Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Leon Trótski
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ver também
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas
Primeiros anos
Trótski nasceu numa pequena localidade do Óblast de Kherson, na atual Ucrânia, sendo o quinto
filho de Anna (1850–1910) e David Leontyevish Bronstein ou Bronshtein (1847–1922), um humilde
lavrador de origem judaica que havia aproveitado os esquemas de colonização tsaristas na Crimeia
para abandonar a área tradicional de residência autorizada aos judeus (o "pálio") e converter-se num
próspero, ainda que iletrado, fazendeiro.
Embora a família fosse de origem judaica, não era religiosa; em casa, falava-se russo ou ucraniano,
não iídiche. Aos 9 anos, foi para Odessa, a fim de prosseguir seus estudos numa escola tradicional
alemã que, ao longo dos anos em que Trótski ali permaneceu, passou pelo processo de russificação[7],
conforme a política czarista da época.
Sua irmã Olga viria a casar com Lev Kamenev, um dos principais líderes bolcheviques e membro do
triunvirato liderado por Stálin, que afastaria o próprio Trótski do poder, sendo também afastado
posteriormente.[2]
Após a conquista do poder pelos bolcheviques, Trótski torna-se Comissário do Povo para os Negócios
Estrangeiros, com a missão de negociar o armistício militar com a Alemanha e seus aliados.[2] A
posição de Trótski nas negociações do armistício foi oposta à de Lenin — que achava que um tratado
deveria ser assinado com a Alemanha em quaisquer condições — mas também oposta à dos
comunistas de esquerda, que propunham a guerra revolucionária; para ele, a posição a tomar seria de
"nem paz, nem guerra"; o governo soviético deveria retirar-se das conversações e esperar pela
agitação revolucionária no exército alemão. Através de uma combinação prévia com Lenin, que havia
aceitado testar sua proposta ("para estar de bem com Trótski, vale a pena até perder a Letônia e a
Estônia", teria dito Lenin), Trótski acaba por retirar-se de fato das conversações a 10 de fevereiro de
1918, respondendo a Alemanha com um novo ataque, que obrigou o governo soviético a assinar, por
fim, a 3 de março, o desvantajoso Tratado de Brest-Litovski.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 2/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
Trótski abandona subsequentemente o cargo, mas ainda no mesmo mês é nomeado Comissário do
Povo para os Assuntos Militares (até 1925) e, em setembro, líder do Comité Militar Revolucionário do
regime soviético. É neste contexto que lidera de forma decisiva a criação e organização do Exército
Vermelho, que acaba por vencer a longa e violenta Guerra Civil Russa (1918–1920) contra o Exército
Branco, garantindo a sobrevivência do regime soviético.
Comissário da Guerra
Ajudou muito, aliás, na qualidade da sua liderança, que Trótski, não obstante deixasse as decisões
militares a cargo dos oficiais profissionais, houvesse passado boa parte da Guerra Civil deslocando-se
para o fronte a bordo do seu lendário trem blindado - dotado de uma tipografia portátil, uma banda e
outras instalações - a partir do qual podia realizar a propaganda, monitorar as atividades militares,
resolver diferendos burocráticos e logísticos, e eventualmente lançar mão dos seus talentos oratórios
para elevar o moral da tropa.
Na situação militar desesperada do verão de 1918, com os bolcheviques reduzidos à posse da parte da
Rússia Europeia em torno de Moscou e Petrogrado (São Petersburgo), com os alemães e austríacos
ocupando a fronteira ocidental, os ingleses e franceses o Ártico russo, e as várias formações
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 3/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
antibolcheviques, a Sibéria, Trótski recebeu carta branca do partido para aplicar seus métodos. O
primeiro grande sucesso militar do Comissário da Guerra seria a defesa da linha de frente dos Urais
contra as tropas da Legião Checoslovaca - uma tropa de soldados checos emigrados mobilizados para
a luta contra os austríacos ao lado do exército tzarista, que haviam sido instigados pela Entente
franco-britânica (Entente Cordiale) e pela oposição russa a lutarem contra os bolcheviques - defesa
esta que culminou na tomada de Kazan pelo Exército Vermelho em 10 de setembro de 1918.[11]
Após esta vitória, como prova da confiança do partido na política militar de Trótski, o Conselho
Militar Supremo foi (temporariamente) extinto em favor do estabelecimento de um Comandante em
Chefe do Exército Vermelho, o qual viria a ser o comandante do Regimento Vermelho de Fuzileiros
Letões (a Letônia tendo sido uma das regiões de fronteira do Império Russo onde o bolchevismo
tinha encontrado mais seguidores) Ioakim Vatsetis (ou Jukums Vacietis), homem de confiança do
Comissário da Guerra. A medida que a situação militar da Rússia Soviética se tornava menos crítica,
no entanto, a oposição ao Comissário da Guerra, paradoxalmente, recrudescia. Logo após a vitória no
fronte dos Urais, Vatsetis propôs que uma estratégia puramente defensiva deveria ser seguida no
fronte siberiano - onde a Legião Checoslovaca havia sido substituída pelas tropas do almirante branco
Aleksandr Kolchak - de forma a poupar tropas para operações no fronte ucraniano, onde as tropas
brancas do general Anton Ivanovich Denikin estavam na ofensiva. Esta proposta foi rejeitada pelo
Comitê Central bolchevique, e como o avanço no fronte oriental acabou por provar-se bem sucedido -
contra as expectativas de Trótski e Vatsetis - este acabou por ser demitido da posição de Comandante
em Chefe, que foi dada ao general Serguei Kamenev[12] (nenhum parentesco com o cunhado de
Trótski).[2]
Por trás de todas estas querelas, estava a defesa de Trótski do Exército Vermelho como organização
não partidária, que fez com que ele tivesse, desde muito cedo, de defrontar-se com uma cabala no
interior do partido, dirigida por Stalin - que, entre Maio e Outubro de 1918, estava encarregado de
organizar serviços de intendência na frente de Tsartsin - a futura Stalingrado - e havia tornado-se o
governante informal da região do Baixo Volga, onde instalara um reinado de terror dirigido contra as
antigas classes dirigentes e especialmente contra os antigos oficiais do exército imperial, fuzilados sob
qualquer pretexto. Stalin e seu futuro Ministro da Defesa, Kliment Voroshilov, levaram sua oposição
a Trótski ao ponto de recusarem subordinar-se ao ex-general tzarista Andrei Snesarev, nomeado por
Trótski para dirigir as operações militares na região. Ao criticar a política de Trótski como hostil aos
"velhos bolcheviques", Stalin conseguiu uma primeira base de apoio na burocracia do partido que lhe
seria muito útil na luta posterior pelo poder.
Em outubro de 1918, quando a ameaça dos exércitos brancos na frente dos Urais tinha desaparecido,
no entanto, Trótski voltou sua atenção para a Frente Sul[13] e acabou por impor-se a Stalin, recebendo
o apoio de Lenin, que, no entanto, ciente da necessidade de não diminuir Stalin diante de seus
camaradas de partido, organizou sua remoção honrosa para Moscou e encarregou o então Secretário
Geral do Partido, Sverdlov, de organizar um encontro de reconciliação entre os dois antagonistas, o
qual, no entanto, falhou: Trótski respondeu a Stalin, quando este pediu-lhe para que não perseguisse
seus "rapazes", que a revolução não tinha tempo para esperar que os "rapazes" crescessem…[14]
Continuamente importunado pela oposição da velha guarda bolchevique, comandada por Stalin, às
suas políticas, Trótski chegou, em julho de 1919, a oferecer sua renúncia ao cargo de Comissário da
Guerra ao órgão do Comitê Central do Partido responsável pelas nomeações para cargos
administrativos, o Orgburo, de forma a obrigar a cúpula do partido a expressar abertamente seu
desacordo consigo ou apoiá-lo.[15] Que a segunda opção tenha sido a escolhida deveu-se antes de tudo
a Lenin, que, muito embora encontrasse dificuldades em conciliar os atritos criados por Trótski, pelo
seu comportamento arrogante, com o restante dos líderes do partido, continuou em última instância
a apoiar sua política militar, chegando mesmo a, num dado momento em 1919, entregar-lhe um papel
timbrado com sua assinatura que Trótski poderia utilizar para validar qualquer ordem sua.[16]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 4/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
No entanto, Trótski continuaria tendo suas políticas contestadas surdamente pelo partido durante
todo o início de 1919, especialmente pela estratégia tímida que havia proposto para o fronte siberiano
(onde as tropas vermelhas continuavam a ter sucessos contra o Almirante Kolchak), assim como pela
sua incapacidade de resolver a situação militar no fronte ucraniano, onde as tropas brancas do
general Anton Denikin tinham sua base. No entanto, uma mudança de situação acabaria por
restabelecer o seu prestígio.
Stalin e Serguei Kamenev propunham que a estratégia para lidar com a situação na Ucrânia deveria
incluir um assalto à retaguarda de Denikin na região caucasiana do Kuban, onde havia uma
concentração de aldeias de cossacos aliados dos Brancos. Trótski, por sua vez, alegava que tal
estratégia nada mais faria do que soldar a aliança entre as forças cossacas e os brancos, e que a
situação deveria ser resolvida por um ataque na direção do Leste da Ucrânia, onde a concentração de
indústrias atrairia o apoio dos operários ao Exército Vermelho; os cossacos - que lutavam em defesa
de suas terras - deixados a si mesmos, acabariam por ficar neutros. E, efetivamente, a execução do
plano de Stalin apenas reforçou o Exército Branco, que, em setembro de 1919, tomou Orel e avançou
para o Norte, na direção de Moscou e do centro de produção de munições de Tula, ameaçando a
própria existência do regime soviético.[17] Ao final, seria o plano de Trótski que acabaria sendo
adotado: em Outubro de 1919, dois ataques de flanco lançados contra o Exército Branco o separaram
da cavalaria cossaca, forçando Denikin a recuar para a Ucrânia, de onde o Exército Branco,
completamente desmoralizado, e sem contar mais com os subsídios do governo britânico, recuaria
para a Crimeia.[18]
No entanto, os responsáveis pela defesa da Frente Sul jamais admitiram abertamente o seu débito
para Trótski, o qual, inclusive, antes da ofensiva final, enviou ao Comitê Central do Partido uma carta
defendendo sua estratégia e eximido-se de responsabilidade pelos erros anteriores do comando do
Exército Vermelho na Ucrânia - uma reação que Lenin classificaria numa anotação à margem da
carta de Trótski como produto de "nervosismo".[19] O que reabilitaria decisivamente a reputação de
Trótski seria a sua eficiente defesa de Petrogrado contra as tropas do general branco Yudenich, que
atacaria a antiga capital também em outubro de 1919, tentando solapar o moral do Exército Vermelho
pela tomada do berço da revolução. Opondo-se às objeções de Lenin - que a princípio pensara em
abandonar Petrogrado para concentrar-se na defesa da Frente Sul - Trótski comandou a defesa
pessoalmente, chegando a cavalgar em direção às linhas inimigas sozinho para animar tropas em
fuga. Esta vitória decisiva elevaria o Comissário da Guerra ao auge do seu prestígio - o qual foi
imediatamente seguido pelo seu declínio.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 5/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
expectativas de Lenin e dos bolcheviques como irreais e advertido contra o otimismo excessivo.[20] A
instâncias de Trótski, foi firmado um tratado de paz com a Polônia, o qual permitiu que o Exército
Vermelho liquidasse o bastião Branco na Crimeia em Novembro de 1920, encerrando a Guerra Civil.
O Pós-Guerra Civil
A autossuficiência de Trótski, mesmo após a vitória dos Vermelhos na Guerra Civil, acabou por
determinar que seu prestígio público sofresse abalos importantes: o primeiro, quando da repressão
brutal das revoltas de Kronstadt e de Tambov, em que teve papel importante na adoção de uma
política de repressão e de rejeição de qualquer compromisso com os rebeldes. Segundo, quando, após
haver proposto um abandono do comunismo de guerra e um retorno parcial ao livre mercado, pela
adoção do que viria a consistir na futura NEP, no início de 1920, foi desautorizado por Lenin,
propondo então, como uma alternativa, que "os métodos de guerra fossem aplicados
sistematicamente",[21] mediante um combate decidido ao desemprego decorrente da desmobilização
e visando a rápida recuperação econômica da Rússia Soviética pela abolição total da independência,
mesmo nominal, dos sindicatos e pela generalização do trabalho forçado através da formação de
"exércitos do trabalho" que mobilizariam forçosamente trabalhadores ociosos. Somando-se à
desconfiança dos veteranos bolcheviques por sua adesão tardia ao partido, estas posições lhe darão
uma fama de bonapartista e ditador militar potencial, e em muito enfraquecerão sua posição diante
de Stalin; Lenin, no seu Testamento Político, falará de Trótski como "o homem mais capaz do
presente Comitê Central", mas deplorará suas tendências autoritárias (nas palavras de Lenin, "sua
tendência a abordar as questões apenas pelo lado administrativo").
Havia, no entanto, uma assimetria fundamental nesta luta faccionária: a oposição de esquerda, por
mais bem implantada que estivesse no interior da militância comum do partido, não tinha qualquer
poder no interior das instâncias decisórias de um Partido Bolchevique já totalmente burocratizado.
Trótski, pela sua entrada tardia no partido e por não ter assumido responsabilidade por nomeações
burocráticas como Stalin, não possuía capacidade de alavancar suas posições pelo exercício do
clientelismo. Mas ainda, desde o seu décimo congresso, em 1920, o Partido Bolchevique havia
adotado - com o apoio de Trótski, diga-se de passagem - um novo regimento administrativo que
proibia a existência de facções permanentemente organizadas no partido, o que tornava possível a
qualquer contestação à liderança do Partido ser caracterizada como "faccionária". Resumindo, o
prestígio pessoal de Trótski era inteiramente desproporcional aos recursos políticos concretos que ele
poderia mobilizar no interior de um partido a cuja vida interna ele era estranho. Daí, em grande
parte, a inação de Trótski diante da ascensão de Stalin; na ausência de Lenin - que até então havia
sempre abonado suas políticas em momentos decisivos - Trótski escolheu não desafiar o conclave
bolchevique, sabendo que suas chances de vitória eram reduzidas.[24]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 6/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
No decorrer das lutas confusas que se seguiriam, Trótski buscou uma consolação - assim como um
aumento da sua influência - pela concentração no trabalho teórico e intelectual. Trótski já havia,
durante a Revolução de 1905, formulado a Teoria da Revolução Permanente- a proposição de que a
revolução liberal-burguesa, nas condições de um país capitalista atrasado como a Rússia não se
deteria na constituição de uma república democrática, mas avançaria para a revolução socialista, num
processo sem solução de continuidade - contrariamente ao entendimento evolucionista do marxismo
predominante à época, segundo o qual a revolução socialista seria um produto do esgotamento prévio
das possibilidades de desenvolvimento capitalista nacional. Além disso, segundo essa teoria, o único
agente social capaz de levar uma revolução russa até o fim seria o proletariado, aliado as massas
camponesas. [25] Após a Revolução de 1917, passou a defender também que a revolução socialista era
um processo mundial e que a Revolução Russa necessitaria continuar a desenrolar-se numa arena
mundial, no âmbito de uma perspectiva internacionalista que contrastava claramente com a política
estalinista do "socialismo num só país". Defendeu a rápida industrialização da economia e o
abandono da NEP (Nova Política Econômica) de Lenin, quando Stalin e o teórico Bukharin
defendiam a industrialização gradual e a manutenção daquela política.
A dissidência no interior do partido vem a público quando Trótski publica, em 1924, um prefácio à
edição dos seus escritos de 1917, As Lições de Outubro, criticando a falta de estratégia revolucionária
de Stalin e da Direção do Comintern na direção do levante alemão de 1923, e compara suas atitudes
com a indecisão demonstrada por Kamenev e Zinoviev às vésperas da Revolução de Outubro. Estas
discordâncias abertas afastam politicamente Trótski de Stalin, culminando na sua expulsão do
partido a 12 de novembro de 1927, o exílio em Alma Ata (hoje Altana), na então República Socialista
Soviética do Cazaquistão, a 31 de janeiro de 1928, e finalmente a expulsão da União Soviética em
1929. Ainda em julho desse ano, começa a publicar um boletim mensal da oposição, que continuaria a
ser publicado e contrabandeado para o território soviético durante todo o seu exílio .
Ironicamente, afastado Trótski, Stalin vira-se contra Bukharin e acaba por apropriar-se de muitos dos
preceitos da política econômica enunciados por Trótski, implementando-a, todavia, de uma forma
criticada por uma grande maioria, como exageradamente violenta e autoritária. Tal "virada à
Esquerda" de Stalin, no entanto, fez muito para privar a Oposição de Esquerda de grande parte dos
seus partidários na URSS, que acabam por aderir a Stalin, que consideram estar realizando na prática
o programa da oposição, nomeadamente o economista Ievguêni Preobrajenski e o antigo chefe de
governo da Ucrânia soviética e amigo pessoal de Trótski desde a época de sua estadia nos Bálcãs, o
socialista romeno de etnia búlgara Christian Rakovski - que, juntamente com a imensa maioria dos
antigos trotskistas, haveriam de perecer nas Grandes Purgas dos anos 1930.
Exílio e morte
Após a deportação, Trótski passou pela Turquia, França (julho de 1933 a junho de 1935) e Noruega
(junho de 1935 a setembro de 1936), fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego
Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora
Frida Kahlo. A medida que aumenta a repressão stalinista, multiplicam-se os lutos familiares. Além
da morte dos seus quatro filhos, os genros, noras, netos, e outros parentes próximos de Trótski são
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 7/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
e, aproveitando um momento de distração, aplica com uma picareta um golpe fatal no seu crânio. Ao
ouvir o ruído, os guarda-costas de Trótski precipitam-se para a sala e quase matam Mercader, mas
Trótski detém-nos, exclamando:
“ Pousei o casaco impermeável na mesa de forma a poder tirar a picareta que estava
no bolso. Decidi não perder a grande oportunidade que surgiu. No momento em que
Trótski começou a ler o artigo, deu-me a minha oportunidade; tirei a picareta do
casaco, segurei-a firme na mão e, de olhos fechados, dei-lhe um golpe terrível na
cabeça. ”
O líder a URSS desejava ocultar fatos de seu passado, como suas
ações de agente provocador a serviço a polícia secreta tsarista (a
Okhrana).[27] Neste período, Trótski escrevia uma biografia não
autorizada sobre Stálin e este seria um dos motivos do crime.[27]
“ Trótski conhecia pessoalmente seu assassino, Frank Jackson (na verdade, Ramón
Mercader), há mais de seis meses, e tinha confiança nele devido às suas relações
com o movimento trotskista na França e nos Estados Unidos. Ele nos visitava com
”
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 9/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
freqüência e em momento algum tivemos motivos para desconfiar que ele fosse
agente da GPU.
Segundo Hansen, Jackson chegou à casa de Trótski às 5h30 da tarde do dia 20 de agosto, dizendo-lhe
que havia escrito um artigo, sobre o qual gostaria de sua opinião. Trótski concordou e ambos se
encaminharam para a sala de jantar, onde estava a sra. Trótski. "Alegando estar com a garganta seca,
Jackson pediu um copo de água. A sra. Trótski ofereceu-lhe chá. Ele agradeceu mas preferiu a água.
Então, Trótski convidou-o a passarem para o seu escritório".
O primeiro indício de que algo de anormal acontecera foi o som de gritos lancinantes e de uma luta
violenta. A princípio os secretários e guarda-costas julgaram que havia acontecido algum acidente,
mas, ao ingressarem no escritório, encontraram Trótski com o rosto banhado em sangue. Um dos
guarda-costas correu para socorrê-lo, enquanto o outro atracava-se com o assassino, que empunhava
um revólver. "Provavelmente o assassino atacou-o por trás, utilizando uma picareta cuja ponta
penetrou-lhe o cérebro. Mas em vez de cair inconsciente, como o assassino planejara, Trótski
agarrou-se a ele".
Enquanto jazia, sangrando, no chão, Trótski disse a Hansen: "Jackson baleou-me com um revólver.
Acho que, dessa vez, é o fim". Hansen tentou animá-lo, dizendo que o ferimento era superficial e que
não podia ter sido causado por um tiro, já que ninguém tinha ouvido o estampido. "Não, sinto aqui
que desta vez eles conseguiram" - disse Trótski, apontando para o coração. Trótski resistiu mais de
24 horas e morreu às 7h25 da noite de 21 de agosto.[28]
Biografias
Trótski encontrou, na década de 1950, um grande biógrafo na pessoa do marxista polonês radicado
na Inglaterra Isaac Deutscher, que escreveu a monumental biografia em três volumes: O Profeta
Armado - Trótski 1879-1921, O Profeta Desarmado - Trótski 1921-1929 e O Profeta Banido - Trótski
1929-1940, a qual encontra-se atualmente disponível no original em publicação da Verso Editions, e
em português numa tradução da Editora Civilização Brasileira, republicada recentemente pela
Editora Record.
Ver também
Curva de desenvolvimento capitalista Oposição Unificada
Grande Expurgo Programa de Transição
Quarta Internacional
Lei do desenvolvimento desigual e
combinado Revolução mundial
Liga Comunista (Brasil) Teoria da revolução permanente
Oposição de Esquerda Trotskismo
Notas
1. Seu nome em ucraniano é Лев Давидович Троцький, que pode ser transliterado como Lev
Davidóvitch Trótskii. Todavia, seu verdadeiro sobrenome era Bronstein (Бронштейн).[2] Pelo
calendário juliano, utilizado nos países de tradição ortodoxa, nasceu em 26 de outubro de 1879.
2. A arma do crime foi um pequeno piolet, não um picador de gelo. Muitos livros de história e
referências confundem os dois. Veja Robert Conquest, The Great Terror: A Reassessment,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 10/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
Oxford University Press, 1991; ISBN 0-19-507132-8, pg. 418 para mais detalhes
Referências
13. Cf. Isaac Deutscher,Stalin, Penguin Books,
1. O Testamento de Leon Trotsky (http://www.cul 1982, pg.210
turabrasil.org/testamentodetrotsky.htm)
Arquivado em (https://web.archive.org/web/20 14. Cf. Deutscher, ibid., pg. 210
120412171002/http://www.culturabrasil.org/te 15. Trotsky, My Life, op.cit., pg.471
stamentodetrotsky.htm#) 12 de abril de 2012, 16. "Ciente do caráter rigoroso das ordens do
no Wayback Machine. 1940 Camarada Trótski, estou tão absolutamente
2. «Leon Trotsky» (http://educacao.uol.com.br/bi convencido da sua correção, expediência e
ografias/leon-trotsky.jhtm). UOL -Educação. necessidade para o triunfo da causa, que as
Consultado em 12 de novembro de 2012 endosso sem quaisquer reservas-
3. Swain, Geoffrey (2006). «Trotsky and the ass.V.ULYANOV/LENIN"-cf.Leon Trotsky, My
Russian Civil War» (https://link.springer.com/c Life, op.cit., pg.487.
hapter/10.1057/9780230624924_6). 17. Trotsky, My Life, op.cit., pgs. 471/473.
Reinterpreting Revolutionary Russia (em 18. Cf. Richard Pipes, Russia under the Bolshevik
inglês). Palgrave Macmillan, London. pp. 86– Regime, Nova Iorque, Vintage, 1995,
104. doi:10.1057/9780230624924_6 (https://d pgs.127/129
x.doi.org/10.1057%2F9780230624924_6) 19. Cf. Richard Pipes, ibid., pg. 126
4. Dmitri Volkogonov, Lenin. A New Biography, 20. Trotsky, My Life, op.cit., pg.475
translated and edited by Harold Shukman
(New York: The Free Press, 1994), pg. 185. 21. Leon Trotsky, My Life, op.cit., pg.482
5. Operações especiais: memórias de uma 22. Marshall, Alex (2010). The Caucasus Under
testemunha indesejada/ Pavel Sudoplatov, Soviet Rule (em inglês). [S.l.]: Taylor &
Anatoli Sudoplatov, Mem Martins : Europa- Francis. p. 274. ISBN 0203847008
América, D.L. 1994 ISBN 972-1-03771-0 23. http://pt.scribd.com/doc/51123583/Trotskismo-
6. Esparza, Pablo (8 de abril de 2017). «Como x-Leninismo-Indice-Apresentacao-e-Prefacio~
espanhola criou rede de espiões para os 24. Cf., e.g., Orlando Figes, A People's Tragedy,
soviéticos na América do Sul» (https://www.bb Nova Iorque, Viking, 1997, pg.802
c.com/portuguese/internacional-39489992). 25. O jovem Trotsky: entre menchevismo e
BBC. Consultado em 6 de agosto de 2019 bolchevismo (http://teoriaerevolucao.pstu.org.
7. North, David (2010). In Defense of Leon br/o-jovem-trotsky-entre-menchevismo-e-bolc
Trotsky (http://books.google.com.br/books?id= hevismo/)
mVqvouA22IkC&pg=PA145&dq=Leon+Trotsk 26. Martín Hernández. «Prólogo ao livro O
y%2Bdid+not+speak+yiddish&hl=pt-BR&ei=bi Veredicto da História de Martín Hernández»
aCTdqiAfOy0QH-49ngCA&sa=X&oi=book_re (https://teoriaerevolucao.pstu.org.br/prologo-a
sult&ct=result&resnum=1&ved=0CDIQ6AEwA o-livro-o-veredicto-da-historia-de-martin-herna
A#v=onepage&q=Leon%20Trotsky%2Bdid%2 ndez/). Teoria & Revolução. Consultado em
0not%20speak%20yiddish&f=false). Mehring 20 de agosto 2018
Books. p. 145 27. «História Viva» (https://web.archive.org/web/2
8. O jovem Trotsky: entre menchevismo e 0130726084433/http://www2.uol.com.br/histor
bolchevismo (http://teoriaerevolucao.pstu.org. iaviva/reportagens/stalin_uma_lenda_fabricad
br/o-jovem-trotsky-entre-menchevismo-e-bolc a_sob_medida.html#). Arquivado do original
hevismo/). (http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportage
9. cf. Leon Trotsky, My Life, Penguin, 1988, ns/stalin_uma_lenda_fabricada_sob_medida.
pg.417 html) em 26 de julho de 2013 Stalin: Uma
10. Robert Service, A History of Twentieth- lenda fabricada sob medida. Documentos
Century Russia, Penguin,1997, pgs.105/106 revelam que até 1917, por trás da fachada de
revolucionário exemplar, o líder soviético
11. Leon Trotsky, My Life,op.cit., Cap.33 operou como agente da polícia secreta do
12. Leon Trotsky, My Life,ibid., pg.470 czar. Acessado em 12 de Outubro de 2012.
28. New York Times, edição de 22/08/1940.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 11/12
13/04/2020 Leon Trótski – Wikipédia, a enciclopédia livre
Bibliografia
Dmitri Volkogonov. “Trotsky — The Eternal Revolucionary”. Free Press/Simon & Schuster, 524
páginas, 1996
Ligações externas
Programa de transicion (https://www.marxists.org/espanol/trotsky/1938/prog-trans.htm)
Secção de Leon Trotsky em português no Marxists Internet Archive (http://www.marx.org/portugu
es/trotsky/index.htm)
Trotsky em Português: esboço bibliográfico. Artigo de Alvaro Bianchi 2005 (http://www.pensamen
topolitico.com.br/TrotskyPortugues.pdf)
O Chefe das Operações Especiais (assassinatos e terrorismo) de Stálin explica como coordenou
o assassinato do revolucionário ucraniano, no México, em (http://www.revistabula.com/posts/livro
s/livro-revela-como-foi-articulado-assassinato-de-trotski)1940, e o roubo dos segredos atômicos
dos Estados Unidos. Operações Especiais — Memórias de uma Testemunha Indesejada.
Publicações Europa-América, 543 páginas, 1994
Artigo: Trotsky. Uma vida dedicada à revolução socialista (https://web.archive.org/web/20050414
233810/http://www.pstu.org.br/teoria_materia.asp?id=2376&ida=2)
O Marxismo de Leon Trotski (https://web.archive.org/web/20051211081616/http://www.pstu.org.b
r/teoria_materia.asp?id=4065&ida=29) Artigo de Alvaro Bianchi - professor de ciência política -
Unicamp
Trótski: 65 anos depois (https://web.archive.org/web/20060220113239/http://www.pstu.org.br/part
ido_materia.asp?id=4474&ida=19) Ato em homenagem ao 65 anos da morte de Trótski reúne
700 pessoas em São Paulo (2005)
The Lubitz TrotskyanaNet (http://www.trotskyana.net/) (em inglês) Informações relacionadas a
Leon Trotsky, ao trotskismo e seguidores
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Leon_Trótski&oldid=57963717"
Esta página foi editada pela última vez às 18h37min de 5 de abril de 2020.
Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Trótski 12/12