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ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

,Apelação Cível 0010462-93.2005.8.19.0209


Apte. 1: MÔNICA SOARES DA CUNHA
Apte. 2: ITAÚ SEGUROS AUTO E RESIDÊNCIA S.A.
Apdo. 1: OS MESMOS
Apdo. 2: VÂNIA XAVIER DE ASSIS
Relator: Des. Fernando Foch
Processo originário: 0010462-93.2005.8.19.0209
(2005.209.010039-3)
Juízo de Direito da 6ª Vara Cível do Fórum Regional Barra da Tijuca da
Comarca da Capital

DIREITO CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


DENUNCIAÇÃO DA LIDE À COMPANHIA
SEGURADORA.
1. Laudo pericial e demais elementos probatórios
acostados ao bojo dos presentes autos que denotam
a responsabilidade da ré pelo evento danoso.
2. Acontecimento de ultrapassa o mero
aborrecimento tolerável, tendo em vista que, em
decorrência do evento, a autora sofreu lesões físicas.
3. Valor constante da condenação a título de
indenização por danos morais que, no entanto,
merece redução para a quantia de R$ 5.000,00, nos
termos de precedentes desta corte.
4. Impossibilidade de se admitir que a
litisdenunciada formule pleitos em desfavor da
autora da demanda.
5. Apelações a que se dá parcial provimento.

DECISÃO

VÂNIA XAVIER DE ASSIS ajuizou em face de MÔNICA


SOARES DA CUNHA ação de conhecimento sob o procedimento ordinário,
objetivando a condenação da ré ao pagamento de indenização a título de
danos materiais no valor de R$ 20.000,00, bem como a título de danos
morais, em valor a ser judicialmente arbitrado.
Aduz a requerente, em síntese, que, em 17.3.05, vinha
trafegando com seu veículo normalmente, quando, de repente, surgiu à
frente, em sentido contrário, o veículo da ré, o qual invadiu a pista em
que vinha a autora, ocorrendo a colisão; que, tentando desviar o veículo,
a fim de evitar um acidente maior, veio a colidir com carro de terceira
pessoa; que, em virtude dos fatos narrados, veio a ocorrer a perda total
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de seu veículo; que, devido à intensidade do impacto, sofreu danos de


ordem física, vez que, com fortes dores na coluna, foi encaminhada à
emergência do Hospital Municipal Miguel Couto, onde foram
diagnosticados hematomas, escoriações torácicas e pélvicas; que foi
medicada e obrigada a permanecer em repouso, tendo que se submeter a
tratamento com medicação apropriada e sessões de fisioterapia, em
virtude das seqüelas acarretadas pelo fato; que foi ajuizada ação no
Juizado Especial Criminal, onde a ré aceitou transação penal, bem como
que tentou resolver a questão diretamente junto à requerida, porém sem
sucesso, fato que motivou a propositura da presente demanda.
Às fl. 39, decisão deferindo JG à autora.
Contestação apresentada pela ré nas fls. 42/7.
Réplica nas fls. 65/7.
Às fl. 82, decisão deferindo JG à ré, bem como seu pleito de
denunciação da lide.
Contestação apresentada pela litisdenunciada às fls. 94/108,
tendo as partes se manifestado a respeito da mesma às fls. 158/161.
Despacho saneador à fl. 175.
Laudo pericial acostado às fls. 204/41.
A sentença de fls. 285/8, julgou procedente o pleito autoral,
condenando a ré ao pagamento da quantia de R$ 13.558,00 a título de
indenização por danos materiais, bem como da quantia de R$ 15.000,00 a
título de indenização por danos morais, devendo ambos os valores sofrer
o acréscimo de consectários legais. Ainda, julgou parcialmente procedente
a litisdenunciação, condenando a litisdenunciada a pagar a ré o valor por
ela desembolsado a título de danos materiais, acrescido de consectários
legais, nos limites da apólice. Finalmente, condenou a ré ao pagamento
das custas processuais da ação principal e de honorários advocatícios
fixados em 10% sobre o valor atualizado da condenação, observada a
gratuidade de justiça que lhe foi deferida. Na litisdenunciação, determinou
o rateio das verbas sucumbenciais.
A litisdenunciada opôs embargos declaratórios às fls. 296/301,
os quais foram rejeitados pela decisão de fl. 309.
Irresignadas, apelaram a ré e a litisdenunciada.
A requerida interpôs a apelação de fls. 303/7, aduzindo, em
síntese, que não foi a responsável pelo sinistro; que o terceiro carro
envolvido na colisão é o verdadeiro culpado pelo acidente; que a
transação penal não caracteriza qualquer declaração de culpa, tendo
simplesmente optado por não prosseguir com o debate na esfera criminal,
como lhe faculta a legislação; que a condutora do terceiro carro não
compareceu nesses autos para depor, inviabilizando o contraditório; que o
perito informou à ré, num primeiro momento, que nada poderia
constatar, face à deterioração do auto, exposto ao relento por anos; que
não há testemunhas e que o local do acidente foi defeito, bem como que,
em nome do princípio da eventualidade, requer a reforma do valor

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constante da condenação a título de danos morais, eis que


excessivamente fixado.
A empresa litisdenunciada, por sua vez, apelou nas fls.
310/22, alegando, em síntese, que a transação penal não caracteriza
assunção de culpa; que o depoimento da terceira condutora é inidôneo
em virtude de sua parcialidade; que inexistem provas quanto à
culpabilidade da ré; que não se há de falar em indenização a título de
danos morais, configurando o fato em tela mero aborrecimento; que, em
nome do princípio da eventualidade, o valor constante da condenação a
título de danos morais merece redução, eis que excessivamente fixado;
que a jurisprudência versa no sentido do acolhimento de sua pretensão;
que, com relação à lide secundária, deve ser sub-rogada nos direitos do
veículo sinistrado, ainda que sucata, de forma que deve a autora ser
instada a lhe entregar o bem, acompanhado de toda a documentação
pertinente (detalhada na fl. 319), objetivando legalizar sua condição de
proprietária do veículo junto aos órgãos oficiais de trânsito; que o valor
em aberto de IPVA relativo aos anos de 2005 a 2007 deve ser deduzido
da indenização a ser paga à requerente, vez que se trata de dívida
inerente a seu veículo; que deve ser determinada expedição de ofício ao
DETRAN/RJ, a fim de cumprir a transferência da propriedade do bem, nos
termos da súmula nº 144 desta corte, bem como requer a retificação do
pólo passivo, tendo em vista a incorporação da ré pela empresa ISAR-
ITAÚ SEGUROS AUTO E RESIDÊNCIA S.A..
A autora ofertou contrarrazões às fls. 328/32 e 335/8,
prestigiando a R. Sentença proferida.
Relatei, decido.
Os recursos são tempestivos e estão satisfeitos os demais
requisitos de admissibilidade.
Inicialmente, faz-se necessário salientar que, em causas que
requeiram conhecimento técnico específico de seara diversa da jurídica,
mostra-se imprescindível o auxílio de um perito.
Na presente hipótese, o laudo pericial produzido foi enfático ao
concluir que o veículo da ré veio a colidir com o veículo da autora, não
tendo a requerida ou a litisdenunciada logrado produzir qualquer prova
capaz de infirmar as conclusões a que chegou o laudo.
Note-se que, de fato, como muito bem argüido pelas
apelantes, a aceitação de transação penal, em hipótese alguma, possui o
condão de caracterizar a assunção de culpa, conforme dispõe o art. 76, §
6º , da Lei nº 9.099/95. Nesse sentido:

“0033627-83.2007.8.19.0021 - APELAÇÃO
DES. JOSE CARLOS PAES - Julgamento: 14/03/2012 -
DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO INOMINADO NA
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. FATO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE NEXO DE
CAUSALIDADE.1. O apelo tem como fundamento a
assertiva de que o veículo conduzido pelo apelado subiu a
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calçada e atropelou o autor. Ocorre que os depoimentos


colhidos foram conflitantes e o Registro de Ocorrência
esclarece que a vítima estava na pista de rolamento
quando foi abalroada pelo veículo.2. Assim, constata-se
que a conduta da vítima ao desviar-se da bicicleta, sem a
devida atenção, foi a causa adequada ao fato ocorrido.3.
Fato exclusivo da vítima que exclui o nexo de causalidade.
Precedente do TJ/RJ. 4. Por fim, deve-se salientar que a
existência de transação penal não induz à presunção
de culpa, nem tampouco produz qualquer efeito na esfera
cível, nos termos do artigo 76, §6º, da Lei 9.099, de 26 de
setembro de 1995. 5. Recurso não provido.

0193935-51.2010.8.19.0001 - APELAÇÃO / REEXAME


NECESSÁRIO

DES. CARLOS EDUARDO PASSOS - Julgamento:


16/11/2011 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL AGRAVO
INTERNO. ADMINISTRATIVO. Concurso para ingresso na
Polícia Militar. Exclusão de candidato na fase de
investigação social, fundada na prática de crime de
resistência. Imputação que resultou
em transação penal. Procedimento criminal arquivado.
Benefício legal que não gera reincidência ou maus
antecedentes e tampouco induz à aceitação de culpa (art.
76, § 4° e 6°, da Lei n° 9.099). Violação à garantia da
presunção de inocência, aplicável na esfera administrativa.
Insubsistência de previsão editalícia em sentido contrário.
Eliminação incompatível com os ditames legais e
constitucionais. Precedentes do STF, e do STJ. Tese
recursal manifestamente improcedente. Ressalva do
entendimento pessoal do relator e observância dos
princípios da segurança jurídica e da impessoalidade da
jurisdição. Decisão mantida. Recurso desprovido.”

Ocorre que, in casu, existem diversos outros elementos


probatórios capazes de sustentar a condenação, permitindo ao Magistrado
a formação de um conjunto probatório sólido.
Em primeiro lugar, o laudo pericial produzido, como acima
mencionado, foi enfático ao concluir pela culpa da ré, conclusão a que se
chegou por meio dos registros de fotografias dos veículos colididos, da
análise técnica das deformações nos veículos pertencentes às partes, bem
como da prova emprestada (fls. 19/21), consistente em ata de audiência
ocorrida no IX Juizado Especial Criminal, onde terceira pessoa (a qual, ao
contrário do alegado pelas apelantes, é totalmente desinteressada no
presente feito, pois teve seu veículo abalroado, inclusive, pela autora
desta demanda, podendo, portanto, ser considerada testemunha para os
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fins legais), afirmou que “observou que o automóvel Fiesta de cor branca,
que estava à frente, saiu da pista vindo a colidir no automóvel Palio de
cor escura que vinha na outra pista, em sentido contrário, e voltando à
pista de origem, onde continuou o trajeto.”
Tal prova emprestada, a toda evidência, suprime a prova
testemunhal que essa mesma condutora produziria em juízo. O
contraditório, da mesma forma, foi observado, eis que, em primeiro lugar,
a ré estava presente na audiência realizada no IX Juizado Especial
Criminal e, em segundo lugar, a ata respectiva foi acostada ao bojo dos
presentes autos pela autora, juntamente com sua exordial, tendo sido
oportunizado à ré que se manifestasse sobre tal documento, por ocasião
do oferecimento de sua contestação.
A alegação formulada pela ré de que o perito teria,
informalmente, lhe dito que nada poderia constatar, face à deterioração
dos autos, expostos ao relento por anos a fio, além de não comprovada, a
toda evidência, não merece acolhida, eis que, como é cediço, caso assim
fosse, o profissional possuiria toda a liberdade para validamente
confeccionar laudo pericial inconclusivo, o que não ocorreu. Ademais,
como acima esposado, a formação do conjunto probatório não se deu, tão
somente, pela inspeção dos autos, tendo havido outras provas capazes de
formar o convencimento judicial a respeito do caso.
A ré alega, ainda, que o terceiro carro envolvido na colisão
seria o verdadeiro culpado pelo acidente, não trazendo, no entanto,
qualquer prova nesse sentido. Acresça-se a isso o fato de que tal
afirmação vai de encontro a todos os demais elementos probatórios
carreados aos autos.
Assim sendo, pelo exposto, tem-se que a culpa da ré pelo fato
objeto da presente lide restou devidamente demonstrada.
O fato em tela ultrapassou a esfera do mero aborrecimento
tolerável da vida quotidiana, eis que não se tratou, apenas, de acidente
de trânsito, mas de acontecimento que culminou com lesões físicas na
autora, a qual, inclusive, teve de ser levada para hospital.
O dano moral exsurge, portanto, das lesões físicas sofridas
pela autora. O valor constante da condenação, no entanto, merece
redução, eis que excessivamente fixado, estando em total dissonância dos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Note-se que a autora
logrou comprovar, tão somente (fl. 17), ter sido encaminhada, na data do
acidente, a um nosocômio, apresentando escoriações e tendo feito
exames. O documento de fl. 18 atesta que a autora, em 05.4.05,
presentava dores e edemas decorrentes do evento, tendo sido realizados
alguns exames. Não logrou, dessa forma, comprovar as alegações de que
teria se submetido a tratamento contínuo, fisioterapia ou que possui
seqüelas em virtude do acidente.
Entende-se por razoável e consentâneo com as peculiaridades
do caso concreto o valor de R$ 5.000,00. Nesse sentido:
“0040775-14.2008.8.19.0021 - APELAÇÃO

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DES. MARCO ANTONIO IBRAHIM - Julgamento:


06/07/2011 - VIGESIMA CÂMARA CÍVEL Apelação
Cível. Acidente de trânsito ocasionado pela ré.
Encaminhamento da autora a hospital. Dano diminuto. Dor
toráxica. Redução da verba fixada a título
de danos morais em observância aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. Pedido inicial
de danos morais e estéticos. Acolhimento unicamente do
pedido relativo aos danos morais. Sucumbência recíproca.
Provimento parcial do recurso.

0013975-51.2005.8.19.0021 - APELAÇÃO

DES. MARIA AUGUSTA VAZ - Julgamento: 18/05/2010 -


PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL AÇÃO INDENIZATÓRIA
POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. RITO SUMÁRIO.
Acidente de trânsito. Dúvida não há quanto ao nexo de
causalidade entre a conduta do réu e os danos causados
ao autor, não logrando êxito o réu comprovar qualquer
excludente de sua responsabilidade, considerando a
aplicação do instituto da responsabilidade objetiva à ré
pelos danos causados, com base no artigo 37, § 6º, da
Constituição Federal, bem como no artigo 17 do CDC.
Verifica-se que o acidente ocorrido, com atendimento da
vítima em hospital, com sua incapacidade por sete dias,
extrapola a esfera do mero dissabor e aborrecimento
cotidianos, toleráveis pela pessoa mediana,
caracterizando-se como real angústia e sofrimento
psicológico, passiveis de remuneração indenizatória pelo
causador do incidente. No que se refere ao quantum
indenizatório, é ele elevado, visto que as lesões
consistiram em escoriações com corte, não
houve dano estético ou qualquer sequela, restando apenas
duas cicatrizes no joelho, e a incapacidade total temporária
foi de somente sete dias, de modo que se reduz
o dano moral para R$5.000,00 (cinco mil reais). Correta a
sentença no que se refere à improcedência do pedido de
condenação da ré no pagamento das despesas com a
motocicleta, com base na falta de comprovação da
propriedade do bem. Honorários advocatícios devidamente
arbitrados pela magistrada do juízo a quo, em consonância
com o disposto no § 3º do artigo 20, do CPC. Sentença que
se reforma para reduzir o dano moral.

0028414-98.2008.8.19.0203 - APELAÇÃO

DES. GILBERTO REGO - Julgamento: 24/03/2010 - SEXTA


Apelação Cível 0010462-93.2005.8.19.0209
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CÂMARA CÍVEL RESPONSABILIDADE


CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. RITO SUMÁRIO. O AUTOR
ALEGA QUE, AO ATRAVESSAR CRUZAMENTO, SUA
MOTOCICLETA FOI ATINGIDA PELO VEÍCULO CONDUZIDO
PELA AUTORA, CAUSANDO-LHE LESÕES CORPORAIS.
SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE, EM PARTE, O
PEDIDO PARA CONDENAR A RÉ A PAGAR A QUANTIA DE
R$ 3.444,20 (TRÊS MIL, QUATROCENTOS E QUARENTA E
QUATRO REAIS E VINTE CENTAVOS), DEVIDAMENTE
CORRIGIDA DESDE A DATA DO PAGAMENTO, OCORRIDO
EM 16/08/2008 E CONDENAR A RÉ AO PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DE R$ 5.000,00
(CINCO MIL REAIS), DEVIDAMENTE CORRIGIDOS A
PARTIR DESTA SENTENÇA E ACRESCIDOS DE JUROS
MORATÓRIOS DE 12% (DOZE POR CENTO) AO ANO,
CONTADOS DO EVENTO (SÚMULA 54/STJ). SENTENÇA
QUE MERECE SER MANTIDA, EIS QUE RESTOU,
DEVIDAMENTE, COMPROVADA A CULPA DA RÉ, EM RAZÃO
DOS DEPOIMENTOS PRESTRADOS NOS AUTOS. A
EXISTÊNCIA DE DANO MORAL NA HIPÓTESE NÃO PODE
SER REFUTADA, EIS QUE O AUTOR FOI ARREMESSADO DE
SUA MOTOCICLETA, SOFRENDO LESÕES CORPORAIS QUE
OCASIONARAM O SEU ATENDIMENTO
EM HOSPITAL, DEMONSTRANDO A GRAVIDADE
DO DANO PROVOCADO. O VALOR ARBITRADO A TÍTULO
DE DANO MORAL - R$5.000,00 (CINCO MIL REAIS) -
MERECE SER MANTIDO, NA MEDIDA EM QUE FIXADO DE
ACORDO COM O PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DAS
PECULIARIDADES DO CASO EM CONCRETO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO.”

Relativamente à lide secundária, deve ser ressaltado que,


como notório, a denunciação da lide encerra verdadeira ação regressiva,
in simultaneus processus, cujo julgamento fica condicionado à
sucumbência do litisdenunciante na demanda principal, havendo,
portanto, entre as duas demandas, relação de prejudicialidade. Assim
como não se pode admitir a condenação do litisdenunciado diretamente
em favor do adversário do litisdenunciante, também não de pode admitir
o caminho inverso, ou seja, que o litisdenunciado formule pleitos
condenatórios em desfavor do autor da demanda.
Assim, embora obviamente a autora não vá criar obstáculos
para a entrega da sucata em que se transformou o veículo sinistrado há
sete anos, acompanhado da documentação pertinente (pois certamente é
a maior interessada em regularizar a questão acerca da propriedade de
referido bem junto aos órgãos de trânsito), não há como juridicamente
obrigá-la a fazê-lo nessa demanda. Caso seja necessário, é evidente que
a litisdenunciada poderá, a qualquer tempo, ajuizar ação diretamente em

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face da mesma, objetivando a entrega do bem, da documentação a ele


referente, ao pagamento, se for o caso, dos tributos em atraso, etc.
Finalmente, sublinhe-se que o pólo passivo da presente
demanda já foi devidamente retificado, conforme nomenclatura constante
da capa dos autos da presente apelação.
Isto posto, com fulcro no art. 557, § 1º-A, do CPC, conheço
das apelações interpostas para dar-lhes parcial provimento, a fim de
reduzir o valor constante da condenação a título de indenização por danos
morais para a quantia de R$ 5.000,00, ficando mantida, no mais, a R.
Sentença proferida.
Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012

Des. Fernando Foch


Relator

Apelação Cível 0010462-93.2005.8.19.0209


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Certificado por DES. FERNANDO FOCH LEMOS


A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço www.tjrj.jus.br.
Data: 31/05/2012 18:33:01Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: 0010462-93.2005.8.19.0209 - Tot. Pag.: 8

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