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Curso Caboclos na Umbanda | Por Alan Barbieri

Frei Gabriel de Malagrida 


O Caboclo das Sete Encruzilhadas

Vamos a um breve relato da vida de Frei Gabriel Malagrida – o Jesuíta: Uma comprovação
da existência do Frei Gabriel Malagrida pode ser feita no livro de Henrique José de Souza,
Eubiose: A verdadeira Iniciação, 4ª ed. Rio de Janeiro: Associação Editorial Aquarius,
1978. Segundo Henrique José de Souza: “Gabriel Malagrida, ancião de 80 anos, foi
queimado por Verdugos (Inquisição), em 1761”(págs. 250-251).

Existe, na Biblioteca de Amsterdã, uma cópia do seu famoso processo, traduzido da
edição de Lisboa. Malagrida, com efeito, foi acusado de feitiçaria e de manter pacto com o
Diabo, que lhe havia revelado o futuro. A profecia comunicada pelo “inimigo do gênero
humano” (quer dizer das profecias comunicadas aos Santos daIgreja, inclusive Santa Odila,
que profetizou até a última guerra) ao pobre Jesuíta visionário está concebida nos
seguintes termos: “O Réu confessou que o demônio, sob a forma da Virgem Maria, lhe
tinha ordenado a escrever a vinda do Anti-Cristo; que havia de existir, a bem dizer, três
anti-Cristos sucessivos, e que o últimonasceria em Milão, da sacrílega união entre um
frade e uma freira, etc.”. E por aí outras tantas coisas que oobrigaram a confessar.

No ano de 1689, as margens do rio Como, na Vila de Monagio, nascia um menino que
recebeu o nome de Gabriel Malagrida (cujo nome significa: “As vozes harmoniosas de
Deus”). Desde cedo Gabriel demonstrou tendências místicas. Entrou para o seminário de
Milão onde foi ordenado e professou na Companhia de Jesus em 1711. Gabriel desejava
cumprir sua missão no Brasil, porém, Tamborini,o Geral da Companhia de Jesus, havia lhe
reservado a cadeira de Humanidades no Colégio de Bastis, na Córsega.

Mais tarde conseguiu se transferir para Lisboa, em 1721, onde depois de algum tempo
conseguia embarcarpara o Maranhão, no Brasil.

Gabriel e o Brasil
Nessas terras, Gabriel pregou internando-se no sertão, enfrentando sérios perigos e
vencendo com a fibra dequem se julgava destinado a cumprir uma missão superior no
Planeta, uma missão de conquistar almas para o Céu. Apresentava evidentes sintomas
mediúnicos ouvindo vozes misteriosas e chegou mesmo a pensar que operava milagres.

Em 1727 começou a árdua tarefa de catequizar os índios no Maranhão, conseguindo nessa
mesma ocasião amansar a feroz tribo dos Barbassos. Fundou no Maranhão uma missão
que teve grande desenvolvimento, sustentando uma peregrinação apostólica.

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Foi em seguida, em 1730, para Frei Gabriel


a Bahia e Rio de Malagrida
de Janeiro 
onde continuou a pregar,
alcançando grande ascendência
O Caboclosobre das
os índios.
SeteApareceu então, convertido no apóstolo
Encruzilhadas
do Brasil.

Dizia que conversava com Deus e que lhe aparecia a Virgem Maria, e para completar seus
feitos, descrevia os“milagres” que operava. Em 1749 partiu para Lisboa, onde foi recebido
com fama de Santo por muitos fiéis. Nessa época Dom João V se encontrava muito doente
e Gabriel, a seu pedido, o assistiu nos seus últimos momentos. Em 1751 retornou ao Brasil
onde ficou ate 1754, ano em que foi chamado a Lisboa pela Rainha Dona Marianada
Áustria. Encontrou no poder, Sebastião José, o terrível Marquês de Pombal, que não
permitiu sua presençapor muito tempo junto à Rainha. Por esse motivo, Gabriel se isolou
durante algum tempo em Setúbal.

Gabriel e a Inquisição
No dia 1° de novembro de 1755, Lisboa foi destruída por um terremoto. Correu o boato que
a catástrofe eracastigo do Céu. Pombal mandou publicar um folheto escrito por um padre,
explicando o fenômeno e as causas naturais que o determinaram.Gabriel apareceu em
público com um opúsculo, onde procurava corrigir o teor da publicação. Nesse opúsculo,
Gabriel afirmava que o terremoto era verdadeiramente um castigo do Céu. Pombal
enfurecido mandou queimar o opúsculo e desterrou Gabriel para Setúbal. Em setembro de
1758, ocorreu um atentado contra a vida de Dom José. Algumas semanas antes, Gabriel
havia escrito uma carta ameaçadora ao Marquês de Pombal.

Gabriel foi preso, em 11 de dezembro, como responsável pelo atentado e encarcerado nas
prisões do Estado. Pombal vasculhou seus livros e nessa oportunidade lhe atribuiu
passagens que pareciam pouco ortodoxas, e foi entregue a Inquisição. Gabriel foi
condenado à pena de garrote e fogueira, sendo executado na Praça do Rossio em 21 de
setembro de 1761. Depois deste fato, a Companhia de Jesus foi declarada ilegal. Todos as
suas propriedades foram confiscadas eos jesuítas expulsos do território português, na
Europa e no Ultramar. Gabriel Malagrida reencarnou no Brasil (talvez para se refazer da
árdua encarnação como jesuíta) sepreparando para a importante missão que lhe estava
reservada dentro do Movimento Umbandista no século XX, como Caboclo das Sete
Encruzilhadas.

A médium vidente revela um padre Jesuíta
Em 16 de novembro de 1919, o Caboclo das Sete Encruzilhadas revela ao seu médium
Zélio de Moraes, uma das existências, na Itália pelo ano de 1689, como padre jesuíta;
confirmando a vidência da médium quando de sua primeira manifestação, em 15 de
novembro de 1908, na sede da Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói:

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FreinaGabriel
–“Fui padre jesuíta italiano. Nasci de Malagrida
Vila de Menaggio, 
nas margens do Como em 1689 e
morri em Lisboa no ano de O 1761. Desde
Caboclo dascriança
Seteque mostrei manifestar tendências para o
Encruzilhadas
mais exagerado misticismo. Tendo completado na Itália (Milão) os estudos teológicos,
professei na Companhia de Jesus (1711).

Quis vir para o Novo Mundo missionar, mas o General da Companhia Tamborini opôs-se ao
meu desejo, reservando-me o lugar de professor de humanidade no Colégio de Bastis, na
Córsega. Decidi, porém, realizar o meu projeto, conseguindo, mais tarde, partir para Lisboa,
em 1721, de onde embarquei para o Maranhão. Por essas terras distantes andei pregando.
Internei-me no sertão, afrontando os mais extraordinários perigos e vencendo-os com a
intrepidez de um homem que se julga destinado a cumprir na Terra uma missão superior.
Julgando-me escolhido para conquistar almas para o Céu, ouvia vozes misteriosas, que me
incentivavam a prosseguir na minha cruzada.

Cheguei a persuadir-me que fazia milagres.
Por obediência às ordens que me foram transmitidas, voltei ao Maranhão, em 1727, para
catequizar os índios; sendo essa ocasião que consegui amansar a feroz tribo dos
Barbassos, fundando uma missão que teve grande desenvolvimento.

Voltando ao Maranhão, em 1730, sustentei uma espécie de peregrinação apostólica. Fui à
Bahia e ao Rio de Janeiro e, meti-me no mato a pregar. Tal predomínio alcancei sobre os
índios e de tal modo me insinuei no espírito dos crentes, que em pouco tempo tinha sobre
eles uma absoluta ascendência. Apareci convertido no apóstolo do Brasil. Diziam que
falava com Deus, que me aparecia a Virgem Santíssima, que conversava com os Santos e
para completar os meus prodígios, citava os milagres que operava. Com esta forma de
santidade, parti para a Europa, em 1749. Após trabalhosa viagem, cheguei a Lisboa
.
De todos os lados acudiram os fiéis a venerar-me. D. João V, que já se achava no último
extremo, acolheu-me com verdadeiro júbilo; teve uma valiosa intercessão minha. Quando
D. João V agonizava, fui eu quem o assistiu em sua hora final.
Em 1751, voltei ao Brasil e por aqui me demorei até 1754, ano em que cheguei a Lisboa, a
chamado da Rainha viúva, D. Mariana da Áustria. Desta vez, encontrei no poder Sebastião
José. O Ministro não permitiu que eu me conservasse muito tempo junto a Rainha enferma
e, foi por esses e outros motivos que me ausentei para Setúbal, para não sofrer a presença
do Ministro. Por seu lado, Pombal deixou-me em paz, mas os acontecimentos vieram
pôr-me em foco e atirar-me para ruína total.

Arrasada Lisboa pelo terremoto, espalhou-se que a enorme catástrofe fora um castigo do
Céu. Para contrariar estas informações, mandou o Ministro compor e publicar um folheto
escrito por um padre, explicando o fenômeno e as causas naturais que o determinaram.

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Frei Gabriel
Apareci em público com um opúsculo: “Juízo de Malagrida
da Verdadeira  do Terremoto”, que
Causa
padeceu a Corte de Lisboa no dia 1º dedas
O Caboclo novembro
Sete de 1755.
Encruzilhadas
Nesse opúsculo, procurei retificar o que se lia no folheto que Pombal mandou distribuir,
asseverando que o terremoto fora efetivamente um castigo do Céu. Pombal, irritado,
limitou-se a mandar queimar o opúsculo e a desterrar-me para Setúbal.
Chega o ano de 1758 e, no mês de setembro, ocorreu o atentado contra a vida de D. José
e eu, que antes tinha uma carta ameaçadora ao Primeiro-Ministro, fui preso, em 11 de
dezembro, e transferido para o Colégio da sua Ordem em Lisboa, considerado réu dessa
majestade e encerrado nas prisões do Estado em 11 de janeiro de 1759. Pombal, que já
tinha posto os jesuítas fora do reino, achou que a ocasião era excelente para exaltar a
campanha com conceito popular e, eu seria a vítima.
Rebuscaram os meus livros e nesta oportunidade me atribuíram passagens que pudessem
parecer pouco ortodoxas e, entregue à Inquisição, fui condenado à pena de garrote e da
fogueira. Sentença executada na Praça do Rossio, em Lisboa, a 21 de setembro de 1761.

Frei Gabriel Malagrida, após anos de contato amistoso e amigável com os indigenas no
Brasil, efetuando um trabalho explêndido de evangelização, respeitando a religiosidade dos
indigenas, posteriormente, voltou ao pais que amou, o Brasil, encarnado como um silvicola.
Será que tudo isso foi a toa: Coincidencia?
Em época, com certeza, já estava sendo traçada a formação da Umbanda. Um indio
brasileiro (Sete Encruzilhadas), com formação concreta calcada no Evangelho Redentor (foi
padre numa vida anterior, especializado em catequização), conseguiu arrebanhar e instruir,
tanto indios como ex-escravos, já em Aruanda, para trabalhos caritativos no que seria a
Umbanda. O plano espiritual superior é sabio.

Portanto, não e pelo fato do Caboclo das Sete Encruzilhadas ter sido um frei em vida
anterior, que influenciou a Umbanda com noções e doutrinas católicas, mas sim,
normatizou-a com conceitos verdadeiros, trazendo para a Umbanda o Evangelho Redentor,
o respeitabilissimo Pentatêuco Kardequiano, os ensinamentos crísticos, a razão, o que é
bom e certo, rejeitando o que é mal e supérfluo.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas, a exemplo de quando esteve encarnado como Frei
Gabriel Malagrida, continuou, como Guia Espiritual, a missão na área caritativa e de
orientação, agora através dos Guias Espirituais da Umbanda, oferecendo a ciência da vida
para todos nós.

Trecho retirado do Livro Umbanda - A Manifestação do Espírito para a Caridade - Módulo I “
As Origens da Umbanda” de Padrinho Juruá

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O milagre de Nossa Senhora da Piedade

Há poucos dias, na vizinha cidade de Niterói, uma linda moça, na flor da idade, cheia de
sonhos azuis e ilusões douradas, adoeceu de enfermidade misteriosa. Foram chamados
bons médicos e a enferma não melhorou. Antes, piorou. Novos doutores foram
consultados, porém a donzela, agravando-se rapidamente o seu estado, foi julgada sem
salvação possível.

Em desespero, seu pai, um comerciante abastadíssimo, ouviu os conselhos de um amigo
e solicitou os socorros à Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, onde se manifestavam
espíritos de caboclos, mas, acabara de pedir tal auxílio, quando recebeu a notícia do
desenlace fatal: sua filha falecera às 17 horas da tarde. Voltou o pai em pranto para o lar
abalado. Veio um médico, examinou a moça e lavrou o atestado de óbito.

Lavou-se e vestiu-se o corpo. Foi colocado, sob flores, na mesa mortuária, entre velas
bruxuleantes. Um sacerdote fez a encomendação. 

Às 8 horas da noite, ao iniciar a sua sessão, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade,
não tendo sido avisado do falecimento, fez uma prece pela saúde da moça, já morta.
Manifestando-se o espírito do guia e protetor do centro (Caboclo das Sete Encruzilhadas),
disse: “Um grave perigo ameaça a pessoa por quem orais. Continuai vossas preces com
fervor e sem interrupção, até que eu volte, pois vou sair para socorrê-la”. Os espíritas da
Tenda Nossa Senhora da Piedade, orando com fervor, esperaram cerca de duas horas, e,
ao termo delas, manifestando-se de novo, o espírito de seu guia, disse-lhes: “Está salva a
moça. Espíritos maus, convocados por motivo de ordem pessoal, haviam envolvido a
jovem em fluídos venenosos, que a estavam matando. Não se quebrará, porém o fio que
liga o espírito ao corpo.”
   
Às 8 horas da noite, terminou o narrador, a moça continuava na mesa funerária, com todos
os sinais da morte. Às 9 horas, uma demonstração de vida animou-lhe a face e,
percebendo-a, seu padrinho preveniu seu pai. Retirada da câmara mortuária e reposta em
seu leito, a moça reabriu os olhos, e momentos após, erguia-se curada, completamente
boa. 

Os espíritos dos caboclos, em combate travado no espaço, tinham vencido os espíritos
maus...

Texto retirado do livro: No Mundo dos Espíritos

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Como os índios convivem com a natureza


e suas lições para uma vida sustentável

Respeito e equilíbrio, a relação entre os índios e a natureza é pautada por dois elementos
básicos para o dia a dia de qualquer ser humano. O relacionamento que também envolve o
afeto faz com que os índios vivam uma relação mais próxima e sagrada, como se a terra
fosse a grande mãe.

E é na “grande mãe” que os índios guardam suas lembranças, suas vivências e constroem
sua história. Como os índios convivem com a natureza de uma forma tão próxima,
especialistas afirmam que as comunidades são modelos inspiradores de vida sustentável.
Isso porque os indígenas obtêm sua nutrição física e espiritual a partir do ambiente natural
e ao contrário do que se vê na sociedade não indígena, a extração é entendida como
necessidade e tratada com respeito.
Nesse sentido, as comunidades desenvolveram tecnologias eficientes e apropriadas para a
extração, utilização e manutenção dos recursos naturais e fontes disponíveis. A paciência
e o conhecimento levaram os indígenas a observarem as regiões e o clima antes de
executar a agricultura, caça, pesca e coleta de frutos, evitando agressão desnecessária.

Ou seja, os alimentos necessários para a sobrevivência são retirados, mas há a
manutenção de uma relação harmoniosa e de equilíbrio com o meio ambiente. A ação
revela uma extração sem dominação do meio, marca registrada da ação da sociedade em
geral.
O processo permite o desenvolvimento de uma economia sustentável, produtiva e
diversificada, que geram alimentos, medicamentos, utensílios e ferramentas. É importante
entender também que viver de forma sustentável vai além de um estilo de vida e prevê
atender às necessidades diárias da comunidade, visando o futuro das gerações.

Tradição importante para o futuro
É esse relacionamento e tradição de respeito que deve ser repassado ao mundo todo. A
Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco),
reconhece que “o respeito aos conhecimentos, às culturas e às práticas tradicionais
indígenas contribui para o desenvolvimento sustentável e equitativo e para a gestão
adequada do meio ambiente”.

A organização acredita que agora é hora de parar e aprender com eles, rever prioridades e
conceitos, entender a necessidade de rever os paradigmas estabelecidos e voltar a ter uma
relação de trocas de reciprocidade com o meio ambiente.
Afinal, nossa sobrevivência depende de um ecossistema saudável e uma vida sustentável
trabalha nessa reintegração com a natureza, agindo como parte de um todo.

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A lição do índio a um cientista

A história abaixo foi contada pelo biogeoquímico Antônio Nobre, do Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), na apresentação que fez na conferência TED Amazônia, em
2010.
Uns anos antes, Nobre havia escutado a declamação de um texto de Davi Kopenawa, um
sábio representante do povo Yanomami, que dizia o seguinte:

“Será que o homem branco não sabe que se ele tirar a floresta vai acabar a chuva? E se
acabar a chuva, ele não vai ter o que beber e o que comer?”

Nobre conta que ficou surpreso com a fala do índio. Afinal, cientistas como ele vem
pesquisando o assunto há décadas, utilizando super computadores, e só recentemente
começam a chegar a essa conclusão. “Eles, os indígenas, já sabem disso bem antes de
nós”, disse Nobre.

Um fato curioso, destacado pelo cientista, é que os Yanomami nunca desmataram. Assim,
como podem saber que o desmatamento acaba com as chuvas?

Nobre ficou com isso na cabeça, até o dia em que pode se encontrar com Davi Kopenawa
em um evento. Nobre fez, então, a pergunta a Davi: “Como você sabia que tirando a
floresta as chuvas acabariam?”

“O espírito da floresta nos contou”, respondeu Davi.

Para Nobre, essa explicação foi um marco. Por que fazer toda essa ciência, para chegar a
uma conclusão que o povo indígena já sabe?

A conclusão de Nobre é surpreendente, visto que vem da boca de um representante da
ciência:

“E aí me bateu algo absolutamente crítico. Nós, a sociedade ocidental, precisamos ver as
coisas. Essa sociedade, que está se tornando global, civilizada, precisa ver, pois se não
vê, não registra. Vivemos na ignorância. Vivemos num cosmos desconhecido, somos
ignorantes, estamos tripudiando esse cosmos maravilhoso, que nos dá morada e abrigo.
A Terra é uma improbabilidade estatística.”

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