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© 2019 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil

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INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL
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Esta publicação foi possível graças ao apoio da Força-Tarefa Nu-
trição da Criança, subordinada ao Comitê de Nutrição e este ao
Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil.

Segundo o estatuto do ILSI Brasil, no mínimo 50% de seu Con-


selho Científico e de Administração deve ser composto por rep-
resentantes de universidades, institutos e órgãos públicos, sendo
os demais membros representantes de empresas associadas.

Na página 62, encontra-se a lista dos membros do Conselho


Científico e de Administração do ILSI Brasil e na página , as em-
presas mantenedoras da Força-Tarefa de Alimentos Funcionais
em 2019.

Para mais informações, entre em contato com o ILSI Brasil


pelo telefone (11) 3035-5585 ou pelo e-mail: ilsibr@ilsi.org.br

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O ILSI - International Life Sciences Institute - é uma organização


mundial sem fins lucrativos e de integração entre academia, in-
dústria e governo. Sua missão é estimular a discussão e aplicação
da ciência em temas que visam a melhora da saúde e do bem-
estar público e preservação do meio ambiente.

As afirmações e opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade


dos autores, não refletindo, necessariamente, as do ILSI Brasil. Além disso, a
eventual menção de determinadas sociedades comerciais, marcas ou nomes
comerciais de produtos não implica endosso pelo ILSI Brasil.
Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil
Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

Coordenação Geral:
Franco Maria Lajolo

Editores:
Graziela Biude Silva Duarte

Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestre e Doutora em Ciência dos
Alimentos/Nutrição Experimental pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.

Bruna Zavarize Reis

Nutricionista pela Universidade Federal de Sergipe. Mestre em Nutrição Humana Apli-


cada pela Universidade de São Paulo (PRONUT – USP). Doutora em Ciência dos Alimen-
tos/Nutrição Experimental pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Professora

Universitária de Graduação e Pós-Graduação em Nutrição.

Autores:
Franco Maria Lajolo

Graduado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade de São Paulo (1965), douto-


rado em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (1969) e pós-doutorado
pelo Massachusetts Institute of Technology (1971).Foi Diretor da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP, Pró-Reitor de Pós-graduação. Foi Vice-Reitor da Universidade de
São Paulo (2006-2010), Conselheiro Nato da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnolo-
gia de Alimentos, Coordenador Internacional de Projeto de Cooperação do Programa
Ciencia y Tecnologia para el Desarrollo - CYTED, membro da Comissão de Assesso-
ramento Técnico Científico em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos - CTCAF da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde . Eleito Membro Titular
da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Diretor e Presidente do Conselho
Científico e de Administração do International Life Science Institute (ILSI-Brasil). Segundo
Vice Presidente da SBAN Soc. Bras. Alimentação e Nutrição. Tem experiência na área de
Ciência e Tecnologia de Alimentos com ênfase em Química, Bioquímica de Alimentos e
Biologia Molecular do Amadurecimento, atuando principalmente nos seguintes temas:
alimentos funcionais, caracterização estrutural e biológica de compostos bioativos e
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biologia molecular. Membro da International Union of Food Science and Technology e


da International Academy of Food Science and Technology , IAFoST. Professor Emérito
da USP e Pesquisador Principal do FoRC - Food Reseach Center - junto à Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da USP.

Dan Waitzberg

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP (1974), Mestrado pela Uni-
versidade de São Paulo (1981) e Doutorado pela Universidade de São Paulo (1986). Atu-
almente é Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
Diretor Presidente do Grupo de Nutrição Humana e Coordenador do Grupo de Pesquisa
(NAPAN) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Tem experiência na
área de Medicina, com ênfase em Cirurgia, atuando principalmente nos seguintes temas:
Nutrição, Gastric Bypass, Índice de Massa Corporal, Obesidade Mórbida e Nutrição
parenteral.

Barbara Peters

Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica pelo GANEP e doutora em Saúde Pública


pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professora colaboradora do Pro-
grama de Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública da FSP/USP. Membro do
comitê científico da Aliança Latino-Americana para a Nutrição Responsável (ALANUR).
Atua como consultora em nutrição na empresa DuPont Nutrition & Health, dando suporte
científico para questões de proteína da soja, fibras e probióticos na América Latina.

Karina Tonon

Doutora Ciências pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo
(EPM/UNIFESP), onde desenvolveu metodologia para a análise de oligossacarídeos do
leite humano (HMOs), avaliou a composição de HMOs no leite de nutrizes brasileiras e a
sua relação com características maternas e a microbiota intestinal do lactente. É mestre
em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
graduada em Nutrição pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).
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Cintia Silva

Graduada em Nutrição pela Universidade Federal do Piauí, Especialista em Controle


de Qualidade de Alimentos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Piauí e Doutora em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da
USP. Possui experiência em Ciência e Tecnologia de Alimentos com ênfase nos seguintes
temas: desenvolvimento de produtos com propriedades funcionais, análise sensorial e
identificação de compostos bioativos presentes nos alimentos.

Marilia Seelaender

Possui graduação em Biologia pela Universidade de São Paulo (1989), Mestrado em Ciên-
cias (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo (1992) e Doutorado em Ciências
(Fisiologia Humana) pela Universidade de São Paulo (1994). Pos-Doutorado em Metabo-
lismo (Universidade de Oxford, Reino Unido, em Bioquímica da Nutrição (Universidade de
Potsdam, Alemanha), em Bioquímica do Câncer (Universidade de Barcelona, Espanha).
Livre-Docência em Histologia e Embriologia (Universidade de São Paulo, 2004). Atual-
mente é Professor Associado da Universidade de São Paulo (Departamento de Biologia
Celular), com vinculação subsidiária- Departamento de Cirurgia, FMUSP. Tem experiência
na área de Bioquímica, com ênfase em Metabolismo e Bioenergética, atuando princi-
palmente nos seguintes temas: Caquexia associada ao câncer, tecido adiposo, exercício,
suplementação nutricional e metabolismo lipídico.

Georgia Castro

Possui graduação em engenharia de alimentos pela Universidade Federal de Viçosa


(1994), mestrado em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas
(2000), e doutorado em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas
(2007). Atuou como pesquisadora sênior - Gelita do Brasil Ltda e atualmente é Gerente
de Assuntos Científicos e Regulatórios da Kraft Foods do Brasil.

Bruna Mattioni

Graduada em Química Industrial de Alimentos pela Universidade Regional do Noroeste


do Estado do Rio Grande do Sul (2007), Mestre (2010) e Doutora (2017) em Ciências dos
Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou estágio doutoral
na Kansas State University e USDA-ARS (USA). Atualmente é bolsista de pos-doutorado
no Departamento de Aquicultura da UFSC. Foi bolsista DTI no laboaratório de Nutrição
de Peixes na UFSC. Possui experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
atuando principalmente nos seguintes temas: analise fisico-química, analises cromato-
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graficas, microscopia, quimica e bioquimica de trigo, aspectos nutricionais das desordens


relacionadas ao gluten, ácidos graxos e carboidratos na nutrição de peixes. Atualmente é
integrante do Grupo de Pesquisa Grupo de pesquisa em Ciência e Tecnologia de Grãos,
Cereais e afins “CERES”, entre outros.

Tania Martinez

Possui doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela Universidade Federal


de São Paulo (1984). Atualmente é docente pós-graduação da Universidade de São
Paulo, secretaria da Sociedade Latino americana de Aterosclerose - SOLAT, docente de
pós-graduação do Instituto do Coração, livre docente em medicina pela UNIFESP. Tem
experiência na área de Medicina, com ênfase em Cardiologia, endocrinologia e medicina
laboratorial atuando principalmente nos seguintes temas: dislipidemia, aterosclerose,
colesterol e fatores de risco (cardioendócrino).

Magdalena Rossi

Possui graduação em Biologia (1992) e doutorado em Ciencias Biologicas (1996) pela


Universidad de Buenos Aires . Realizou um pós-doutorado em Fitopatologia Molecular na
Univesidade de California, Davis (1997-1998) e outro em genômica de cana-de-açúcar na
Universidade de São Paulo (1999-2004). Em 2005 ingressou como Professora Assistente
do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
e desde 2015 é Professora Associada. Utilizando abordagens de Genômica Funcional e
Fisiologia Molecular, o grupo trabalha na compreensão e manipulação do metabolismo
vegetal visando o melhoramento da produtividade e qualidade nutricional utilizando
como espécie modelo Solanum lycopersicum.

Rodrigo Garcia

Farmacêutico, formado pela Universidade Federal de Brasília (UNB), com pós-graduação


em Saúde Pública/Assuntos Regulatórios e MBA em Gerenciamento Estratégico, tem mais
de 15 anos de experiência na área de Assuntos Regulatórios, dos quais 10 exclusivamente
na área de produtos de consumo. Ocupa a posição de Diretor Sênior de Assuntos Regu-
latórios LATAM da Pfizer Consumer Healthcare, tendo trabalhado na Sanofi, Reckitt e AN-
VISA. É atualmente Presidente da ABIMIP (Associação Brasileira de Medicamentos Isentos
de Prescrição), Diretor da ABIAD (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins
Especiais e Congêneres) e da ALANUR (Aliança Latino-americana de Nutrição Responsável).
Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

Antonio Marcos Pupin


O Dr. Antonio Marcos Pupin é formado em Química pela Unicamp, é Mestre em Ciências de
Alimentos pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp e possui Doutorado em
Ciência de Alimentos pela Unicamp e pelo Central Science Laboratory (Reino Unido). Atual-
mente ocupa a posição de Gerente Sr. de Assuntos Regulatórios e Científicos da Nestlé Brasil,
é membro da Diretoria da ABIAD, é Coordenador da Força Tarefa de Alimentos Funcionais
do ILSI e também é membro do Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil.

Cristina Bogsan

Farmacêutica-bioquímica, formada pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Univer-


sidade Paulista (1999). Possui mestrado em Microbiologia e Imunologia pela Universidade
Federal de São Paulo (2002) e doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo
(2012). Exerce atividades de docência e pesquisa como Professor Doutor na área de Tec-
nologia de Alimentos no Departamento de Tecnologia Bioquímico - Farmacêutica, Facul-
dade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de
Microbiologia e Imunologia e em Ciência e Tecnologia de Alimentos, atuando nos temas:
Caracterização Funcional de Alimentos Fermentados Tradicionais e Desenvolvimento e
Caracterização Funcional de Novos Produtos Probióticos.
Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil
Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

ÍNDICE
1. Perspectivas dos alimentos funcionais bioativos e saúde 03

2. Probióticos: novas bactérias, novas funções, atualidades 05



3. Atualidades em prebióticos 08

4. Usos e benefícios dos oligossacarídeos do leite humano (HMOs) 11

5. Peptídeos e sua influência nas doenças crônicas não transmissíveis 14

6. Petídeos bioativos: benefícios do colágeno 19

7. Metabolismo celular e aplicações de aminoácidos e seus metabólitos 22

8. Bioativos dos cereais integrais: muito além das fibras 25

9. Atualizações em ômega 3 29

10. Qualidade nutricional de cultivos alimentares 32

11. Ciência e regulamentação de suplementos e probióticos 36

12. Referências bibliográficas 39

13. Diretoria / Conselho 51

14. Empresas mantenedoras 52


Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

PREFÁCIO
O Evento “Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Con-
sumo”, realizado em São Paulo, no dia 07 de novembro de 2018, foi mais uma iniciativa
da série de Simpósios Internacionais sobre Alimentos com Alegações de Propriedades
Funcionais e/ou de Saúde.

Prezando pela disseminação de conhecimento científico de qualidade, representado


pelo trabalho de pesquisadores de renomadas instituições, este material permite
àqueles que não puderam estar presentes, integrar-se às discussões tratadas durante
o evento.

O livro “Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo”,


10º volume da série de publicações ILSI Brasil sobre Alimentos com propriedades fun-
cionais e/ou de saúde, traz, em coesos capítulos, atualizações em diversos temas, dos
probióticos aos aminoácidos, dos peptídeos bioativos à biologia molecular aplicada à
produção de alimentos, passando pelo cenário regulatório e as perspectivas de inova-
ções tecnológicas.

Com revisão do conteúdo pelos próprios palestrantes, é possível, então, situar-se nos
avanços das áreas tratadas neste fiel compilado do evento.

Boa leitura!

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

1. PERSPECTIVAS DOS ALIMENTOS FUN-


CIONAIS, BIOATIVOS E SAÚDE

Dr. Franco Lajolo

O grande interesse e recentes avanços no estudo dos compostos bioativos de ali-


mentos deve-se a fatores como o reconhecimento da relação entre nutrição, saúde e
doença provenientes de diversos estudos nas áreas da bioquímica, da clínica, da epi-
demiologia e mais recentemente, da genômica. Evidências mostram que os estudos
na área da genômica nutricional e da relação com microbioma humano podem resultar
em informações mais precisas e contribuir para uma nutrição mais personalizada. As
descobertas e avanços nesta área são também de grande interesse para as indústrias
de alimentos e neste caso, para cada particularidade, um novo ambiente regulatório
para o desenvolvimento de produtos vem sendo estabelecido.

Apesar das novas descobertas de diversos estudos na área de alimentos funcionais,


outras questões ainda consideradas complexas necessitam ser melhor estudadas e es-
clarecidas. Uma destas questões é o estudo da diferença dos efeitos biológicos de um
determinado composto bioativo administrado na sua forma isolada ou em uma matriz
alimentar. Nesta abordagem é possível avaliar se um determinado composto bioativo
pode exercer uma ação sinérgica ou ainda, efeitos contraditórios com outros compos-
tos presentes em uma matriz alimentar. Outro aspecto relevante a ser estudado na área
de alimentos funcionais é a biodisponibilidade destes compostos e seus metabólitos
a partir de diferentes matrizes alimentares, ou seja, as interações e a dinâmica destes
compostos depois da ingestão e sua metabolização. O conhecimento destes dados é
importante para compreender os mecanismos de ação destes nutrientes e, posterior-
mente, propor alegações de saúde. Neste contexto, a questão da dose ou quantidade
a ser ingerida necessária para um determinado composto bioativo exercer um efeito
biológico é bastante muito relevante, mas e pouco esclarecida. Isso acontece em vir-
tude dos estudos que são realizados em diferentes modelos experimentais (in vitro, in
vivo e humanos) ondee os efeitos biológicos destes compostos são diferentes (Patil
et al., 2009). Além da complexidade em termos experimentais para a determinação
destes compostos, no caso dos estudos realizados em humanos, considerando sua
complexidade, ainda são necessários mais ensaios clínicos robustos randomizados em
diferentes populações, para que possamos demonstrar a relação entre a ingestão e os
efeitos biológicos.

Outro fator limitante no estudo em relação aos compostos bioativos de alimentos é a


necessidade de atualização das tabelas de composição de alimentos. A informações
limitadas e incompletas sobre a composição destes compostos nas bases de dados se

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

deve a fatores como: metodologias desatualizadas e inadequadas, ausência da car-


acterização estrutural dos diversos compostos e seus metabólitos, amostragens não
representativas de um determinado alimento frente à sua variabilidade do mesmo. Todos
estes fatores citados anteriormente dificultam o estabelecimento de recomendações
dietéticas para cada composto bioativo.

O Brasil é um país com uma grande variedade de frutas e vegetais, o que torna os es-
tudos na área de alimentos funcionais bastante promissores. Além dos benefícios para
a saúde, este campo abre oportunidades de inovação não só na área da agronomia,
mas também para a indústria de alimentos. No campo da agronomia, com o avanço
da tecnologia e inovação de técnicas e metodologias é possível controlar fatores como
temperatura, exposição à luz e genética de plantas por exemplo, que podem implicar
na qualidade das frutas e vegetais e, consequentemente nas concentrações de com-
postos fenólicos (Poiroux-Gonord, 2010). Desse modo, obtém-se produtos com quali-
dade nutricional que podem contribuir para a promoção da saúde. A preocupação do
consumidor com a escolha de alimentos mais saudáveis é de grande interesse para
a indústria de alimentos que ao investir em pesquisa e desenvolvimento tecnológico
na área da ciência de alimentos, como por exemplo na linha de alimentos funcionais,
proporcionará novas oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos mais
saudáveis para a população (Nehir El e Simsek, 2012).

Os mecanismos de ação dos compostos bioativos de alimentos são complexos pouco


conhecidos e podem ter influência de diversos fatores. Atualmente, sabe-se que a res-
posta aos nutrientes pode ser influenciada por fatores como a genética e a microbiota
intestinal. Nos estudos relacionados à genômica nutricional, há evidências de polimor-
fismos de impacto funcional em genes relevantes do ponto de vista metabólico que
irão determinar se o indivíduo pode ou não se beneficiar de uma determinada dieta
ou nutriente em específico (Perez-Gregorio e Simal-Gandara, 2017). Além disso, diver-
sos estudos mostram que compostos bioativos podem também modular genes em
processos metabólicos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis como da
obesidade e do diabetes melitos tipo 2 (Milenkovic et al., 2011; Chuengsamarn et al.,
2012; Berná et al., 2014; Konings et al., 2014). Sabe-se que umas das fontes de variabi-
lidade do microbioma humano é a dieta e os compostos bioativos podem exercer um
papel importante de forma direta ou após a metabolização pelo microbioma. O estu-
do destas interações é de grande relevância para compreender os efeitos fisiológicos
destes compostos na saúde intestinal, e o impacto destes resultados para a saúde do
hospedeiro (Perez-Gregorio e Simal-Gandara, 2017). Além disso, entender o papel do
microbioma na variabilidade inter-individualinterindividual da resposta ao consumo de
compostos bioativos é de fato essencial para o melhor entendimento das ações destes
nutrientes na saúde humana (Manach et al., 2017).

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

2. PROBIÓTICOS: NOVAS BACTÉRIAS,


NOVAS FUNÇÕES, ATUALIDADES
Dr. Dan Waitzberg

O microbioma gastrintestinal possui a maior e mais complexa comunidade de espécies


de bactérias que colonizam o organismo humano e está presente em quantidade três
vezes superior ao de células humanas. Grande parte da microbiota humana adulta está
presente no intestino e cada indivíduo possui uma assinatura microbiológica bacteriana
única (Maccaferri et al., 2011; D’argenio e Salvatore, 2015). No entanto, a composição
da microbiota intestinal humana pode variar de acordo com diversos fatores como
parto, alimentação durante a infância, uso de antibióticos, idade, genética e dieta (Aziz
et al., 2013). No organismo humano, a comunidade bacteriana desempenha funções re-
lacionadas à manutenção da barreira epitelial, inibição da adesão de patógenos à su-
perfície intestinal, modulação do sistema imune, biossíntese de vitaminas e produção de
ácidos graxos de cadeia curta além de muitas outras (Sanchez et al., 2017; Al-Assal et al.,
2018). Desse modo, a interação, em condições adequadas, entre as bactérias intestinais
e o hospedeiro humana é simbiótica, ou seja, a microbiota torna-se parte integrante na
manutenção da homeostase do organismo do hospedeiro (Aziz et al., 2013).

Quando há desequilíbrio na relação entre microbiota e hospedeiro, inicia-se um pro-


cesso denominado disbiose, no qual uma mudança na composição, riqueza e na bio-
diversidade da comunidade bacteriana pode ser impulsionada por um conjunto de
fatores ambientais, genéticos e de doença relacionados ao hospedeiro (Levy et al.,
2017). Estas alterações no ecossistema microbiano são caracterizadas pelo aumento
da proliferação de bactérias patogênicas e diminuição de das simbiontes e comensais.
A disbiose intestinal está associada com ao risco de desenvolvimento de desordens
intestinais e sistêmicas como doenças metabólicas, por exemplo, como obesidade,
diabetes melitus do tipo 2, câncer colorretal, doenças inflamatórias intestinais e au-
toimunes (Schippa e Conte, 2014). No ambiente intestinal considerado saudável as
células caliciformes secretam mucina para estabelecer uma barreira física, impedindo
o contato da microbiota intestinal com o epitélio adjacente, e em paralelo, as células
de Paneth produzem defensinas antimicrobianas. Quando, por exemplo, a barreira de
mucinas é comprometida diante de uma condição de doença a invasão de bactérias
patogênicas através do epitélio intestinal é facilitada, o que pode resultar em resposta
inflamatória exacerbada (Peterson et al., 2015). O aumento da permeabilidade intestinal
resultante de disbiose favorece também a maior translocação de lipopolissacárideos
(LPS) do lúmen intestinal para a circulação sanguínea, processo denominado chamado
de endotoxemia metabólica (Peterson et al., 2015; Rogero e Calder, 2018), que con-
tribuem para o estado inflamatório.

Nesse contexto, determinados alimentos funcionais como os probióticos poderiam

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

exercer efeitos benéficos sobre a composição e/ou a atividade da microbiota intestinal


do hospedeiro. A palavra “Probiótico” tem a seguinte origem: pro, do latim= “a favor”
e bios, do grego= “vida”. Um probiótico pode ser definido como microrganismos vivos
que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde
do hospedeiro (Hill et al., 2014). De modo geral, os suplementos probióticos visam
reconstituir as comunidades microbianas de um indivíduo e restaurar as interações do
mesmo com o hospedeiro. Os mecanismos de ação dos probióticos podem ocorrer
em três níveis. O primeiro ocorre no lúmen intestinal onde bactérias probióticas po-
dem interferir no crescimento ou sobrevivência de microrganismos patogênicos por
um mecanismo denominado exclusão competitiva. No segundo nível, bactérias pro-
bióticas podem interagir com o muco intestinal e o epitélio, e são capazes de aumentar
a função barreira e a resposta imune da mucosa. Já no terceiro nível, podem atuar na
resposta imune sistêmica e em outros órgãos em potencial, como o cérebro (Rijkers et
al., 2010). Os probióticos mais utilizados são: Lactobacillus spp (ex. casei spp, shirota,
brevis), Cocos gram-positivos (ex. Streptococcus thermophilus, Enterococcus faecium),
Bacilos (ex. Escherichia coli Nissle e Bacillus clausii), Bifidobacterium spp (ex. bifidum,
infantum, lactis) e Levedura (Saccharomyces boulardii).

De acordo com a Associação Cientifica Internacional de Probióticos e Prebióticos


(ISAPP), prebióticos são ingredientes alimentares seletivamente fermentados que resul-
tam em alterações especificas na composição e/ou atividade da microbiota gastrointes-
tinal, e proporcionam benefícios para a saúde do hospedeiro (Gibson et al., 2011). Os
frutooligossacarideos (FOS) e fibras solúveis, por exemplo, contribuem para o aumento
do crescimento de bifidobacterias e lactobacilos benéficos no cólon. Quando há com-
binação de probióticos e prebióticos e estes exercem efeitos sinérgicos temos os sim-
bióticos, que por sua vez, podem influenciar positivamente a composição da microbiota
intestinal e melhorar o funcionamento do intestino (Gibson et al., 2011; Binns, 2013).

Algumas doenças e desordens intestinais estão relacionadas com alterações na micro-


biota gastrointestinal e evidências mostram que os probióticos e simbióticos podem
desempenhar papel importante no alivio dos sintomas e promover benefícios à saúde
(Sanchez et al., 2017).

No quadro de diarreia aguda, a bactéria patogênica mais comuns é a Escherichia coli,


seguida por membros do gênero Salmonella, Campylobacter e Shigella. Os probióti-
cos na diarreia infecciosa atuam por meio da competição por nutrientes disponíveis e
sítios de ligação, modificando a dinâmica de pH, oxigênio, e moléculas no intestino
contribuindo para aumentar a resposta imune específica e não especifica. Os resulta-
dos mostram um efeito positivo e consistente na redução da duração e frequência das
evacuações. A diarreia associada a antibioticoterapia, está, também, relacionada com
presença e crescimento da bacteriabactéria C. difficile. Os fatores de risco associados
com àa infecção por C.diffile além do uso de antibiótico, são: idade (> 65 anos), uso de
quimioterapia, internação hospitalar por longos períodos, imunodeficiência e doença
inflamatória intestinal. Evidências mostram que determinados probioticosprobióticos

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

podem ser eficazes na prevenção deste tipo de diarreia em adultos e crianças (Sanchez
et al., 2017). Em casos de diarreia hospitalar, a profilaxia e o tratamento com probióticos
e prebióticos são seguros e reduzem efeitos colaterais dos antibióticos em pelo menos
20% dos casos (Claassen, 2014).

Em relação à constipação intestinal, observou-se que o consumo de leite fermenta-


do com probiótico bifidobacterium animalis por 11 dias reduziu o tempo de trânsito
colônico em mulheres (Bouvier et al., 2001). Um ensaio clínico randomizado, duplo-
cego, recrutou 100 mulheres adultas constipadas que passaram por observação clínica
não intervencional durante uma semana. Após esse período, as participantes foram
randomizadas no grupo que recebeu o simbiótico (probióticos + 6g de LACTOFOS®)
ou que recebeu maltodextrina (grupo controle) para uso durante 30 dias. Os resultados
mostraram que o grupo tratado com o simbiótico apresentou aumento da frequência
de evacuação e, consistência e forma das fezes próximas aos parâmetros considerados
normais (Waitzberg et al., 2013).

A síndrome do intestino irritável (SII) é uma desordem gastrintestinal comum e seu di-
agnóstico é feito por meio de critérios baseados em sintomas e sinais que incluem dor
abdominal, empachamento e alterações nos hábitos intestinais (diarreia ou constipação).
Estudos têm mostrado que a disbiose intestinal pode alterar a fisiologia gastrintestinal
(permeabilidade e motilidade intestinal, e atividade do sistema imune) e desencadear
mecanismos subjacentes à SII (Binns, 2013; Principi et al., 2018). A gravidade dos sin-
tomas na SII pode estar associada com a assinatura microbiana distinta na microbiota
fecal e de mucosa intestinal (Tap et al., 2017). A utilização de probióticos na SII é in-
teressante visto que a microbiota intestinal destes indivíduos encontra-sese encontra
quantitativamente e qualitativamente modificada. Probióticos como o Lactobacillus
spp e Bifidobacterium spp têm se mostrado eficientes em restaurar a composição nor-
mal da microbiota por apresentarem atividade antagonista contra bactérias patogêni-
cas que estão em maior quantidade (Principi et al., 2018). Dados de uma meta-análise
mostraram que outros probióticos como B. breve, B. longum e L. acidophilus apresen-
taram benefícios significativos no alivioalívio da dor. Em crianças, com SII, o uso de L.
rhamnosus teve efeito significativo na melhora da dor.

Entre as doenças inflamatórias intestinais estão a doença de Crohn e a retocolite ul-


cerativa que são caracterizadas por desregulação do sistema imune que resulta em
condição inflamatória do trato gastrintestinal. Além disso, estão associadas, na fisiopa-
tologia da doença inflamatória intestinal, a quebra da função normal de barreira ex-
ercida pelo revestimento epitelial do intestino e do muco a ele associado. Estudos
têm mostrado que os probióticos podem exercer efeitos benéficos para a microbiota
gastrintestinal e o sistema imune, tornando-os promissores para o tratamento destas
doenças. No entanto, apesar das evidências positivas, ainda não há uma conclusão
definitiva do uso de probioticosprobióticos e prebióticos para esstes pacientes (Binns,
2013; Principi et al., 2018).

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

3. ATUALIDADES EM PREBIÓTICOS

Dra. Barbara Santarosa Emo Peters

A definição do conceito de prebióticos foi sendo aprimorada ao longo dos anos e


varia de acordo com alguns autores. De acordo com Gibson et al. (2004), prebióticos
são “ingredientes fermentados seletivamente que permitem mudanças específicas,
tanto da composição quanto na atividade da microflora gastrointestinal, conferindo
benefícios ao bem-estar e saúde do hospedeiro” (Gibson et al., 2004). Seguindo essa
definição, são necessários três critérios para um prebiótico: a capacidade de resistir à
digestão do hospedeiro (ex. acidez gástrica, absorção intestinal e hidrólise por enzimas
de mamíferos), que eles sejam fermentados por microrganismos intestinais e que estes
estimulem seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias intestinais associa-
das à saúde e ao bem-estar. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organiza-
tion), caracteriza-se como prebiótico o “componente alimentar não viável que confere
um benefício à saúde do hospedeiro associado à modulação da microbiota” (Pineiro
et al., 2008). Nesse sentido, outra definição para prebióticos se refere a um “composto
não digerível que, por meio de sua metabolização por microrganismos no intestino,
modula a composição e/ou atividade da microbiota intestinal, conferindo, assim, um
efeito fisiológico benéfico ao hospedeiro” (Bindels et al., 2015). Assim, o conceito para
prebióticos exige esclarecimentos sobre especificidade, mecanismos de efeito, atribu-
tos de saúde e relevância. Desse modo, o conceito mais atual sobre prebióticos é:
“Substrato utilizado seletivamente por microrganismos hospedeiros, conferindo um
benefício para a saúde” (Gibson et al., 2017).

Diante de todas essas definições, as principais conclusões atuais sobre prebióticos in-
dicam que embora estes substratos mais atuais sejam administrados por via oral, eles
também podem ser administrados diretamente a outros locais do corpo colonizados
por microrganismos como o trato vaginal e a pele. Além disso, os efeitos na saúde
conferidos pelos prebióticos estão evoluindo e, atualmente, incluem benefícios para o
trato gastrointestinal, cardiometabólicos, saúde mental e óssea, entre outros. Os pre-
bióticos atualmente estabelecidos são à base de carboidratos, porém outras substân-
cias como polifenóis e ácidos graxos poli-insaturados convertidos nos respectivos áci-
dos graxos conjugados podem se adequar à definição atualizada (Gibson et al., 2017).
A nova definição de prebióticos é justificável em virtude de diversas questões a serem
esclarecidas. Uma das questões refere-se ao esclarecimento de que os alvos prebióti-
cos vão além da estimulação de bifidobactérias e lactobacilos e reconhece que os
benefícios para a saúde podem derivar dos efeitos de outras bactérias benéficas como
Roseburia, Eubacterium ou Faecalibacterium spp. Os probióticos dependem do me-
tabolismo microbiano, portanto, efeitos não microbianos não se encaixam na classifica-
ção atual. Além disso, esta nova definição permite que um prebiótico invoque mudan-

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ças em qualquer ecossistema microbiano do hospedeiro e não apenas no intestino. No


entanto, os prebióticos da dieta ainda devem ser não digeridos pelo hospedeiro, mas
utilizados pela microbiota. Neste novo conceito, tanto a segurança prebiótica como a
dose apropriada estão implícitas nesta definição. Uma dose apropriada deve ser sufi-
ciente para gerar um efeito prebiótico, mas não muito alto para induzir efeitos indese-
jados ou adversos como por exemplo, a formação excessiva de gás ou utilização não
seletiva. A dose “adequada” irá variar dependendo do ecossistema microbiano e dos
efeitos metabólicos associados. E, por fim, é necessária a demonstração de benefícios
para a saúde em estudos bem controlados no hospedeiro alvo (Gibson et al., 2017).

A regulação da relação simbiótica entre a microbiota intestinal e o hospedeiro ocorre


por meio de uma complexa rede de interações metabólicas, imune e neuroendócrinas
que envolvem um crosstalk entre eles. Esses sinais de interação são mediados por
metabólitos que são sintetizados por microrganismos que possuem efeitos pleiotrópi-
cos, como por exemplo metabólitos dos ácidos biliares e da colina, derivados fenóli-
cos, vitaminas e poliaminas (Kho e Lal, 2018).

Entre os candidatos com potencial papel prebiótico estão as fibras dietéticas. Os mais
amplamente aceitos como prebióticos são os fruto-oligossacarídeos (FOS), a inulina e
os galacto-oligossacarídeos (GOS). Evidências sugerem que a polidextrose (PDX) tam-
bém pode atuar como prebiótico (Do Carmo et al., 2016).

A PDX é um polímero de glicose, aleatoriamente cruzado e altamente ramificado. Em


virtude da sua complexa estrutura, a PDX não é hidrolisada por enzimas digestivas de
mamíferos e passa intacta para o cólon, no qual é fermentada de forma gradual e par-
cial pela microbiota endógena. O restante, cerca de 60%, é excretado nas fezes. Desse
modo, como a PDX não é utilizada pelo hospedeiro, a energia é fornecida apenas
pela produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) pela microbiota intestinal (~1
kcal/g) (Do Carmo et al., 2016).

Em relação à sua potencial ação prebiótica, estudos mostram que a PDX pode modi-
ficar beneficamente a composição e a atividade colônica microbiana. Ao contrário de
outros probióticos, a PDX é fermentada de forma mais lenta e se mantêm disponível
como uma fonte de carbono para a microbiota ao longo do cólon, incluindo a parte
distal. Este fator implica em uma produção sustentada de AGCC e quantidades meno-
res de gás. Além disso, a produção de AGCC resulta em uma diminuição do pH no
cólon, inibindo o crescimento de patógenos. Nesse sentido, o aumento de butirato
é capaz de promover o crescimento e o desenvolvimento do epitélio colônico. O au-
mento de AGCC na parte distal do cólon também pode mediar os efeitos benéficos
relacionados ao consumo de PDX como a absorção de minerais e a melhora da fun-
ção gastrointestinal (Jie et al., 2000; Do Carmo et al., 2016). Um estudo realizado em
animais que receberam PDX duas vezes ao dia por sonda oral (equivalente a 25g para
dose humana) observou uma redução da ingestão acumulada de alimentos, da con-
centrações de triglicerídeos e colesterol total e aumento da quantidade de gordura

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

nas fezes. Além disso, o consumo da PDX por estes animais aumentou a quantidade de
bactérias benéficas ao organismo. Verificou-se também que a PDX atua na regulação
de genes (FIAF, CD36, DGATI, FXR) relacionados ao metabolismo lipídico.

Portanto, diante das evidências e de acordo com o novo conceito estabelecido para
prebióticos, conclui-se que a PDX pode ser considerada uma fibra prebiótica.

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4. USOS E BENEFÍCIOS DOS OLIGOS-


SACARÍDEOS DO LEITE HUMANO (HMOs)
Dra. Karina Tonon

O leite é o primeiro alimento da dieta dos mamíferos e fornece nutrientes essenciais


para garantir o crescimento e desenvolvimento adequado após o nascimento (Pereira,
2014; Fao, 2015). Por ser um alimento produzido especialmente para o lactente, o
leite humano é considerado um alimento complexo e sua composição nutricional visa
atender as necessidades nesta fase da vida de acordo com seu estado metabólico
e fisiológico (Pires et al., 2013). Na composição do leite materno maduro, o carboi-
drato é o macronutriente presente em maior quantidade (~58%) quando comparado
com lipídeos (~33%) e proteínas (~8%). O carboidrato presente em maior quantidade
no leite humano é a lactose, contribuindo com aproximadamente 87% dos açúcares
presentes neste alimento, seguido por oligossacarídeos complexos denominados de
oligossacarídeos do leite humano (Human Milk Oligosaccharides – HMOs), que cor-
respondem a aproximadamente 12% e de uma pequena porcentagem de monos-
sacarídeos (~1%).

Os HMOs são considerados o terceiro maior componente do leite humano, não são
digeridos pelo lactente e apresentam mais de 200 estruturas distintas. As maiores con-
centrações destes oligossacarídeos são encontradas no colostro (20-25 g/L) e, após
duas semanas, já no leite maduro, observa-se uma redução destes açúcares (10-15 g/L).
O leite não-humano, como o leite de vaca, apresenta uma composição muito diferente
de oligossacarídeos e em concentrações muito mais baixas do que o leite humano e as
fórmulas infantis não contêm HMOs. (Coppa et al., 2004; Andreas et al., 2015; Vanden-
plas et al., 2018). Os HMOs são glicanos sintetizados a partir de cinco monossacarídeos
(glicose, galactose, N-acetil-glicosamina, fucose e ácido siálico) e são encontrados ex-
clusivamente no leite humano em quantidades significativas (Coppa et al., 2004). No
leite humano existem três principais categorias de HMOs: os fucosilados, que corre-
spondem de 35 a 50% do total de oligossacarídeos; os sializados, perfazendo de 12 a
14% e, por fim, os não-fucosilados neutros, com uma proporção de 42 a 55% do total
de HMOs (Vandenplas et al., 2018).

Os efeitos benéficos dos HMOs à saúde estão relacionados à modulação do sistema


imunológico, do desenvolvimento neurológico e da microbiota intestinal, além da
proteção a uma série de doenças, de infecções bacterianas a enterocolite necrosante
(Bode, 2012).

No lumenlúmen intestinal, os HMOs atuam como prebióticos e a grande maioria


destes oligossacarídeos alcançam o cólon na sua forma intacta e em consideráveis

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concentrações. Mais de 90% dos HMOs são encontrados intactos e não metaboliza-
dos nas fezes de crianças. Estes oligossacarídeos promovem o crescimento de bac-
térias benéficas como as dos gêneros Bifidobacteriae Bacteroides (Bode, 2009; 2012;
Donovan e Comstock, 2016). Além disso, exercem o efeito anti-adesivo , impedindo
a adesão de patógenos ao epitélio intestinal, conferindo ao lactente proteção contra
infecções e diarreia. Uma das principais causas de diarreia bacteriana está relacionada
com àa espécie Campylobacter jejuni que, na presença de HMOs fucosilados, tem
sua adesão à mucosa intestinal inibida . Estudos in vivo mostram que estes HMOs têm
um efeito inibitório na colonização por C. jejuni em camundongos lactentes e estudos
in vitro mostram uma inibição da adesão a células epiteliais. Estudos observacionais
mostraram que a incidência de diarreia em crianças amamentadas é inversamente rela-
cionada com a presença HMOs fucosilados no leite materno. (Ruiz-Palacios et al., 2003;
Bode, 2009). Dados de um estudo clinico observacional mostram que quanto maior a
concentração de HMOs no leite materno de mulheres que foram infectadas pelo vírus
da imunodeficiência adquirida (HIV), menor o risco de transmissão do vírus através
do aleitamento (Bode et al., 2012). Além dessas funções biológicas, os HMOs podem
modular de forma direta a resposta celular e no epitélio intestinal do hospedeiro. Um
estudo in vitro observou que o HMO 3’-sialilactose (3’-SL) reduziu a expressão de sialil-
transferases e diminuiu a presença de ácido siálico na superfície celular. Assim, como
consequência, a ligação de E. coli enteropatogênica foi significativamente reduzida
visto que esta bactéria utiliza o ácido siálico para se ligar à célula epitelial do hospe-
deiro (Angeloni et al., 2005).

Outro importante efeito observado dos HMOs é a proteção contra enterocolite


necrosante (EN). Estudos epidemiológicos, sugerem que a causa da enterocolite
necrosante seja multifatorial e incluem: a imaturidade intestinal, o aumento da
reação inflamatória, o uso de antibióticos e, principalmente, a disbiose intestinal oca-
sionada por uma colonização microbiana anormal no intestino e sua mucosa altamente
imunorreativa. Estudos in vivo e observacionais têm demonstrado que HMOs podem
constituir uma abordagem promissora na prevenção e tratamento da EM , mas ainda
são necessários estudos clínicos que demonstrem esse efeito. Estudos in vivo demon-
straram que o uso de HMOs pode levar a uma diminuição da reação inflamatória e caso
estes resultados se apliquem em humanos, estes oligossacarídeos poderiam ser utiliza-
dos na prevenção da enterocolite necrosante em neonatos alimentados com fórmulas
infantis (Jantscher-Krenn et al., 2012). Um HMO específico, denominado disialil-lacto-
N-tetraose (DSLNT), parece ser responsável pela proteção conferida pelos HMOs à
EN, sugerindo que este efeito é altamente especifico a esta estrutura e eventualmente
mediada pelo receptor do hospedeiro (Bode, 2012).

Evidências sugerem que o desenvolvimento e cognição do cérebro dependem, em


parte, de gangliosídeos que contêm ácido siálico. Estudos mostram que o leite hu-
mano é uma fonte importante de ácido siálico e que este composto foi encontrado,
após uma análise post-mortem de recém nascidos humanos, em maiores quantidades
no cérebro de bebês amamentados quando comparado com bebês que eram alimen-

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tados com fórmulas infantis (Wang et al., 2003; Bode, 2012). Nesse sentido, os HMOs si-
alisados contribuem de forma significativa para o ácido siálico no leite humano. No en-
tanto, ainda não é conhecido se os HMOs sialisados são os portadores primários deste
composto aparentemente importante para o desenvolvimento cerebral (Bode, 2012).

O número de publicações referentes aos HMOs é crescente e os estudos vêm demostrando


seus efeitos promissores na promoção da saúde de lactentes e seu potencial uso como
biomarcador para a identificação do risco de doenças nesta fase da vida e também
como novos modelos terapêuticos.

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5. PEPTÍDEOS E SUA INFLUÊNCIA NAS DOEN-


ÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Dra. Cintia Pereira da Silva

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são as principais responsáveis pelas


mortes em todo o mundo, representando 71% do total. A maioria dessas mortes é causa-
da pelas quatro principais DCNT, a saber: doença cardiovascular (44% de todas as mortes
por DCNT), câncer (22%), doença respiratória crônica (9%) e diabetes (4%) (WHO, 2018).

Para que a meta de reduzir a mortalidade precoce por DCNT em um terço até 2030 seja
atingida são necessárias medidas conjuntas para reduzir os principais fatores de risco
como: uso do tabaco, poluição do ar, dieta inadequada, sedentarismo e uso nocivo do
álcool (WHO, 2018). Nesse contexto, a obesidade figura como um fator de risco modi-
ficável de extrema importância no âmbito da saúde pública, destacando-se o papel da
dieta como determinante em seu desenvolvimento (González-Muniesa et al., 2017).

A deposição excessiva de gordura na obesidade tem uma etiologia multifatorial, mas


é amplamente considerado que o desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia
(balanço energético positivo) é a peça-chave para esta condição. Vários fatores atuam e
interagem na regulação da ingestão de alimentos e de armazenamento de energia, con-
tribuindo para o surgimento e a manutenção da obesidade. Entre eles, fatores neuronais,
fatores endócrinos e adipocitários e fatores intestinais (Halpern et al., 2004).

A ingestão alimentar e o gasto energético são controlados pela região hipotalâmica do


cérebro, que regula os mecanismos de fome e saciedade por meio da produção de neu-
ropeptídeos envolvidos nos processos orexígenos e anorexígenos. Os neuropeptídeos
orexígenos são o neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo agouti (AgRP); já os neuropeptí-
dios anorexígenos são o hormônio alfa-melanócito estimulador (Alfa-MSH) e o transcrito
relacionado à cocaína e à anfetamina (CART) (Halpern et al., 2004; Velloso, 2006).

A produção desses neuropeptídeos depende da interação com sinais hormonais peri-


féricos, como a leptina, insulina, grelina e glucocorticóides. A leptina, produzida no
tecido adiposo branco, atua nos receptores expressos no hipotálamo para promover a
sensação de saciedade e regular o balanço energético. Apesar da concentração deste
hormônio ser proporcional à massa adiposa, indivíduos obesos apresentam resistência
à sua ação, limitando seu efeito anoréxico (Velloso, 2006; González-Muniesa et al., 2017).

A insulina é produzida pelas células beta do pâncreas, e a sua concentração sérica tam-
bém é proporcional à adiposidade. Entretanto, sua alta concentração também está dire-
tamente relacionada a quadros de resistência. Devido ao seu efeito anabólico, a insulina

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promove a queda da glicemia, constituindo um importante estímulo para o aumento


do apetite. Por outro lado, este hormônio também interfere na secreção de entero-hor-
mônios como glucagon-like-peptide (GLP-1), que atua inibindo o esvaziamento gástrico
e, assim, promovendo uma sensação de saciedade prolongada (Halpern et al., 2004;
González-Muniesa et al., 2017).

O trato gastrintestinal possui diferentes tipos de células secretoras de peptídeos que,


combinados a outros sinais, regulam o processo digestivo e atuam no sistema nervoso
central para a regulação da fome e da saciedade. Em situações de jejum, o estômago
produz o hormônio grelina, que vai atuar no hipotálamo e promover a fome. Logo após
a ingestão de alimentos, os níveis de grelina caem, dando lugar ao aumento da secreção
de hormônios com papel anorexigênico, como a colecistocinina (CCK), o peptídeo YY
(PYY) e o glucagon-like peptide (GLP-1) (Halpern et al., 2004; Suzukiet al., 2010).

Considerando a complexa regulação do balanço energético, diversos tratamentos medi-


camentosos têm sido propostos com a finalidade de auxiliar na redução do peso cor-
poral. Entretanto, os potenciais efeitos colaterais e o elevado custo destes ressaltam a
necessidade de se buscar estratégias alternativas para o controle da obesidade e das
suas comorbidades.

Acredita-se que muitos compostos bioativos presentes nos alimentos como: a fibra ali-
mentar, os ácidos graxos ômega-3, os compostos fenólicos e os peptídeos bioativos
tenham efeitos benéficos à saúde.

Os peptídeos bioativos derivados de proteínas são cada vez mais reconhecidos por seu
vasto potencial para melhorar a saúde humana e prevenir doenças crônicas. Peptídeos
bioativos são definidos como fragmentos proteicos específicos que apresentam um im-
pacto positivo nas funções do organismo, podendo beneficiar a saúde da população
(Kitts e Weiler, 2003; Li et al., 2018).

Dependendo da sequência de aminoácidos, os peptídeos produzidos na digestão incom-


pleta podem apresentar diversas atividades, incluindo ações semelhantes a opiáceos,
imunomoduladoras, antimicrobianas, antioxidantes, antitrombóticas, anti-hipertensivas
e hipocolesterolêmicas. Muitos dos peptídeos bioativos conhecidos são multifuncionais
e podem exercer mais de um dos efeitos mencionados (Marques et al., 2015; Soares et
al., 2015; Li et al., 2018).

Diversos peptídeos bioativos foram identificados a partir de vários tipos de fontes ali-
mentares (conforme descrito no Quadro 1). Soja, ovo, leite e peixe são as proteínas mais
estudadas para a preparação de peptídeos bioativos. Além da proteólise, os peptídeos
bioativos também podem ser formados durante o processamento dos alimentos – em
particular a fermentação –, ou serem naturalmente presentes (Li et al., 2018).

Há interesse em explorar estes componentes alimentares como possíveis alternativas

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

para a prevenção da obesidade. Foi demonstrado que a proteína isolada do soro de leite
inibe a expressão do PPARy e o acúmulo de lipídios em pré-adipócitos 3T3-L1 e também
reduz significativamente o ganho de peso em ratos alimentados com dietas ricas em
gordura (Rajic et al., 2010). Os lactotripeptídeos Val-Pro-Pro e Ile-Pro-Pro também po-
dem induzir a diferenciação benéfica dos adipócitos, a adequada expressão de PPARy
e a secreção de adiponectina nas células 3T3-F442A, indicando seu potencial papel no
tratamento da obesidade (Chakrabarti e Wu, 2015).

Uma das principais comorbidades associadas à obesidade é o diabetes mellitus tipo 2


(DM2), cuja etiologia geralmente está associada ao ganho de peso e resistência à ação
da insulina. A obesidade e o excesso de nutrientes levam à supressão da via de sinaliza-
ção do receptor de insulina por aumentar a ativação das quinases JNK e IKK-b, as quais
induzem a fosforilação de resíduos de serina do substrato do receptor de insulina-1 (IRS-
1), reduzindo a ação da insulina após a ativação do seu receptor, levando ao aumento da
resistência periférica à ação da insulina (Czech, 2017; Hotamisligil, 2017).

Para pacientes com DM2, concentrações normais de glicose plasmática nos estados de
jejum ou pós-prandial é de grande importância. A glicemia pós-prandial é regulada prin-
cipalmente pelas enzimas a-glicosidase e pela dipeptidil peptidase-IV (DPP-IV). Assim, a
redução ou inibição da atividade destas enzimas é uma estratégia importante no manejo
do DM2. Nesse contexto, diversos peptídeos bioativos podem ter potencial anti-hiper-
glicêmico devido à sua capacidade de inibir a DPP-IV e aumentar os neuropeptídeos
GLP-1 e GIP, promovendo maior saciedade (Patil et al., 2015).

Peptídeos de hidrolisados de proteína de clara de ovo mostraram atividade inibitória de


a-glicosidase. Entre os oito peptídeos sintéticos, dois peptídeos, Arg-Val-Pro-Ser-Leu-
Met e Thr-Pro-Ser-Pro-Arg, demonstram maior atividade inibitória da enzima (Yu et al.,
2011). Proteína isolada do soro de leite (WPI), a-lactoalbumina, b-lactoglobulina, albumi-
na sérica e hidrolisados de lactoferrina obtidos por digestão péptica foram investigados
quanto ao seu potencial de servir como fontes naturais de inibidores de a-glicosidase e
DPP-IV. Os peptídeos gerados a partir das proteínas do soro do leite foram capazes de
inibir as duas enzimas, apresentando potenciais efeitos benéficos na regulação da glice-
mia (Lacroix e Li-Chan, 2013).

Os inibidores enzimáticos agem por competição na ligação ao sítio ativo da enzima. A


presença de Leucina e Prolina na sequência do peptídeo parece ser relevante para que
este exerça tal inibição. A atividade inibitória da DPP-IV depende da composição e se-
quência dos aminoácidos, não do comprimento da proteína (Patil et al., 2015).

Estudos em humanos demonstram o potencial terapêutico dos peptídeos bioativos


no manejo do DM2. Em pacientes portadores da doença foi avaliado o impacto da co-
ingestão de proteínas intactas ou hidrolisadas associadas a carboidratos nas respostas
plasmáticas pós-prandiais de insulina e glicose. Os pacientes receberam uma única dose
de carboidrato (0,7 g/kg, grupo CHO) com ou sem uma proteína de caseína intacta (0,3

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g/kg, grupo PRO) ou seu hidrolisado (0,3 g/kg, grupo PROh). Os resultados mostraram
que a co-ingestão de proteínas aumentou significativamente a liberação de insulina pós-
prandial e reduziu em cerca de 23% a glicose plasmática pós-prandial quando compara-
da ao grupo CHO. Os autores sugerem que a co-ingestão proteica representa uma estra-
tégia dietética eficaz para atenuar o aumento pós-prandial na concentração de glicose
em pacientes com DM2 (Manders et al., 2014).

Um estudo duplo-cego avaliou o efeito da carga, do tipo (soja ou proteína de soro de


leite) e da forma (intacta ou hidrolisada) de proteínas incorporadas em uma bebida
de fruta, produzida industrialmente, na resposta de insulina e glicose em 25 homens
saudáveis. Foi observado que todas as bebidas contendo 6% de proteína aumentaram
a resposta à insulina e diminuíram o nível de glicose no plasma quando comparadas à
bebida controle. No que diz respeito ao aumento do peptídeo C plasmático, apenas a
bebida enriquecida com proteína isolada do soro do leite a 6% apresentou efeito signifi-
cativo em relação à bebida controle (Méric et al., 2014).

É importante salientar que a maior parte dos estudos sobre os efeitos dos peptídeos
bioativos foram realizados in vitro ou em animais. Dessa forma, ainda não é possível esta-
belecer seus efeitos em seres humanos. Entretanto, os resultados parecem promissores
e encorajam o desenvolvimento de mais pesquisas nesta área.

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Quadro 1: Exemplos de peptídeos bioativos derivados de proteínas alimentares e seus


mecanismos de ação.

Fonte: Adaptado de Li et al., 2018.

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6. PEPTÍDEOS BIOATIVOS: BENEFÍCIOS


DO COLÁGENO
Dra. Geórgia Alvares de Castro

O Colágeno é uma proteína estrutural e o principal componente do tecido conjuntivo.


Ela é encontrada abundantemente na pele, tecido conectivo, tendões, ligamentos, mús-
culo esquelético e vasos sanguíneos, sendo considerada a proteína mais abundante em
seres humanos (Zdzieblik et al., 2015).

O colágeno é considerado como uma proteína de baixo valor biológico, principalmente


devido à ausência do aminoácido triptofano. No entanto, a mistura de aminoácidos tem
se mostrado superior em comparação com a proteína do soro na manutenção do equilí-
brio de nitrogênio e do peso corporal durante uma dieta de baixa proteína (Hays et al.,
2009). Além disso, o colágeno contém quantidades relativamente altas de arginina e
glicina, ambas conhecidas como importantes substratos para a síntese de creatina no
corpo humano (Zdzieblik et al., 2015). Também observa-sese observa no perfil amino-
acídico do colágeno que mais de 50% da sua composição são os aminoácidos: glicina,
prolina e o aminoácido utilizado como biomarcador, a hidroxiprolina (Courts, Food Sci-
ence and Technology, 1977).

Figura 1: Absorção, distribuição e efeito biológico do peptídeo bioativo de colágeno.

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O processo de hidrólise enzimática do colágeno produz peptídeos de colágeno que são


considerados ingredientes alimentícios e alguns apresentam bioatividade. Essa estraté-
gia tem se mostrado eficaz para aumentar a biodisponibilidade desta proteína e poten-
cializar seus efeitos biológicos, uma vez que os peptídeos são rapidamente absorvidos
no intestino delgado na forma intacta (Oesser et al., 1999; Ohara et al., 2007), podendo
ser distribuídos e acumulados em tecidos-alvo e exercer efeito regulatório (Figura 1).

É importante salientar que nem todo peptídeo de colágeno é considerado um pep-


tídeo bioativo de colágeno (BCP). Para ser considerado peptídeo bioativo a hidrólise
deve acontecer de maneira específica e controlada (Figura 2). A hHidrólise térmica e/ ou
química não controlada produz peptídeos de colágeno sem qualquer uniformidade e
especificidade não sendo possível atribuir os efeitos biológicos observados com o BCP.

Figura 2: Processo de obtenção dos peptídeos de colágeno e dos peptídeos bioativos


de colágeno (BCP).

Os peptídeos bioativos são cada vez mais reconhecidos por seu vasto potencial para
contribuir com a manutenção da saúde favorecendo o processo anabólico, ou seja,
mantendo a homeostase destes tecidos naturalmente ricos em colágeno que estão con-
stantemente em estresse oxidativo. Peptídeos bioativos são definidos como fragmentos
proteicos específicos que apresentam um impacto positivo nas funções fisiológicas e
metabólicas do organismo, podendo beneficiar a saúde da população (Kitts e Weiler,
2003; Li et al., 2018). É importante ressaltar, ainda, que nem todos os peptídeos de co-
lágeno são iguais, havendo diferenças importantes em relação ao à massa molecular e
aos aminoácidos terminais, conferindo características diferentes, com funções biológicas
distintas, Estas características específicas ocorrem devido ao processo único de obtenção
destes BCPs, sendo, geralmente, patenteados, pois conferem especificidade biológica
de acordo com a distribuição da massa molecular destes peptídeos (Figura 2).

Estudos em roedores mostraram que a administração de peptídeos de colágeno aumen-


tou a matriz óssea (Watanabe-Kamiyama et al., 2009), melhorou o metabolismo ósseo
(Benhamou et al., 2009; Guillerminet et al., 2010) e aumentou a resistência biomecânica
das vértebras (De Almeida Jackix et al., 2010).

Em mulheres na pós-menopausa, a suplementação com 5 g/dia de peptídeos bioativos


de colágeno aumentou a densidade mineral óssea. Além disso, essa suplementação foi

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associada a uma mudança favorável nos marcadores ósseos, indicando aumento da for-
mação óssea e redução da degradação óssea, favorecendo a homeostase óssea (König
et al., 2018).

A suplementação com BCP também parece ser eficaz na melhora da força muscular em
indivíduos com sarcopenia. Um estudo duplo-cego realizou a suplementação com 15
g/dia de BCP durante 12 semanas em idosos, associada a um treinamento de resistên-
cia 3 vezes/semana. Em comparação ao grupo placebo, os indivíduos que receberam o
BCP apresentaram maior ganho de força, maior ganho de massa livre de gordura (tecido
muscular esquelético) e maior redução de massa de gordura (p<0,05), demonstrando ser
uma estratégia coadjuvante eficaz no tratamento da sarcopenia em idosos (Zdzieblik et
al., 2015; Jendricke et al., 2019; Oertzen-Hagemann et al., 2019).

Além de auxiliar no tratamento da sarcopenia, a suplementação com colágeno também


auxilia na recuperação do desempenho físico após um treinamento resistido de alta in-
tensidade em homens jovens e treinados. O colágeno não apresentou diferença quando
comparado à proteína do soro do leite (whey), demonstrando que a recuperação da
força muscular, bem como os desempenhos anaeróbico ou aeróbico não são marcada-
mente influenciados pelo tipo de suplemento proteico (Rindom et al., 2016).

Uma recente metanálise de ensaios clínicos randomizados investigou a eficácia e


segurança de suplementos alimentares para pacientes com osteoartrite. Os autores
concluíram que a suplementação com colágeno apresenta melhoras significativas
na dor em pacientes com osteoartrite de mão, quadril ou joelho a curto e médio
prazo (Liu et al., 2018).

Além dos efeitos à saúde, os peptídeos bioativos de colágeno tem sido bastante estu-
dados com em relação aos seus efeitos na fisiologia cutânea atuando no aumento de
elasticidade e prevenção do envelhecimento e rugosidade da pele. Um estudo duplo-
cego conduzido com 69 mulheres com idade entre 35 e 55 anos comparou os efeitos da
suplementação de BCP em diferentes doses (2,5 g/dia e 5 g/dia) durante oito semanas.
No final do estudo a elasticidade da pele em ambos os grupos que recebeu receberam
BCP mostrou uma melhoria significativa em comparação ao placebo, sendo ainda mais
evidente entre as mulheres com mais de 55 anos (Proksch et al., 2014). A rugosidade de
uma mesma paciente do grupo de intervenção após 8 semanas, reduziu em 32% em
relação ao tempo zero, e 49,9% em relação ao grupo placebo (p<0,05) (Proksch et al.,
2014). Outro estudo, quantificou a biossíntese de próo-colágeno e elastina na pele de
indivíduos do grupo de intervenção. Houve um aumento de 65% de próo-colágeno e
18% de elastina após 8 semanas (Proksch et al., 2014).

Dessa forma, considerando as diversas funções biológicas dos BCP ressalta-se a sua
relevância como tratamento coadjuvante em situações que aumentam a demanda fisi-
ológica de proteínas e, particularmente, de colágeno pelos tecidos naturalmente ricos
em colágeno nos seres humanos.

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7. METABOLISMO CELULAR E APLI-


CAÇÕES DE AMINOÁCIDOS E SEUS
METABÓLITOS
Dra. Marilia Seelaender

A sarcopenia é definida como a perda de massa muscular frequentemente observada


com a idade avançada, sem haver, no entanto, perda de peso corporal. Ela está asso-
ciada à incapacidade, mobilidade reduzida, hospitalização e várias comorbidades, inclu-
indo comprometimento cognitivo (Edwards e Buehring, 2015; Tolea e Galvin, 2015). A sua
prevalência é maior entre mulheres, entretanto após os 80 anos esse quadro se inverte,
observando-se uma maior prevalência entre homens (Beaudart et al., 2015).

Há alguns anos a sarcopenia foi reconhecida como doença, recebendo um CID (código
internacional de doença) identificado como M62.84 (Anker et al.., 2016). Isso deve pro-
porcionar um aumento na disponibilidade de ferramentas de diagnóstico e um maior
interesse no estudo de drogas para o seu tratamento.

Uma das causas da sarcopenia do idoso é a baixa ingestão de proteínas, nutriente essen-
cial para a manutenção da massa muscular. Entre os idosos observa-se que esse nutriente
é capaz de promover saciedade demasiadamente prolongada, podendo comprometer
o apetite ao longo do dia (Paddon-Jones e Leidy, 2014).

Associado a esste fator, observa-se que o envelhecimento tem sido associado a uma
redução da síntese proteica muscular em resposta à ingestão de proteínas, denominada
“resistência anabólica”. Alguns autores sugerem que esse quadro de resistência é de-
rivado da deficiência na digestão e absorção de proteínas, menor perfusão e, conse-
quentemente, menor captação de aminoácidos no tecido muscular e redução da ex-
pressão de vias de sinalização anabólica (Burd et al., 2013).

Outro fator que contribui para o desenvolvimento e agravamento da sarcopenia é o en-


velhecimento associado à inflamação sistêmica crônica de baixo grau, conhecido como
inflammaging (Franceschi, 2007).

Diferentemente da sarcopenia, a caquexia refere-se à perda de peso generalizada em


consequência a doenças, sendo acompanhada por perda de massa muscular (compo-
nente sarcopênico). Ela é frequentemente observada em pacientes com doenças crôni-
cas ou terminais, como câncer, AIDS, insuficiência cardíaca congestiva, tuberculose,
doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, artrite reumatoide (AR), doença de
Crohn e outras (Kotler, 2000).

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Até hoje não há tratamento único que reverta a caquexia e a sarcopenia inflamatória
associada àsa doenças crônicas. A associação da atividade física a um correto manejo
dietético é a principal abordagem na prevenção da sarcopenia. Considerando apenas
o manejo dietético, deve-se considerar que o aumento na ingestão total de proteínas
pelo paciente irá proporcionar maior saciedade, podendo reduzir a ingestão calórica
total. Sendo assim, é importante priorizar a ingestão de tipos específicos de proteínas e
aminoácidos que sejam mais eficientes em atenuar a perda de massa magra associada à
resistência anabólica e à doença crônica.

Nesse contexto, diversos estudos defendem o uso de aminoácidos de cadeia ramificada


(ACR), particularmente a leucina e seu metabólito beta-hidroxi-beta-metilbutirato (HMB),
uma vez que possuem efeitos comprovados no aumento da síntese proteica, redução da
proteólise e proteção das células musculares (Barillaro et al., 2013).

A leucina estimula processos anabólicos através da ativação do mTOR, além de contribuir


para a síntese de alanina e glutamina muscular e atenuar a perda muscular esquelética
(Paddon-Jones e Rasmussen, 2009). Um estudo multicêntrico com seis países europeus
demonstrou que a suplementação com 3 g/dia de leucina associada à vitamina D foi
eficaz em aumentar a massa muscular de idosos (Bauer et al.., 2015). Uma meta-análise
de 16 estudos de suplementação de leucina em indivíduos idosos demonstrou exercer
efeitos benéficos sobre o peso corporal, índice de massa corporal (IMC) e massa magra
em indivíduos propensos à sarcopenia (Komar et al., 2015).

Em pacientes com caquexia induzida pelo câncer de pulmão, a ingestão de 14 g de ami-


noácidos essenciais (40% leucina) aumentou a síntese proteica e anabolismo proteico líqui-
do (Engelen et al., 2015). Os autores concluíram, ainda, que o alto potencial anabolizante
dos aminoácidos essenciais na dieta em pacientes com câncer é independente de seu es-
tado nutricional, resposta inflamatória sistêmica ou história da doença, sugerindo um papel
fundamental dos aminoácidos essenciais em novas abordagens nutricionais para prevenir
a perda muscular, melhorando assim o resultado de pacientes com câncer avançado.

Em relação à segurança na suplementação de leucina, sugere-se que uma ingestão de


até 250 mg/Kg/dia não oferece riscos à saúde (Millward, 2012).

O HMB é o metabólito da leucina que ativa de forma consistente a via de sinalização do


mTOR, além de modular a degradação e aumentar a síntese proteica, participa também
na estabilização da membrana da célula muscular, ajudando a mantê-la intacta (Eley et
al., 2007; Zanchi et al., 2011). Grande parte dos efeitos observados com a suplementação
de leucina podem pode ser atribuídaos a este metabólito.

A suplementação com HMB é capaz de aumentar seus níveis plasmáticos, podendo ser
efetivamente captado pelo músculo esquelético (Vukovich, Slater, et al., 2001) e a sua
segurança é estabelecida com doses de até 6 g/dia sem efeitos tóxicos (Molfino et al.,
2013; Wilson et al., 2013).

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Vukovich e colaboradores demonstraram que a suplementação com 3 g/dia de HMB em


idosos foi capaz de reduzir a massa de gordura e aumentar a massa magra (Vukovich,
Stubbs, et al., 2001). Resultados semelhantes foram observados em estudos que suple-
mentaram HMB associado à atividade física (Stout et al., 2015), estratégia que pode in-
tensificar o ganho de massa muscular.

A carnitina também parece ter papel relevante em situações como a sarcopenia e a


caquexia. Ela é um aminoácido trimetilado que facilita a transferência de ácidos graxos
de cadeia longa do citoplasma para as mitocôndrias, onde são processados por oxida-
ção para produzir ATP (Silvério et al., 2011).

Em ratos com caquexia induzida por sarcoma a suplementação de carnitina atenuou a


perda de massa magra e diminuiu as concentrações de interleucina-1 (IL-1) comparadas
ao grupo controle, sugerindo que a carnitina pode melhorar a caquexia do câncer por
meio da redução do estado inflamatório (Laviano et al., 2011).

Portanto, considera-se que a combinação de aminoácidos e e metabólitos que modulem


modula as vias de aquisição/ perda de massa magra devem ser priorizadas no manejo da
sarcopenia e da caquexia.

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8. BIOATIVOS DOS CEREAIS INTEGRAIS:


MUITO ALÉM DAS FIBRAS
Dra. Bruna Mattioni

O consumo de cereais pela espécie humana é datado de pelo menos 14 mil anos atrás,
na forma de pão, na região do crescente fértil (Arranz-Otaegui et al., 2018).

Os cereais são gramíneas cujas sementes (grãos) são caracterizadas pela semelhança
na estrutura anatômica. Para ser considerado integral, o cereal deve apresentar o grão
intacto, quebrado ou flocado após a remoção de partes não comestíveis, como a casca,
mantendo o endosperma, o gérmen e o farelo nas mesmas proporções relativas como
existem no grão intacto (Van Der Kamp et al., 2014; Ross et al., 2017).

Os grãos de cereais têm três componentes anatômicos principais (endosperma, o gér-


men e farelo), cada um relacionado à sua função dentro da semente e cada um com
uma composição única, que afeta o valor nutricional das diferentes espécies de grãos.
O farelo é uma estrutura de múltiplas camadas e é considerado a proteção da semente.
(Figura 1).

Figura 1: Estrutura anatômica de um grão de trigo integral e sua respectiva composição


nutricional.

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Fonte: Adaptado de Seal et al. (2016).

As camadas externas (farelo) podem ser removidas com grande precisão em métodos
modernos de moagem. Entretanto, a remoção de cada camada afeta o perfil nutricional
do grão, com perdas significativas de fibras, vitaminas, minerais e fitoquímicos – compro-
metendo o potencial antioxidante deste alimento (Seal et al., 2016).

A maior parte do grão é o endosperma, que corresponde a até 85% do peso seco dos
cereais. Nutricionalmente, o endosperma é composto majoritariamente por amido, e,
em menor proporção, por proteínas (Seal et al., 2016).

O gérmen é a menor fração do grão, constituindo cerca de 2,5% do peso total. Ele possui
altos teores de lipídios, proteínas e minerais como K, Ca, Mg e Zn, além de vitamina A,
tocoferóis e tocotrienóis (Seal et al., 2016).

Tabela 1: Principais cereais e pseudocereais consumidos no mundo.

Fonte: Van Der Kamp et al., 2014.

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Alguns alimentos apresentam composição nutricional semelhante aos cereais, além de


serem utilizados para finalidades equivalentes. Entretanto, a sua característica botânica
é diferente, sendo considerados pseudocereais (Tabela 1) (Van Der Kamp et al., 2014).
Alimentos como linhaça, chia, gergelim (sementes) e soja, lentilha e grão-de-bico (legu-
minosas) são comumente confundidos com cereais ou pseudocereais. Entretanto, estes
alimentos não apresentam qualquer semelhança nutricional ou botânica que os permi-
tam essa classificação.

Os compostos bioativos dos cerais integrais veem recebendo destaque na literatura desde
que algumas pesquisas mostraram que o conteúdo de fitoquímicos e a atividade antioxi-
dante desse grupo alimentar é maior do que o esperado. Além disso, a composição de
fitoquímicos dos grãos integrais se diferencia daquela observada em frutas e hortaliças,
fazendo com que esses grupos alimentares se complementem na alimentação (Liu, 2007).

A maioria dos fitoquímicos dos grãos integrais estão presentes na fração farelo/gérmen
(Figura 1). Na farinha de trigo integral, a fração farelo/gérmen contribui com 83% do con-
teúdo total de fenólicos, 79% do teor total de flavonoides, 78% do total de zeaxantina,
51% do total de luteína e 42% do total de b-criptoxantina (Liu, 2007).

Tendo em vista a composição nutricional do cereal integral, diversos estudos populacio-


nais e meta-análises objetivaram avaliar o efeito do seu consumo na saúde. Seu consumo
habitual parece estar associado ao menor peso corporal (O’neil et al., 2010; Giacco et
al., 2011), melhor saúde intestinal (Slavin et al., 1999; Slavin, 2003) e redução do risco de
diabetes, doença cardiovascular e câncer (Aune et al., 2016; Benisi-Kohansal et al., 2016;
Zong et al., 2016).

Um importante estudo publicado no Journal of American Medical Association (JAMA)


avaliou a associação entre o consumo de cereais integrais e o risco de mortalidade
em dois grandes estudos prospectivos de coorte. Foram avaliadas 74.341 mulheres do
Nurses’ Health Study (1984–2010) e 43.744 homens do Health Professionals Follow-Up
Study (1986–2010). Os autores observaram que a cada porção de 28 g de grãos integrais
consumidos ao dia houve uma redução em 5% na mortalidade total (95% IC: 2% - 7%) e
em 9% na mortalidade por doenças cardiovascular (95% IC: 4% -13%), independente de
outros fatores dietéticos e de estilo de vida (Wu et al., 2015).

Os benefícios à saúde conferidos pelos grãos integrais se devem à sua ampla composição
nutricional, que inclui fibras, vitaminas, minerais e fitoquímicos, além de um potencial
antioxidante elevado (Slavin, 2003). A Figura 2 esquematiza os possíveis mecanismos de
ação dos cerais integrais na saúde, ilustrando as interações entre os componentes dos
grãos integrais e a microbiota, com implicações importantes na saúde e na doença.

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Figura 2: Interações entre os componentes dos grãos integrais e a microbiota, com suas
possíveis implicações na saúde e na doença.

Fonte: Slavin (2003).

A recomendação de ingestão preconizada pela maioria dos estudos e adotada em diver-


sos países é de uma a três porções de cereais integrais ao dia, equivalente a 48 g/dia de
grãos integrais para adultos (Seal et al., 2016).

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9. ATUALIZAÇÃO EM ÔMEGA 3
Dra. Tânia Martinez

Os ácidos graxos são classificados de acordo com o numeronúmero de ligações duplas


em sua cadeia: saturados, monoinsaturados e polinsaturados. Na alimentação os princi-
pais ácidos graxos saturados são o palmítico, o láurico, o miristico e o esteárico. Entre os
monoinsaturados está o ácido oleico, e em relação ao polinsaturados, estes podem ser
classificados em ômega-3 ou ômega-6 (Faludi et al., 2017).

Os ácidos graxos ômega-3 são compostos pelo ácido alfa-linolênico (ALA-C18:3) que é
proveniente de fontes de origem vegetal como a soja, a canola e a linhaça, e pelos áci-
dos eicosapentaenoico (EPA – C20:5) e docosa-hexaenoico (DHA – C22:6), cuja as princi-
pais fontes alimentares como peixes e outros frutos do mar. O óleo de peixe de bacalhau
é conhecido pelo seu alto teor de ômega-3 e é obtido de peixes oleosos ou magros. Os
ácidos graxos ômega-3 são essênciasessenciais para a saúde humana e são adquiridos
por meio da alimentação visto que mamíferos são incapazes de sintetizá-los por limita-
ções biossintéticas. A bioconversão do ácido alfa-linolênico em mamíferos resulta na for-
mação de EPA e DHA por meio de processos de elongações e dessaturações e pode ser
influenciada por fatores fisiológicos e externos. (Calder, 2012; Faludi et al., 2017). Em pro-
porções adequadas, tanto EPA quanto o DHA podem ter influência na natureza física das
membranas celulares, nas respostas mediadas por proteínas de membrana, na geração
de mediadores lipídicos, na sinalização celular e na expressão gênica de diferentes tipos
de células. Desse modo, esses nutrientes podem impactar tanto na fisiologia das células
e dos tecidos, bem como na resposta destes aos sinais externos (Calder e Yaqoob, 2009).

Os primeiros dados dos benefícios do consumo de ácidos graxos ômega-3 são proveni-
entes de um estudo onde observou-se que esquimós residentes na Groenlândia tinham
uma menor incidência de doenças cardiovasculares comparado com outras populações
do mundo. Os autores desta pesquisa, verificaram que esta população consumia grandes
quantidades de peixes, focas e outros animais marinhos daquela região, ricos em ôme-
ga-3 (Dyerberg e Bang, 1979). Segundo dados da FAO (2018), o consumo de pescados
por ano é de cerca de 5 a 10kg, com previsão de aumento para toda região da América.

Os principais mecanismos de ação dos ácidos graxos ômega-3 estão relacionados com
efeitos nos marcadores inflamatórios e de disfunção endotelial, alteração nos níveis de
lipídeos plasmáticos, ação antitrombótica, prevenção da arritmia cardíaca, redução da
pressão arterial, estresse oxidativo e efeito nos níveis de homocisteina e óxido nítrico.
Nesse contexto, os benefícios clínicos do consumo desses ácidos graxos polinsaturados
estão associados ao seu efeito hipolipemiante, hipotensor, anti-agregante, anti-arritimi-
co e anti-inflamatório.

Os ácidos graxos ômega-3 promovem a diminuição da concentração sérica de triglicéri-

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des (TG) por meio da diminuição da síntese hepática de VLDL por meio de mecanis-
mos que incluem: a redução da disponibilidade de ácidos graxos para a síntese de TG
em virtude da diminuição da lipogênese de novo; aumento da beta-oxidação de ácidos
graxos; redução da captação de ácidos graxos não esterificados para o fígado; redução
de atividade enzimática para síntese de TG e aumento da síntese hepática de fosfolipí-
dios (Harris et al., 2008; Mozaffarian e Wu, 2011).

O consumo de ômega-3 exerce um efeito hipotensor por meio da redução da frequência


cardíaca de repouso e a pressão arterial. Nestes casos, sugere-se que os ácidos graxos
ômega-3 atuem de forma indireta como por exemplo por meio da melhora do enchi-
mento diastólico do ventrículo esquerdo ou pelo aumento do tônus vagal. Evidências
indicam que os ácidos graxos ômega-3 aumentam a produção de oxido nítrico, atenu-
ando as respostas vasoconstrictoras à noraepinefrina e angiotensina II, aumentando as
respostas vasodilatadoras. Desse modo, estes mecanismos contribuem para a redução
da resistência vascular e pressão arterial (Mozaffarian e Wu, 2011). No entanto, estes
efeitos são pequenos e doses-dependente. O consumo de altas doses (> 3g/dia) reduz
a pressão arterial em aproximadamente 3mmHG (Morris et al., 1993).

O efeito anti-trombótico associado à ingestão dos ácidos graxos ômega-3 está asso-
ciado à inibição da síntese de tromboxano A2, um eicosanoide responsável por induzir a
agregação plaquetária em detrimento da produção do tromboxano A3. O tromboxano
A2 tem sua produção reduzida de forma competitiva na presença destes ácidos graxos
(Cintra et al., 2017). No entanto, em estudos realizados com humanos os efeitos do con-
sumo de ômega-3 na agregação plaquetária e nos fatores de coagulação ainda não são
consistentes (Mozaffarian e Wu, 2011).

A avaliação do potencial efeito antiarrítmico dos ácidos graxos ômega-3 em humanos


ainda é um desafio em virtude da falta de biomarcadores fisiológicos precisos para quan-
tificar o potencial antiarrítmico. No entanto, estudos in vitro e in vivo sugerem que esses
efeitos estão relacionados com a influência direta dos ácidos graxos ômega-3 com a ele-
trofisiologia de miócitos atriais e ventriculares que seriam potencialmente mediadas por
efeitos nos íons dos canais de membrana ou conexões de células. Um estudo observa-
cional e um ensaio clinico randomizado verificaram que o consumo de ômega-3 reduziu
o risco de morte súbita (Mozaffarian e Wu, 2011).

Os ácidos graxos ômega-3 podem atuar no processo inflamatório por diversos mecanis-
mos associados por exemplo à composição fosfolipidica da membrana celular, o que
resulta na síntese de mediadores lipídicos de baixo potencial inflamatório. Além disso,
podem atuar como agonistas do receptor de ativação de proliferação de peroxissomas
(PPAR), que uma vez ativado exerce efeitos anti-inflamatórios ao impedir a ativação de fa-
tores de transcrição (NF-k B; AP-1) e, consequentemente a expressão de genes pró-infla-
matórios (TNF-a, IL-6, IL-1b). Outro mecanismo associado a esta função anti-inflamatória
está associado ao receptor acoplado à proteína G-120 (GPR120). Os ácidos graxos ôme-
ga-3, tanto EPA como DHA, são capazes de se ligar a este receptor e ao final do processo

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que inclui váarias etapas, inibir a via de sinalização do NF-kB, reduzindo a expressão de
genes com ação pró-inflamatória. Nesse contexto, os ácidos graxos ômega-3 também
estão envolvidos na modulação da produção de prostaglandinas, importantes para a
resposta inflamatória (Calder, 2010; Cintra et al., 2017). Em relação a biomarcadores in-
flamatórios como por exemplo a proteína C- reativa (PCR), não foi observado mudanças
neste parâmetro. Desse modo, ainda não está claro se estes efeitos são clinicamente
significativos diante das recomendações de ingestão habituais (Mozaffarian e Wu, 2011).

De acordo com dados a nova Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção


da Aterosclerose (2017), os dados ainda são controversos em relação ao consumo de
peixes ricos em ômega-3 e a prevenção secundária de eventos cerebrovasculares. Em re-
lação à prevenção primária, o consumo diário de 250mg de EPA e DHA pela alimentação
foi associado à uma redução de 35% da morte súbita. No caso dos efeitos na redução do
risco cardiovascular, apesar das correlações positivas com as concentrações séricas de
EPA e DHA, os estudos clínicos randomizados recentes não comprovam benefícios com
a suplementação destes ácidos graxos ômega-3 na redução de eventos como infarto
agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e morte por doença cardiovas-
cular (Faludi et al., 2017). Ainda segundo a diretriz, outra fonte importante de ômega-3
(EPA e DHA) e que ocorrem naturalmente na forma de fosfolípides é o óleo de krill. Por
ser hidrossolúvel, o óleo de krill apresenta melhor digestibilidade e não tem risco de
contaminação por mercúrio (Faludi et al., 2017). Evidências recentes indicam que o baixo
consumo de ácidos graxos ômega-3 pode predispor alguns indivíduos à depressão e
ansiedade e que a suplementação com estes compostos poderia ser uma estratégia
importante na prevenção ou ainda no tratamento dessas doenças. No entanto mais es-
tudos na área ainda são necessários para maiores esclarecimentos da atuação destes
ácidos graxos neste contexto (Larrieu e Layé, 2018).

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10. QUALIDADE NUTRICIONAL DE CULTI-


VOS ALIMENTARES
Dra. Magdalena Rossi

As deficiências de micronutrientes ainda acometem mais de 1 bilhão de pessoas em


todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento, sendo consideradas fa-
tores de risco à saúde e sobrevivência de grupos vulneráveis (Wang et al., 2016; Gödecke
et al., 2018).

Mudanças demográficas, sociais e econômicas rápidas em muitos países de baixa e mé-


dia renda levaram ao aumento da urbanização e mudanças nos sistemas alimentares, es-
tilos de vida e hábitos alimentares. Como consequência, os padrões alimentares muda-
ram para o aumento do consumo de alimentos processados que são frequentemente
ricos em energia, em gorduras saturadas, açúcar e sal e pobres em fibras e vitaminas.
Nesse contexto, enquanto persistem grandes prevalências de déficit de crescimento e
desnutrição na infância, observa-se um aumento simultâneo de sobrepeso e obesidade
em todas as faixas etárias, geralmente nos mesmos países e comunidades com níveis
relativamente altos de desnutrição infantil. Essa coexistência de desnutrição com so-
brepeso e obesidade é comumente referida como o “duplo ônus” da desnutrição (FAO,
2018; Gödecke et al., 2018).

Além disso, os indivíduos com sobrepeso e obesidade também podem ser afetados
por deficiências de micronutrientes (vitaminas e minerais), que geralmente são causadas
pela ingestão dietética insuficiente ou baixa biodisponibilidade. Por cursarem por vezes
despercebidas, estas deficiências têm sido denominadas como “Fome Oculta” (FAO,
2018; Gödecke et al., 2018).

Embora a deficiência de micronutrientes seja de elevada prevalência em muitas regiões


do mundo e apresente elevado impacto social, existem alternativas de solução de relati-
vo baixo custo e alta efetividade. Os programas incluem desde a diversificação alimentar
para promover o consumo dos alimentos ricos em vitaminas e minerais, a distribuição de
suplementos medicamentosos, até a fortificação de alimentos (FAO; WHO, 2018).

Apesar dos esforços da fortificação industrial estarem se tornando mais difundidos nos
países em desenvolvimento, estes são limitados por seus custos contínuos e pela cober-
tura imperfeita da população-alvo, particularmente a população rural pobre e crianças jo-
vens (FAO; WHO, 2018). A principal desvantagem do uso de suplementação é o seu
custo relativamente alto. Além disso, enquanto certas populações são fáceis de alcançar
através das instituições existentes (por exemplo, crianças em idade escolar através das
escolas), muitas vezes é difícil de realizar uma cobertura completa de mais pessoas em
risco, mulheres pobres e crianças muito jovens. Assim, a suplementação tem sido muitas

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vezes mais eficaz quando entregue juntamente com outras intervenções de saúde ma-
terna e infantil (FAO, 2018).

Historicamente, desde que o homem cultiva espécies vegetais das quais se alimenta há
mais de 10.000 anos, tem domesticado espécies e produzido variedades geneticamente
modificadas (GMO) por meio da seleção de caracteres de interesse (ex: tamanho dos
órgãos colheitáveis, cor, sabor etc). Com o avanço dos conhecimentos de genética, os
programas de melhoramento têm visado a obtenção de variedades com maior produ-
tividade e resistência a estresses bióticos e abióticos para atender a necessidade de
alimentos para a população mundial crescente.

Apenas recentemente, a preocupação pela produção de alimentos com maiores con-


centrações de micronutrientes e/ou compostos bioativos tem levado a incorporar em
programas de melhoramento iniciativas direcionadas para o aprimoramento dessas car-
acterísticas. Este tipo de alimento visa complementar as intervenções em nutrição exis-
tentes, proporcionando uma maneira sustentável e de baixo custo para as populações
com limitado acesso aos sistemas formais de mercado e de saúde (Farré et al., 2014). O
aprimoramento da qualidade nutricional pode visar tanto o acúmulo de determinados
compostos ou restituir os conteúdos naturais que tenham sido perdidos ao longo do
processo de domesticação (Powell et al., 2012).

A obtenção de GMO pode ser feita por métodos clássicos de melhoramento por meio
de cruzamentos entre plantas que possuam os caracteres desejados, ou com uso de
técnicas de engenharia genética (ex: transgênesetransgênesis, mutagênese dirigida, etc)
(Figura 3). A escolha da estratégia depende do caráter que se pretende alterar e da espé-
cie vegetal. Geralmente, o uso de técnicas de engenharia genética permite intervenções
mais rápidas e precisas. Por exemplo, em situações onde o gene de interesse que se
pretende introduzir não existe na espécie de interesse ou espécies próximas, o método
biotecnológico utilizando técnicas de engenharia genética é a única alternativa. Nesses
casos, o gene pode vir de organismos diversos como outra espécie vegetal ou até de
bactérias (Zorrilla López et al., 2013; Farré et al., 2014).

Um exemplo disso é o arroz dourado (golden rice), uma variedade de arroz transgênico
que acumula b-caroteno (provitamina A) no endosperma da semente (órgão comestível).
O objetivo dessa estratégia foi ajudar a combater os graves problemas causados pela
deficiência de vitamina A, principalmente em países asiáticos onde o arroz é compo-
nente fundamental da alimentação. Não existem variedades de arroz nem espécies
correlatas que acumulem b-caroteno nas sementes, inviabilizando assim a estratégia de
cruzamento convencional para se obter uma variedade rica nesta provitamina. Por meio
da engenharia genética foram incorporados genes que permitem que o grão de arroz
dourado apresente até 23 vezes mais b-caroteno que o arroz convencional (Paine et al.,
2005). O fornecimento de b-caroteno em um alimento básico, como o arroz, pode ser um
complemento simples e eficaz para programas de suplementação, tendo em vista que,
por meio da agricultura, seria onipresente e autossustentável (Beyer et al., 2002).

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

Figura 3: Esquema de obtenção de plantas geneticamente modificadas por cruzamento


convencional ou por engenharia genética.

Fonte: Adaptado de https://royalsociety.org/topics-policy/projects/gm-plants/how-


does-gm-differ-from-conventional-plant-breeding/

O acúmulo de nutracêuticos pode ser atingido não apenas incorporando os genes


da biossíntese do composto de interesse, mas também por meio da redução do fluxo
metabólico através de vias concorrentes ou diminuindo o catabolismo de precursores ou
do próprio produto alvo (Farré et al., 2014).

A avaliação da segurança dos alimentos geneticamente modificados não é diferente


daquela dos alimentos convencionais, baseando-se na metodologia de avaliação de
risco já usada para a avaliação da segurança dos aditivos, dos pesticidas, das contami-
nações químicas e microbiológicas em alimentos, adaptada aos riscos potenciais espe-
cíficos (Loureiro et al., 2018). No Brasil, a produção de transgênicos é regulamentada

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

pelas resoluções da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e pelo CNBS


(Conselho Nacional de Biossegurança). Além de leis e decretos existentes, a CTNBio é o
órgão responsável por autorizar e regulamentar a realização de qualquer atividade que en-
volva organismos geneticamente modificados (Gonçalves et al., 2015; Loureiro et al., 2018).

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

11. CIÊNCIA E REGULAMENTAÇÃO DE


SUPLEMENTOS E PROBIÓTICOS
Cristina Bogsan, Marcos Pupin e Rodrigo Garcia

Em 14 de março de 2016, a ANVISA tornou necessário comprovar a eficácia da cepa


probiótica com base em evidências científicas robustas, construídas por meio de “estu-
dos clínicos, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo”, cujos desfechos
demonstrem a relação existente entre o efeito funcional alegado e o consumo do produto.

Os ensaios clínicos randomizados são considerados de alto grau de evidência científica


(Figura 4). Por outro lado, os relatos de caso, artigos de opinião e cartas ao editor são
os mais fracos graus de evidência, pois se referem a opiniões pessoais, não refletindo
necessariamente uma experiência científica.

Figura 4: Grau de evidência científica de acordo com o delineamento e tipo de estudo


realizado.

Os estudos laboratoriais in vitro são necessários para apontar os indícios do mecanismo


de ação, mas podem apresentar resultados diferentes quando administrado em um or-
ganismo. Estudo in vivo conduzidos com animais podem prever os efeitos em humanos,
mas não podem ser utilizados como única evidência para suportar uma recomendação.

Os estudos em seres humanos podem ser classificados como experimentais ou não

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

experimentais. Um experimento é um conjunto de observações, conduzidas sob cir-


cunstâncias controladas, no qual o cientista manipula as condições para averiguar que
efeito tal manipulação tem sobre as observações. Quando os experimentos são im-
praticáveis, ou antiéticos, delineiam estudos não experimentais (também conhecidos
como observacionais), em uma tentativa de simular o que poderia ter sido aprendido se
um experimento fosse conduzido. Em estudos não experimentais, a relação de causa e
efeito não pode ser estabelecida.

Os principais estudos não experimentais utilizados na área de alimentos e nutrição são


os estudos transversais, caso-controle e coorte (Quadro 2).

Quadro 2: Principais estudos não experimentais utilizados na área de alimentos e nutrição.

Os ensaios clínicos randomizados e controlados são os principais tipos de estudo experi-


mental na área de alimentos e nutrição. Trata-se de um experimento com pacientes hu-
manos como sujeitos, no qual a distribuição dos participantes entre os grupos de estudo
é feita de forma aletatóriaaleatória (randomizada). Sendo assim, nem o paciente nem o
pesquisador escolhe os participantes que serão alocados no grupo teste (que recebe o
tratamento) ou no grupo controle (que recebe o placebo).

Além disso, os ensaios clínicos randomizados podem ser cegos – quando apenas o partici-
pante não sabe o que está recebendo – ou duplo-cego – quando nem os pesquisadores
nem os participantes sabem o que estão recebendo.

A partir dos estudos experimentais ou não, são feitas as revisões sistemáticas, que consiste
em uma síntese rigorosa de pesquisas relacionadas à questão de estudo, envolvendo a
interpretação dos dados organizados, apresentando as similaridades e diferenças impor-
tantes entre as pesquisas já realizadas. Quando a revisão sistemática é feita de forma quan-
titativa, aplicando testes estatísticos aos estudos avaliados, denomina-se de metanálise –
técnica estatística adequada para combinar resultados provenientes de diferentes estudos.

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

É importante destacar que a revisão sistemática difere da revisão narrativa, uma vez que
esta última apenas descreve uma situação por meio de um levantamento bibliográfico
simples, sem apresentar características de reprodutibilidade e repetibilidade. A revisão
sistemática requer uma questão clara, critérios de seleção bem definidos – de modo que
garanta a qualidade dos estudos sintetizados e possa ser reproduzida por outrem – e uma
conclusão que forneça novas informações com base no conteúdo pesquisado. Essa con-
clusão pode ser ainda mais objetiva e quantitativa quando há uma metanálise.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) analisa os produtos enquadrados nas


categorias de “Novos Alimentos e Novos Ingredientes”, os “Alimentos com Alegações de
Propriedades Funcional e ou de Saúde” e as “Substâncias Bioativas e Probióticos Isola-
dos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde” com base em evidências
científicas quanto à segurança de uso do produto e também comprovação da eficácia das
alegações propostas pela interessada.

A ANVISA somente permite veiculação de representações quanto à existência de relação


entre consumo de determinado alimento (ou algum elemento constituinte) e promoção
da saúde case sejam atendidas diretrizes básicas para comprovação de propriedades fun-
cionais ou de saúde estabelecidas na Resolução n. 18, de 30 de abril de 1999. Além da se-
gurança do alimento, as diretrizes visam garantia de comprovação científica de evidências
quanto às alegações, evitando indução do consumidor ao engano. As alegações podem
descrever papel fisiológico do nutriente ou não nutriente no crescimento, desenvolvim-
ento e funções normais do organismo. As alegações podem, ainda, fazer referência à ma-
nutenção geral da saúde e à redução do risco de doenças.

Os alimentos com alegações semelhantes, cuja regulamentação é competência da ANVISA,


devem ser enquadrados e registrados na categoria de alimentos com alegações de proprie-
dades funcionais ou de saúde (Resolução n. 19, de 30 de abril de 1999) ou na categoria de
substâncias bioativas e probióticos isolados (Resolução n. 02, de 07 de janeiro de 2002).

A ANVISA vem debatendo uma proposta de unificar em uma única categoria de suple-
mentos alimentares quaisquer produtos atualmente enquadrados em seis categorias de
alimentos e uma categoria de medicamento. É uma abordagem que poderia auxiliar na
gestão do estoque regulatório, na uniformização dos critérios sanitários e na redução das
lacunas de informação do setor.

A ANVISA vem discutindo também uma nova regulamentação no uso de probióticos em


alimentos e suplementos, seguindo o mesmo princípio dos demais suplementos, com in-
clusão das linhagens autorizadas na lista positiva com seus limites mínimos e máximos de
uso e existência de especificações de referência.

Assim, a abordagem proposta para tratamento dos componentes bioativos visa favorecer
acesso e, ao mesmo tempo, coibir práticas enganosas, estabelecendo-se como patamar
inicial a comprovação da segurança de uso e a demonstração do potencial efeito benéfico.

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

13. DIRETORIA / CONSELHO


Diretoria e Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil

Presidente do Conselho Científico e de Vice-Presidente do Conselho Científico


Administração e de Administração
- Franco Lajolo – Faculdade de Ciências - Flavio Zambrone – Instituto Brasileiro de
Farmacêuticas da USP Toxicologia

Presidente Interina Diretoria Executiva


Fernanda Oliveira Martins – Unilever - Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Diretoria Financeira
- Mariela Weingarten Berezovsky –
Danone Ltda.

Diretoria
- Amanda Poldi – Cargill
- Fernanda Oliveira Martins - Unilever - Franco Lajolo – Faculdade de Ciências
- Helio Vannucchi – Faculdade de Farmacêuticas da USP
Medicina de Ribeirão Preto - USP - Helio Vannucchi – Faculdade de Me-
- Luiz Henrique Fernandes - Pfizer dicina de Ribeirão Preto - USP
- Maria Cecília Toledo – Universidade - Ione Lemonica – UNESP Botucatu
Estadual de Campinas - Luiz Henrique Fernandes - Pfizer
- Mauro Fisberg – Instituto PENSI e - Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimen-
Pediatria EPM / UNIFESP tos / UNICAMP
- Paulo Stringheta – Universidade Federal - Mariela Weingarten Berezovsky – Da-
de Viçosa none Ltda.
- Taiana Trovão – Mondelez - Mauro Fisberg – Instituto PENSI e Pe-
diatria EPM / UNIFESP
Conselho Científico e de Administração - Othon Abrahão - Futuragene
- Amanda Poldi – Cargill - Paulo Stringheta – UFV
- Antonio Marcos Pupin - Nestlé - Renata Cassar – Tate & Lyle
- Bernadette Franco – Faculdade de - Silvia Maria Franciscato Cozzolino – Facul-
Ciências Farmacêuticas da USP dade de Ciências Farmacêuticas da USP
- Carlos Nogueira-de-Almeida – Univer- - Taiana Trovão - Mondelez
sidade Federal de São Carlos Cristiana - Tatiana da Costa Raposo Pires – Herbalife
- Leslie Corrêa – Planitox
- Deise M. F. Capalbo - EMBRAPA Fer-
nanda de Oliveira Martins – Unilever
- Felix Reyes – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMP
- Flavio Zambrone - Instituto Brasileiro de
Toxicologia

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Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Ciência, Avaliação e Consumo / ILSI Brasil

14. EMPRESAS MANTENEDORAS FORÇA-


TAREFA ALIMENTOS FUNCIONAIS 2019
ABBOTT
AMWAY
BASF
DANONE
DSM
DUPONT
NESTLÉ
PFIZER
YAKULT

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