Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
© Jörg Singer
Os gases de combustão quentes, provenientes do forno, pré-aquecem o cru antes de entrar no forno - o pré-aquecedor consiste
numa série de ciclones através nos quais o cru é misturado, por turbulência, com os gases de combustão quentes
Pré-calcinação (decomposição do CaCO3) – quando o cru atinge a base da torre de ciclones a sua temperatura é superior a 800 ◦C
4CaO.Al2O3.Fe2O3 arrefecimento
Ferroaluminato tetracálcico C4AF 5 a 15
O silicato tricálcico e o silicato dicálcico são constituintes que mais contribuem para a resistência mecânica do cimento
hidratado
Outros compostos que surgem, em quantidades muito pequenas, no cimento: CaO, MgO, TiO2, Mn2O3, K2O e Na2O
À excepção dos óxidos de potássio e de sódio, estes compostos não influenciam de forma significativa o comportamento do
cimento
Os óxidos de potássio e de sódio (vulgarmente designados por álcalis) influenciam a velocidade de endurecimento do
cimento e podem reagir com o agregado – provocando a deterioração do betão
Cimento Portland
O endurecimento do cimento traduz-se numa série de reacções de hidratação – relativamente complexas – que começam
assim que se adiciona água (as reacções de hidratação dos constituintes do cimento são exotérmicas)
O silicato tricálcico (C3S) e o silicato dicálcico (C2S) são os principais constituintes do cimento Portland – as suas reacções de
hidratação constituem o endurecimento do cimento - o principal produto da hidratação é o silicato tricálcico hidratado
(abreviatura: C-S-H)
O aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3 – C3A) e o ferroaluminato tetracálcico (4CaO.Al2O3.Fe2O3 – C4AF) irão também sofrer
hidratação
No caso particular do C3A, a reacção de hidratação é muito rápida e confere, de forma quase instantânea, rigidez à pasta de
cimento, impossibilitando a sua aplicação. Para impedir a reacção de hidratação do C3A é adicionado gesso (CaSO4.2H2O) ao
clínquer. O gesso combina-se com os aluminatos, originando trissulfoaluminato de cálcio hidratado (etringite) - protegendo
os aluminatos da acção directa da água
Cimento Portland – Presa e Endurecimento
A adição de água ao Cimento Portland, formando uma pasta de cimento, desencadeia um conjunto de reacções
químicas de hidratação, que ocorrem ao longo do tempo e irão conduzir ao ganho de rigidez e de resistência
mecânica
A pasta de Cimento Portland começa, usualmente, a ganhar rigidez duas a quatro horas após a sua mistura com água
Logo após a mistura, a pasta mantém uma fluidez quase constante, com um ganho de consistência pouco significativo –
período de dormência ou indução
O tempo de início de presa corresponde ao fim do período de indução - nesta fase ocorre perda de fluidez e de
plasticidade (a pasta apresenta um ganho inicial de resistência)
O tempo de fim de presa é atingindo quando a pasta de cimento se comporta como um sólido - no final da fase da
presa o ligante já não apresenta plasticidade
A resistência do cimento nos primeiros dias de idade é fundamentalmente conferida pelo C3S - a hidratação mais lenta do
C2S vai contribuir para o incremento de resistência ao longo do tempo
O C3A (aluminato tricálcico) hidrata-se rapidamente, com uma grande velocidade de libertação de calor
Para impedir a reacção de hidratação do C3A é adicionado gesso ao clínquer - o gesso (CaSO4.2H2O) combina-se com os
aluminatos, originando trissulfoaluminato de cálcio hidratado (etringite) - protegendo os aluminatos da acção directa da
água
Após a fase de presa, o processo de endurecimento prolonga-se no tempo traduzindo-se num aumento da rigidez e da
resistência à compressão
A maior parte da resistência à compressão dos betões é atingida ao fim de cerca de 28 dias, mas o aumento da resistência
pode continuar durante anos
Cimento Portland – Presa e Endurecimento
Após a fase de presa (final set), o processo de endurecimento prolonga-se no tempo traduzindo-se no aumento da
rigidez e da resistência mecânica da pasta de cimento - consequência do desenvolvimento das reacções químicas de
hidratação, que se processam ao longo do tempo
O endurecimento de uma pasta de cimento é relativamente rápido nas primeiras horas (um a dois dias), baixando
progressivamente com o tempo – diminuição da velocidade das reacções de hidratação
C3A + gesso
Velocidades (típicas) de formação dos produtos de hidratação de um cimento portland comum (a)
Influência da formação de produtos de hidratação no tempo de presa, porosidade, permeabilidade e resistência
da pasta de cimento (b)
Cimento Portland – Influência da Composição Química
C3 S C2 S C3 A C4AF
Velocidade
Elevada Moderada Muito Elevada Elevada
de hidratação
A composição química do cimento (do clínquer) pode ser “ajustada” por forma a melhorar as características dos betões
(de modo a satisfazer exigências/requisitos específicas(os) da construção)
Composição (% m/m)
Normal/Comum 55 20 12 9
Endurecimento Rápido 65 10 12 8
CEM I - Cimento Portland: Cimento fundamentalmente constituído por clínquer ( 95 %) sem incorporação de adições
CEM II - Cimento Portland Composto: Constituído por um mínimo de 65 % de clínquer e incorporação de adições, até 35 %
CEM III - Cimento de Alto Forno: Constituído por 36 a 95 % de escória de alto forno e 5 a 64 % de clínquer
CEM IV - Cimento Pozolânico: Constituído por clínquer, 45 a 89 %, e 11 a 55 % de adições pozolânicas,, pozolana, cinza
volantes ou sílica de fumo
CEM V - Cimento Composto: Constituído por clínquer, 20 a 64 %, escória de alto forno com um mínimo de 18 % e um
máximo de 50 % e o restante por pozolana e cinza volante
A utilização de adições dá origem aos chamados cimentos compostos, que são ligantes hidráulicos constituídos por clínquer,
adições e gesso
De acordo com a NP EN 197-1: as adições que podem ser utilizadas como constituintes de um cimento são: escória de alto
forno, pozolana natural, pozolana calcinada, cinza volante, sílica de fumo, xisto cozido e calcário
As adições mais utilizadas em Portugal são o calcário e as cinzas volantes
Um cimento CEM só é designado por “Portland” se contiver um teor de clínquer 65 %
Cimentos
Adições ao Cimento Portland – ao longo dos últimos anos diversos materiais inorgânicos tem sido adicionados à
composição do cimento
Estas adições têm como objectivo melhorar as propriedades do betão, quer no estado fresco (trabalhabilidade, tempos de
presa, etc.), quer no estado endurecido (resistência e durabilidade), assim como procurar obter soluções mais
sustentáveis (menores emissões de CO2; aproveitamento de resíduos industriais)
As cinzas volantes (fly ashes) são resíduos das Filer calcário (pó de pedra de calcário obtido por
centrais termoeléctricas a carvão moagem directa da rocha calcária)
Embora dependendo do tipo de carvão, as cinzas O filer calcário é constituído – carbonato de cálcio
são fundamentalmente constituídas por sílica (CaCO3) – finamente moído em partículas com
(SiO2), alumina (Al2O3) e óxido de ferro (Fe2O3) dimensões semelhantes às do cimento
A incorporação de cinzas volantes conduzem a: Considera-se um filer um material que passa num
i) Redução do calor de hidratação peneiro de 0,063 mm de abertura
ii) Redução da velocidade de reacção, que se traduz O efeito de filer consiste, fundamentalmente, no
em maiores tempos de presa, menor velocidade de preenchimento dos espaços vazios existentes entre
endurecimento e redução da resistência inicial; as partículas dos agregados - contribuindo para o
iii) Redução de resistência – as cinzas volantes, aumento da compacidade dessa mistura
conduzem a valores de resistência mecânica O preenchimento dos vazios de menor dimensão
inferiores (esta diferença é mais significativa aos 28 conduz a um incremento da resistência – reduz a
dias de idade, atenuando-se a longo prazo) permeabilidade
iv) Redução da quantidade de água para se obter a O carbonato de cálcio não possui propriedades
mesma consistência hidráulicas, não participando de forma activa nas
v) Redução da permeabilidade do betão reacções químicas que levam ao endurecimento da
vi) Maior resistência química pasta de cimento - é habitualmente referido como
sendo quimicamente inerte, dado que não
manifesta reactividade significativa
Cimento – Microestrutura e Morfologia
Os dois principais constituintes do cimento (C3S - silicato tricálcico; C2S - silicato dicálcico) reagem com água
produzindo silicato tricálcico hidratado (C-S-H) e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2
O C-S-H é o principal produto de hidratação, representando entre 50 a 60 % do volume sólido da pasta de cimento
hidratada; o hidróxido de cálcio poderá representar entre 20 a 25 % do volume sólido da pasta de cimento hidratada
Classes de exposição a ataque químico (XA1, XA2 eXA3) para as estruturas de betão - Norma EN 206-1
Betão - Durabilidade
Os processos de deterioração podem ser, de acordo com a sua tipologia, agrupados em dois tipos básicos:
i) mecânicos/físicos (erosão, abrasão, cargas excessivas, gradientes térmicos, ciclos gelo-degelo, etc.)
ii) químicos (por acção de substâncias tais como: água, SO42-, Cl-, Mg2+, CO2, O2, ácidos, etc.)
A durabilidade do betão irá depender, entre outros factores, da permeabilidade do mesmo, isto é, do movimento de
líquidos e gases através da estrutura porosa
A água está, usualmente, envolvida em todas as formas de deterioração e a maior ou menor a facilidade de
penetração de água (permeabilidade) irá determinar a velocidade dos fenómenos de deterioração
Processos de
Deterioração Química
Reacções Acção
Ataque Ácido Carbonatação
Expansivas dos Cloretos
O principal mecanismo de ataque químico compreende duas etapas: a difusão/permeação de substâncias agressivas e a
subsequente reacção com os constituintes da matriz cimentícia, do betão, susceptíveis de serem atacados e/ou com as
armaduras (no caso de existirem) - deterioração por acção externa
Mecanismos por deterioração interna são formas de degradação que se caracterizam, maioritariamente, pela formação de
produtos expansivos - (reacções expansivas – que englobam, por exemplo, as reacções álcalis-sílica (RAS) e o ataque por
sulfatos de origem interna (RSI)) - e que conduzem à fissuração/desagregação do betão
Betão - Durabilidade
O betão é susceptível ao ataque ácido, devido à sua natureza alcalina (os produtos das reacções de hidratação são,
maioritariamente, silicatos tricálcicos hidratados (C-S-H) e Ca(OH)2) – valores de pH, usualmente, compreendidos
entre 12,5 e 13
Teoricamente, qualquer ambiente no qual pH < 12,5 seria agressivo - porque uma redução da alcalinidade dos
fluidos/solução nos poros levaria, eventualmente, à desestabilização dos produtos de hidratação cimentícios
Contudo, a efectividade do ataque químico depende do pH do fluido agressivo, mas também da permeabilidade do
betão – para baixas permeabilidades e para pH > 6 a 6,5 a deterioração será muito lenta
Outro tipo de reacções que conduzem à formação de produtos expansivos são as que
envolvem: o CaO livre e o CaSO4
A presença no cimento de CaO livre pode ocorrer por mau ajuste das matérias-primas
(excesso de CaO) ou condições de aquecimento insuficientes - a reacção de hidratação
do CaO é muito lenta e é acompanhada de expansão (formação Ca(OH)2)
Para evitar a presa instantânea, causada por hidratação do C3A (aluminato tricálcico), é
necessário adicionar, ao clínquer, uma certa quantidade de CaSO4.2H2O - mas o seu
teor está limitado a máximos de 3,5 a 4,5 %, dependendo do tipo de cimento
O excesso de sulfato pode dar origem à formação de sulfoaluminatos de cálcio
(etringite) – reacções sulfáticas internas (RSI)
Betão - Durabilidade
O tipo mais comum de ataque por sulfatos ocorre, geralmente, em locais onde a água ou os solos contêm
concentrações elevadas deste iões - que penetram no betão (reacção sulfática externa (RSE))
Contudo, o ataque por sulfatos pode ser distinguido tendo em conta a origem dos sulfatos - podendo ser
proveniente do exterior, reacção sulfática externa (RSE), ou dos componentes usados no fabrico do betão, reacção
sulfática de origem interna (RSI)
A deterioração do betão resulta da natureza expansiva dos produtos de reacção – maioritariamente etringite –
resultado da reacção dos iões sulfato com os aluminatos hidratados, na presença de hidróxido de cálcio e água
No betão, os aluminatos hidratados (resultantes da hidratação do C3A - aluminato tricálcico) podem apresentar,
dependendo do teor de C3A, duas composições químicas genéricas: e
Formação de etringite
(trissulfoaluminato
de cálcio hidratado)
Dependendo do tipo de catião associado à solução de sulfato (isto é, Na+ ou Mg2+), quer o hidróxido de cálcio,
Ca(OH)2, quer o silicato de tricálcico hidratado (3CaO.2SiO2.3H2O ou C-S-H), presentes na matriz cimentícia do
betão, podem ser convertidos em gesso (CaSO4.2H2O - produto expansivo) por reacção com os sulfatos:
Reacções sulfáticas de origem interna (RSI) poderão ocorrer por contaminação dos agregados ou do cimento, por
sulfatos
A decomposição/dissolução da etringite (3CaO. Al2 O3 . 3CaSO4 . 32H2 O) poderá também contribuir para o teor de
sulfatos livres
A reacções sulfáticas internas podem desenvolver-se por:
i) formação de etringite retardada (DEF - delayed ettringite formation);
ii) ataque por sulfatos com formação de taumasite (TSA - thaumasite form of sulfate attack; CaSiO3.CaCO3.CaSO4.15H2O)
que necessita não só de uma fonte de sulfatos, mas também de iões carbonato
A corrosão da armadura de aço é uma das principais causas de deterioração das estruturas de betão, e é facilmente
induzida pela presença de iões cloreto
O mecanismo de transporte dos cloretos é complexo – estes iões penetram no betão por difusão, através da
estrutura porosa ou através de fissuras, ou podem ser misturados no betão a partir de água contaminada ou dos
agregados
A norma EN 206-1 estipula valores limite de cloreto de 0,4 % e 0,1 %, (em percentagem de peso de cimento) para
betão armado e pré-esforçado, respetivamente
Os cloretos poderão ligar-se quimicamente a compostos resultantes da hidratação do cimento, principalmente
aluminatos ou podem ficar fisicamente adsorvidos nos produtos de hidratação ou ainda existir como iões livres na
solução intersticial dos poros – apenas estes últimos irão provocar a despassivação do aço (destruição da camada
passiva) – para que a corrosão ocorra é, ainda, essencial a presença de H2O e O2
A penetração de iões cloreto no betão, não ocorre, geralmente, de um modo uniforme - as zonas das armaduras
expostas a altas concentrações de cloretos irão começar a corroer – corrosão localizada/por picadas
A oxidação do ferro é
acompanhada por aumento de
volume, que dependendo do
estado de oxidação
(isto é dos produtos) poderá
atingir os 600 %
Expansão » Fissuração
Fontes consultadas na elaboração da apresentação: