (conforme descreve o Projeto NURC)
que se revela na oralidade e na escrita e que é condicionado por variáveis como gênero,
faixa etária, nível cultural, sócio-econômico, condições de produção do discurso, enfim,
pela heterogeneidade constitutiva da língua.
Permanece, assim, o desafio aos professores de surdos em oportunizar a
imersão com textos que contemplem essa diversidade de possibilidades de realização
da língua, a fim de que seja contemplada sua
Anotações
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Alfabetização em português no
contexto do estudante surdo 5
5
QUADROS, R. SCHMIEDT, M. L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC,
SEESP, 2006. (40-44)
17
Como esse conhecimento pode ser explorado em sala de aula antes de ser
apresentado o texto em si?
Quais as motivações do estudante para lerem o texto?
Quais as palavras fundamentais para a compreensão do texto?
Quais os elementos linguísticos que podem favorecer a compreensão do texto?
Anotações
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O ensino de Língua Portuguesa num
contexto de educação bilíngue dos
alunos surdos 6
6
GOMES, Maria do Céu, O ensino de Língua Portuguesa num contexto de educação bilíngue dos alunos
surdos. Diversidades. Secretaria Regional de Educação e cultura – Direção Regional de Educação Especial
e Reabilitação, 2009.
20
vocabulário, mas também em termos de estrutura gramatical. Segundo Amaral
e Coutinho (2005), este é dos requisitos fundamentais para o perfil deste
profissional.
Quando envolvidos num processo de construção de significado, os alunos
utilizam três tipos de conhecimento: o conhecimento sistémico, o conhecimento
de mundo e o conhecimento da organização de textos (Moita Lopes, 1986). É
também de extrema importância conhecer o domínio que o aluno tem da sua
primeira língua. Há alunos que são fluentes em língua de sinais, outros têm
apenas alguns conhecimentos e há aqueles que não conseguem sequer se
comunicar. Segundo Freire (1999), este fato não inviabiliza o trabalho ao nível
do Português L2.
O que deve ser feito quando o aluno surdo não possui conhecimento
suficiente que lhe permita correlacionar as duas línguas, é dar-lhe mais
informações sobre a organização linguística do Português, seja nos níveis
lexicais-semânticos, morfológicos ou sintáticos.
No contexto de sala de aula, será mais fácil e mais significativo para os
alunos surdos, trabalharem com textos escritos que vão ao encontro do
conhecimento do mundo com que já estão familiarizados, bem como com textos
adequados à sua faixa etária. O conhecimento do mundo pode variar de aluno
para aluno e essa será uma componente que o professor terá que organizar,
explorar e construir em sala de aula, através de um processo de negociação na
primeira língua dos alunos. Daí, mais uma vez, a importância do domínio da
língua de sinais pelo professor.
No que diz respeito aos textos a trabalhar dentro da sala de aula,
consideramos que devem ser privilegiados materiais autênticos que o aluno já
conhece, que estão à sua volta e fazem parte do seu mundo: jornais, revistas,
circulares da escola, cartazes, panfletos, cartas, receitas médicas,
requerimentos, etc. Importante será também a produção de diferentes tipos de
textos, nunca esquecendo que deverão ser significativos para o aluno: textos
publicitários, informativos, poéticos, entre outros.
É importante oferecer todas as informações necessárias sobre a
organização textual em português, para que este conhecimento possa ser
acionado sempre que o aluno tiver que enfrentar uma situação de compreensão
de um texto (Freire, 1999).
A aprendizagem do Português (L2) deve iniciar-se no ensino pré-escolar
e continuar ao longo de toda a escolaridade, a ênfase deverá ser colocada em
termos de aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita.
A criança aprende a associar gesto e imagem, bem como a palavra ou
frase correspondente. As aprendizagens adquirem-se de uma forma lúdica e
informal. Deste modo, as crianças vão evoluindo no domínio que têm das duas
línguas. Mais tarde, já possuem conhecimentos que lhes permitem ser capazes
de refletir sobre a sua primeira língua e estabelecer correspondências
gramaticais com a Língua Portuguesa, sua segunda língua.
Esta reflexão metalinguística entre as duas línguas deverá continuar ao
longo de todos os anos de escolaridade, cada vez mais aprofundada. Um
exercício que poderá ser feito pelos alunos surdos é escrever textos
simultaneamente em língua de sinais e em Língua Portuguesa, comparando
depois a estrutura da frase, a forma como são utilizados os tempos verbais, etc.
21
Leitura e Produção Textual
Para Terra e Nicola (2004, p. 18) “ler não é apenas decodificar o
significante (quem assim faz não é leitor; é decodificador); ler é ir além do
significante, é buscar o significado de uma determinada palavra no contexto em
que ela aparece”.
Quadros e Schmiedt (2006) ressaltam que a leitura precisa estar
contextualizada, assim, os estudantes que estão se alfabetizando em uma
segunda língua precisam ter condições de “compreender” o texto. Portanto o
instrutor mediador precisará proporcionar estratégias e recursos para que a
compreensão se efetive.
As autoras destacam dois tipos de leitura, quando se discute esse
processo de aprendizagem de segunda língua: leitura que apreende as
informações gerais do texto, ou seja, dá uma ideia mais geral do que o texto
trata; leitura que apreende as informações mais específicas, isto é, adentra em
detalhes do texto que não necessariamente tenham implicações para a
compreensão geral do texto.
No momento da organização das atividades de leitura o instrutor
mediador precisa considerar os seguintes itens: realizar a leitura do texto com
antecedência para conhecer o assunto proposto; pesquisar o conceito das
palavras desconhecidas no dicionário; destacar as palavras-chave, ou seja, as
palavras que dão sentido ao texto; procurar as figuras e/ou imagens das palavras
destacadas no texto.
Durante a realização da atividade de leitura em sala de aula o instrutor
mediador:
1- Conversa com o estudante sobre a temática abordada no
texto;
2- Realiza a tradução em Libras do texto, apresentando as
figuras e ou/ imagens que foram previamente selecionadas;
3- Discute o texto com o estudante averiguando a
compreensão.
Anotações
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Legislações
LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios
de transporte e de comunicação.
24
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica, modalidade Educação Especial.
25
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por
ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Art. 14º./ § 1o
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e
também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;
IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos
surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de
recursos, em turno contrário ao da escolarização;
V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores,
alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta
de cursos;
VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda
língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e
reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da
Língua Portuguesa;
VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de
conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em
vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos;
VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e
comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos
surdos ou com deficiência auditiva.
Anotações
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Documento Orientador para o Tradutor
Intérprete da Língua Brasileira de Sinais
- TILS
Compete ao Tradutor Intérprete da Língua Brasileira de
Sinais/Língua Portuguesa - TILS:
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9. Não interferir na metodologia do professor regente, orientar quando for
necessária adaptação das atividades propostas;
10. Não omitir informações em função da sua dificuldade linguística;
11. Solicitar o apoio do professor sempre que não entender o conteúdo,
para interpretar e repassar a informação com clareza;
12. Em se tratando da tradução e interpretação oral da Língua de Sinais
para o Português, se o profissional não entender o que foi passado,
solicitar sua repetição para que a intenção e opinião do sujeito não seja
alterada
13. Posicionar-se sempre à frente do estudante de maneira que fique
visível a transmissão de informações sem prejuízo desta;
14. Participar de todos os momentos de formação continuada oferecidas
pelo CAS/COPESP/SED;
15. Não se ausentar, em nenhum momento, da sala de aula.
Anotações
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Orientações para o Instrutor Mediador
– Modalidade Oral
1. Repita na Língua Portuguesa modalidade oral o conteúdo ministrado pelo
professor.
2. Repita o conteúdo na disciplina de língua estrangeira da mesma forma
falada pelo professor.
3. Mantenha contato visual com o estudante ao falar, de forma que ele
visualize bem o seu rosto, facilitando a leitura labial quando utilizada.
4. Expresse-se usando uma boa e clara articulação dos sons da fala, sem
exageros nem muito rápido e nem devagar. Não é preciso gritar.
5. Evite colocar as mãos ou algum objeto em frente ao rosto enquanto fala.
Para as mulheres é necessário que usem batom e no caso dos homens
não usar bigode e/ou barba para facilitar a visualização dos lábios.
6. Motive o estudante a interagir na sala realizando perguntas, solicitando
novamente a explicação e expressando suas opiniões, sendo que haverá
sua interferência somente nos casos em que a compreensão da fala
esteja comprometida.
7. Incentive que o estudante participe das atividades coletivas e individuais
propostas para a turma.
8. Verifique em qual fase o estudante se encontra, nos níveis: fonológico,
morfológico, semântico, sintático e pragmático em Língua Portuguesa na
modalidade escrita.
9. Providencie recursos visuais (figuras, imagens, vídeos e outros) para
facilitar a compreensão dos conteúdos.
10. Solicite à coordenação/professores os conteúdos curriculares que serão
ministrados mensalmente para que possa providenciar antecipadamente
recursos visuais e criar estratégias facilitadoras.
11. Organize um caderno para:
11.1 – o registro dos conteúdos curriculares que serão ministrados pelos
professores de cada disciplina;
11.2 – anexar a ficha do plano de aula descrevendo os recursos utilizados;
11.3 – diariamente registrar os resultados positivos e dificuldades
encontradas pelo estudante.
12. Produza junto com o estudante o caderno/apostila de vocabulário a partir
dos conteúdos ministrados pelos professores de cada disciplina.
13. Observe quando o estudante apresenta condições para realização da
atividade com autonomia, e deixe-o realizar sem a sua interferência.
14. Evidencie, por meio de marcações no caderno, destaque de palavras-
chaves, os pontos mais importantes de uma aula.
15. O estudante não deve ser retirado da sala de aula para nenhuma atividade
individualizada.
Anotações
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Orientações para realização da
Avaliação
1. As avaliações de Aptidão para Tradutores Intérpretes de Libras,
Instrutores Mediadores, Professores de Libras e Professores
de Sala de Recursos são realizadas mensalmente com horário
previamente agendados.
2. As avaliações são realizadas por uma banca composta por no
mínimo 2 integrantes, sendo um surdo e um ouvinte. Todas as
avaliações são gravadas em vídeo e arquivadas.
3. Trazer no momento da avaliação foto 3x4 e documentos
pessoais para preenchimento de ficha cadastral que fica
arquivada no CAS.
4. Comparecer 15 min antes do horário agendado.
5. Na avaliação para professores de sala de recursos e
professores de Libras é obrigatório a apresentação de plano
de aula no ato da prova.
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os seguintes critérios: contextualização; linearidade e
transmissão de informações.
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d) Os critérios avaliados são: parâmetros; vocabulário de Libras;
classificadores; contextualização do conteúdo em Libras;
ensino dos conteúdos conforme plano de aula; distorção
semântica; didática; metodologia; recursos materiais e
vestuário, sendo que cada item tem a pontuação de 0,0(zero)
a 1,0(um) ponto.
Anotações
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Materiais
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Anotações
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Referências e sites sugeridos:
BLOG do CAS. Disponível em: <http://cassedms.blogspot.com.br/>. Acesso em:
18 Ago. 2016.
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NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B. Aprender a Aprender. Lisboa: Plátano Edições
Técnicas, 1996.
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