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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PAISAGISMO

Paula Correia Murta

Orientadora: Profª Maria Esther de Araújo Oliveira

Rio de Janeiro - RJ

2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PAISAGISMO: APROXIMAÇÃO DO HOMEM COM A NATUREZA


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Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do


Mestre – Universidade Cândido Mendes, como
requisito parcial para a conclusão do Curso e Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Gestão Ambiental.

Por: Paula Correia Murta


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AGRADECIMENTOS

....agradeço à todos aqueles que me


incentivaram e trocaram experiências
para a montagem deste trabalho, aos
meus amigos, familiares e em especial
a todos os meus colegas de classe da
Universidade Cândido Mendes......
4

DEDICATÓRIA

...Dedico esse trabalho a todas as


pessoas que assim como eu acreditam
que o estudo e a dedicação são
essenciais para a vida e ensinam a
cada dia que a alegria, a esperança e a
determinação, devem estar sempre
presentes em todos os momentos.

À Deus, que continua me dando muita


saúde e força......
5

RESUMO

Compreender o verdadeiro significado de ambiente é muito mais


importante do que imaginamos e oferecer a ele o devido valor e atenção é uma
questão de sobrevivência.

Durante este trabalho entenderemos como uma bela paisagem é capaz


de despertar sensações boas num único olhar e que morar em lugares mais
verdes e harmônicos certamente melhora a qualidade de vida. Será identificado
que o nome Paisagismo refere-se exatamente ao desafio de preservar o
equilíbrio dentro das atuais possibilidades. Serão apresentadas as origens e
definições do Paisagismo sob diversos pontos de vista e o seu posicionamento
o no mercado de trabalho, como conseqüência do aumento das populações e
construções.

Outros pontos abordados serão exemplos de trabalhos já realizados


por diversos arquitetos paisagistas e como tornaram parte de projetos de
arquitetura, tendo as suas participações em obras e reformas realizadas em
shoppings, praças, escritórios e residências. Veremos que o paisagista é um
profissional cada vez mais valorizado, diferentemente de alguns anos atrás e
que ele tornou-se responsável pelo estudo e planejamento dos espaços, pelo
desenho do projeto (a mão livre ou no computador) e pelo gerenciamento da
implantação e manutenção.

E no final deste trabalho você perceberá como o Paisagismo contribui


para a preservação ambiental, torna as pessoas mais conscientes e como
resultado, comprova a verdadeira necessidade do ser humano em manter-se
sempre ligado à natureza.

METODOLOGIA
6

O desenvolvimento deste trabalho iniciou com muita pesquisa e leituras


que abordam elementos que atingem diretamente o Paisagismo. Estes
elementos foram divididos, suas características e os seus fatores de
importância descritos e relacionados ao tema proposto, mencionando exemplos
de alguns locais construídos, a história do paisagismo brasileiro e definições,
organizando-os conforme os padrões da monografia.

Alguns livros e revistas auxiliaram para a confecção, que tratando de


assuntos como a preservação ambiental, a aproximação do homem com a
natureza através do paisagismo e a qualidade de vida, agregaram muito valor
ao trabalho, visando a melhor assimilação dos leitores.

SUMÁRIO
7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - PAISAGISMO: ORIGENS E DEFINIÇÕES 10

CAPÍTULO II – PAISAGISMO E URBANIZAÇÃO 25

CAPÍTULO III – PAISAGISTAS BRASILEIROS 35

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

INTRODUÇÃO
8

Cada vez mais o trabalho do paisagista é fundamental na vida das


grandes cidades. São nelas que nosso cotidiano sofre constantes agressões
por todos os tipos de poluição e violência. Sem alternativas, a população dos
centros urbanos busca um pouco mais de qualidade de vida na natureza. E é
na demonstração de que espaços construídos e naturais podem ser
harmoniosamente conciliados e melhorando a qualidade de vida e do ambiente
que reside uma das nossas maiores contribuições: O Paisagismo. Veremos
que é possível viver em harmonia com a natureza mesmo com o crescimento
da população e que a preocupação crescente com os impactos que a
urbanização tem sobre o meio ambiente freqüentemente tem levado à
percepção equivocada de que cidade e a natureza situam-se em campos
antagônicos.

O paisagismo melhora a qualidade de vida, reduz a poluição sonora,


valoriza o empreendimento de mercado, faz como que o homem fique próximo
à natureza. Torna as cidades mais humanas ao utilizar elementos do meio
natural-cores, texturas, aromas e sons - combinados para harmonizar as
relações de proporção e escala entre edificações e pedestres, construindo
lugares que convidam à permanência e o bem estar. A razão do Paisagismo
não é apenas a criação de jardins através do plantio desordenado de algumas
plantas ornamentais, é uma técnica artesanal aliada à sensibilidade, que
procura reconstituir a paisagem natural dentro do cenário devastado pelas
construções.

Conheceremos a vida dos principais paisagistas brasileiros e a


contribuição de cada um para tornar mais agradável a vida nas cidades de
concreto, propiciando melhor qualidade de vida além de influir decisivamente
na estética e na beleza de casas, apartamentos, espaços comerciais e
industriais.

O objetivo deste trabalho é demonstrar que o Paisagismo contribui para


a preservação ambiental e leva a informação da importância de se preservar o
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meio ambiente, tornando as pessoas mais conscientes e comprovando a


necessidade do ser humano manter-se ligado à natureza.

CAPÍTULO I
10

PAISAGISMO: ORIGEM E DEFINIÇÕES

As enciclopédias, em geral, referem-se ao paisagismo com o termo


arquitetura paisagística. E não é sem razão. O paisagismo provavelmente
surgiu, ou mostrou seus primeiros sinais, quando o homem sentiu a
necessidade de modificar o ambiente em que vivia, adaptando a natureza que
o cercava, de forma a tornar sua sobrevivência mais atraente; mais agradável e
conveniente. Diversas descobertas arqueológicas provam que essa
necessidade manifestou-se em tempos muito remotos, embora não tenhamos
como situar exatamente essa data.A arte do paisagismo tem acompanhado e
participado da história do homem. Não são os Jardins Suspensos da Babilônia
uma das sete maravilhas do mundo? Já na época do Renascimento,
especialmente na Itália, a arte do paisagismo alcançou acentuado
desenvolvimento. Prova disso são os notáveis jardins renascentistas italianos.

Falar em paisagismo, é falar sobre uma atividade que sempre esteve à


serviço do homem e torna-se cada vez mais necessária para a vida harmônica
no próximo milênio. O Paisagismo, além de sua função ecológica, se reveste
de uma função social inegável, promovendo o convívio comunitário em parques
e praças públicas e levando a natureza até para dentro de shopping centers.
Acompanhando a história, podemos perceber que a arte paisagística italiana,
francesa e inglesa atingiu grande expressão num momento em que a
sociedade era dominada por aqueles que detinham o poder hierárquico e
financeiro. Com as transformações que foram ocorrendo ao longo do tempo
(declínio da monarquia, etc.), a arte do paisagismo começou a alcançar a
sociedade em geral. Um dos primeiros exemplos de arquitetura paisagístico
que pode ser encarada como um serviço público, foi o Central Park de Nova
York, uma obra com objetivos bem definidos em direção a população.
No Brasil a história do paisagismo praticamente tem inicio com a vinda de Dom
João VI para o Rio de Janeiro, quando foram criadas praças e parques, num
processo de urbanização da cidade, para torná-la adequada a instalação da
corte. Data desta época a criação do atual Jardim Botânico, que abrigou
viveiros de reprodução de espécies nativas e vindas de outros países.
A arquitetura em relação com ao paisagismo, vivem em estreitas relações e
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conotações históricas e culturais, caminhando numa relação simbólica, a


serviço do homem e de sua necessidade de abrigo e proteção, da maneira
mais conveniente: em harmonia com a natureza. (BEIJO PINTADO FLORA
PAISAGISMO PA – 2008, pag. 02)

Veremos a seguir um estudo mais profundo sobre as origens do


Paisagismo, viajando no tempo com antigas civilizações e início no Paisagismo
em alguns países, inclusive no Brasil.

1.1 - Origens

Pode-se observar que antes mesmo das primeiras civilizações, existiu


o "Jardim do Paraíso", onde Deus colocou Adão e Eva. Em Gênesis I e II, é
descrito como um parque "que Deus plantou e onde se cultivavam árvores de
todas as espécies, agradáveis para se contemplar e alimentar". Assim, as
árvores foram veneradas pela fertilidade, vitalidade e o alimento que
representavam.
Através dos fatos que a história da civilização registra pode-se constatar que o
oriente próximo foi uma das regiões de grande importância, pois foi o berço das
civilizações. Estas civilizações antigas contribuíram - e muito - para a evolução
das ciências e das artes. E não distante disto, o paisagismo evolui como
expressão artística.

Mesopotâmia

Situada entre os rios Tigre e Eufrates, a história das civilizações relata


que os assírios foram os mestres das técnicas de irrigação e drenagem,
criando vários pomares e hortas formados pelos canais que se cruzavam. Mas
este trabalho foi abandonado em razão da invasão árabe. Sendo assim, a
forma e a distribuição do jardim se identificavam com a prática da agricultura,
onde a horta rodeada por um muro, podia ser o protótipo.
Os textos mais antigos sobre jardins datam do terceiro milênio a.C., escritos
pelos babilônicos, descrevendo os "jardins sagrados", onde os bosques
sagrados eram plantados sobre os ziggurats. É na própria Babilônia que se
encontra a obra mais marcante da jardinagem nesta época, sendo considerada
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pela humanidade como uma de suas maravilhas: os Jardins Suspensos da


Babilônia que se caracterizavam pela supremacia dos elementos arquitetônicos
sobre os naturais.

As espécies utilizadas eram a tamareira (com a finalidade de fornecer


um microclima favorável a outras espécies), o jasmim, as rosas, as malva-
rosas, as tulipas e também álamos e pinos que não suportariam viver num
clima tão árido e quente, mas só foi possível devido ao complexo sistema de
irrigação desenvolvido. O sentimento religioso estava presente na arte dos
jardins, onde acreditava-se que os jardins dependiam da vontade dos deuses.

Egito

As características dos jardins egípcios seguiram os mesmos princípios


utilizados na arquitetura deste povo. Eles só surgiram quando as condições de
prosperidade no antigo império permitiram às artes (arquitetura e escultura) um
notável desenvolvimento.

De um modo geral, o jardim egípcio desenvolvido de acordo com a


topografia do Rio Nilo era constituído de grandes planos horizontais, sem
acidentes naturais ou artificiais. As características dos monumentos egípcios -
com a rigidez retilínea e a geometria - fizeram com que os jardins tivessem
uma simetrização rigorosa. Tudo de acordo com os 4 pontos cardeais. As
plantas utilizadas eram: palmeiras, sicômoros, figueiras, videiras e plantas
aquáticas.O jardim regular era símbolo da fertilidade, sintetizava as forças da
natureza e era a imagem de um sistema racional e arquitetural baseado no
monoteísmo. Osíris para os egípcios era o deus da vegetação.

Pérsia

Os persas não criaram no mundo das artes monumentos originais. A


sua arquitetura foi, nas suas grandes manifestações, obra de gregos. Os
jardins dos antigos persas estavam, como as demais produções artísticas,
condicionados à influências estranhas e revelavam, nos caracteres essenciais
da composição, elementos retirados dos jardins gregos e egípcios, uma
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espécie de estilo "misto". Nos jardins eles introduziam árvores e arbustos de


flores perfumadas.

Os jardins persas procuravam recriar uma imagem do universo,


constituindo-se de bosques povoados por animais em liberdade, canteiros,
canais e elementos monumentais, formando os "jardins-paraísos" que se
encontravam próximos aos palácios do rei.

A introdução de espécies floríferas no jardim criou um novo conceito na


arte de construí-los, passando a vegetação a ser estimada pelo valor
decorativo das flores, sempre perfumadas, do que pelo aspecto de utilidade
que possuíam anteriormente. A associação dos reinos animal e vegetal
completava a idéia do paraíso.

O jardim era dividido em quatro zonas por dois canais principais em


formato de cruz e na intersecção deste se elevava uma construção que podia
ser o pavilhão ou uma fonte, representando as 4 moradas do universo. O
jardim persa cercado de altos muros feitos de tijolos, estritamente formal, era
um lugar de retiro privado, destinado ao prazer, ao amor, à saúde e ao luxo. As
plantas utilizadas eram: plátanos, ciprestes, palmeiras, pinus, rosas, tulipas,
narcisos, jacintos, jasmins, açucenas, etc.

Grécia

As raízes fundamentais da cultura ocidental se encontram, não há


dúvida alguma, na civilização desenvolvida na Grécia Antiga. O cuidado com
as plantas provavelmente foi fruto do amor à vida em pleno ar livre, obrigando a
uma constante aproximação com a natureza. Os jardins gregos, apesar de
fortemente influenciados pelos jardins egípcios , apresentaram diferenças
notáveis em razão da topografia acidentada da região e o tipo de clima.
Os jardins possuíam características próximas das naturais, fugindo da simetria
dos egípcios. Desenvolviam-se em recintos fechados, onde eram cultivadas
plantas úteis, principalmente maçãs, pêras, figos, romãs, azeitonas, uva e até
horta. A introdução de colunas e pórticos fazia uma transição harmoniosa entre
o exterior e interior e o jardim era um prolongamento das partes da casa, às
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quais ele se ligava. A sua principal característica era a simplicidade. Os jardins


também ficaram marcados por possuir esculturas humanas e de animais mais
próximas da realidade.

Roma

O império romano se estendia da Espanha (oeste) até a Mesopotâmia


(leste) e do Egito (sul) até a Inglaterra (norte). Compreendia variedade de
paisagens, climas e raças. Os romanos não podiam ser incluídos no grupo dos
povos que tiveram a arte como forma de expressão. Eles se encaminharam
para a história, o Estado e o Direito.

A casa romana repetiu basicamente o modelo grego, sendo construída


no nível da rua, com as habitações voltadas para dentro, comunicando-se por
uma coluna, e abertas a uma praça anterior. Os jardins foram objetos de
atenção, mas apesar disso, são falhos quanto à originalidade. Como
características de tais jardins pode-se ressaltar a grandiosidade e a
magnificência da composição, as perspectivas vastas, que empregaram como
prioridade, a decoração pomposa, a valorização para fins exclusivamente
recreativos.

Os jardins eram principalmente santuários sociais, onde se desfrutava


de proteção frente às moléstias do sol, vento, poeira e ruído das ruas. A
sombra projetada pelas galerias com arcos reduzia necessidade de arvoredo.
As plantas, quando existiam, eram colocadas em maciços elevados e os pátios
se ornamentavam com tanques de pedra para água, mesas de mármore e
estátuas.

Os romanos quando saquearam Grécia carregaram consigo também


seus monumentos e estátuas, e como não sabiam o que fazer com a grande
quantidade de estátuas distribuíram-nas pelos seus jardins. De tal forma, que a
ornamentação se generalizou nos jardins romanos da época. Em
conseqüência, tais jardins são metódicos e ordenados, integrando-se às
moradias. Como exemplo temos as cidades de Pompéia e Herculano. As
plantas utilizadas eram: coníferas, plátanos, frutíferas como amendoeira,
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pessegueiro, macieira, videira e outras. Ciprestes, buxos e louros-anão


recebiam "topiárias", que se caracterizavam por moldar arbustos em formas de
figuras de variados formatos e nomes.

A maioria dos jardins romanos também possuía uma pequena horta.


Talvez por isso, a irrigação era planejada. A interpenetração casa-jardim podia
ser visualizada nas vilas romanas localizadas nas proximidades de Roma.
Dentre elas, destacou-se a "Vila Laurentina", situada a 30 km de Roma,
construída por Plínio, o Jovem, onde plantou-se predominantemente figueiras e
amoreiras, havia também uma horta e terraço com flores perfumadas, próximo
das águas para assim se conseguir temperaturas mais agradáveis.
Outra de semelhante importância foi a "Vila Adriana", construída em Tívoli para
o Imperador Adriano, que perdurou até antes da guerra de 1939. Estas vilas
darão um impulso definitivo para o grande estilo italiano.

China e Japão

Pode datar de 2.000 a.C. o início das atividades de jardinagem na


China. A jardinagem chinesa tem sua origem numa paisagem de rara beleza e
flora riquíssima. Os parques das casas dos antigos imperadores não eram mais
do que uma porção da paisagem cercada, onde a tarefa do jardineiro limitava-
se a ordenar o já existente.

Acreditava-se que no norte da China havia um lugar para os imortais.


Como o Imperador Wu não conseguiu encontrá-lo na realidade, decidiu então
criá-lo na fantasia.

Dessa maneira surgiu o jardim “lago-ilha”.No final do século VI, com o


surgimento de um novo imperador, um novo jardim "lago-ilha" foi criado: o
Parque Ocidental, com perímetro de 113 km e contendo 4 imensos lagos
cobertos de lótus e rodeados de chorões. Trabalharam na sua construção 1
milhão de pessoas. Monumentais palácios de cor vermelha se ergueram no
meio das rochas. Este cenário foi encontrado pelos japoneses em 607 d.C. e,
em poucos anos, o Japão tinha o seu primeiro jardim "lago-ilha". Em 1894, para
comemorar os 1100 anos da capital Kioto, construiu-se um desses jardins,
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ficando conhecido como Santuário Heian. Trata-se de uns dos jardins mais
alegres e de melhor traçado do mundo, com hortos de cerejeira, maciços
imensos de azaléias e lírios, rochas cobertas por flores e pinus, traduzindo o
amor dos japoneses pela natureza.

A arte na jardinagem japonesa consiste em concentrar a atenção sobre


o essencial, seja das formas precisas ou a sutileza das matizes; todas as
plantas são extremamente valorizadas. São usadas comumente plantas
perenes, criando um quadro estável seja qual for a estação do ano.

Idade Média

Introdução

Considera-se como Idade Média o período entre os séculos XV e o


XVI, período entre a Antiguidade Clássica e o Renascimento. Um retorno à
economia rural e a simplicidade de hábitos concretizou-se neste período. O
luxo e o requinte foram abandonados e criou-se uma nova hierarquia de
valores.
As construções feitas neste período eram rudes e pesadas. As igrejas
pareciam fortalezas. O verde foi praticamente banido na vida urbana. As igrejas
e mosteiros constituíram-se em centros de toda a atividade social, qualquer
espaço útil recebia seu uso funcional, como a obtenção de alimentos ou ervas.
Em zonas amplas dos mosteiros plantavam-se árvores frutíferas, hortaliças e
se cultivavam flores para a ornamentação dos altares. O estilo de jardim
desenvolvido nesta época constitui da mistura desordenada e fragmentária dos
estilos anteriores. O que era bem característico era a estrutura crucial da
composição. A interseção ortogonal das alamedas e caminhos, nos jardins
construídos nos pátios internos das grandes construções medievais,
lembravam a cada momento o símbolo da religião dominante. O estilo gótico
retratava bem os jardins medievais. Os dois estilos básicos de jardim foram os
monacais e mouriscos.

Monacais
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Representava uma reação ao luxo da tradição romana. Era dividido em


4 partes: o pomar, a horta, o jardim de plantas medicinais e o jardim de flores.
Existiam áreas gramadas cercadas e arbustos, viveiros de peixes e pássaros,
além de local para banho

Mouriscos

No século V os árabes invadiram a Pérsia, onde tentaram implantar o


islamismo. No século VI, na Espanha, os árabes criaram os chamados "jardins
da sensibilidade" que se caracterizavam pela água, cor e perfume, com os
objetivos de sedução e encantamento. O emprego de canais, fontes e
pequenos regatos formavam um aspecto hidráulico para a irrigação e para
amenizar o calor, além do aspecto de ornamentação destes jardins. A cerâmica
e o azulejo eram bastante utilizados.

As espécies vegetais mais cultivadas foram os jasmins, os cravos, os


jacintos, as alfazemas, as rosas, as primaveras e as anêmonas. Os jardins
espanhóis representam bem a influência árabe. As principais características
destes jardins: eram de pequenas dimensões, sem ostentação e com destino à
vida familiar.

Renascimento

Introdução

O início do Renascimento data de meados do século XV e tal época


ficou assim conhecida devido ao ressurgimento da cultura de um modo em
geral. Houve uma renovação do pensamento no que diz respeito às artes, às
ciências, à literatura e a filosofia. Conseqüentemente, houve o renascimento
também dos jardins e os países que mais expressaram esta renovação foram
Itália, França e Inglaterra.

Itália

Os jardins italianos desta época se inspiraram nos jardins da Roma


Antiga que possuíam muitas estátuas e fontes monumentais. Na Itália, os sítios
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se encontravam nas colinas e nas encostas, em razão das vistas panorâmicas


e também do clima. Sendo assim, foi proposto que para o aproveitamento das
irregularidades do terreno, se fizesse uso de escadarias e terraços
acompanhados de corredeiras de água. Tais jardins deveriam unir-se à casa
por meio de galerias externas e outras prolongações arquitetônicas.
Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual onde sábios e artistas
podiam trabalhar e discutir no campo, longe do calor e das moléstias do verão
da cidade. A vegetação era considerada secundária e se caracterizava por
receber cortes adquirindo formas determinadas, conhecidas anteriormente nos
jardins romanos por topiárias. Em seguida esta mesma vegetação era
distribuída pelos terraços e, no plano mais elevado do jardim, dominando a
composição, se encontrava o palácio.

Os vegetais mais utilizados foram: o louro, o cipreste, o azinheiro e o


pinheiro entre outros vegetais característicos dos jardins-italianos do
Renascimento. O buxo era muito utilizado para as formas recortadas. Nestes
jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso, caracterizando a
simetria de linhas geométricas. Havia também muito contraste entre as formas
naturais e as criadas pelo homem.

França

Os países da Europa seguiram a França no século XVII, período no


qual teve sua maior riqueza e poder, no que dizia respeito a estética. A
princípio, o estilo francês se baseou nos jardins medievais, que utilizavam
canteiros com flores e ervas medicinais, sendo que havia também a horta que
lhes concedia o abastecimento. Mas, com o passar do tempo, novas idéias
foram sendo introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte
francesa. Com isso, pode-se dizer que os jardins franceses tiveram
características semelhantes aos jardins italianos.

Como características deste estilo, podemos citar a rígida distribuição


axial, a simetria, a perspectiva, o uso de topiárias e a sensação de
grandiosidade. As formas geométricas podiam ser percebidas tanto nos
caminhos e passeios quanto na vegetação, admitindo-se poucos desníveis.
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Os principais jardins foram construídos pelo famoso


arquiteto/paisagista de Luiz XIV, André Le Notrê. Sua obra mais marcante foi o
jardim do Palácio de Versalhes.

Inglaterra

No reinado de Luiz XV, o estilo francês entrou em decadência devido à


busca exagerada da forma e simetria. De um estilo formal, os jardins passaram
a ter uma maior aproximação com a natureza. Inspiravam-se basicamente nas
idéias orientais do velho império chinês que possuía os jardins dos acidentes
naturais. Tais jardins ficaram conhecidos como "jardins paisagísticos" e tinham
como características básicas a irregularidade e a falta de simetria nos
caminhos, que foram planejados com maior liberdade. Além disso, não eram
encontradas esculturas vegetais, arcos e monumentos.

Esses jardins procuravam imitar a natureza em seu traçado livre e


sinuoso e a água presente se encontrava disposta em lagos ou riachos. Tais
inovações iam de encontro às idéias do romantismo da época. A Inglaterra
também teve seus mestres paisagistas como William Kent e William Chambers,
este último foi quem introduziu a idéia chinesa nos jardins de seu país.
Um dos objetivos deste estilo descrito era que as pessoas percebessem como
jardim, toda a natureza que estava ao seu redor. As primeiras características
do jardim inglês são as seguintes:

Linhas graciosas, amplas extensões verdes (gramados), ruas amplas,


cômodas, em pequeno número, terreno acidentado e possibilitando a visão de
belas perspectivas, pequenos bosques, compostos de plantas da mesma ou de
espécies diferentes, com ou sem divergência nas colorações, grupos de
árvores não muito numerosas, plantas isoladas, plantação de árvores mortas,
construção de ruínas.

Este estilo foi utilizado na Inglaterra e em alguns locais da Europa, por


quase dois séculos e depois entrou em decadência, dando lugar ao estilo
misto. Os ingleses acabaram dando origem aos parques e jardins públicos que
tiveram por finalidade refrescar as áreas urbanas.
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Holanda

Os holandeses, no início, também não fugiram das influências


francesas e italianas. Porém, devido à sua topografia plana, o hábito de cultivo
das plantas bulbosas (especialmente a tulipa) e o seu gosto pelas cores,
criaram jardins mais compactos e graciosos. São divididos em múltiplos
recintos e apresentam túneis sombreados por trepadeiras. As partes centrais
são formadas por intrincados grupos florais; fontes douradas baixas que jorram
suas águas em pequenos tanques rodeados de ercas vivas de bordadura
baixa. Os ciprestes recebiam podas, formando círculos sobrepostos. Portões
de ferro fundido fechavam os jardins.

Brasil

A mais antiga manifestação do paisagismo no Brasil ocorreu na


primeira metade do século XVII, em Pernambuco, por obra de Maurício de
Nassau, durante a invasão holandesa, da qual restou uma grande quantidade
de laranjeiras, tangerinas e limoeiros plantados e raros desenhos pouco nítidos
de Frans Post.

A história documentada do paisagismo iniciou-se com a chegada de


Dom João VI em 1807, que destinou ao Jardim Botânico a vocação de
fomentar espécies vegetais para a produção de carvão, matéria-prima para a
fabricação de pólvora. Foram elas: Albizzi lebeck - Coração de Negro
Eucalyptus gigantea - EucaliptoMelia azedarach - Cinamomo
Anadenanthera pavonia – Carolina.

Mais tarde, com a transformação do Jardim Botânico em Horto Real


pelo próprio Dom João VI, outras espécies foram introduzidas. Veja abaixo
algumas delas:Cinnamomum ceylanicum – Caneleira do Ceilão, Canphora –
Canfoeira, Murraya exotica – falsa murta, Gardenia jasminoide – Gardêni,
Aglaia Odorata – Aglaia, Michelia champaca – Magnólia, Osmanthus fragans –
Jasmim-do-imperador.

Em 1809, Dom João VI invadiu a Guiana Francesa, revidando a


ocupação de Portugal pelos franceses. Como despojos dessa guerra,
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chegaram ao Brasil espécies frutíferas como: abacateiro, lichieiro,


caramboleira, jamboeiro, jaqueira, tamarindeiro, noz-moscada, fruta-pão,
dilênia e flor-de-abril.

Contratado por Dom João VI, o agrônomo francês Paul German


introduziu inúmeras espécies entre elas: Acalifas, Crotons, Datura, Dombeia,
Furcraea, Ixora, Resedá, Jasmim-manga, Bico-de-papagaio, Flamboyant,
Árvore-do-viajante.

Muitas espécies floríferas foram trazidas pelos cônsules e


embaixadores, influenciados por suas mulheres. Alguns exemplos: Agapantos,
copos-de-leite, dálias, dracenas, hibiscos, jasmins, lírios, margaridas, cravos,
rosas. Imigrantes portugueses, introduziram espécies exóticas e espécies
nativas, como: Alamanda, amarílis, birí, begônias, primaveras, brunfelsias,
tinhorões, petúnias, onze horas e sálvias.

A palmeira imperial (Roystonea oleraceae), originária da Venezuela e


Colômbia chegou ao Brasil, trazidas pelos portugueses libertados da ilha de
Maurítios. Já a palmeira real (Roystonea regia), nativa de Cuba e Porto Rico,
de porte mais baixo e tronco mais grosso, foi introduzida quase um século
depois.

O paisagismo ganhou forças com os preparativos para o casamento de


D. Pedro I com a arquiduquesa da Áustria. Surgiram, desta forma, os trabalhos
do alemão Ludwig Riedel, por indicação de Langsdorf. Este arquiteto paisagista
teve grande dificuldade para arborizar as ruas do Rio de Janeiro, trabalho que
ocupou o período de 1836 a 1860. Acreditava o povo que a sombra formada
pelas árvores era responsável pela maleita, febre amarela, sarampo e até pelas
sarnas dos escravos.

Em 1858, D. Pedro I contratou o engenheiro agrônomo Glaziov que,


pela primeira vez, usou árvores floríferas no paisagismo. Começava o uso de:
sibipiruna, pau-ferro, cássias, paineira, jacarandá, suinã, cedro, embaúva, oiti,
mirindiba, quaresmeira e ipês.
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O efeito urbanístico do Rio de Janeiro espalhou-se por outros estados


porém, pela falta de técnicos especializados, nem sempre com um estilo
coerente e bom gosto. Assim, até hoje sobrevivem alguns arbustos tosados de
diversas formas. Outros erros foram cometidos, como o plantio de jaqueiras,
coqueiros e figueiras em praças públicas. Sem contar o uso de flamboyants na
arborização de ruas (Gustaaf Winters Com. e Serv. Paisagísticos – Direitos
Reservados – Apostila do Curso - 2009).

1.2 – Definições

Segundo a Wikipédia (2010), o Paisagismo (também denominado por


arquitetura da paisagem, mais conhecido em Portugal como arquitetura
paisagista) é a arte e técnica de promover o projeto, planejamento, gestão e
preservação de espaços livres, urbanos ou não, de forma a processar micro e
macro-paisagens. Visto que a abordagem do problema do design da paisagem
é similar ao encarado na arquitetura, considera-se que a paisagem é um
elemento a ser construído, tanto quanto os edifícios e o ambiente urbano:
dessa forma, a arquitetura da paisagem é uma extensão da arquitetura, como
disciplina, de uma forma mais ampla. Originalmente relacionado apenas ao
desenho de jardins e praças, considerando apenas os aspectos estéticos e
cênicos do projeto de um lugar, o paisagismo ao longo do tempo foi abarcando
escalas e propostas maiores, chegando a se confundir com o desenho urbano
e incorporando as variáveis sócio-econômicas relativas aos problemas em
questão.

Para LIMA (2009, pág. 03), o Paisagismo é a arte de planejar a


paisagem, tentando reproduzir a paisagem natural proporcionando melhoria na
qualidade de vida do homem e da sociedade. O Paisagismo é aplicado a
espaços externos e internos. Como exemplo de espaços, temos: terrenos
urbanos residenciais, ruas, praças, parques, conjuntos habitacionais, estradas,
áreas degradadas (represas, pedreiras, áreas de mineração, etc.). Ao longo da
história, os jardins passaram por uma complexa evolução até atingirem a
concepção atual do espaço verde funcional. Ao aliar conhecimentos científicos
de botânica, variações climáticas, estilos arquitetônicos, agricultura, arte e
23

vários outros fatores (equilíbrio de cores, formas, texturas, etc.) pretende-se


resultar num projeto harmônico, utilizando-se de plantas adequadas a cada
área, que além de ornamentais sejam compatíveis com o clima, solo e lugar
onde será implantado o jardim. Por menor ou mais simples que seja um jardim
bem elaborado valoriza a residência.

1.2.1- Paisagismo enquanto Profissão

Para LUNARDELLI (2010, pag. 01) o paisagismo pode ser projetado e


realizado por profissionais da área da Arquitetura, por Engenheiros Agrônomos
e por outros profissionais especializados. Ela destaca a importância de
procurar um profissional para ter uma opinião mais acertada sobre o que faz
bem e o que não faz bem para sua casa em termos de jardim, pois muitas
vezes cultivamos plantas que são nocivas a nós e não sabemos, ficamos
encantados apenas com a beleza delas sem se preocupar com as
propriedades que elas possuem.

Enquanto profissão, a arquitetura paisagista abrange um conjunto de


disciplinas relacionadas ao projeto arquitetônico, ao planejamento regional e
urbano, à preservação do meio ambiente natural e construído e do patrimônio
histórico, ao planejamento de sistemas de lazer e recreação e sinteticamente
ao planejamento espacial. A arquitetura da paisagem é, assim como a própria
arquitetura, um campo multidisciplinar, envolvendo a matemática, as ciências
naturais e sociais, a engenharia, as artes, a tecnologia, a política, etc. Apesar
de ser normalmente associado à jardinagem pelo público leigo, a arquitectura
paisagista envolve todos os possíveis elementos constituintes da paisagem,
sejam eles naturais ou não (WIKIPÉDIA 2010).

Segundo BOTELHO (1995, pag. 15), é comum ver pessoas planejando


e executando “o próprio paisagismo” em suas propriedades residenciais ou
comerciais, ignorando a importância de se contratar um profissional
especializado e experiente. Contratar uma empresa de paisagismo, ao
contrário do que se imagina, ajuda a evitar desperdícios e a tornar viável
economicamente um projeto, encontrando soluções simples, funcionais e
estéticas, dentro do orçamento desejado. O seu produto ou serviço pode ser o
24

melhor do mercado, mas você pode estar transmitindo uma falsa idéia e
deixando de ganhar muitos clientes pela falta de boa aparência.

Ainda há o entendimento que o paisagista só deve ser chamado na


hora do plantio, não é isso o que deve ser feito. O paisagista elabora toda a
parte externa da edificação, desenhando pisos, piscina, churrasqueira, fontes,
pérgulas, escolhendo equipamentos, estabelecendo circulações e é claro,
escolhendo espécies vegetais com: cores, texturas, perfumes, formas
escultóricas. Escolhe mobiliários, adornos, enfim tudo para satisfazer quem vai
usufruir o espaço. O jardim deve ser um lugar de contemplação, aconchegante,
agradável esteticamente aonde às pessoas e a natureza convivam em
harmonia. A integração do Paisagismo com a arquitetura é fundamental
também em um projeto, por isso o profissional de paisagismo deve trabalhar
desde o princípio da obra em conjunto com o arquiteto. Quando se elabora um
jardim deve-se pensar nas expectativas e sonhos dos usuários e também nas
necessidades de quem vai usar o espaço. Em obras públicas devemos ver qual
será o uso do espaço, faixas etárias dos usuários, nunca se esquecendo dos
portadores de necessidades especiais LIMA (2009, pag.04).

Para SCHINZ (1995, pag.08), criar um jardim é buscar um mundo


melhor. Seja um jardim de flores, folhagens, um pomar ou mesmo uma horta,
ele se baseia na expectativa de um futuro glorioso.
25

CAPÍTULO II

PAISAGISMO E URBANIZAÇÃO

A crescente preocupação com os impactos de urbanização sobre o


meio ambiente tem freqüentemente levado à percepção equivocada de que
cidade e natureza situam-se em campos antagônicos. É na demonstração de
que espaços construídos e naturais podem ser harmoniosamente conciliados,
melhorando a qualidade de vida e do ambiente reside uma das nossas maiores
contribuições: o Paisagismo.

O paisagismo, além de melhorar a qualidade de vida podendo diminuir


a poluição aérea e sonora, prevenindo erosões ainda valoriza o
empreendimento em até 15% do valor de mercado.

O paisagismo pode tornar as cidades mais humanas ao utilizar


elementos do meio natural (cores, texturas, aromas e sons) combinados para
harmonizar as relações de proporção e escala entre edificações e pedestres,
construindo lugares que convidam à permanência.

Para a implantação e manutenção adequada das áreas verdes, são


necessários alguns cuidados como estilo de jardins, estudo de cores e texturas,
reposição de nutrientes, poda e controle fitossanitário (pragas e doenças).

Como vimos no capítulo anterior, desde a pré-história o homem


interfere na paisagem de forma intencional, acrescentando ao ambiente em
que vive uma marca pessoal, um testemunho da influência antrópica.

Segundo HARDT (2002, pag. 08), o termo paisagem tem sido


empregado com diferentes significados na história. Em um conceito amplo, a
paisagem pode ser interpretada como a combinação dinâmica de elementos
naturais e antrópicos, inter-relacionados e interdependentes, que em um
determinado tempo, espaço e momento social, formam um conjunto único e
indissociável, em equilíbrio ou não, produzindo sensações estéticas como um
“ecossistema” visto.

Na concepção de PEDRON (2002, pag. 02), não raramente


encontramos nos centro urbanos um ambiente caótico, caracterizado pelo
26

estresse promovido pelo excesso de elementos artificiais, como o concreto, e


ausência de naturais como a vegetação. O crescimento urbano acelerado, a
partir da segunda metade do século XX, juntamente com a falta de
planejamento em relação a este processo, provocou uma grande redução na
qualidade ambiental das cidades, afetando diretamente a qualidade de vida da
população urbana. Esta falta de integração entre os elementos arquitetônicos e
a natureza ocorre pelo desconhecimento da sua importância ou desinteresse
devido ao investimento necessário, tornando a vida no ambiente urbano cada
vez mais desagradável.

A existência de áreas verdes junto aos centros urbanos, tais como


parques, praças, largos e ruas arborizadas proporcionam uma sensação de
bem estar aos usuários destes espaços. As plantas utilizadas no paisagismo
urbano, tão importantes na caracterização ambiental destas áreas, promovem
inúmeros benefícios estéticos e funcionais ao homem e estão muito além dos
seus custos de implantação e manejo. A dimensão destes benefícios e seus
custos são influenciados por fatores inerentes ao projeto de cada área, tais
como as espécies utilizadas, suas características morfológicas, o espaçamento
e o arranjo entre plantas, assim como, o conforto, a segurança e considerações
ambientais também envolvidos nos projetos.

Alguns dos efeitos causados pela vegetação no meio urbano estão


relacionados com a melhoria da qualidade do ar e do conforto térmico. A
qualidade do ar é melhorada através da interceptação de partículas e absorção
de gases poluentes pelas plantas, enquanto que a redução da temperatura
ocorre pela absorção de calor no processo de transpiração e redução da
radiação e reflexão dos raios solares. As superfícies pavimentadas agem como
fontes de calor, absorvendo energia radiante e liberando esta energia em forma
de calor para as áreas próximas. O uso ordenado de plantas poderia resolver
este problema, tornando o ambiente mais adequado a sua utilização e
reduzindo o desperdício de energia.

Outros benefícios proporcionados pela presença planejada das plantas


na paisagem urbana são a proteção contra os ventos e a redução da poluição
sonora. O vento pode ser agradável, desconfortável ou ate mesmo destruidor,
dependendo da sua velocidade. As plantas modificam os ventos pela
27

obstrução, deflexão, condução ou filtragem do seu fluxo, assim, a vegetação


quando arranjada adequadamente pode proteger uma construção da ação dos
ventos ou direcionar a passagem destes por um determinado local. Em relação
à poluição sonora, as plantas não são muito eficientes em reduzir os sons
gerados nas atividades urbanas, no entanto, este efeito é possível quando
houver uma massa vegetal considerável próxima à fonte sonora, ou seja,
dependendo da situação a composição vegetal pode muito bem ser trabalhada
com este propósito.

As plantas também podem ser úteis quando dispostas com o objetivo


de sinalização, arranjadas a fim de indicar direção a pedestres e veículos,
melhorando a aparência de estradas e rodovias. O uso de uma cortina vegetal
entre as pistas de grandes avenidas ou rodovias serve para proteger os
motoristas das luzes dos faróis emitidas pelos veículos da pista contraria,
assim como muitas outras composições poderiam prestar-se para a sinalização
defensiva natural aumentando a segurança nas estradas.

Porém, os maiores efeitos proporcionados pela utilização de plantas


nos espaços urbanos são os estéticos e psicológicos. Os efeitos estéticos,
evidenciados pelas propriedades ornamentais de cada espécie como forma,
cor e textura têm o poder de modificar ambientes visualmente, tornando-os
mais agradáveis às vistas de seus usuários. Já os benefícios psicológicos,
descritos por muitos pesquisadores, são capazes de melhorar o desempenho e
o humor de trabalhadores, reduzir o tempo de internação e uso de remédios
em pacientes e melhorar a relação de empresas que possuem jardins atrativos
com a comunidade. Outro fato importante é a redução da criminalidade e da
violência nos centros urbanos onde o uso de plantas é adequado.

Contudo, a presença vegetal no meio urbano é extremamente positiva,


porém, cuidados relativos ao planejamento de áreas verdes devem ser
tomados, considerando-se as necessidades fisiológicas e propriedades
paisagísticas de cada espécie, bem como, as características de cada área a
ser trabalhada, para que assim, o pleno sucesso neste empreendimento seja
atingido.

Segundo ABBUD (2010, pag.01), há muito tempo, o objetivo da


arquitetura paisagística era tratar os vazios urbanos, pela composição estética.
28

Hoje, além de tratá-los, a meta é conseguir criá-los com qualidade de


dimensão, forte presença visual e continuidade de conexão, resultando em
corredores verdes de vida entre os maciços construídos da cidade. O grande
desafio do paisagismo brasileiro atual é conciliar suas antigas funções de um
elemento de contemplação e enriquecimento estético da paisagem, com a
sustentabilidade ambiental, resultando na dimensão social. Ou seja, ganhou a
função ambiental e de integrador da sociedade, por isso sua importância em
todo projeto, independente de sua escala. Por isso, diz ele: costumo projetar
ambientes de estar ao ar livre, com bancos e mesas, para que as pessoas
possam se encontrar, se reunir, bater papo e até mesmo trabalhar junto à
natureza. Pode ser desde um pequeno lounge no jardim de casa ou do
condomínio até um fumoir com estar no empreendimento corporativo e bancos
dispostos em praças e parques públicos. É uma forma de estimular o convívio
social, propondo maior aproximação entre as próprias pessoas e delas com o
verde.

Outra das principais contribuições do paisagismo está relacionada às


condições climáticas. É fato que a temperatura nas áreas urbanas está cada
vez mais alta e os centros urbanos não estão preparados para o inevitável
aquecimento global. A inserção da vegetação, assim, ganha um papel
fundamental nas massas edificadas, pois melhora a umidade relativa do ar,
ajuda no equilíbrio da temperatura, minimiza a poluição do ar e, em grandes
massas, a sonora, além de criar uma harmonia de paisagem nas nossas
desarmônicas composições volumétricas das cidades. Mais do que isso, o
paisagismo valoriza o uso da vegetação que reproduz ecossistemas locais
contribuindo para conservação ambiental. Para escolher a vegetação, deve-se
avaliar o espaço disponível no projeto, o clima e o solo do local onde está
situado o empreendimento.

Numa casa no litoral de São Paulo, por exemplo, é interessante propor


espécies tropicais da Mata Atlântica, como palmeiras e coqueiros. Plantas
nativas são sempre bem-vindas e, junto com uma composição de variadas
texturas, espécies floríferas e frutíferas, conseguem representar bem nosso
ambiente natural. Vale lembrar que o conceito de "ser sustentável" só possui
resultado efetivo se for aplicado de forma global, desde a micro até a
29

macroescala. Em edifícios e casas, por exemplo, cabe desenvolver um trabalho


de esgoto reciclado, com pequenas estações de tratamento individual de água;
reaproveitar água da chuva; usar células fotoelétricas; promover aquecimento
solar de água e usar a ventilação natural como forma de diminuição no
consumo de energia. Já em condomínios grandes, bairros e cidades, é possível
fazer lagos de abastecimento para drenagem; tratar esgoto em wetlands,
eliminando esgotos domésticos; adotar piso drenante nas ruas e calçadas;
promover a proteção de rios e mananciais; preservar a vegetação existente e
plantar mais árvores nas calçadas de forma a manter boas condições
climáticas; atrair a avifauna e pequenos animais e estimular a compensação de
carbono, viabilizando o reflorestamento de áreas desmatadas.

O uso da vegetação no meio urbano tornou-se nos últimos tempos uma


questão vinculada aos estudos de planejamento urbano, por interferir
diretamente na saudabilidade dos habitantes das cidades. E já que estamos
falando de plantas, vejamos mais algumas explicações de autores sobre uso
de vegetação para urbanização:

Criar, planejar, executar... Dar a cada pessoa que procura um


paisagista o desvendar de seus anseios, descobrir seu desejo de trazer a
natureza um pouco mais perto, seja em um jardim, um vaso ou uma pequena
jardineira. Projetar um ambiente com plantas é tarefa árdua que deve ser
conduzida com mãos de maestro, onde entram em jogo fatores como forma,
harmonia, cor, textura, beleza e técnica.

Não existe um projeto igual ao outro, a resolução de um bom


paisagismo, de um bom jardim, passa pela integração com a residência, com o
edifício e pelos critérios com a escolha das plantas que melhor se adaptam ao
clima e suas finalidades.

Valorizar a beleza das plantas individualmente, deixando de lado o


efeito das massas agrupadas, evitando-se amontoados de espécies muito
próximas, tendo cada planta o seu lugar onde pode ser observada como única
e como elemento de um conjunto maior que é o jardim. Que não se restringe só
às plantas, mas aos caminhos, churrasqueiras, bancos, pisos, pergolados,
quiosques, fontes, piscinas e acessos. São recursos que quebram a monotonia
e podem ser usados com muita criatividade.
30

Hoje o paisagismo se funde às construções. O verde realça as formas,


disfarça as imperfeições, rompe a rigidez dos materiais, suaviza o dia a dia de
trabalho. Deve ser estudado e elaborado para que possa valorizar ainda mais o
projeto arquitetônico e sua finalidade.A natureza se apresenta como uma
grande aliada para valorizar e humanizar estabelecimentos comerciais,
tornando lojas e escritórios mais atraentes. O verde é capaz de amenizar a
rigidez de um local de trabalho, criando ambientações mais acolhedoras,
contribuindo para o aumento de produtividade pelo efeito tranqüilizante que as
plantas causam nas pessoas MATTER (2010, pag. 03).

Para MACEDO (1982, pag. 12) a arborização surge, a princípio nos


bairros de elite como um padrão de urbanização, dentro de conceitos de
higienização de cidades. A introdução de árvores nas ruas se consolida em um
novo modelo de assentamento da residência no lote, isolada em contrapartida
ao padrão colonial de prédios isolados entre si. Surgem dentro do contexto
urbano brasileiro as figuras dos jardins, parques, praças e alamedas, ruas
arborizadas, “pocket parks”, calçadões, etc. São estruturas espaciais que se
perpetuam, típicas da cidade contemporânea, e para cada uma delas pode-se
considerar que o seu desenho depende em grande parte de uma forma pela
qual é utilizada a vegetação e, portanto da postura projetual utilizada.

Na obra Tratado de Estética Urbanística, CULLEN (1974, pag. 82),


relaciona os princípios importantes necessários ao sucesso na área de
planejamento urbano, onde dedica um item ao uso da árvore, e à sua
adequação como elemento arquitetônico da paisagem urbana:

De todas as contribuições naturais da paisagem urbana, as árvores são


sem dúvida alguma, a mais onipresente, e a relação entre árvores e cidades já
tem uma grande e honrada história. O conceito de que as árvores são
estruturas, do mesmo modo que são os edifícios, conduz inevitavelmente a
efetuar planos de tipo arquitetônico..Há aqui todo um extenso campo de estudo
de texturas e formas de crescimento das árvores que pode e deve ser
explorado, por terem precisamente árvores, diferentes características. De copa
muito alta ou muito baixa, geométrica ou de folhas lisas ou aveludadas, todas
as suas qualidades podem ser empregadas para conseguir um conjunto
31

dramático com os edifícios, seja para ampliar seu conceito ou para compensar
um excesso de adornos.

BERGAMASCO (2005, pag. 07), em entrevista à AUE paisagismo


digital, diz que o paisagista, como agente modificador do espaço em que atua,
tem a responsabilidade ecológica sobre suas ações: “Ao procurarmos atender
as expectativas de nossos clientes, seja ele uma família ou uma população, os
colocamos em contato com a natureza, incentivamos seu amor e respeito às
coisas da terra”. E ainda comenta sobre a “moda” no paisagismo:

“Não creio que possa haver moda no paisagismo, a menos que


estejamos nos referindo à decoração externa. Na minha opinião é
indispensável que o projeto paisagístico seja considerado a longo prazo e não
apenas em imediato. Mas para isso é necessário trabalhar o jardim tendo em
mente os seus habitantes, a sua arquitetura de entorno, a natureza, o tempo e
o tipo de gestão. O jardim, além de um instrumento de prazer, é um meio de
educação, um exemplo de coexistência pacífica entre diversas espécies, um
lugar de respeito pela natureza e pelo ser humano”.

2.1 Espaços Abertos

O lugar público moderno teve suas funções, aparência e caráter


renovado em relação aos espaços públicos que o antecederam por vários
aspectos: crescimento do número de apartamentos com áreas reduzidas,
crescimento populacional nos grandes centros, etc. Para esses novos lugares
foi usado todo o tipo de conhecimento para que o ser humano pudesse ver no
espaço público não só a contemplação mas também o descobrimento, o lazer
de uma forma mais generalizada. Como exemplo, o Parque La Villete em Paris,
abriga em seu entorno museus e casas de espetáculos. No interior do parque,
brinquedos, circuitos, e uma série de atividades podem entreter seus visitantes
por horas. Neste grande espaço estão, entre outras coisas, o mais interessante
centro auto-explicativo de ciência do mundo.

A implantação do espaço livre no Brasil iniciou-se, inevitavelmente com


a colonização e a formação das cidades. Com origem predominantemente
portuguesa, muitos espaços públicos como o Pátio do Colégio em São Paulo e
o Terreiro de São Francisco em Salvador, Bahia, trazem em suas
32

características semelhanças com praças medievais e renascentistas européias.


Tanto uma como a outra e outras tantas que foram construídas nessa época
são praças secas que assim como na Europa, tinhas como edifício principal
uma igreja, edifício público e, no caso de São Paulo um Colégio Jesuíta.

De uma forma ou de outra, sendo à frente da igreja ou não, o largo ou


terreiro como também era chamado, era o espaço de interação de todos os
elementos da sociedade de todas as classes sociais. Era na praça que a
população manifestava sua territorialidade, os fiéis demonstravam sua fé, os
poderosos, seu poder, os pobres, sua pobreza. Era um espaço polivalente,
palco de muitas manifestações dos costumes e hábitos da população.

Como em muitos outros casos do período colonial e em diversas


cidades, as tendências para moda, costumes, arquitetura e outras formas de
arte vêm dos seus países colonizadores.

No caso do Brasil, o Passeio Público, que teve a sua motivação


justamente porque tanto Portugal como outras cidades da Europa estavam
adotando novas idéias por influência da burguesia que, sem rodeios, carecia de
um espaço onde poderia mostrar sua riqueza e poder sem ter que “se
misturar”, foi o primeiro grande projeto de paisagismo propriamente dito. Mas
ao contrário do sucesso deste projeto na Europa, o Passeio Público do Rio de
Janeiro não vingou por falta de público, isto é, não existia uma burguesia
numerosa que fizesse jus à tamanha área construída.

Após alguns anos de desuso e abandono, o Passeio foi restaurado e a


época desta restauração, segunda metade do século XIX, coincidiu com a
implantação dos jardins nas casas, pois a elite urbana viria a apreciar o ato do
passeio em meio à vegetação.

Nesta época iniciam-se as construções de mansões soltas nos lotes


rodeadas por grandes jardins.

Antes secas, as praças as cidades que, agora estavam recebendo


influência européia, começaram a receber vegetação e tratamento de jardins
com árvores e plantas ornamentais. Este novo espaço de contemplação perde
as funções de lugar de marcado e palco para manifestações sendo, seu uso
direcionado somente para passeio e contemplação.
33

Como padrão de qualidade do espaço livre, as praças mais importantes


e mais bem localizadas, agora recebiam os primeiros projetos de paisagismo,
recebendo vegetação variada e organizada e elementos da Belle Époque.
Mesmo que com estilo eclético, as praças se fizeram necessárias em razão do
rápido crescimento demográfico das capitais. Com o avanço da população aos
grandes centros os espaços que antes recebiam vegetação nativa foram dando
lugar a edificações fazendo com que o espaço público recebesse maior
atenção e valor.

Começa assim o lançamento das prefeituras de grandes parques e


praças não diferente do que acontecia em meados de 1876 com a construção
do Central Park em Nova Iorque. Foi no início do século XX que surgiu, por
exemplo, o Parque Farroupilha, em Porto Alegre, Parque do Anhangabaú em
São Paulo e Parque 13 de maio no Recife, entre outros.

Nas cidades do interior as praças centrais já tinham o paisagismo em


seus projetos originais. O Central Park em Nova York o Vale do Anhangabaú
em São Paulo e o Parque Farroupilha em Porto Alegre.

2.2 – As Tendências e Adaptações Sociais

O modernismo surgiu como um movimento que contradizia a


materialidade, a volumetria e as regras do ecletismo na arquitetura. Por isso
começou a usar linhas mais retas e formas mais puras. Como o paisagismo
sempre refletiu as idéias da arte de uma forma semelhante, no modernismo os
jardins ganharam formas mais retas e perderam completamente a simetria tão
presente nas paisagens ecléticas e clássicas.

Como as funções do espaço aberto mudaram em virtude da evolução


de uma série de fatores, a praça ganhou novos espaços que não só o de
passeio e contemplação.Algumas praças receberam área para esportes,
circuitos para caminhadas, etc. O espaço aberto estava aberto para ser mais
explorado, inclusive fragmentado de acordo com as funções que o espaço
exerceria.

Grandes espaços, agora, estavam recebendo um tratamento


diferenciado e bem menos orgânico. Na praça da Sé, por exemplo, um lugar
inicialmente de passagem, ganhou com o projeto, muitos jardins em diversos
34

níveis e um tratamento de piso diferenciado à frente da Catedral. A praça


Belmar Fidalgo, localizada em uma área mais residencial teve elementos em
seu projeto que visavam o lazer e o esporte.

2.3 – Relação Paisagismo X Urbanização

O Paisagismo é a arte de recriar a beleza da natureza, proporcionando


paisagens bonitas e melhorando a qualidade de vida dos indivíduos e
sociedade. É uma necessidade para a sobrevivência dos habitantes das
grandes cidades. O Paisagismo serve para manter o equilíbrio do ecossistema
destruído pelo homem em suas construções e estradas.

O Paisagismo como função social se destaca por influenciar a


harmonia da população, o relacionamento ou convivência comunitária, que são
favorecidos pela existência de parques e praças públicas, reunindo em suas
áreas verdes diversas pessoas.

O ser humano busca a convivência com a natureza, integrando-a de


muitas formas em sua vida cotidiana. Além disso, o equilíbrio ecológico das
grandes cidades é cada vez mais dependente do paisagismo. As áreas verdes
urbanas são um ajuste para o equilíbrio ecológico. O Paisagismo favorece o
meio-ambiente e é necessário aplicá-lo corretamente e com muita seriedade,
não limitando a projetos meramente decorativos, promovendo o equilíbrio do
ecossistema GOULART(2007, pag.16).

CAPÍTULO III
PAISAGISTAS BRASILEIROS
35

Impossível falar em Paisagismo e não citar o nome de Roberto Burle


Marx. Neste capítulo veremos a história deste grande arquiteto paisagista que
ficou famoso pelos seus trabalhos realizados especialmente na cidade do Rio
de Janeiro e conhecer um pouco mais da história e contribuições de outros
paisagistas brasileiros importantes como Benedito Abbud, que participaram ou
que ainda participam de projetos paisagísticos e urbanização de várias cidades
do Brasil.

3.1 Roberto Burle Marx

Roberto Burle Marx (São Paulo, 4 de agosto de 1909 – Rio de Janeiro,


4 de junho de 1994) foi um artista plástico brasileiro, tendo ganho renome
internacional ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista. Morou grande
parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais
trabalhos, embora sua obra possa ser encontrada ao redor de todo o mundo.

Era o quarto filho de Cecília Burle (de origem pernambucana e


francesa) e de Wilhelm Marx, judeu alemão, nascido em Stuttgart e criado em
Trier (cidade natal de Karl Marx, primo de seu avô).

A mãe, exímia pianista e cantora, despertou nos filhos o amor pela


música e pelas plantas. Roberto a acompanhava, desde muito pequeno, nos
cuidados diários com as rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e
muitas outras espécies que plantava no seu jardim. Com a ama Ana Piascek
aprendeu a preparar os canteiros e a observar a germinação das sementes do
jardim e da horta.

O pai era um homem culto, amante da música erudita e da literatura


europeia, preocupado com a educação dos filhos, aos quais ensinou alemão,
embora se dedicasse aos negócios, como comerciante de couros, num
curtume que mantinha em São Paulo.

Durante a estada na Alemanha, Burle Marx estudou pintura no ateliê de


Degner Klemn. De volta ao Rio de Janeiro, em 1930, Lucio Costa, que era seu
amigo e vizinho do Leme, o incentivou a ingressar na Escola Nacional de Belas
Artes, atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Burle Marx conviveu na universidade com aqueles que se tornariam
36

reconhecidos na arquitetura moderna brasileira: Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa


e Milton Roberto, entre outros.
O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a
Praça de Casa Forte, no Recife, em 1934. Nesse mesmo ano assumiu o cargo
de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo
de Pernambuco, onde ainda lidava com um trabalho de inspiração levemente
eclética, projetando mais de 10 praças. Nesse cargo, fez uso intenso da
vegetação nativa nacional e começou a ganhar renome, sendo convidado a
projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema (então Ministério da
Educação e da Saúde). Em 1935, ao projetar a Praça Euclides da Cunha (a
Praça do Internacional, conhecida também como Cactário Madalena)
ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino, buscou livrar os
jardins do "cunho europeu", semeando a alma brasileira e divulgando o "senso
de brasilidade". Seu grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com
Luiz Nunes, da Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Correa Lima,
responsável pelo Plano Urbanístico da cidade, ganhou opositores como Mário
Melo e simpatizantes como Gilberto Freyre, Joaquim Cardozo e Cícero Dias,
com os quais sempre se reunia. Em 1937 criou o primeiro Parque Ecológico do
Recife.
Sua participação na definição da Arquitetura Moderna Brasileira foi
fundamental, tendo atuado nas equipes responsáveis por diversos projetos
célebres. O terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema é
considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Definido por
vegetação nativa e formas sinuosas, o jardim (com espaços contemplativos e
de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo. A partir daí,
Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e
evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata,
o concretismo, o construtivismo, entre outras. As plantas baixas de seus
projetos lembram em muitas vezes telas abstratas, nas quais os espaços
criados privilegiam a formação de recantos e caminhos através dos elementos
de vegetação nativa RIZZO (1992, pag. 45).
No seu sítio localizado no Rio de Janeiro, 3500 especimes de plantas
originarias de florestas brasileiras e de outros países são abrigadas numa área
de 360.000 metros quadrados.
37

A coleção é considerada uma das mais importantes do mundo no que


se refere a plantas tropicais e semi-tropicais, possuindo o título de patrimônio
cultural brasileiro desde 1985. No Sítio Burle Marx há em exibição obras do
próprio artista – pinturas, desenhos, tapeçarias, vitrais, painéis de azulejos,
tecidos pintados; bem como um acervo significativo de vidros decorativos,
imagens barrocas em madeira, cerâmica pré-colombiana e uma excepcional
coleção de cerâmica popular brasileira originária do Vale do Jequitinhonha-MG.
Em seus jardins há esculturas em cerâmica (totens) de Miguel dos Santos,
ceramista de João Pessoa – PB, e um exemplar dos famosos leões do Mestre
Nuca de Trucunhaém-PE.
No local existe também uma Capela (século XVII) dedicada a Santo
Antonio, um amplo ateliê com diversas obras exposta, prédio administrativo,
salão de festas e casa de hóspedes. Visando manter integridade da
propriedade, Burle Marx doou-a ao governo federal em 1985. Sua
administração é realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – IPHAN/Ministério da Cultura. No Sítio são realizadas atividades
científicas existindo laboratório, auditório, salas de aula e uma biblioteca que
pertenceu ao Burle Marx com cerca de 3.000 títulos. Cursos e encontros são
regularmente promovidos e estudantes universitários são orientados por
professores de Biologia/Botânica. Fazem parte do Conselho Consultivo do Sítio
muitos dos melhores botânicos e paisagistas brasileiros que ajudam a
instituição com os seus conhecimentos.
Com o apoio da Sociedade de Amigos de Roberto Burle Marx são
realizados regularmente eventos como concertos musicais e exposições
WANDECK (2010, pag. 01).

3.2 Burle Marx e a História do Paisagismo Brasileiro

Segundo KARAN (2002, pag. 03), a história do paisagismo brasileiro, a


partir de 1930, está ligada à obra mundialmente famosa de Roberto Burle Marx.
É um dos brasileiros mais consagrados no exterior em todos os tempos. Aos 19
anos, viaja para a Alemanha para se aperfeiçoar como desenhista. E é lá que,
casualmente, descobre a beleza das plantas tropicais, numa visita ao Jardim
38

Botânico de Dahlen. De volta ao Brasil, Burle Marx começa a cultivar,


colecionar e classificar plantas num jardim na encosta do morro, atrás de sua
casa. Seu primeiro trabalho como paisagista é feito a pedido do arquiteto e
amigo Lúcio Costa, no início dos anos 30. Burle Marx projeta um jardim
revolucionário, usando plantas tropicais e a estética da pintura abstrata. O
começo é difícil. Os jardins brasileiros obedecem ao modelo europeu:
predominam azaléias, camélias, magnólias e nogueiras. A elite conservadora
da época estranha o estilo abstrato e tropical de Burle Marx. Mas a renovação
nas artes e na arquitetura é uma tendência mundial e irresistível nos anos 30.
Burle Marx torna-se adepto da escola alemã Bauhaus, com seu estilo
humanista e integrador de todas as artes. No Brasil, um grupo de jovens
arquitetos, profundamente influenciados pela corrente francesa liderada por Le
Corbusier, revoluciona a arquitetura. Entre eles, Oscar Niemayer e Lúcio Costa.
A moderna arquitetura brasileira usa novos materiais. Aço, vidro e concreto
pedem um paisagismo renovador. A associação entre Burle Marx, Niemayer e
Lúcio Costa não pára mais.
Apaixonado pela flora brasileira, realiza incontáveis viagens por todo o
país à procura de plantas raras e exóticas. Pouco a pouco, torna-se botânico
autodidata, especialista em plantas tropicais. A relação de Burle Marx com a
natureza é quase religiosa. Sua reverência ao verde torna-o pioneiro na luta
pela preservação do meio ambiente.
Roberto Burle Marx é um artista polivalente. Pintor, designer, arquiteto,
paisagista, artista plástico, tapeceiro. Nas horas vagas canta música lírica para
os amigos. Sua obra como artista plástico é amplamente reconhecida e
premiada em mostras e salões internacionais. Pouco a pouco, o nome de Burle
Marx paisagista ultrapassa as fronteiras do Brasil. Sua assinatura brilha em
milhares de projetos espalhados pelos cinco continentes. Sua grande paixão,
contudo, sempre foi o Brasil, sobretudo o Rio de Janeiro. Nos mais belos
cartões postais da cidade estão os jardins de Burle Marx. O Largo da Carioca...
a orla do Leme... o calçadão de Copacabana... os jardins suspensos do Outeiro
da Glória...e a menina dos olhos do artista: o Aterro do Flamengo. Do trabalho
conjunto com Oscar Niemayer e Lúcio Costa nascem o Parque da Pampulha,
Minas Gerais, e os famosos jardins de Brasília. Entre suas obras mais
expressivas estão os jardins do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Em 61
39

anos de carreira, Burle Marx assina mais de dois mil projetos e recebe
inúmeras honrarias. Mas a homenagem que mais o sensibiliza é ver seu nome
designando uma espécie de plantas tropicais: "Burle Marxii".
Em 1972, Burle Marx muda-se para o sítio Santo Antônio da Bica, nos
arredores do Rio de Janeiro. Dedica-se à pintura, coleciona obras de arte e
cultiva, ao longo de mais de vinte anos, três mil e quinhentas espécies de
plantas do mundo inteiro, criando um verdadeiro Éden Tropical.
Em 1985, doa a propriedade ao governo federal. Seu grande sonho é
criar ali uma escola para jardineiros e botânicos, e abrir o sítio à visitação
pública. Mas é somente após a sua morte, ocorrida em 1994, aos 82 anos de
idade, que os seus últimos projetos florescem. Graças ao empenho de sua
equipe, o sítio, agora batizado com o seu nome, recebe visitantes do Brasil e
do mundo.
E ecologistas, paisagistas e jardineiros podem freqüentar cursos
regulares, ministrados em meio às plantas que o próprio Roberto Burle Marx
cultivou.

3.3 Paisagistas Brasileiros

Segundo pesquisas disponibilizadas na WIKIPÉDIA (2010), são vários


os paisagistas brasileiros que participaram de trabalhos importantes realizados
no Brasil.
Antônio Eugênio Richard Júnior foi um empresário, arquiteto e
paisagista brasileiro. Filho de pai francês, Antônio Eugênio nasceu na cidade
de Grajaú, no estado do Maranhão. Ainda jovem, durante uma viagem de trem
na terra de seu pai, conheceu Marcel Bouilloux-Lafont, magnata francês, que
interessou-se em expandir seus negócios para o Brasil.Vindo para a cidade do
Rio de Janeiro, Antônio Eugênio foi responsável pela expansão de vários novos
bairros da capital da República. Através da Companhia Brasileira de Imóveis e
Construções (CBIC), construiu o bairro Grajaú, nome dado em homenagem à
sua cidade natal.A CBIC, com recursos do Banco Crédit Foncier du Brésil, que
Antônio Eugênio presidia, foi das primeiras empresas a importar tratores
americanos modernos para o Brasil e utilizá-los em obras públicas.Dentre
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outras obras de que participou, estão a extensão da Estrada de Ferro de


Mogiana e a pavimentação da Estrada Rio-Petrópolis, além de ter colaborado
na idealização da urbanização do Jardim Guanabara, região da Ilha do
Governador. O trabalho mais conhecido de Corrêa Lima foi, sem dúvida, o
plano urbanístico de Goiânia (1933 - 1935), projeto fortemente influenciado
pelo urbanismo francês. Além disso, elaborou também, em 1930, um plano
diretor para Niterói como tese de conclusão de curso no (IUUP) intitulado
"Avant-projet d'aménagement et d'extension: de la ville de Niterói au Brésil",
trabalho este todo escrito em francês. Já na década de 40 elaborou o projeto
da cidade de Volta Redonda e da Fábrica Nacional de Motores, sendo que este
último não chegou a concluir por ocasião de sua morte.
Maria Carlota Costallat de Macedo Soares, paisagista e urbanista
brasileira foi umas das responsáveis pela construção do Parque do Flamengo,
localizado na cidade do Rio de Janeiro. É o maior aterro urbano do mundo.
Maria Carlota, chamada por todos de Lota, foi convidada por Carlos
Lacerda, que acabara de ganhar o governo da cidade da Guanabara - como
era conhecido o Rio de Janeiro. Morou em Nova Iorque no princípio da década
de 1940 onde fez cursos no Museu de Arte Contemporânea. Quando nas
eleições seguinte, Carlos Lacerda perdera o governo, por acharem que Lota
era muito amiga dele, teve que se retirar da construção do aterro do Flamengo.
Todas essas questões políticas em que estava envolvida levaram-na a sofrer
de depressão, incluindo o afastamento de sua companheira Elizabeth Bishop
que a esta altura já estava em Nova Iorque. Elizabeth Bishop era uma das
poetisas mais famosas naquela época. Lota e Elisabeth viveram juntas de 1951
a 1965. Em 1967 quando já separadas, Lota resolveu viajar para Nova Iorque
para encontrar Bishop. No mesmo dia que que chegou, abalada com seu
relacionamento com Bishop, sua companheira encontrou-a caída na cozinha
com um vidro de antidepressivo nas mãos. Lota suicidara-se.
Em Arquitetura Moderna do Brasil, MINDLIN (2000, pag. 09) , destaca
outro paisagista que fez história: Atílio Corrêa Lima. Além de urbanista, foi
também paisagista. Neste campo notabilizou-se por ter sido um dos pioneiros
da integração de plantas tropicais e sub-tropicais em jardins públicos e
privados. São projetos de sua autoria nesta área: Jardim da casa da família
Matarazzo em São Paulo, jardim da família Marinho e parte do jardim da
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Granja Comary em Teresópolis, estado do Rio de Janeiro.Outro de seus


notáveis projetos foi o da estação de hidroaviões do Aeroporto Santos Dumont
(1937), atualmente sede do INCAER, edifício de desenho simples e despojado,
com dois andares conectados por uma escada espiral, e que trás consigo todos
os cinco pontos da nova arquitetura, preconizados por Le Corbusier, sendo
este um dos primeiros edifícios modernistas.
Sua obra arquitetônica foi influenciada, sobretudo, por Le Corbusier, e
encontrou eco em trabalhos como o projeto de Oscar Niemeyer para Pampulha
em Belo Horizonte (1942), com a sua organização espacial livre e busca por
inovações estruturais. Notabilizou-se por integrar arquitetura e planejamento
urbano, baseando-se em estudos sobre a origem e o desenvolvimento das
cidades brasileiras. Attilio Corrêa Lima teve sua carreira abruptamente
interrompida ao falecer com 42 anos em um acidente de avião.
Rosa Grena Kliass (São Roque) é uma arquiteta-paisagista brasileira,
considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro
moderno e contemporâneo. Entre suas obras mais significativas estão a
reforma do Vale do Anhangabaú e o projeto paisagístico do Parque da
Juventude, ambos na cidade de São Paulo. Rosa Kliass formou-se pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(FAUUSP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada
predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros
prêmios nesta área. Sagrou-se também como consultora de diversos órgãos
estatais, autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior. Seu
trabalho teórico também possui certa relevância, sendo autora do livro Parques
urbanos de São Paulo, desenvolvido a partir do tema de sua dissertação de
mestrado, defendida em 1989 na FAUUSP. É fundadora e ex-presidente da
Associação Brasileira de Arquitetos.
Já Benedito Abbud, trabalhando na área desde 1970, é formado em
arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo (FAU-USP), na qual foi professor na disciplina de paisagismo de 1980 a
1985. Ministrou aulas também na Faculdade de Arquitetura da PUC –
Campinas de 1977 a 1981. É pós-graduado e mestre pela FAU-USP.
42

Atualmente colunista da revista eletrônica “GUIA DECORAR”, veremos


trechos da sua entrevista concedida para a revista, que foi escrita e editada por
THOMAZ (2010, pag. 07):
Sua predileção pelo paisagismo teve início na época da graduação,
nos anos 70, quando foi fazer estágio no escritório do arquiteto paisagista
Luciano Fiaschi. Em 1981 fundou sua própria empresa, que hoje conta com
aproximadamente 5200 projetos paisagísticos desenvolvidos em todo Brasil e
em outros países como Argentina, Uruguai e Angola. Abbud foi presidente da
Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) durante os biênios de
1987-1988 e 1999-2000.
Ele assina projetos paisagísticos de cidades, bairros, parques, praças,
condomínios verticais e horizontais, residências unifamiliares,
empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats (urbanos e resorts),
loteamentos (residenciais e industriais), habitações compactas, shoppings
centers e áreas especiais. Abbud participou de vários cases importantes, tais
como: Parauapebas (PA), Pedra Branca (SC), Parque do Jaraguá (SP), Parque
Jefferson Péres (AM) e Praça Victor Civita (SP). Recentemente, desenvolveu
também projetos para empreendimentos de grande sucesso do mercado
imobiliário, como: Cidade Jardim (RJ), O2 (RJ), Menara (SP), Raízes do
Juquehy (SP), Villa Lobos Office Park (SP), além do Le Parc (BA) e Living
Super Quadra Park Sul (DF).
Sua experiência vai além do desenvolvimento de projetos em diversas
escalas e alcança a área acadêmica. Fruto de sua tese de mestrado, o livro
“Criando Paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística” é a primeira
publicação brasileira sobre o tema direcionada a estudantes, profissionais e
interessados na área. Lançado em 2006, a publicação traz conceitos e
ferramentas do paisagismo e mostra, de forma prática e acessível, como
trabalhar espaços, escalas e perspectivas. O livro busca ainda suprir a lacuna
que existia no sentido de colaborar com a formação dos jovens estudantes
brasileiros.
Os projetos que Abbud desenvolve visam proporcionar lazer, convívio
social, esporte, cultura, contemplação e educação ambiental. Segundo o
profissional, o paisagismo virou sinônimo de qualidade de vida.
Em razão disso, os prefeitos, governantes e incorporadoras estão cada vez
43

mais empenhados em oferecer amplos espaços verdes, onde famílias possam


desfrutar com segurança de diversas opções de lazer. Com isso, abriu-se uma
demanda para a criação de projetos que contemplem áreas verdes com
equipamentos para todas as faixas etárias e tipos de usuários. “Assim,
buscamos mostrar que o paisagismo não é um simples jardim e sim um espaço
externo com opções de lazer e relaxamento em meio à natureza, o que acaba
por agregar valor ao espaço público e ao empreendimento”, ressalta.
É também um espaço para as pessoas melhorarem sua qualidade no tempo do
ócio, hoje reconhecidamente importante para recarregar as energias da
estressante vida diária e fundamental para induzir o processo criativo -
ingrediente importantíssimo para a renovação da vida pessoal e profissional, de
acordo com Abbud. Ele também garante que a perfeita sintonia entre o
paisagismo e a linguagem arquitetônica, tanto em casas quanto em
empreendimentos imobiliários, é fundamental para o sucesso do conjunto. “Em
todos meus projetos procuro trabalhar em perfeita sintonia com a arquitetura
desde o início do processo e, dessa forma, integrar ao máximo ambientes
internos e externos, além de propor soluções paisagísticas que harmonizam
com o estilo arquitetônico adotado”, afirma.
Fora isso, seu escritório cria projetos específicos e diferenciados para
cada classe social. Assim, acredita que a arquitetura paisagística pode se
adequar a qualquer “bolso”, além de ajudar todas as pessoas a viver com
dignidade. Um dos conceitos com que Abbud gosta de trabalhar é o da
acupuntura paisagística. Para ele, a partir do momento em que se melhoram
pontos estratégicos do local, esses benefícios se espalham, aos poucos, por
toda a região onde são aplicados. “Assim como no corpo humano, quando a
acupuntura é aplicada em determinados pontos, seus efeitos benéficos
espalham bem-estar para todas as suas partes. No tecido urbano acontece a
mesma coisa: quando escolhemos áreas estratégicas da cidade e ali criamos
pontos de irradiação de uso público, essa energia é transmitida para todos os
seus meridianos e funcionam como estimuladores dos espaços de toda a
cidade e do bairro”, conta.
Foi esse o caso do projeto de Abbud para a nova cidade de
Parauapebas (PA), em que adotou o conceito da arquitetura paisagística como
uma forma de tratamento urbano para aumentar a qualidade de vida das
44

pessoas através do entretenimento, do esporte, do encontro e das alegrias que


a vida na cidade propicia. “Para isso, propusemos a instalação de
equipamentos de baixo custo voltados para a socialização, tais como: campos
de futebol, quadras esportivas, cinema ao ar livre, praças para encontros e
baladas, clubes junto aos rios com piscinas de ‘tela’, áreas para rodeios, áreas
de recreação infantil e juvenil”, completa.

Ao desenvolver uma área verde, Abbud procura também aguçar os


cinco sentidos. Ele mescla, portanto, o aroma das plantas com espécies
frutíferas, chás e temperos, remetendo ao olfato e ao paladar. A visão é
exaltada pelas cores e pelos tamanhos dos espaços: de um corredor estreito
chega-se a uma ampla praça. “Buscamos promover diferentes sensações -
fechado, aberto, claro e escuro - para surpreender”, relata o arquiteto
paisagista. As texturas das plantas evocam o tato, enquanto o barulho das
próprias plantas, do vento e da água atiça a audição. “Usamos muito espelho
d’água, fontes e cascatas porque é calmante e disfarça o barulho da rua”, diz.

Para completar, um jardim assinado por Abbud engloba também os


quatro elementos da natureza: além da água; terra, em dunas; fogo, em tochas,
piras e fogueiras; e ar, criando tamanhos diferentes de espaços onde se
instalam “bolhas” de ar para as pessoas circularem. “O intuito é promover a
qualidade de vida e permitir que as pessoas relaxem”, conclui.

Conforme vimos anteriormente, um dos principais objetivos do


paisagista é tornar mais agradável a vida nas cidades de concreto, para isso
faz-se necessário um amplo conhecimento das espécies para que se saiba, por
exemplo, quais são as mais belas plantas para aquelas condições climáticas,
quais podem oferecer mais sombra, quais exalam um perfume mais agradável
e muito mais.

CONCLUSÃO
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Vimos que o paisagismo se faz cada vez mais presente em nossas


vidas, seja nas residências, empresas ou repartições públicas, sempre nos
proporcionando beleza e bem estar. Conhecemos as definições de Paisagismo
onde a arte de trazer a natureza para o nosso redor pode ocorrer de diversas
formas: seja com um delicado arranjo de flores, ou uma queda d'água com
peixes ornamentais, um pequeno recanto, ou ainda um grande e variado jardim
tropical.

O paisagismo ajuda as pessoas a manter um constante contato com a


natureza e dá a oportunidade de apreciar o que ela tem de mais belo.
Paisagismo e Jardinagem é resultado da combinação de planejamento
arquitetônico, botânica e uma boa dose de criatividade (arte), pois a escolha e
distribuição das plantas obedecem certos critérios técnicos, mas o resultado
final, depende da capacidade de criação do profissional que planejou ou
executou a obra.

Por fim, Paisagismo traz mais qualidade de vida, contribui para o meio
ambiente, faz com que as áreas sejam mais aproveitadas e as deixam mais
bonitas. De certa forma, investir em paisagismo e jardinagem, também é uma
forma de ajudar a combater o aquecimento global.

BIBLIOGRAFIA
46

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MACEDO, Silva Sores. A Vegetação como Elemento de Arquitetura, Paisagem


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FRIBURGO EM REVISTA. Edição novembro de 1995 artigo de Monique


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APOSTILA DO CUROS AVANÇADO DE PAISAGISMO, com direitos


reservados a Gustaaf Winters Com. e Serv. Paisagísticos. Por: Daniel Camara
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escritório Benedito Abbud Arquitetura Paisagística

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48

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Paisagismo

Autor: Paula Correia Murta

Data da entrega: 10/01/2011

Avaliado por: Conceito:

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