Você está na página 1de 122

Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas

Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

APOSTILA DE ECV310 - FUNDAMENTOS DE


CARTOGRAFIA, TOPOGRAFIA E ESTRADAS

Recolhido, Montado e Adaptado por


Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho

Rio Paranaíba
2011

i
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

ÍNDICE
Apresentação ............................................................................................................... iv
Objetivo Geral ............................................................................................................. iv
Objetivo Específico...................................................................................................... iv
AULAS TEÓRICAS..................................................................................................... 1
CAPÍTULO 1 - Introdução à Topografia....................................................................... 1
1.1 Breve Histórico ................................................................................................... 1
1.2. Conceitos ........................................................................................................... 1
1.3. Objetivos da Topografia ..................................................................................... 2
1.4. Ramos da Topografia ......................................................................................... 3
1.5. Aplicações da Topografia................................................................................... 3
1.6. Plano Topográfico .............................................................................................. 4
1.7. Erro de esfericidade............................................................................................ 4
1.8. Erros em Topografia........................................................................................... 7
CAPÍTULO 2 - Medições de ângulos e distâncias......................................................... 9
2.1. Unidades de medidas lineares............................................................................. 9
2.2. Unidades de medidas angulares ........................................................................ 10
2.3. Unidades de medidas de superfície ................................................................... 12
2.4. Tipos de ângulos .............................................................................................. 14
2.5. Norte magnético e geográfico........................................................................... 16
2.5.1. Declinação Magnética............................................................................... 17
2.5.2. Determinação da Declinação Magnética ................................................... 19
2.6. Azimutes e Rumos ........................................................................................... 20
2.6.1. Conversão entre rumo e azimute................................................................ 21
2.6.2. Conversão de azimute magnético em verdadeiro ....................................... 22
2.7. Medições de distâncias ..................................................................................... 23
2.7.1. Pontos topográficos e alinhamentos .......................................................... 24
2.7.2. Medida direta de distâncias....................................................................... 25
2.7.3. Erros na medida direta de distâncias......................................................... 28
2.7.4. Medida indireta de distâncias.................................................................... 31
2.7.4.1. Distância reduzida.................................................................................. 33
2.7.4.2. Diferença de nível................................................................................... 36
2.7.5. Medição eletrônica de distâncias............................................................... 37
CAPÍTULO 3 - Levantamentos topográficos .............................................................. 38
3.1. Classificação .................................................................................................... 38
3.1.1. Em função do grau de precisão.................................................................. 38
3.1.2. Em função dos dados levantados ............................................................... 38

ii
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

3.2. Etapas do levantamento topográfico ................................................................. 38


3.3. Métodos de levantamentos topográficos ........................................................... 39
3.3.1. Por irradiação........................................................................................... 39
3.3.2. Por interseção ........................................................................................... 41
3.3.3. Por triangulação ....................................................................................... 42
3.3.4. Por ordenadas ........................................................................................... 42
3.3.5. Por caminhamento..................................................................................... 42
CAPÍTULO 4 - Altimetria .......................................................................................... 74
4.1. Conceitos Gerais .............................................................................................. 74
4.2. Representação do relevo................................................................................... 75
4.3. Métodos para a interpolação e traçado das curvas de nível................................ 79
4.4. Instrumentos utilizados em altimetria/nivelamentos.......................................... 87
4.5. Processos de nivelamento................................................................................. 88
4.5.1. Nivelamento geométrico simples................................................................ 89
4.5.2. Nivelamento geométrico composto............................................................. 90
4.5.3. Nivelamento trigonométrico ...................................................................... 94
4.6. RN ................................................................................................................... 95
4.7. Desenho do perfil ............................................................................................. 96
4.8. Projeto a partir de um perfil.............................................................................. 97
4.9. Sistematização de terrenos................................................................................ 99
AULAS PRÁTICAS................................................................................................. 102
PRÁTICA 1 – Goniologia......................................................................................... 102
PRÁTICA 2 – Manejo de teodolitos (medição de ângulos horizontais e mira)........... 105
PRÁTICA 3 – Manejo de teodolitos (medição de ângulos externos de um triângulo) 107
PRÁTICA 4 – Manejo de teodolitos (medição de azimutes)...................................... 108
PRÁTICA 5 – Levantamento Topográfico por irradiação.......................................... 110
PRÁTICA 6 – Levantamento Topográfico por caminhamento (ângulos horários) ..... 111
PRÁTICA 7 – Nivelamento Geométrico Simples...................................................... 112
PRÁTICA 7a – Nivelamento Geométrico Composto ................................................ 113
PRÁTICA 8 – Sistematização de terrenos ................................................................. 115
PRÁTICAS 9 a 14 – Trabalho Prático....................................................................... 116
PRÁTICA 15 – Demonstração com GPS de navegação e Estação Total.................... 116
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 117

iii
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Apresentação
Segundo ESPARTEL (1987) "a Topografia tem por finalidade determinar
o contorno, a dimensão e a posição relativa de uma porção limitada da
superfície terrestre". Esta determinação se dá a partir do levantamento de
pontos planimétricos e altimétricos, através de medidas angulares e lineares,
com o uso de equipamentos apropriados. O conjunto de pontos devidamente
calculados e corrigidos, dão origem, via de regra, ao desenho topográfico, ao
qual se denomina Planta Topográfica, que por sua vez, é a própria
representação da "porção da superfície terrestre". Os métodos de cálculos e a
forma de tratamento e transformação dos pontos planimétricos e altimétricos,
formam as técnicas que objetivamente serão apresentadas nesta apostila.
As técnicas topográficas para cálculos de levantamentos planimétricos e
altimétricos possuem conceitos e métodos consagrados no mundo científico, e
fazem uso principalmente dos conceitos básicos da geometria clássica.
Portanto, nesta apostila serão apresentadas e discutidas as principais
definições e métodos para os cálculos planimétricos e altimétricos dos
levantamentos topográficos clássicos. Serão apresentados ainda, alguns
conceitos básicos referentes ao projeto geométrico de estradas, a cartografia,
aos sistemas de projeções, as séries cartográficas, a rede geográfica e ao
posicionamento com receptor GPS.

Objetivo Geral
O objetivo desta apostila é dar subsídios conceituais e metodológicos de
Topografia, para a aplicação nas aulas teóricas e práticas da disciplina de
Topografia dos Cursos de Engenharia Civil e Agronomia da Universidade
Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba.

Objetivo Específico
a) apresentar os conceitos básicos de cartografia, estradas e topografia;
b) facilitar o acompanhamento do aluno nas discussões realizadas na sala de
aula; e
c) servir de material de estudo para as avaliações a serem realizadas.

iv
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

AULAS TEÓRICAS

CAPÍTULO 1 - Introdução à Topografia

1.1 Breve Histórico


É impossível dizer quando a topografia foi utilizada pela primeira vez.
Em sua forma mais simples é tão antiga quanto à história da civilização, pois o
homem sempre necessitou conhecer o meio em que vive, por questões de
sobrevivência, orientação, segurança, guerras, navegação, construção, etc.
Desde que existe o direito de propriedade também existe um modo de
medição ou distinção de parcelas de terra dentre pessoas. Alguns historiadores
dizem que o homem já fazia mapas antes mesmo de desenvolver a escrita.
Algumas referências do emprego da Topografia em tempos antigos:
a) Provérbio do Velho Testamento: “Não removas os limites antigos, que
teus pais fixaram”;
b) Arqueólogos encontraram mapas da Babilônia em tábuas (2500 a.C.);
c) Registros históricos na Índia e China (2500 a.C.);
d) o grego Heródoto (“o pai da história”) disse que a Topografia foi usada
no Egito desde 1400 a.C. quando o país foi dividido em parcelas de terra para
fins de cobrança de impostos;
e) As enchentes anuais do Vale do Nilo arrastavam os marcos que
delimitavam as propriedades, assim, existiam pessoas que remarcavam esses
marcos com cordas que possuíam nós ou marcadores distribuídos em certos
intervalos.
Atualmente, com o avanço tecnológico, observa-se que surgiram
técnicas e equipamentos de medição que facilitaram a obtenção de dados para
posterior representação. Dentre estes equipamentos citam-se os sistemas de
satélites, hardwares e softwares.

1.2. Conceitos
Etimologicamente, a Topografia significa descrição de um lugar, pois
deriva das palavras gregas "topos" (lugar) e "graphen" (descrever). Assim,
Topografia é a ciência que estuda a representação detalhada de um “trecho”

1
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

limitado da superfície da terra, sem levar em consideração a curvatura


resultante de sua esfericidade.
Segundo Domingues (1979), devido à superfície terrestre ser quase
esférica entende-se por “trecho” uma região limitada por um raio de,
aproximadamente, 30 km.
Assim sendo, pode-se sempre representar em um plano horizontal a
imagem do terreno em estudo, com sua forma, limites, dimensões, relevo, bem
como todas as particularidades de importância, tanto naturais como artificiais.
Estas particularidades podem ser: rios, lagos, cercas, vegetações, estradas,
pontes, canais, construções isoladas, etc., e serão detalhadas (mais ou menos)
conforme a finalidade do trabalho.
A porção da superfície terrestre, levantada topograficamente, é
representada através de uma Projeção Ortogonal Cotada e denomina-se
Superfície Topográfica. Isto equivale dizer que, não só os limites desta
superfície, bem como todas as suas particularidades naturais ou artificiais,
serão projetadas sobre um plano considerado horizontal.
A esta projeção ou imagem figurada do terreno dá-se o nome de Planta
ou Plano Topográfico (ESPARTEL, 1987). A Figura 1 representa a relação da
superfície terrestre e de sua projeção sobre o papel.

SUPERFÍCIE TOPOGRÁFICA - PLANTA TOPOGRÁFICA


Figura 1. Relação da superfície terrestre e a sua projeção sobre o papel.

1.3. Objetivos da Topografia


Dentre os diversos autores que descrevem os objetivos da Topografia
vale destacar:

2
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

a) “A Topografia tem por objetivo o estudo dos instrumentos e métodos


utilizados para obter a representação gráfica de uma porção do terreno sobre
uma superfície plana”.
b) “A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e
posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em
conta a curvatura resultante da esfericidade terrestre” ESPARTEL (1987).
Portanto, pode-se dizer que o objetivo principal da topografia é efetuar
um levantamento (executar medições de ângulos, distâncias e desníveis) que
permita representar uma porção da superfície terrestre em uma escala
adequada. Às operações efetuadas em campo, com o objetivo de coletar dados
para a posterior representação, denomina-se de levantamento topográfico.

1.4. Ramos da Topografia


Classicamente, a Topografia é dividida em Topometria e Topologia. A
Topologia tem por objetivo o estudo das formas exteriores do terreno (relevo -
MDE) e das leis que regem o seu modelado, enquanto que, a Topometria
estuda os processos clássicos de medição de distâncias, ângulos e desníveis,
cujo objetivo é a determinação de posições relativas de pontos. A Topometria
pode ser dividida em:
- planimetria: determina-se a posição planimétrica dos pontos
(coordenadas X e Y), ou seja, em um plano horizontal; e
- altimetria: objetiva-se a determinação da cota ou altitude de um ponto
(coordenada Z), ou seja, em um plano vertical.
A realização simultânea dos dois levantamentos dá origem ao chamado
levantamento planialtimétrico que trabalha com o espaço tridimensional.

1.5. Aplicações da Topografia


A Topografia é a base de qualquer projeto e de qualquer obra realizada
por engenheiros ou arquitetos. Por exemplo, os trabalhos de obras viárias,
núcleos habitacionais, edifícios, aeroportos, hidrografia, usinas hidrelétricas,
telecomunicações, sistemas de água e esgoto, planejamento, urbanismo,
paisagismo, irrigação, drenagem, cultura, reflorestamento etc., se desenvolvem
em função do terreno sobre o qual se assentam (DOMINGUES, 1979).

3
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Portanto, é fundamental o conhecimento pormenorizado deste terreno,


tanto na etapa do projeto, quanto da sua construção ou execução. A Topografia
fornece os métodos e os instrumentos que permitem este conhecimento do
terreno assegurando uma correta implantação da obra ou serviço.

1.6. Plano Topográfico


Como foi visto anteriormente, todo terreno, pela Topografia, é
considerado projetado ortogonalmente em um plano horizontal imaginário.
Escolhe-se para esse fim um plano tangente ao esferóide terrestre, estando o
ponto de tangência no interior da área a ser desenhada. Assim, projeta-se
sobre esse plano, todas as particularidades notáveis do terreno, limites da
superfície medida, acidentes naturais e artificiais. A partir da Figura 2, verifica-
se que todas as verticais contidas no plano topográfico (HH’) são
perpendiculares ao plano e, portanto paralelas entre si. Vale ressaltar que o
plano onde são feitas as projeções (ortogonais) é chamado de campo ou
plano topográfico.

Figura 2. Relação entre plano topográfico e a superfície terrestre.

1.7. Erro de esfericidade


A área a ser medida na Topografia é relativamente pequena, não
havendo necessidade de levar em consideração a curvatura terrestre. Assim,
pode-se considerá-la planas sem cometer erros apreciáveis. Este erro é o
chamado “erro de esfericidade”, que pode ser expresso e calculado em
função da diferença entre a tangente (plano topográfico) e o arco.
Portanto, a hipótese do plano topográfico exige certa restrição no que se
refere à extensão da área em estudo, pois do contrário o erro decorrente da

4
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

substituição da forma da Terra por este plano, tornar-se-ão incompatíveis com


a aproximação ou rigor com que se deseja obter a planta.
A Figura 3 apresenta os elementos a serem considerados na confecção
de uma planta topográfica, considerando a terra como uma esfera.

Figura 3. Elementos para confecção de uma planta topográfica.

A partir da Figura 3 têm-se os seguintes elementos:


AB = D = plano topográfico (projeção da “calota terrestre” no plano
topográfico);
AC = R = raio médio aproximado da Terra = 6.367.000 m;
AS = D’ = Arco na superfície da Terra;
C = centro da Terra considerando uma esfera; e
α = ângulo central.
D
Do ∆ ABC tem-se que tgα = , portanto, D = R tgα .
R
O arco na superfície da Terra pode ser calculado por:
2π R D ' π Rα
= , portanto, = D'
360 o
α 180 o

Vale ressaltar que o ângulo α deve ser em graus.

Exemplo: determine as distâncias D e D’ para um ângulo central α = 30’.


Resolução:
D = R tgα → D = 6.367.000 tg 0,5o = 55.563,967 m e

π Rα 3,141592654 × 6.367.000 0,5o


= D' → D ' = = 55.562,557 m
180o 180o

5
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Assim, o erro de esfericidade para aproximadamente 55 km é de


Erro = D − D ' = 55.563,967 − 55.562,557 = 1,410 m .

A partir do exposto pode-se afirmar que a hipótese do plano topográfico


é plenamente satisfatória, uma vez que na Topografia é utilizado distâncias
bem inferiores a 55 km. Assim, na Topografia o erro resultante da esfericidade
da Terra pode ser desprezado.

Exercício: determine a distância D’ para um D = 30 km. Determine o erro


de esfericidade.

6
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

1.8. Erros em Topografia


Por melhores que sejam os equipamentos e por mais cuidado que se
tome ao proceder um levantamento topográfico, as medidas obtidas jamais
estarão isentas de erros. Assim, os erros pertinentes às medições topográficas
podem ser classificados como:
a) Naturais: são aqueles ocasionados por fatores ambientais, ou seja,
temperatura, vento, refração e pressão atmosféricas, ação da gravidade, etc.
Alguns destes erros são classificados como erros sistemáticos. São aqueles
erros cuja magnitude e sinal algébrico podem ser determinados, seguindo leis
matemáticas ou físicas. Pelo fato de serem produzidos por causas conhecidas
podem ser evitados através de técnicas particulares de observação ou mesmo
eliminados mediante a aplicação de fórmulas específicas. São erros que se
acumulam ao longo do trabalho.
Exemplo de erros sistemáticos, que podem ser corrigidos através de
fórmulas específicas: efeito da temperatura e pressão na medição de distâncias
com medidor eletrônico de distância; correção do efeito de dilatação de uma
trena em função da temperatura.
Um exemplo clássico apresentado na literatura, referente a diferentes
formas de eliminar e ou minimizar erros sistemáticos é o posicionamento do
nível a igual distância entre as miras durante o nivelamento geométrico pelo
método das visadas iguais, o que proporciona a minimização do efeito da
curvatura terrestre no nivelamento e falta de paralelismo entre a linha de visada
e eixo do nível tubular.

b) Instrumentais: são aqueles ocasionados por defeitos ou imperfeições


dos instrumentos ou aparelhos utilizados nas medições. Alguns destes erros
são classificados como erros acidentais e ocorrem ocasionalmente, podendo
ser evitados e/ou corrigidos com a aferição e calibragem constante dos
aparelhos. São aqueles que permanecem após os erros naturais terem sido
eliminados. São erros que não seguem nenhum tipo de lei e tem a tendência a
se neutralizar quando o número de observações é grande.
De acordo com GEMAEL (1991), quando o tamanho de uma amostra é
elevado, os erros acidentais apresentam uma distribuição de freqüência que

7
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

muito se aproxima da distribuição normal. Exemplo de erros acidentais:


inclinação da baliza na hora de realizar a medida e erro de pontaria na leitura
de direções horizontais.

c) Pessoais: são aqueles ocasionados pela falta de cuidado do operador.


Os mais comuns são: erro na leitura dos ângulos; erro na leitura da régua
graduada; na contagem do número de trenadas; ponto visado errado; aparelho
fora de prumo; aparelho fora de nível; etc. São classificados como erros
grosseiros e não devem ocorrer jamais, pois não são passíveis de correção. A
repetição de leituras é uma forma de evitar erros grosseiros. Alguns exemplos
de erros grosseiros: anotar 196 ao invés de 169; engano na contagem de
lances durante a medição de uma distância com trena.

8
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

CAPÍTULO 2 - Medições de ângulos e distâncias

2.1. Unidades de medidas lineares


O metro é uma unidade básica para a representação de medidas de
comprimento no Sistema Internacional (SI). Este surgiu em 1791 quando a
Academia de Ciências de Paris o definiu como unidade padrão de
comprimento. O metro era representando por 1/10.000.000 de um arco de
meridiano da Terra. Em 1983, a Conferência Geral de Pesos e Medidas
estabeleceu a definição atual do “metro” como a distância percorrida pela luz
no vácuo durante o intervalo de tempo de 1/299.792.458s (velocidade da
luz = 299 792 458 m/s). A Tabela 1 apresenta os múltiplos e submúltiplos do
“metro”.

Tabela 1 - Múltiplos e submúltiplos do “metro”


Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
km hm dam m dm cm mm
1000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m

Embora o SI seja o “padrão internacional”, nos EUA e Inglaterra,


principalmente, ainda é muito comum o uso das seguintes unidades:
1 polegada = 1 in = 2,54 cm
1 pé = 1 ft = 12 in = 30,48 cm
1 jarda = 1 yd = 3 ft = 91,44 cm
1 milha = 1 mi = 5.280 ft = 1.609,344 m.
No Brasil empregou-se oficialmente, num passado recente, as seguintes
unidades lineares:
1 légua = 3000 braças = 6600 m
1 légua marítima = 5555,55 m
1 quadra = 60 braças = 132 m
1 corda = 15 braças = 33 m
1 braça = 2 varas = 2,20 m
1 vara = 5 palmos = 1,10 m

Exercícios: transforme as distâncias nas unidades apresentadas para metros.


a) 234,6574 km =

9
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

b) 32424,7214 dam =
c) 454,2744 dm =
d) 34,4563 mm =
e) 1044,0145 mm =
f) 3042,7429 mm =
g) 34,4563 polegada =
h) 1044,0145 pé =
i) 3042,7429 milha =

Atenção: As unidades lineares devem ser trabalhadas sempre com, no


mínimo, quatro (4) casas decimais.

2.2. Unidades de medidas angulares


a) Sistema Internacional: Radiano
A Figura 4 apresenta um radiano que é o ângulo central referente a um
arco de circunferência de comprimento igual ao raio da mesma.

Figura 4. Desenho de um adiano.

No SI a unidade fundamental para ângulo plano é o Radiano, (rad), que


é o ângulo central subtendido por um arco de círculo de comprimento igual ao
do respectivo raio, sendo, portanto, uma circunferência dividida em 2π partes
iguais. Vale lembrar que π (PI) é o valor da razão entre o comprimento da
circunferência e seu diâmetro.
π = 3,14159 26535 89793 23846 26433 83279 50288 41971 69399 3751
Um ângulo θ qualquer é a razão entre o comprimento do arco de
circunferência, l, formado pelo ângulo e o raio da circunferência, R. A Figura 5
apresenta esta relação.

10
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 5. Ângulo θ e a razão entre l e R.

b) Sistema sexagesimal
Neste sistema, a circunferência é divida em 360 partes iguais, sendo
cada parte denominada grau (o). Um grau é dividido em 60 partes iguais
denominadas, minutos ( ’ ). Um minuto é dividido em 60 partes iguais
denominadas, segundos ( ” ).
Sabendo-se que no sistema sexagesimal uma circunferência é dividida
em 360 partes iguais e que em radianos é dividida em 2π partes iguais,
constata-se que:

c) Sistema Centesimal
Este sistema não está definido no SI. Nele a circunferência é divida
em 400 partes iguais, sendo cada parte denominada GRADO ( g ). Um grado é
dividido em 100 partes iguais denominadas, MINUTOS ( ’ ) ou centígrados. Um
minuto é dividido em 100 partes iguais denominadas, SEGUNDOS ( ” ) ou
decimiligrados. Portanto, 380,2345 grados = 380 grados, 23 centígrados e 45
decimiligrados ou 380g23’45”.
Diante do exposto, tem-se para as medidas angulares a seguinte
relação:
360° = 400g = 2π

11
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Atenção: As unidades angulares devem ser trabalhadas sempre com, no


mínimo, seis (6) casas decimais.

Exercícios:
1) Transforme os seguintes ângulos em graus, minutos e segundos para
graus e frações decimais de grau.
a) 32º28’59”
b) 17º34’18,3”
c) 125º59’57”

2) Faça as operações solicitadas a seguir, sem auxilio da calculadora.


a) 30º20’00” + 20º52’00”
b) 28º41’00” + 39º39’00”
c) 42º30’00” – 20º40’00”

2.3. Unidades de medidas de superfície


No SI a unidade fundamental é o metro quadrado representado por m2.
Os múltiplos e submúltiplos mais empregados são representados por: km2,
hm2, dam2, dm2, cm2 e mm2. Para quantificar áreas rurais emprega-se ainda o
hectare, ha, sendo,
1 hectare (ha) = 1 hm² = 10 000 m² que tem como submúltiplos
1 Are (a) = 10-2 ha = 100 m2 e
1 Centiare (ca) = 10-4 ha = 1 m2.
Portanto, 84,3562 ha, por exemplo, pode ser lido como 84 hectares,
35 ares e 62 centiares.
A Tabela 2 apresenta algumas unidades de medida de superfície. Nesta,
é importante destacar o Alqueire Paulista e o Alqueire Mineiro que são as
unidades mais utilizadas no estado de Minas Gerais e São Paulo. Vale salientar, que
estas unidades sofrem alterações de acordo com a região, sendo o mais recomendado
se informar no Cartório de Registro de Imóveis de cada cidade qual valor do alqueire
que é empregado na mesma.

12
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Tabela 2 - Unidades de medida de superfície


Dimensões Em hectares
Unidade superficial antiga
mxm ha
litro - 0,0605
prato - 0,0968
Palmo de Sesmaria 0,22 x 6 600 0,1452
Meia quarta 110 x 27,5 0,3025
Quarta de Terra 110 x 55 0,6050
Hectare de Terra 100 x 100 1
Meio Alqueire 110 x 110 1,2100
Braça de Sesmaria 2,2 x 6,6 1,4520
Quadra Quadrada 132 x 132 1,7424
Alqueire Paulista ou menor 110 x 220 2,4200
Alqueire Mineiro ou geométrico 220 x 220 4,8400
Lote Colonial 2200 x 110 24,2000
Quadra de Sesmaria 132 x 6 600 87,1200
Milhão de Metro 1 000 x 1 000 100,0000
Data de Campo 3 300 x 825 272,2500
Data de Mato 3 300 x 1 650 544,5000
Sesmaria de Mato 3 300 x 3 300 1 089,0000

Exercícios:
1) Transforme os valores das áreas a seguir para as unidades
solicitadas.
234,6574 km2 = m2;
32424,7214 dam2 = m2;
454,2744 dm2 = m2;
34,4563 mm2 = m2;
1044,0145 mm2 = cm2; e
3042,7429 mm2 = km2.

13
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

2.4. Tipos de ângulos


Uma das operações básicas em Topografia é a medição de ângulos
horizontais e verticais. Na realidade, no caso dos ângulos horizontais, direções
são medidas em campo, e a partir destas direções são calculados os ângulos.
Para a realização destas medições emprega-se um equipamento denominado
de teodolito. A Figura 6 apresenta esquematicamente o processo de medição
de ângulos horizontais.

Figura 6. Processo de medição de ângulos horizontais.

a) ângulo horizontal (H): é ângulo formado por dois planos verticais que
contém as direções formadas pelo ponto ocupado e os pontos visados. É
medido sempre na horizontal, razão pela qual o teodolito deve estar
devidamente nivelado. Conforme pode ser visto na Figura 7 o ângulo (H) entre
as direções AO-OB e CO-OD é o mesmo, face que os pontos A e C estão no
mesmo plano vertical π e B e D no plano π’.

Figura 7. Representação dos ângulos horizontais.

14
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

b) ângulo vertical (α): é o ângulo formado entre a linha do horizonte


(plano horizontal) e a linha de visada, medido no plano vertical que contém os
pontos. Varia de 0º a +90º (acima do horizonte) e 0º a -90º (abaixo do
horizonte). Na parte esquerda da Figura 8, observa-se os ângulos verticais
medidos entre a aresta superior (Parede 1) e inferior (Parede 2) das paredes
de uma edificação e o plano do horizonte. Já na direita, observa-se os ângulos
verticais esquematizadas em eixos cartesianos.

Figura 8. Representação dos ângulos verticais.

c) ângulo zenital (Z): ângulo formado entre a vertical do lugar (zênite) e a


linha de visada. Varia de 0º a 180º, sendo a origem da contagem o zênite
(Figura 9).

Figura 9. Representação do ângulo zenital.

Destaca-se que o ângulo nadiral é ângulo formado entre a vertical do


lugar (nadir) e a linha de visada. A Figura 10 apresenta os quatro tipos de
ângulos estudados.

15
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 10. Principais ângulos utilizados em levantamento topográficos.

2.5. Norte magnético e geográfico


O planeta Terra pode ser considerado um gigantesco imã, devido à
circulação da corrente elétrica em seu núcleo formado de ferro e níquel em
estado líquido. Estas correntes criam um campo magnético, como pode ser
observado na Figura 11. Este campo magnético ao redor da Terra tem a forma
aproximada do campo Magnético ao redor de um imã de barra simples. Tal
campo exerce uma força de atração sobre a agulha da bússola, fazendo com
que mesma entre em movimento e se estabilize quando sua ponta imantada
estiver apontando para o Norte magnético.

Figura 11. Campo magnético ao redor da Terra.

A Terra, na sua rotação diária, gira em torno de um eixo. Os pontos de


encontro deste eixo com a superfície terrestre são os chamados Pólo Norte e
Pólo Sul verdadeiros ou geográficos. Conforme pode-se observar na Figura 11

16
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

o eixo magnético não coincide com o eixo geográfico. A diferença entre a


indicação do Pólo Norte magnético (dada pela bússola) e a posição do Pólo
Norte geográfico é denominada de declinação magnética.

2.5.1. Declinação Magnética


A declinação magnética é o ângulo compreendido entre os meridianos
magnéticos e geográficos. Quando o norte verdadeiro encontra-se à esquerda
do norte magnético a declinação será oriental e positiva e quando o norte
geográfico estiver à direita do norte magnético a declinação é ocidental e
negativa, conforme pode ser observado na Figura 12.

Figura 12. Declinação magnética e suas variações.

A declinação é determinada por meio de magnetômetros que possuem


precisão compatível com trabalhos topográficos. Em um mesmo local, a
declinação sofre variações que são classificadas como geográficas, seculares
ou locais, as quais serão discutidas a seguir.
Variações Geográficas: a declinação magnética varia com a posição
geográfica em que é observada. Assim, para cada local existirá uma declinação
diferente para cada época do ano. Quando se une os pontos da superfície que
têm o mesmo valor de declinação num determinado instante são geradas as
linhas isogônicas que formam o mapa isogônico apresentado na Figura 13. A
Figura 14 apresenta o mapa isopórico, o qual representa os pontos da
superfície com a mesma variação anual de declinação magnética.

17
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 13. Mapa isogônico.

Figura 14. Mapa isopórico.

18
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Vale ressaltar que os mapas ou cartas supracitadas são publicadas


periodicamente pelos observatórios astronômicos.

Variações Seculares: são as variações observadas no decorrer dos


séculos, na qual o pólo norte magnético se movimenta ao redor do pólo norte
geográfico.

Variações Locais: são perturbações ocasionadas por presença ou


proximidade de algum material metálico, linhas de transmissão de energia,
dentre outras. Portanto, deve-se respeitar as seguintes distâncias mínimas
para operações com bússolas:
- linhas telefônicas: 40 m;
- linhas de alta tensão: 140 m; e
- cerca de arame farpado: 10 m.

2.5.2. Determinação da Declinação Magnética


Atualmente, existem diversos métodos para a determinação da
declinação magnética, as quais pode-se citar: método direto (obtido no próprio
local a partir das alturas correspondentes do sol), método indireto (obtido por
meio de mapas isogônicos e isopóricos) e consulta ao site do observatório
nacional (http://staff.on.br/~jlkm/magdec/index.html).

Exercícios:
1) determine a partir do site informado a declinação magnética para a
cidade de Viçosa, em 3/10/2006. Explique o sinal negativo.
Resposta: -22,09º = -22º05’24”

2) determine para a data 3/10/2010 a declinação magnética do prédio


“antigo” do Campus da UFV-RP sabendo que suas coordenadas geográficas
são: Latitude: 19º12’35”; Longitude: 46º07’57”.

19
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

2.6. Azimutes e Rumos


Azimute é o ângulo formado por um alinhamento com a linha Norte - Sul.
É medido a partir do Norte, no sentido horário e varia de 0º a 360º. A Figura 15
apresentada esquematicamente como é realizada a leitura do azimute, bem
como, o eixo cartesiano com os valores de azimutes e seus respectivos
quadrantes.

Figura 15. Leitura de azimutes.

O Azimute pode ser magnético ou verdadeiro. O magnético é lido em


relação ao Meridiano Magnético, isto é, em relação à linha Norte - Sul apontada
pela agulha magnética da bússola e o azimute verdadeiro é lido em relação ao
Meridiano Verdadeiro (pólo geográfico).
Por definição rumo é o menor ângulo formado pela meridiana que
materializa o alinhamento Norte - Sul e a direção considerada. Varia de 0º a
90º, sendo contado do Norte ou do Sul para leste e oeste. Este sistema
expressa o ângulo em função do quadrante em que se encontra. Além do valor
numérico do ângulo acrescenta-se uma sigla (NE, SE, SW, NW) cuja primeira
letra indica a origem a partir do qual se realiza a contagem e a segunda indica
a direção do giro ou quadrante, conforme é apresentado na Figura 16.

20
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 16. Leitura de rumos.

Independente da orientação do sistema (Geográfico ou Magnético) a


forma de contagem do Azimute e do Rumo, bem como a conversão entre os
mesmos ocorre da mesma forma.

2.6.1. Conversão entre rumo e azimute


Sempre que possível é recomendável a transformação dos rumos em
azimutes, tendo em vista a praticidade nos cálculos de coordenadas, por
exemplo, e também para a orientação de estruturas em campo. Para entender
melhor o processo de transformação, observe a seqüência indicada
na Figura 17.

Figura 17. Relação entre rumos e azimutes.

21
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Resumindo a relação entre azimute e rumo é dado por:


a) Conversão de Azimute para Rumo
No Primeiro quadrante: R1 = Az1
No Segundo quadrante: R2 = 180º - Az2
No Terceiro quadrante: R3 = Az3 - 180º
No Quarto quadrante: R4 = 360º - Az4

b) Conversão de Rumo para Azimute


No Primeiro quadrante (NE): Az1 = R1
No Segundo quadrante (SE): Az2 = 180º - R2
No Terceiro quadrante (SW): Az3 = 180º + R3
No Quarto quadrante (NW): Az4 = 360º - R4

Exercícios:
1) Transforme os rumos em azimutes e os azimutes em rumos:
a) 30º25’15” SE
b) 33º43’10”
c) 38º15’11” NW
d)233º40’12”

2) Transforme os azimutes em rumos:


a) 45º15’10”
b) 156º30’10”
c) 230º25’11”
d) 310º20’12”

2.6.2. Conversão de azimute magnético em verdadeiro


Conforme relatado nos tópicos 2.5.1 e 2.5.2 para se obter o azimute
verdadeiro é preciso a leitura do azimute magnético em campo e a declinação
magnética que atualmente é obtida a partir do site do observatório nacional
(http://staff.on.br/~jlkm/magdec/index.html).
Exemplo: o azimute magnético lido para um alinhamento AB no Campus
da UFV/RP foi de 156º30’10” e a declinação magnética do mesmo consultado
no site do observatório nacional foi de -22º10’15”. Determine o Azimute

22
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Verdadeiro para o alinhamento AB. Faça um esquema demonstrando o


raciocínio utilizado.

2.7. Medições de distâncias


Na Topografia emprega-se, basicamente, a medição de três distâncias:
distância horizontal (DH), distância vertical ou diferença de nível (DV ou DN) e
distância inclinada (DI), as quais são detalhadas a seguir.
A Distância Horizontal ou reduzida (DH ou Dr) é a distância medida entre
dois pontos, no plano horizontal. Este plano pode, conforme indicado na
Figura 18, passar tanto pelo ponto A, quanto pelo ponto B em questão.
Por outro lado, a Distância Vertical ou Diferença de Nível (DV ou DN) é a
distância medida entre dois pontos, num plano vertical que é perpendicular ao
plano horizontal. Este plano vertical pode passar por qualquer um dos pontos
AA’ ou BB’, conforme indicado na Figura 18.
Por fim, a Distância Inclinada (Di) é a distância medida entre dois
pontos, em planos que seguem a inclinação da superfície do terreno, conforme
indicado na Figura 18.

Figura 18. Distâncias empregadas na Topografia.

É importante destacar que as grandezas representadas pela planimetria


são: distância e ângulo horizontais (planta); enquanto as grandezas

23
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

representadas pela altimetria são: distância e ângulo verticais, representados


em planta por meio de curvas de nível ou de um perfil.

2.7.1. Pontos topográficos e alinhamentos


Pontos topográficos são pontos materializados no terreno para que se
possam medir ângulos e distâncias. Enquanto que, alinhamento é a projeção
horizontal do plano vertical que passa por dois pontos topográficos, ou seja, é a
distância horizontal entre dois pontos topográficos.
A materialização dos pontos topográficos e alinhamentos é realizada por
meio de:
a) Piquetes: sua principal função é a materialização de um ponto
topográfico no terreno. A marcação de mais de um ponto topográfico forma um
alinhamento a ser medido. A Figura 19 apresenta um exemplo de piquete. Os
piquetes apresentam as seguintes características:
- fabricados de madeira roliça ou de seção quadrada com a superfície no
topo plana;
- assinalados (marcados) na sua parte superior com tachinhas de cobre,
pregos ou outras formas de marcações que sejam permanentes;
- comprimento variável de 15 a 30 cm (depende do tipo de terreno em
que será realizada a medição);
- diâmetro variando de 3 a 5 cm;
- é cravado no solo, porém, parte dele (cerca de 3 a 5 cm) deve
permanecer visível.

Figura 19. Piquete

b) Estacas testemunhas: são utilizadas para facilitar a localização dos


piquetes, indicando a sua posição aproximada. A Figura 20 apresenta um
exemplo de estaca testemunha. Estas normalmente obedecem às seguintes
características:
- cravadas próximas ao piquete, cerca de 30 a 50 cm;

24
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

- comprimento variável de 15 a 40 cm;


- diâmetro variável de 3 a 5 cm;
- chanfradas na parte superior para permitir uma inscrição, indicando o
nome ou número do piquete. Normalmente a parte chanfrada é cravada voltada
para o piquete.

Figura 20. Estaca testemunha e um piquete.

2.7.2. Medida direta de distâncias


Alguns autores afirmam que o processo de medida de distâncias é
direto, quando esta distância é determinada em comparação a uma grandeza
padrão previamente estabelecida; outros autores, porém, afirmam que a
medição é direta quando o instrumento de medida utilizado é aplicado
diretamente sobre o terreno.
Segundo ESPARTEL (1987) os principais dispositivos utilizados na
medida direta de distâncias, também conhecidos por DIASTÍMETROS, são as
trenas. A Figura 21 apresenta alguns modelos comerciais de trenas mais
utilizados atualmente.

Figura 21. Modelos comerciais de trenas.

25
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Apesar da qualidade e da grande variedade de diastímetros disponíveis


no mercado, toda medida direta de distância só poderá ser realizada com
qualidade se for feito uso de alguns acessórios especiais. A saber:
a) Balizas: são utilizadas para manter o alinhamento, na medição entre
pontos, quando há necessidade de se executar vários lances. A Figura 22
apresenta a imagem de uma baliza.

Figura 22. Baliza.

b) Nível de cantoneira: equipamento em forma de cantoneira e dotado


de bolha circular que permite ao auxiliar segurar a baliza na posição vertical
sobre o piquete ou sobre o alinhamento a medir. A Figura 23 apresenta um
nível de cantoneira.

Figura 23. Nível de cantoneira.

Segundo DOMINGUES (1979) a precisão com que as distâncias são


obtidas depende, principalmente, do dispositivo de medição utilizado, dos
acessórios e dos cuidados tomados durante a operação. Além disso,
RODRIGUES (2008), descreve que os cuidados na realização de medidas de
distâncias com diastímetros são a manutenção: do alinhamento a ser medido,
da horizontalidade do diastímetro e da tensão uniforme nas extremidades.
Os principais métodos de medida direta de distância com trena são:
a) Lance único
Na medição da distância horizontal entre os pontos A e B, procura-se,
medir a projeção de AB no plano horizontal, resultando na medição de A’B’. A
Figura 24 mostra como é feito a medição entre 2 pontos no terreno.

26
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 24. Medição entre 2 pontos no terreno

Na Figura 25 é possível identificar à forma correta de se medir a


distância horizontal, distância inclinada e desnível utilizando uma trena.

Figura 25. Medição da distância horizontal, distância inclinada e desnível

b) Vários lances - pontos visíveis


Quando não é possível medir a distância entre dois pontos utilizando
somente uma medição com a trena (quando a distância entre os dois pontos é
maior que o comprimento da trena), costuma-se dividir a distância a ser medida
em partes, que são denominadas lances. A distância final entre os dois pontos
será a somatória das distâncias de cada lance. A execução da medição
utilizando lances é descrita a seguir.
Analisando a Figura 26, observa-se que o balizeiro de ré (posicionado
em A) orienta o balizeiro intermediário, cuja posição coincide com o final da
trena, para que este se mantenha no alinhamento AB. Depois de executado o
lance, o balizeiro intermediário marca o final da trena com um piquete. O
balizeiro de ré, então, ocupa a posição do balizeiro intermediário, e este, por

27
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

sua vez, ocupará nova posição ao final do diastímetro. Repete-se o processo


de deslocamento das balizas (ré e intermediária) e de marcação dos lances até
que se chegue ao ponto B. É fundamental que, durante a medição, os
balizeiros se mantenham sobre o alinhamento AB.

Figura 26. Medição de distância com vários lances.

Vale ressaltar que existem outros métodos de medida direta de distância


com trena que não serão discutidos nesta apostila.

2.7.3. Erros na medida direta de distâncias


Os erros cometidos, voluntária ou involuntariamente, durante a medida
direta de distâncias, devem-se:
- ao comprimento do diastímetro: afetado pela tensão aplicada em suas
extremidades e também pela temperatura ambiente. A correção depende dos
coeficientes de elasticidade e de dilatação do material com que o mesmo é
fabricado. Portanto, deve-se utilizar dinamômetro e termômetro durante as
medições para que estas correções possam ser efetuadas ou, proceder à
aferição do diastímetro de tempos em tempos.

28
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A distância horizontal correta (DHc) entre dois pontos será dada


dividindo-se o comprimento aferido do diastímetro (la) pelo seu comprimento
nominal (l) e multiplicando-se pela distância horizontal medida (DHm):

la
DH c = .DH m
l (1)

- ao desvio vertical ou falta de horizontalidade: ocorre quando o terreno é


muito inclinado. Assim, mede-se uma série de linhas inclinadas em vez de
medir as projeções destas linhas sobre o plano horizontal, como mostra a
Figura 27 (BORGES, 1977).

Figura 27. Falta de horizontalidade da trena.

O erro devido ao desvio vertical (Cdv), para um único lance, pode ser
encontrado por meio da relação entre o desnível do terreno (DN) e o
comprimento do diastímetro (l):

DN 2
C dv =
2. l (2)

Este erro é cumulativo e sempre positivo. Assim, a distância horizontal


correta (DHc) entre dois pontos será encontrada subtraindo-se da distância
horizontal medida (DHm), o desvio vertical (Cdv) multiplicado pelo número de
lances (Nl) dado com o diastímetro:
DH c = DH m − ( N l .C dv ) (3)

î- à catenária: curvatura ou barriga que se forma ao tensionar o


diastímetro e que é função do seu peso e do seu comprimento. Para evitá-la, é

29
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

necessário utilizar diastímetros leves, não muito longos e aplicar tensão


apropriada (segundo normas do fabricante) às suas extremidades.
A Figura 28 indica a flecha (f) do arco formado pelo comprimento (l) do
diastímetro com tensão (T) aplicada nas extremidades (DOMINGUES, 1979).

Figura 28. Flecha de uma trena.

O erro devido à catenária, para um único lance, pode ser encontrado


através da relação:

8.f 2
Cc =
3. l (4)

Este erro é cumulativo, provoca uma redução do diastímetro e,


consequentemente, resulta numa medida de distância maior que a real. Assim,
a distância horizontal correta (DHc) entre dois pontos será encontrada
subtraindo-se da distância horizontal medida (DHm), o erro da catenária (Cc)
multiplicado pelo número de lances (Nl) dado com o diastímetro:
DH c = DH m − ( N l .C c ) (5)

- à verticalidade da baliza: como indicado na Figura 28, é ocasionado por


uma inclinação da baliza quando esta se encontra posicionada sobre o
alinhamento a medir. Provoca o encurtamento ou alongamento deste
alinhamento caso esteja incorretamente posicionada para trás ou para frente,
respectivamente (BORGES, 1977). Este tipo de erro só poderá ser evitado se
for feito uso do nível de cantoneira.

30
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 28. Falta de verticalidade da baliza.

2.7.4. Medida indireta de distâncias


Segundo DOMINGUES (1979) diz-se que o processo de medida de
distâncias é indireto quando estas distâncias são calculadas em função da
medida de outras grandezas, não havendo, portanto, necessidade de percorrê-
las para compará-las com a grandeza padrão. Ou seja, é necessário realizar
alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em campo, para se obter
indiretamente o valor da distância.
Os equipamentos utilizados na medida indireta de distâncias são,
principalmente o teodolito. O teodolito é utilizado na leitura da régua graduada,
de ângulos horizontais e verticais. A Figura 29 ilustra três gerações de
teodolitos: o trânsito (mecânico e de leitura externa); o ótico (prismático e com
leitura interna); e o eletrônico (leitura digital).

Figura 29. Três gerações de teodolitos.

31
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

O processo de medida indireta de distâncias é denominado


ESTADIMETRIA ou TAQUEOMETRIA, pois é através do retículo ou estádia do
teodolito que são obtidas as leituras da régua graduada e dos ângulos verticais
e horizontais, para o posterior cálculo das distâncias horizontais e verticais.
Como indicado na Figura 30 (BORGES, 1977), a estádia do teodolito é
composta de 3 fios estadimétricos horizontais (FS, FM e FI) e 1 fio
estadimétrico vertical.

Figura 30. Fios do reticulo de um teodolito padrão.

As réguas graduadas ou miras estadimétricas são réguas graduadas


centimetricamente, ou seja, cada espaço branco ou preto corresponde a um
centímetro. Na estádia são efetuadas as leituras dos fios estadimétricos
(superior e inferior). Existem no mercado diversos modelos de miras, as mais
comuns são fabricadas em madeira, alumínio ou fiberglass. Estas podem ser
dobráveis ou retráteis.
Durante a leitura em uma mira convencional devem ser lidos quatro
algarismos, que corresponderão aos valores do metro, decímetro, centímetro e
milímetro, sendo que este último é obtido por uma estimativa e os demais por
leitura direta dos valores indicados na mira.
A seguir é apresentado um exemplo de leitura para um modelo de mira
bastante empregado nos trabalhos de Topografia. A mira apresentada na
Figura 31 está graduada em centímetros (traços claros e escuros). A leitura do
valor do metro é obtida por meio dos algarismos em romano (I, II, III) e/ou da
observação do símbolo acima dos números que indicam o decímetro.

32
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 31. Parte de uma mira com alguns valores de leitura.

De posse dos valores da leitura de mira e dos ângulos (verticais e


horizontais) é possível determinar os valores de distância reduzida, distância
inclinada e diferença de nível. A Figura 32 apresenta a situação da luneta
paralela ao terreno.

Figura 32. Teodolito com a luneta paralela ao terreno.

Da Figura 32 tem-se que:


A e B – pontos topográficos;
FS – fio superior;
FM – fio médio; e
FI – fio inferior.

2.7.4.1. Distância reduzida


A Figura 33 demonstra o princípio de funcionamento para a
determinação da distância de forma indireta.

33
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 33. Princípio de funcionamento para a determinação da distância de


forma indireta.

Da Figura 33 tem-se que:


AC = Dr – distância entre a mira e o equipamento;
BD = m – distância entre o FS e FI ou leitura estadimétrica;
AF = f – distância focal; e
EG = h – distância entre os fios do retículo no interior da luneta.

Dos ∆ ABC, AEF, ACD e AFG pode-se fazer as seguintes relações:


AC BC AC CD AC BD
= e = , portanto = substituindo
AF EF AF FG AF EG
pela nomenclatura definida acima tem-se que:
Dr m
= , isolando Dr, tem - se que :
f h
f ⋅m
Dr = (6)
h
mas, a distância focal (f) e a distância entre os fios do retículo na
luneta (h) são constantes do instrumento. Assim, a relação f/h é uma constante
denominada número gerador do instrumento (g). Geralmente, o valor da
constante g é 100, mas pode variar de acordo com o fabricante do instrumento.
Portanto, a Dr para a luneta com ângulo zenital de 90º é:
Dr = m ⋅ g (7)

Na maioria dos casos não é possível manter o ângulo zenital de 90º


devido à inclinação dos terrenos. A seguir será deduzida a equação da Dr para
qualquer posição da luneta.

34
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A Equação 7 considera que o FM faz um ângulo reto com a mira, o que


não ocorre na maioria dos casos. A Figura 34 mostra esquematicamente como
é realizada a leitura no teodolito para terrenos inclinados (leitura de fios e
ângulos).

Figura 34. Leitura de fios e ângulos para terrenos inclinados.

Como foi observado na Figura 34 os fios do retículo deveriam interceptar


a mira em F, C e G, no entanto, a leitura é realizada em B, C e D já que a mira
está na posição vertical. Com isso, a partir da Figura 34 definiu-se as seguintes
nomenclaturas:
FG = k;
BD = m – distância entre o FS e FI ou leitura estadimétrica;
AC = Di – distância inclinada; e
AE = Dr – distância reduzida.

Do ∆ ACE pode-se fazer as seguintes relações:


AE
cos α = ∴ AE = Dr = AC ⋅ cos α . Fazendo analogia a equação 7,
AC
tem-se que AC = k ⋅ g , portanto a distância reduzida passa a ser definida por:
D r = k ⋅ g ⋅ cos α (8)

Como a leitura de mira é BD (m) torna-se necessário obter uma relação


entre m e k.

35
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Dos ∆ FBC e CDG tem-se que:


FC CG FC + CG FG k
cos α = e cos α = ∴ cos α = = ∴ cos α = ,
BC CD BC + CD BD m
portanto,
k = m ⋅ cos α (9)

substituindo a equação (9) na equação (8) tem-se


D r = m ⋅ cos α ⋅ g ⋅ cos α = m ⋅ g ⋅ cos 2 α (10)

Vale ressaltar que a equação 10 é utilizada quando se faz a leitura do


ângulo vertical. Atualmente, os teodolitos fornecem a leitura do ângulo zenital,
com isso, à Equação 10 passa a ser:
D r = m ⋅ g ⋅ sen 2 Z (11)

2.7.4.2. Diferença de nível


Serão apresentadas somente as equações para determinação da
diferença de nível sem demonstração da dedução das mesmas. Para a leitura
do ângulo vertical a Dn é dada por
m ⋅ g ⋅ sen ( 2α )
Dn = +i−l (12)
2

Para a leitura do ângulo zenital a Dn é dada por


m ⋅ g ⋅ sen ( 2 Z )
Dn = +i−l (13)
2

em que
m – distância entre o FS e FI ou leitura estadimétrica;
g – constante do aparelho;
α – ângulo vertical;
Z – ângulo zenital;
i – altura do instrumento; e
l – leitura do fio médio.

36
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

2.7.5. Medição eletrônica de distâncias


A medição de distâncias na Topografia e na Geodésia, sempre foi um
problema, devido ao tempo necessário para realizá-la e também devido à
dificuldade de se obter boa precisão.
Baseados no princípio de funcionamento do RADAR surgiram em 1948
os Geodímetros e em 1957 os Telurômetros, os primeiros equipamentos que
permitiram a medida indireta das distâncias, utilizando o tempo e a velocidade
de propagação da onda eletromagnética.
Em 1968 surgiu o primeiro distanciômetro óptico-eletrônico. O princípio
de funcionamento é simples e baseia-se na determinação do tempo t que leva
a onda eletromagnética para percorrer a distância, de ida e volta, entre o
equipamento de medição e o refletor, conforme é apresentado na Figura 35.

Figura 35. Princípio da medição eletrônica de distâncias.

37
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

CAPÍTULO 3 - Levantamentos topográficos


É o conjunto de operações realizadas no campo e escritório, utilizando
processos e instrumentos adequados para a obtenção de todos os elementos
necessários à representação geométrica de uma parte da superfície terrestre.

3.1. Classificação

3.1.1. Em função do grau de precisão


a) Expedito: rápido, pouco preciso; só utilizando trena e bússola;
somente medição de distâncias ou de distâncias e todos os azimutes ou rumos;
b) Regular: maior precisão; no mínimo com trena e teodolito; medição de
distâncias e ângulos;
c) Precisão: levantamentos topográficos para fins especiais com mais
exigências quanto aos equipamentos e procedimentos utilizados.

3.1.2. Em função dos dados levantados


a) Planimétricos: forma e dimensões planas;
b) Altimétricos: relevo;
c) Planialtimétricos: forma, dimensões planas e relevo em um mesmo
levantamento.

3.2. Etapas do levantamento topográfico


a) Planejamento: deve-se definir, principalmente, a finalidade, os
equipamentos e os métodos. Relacionar a finalidade com os instrumentos e os
métodos a serem usados.
b) Reconhecimento da área e elaboração de croqui: percorrer a região a
ser levantada e definir os pontos que caracterizam a mesma. Esses pontos são
os que definem o contorno do terreno e a posição dos acidentes naturais e
artificiais no seu interior. Se possível deve-se fazer um esboço da área a ser
levantada, mostrando os temas que deverão ser mapeados e definindo a
posição dos pontos de apoio.
c) Materialização e levantamento dos pontos de apoio (poligonal): é
realizada empregando método adequado (poligonação, triangulação,
trilateração, triangulateração ou levantamento por satélites de posicionamento)
para levantar os dados e informações dos pontos de apoio.

38
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

d) Levantamento dos pontos temáticos (pontos de interesse ou


detalhes): consiste em definir os acidentes naturais e artificiais existentes na
área a ser levantada, tais como: estradas, cursos d’água, pontos que definem o
relevo, benfeitorias, etc.
e) Processamento dos pontos de apoio e temáticos: processar os dados
levantados para os pontos de apoio e temáticos corrigindo os erros,
determinando as coordenadas, suas covariâncias e avaliando a qualidade das
observações realizadas.
f) Desenho da planta: consiste em transformar a descrição numérica do
terreno em descrição gráfica. É uma forma de visualizar a área mapeada e
possibilitar a concepção de projetos.
g) Redação do memorial descritivo: o memorial descritivo é um texto que
descreve os limites do lote urbano ou rural levantado. É o documento legal que
possibilita a confecção da “escritura do terreno”.
h) Redação do relatório técnico: o relatório técnico descreve a finalidade
do levantamento bem como os métodos e instrumentos empregados.

3.3. Métodos de levantamentos topográficos

3.3.1. Por irradiação


Consiste em escolher um ponto no interior ou fora do terreno a ser
levantado e a partir deste determinar os elementos para definir a posição dos
pontos topográficos necessários a representação de sua superfície.
Geralmente, as operações de campo são realizadas a partir de uma única
instalação do instrumento.
A posição escolhida para instalar o instrumento deve permitir a visada de
todos os pontos que caracterizam o perímetro e os acidentes naturais e
artificiais do terreno. A Figura 36 apresenta 3 possibilidades de levantamento
topográfico por irradiação.

Figura 36. Levantamento topográfico por irradiação.

39
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

As direções das linhas de visada podem ser obtidas com a bússola ou a


partir da medição de ângulos horizontais, tomando como referência a primeira
linha de visada. As distâncias podem ser obtidas por processo direto ou
indireto, sendo que o segundo é o mais indicado por ser mais rápido. A
Figura 37 exemplifica o procedimento que é utilizado em um levantamento
topográfico por irradiação.

Figura 37. Procedimento para um levantamento topográfico por irradiação.

O levantamento topográfico por irradiação é considerado um método de


levantamento simples, de precisão relativamente boa, dependendo dos
cuidados do operador, pois não há controle dos erros que possam ter ocorrido.
Aplica-se este processo para áreas pequenas, já que baseia-se na
medição de alinhamentos (ângulos e distâncias) formados pelo ponto de
estacionamento do aparelho e os vértices do perímetro. Geralmente é utilizado
como método auxiliar do levantamento por caminhamento.
A seguir é apresentada a Tabela 3 como exemplo de uma caderneta de
campo típica de um levantamento por irradiação.

Tabela 3 - Caderneta de campo de um levantamento por irradiação


Estações Pontos visados Azimute Distância (m) Observações
0
1
A 2
3
4

40
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

3.3.2. Por interseção


Neste método os pontos topográficos são definidos pelas interseções
dos lados de ângulos horizontais medidos das extremidades de uma base
estabelecida no terreno, conforme é apresentado na Figura 38.

Figura 38. Levantamento topográfico por interseção.

A única distância a ser medida neste método é aquela correspondente


ao comprimento da base, geralmente obtida com a trena. Por este método,
medem-se os valores angulares dos alinhamentos que ligam todos os pontos a
serem levantados com dois pontos de estações (A-B), situados nas
extremidades de um alinhamento com direção e comprimento pré-determinado,
chamado BASE.
A base, sempre que possível, deverá ser escolhida a ficar,
aproximadamente, no meio da região a ser levantada. O processo de
interseção é empregado como auxiliar do caminhamento para levantamento de
pontos de difícil acesso ou muito distantes.

Exemplo: Sabendo-se que o comprimento AB (base) de um levantamento por


interseção é de 50,00 m, o ângulo a é 40º00’00” e o ângulo b é 85º00’00”.
Determine a distância AC de um ponto inacessível. A Figura 39 demonstra os
procedimentos realizados em campo.

Figura 39. Os procedimentos realizados em campo.

41
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

3.3.3. Por triangulação


É semelhante ao método por interseção, mas neste caso todos os
pontos estão acessíveis, o que permite a medição de todos os ângulos internos
do triângulo e o controle do erro.

3.3.4. Por ordenadas


Neste método a posição do ponto topográfico é definida pela medição de
suas respectivas coordenadas retangulares (Figura 40). As distâncias
(anotados no croqui) geralmente são obtidas com trenas. Este tipo de
levantamento é empregado como um método auxiliar do levantamento por
caminhamento para definir detalhes sinuosos de linhas divisórias (ex: cursos
d’água).

Figura 40. Levantamento topográfico por ordenadas.

Na Figura 40 observa-se que ao longo do alinhamento 0-3 são medidas


uma abscissa e uma ordenada para posicionar cada ponto do contorno.

3.3.5. Por caminhamento


Consiste numa medição sucessiva de ângulos e distâncias descrevendo
uma poligonal fechada ou aberta. Portanto, uma poligonal consiste em uma
série de linhas consecutivas em que são conhecidos os comprimentos e
direções, obtidos através de medições em campo. A Figura 41 apresenta um
exemplo de poligonal.

Figura 41. Poligonal.

42
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A poligonação é um dos métodos mais empregados para a


determinação de coordenadas de pontos em Topografia, principalmente para a
definição de pontos de apoio planimétricos.
O levantamento de uma poligonal é realizado por meio do método de
caminhamento, percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma
série de pontos, medindo-se todos os ângulos, lados e uma orientação inicial.
Os vértices e os lados da poligonal são utilizados para levantamentos dos
acidentes topográficos que existem em suas imediações pelo emprego dos
processos auxiliares.
A partir destes dados e de uma coordenada de partida, é possível
calcular as coordenadas de todos os pontos que formam esta poligonal. As
poligonais levantadas em campo podem ser fechadas, enquadradas ou
abertas.
Poligonal fechada: parte de um ponto com coordenadas
conhecidas (OPP) e retorna ao mesmo ponto. Sua principal vantagem é
permitir a verificação do erro de fechamento angular e linear. A Figura 42
exemplifica uma poligonal fechada.

Figura 42. Poligonal fechada.

Poligonal enquadrada: parte de dois pontos com coordenadas


conhecidas e finaliza em outros dois pontos com coordenadas
conhecidas (A1, A2, A3 e A4). Permite a verificação do erro de fechamento
angular e linear. A Figura 43 exemplifica uma poligonal enquadrada.

Figura 43. Poligonal enquadrada.

43
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Poligonal aberta: parte de um ponto com coordenadas


conhecidas (OPP) e acaba em um ponto cujas coordenadas deseja-se
determinar. Não é possível determinar erros de fechamento, portanto devem-se
tomar todos os cuidados necessários durante o levantamento de campo para
evitá-los. A Figura 44 exemplifica uma poligonal aberta.

Figura 44. Poligonal aberta.

A Norma Técnica NBR 13133 classifica ainda as poligonais quanto ao


fim a que se destinam. A Tabela 4 mostra parte desta classificação. Nela, P
designa ‘poligonal Planimétrica’ e PRC ‘Poligonal para Referência Cadastral’

Tabela 4. Classificação das poligonais quanto à finalidade (NBR 13 133)


Finalidade Classes
Adensamento de rede geodésica IP
Apoio topográfico para projetos básicos e obras de engenharias IIP
Adensamento do apoio topográfico para projetos básicos IIIP
Adensamento de poligonais da classe IIIP e levantamentos estudo de
IVP
viabilidade em projetos de engenharia
Levantamentos topográficos para estudos expeditos VP
Apoio topográfico da rede de referência cadastral apoiada em poligonal de
IPRC
classe IP
Poligonal auxiliar destinada à determinação de pontos de referência de
IIPRC
quadra ou gleba

Vale ressaltar, que nesta apostila, será considerado somente as


poligonais fechadas. O método de levantamento por caminhamento é
caracterizado pela natureza dos ângulos que se mede, sendo classificado em:
a) Caminhamento por ângulos de deflexões;
b) Caminhamento à bússola; e
c) Caminhamento por ângulos horários.

a) Caminhamento por ângulos de deflexões


A deflexão é formada pelo prolongamento do alinhamento anterior à
estação do instrumento e o alinhamento seguinte, que varia de 0 a 180º à

44
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

direita ou a esquerda do prolongamento do alinhamento, conforme é


apresentado na Figura 45.

Figura 45. Caminhamento por ângulos de deflexões.

Atualmente, com o advento dos equipamentos eletrônicos e a locação


por coordenadas não é muito utilizado este método de leitura de ângulos.
Portanto, não será discutido com mais detalhes nesta apostila.

b) Caminhamento à bússola
Neste método de leitura de ângulos os alinhamentos da poligonal são
definidos por meio de rumos ou azimutes o que torna o levantamento
topográfico de baixa precisão. Portanto, não será discutido com mais detalhes
nesta apostila.

c) Caminhamento por ângulos horários


Ângulos horários são ângulos horizontais medidos sempre no sentido
horário. Dependendo do sentido do caminhamento os ângulos medidos podem
ser internos ou externos.
Quando o caminhamento é feito no sentido horário os ângulos
horizontais medidos são externos e para o caminhamento no sentido anti-
horário os ângulos medidos são internos, conforme observa-se na Figura 46.
Para facilitar os cálculos, na disciplina ECV310, será utilizado o caminhamento
no sentido horário resultando na leitura do ângulo externo da poligonal.

45
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 46. Sentido de caminhamento dos ângulos horizontais.

Antes de exemplificar a leitura de ângulos horários devem-se saber dois


conceitos importantes: estação ré e estação vante. No sentido de
caminhamento da poligonal, a estação anterior à estação ocupada denomina-
se de estação RÉ e a estação seguinte de VANTE (Figura 47).

Figura 47. Estação RÉ e VANTE.

A Figura 48 apresenta o procedimento de leitura de ângulos horizontais.


Vale destacar que, na prática, é usual fazer com que a leitura de ré
seja 00º00’00” reduzindo com isso os cálculos.

46
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 48. Procedimento de leitura de ângulos horizontais.

A seguir serão apresentados todos os procedimentos realizados em um


levantamento topográfico por caminhamento com a leitura de ângulos externos
(caminhamento no sentido horário). A seqüência de procedimentos a ser
seguida será descrita detalhadamente nos próximos itens. Para facilitar, os
resultados são dispostos em diversas tabelas, as quais serão apresentadas ao
longo de cada item.

1. Realização do levantamento topográfico em campo


Este procedimento será detalhado nas aulas práticas. A Tabela 5 é o
resultado de parte de um levantamento de campo realizado com teodolito.

Tabela 5 - Caderneta de campo de parte de um levantamento topográfico


Altura do Ângulo Fios
Ré Estação Vante Descrição OBS
Instrumento Horizontal Zenital Sup. Méd. Inf.
C A Piquete 1,535 00°00'00" 93°35'38" 1,698 1,200 0,702
B Piquete 1,535 293°11'41" 91°19'28" 2,062 1,500 0,938
A B Piquete 1,530 00°00'00" 88°40'39" 2,262 1,700 1,138
C Piquete 1,530 308°45'09" 91°59'12" 1,887 1,300 0,713
B1 Cerca 1,530 357°58'56" 91°15'52" 1,185 1,000 0,815

2. Verificação da tolerância do erro angular


Antes de distribuir o erro angular é necessário verificar se o erro
cometido é tolerável e classificar a poligonal segundo a norma para
levantamentos topográficos. A Tabela 6 mostra, de forma resumida, como a
NBR 13133 classifica as poligonais em função do erro angular cometido.

47
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Tabela 6. Classificação das poligonais em função do erro angular (NBR 13133)


Classes IP IIP IIIP IVP VP IPRC IIPRC
Erro angular 6. n" "
15 . n "
20 . n "
40 . n 3'. n "
8. n 60". n

3. Correção dos ângulos horizontais da poligonal


A soma dos ângulos externos de um polígono é dada pela equação:

∑ ae
= 180.(n + 2) (14)

em que:
n = número de lados da poligonal.

Para o exemplo exposto na Tabela 7 tem-se que o somatório dos


ângulos horizontais externos da poligonal deveria ser ∑ ae
= 180.(6 + 2) =1440o ,

mas o valor encontrado com os dados do levantamento de campo foi


1440º06’00” implicando em um erro angular de 00º06’00”. Portanto, com este
erro angular o levantamento realizado se enquadra na classificação VP
conforme pode-se verificar na Tabela 6. Assim, este erro será distribuído entre
os vértices da poligonal (00º01’00” para cada ângulo horizontal da poligonal).
Os ângulos corrigidos estão inseridos na Tabela 7.

Tabela 7 - Caderneta de Escritório 1 (compensação do erro angular)


Ângulo Horizontal
Ré Estação Vante
Lido Corrigido
5 0 1 267º40’00” 267º39’00”
0 1 2 116º00’00” 115º59’00”
1 2 3 295º00’00” 294º59’00”
2 3 4 263º26’00” 263º25’00”
2 3 A 310º45’00” -
3 4 5 227º30’00” 227º29’00”
4 5 0 270º30’00” 270º29’00”
TOTAL 1440°00'00"

Vale ressaltar que os ângulos horizontais das irradiações não devem ser
corrigidos. A partir do exemplo exposto pode-se concluir que o erro angular terá
que ser menor que a tolerância angular (Tabela 6) que pode ser entendida
como o erro angular máximo aceitável nas medições de acordo com a
finalidade do levantamento. Se o erro cometido for menor que o erro aceitável,

48
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

deve-se distribuí-lo entre os ângulos da poligonal. Caso o erro cometido seja


maior que o erro tolerável é necessário refazer o levantamento topográfico em
campo.
Portanto, conclui-se que o erro angular é a diferença entre a soma dos
ângulos externos calculada pela Equação 14 e a soma dos ângulos externos
observadas em campo.

Exercícios:
a) Para uma poligonal de 3 vértices e um erro de 19’ qual seria o valor a
ser distribuído em cada vértice? E se o erro fosse de 01’?
b) Para uma poligonal de 3 vértices cujo somatório dos ângulos
horizontais é de 900º00’32” qual seria o erro angular e quanto deveria ser
distribuído em cada vértice?

4. Calculo do azimute
O azimute magnético inicial deve ser lido em campo por meio de algum
equipamento apropriado (bússola, teodolito com bússola, dentre outros). A
partir deste azimute magnético determina-se o azimute verdadeiro e a partir
deste realiza-se os cálculos dos azimutes verdadeiros dos demais vértices dos
polígonos ou das irradiações. Este calculo é realizado da seguinte forma:
Azimute calculado = azimute anterior + ângulo horário

Neste item, é fundamental fazer um croqui da poligonal para facilitar o


calculo do azimute. Para o exemplo, desenvolvido no tópico anterior,
determinou-se em campo um azimute magnético 01 de 166º15’25” e uma
declinação magnética de -21º15’25”, resultando em um azimute verdadeiro
de 145º00’00”. A Figura 49 apresenta um croqui da poligonal estudada.

49
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 49. Croqui da poligonal estudada.


Os azimutes verdadeiros e suas respectivas equações são:
a) Az12 = Az01 + ângulo horário012;
b) Az23 = Az12 + ângulo horário123;
c) Az34 = Az23 + ângulo horário234;
d) Az3A = Az23 + ângulo horário23A;
e) Az45 = Az34 + ângulo horário345;
f) Az50 = Az45 + ângulo horário450; e
g) Az01 = Az50 + ângulo horário501; e

O primeiro passo é fazer esquematicamente os alinhamentos 01 e 12


com seus respectivos ângulos e azimutes, conforme apresentado na Figura 50.

Figura 50. Alinhamentos 01 e 12 com ângulos e azimutes.

50
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

De acordo com o que foi descrito anteriormente tem-se que:


Az12 = Az01 + ângulo horário012 = 145º00’00” + 116º00’00” = 261º00’00”

O valor do azimute verdadeiro encontrado acima não é o correto, pois,


analisando a Figura 50 observa-se que o ângulo tracejado está se repetindo, e
que este equivale a 180º, portanto ao azimute determinado anteriormente
deve-se subtrair 180º, resultando que o Az12 = 81°00'00".
Como pôde-se observar, na determinação do azimute de um
alinhamento, deve-se fazer um croqui englobando todos os alinhamentos (e
prolongamentos) e ângulos do vértice em questão para facilitar a análise dos
cálculos.
Após os cálculos de todos os azimutes deve-se inseri-los na Tabela 8,
que é a planilha aqui denominada de Caderneta de Escritório 2.

Tabela 8 - Caderneta de Escritório 2 (Cálculo do Azimute e distância reduzida)


Ângulo Horizontal
Ré Estação Vante Azimute Calculado Dr OBS
Corrigido
5 0 1 267º39’00” 145°00'00"
0 1 2 115º59’00” 80°59'00"
1 2 3 294º59’00” 195°58'00"
2 3 4 263º25’00” 279°23'00"
2 3 A 310º45’00” 326º43’00”
3 4 5 227º29’00” 326°52'00"
4 5 0 270º29’00” 57º21’00”

Vale ressaltar que o Az01, ou seja, o azimute lido, deve ser calculado no
intuito de se verificar se os cálculos foram realizados de forma correta. A partir
dos os cálculos realizados anteriormente, pode-se definir algumas regras
básicas para a determinação de azimutes, as quais são:
- Para azimute calculado < 180º => +180º (soma-se 180º ao valor
encontrado);
- Para azimute calculado > 180º < 540º => -180º (subtrai-se 180º do
valor encontrado); e
- Para azimute calculado > 540º => -540º (subtrai-se 540º do valor
encontrado).

51
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

OBS: É de suma importância saber realizar as análises apresentadas


na Figura 50.

5. Calculo da distância reduzida


Utilizando a Equação 11 deve-se determinar todas os valores das
distâncias reduzidas. Para exemplificar utilizou-se os dados da Tabela 4 para
determinar a distância reduzida AB:
2
(
D r = m ⋅ g ⋅ sen 2 Z = (1,698 − 0 ,702 ) ⋅ 100 ⋅ sen 93 o 35 '38 " ) = 99 , 2086 m

Para os demais lados da poligonal e irradiações deve-se aplicar a


mesma equação. Os resultados devem se apresentados em uma planilha igual
à Tabela 7. É importante utilizar nos cálculos subseqüentes as médias das
distâncias reduzidas da poligonal (Exemplo: (DrAB + DrBA)/2; (DrBC + DrCB)/2 e
(DrAC + DrCA)/2).

Atenção: Deve-se utilizar sempre que possível 4 casas decimais após a


virgula.

6. Calculo da diferença de nível


Utilizando a Equação 13 deve-se determinar os valores das diferenças
de nível. Para exemplificar utilizou-se os dados da Tabela 4 para determinar a
diferença de nível CA:
(1,698 − 0,702 ) ⋅ 100 ⋅ sen ( 2 ⋅ 293 o 35 '38" )
Dn = + 1,535 − 1, 200 = − 5,8961 m
2

Para os demais lados da poligonal e irradiações deve-se aplicar a


mesma equação. Os resultados devem ser apresentados em uma planilha igual
ao modelo apresentado na Tabela 9. É importante utilizar para os demais
cálculos as médias das diferenças de nível que possuem leituras de ré e vante.

52
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Tabela 9 - Caderneta de Escritório 3 (diferença de nível e cotas)


Diferença de
Diferença de Nível Corrigida
Ré Estação Vante Nível Cotas OBS
+ - + -
C A B 2,4929
A1 0,4664
A B C 3,7373
B1 0,2863

7. Verificação da tolerância do erro altimétrico


A tolerância para o erro altimétrico de uma poligonal é dado pela
equação
L
T= (15)
500 ⋅ n − 1
em que:
L = perímetro da poligonal (m); e
n = número de lados da poligonal.

Exemplo: para uma poligonal de 6 vértices e com perímetro de 534,00 m


determine a tolerância para o erro altimétrico.
534,00
Aplicando a Equação 16 tem-se: T = = 0,4776 m
500. 6 − 1

8. Calculo e correção do erro altimétrico


O erro altimétrico pode ser determinado de diversas formas sendo a
mais simples a soma das diferenças de nível dos vértices da poligonal.
A Tabela 10 apresenta uma caderneta com os valores das diferenças de
nível resultantes de um levantamento topográfico. Para este exemplo, o erro
altimétrico é de 0,1800 (3,7000 + 8,8400 + 5,8800 - 6,0600 - 5,9700 - 6,2100),
o que indica um erro abaixo da tolerância que foi determinada no item 7.
Portanto, deve-se distribuir este erro entre os 6 vértices da poligonal,
sendo 0,0300 para cada um deles. A partir deste valor deve-se somar ou
subtrair dos valores das diferenças de nível dos vértices. Para o exemplo em
questão será subtraído 0,0300 de cada diferença de nível dos vértices da
poligonal, o qual estão apresentados na Tabela 10.

53
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Tabela 10 - Caderneta de Escritório 3 (diferença de nível e cotas)


Diferença de Diferença de Nível
Ré Estação Vante Nível Corrigida Cotas OBS
+ - + -
5 0 1 3,7000 3,6700 20,00+3,67=23,67
0 1 2 8,8400 8,8100 23,67+8,81=32,48
0 1 A 1,8700 1,8700 23,67+1,87=25,54
1 2 3 5,8800 5,8500 32,48+5,85=38,33
1 2 B 3,4000 3,4000 32,48+3,40=35,88
2 3 4 6,0600 6,0900 38,33-6,09=32,24
3 4 5 5,9700 6,0000 32,24-6,00=26,24
3 4 C 0,9900 0,9900 32,24+0,99=33,23
4 5 0 6,2100 6,2400 26,24-6,24=20,00

9. Cálculo das cotas


Por definição cota é a distância medida ao longo da vertical de um ponto
até um plano de referência qualquer, conforme observa-se na Figura 51.

Figura 51. Definição de cota e altitude.

O cálculo das cotas do terreno é feito a partir de um valor arbitrado para


o ponto inicial. A escolha do valor da cota inicial deve ser feita de modo que ao
calcular as demais os valores obtidos sejam positivos.
Utilizando-se os dados da Tabela 10 e atribuindo-se 20,0000 m para a
cota do ponto 0 tem-se que a cota do ponto 1 é 23,6700. Os demais valores de
cota também podem ser observados na mesma tabela.

10. Cálculo das coordenadas relativas


Quando se posiciona um ponto o que se está fazendo é atribuindo
coordenadas ao mesmo. Estas coordenadas, por sua vez, deverão estar
referenciadas a um sistema de coordenadas. Existem diversos sistemas de

54
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

coordenadas, alguns amplamente empregados em disciplinas como geometria


e trigonometria, por exemplo. Estes sistemas normalmente representam um
ponto no espaço bidimensional ou tridimensional.
No espaço bidimensional, um sistema bastante utilizado é o sistema de
coordenadas retangulares ou cartesiano. Este é um sistema de eixos
ortogonais no plano, constituído de duas retas orientadas X e Y,
perpendiculares entre si (Figura 52). A origem deste sistema é o cruzamento
dos eixos X e Y.

Figura 52. Eixos cartesianos.

Um ponto é definido neste sistema por meio de uma coordenada


denominada abscissa (coordenada X) e outra denominada ordenada
(coordenada Y). Um dos símbolos P(x,y) ou P=(x,y) são utilizados para
denominar um ponto P com abscissa x e ordenada y.
As coordenadas relativas são as coordenadas do ponto seguinte em
relação ao ponto em análise. Assim, a coordenada relativa do ponto 2 seria a
diferença em metros para o ponto 1, tanto no eixo x quanto no eixo y. Por
exemplo, a coordenada relativa do ponto 2 sendo (-42, 33), indica que o
ponto 2 está deslocado no eixo x de -42 m e no eixo y de 33 m em relação ao
ponto 1.
A determinação das coordenadas X e Y relativas é dada pelas
equações:
xb = d ⋅ sen( Az ) (16)

yb = d ⋅ cos( Az ) (17)
em que:
xb e yb = são as coordenadas relativas;
d = é a distância reduzida do alinhamento em questão (m); e
Az = azimute do alinhamento em questão.

55
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A Figura 53 mostra o que foi relatado acima.

Figura 53. Coordenadas relativas.

Exemplo: Determine as coordenadas relativas do ponto B sabendo-se


que o azimuteAB é 140º30’00” e drAB = 80,00 m.
( )
xb = 80,00 sen 140030'00" = 50,89m

yb = 80,00 cos(140 30'00") = −61,73m


0

Como foi observado no exemplo anterior as coordenadas relativas


podem ser positivas ou negativas.

11. Verificação do erro linear de fechamento


A partir do ponto de partida, calcula-se as coordenadas dos demais
pontos até retornar ao ponto de partida. A diferença entre as coordenadas
calculadas e as fornecidas para este ponto resultará no chamado erro
planimétrico ou erro linear cometido, conforme pode ser visualizado na
Figura 54.

Figura 54. Erro Planimétrico.

56
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

O erro planimétrico pode ser decomposto em duas componentes: uma


na direção X e outra na direção Y (Figura 55).

Figura 55. Decomposição do erro planimétrico.

Portanto, o erro de fechamento linear é representado pela hipotenusa de


um triângulo retângulo que tem como catetos o erro das abscissas e o erro das
ordenadas relativas. A determinação do erro de fechamento linear é dada por:

e = ex2 + e 2y
(19)
em que:
e = erro de fechamento linear;
ex = soma algébrica das abscissas; e
ey = soma algébrica das ordenadas.

Normalmente esse erro é dado em forma de escala, como por


exemplo, 1:1000. O significado disto é que, em uma poligonal com 1000 m o
erro aceitável seria de 1 m. Para calcular o erro planimétrico em forma de
escala utilizam-se as seguintes equações:
1
ep = (20)
Z
L
Z= (21)
e + e y2
2
x

em que:
ep = erro de fechamento linear relativo;
L = perímetro da poligonal (m);
ex = soma algébrica das abscissas; e
ey = soma algébrica das ordenadas.

57
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

É necessário verificar se o erro de fechamento linear está abaixo de uma


determinada tolerância exigida pela NBR 13.133. A Tabela 11 mostra como a
referida NBR classifica as poligonais em função do erro linear cometido. Nela,
L (perímetro da poligonal), deve empregado em km.

Tabela 11. Classificação das poligonais em função do erro linear (NBR 13133)
Classes IP IIP IIIP IVP VP IPRC IIPRC
Erro angular 0,10. L 0,30. L 0,42. L 0,56. L 2,20. L 0,07. L 0,30. L

A Tabela 12 apresenta o exemplo de um levantamento topográfico com


as abscissas e ordenadas relativas calculadas. Para este exemplo tem-se:
ex = 56,2341 + 74,8108 + 27,1829 - 38,4344 -113,7305 - 6,3164 = - 0,2535
ey = -20,2825 + 28,3433 - 80,4624 - 63,1307 + 14,8047 + 120,5246 = - 0,2030

Assim, o valor de do erro linear é

e = ex2 + e 2y = (−0,2535) 2 + (−0,2030) 2 = 0,3248m . Portanto, o erro encontrado se

enquadra na classificação de poligonal IVP, conforme apresentado na


Tabela 11.

Tabela 12. Caderneta de Escritório 4 (Cálculo das coordenadas retangulares)


Azimute Distância Abscissa Relativa (X) Ordenada Relativa (Y)
Ré Estação Vante
Calculado Reduzida Calculada Corrigida Calculada Corrigida
5 0 1 109º50’00” 59,7800 56,2341 56,2624 -20,2825 -20,2597
0 1 2 69º15’00” 80,0000 74,8108 74,8488 28,3433 28,3737
0 1 A 200º20’00” 47,9300 -16,6548 -44,9433
1 2 3 161º20’00” 84,9300 27,1829 27,2232 -80,4624 -80,4301
1 2 B 205º00’00” 61,8100 -26,1220 -56,0189
2 3 4 211º20’00” 73,9100 -38,4344 -38,3993 -63,1307 -63,1026
3 4 5 277º25’00” 114,6900 -113,7305 -113,6760 14,8047 14,8483
3 4 C 338º40’00” 51,9800 -18,9100 48,4183
4 5 0 357º00’00” 120,6900 -6,3164 -6,2591 120,5246 120,5705

12. Correção do erro planimétrico


Quando o erro planimétrico é menor que a tolerância requerida pelo
levantamento topográfico realizado deve-se corrigí-lo. Os coeficientes para
correção do mesmo é dado por:

58
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

ex
Cx = (22)
∑d
ey
Cy = (23)
∑d
em que:
Σd: perímetro da poligonal (m);
ex = soma algébrica das abscissas; e
ey = soma algébrica das ordenadas;

Portanto, a correção a ser feita em cada vértice é igual ao coeficiente de


correção multiplicado pela distância de cada alinhamento. É recomendável a
utilização de todos os dígitos dos coeficientes Cx e Cy. De posse dos
coeficientes, a correção das coordenadas relativas é realizada de acordo com
as equações:
Abscissa relativa corrigida = abscissa relativa calculada - Dr . Cx
Ordenada relativa corrigida = ordenada relativa calculada - Dr . Cy

Assim, para o exemplo que esta sendo desenvolvido tem-se:


- 0,2535
Cx = = -0,000474811
534,05
- 0,2030
Cy = = -0,000380224
534,05

Portanto, as coordenadas relativas corrigidas do Ponto 1, para o


exemplo apresentado na Tabela 12, são:
x1 = 56,2341 − [59,7800.(- 0,000474811)] = 56,2624
y1 = -20,2825 − [59,7800.(- 0,000380224 )] = -20,2597

Após a correção, a soma das ordenadas ou abscissas relativas, é


0 (zero). Deve-se salientar que os pontos não pertencentes à poligonal não são
submetidos à correção de erro planimétrico.

13. Calculo das coordenadas absolutas


São obtidas acumulando-se a partir do valor inicial arbitrário as
coordenadas corrigidas. É utilizada para que todos os pontos estejam no

59
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

mesmo sistema de coordenadas. Atribuindo-se o valor das coordenadas para o


ponto 0 de 200 tem-se que as coordenadas do ponto 1 são:
XB = XA + Abscissa relat. corr.(B) = 200,0000 + 56,2624 = 256,2624
YB = YA + Ordenada relat. corr.(B) = 200,0000 + (-20,2597) = 179,7403

A Tabela 13 apresenta as coordenadas absolutas calculadas para o


exemplo apresentado na Tabela 12.

Tabela 13. Caderneta de Escritório 4 (Cálculo das coordenadas retangulares)


Abscissa Relativa (X) Ordenada Relativa (Y) Abscissa Ordenada
Ré Estação Vante
Calculada Corrigida Calculada Corrigida Absoluta Absoluta
5 0 1 56,2341 56,2624 -20,2825 -20,2597 256,2624 179,7403
0 1 2 74,8108 74,8488 28,3433 28,3737 331,1112 208,1140
0 1 A -16,6548 -44,9433 239,6077 134,7969
1 2 3 27,1829 27,2232 -80,4624 -80,4301 358,3344 127,6839
1 2 B -26,1220 -56,0189 304,9892 152,0951
2 3 4 -38,4344 -38,3993 -63,1307 -63,1026 319,9351 64,5813
3 4 5 -113,7305 -113,6760 14,8047 14,8483 206,2591 79,4295
3 4 C -18,9100 48,4183 301,0252 112,9996
4 5 0 -6,3164 -6,2591 120,5246 120,5705 200,0000 200,0000

14. Elaboração do desenho


Este texto não tem o objetivo de ensinar a utilização de um programa
CAD para a execução do desenho topográfico, e sim discutir tópicos
relacionados a este. O desenho da área levantada será efetuado a partir dos
dados calculados e do croqui elaborado em campo. Durante a etapa do
desenho este croqui desempenha papel fundamental, pois é por meio dele que
se saberá quais pontos serão unidos e o que representam.
Como desenho topográfico final a ABNT (NBR 13133, 1994, p 2) define:
“peça gráfica realizada, a partir do original topográfico, sobre base
transparente, dimensionalmente estável (poliéster ou similar), quadriculada
previamente, em formato definido nas NBR 8196, NBR 8402, NBR 8403,
NBR 10068, NBR 10126, NBR 10582 e NBR 10647, com área útil adequada à

60
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

representação do levantamento topográfico, comportando ainda, moldura e


identificadores segundo modelo definido pela destinação do levantamento.”
Adicionalmente, o original topográfico é definido como: “base em
material dimensionalmente estável, quadriculada previamente, onde são
lançados, na escala gráfica predeterminada, os pontos coletados no campo
pelo levantamento topográfico, devidamente calculados e compensados e, em
seguida, definidos os elementos planimétricos em suas dimensões e/ou
traçadas as curvas de nível a partir dos pontos de detalhes e com controle nas
referências de nível do apoio topográfico. Pode também ser obtido por
processo informatizado, através de estações gráficas.” (NBR 13133, 1994, p 4).
Um desenho topográfico deve informar com precisão ao usuário a
posição das feições levantadas em campo, bem como dados adicionais para o
uso destas informações, como origem planimétrica das coordenadas,
orientação, etc.
Atualmente é possível conjugar o uso de um programa para cálculo
topográfico e um programa CAD. Alguns programas de Topografia têm seu
CAD próprio, outros trabalham em conjunto com um CAD específico, como o
AutoCAD. Basicamente, o que estes programas fazem é calcular as
coordenadas dos pontos e lançá-las no editor gráfico para a realização do
desenho. Além disto, apresentam uma série de facilidades e utilitários para o
desenho, como traçado de curvas de nível utilizando Modelos Digitais de
Terreno, criação automática de malha de coordenadas, elaboração de perfis do
terreno, inserção automática de folhas de desenho, rotulação de linhas com
azimutes e distâncias, etc.
Com a utilização de um CAD para a elaboração do desenho ganha-se
em tempo e qualidade. A elaboração do desenho de forma tradicional é muito
demorada. Desenho com esquadros e transferidores, a elaboração de texto,
entre outros, faz com que o processo seja bastante lento, além disto, neste
caso é fundamental para um bom produto final que o desenhista tenha
habilidade para este fim. Desenhos em CAD requerem que o desenhista tenha
conhecimento do programa e a qualidade do produto final dependerá, entre
outras coisas, da capacidade do desenhista de explorar as ferramentas
disponíveis no mesmo. Cabe salientar que, seja no método tradicional quanto

61
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

utilizando o computador, o desenhista deve conhecer os conceitos de desenho


técnico e de representação topográfica.
No desenho topográfico, assim como na produção de qualquer mapa,
em função da escala de representação, algumas feições serão representadas
em verdadeira grandeza através de suas dimensões medidas em campo,
outras serão representadas utilizando-se símbolos. Estes poderão ser uma
réplica da feição a ser representada, como o caso de um símbolo de árvore ou
abstrações, ou um símbolo para a representação de uma RN, por exemplo.
Nas abstrações são normalmente utilizados elementos geométricos como
círculos e triângulos para compor o símbolo. A NBR 13133 apresenta em seu
anexo B um conjunto de convenções topográficas para serem utilizadas nos
desenhos topográficos.
Utilizando-se um CAD é possível criar conjuntos de símbolos que podem
ser facilmente empregados nos desenhos. Exemplos de setas de Norte são
apresentados na Figura 56.

Figura 56. Diferentes formas de indicação do Norte.


Para facilitar a compreensão do desenho deve ser elaborada uma
legenda com o significado de cada símbolo. Correções ou alterações também
podem ser realizadas com facilidade. A Figura 57 ilustra diferentes formas de
representação para uma mesma área. São alterados os símbolos, posição dos
textos e outros elementos, o que, em desenhos feitos à mão eram atividades
não muito práticas.

Figura 57. Diferentes representações para uma mesma área.

62
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Outra facilidade na utilização de CAD é a possibilidade de dividir os


elementos em diferentes camadas ou layers (Figura 58), isto é bastante útil no
gerenciamento e elaboração do desenho, uma vez que podem ser mostradas
em tela somente as feições que se deseja, sem que haja a necessidade de
apagar as demais feições para que isto ocorra. É possível utilizar camadas
para a elaboração de desenhos auxiliares, que não devem fazer parte do
desenho final, como é o caso de uma triangulação para a realização da
Modelagem Digital do Terreno ou linhas definidoras de áreas a serem
preenchidas com texturas (hachura).

Figura 58. Divisão do desenho em camadas.


14.1. Desenho Técnico
Os desenhos devem ser realizados em folhas com formato padrão de
acordo com a NBR 10068, sendo que as folhas podem ser utilizadas tanto na
vertical como na horizontal (Figura 59).

Figura 59. Folhas na horizontal e vertical.

63
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Os formatos das folhas da série denominada de “A” são apresentados


na Tabela 14.

Tabela 14. Formatos da série A (ABNT, 1987)


Nomenclatura Dimensões (mm)
A0 841 X 1189
A1 594 X 841
A2 420 X 594
A3 297 X 420
A4 210 X 297

De acordo com a NBR 10582 (ABNT, 1988), a folha de desenho deve


conter espaços para desenho, texto e legenda, conforme ilustra a Figura 60.

Figura 60. Espaços para desenho, texto e legenda (ABNT, 1988).


No espaço para texto devem constar todas as informações necessárias
ao entendimento do conteúdo do espaço para desenho. Este espaço deve ser
localizado à direita ou na margem inferior da folha. A legenda deverá conter as
seguintes informações (ABNT, 1988):
• designação da firma;
• projetista, desenhista ou outro responsável pelo conteúdo do desenho;
• local, data e assinatura;
• nome e localização do projeto;
• conteúdo do desenho;
• escala (conforme NBR 8196);
• número do desenho;
• designação da revisão;
• indicação do método de projeção conforme a NBR 10067;

64
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

• unidade utilizada no desenho conforme a NBR 10126.

Figura 61. Exemplo de legenda.

14.2. Desenho topográfico e NBR13133


A NBR 13133, nos seus itens 5.23 e 5.24, apresenta uma série de
normativas relacionadas ao desenho topográfico, dividas entre a elaboração do
original topográfico e o desenho topográfico final. A seguir são apresentados
alguns destes itens. O número indicado entre parênteses refere-se ao número
do item na norma.
“(5.23) Os elementos levantados no campo, devidamente calculados e
compensados, devem ser lançados na escala predeterminada, numa base
dimensionalmente estável quadriculada, constituindo-se no original
topográfico.” ABNT(1994, p.11).
“(5.23.2) Os processos e instrumentos utilizados na elaboração do
original topográfico devem estar de acordo com a escala adotada e não devem
conduzir erros de graficismo que prejudiquem a exatidão conseguida nas
operações de campo.” ABNT(1994, p.11).
“(5.23.6) O lançamento dos pontos de detalhe pode ser realizado por
suas coordenadas plano-retangulares ou por meio de suas coordenadas
polares, no sistema topográfico adotado.” ABNT(1994, p.11).
“(5.23.8) As curvas de nível devem ser traçadas a partir dos pontos
notáveis definidores do relevo, passando pelas interpolações controladas nas
altitudes ou cotas entre pontos de detalhe. As curvas-mestras, espaçadas de

65
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

cinco em cinco curvas, devem ser reforçadas e cotadas. No caso de haver


poucas curvas-mestras, as intermediárias também devem ser cotadas.”
ABNT(1994, p.11).
“(5.24) O desenho topográfico final do levantamento topográfico deve
ser obtido por copiagem do original topográfico, de forma permanente sobre
base dimensionalmente estável, e deve utilizar as convenções topográficas
adotadas nesta Norma (ver Anexo B). Alternativamente, pode ser substituído
por mesa de desenho automático.” ABNT(1994, p.11).
“(5.24.1) As plantas devem ser apresentadas em formatos definidos pela
NBR 100681, adequadas à finalidade do levantamento topográfico pelas suas
áreas úteis, trazendo nas bordas da folha as coordenadas planorretangulares
de identificação da linha que representam, comportando, ainda, moldura,
convenções e identificadores segundo modelo definido pela destinação do
levantamento.” ABNT(1994, p.12).
A Figura 62 apresenta um quadriculado cujo espaçamento é de 50 m (a
escala de representação seria de 1:500). Vale dizer que a Figura 62 não está
em escala.

Figura 62. Exemplo de quadriculado.

“(5.24.2) A toponímia, os números e outras referências devem ser


desenhados de acordo com a NBR 64922.” ABNT(1994, p.12).
“(5.24.4) No desenho final também devem ser registradas as origens
planimétrica e altimétrica, bem como a finalidade do levantamento.” ABNT
(1994, p.12).

66
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Vale ressaltar que o desenho topográfico desenvolvido no AutoCAD


deve ser na escala real, ou seja 1:1. Esta escala deve ser alterada somente na
plotagem (impressão). A Figura 63 mostra o mesmo desenho em duas escalas
distintas. Por definição escala é a razão entre uma determinada distância na
planta (d) e sua correspondente ou homóloga, no terreno (D), ou seja,
d
E=
D (24)

Figura 63. Desenho em 2 escalas diferentes.


Exercício: Para praticar, utilize os dados da Tabela 13 para fazer o desenho no
AutoCAD e imprimir numa folha A4 com todas informações que julgar
necessário.

15. Cálculo de Áreas


A avaliação de áreas é uma atividade comum na Topografia. Por
exemplo, na compra e venda de imóveis rurais e urbanos esta informação tem
grande importância. Basicamente os processos para determinação de áreas
podem ser definidos como analíticos, gráficos, computacionais e mecânicos.

15.1. Processo Gráfico


Neste processo a área a ser avaliada é dividida em figuras geométricas,
como triângulos, quadrados ou outras figuras (Figura 64). A área final será
determinada pelo somatório de todas as áreas das figuras geométricas.

67
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 64. Divisão em figuras geométricas.

15.2. Processo Mecânico


Utiliza-se um equipamento denominado de planímetro que consiste em
dois braços articulados, com um ponto fixo denominado de pólo e um cursor na
extremidade dos braços, o qual deve percorrer o perímetro do polígono que se
deseja calcular a área. Também apresenta um tambor giratório. A Figura 65
mostra um modelo comercial de planímetro.

Figura 65. Planímetro.

15.3. Processos Analíticos


Neste método a área é avaliada utilizando fórmulas matemáticas que
permitem, a partir das coordenadas dos pontos que definem a feição, realizar
os cálculos desejados. O cálculo da área pode ser realizado a partir do cálculo
da área de trapézios formados pelos vértices do polígono (fórmula de Gauss).
Por meio da Figura 66 é possível perceber que a área do polígono
definido pelos pontos 1, 2, 3 e 4 pode ser determinada pela diferença entre as
áreas 1 e 2.

68
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 66. Área de uma poligonal.

A área 1 pode ser calculada a partir das áreas dos trapézios formados
pelos pontos 2', 2, 1, 1´ e 1', 1, 4, 4'. A equação que determina a área de um
trapézio é apresentada na Figura 67.

Figura 67. Área de um trapézio.

Para facilitar a compreensão, será calculada a área do trapézio formado


pelos pontos 2', 2, 1, 1’ (Figura 68).

Figura 68. Cálculo da área do trapézio 2', 2, 1, 1’.

Da Figura 68 pode-se deduzir a equação:


( x2 + x1 ) 1
A = ( y2 − y1 ) ⋅ = ( x2 + x1 ) ⋅ ( y2 − y1 ) (25)
2 2

Portanto, da Figura 66 tem-se que a Área 1 pode ser calculada pela


equação:
1 1
A1 = ( x2 + x1 ) ⋅ ( y2 − y1 ) + ( x1 + x4 ) ⋅ ( y1 − y4 ) (26)
2 2

69
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Por analogia e observando a Figura 66, a Área 2 pode ser calculada por:
1 1
A2 = ( x2 + x3 ) ⋅ ( y2 − y3 ) + ( x3 + x4 ) ⋅ ( y3 − y4 )
2 2 (27)

Ap = A2 − A1
A área da poligonal é por , portanto,
1 1 1 1
Ap = ( x2 + x3 ) ⋅ ( y2 − y3 ) + ( x3 + x4 ) ⋅ ( y3 − y4 ) − ( x2 + x1 ) ⋅ ( y2 − y1 ) + ( x1 + x4 ) ⋅ ( y1 − y4 )
2 2 2 2

Reorganizando tem-se
n
2 Ap = ∑i=1 ( xi + xi+1 ) ⋅ ( yi − yi+1 ) (28)

ou
n
2 Ap = ∑i=1 ( xi − xi +1 ) ⋅ ( yi + yi+1 ) (29)

Na prática, utiliza-se a Tabela 15, para facilitar o calculo de área de um


polígono qualquer. É importante salientar que os dados do primeiro ponto deve
ser repetido na última linha. Como pode-se observar na referida Tabela são
aplicadas as equações 26 e 27 no intuito de verificar algum erro no calculo da
área. Este erro é verificado quando o somatório da coluna (Σx∆y) é diferente do
somatório da coluna (Σy∆x).
O valor da área é somatório da coluna (Σx∆y)/2 ou somatório da
coluna (Σy∆x)/2.

Tabela 15. Cálculo da área de um polígono


Soma Binária Diferença Binária Produto
Pontos X Y
Σx Σy ∆x ∆y Σx∆y Σy∆x
0 200,00 200,00 - - - - - -
1 256,26 179,75
2 331,11 208,13
3 358,35 127,66
4 319,95 64,57
5 206,27 79,42
0 200,00 200,00
Total

70
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

15.4. Processo Computacional


Atualmente é uma forma bastante prática para o cálculo de áreas.
Baseado no emprego de algum programa gráfico, como por exemplo, o
AutoCAD, no qual são desenhados os pontos que definem a área levantada e o
programa calcula esta área, por métodos analíticos.

16. Exercício
Utilize os dados da caderneta de campo apresentada abaixo para fazer
todos os cálculos e o desenho do levantamento topográfico proposto. Preencha
as planilhas de acordo com os cálculos realizados. Dados: Azm AB= 222º22’30”.
Declinação magnética = 22º22’30”. Cota A = 20 m.

Caderneta de campo de um levantamento topográfico


Altura do Ângulo Fios
Ré Estação Vante Descrição OBS
Instrumento Horizontal Zenital Sup. Méd. Inf.
C A Piquete 1,535 00°00'00" 93°35'38" 1,698 1,200 0,702
B Piquete 1,535 293°11'41" 91°19'28" 2,062 1,500 0,938
A1 Poste 1,535 271°23'33" 94°06'44" 1,070 1,000 0,930
A B Piquete 1,530 00°00'00" 88°40'39" 2,262 1,700 1,138
C Piquete 1,530 308°45'09" 91°59'12" 1,887 1,300 0,713
B1 Cerca 1,530 357°58'56" 91°15'52" 1,185 1,000 0,815
B C Piquete 1,565 00°00'00" 88°14'45" 2,087 1,500 0,913
A Piquete 1,565 298°02'52" 86°40'50" 2,097 1,600 1,103
C1 Estrada 1,565 5°52'53" 90°09'11" 1,155 1,000 0,845

Caderneta de Escritório 1
(compensação do erro angular)
Ângulo Horizontal
Ré Estação Vante
Lido Corrigido
C A B
A B C
B C A
TOTAL

71
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Caderneta de Escritório 2
(Cálculo do Azimute e distância reduzida)
Ângulo Horizontal Azimute
Ré Estação Vante Dr OBS
Corrigido Calculado

C A B
A1
A B C
B1
B C A
C1

Caderneta de Escritório 3
(diferença de nível e cotas)
Diferença
Diferença
de Nível
Ré Estação Vante de Nível Cotas OBS
Corrigida
+ - + -
C A B
A1
A B C
B1
B C A
C1

72
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Caderneta de Escritório 4
(Cálculo das coordenadas retangulares)
Abscissa Relativa Ordenada Relativa
Azimute Distância Abscissa Ordenada
Ré Estação Vante (X) (Y)
Calculado Reduzida Absoluta Absoluta
Calculada Corrigida Calculada Corrigida
C A B
A1
A B C
B1
B C A
C1

73
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

CAPÍTULO 4 - Altimetria

4.1. Conceitos Gerais


É a parte da Topografia que trata dos métodos e instrumentos
empregados no estudo e representação do relevo. Para o estudo do relevo é
necessário conhecer as alturas dos pontos que o definem.
A determinação da cota/altitude de um ponto é uma atividade
fundamental em engenharia. Projetos de redes de esgoto, de estradas,
planejamento urbano, entre outros, são exemplos de aplicações que utilizam
estas informações.
A determinação do valor da cota/altitude está baseada em métodos que
permitem obter o desnível entre pontos. Conhecendo-se um valor de referência
inicial é possível calcular as demais cotas ou altitudes. Estes métodos são
denominados de nivelamento. Existem diferentes métodos que permitem
determinar os desníveis, com precisões que variam de alguns centímetros até
sub-milímetro.
Os conceitos de cota e altitude podem ser assim definidos:
a) Altitude ortométrica: é a distância medida na vertical entre um ponto
da superfície física da Terra e a superfície de referência altimétrica (nível médio
dos mares) (Figura 51);
b) Cota: é a distância medida ao longo da vertical de um ponto até um
plano de referência qualquer (Figura 51).
As altitudes no Brasil são determinadas a partir da Rede Altimétrica
Brasileira, estabelecida e mantida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). De acordo com GEMAEL (1987) uma rede vertical, que
pode ser definida como um conjunto de pontos materializados no terreno
(referências de nível - RN) e identificados por uma coordenada, a altitude,
determinada a partir de um ponto origem do datum vertical. No Brasil o datum
altimétrico é o ponto associado com o nível médio do mar determinado pelo
marégrafo de Imbituba, Santa Catarina.

74
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

4.2. Representação do relevo


O relevo da superfície terrestre é uma feição contínua e tridimensional.
Existem diversas maneiras para representá-lo, sendo as mais usuais as curvas
de nível, o perfil e os pontos cotados, conforme apresentado na Figura 69.

Figura 69. Representação do relevo

Ponto Cotado: é a forma mais simples de representação do relevo; as


projeções dos pontos no terreno têm representado ao seu lado as suas cotas
ou altitudes (Figura 70). Normalmente são empregados em cruzamentos de
vias, picos de morros, etc.

Figura 70. Ponto Cotado

75
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Perfis transversais/longitudinais: são cortes verticais do terreno ao longo


de uma determinada linha. Um perfil é obtido a partir da interseção de um plano
vertical com o terreno (Figura 71).

Figura 71. Perfis transversais/longitudinais

Curvas de nível: é a forma mais tradicional para a representação do


relevo. Podem ser definidas como linhas que unem pontos com a mesma cota
ou altitude. Representam em projeção ortogonal a interseção da superfície do
terreno com planos horizontais, como pode ser observado na Figura 72.

Figura 72. Curvas de nível

76
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A diferença de cota ou altitude entre duas curvas de nível é denominada


de eqüidistância vertical, obtida em função da escala da carta/mapa, tipo do
terreno e precisão das medidas altimétricas.
As curvas de nível devem ser numeradas para que seja possível a sua
leitura. A Figura 73 mostra a representação de uma depressão e uma elevação
empregando-se as curvas de nível. Neste caso esta numeração é fundamental
para a interpretação da representação.

Figura 73. Elevação e depressão.

As curvas de nível podem ser classificadas em curvas mestras


(principais) e secundárias. As mestras são representadas com traços diferentes
das demais (cor diferente, por exemplo), sendo todas numeradas. As curvas
secundárias complementam as informações e geralmente não são indicados os
seus valores (Figura 74).

Figura 74. Curvas de nível.

77
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Algumas regras básicas a serem observadas no traçado das curvas de


nível:
a) As curvas de nível são "lisas", ou seja, não apresentam cantos,
conforme apresenta-se na Figura 75.

Figura 75. Representação de curvas de nível.

b) Duas curvas de nível nunca se cruzam (Figura 76)

Figura 76. Curvas de nível desenhadas de forma errônea.

c) Duas curvas de nível nunca se encontram e continuam em uma só


(Figura 77)

Figura 77. Curvas de nível desenhadas de forma errônea.

d) Quanto mais próximas entre si, mais inclinado é o terreno que


representam, conforme observa-se na Figura 78

Figura 78. Inclinação do terreno de acordo com a proximidade das curvas de


nível.

78
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A Figura 79 apresenta uma vista tridimensional do relevo e as


respectivas curvas de nível.

Figura 79. Vista tridimensional do relevo e as respectivas curvas de nível.

4.3. Métodos para a interpolação e traçado das curvas de nível


Com o levantamento topográfico altimétrico são obtidos diversos pontos
com cotas/altitudes conhecidas (ver Tabela 10). A partir destes é que as curvas
serão desenhadas. Cabe salientar a necessidade das coordenadas planas dos
pontos para plotá-los sobre a carta/mapa. O número de pontos e sua posição
no terreno influenciarão no desenho final das curvas de nível. A Figura 80 a
seqüência utilizada na interpolação das curvas de nível.

Figura 80. Pontos e a curvas de nível de uma área retangular.

As Figuras 81 e 82 apresentam uma seqüência de amostras de pontos


levantados para uma mesma área. A referida seqüência inicia-se com a
amostragem mais completa e finaliza com um caso em que somente os cantos
da área foram levantados. Os pontos levantados são representados pelas

79
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

balizas. Apresenta-se também as respectivas curvas de nível obtidas a partir


de cada conjunto de amostras.

Figuras 81. Pontos levantados suas respectivas curvas de nível.

80
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figuras 82. Pontos levantados suas respectivas curvas de nível.

Na prática, a partir de dois pontos com cotas conhecidas, interpola-se a


posição referente a um ponto com cota igual à cota da curva de nível que será
representada. A Figura 83 apresenta o procedimento descrito.

81
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 83. Interpolação da curva de nível com cota de 46,00 m.

Os métodos para a interpolação e traçado das curvas de nível são:


1) gráfico: neste método a interpolação das curvas baseia-se em
diagramas de paralelas e divisão de segmentos. São processos lentos e
atualmente pouco aplicados. Podem ser desenvolvidos a partir de:
a) diagramas de paralelas: neste método traça-se um diagrama de linhas
paralelas eqüidistantes em papel transparente, correspondendo as cotas das
curvas de nível. Rotaciona-se o diagrama de forma que as cotas dos pontos
extremos da linha a ser interpolada coincidam com os valores das cotas
indicadas no diagrama. Uma vez concluída esta etapa, basta marcar sobre a
linha que une os pontos, as posições de interseção das linhas do diagrama
com a mesma, conforme é apresentado na Figura 84.

Figura 84. Utilização dos diagramas de paralelas.

b) Divisão de segmentos: o processo de interpolação empregando-se


esta técnica é apresentado nas Figuras 85 e 86, e pode ser resumido por:
- inicialmente, toma-se o segmento AB que se deseja interpolar as
curvas. Pelo ponto A traça-se uma reta r qualquer, com comprimento igual ao

82
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

desnível entre os pontos A e B, definido-se o ponto B´. Emprega-se a escala


que melhor se adapte ao desenho.

Figura 85. Interpolação de curvas de nível por divisão de segmentos.

- marcam-se os valores das cotas sobre esta reta e une-se o ponto B´ ao


ponto B. São traçadas então retas paralelas à reta B´B passando pelas cotas
cheias marcadas na reta r. A interseção destas retas com o segmento AB é a
posição das curvas interpoladas.

Figuras 86. Interpolação de curvas de nível por divisão de segmentos.

2) numérico:
Utiliza-se uma regra de três para a interpolação das curvas de nível.
Devem ser conhecidas as cotas dos pontos, a distância entre eles e a
eqüidistância das curvas de nível. Tomando-se como exemplo os dados
apresentados na Figura 86, sabe-se que a distância entre os pontos A e B no
desenho é de 7,5 cm e que o desnível entre eles é de 12,9 m. Deseja-se
interpolar a posição por onde passaria a curva com cota 75 m.

83
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 86. Interpolação da curva de nível com cota 75 m.

Fazendo uma regra de 3 simples, é possível calcular o desnível entre o


ponto A e a curva de nível com cota 75 m (75 - 73,2 = 1,8 m). Sabendo-se que
em 7,5 cm o desnível entre os pontos é de 12,9 m, em "x" metros este desnível
será de 1,8 m.

Neste caso, a curva de nível com cota 75m estará passando a 1,05 cm
do ponto A. Da mesma forma, é possível calcular os valores para as curvas 80
e 85m (respectivamente 3,9 e 6,9cm), conforme observa-se na Figura 87.

Figura 87. Interpolação de curvas de nível pelo método numérico.

84
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

No traçado das curvas de nível, os pontos amostrados podem estar em


formato de malha regular de pontos. Neste caso, as curvas de nível são
desenhadas a partir desta malha, conforme apresenta a Figura 88. A seqüência
de trabalhos será:
- definir a malha de pontos;
- determinar a cota ou altitude de todos os pontos da malha;
- interpolar os pontos por onde passarão as curvas de nível;
- desenhar as curvas.

Figura 87. Malha regular e interpolação das curvas de nível.

Ao invés de utilizar uma malha quadrada é possível trabalhar com uma


malha triangular (Figura 88). A partir dos pontos amostrados em campo, é
desenhada uma triangulação e nesta são interpolados as curvas de nível.

Figura 88. Malha triangular e interpolação das curvas de nível.

85
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A Tabela 16 apresenta as coordenadas e as cotas de um levantamento


topográfico. Plote os pontos nesta folha, trace a malha triangular e interpole as
curvas de nível eqüidistantes de 1 m.

Tabela 16 - Caderneta de Escritório 3 (diferença de nível e cotas)


Estação Abscissa Absoluta (m) Ordenada Absoluta (m) Cotas (m)
1 256,26 179,75 32,48
A 331,11 208,13 25,54
2 239,61 134,81 38,33
B 358,35 127,66 35,88
3 304,99 152,12 32,24
4 319,95 64,57 26,24
C 206,27 79,42 33,23
5 301,04 112,99 20,00

86
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

4.4. Instrumentos utilizados em altimetria/nivelamentos


De acordo com a ABNT (1994, p3), o levantamento topográfico
altimétrico ou nivelamento é definido por: “levantamento que objetiva,
exclusivamente, a determinação das alturas relativas a uma superfície de
referência dos pontos de apoio e/ou dos pontos de detalhe, pressupondo-se o
conhecimento de suas posições planimétricas, visando à representação
altimétrica da superfície levantada.”
Simplificando, nivelamento é uma operação topográfica que consiste em
determinar a diferença de nível entre dois ou mais pontos topográficos,
conforme apresentado na Figura 89.

Figura 89. Representação da diferença de nível positiva e negativa.

Os instrumentos utilizados em nivelamentos estão divididos em 2


categorias:
1. Instrumentos com plano de visada sempre na horizontal
a) Princípio de equilíbrio dos líquidos em vasos comunicantes. Ex: nível
de mangueira (Figura 90).

Figura 90. Nível de mangueira.

b) Instrumentos com nível de bolha. Ex: nível de pedreiro e nível ótico


(Figura 91).

87
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 91. Nível de pedreiro e nível ótico.

2. Níveis cujo plano de visada tem movimento ascendente ou


descendente em relação ao plano horizontal
a) Clinômetro (apoiado na mão - Figura 92)

Figura 92. Clinômetro.

b) Teodolitos (Figura 93)

Figura 93. Teodolito.

4.5. Processos de nivelamento


Basicamente três métodos são empregados para a determinação dos
desníveis: nivelamento geométrico (divide-se em simples e composto),
trigonométrico e taqueométrico. O primeiro e o segundo métodos serão

88
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

descritos nos próximos tópicos, enquanto que o terceiro já foi discutido no


tópico 3.3.5.
Nas operações de nivelamento, os pontos que definem o relevo são
materializados no terreno por meio de piquetes. É usual utilizar estaqueamento
com distâncias fixas de 5, 10, 20 ou 50 m.

4.5.1. Nivelamento geométrico simples


É o nivelamento executado a partir da instalação do instrumento em
apenas uma posição. A Figura 94 apresenta esquematicamente um
nivelamento geométrico simples. Geralmente neste método a instalação é
afastada dos pontos para possibilitar as leituras de mira de todos com uma
instalação do nível.

Figura 94. Nivelamento geométrico simples.

A Tabela 17 apresenta a caderneta de campo utilizada no nivelamento


geométrico simples. Sabendo-se que a diferença de nível deve ser
determinada em relação ao primeiro ponto (0 para este exemplo) determine-as.

Tabela 17 - Caderneta de campo utilizada no nivelamento geométrico simples


Diferença de nível OBS
Estacas Leitura da mira Cota
+ -
estacas a cada
0 2,90 - - 10 m
1 2,00
2 2,40 Cota 0 = 20,00
3 1,50
3+4,6 0,90
4 0,90

89
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

As principais limitações do nivelamento geométrico simples são:


a) terrenos com diferença de nível superior ao comprimento da mira
(Figura 95); e

Figura 95. Terreno com diferença de nível superior ao comprimento da mira.

b) Em eixos ou áreas muito extensas há limitações em razão do erro de


nível aparente tornar-se significativo e ainda problemas de focalização dos fios
do retículo. Assim recomenda-se fazer visadas a uma distância máxima de
120 m, que implicará em um erro máximo de 1 mm que é considerado
insignificante.

4.5.2. Nivelamento geométrico composto


É uma sucessão de nivelamentos geométricos simples, interligados por
estacas de mudança. A Figura 96 apresenta esquematicamente um
nivelamento geométrico composto.

Figura 96. Nivelamento geométrico composto.

90
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

O cálculo das cotas neste nivelamento é um pouco diferente do


nivelamento geométrico simples, pois o nível é instalado em mais de um ponto,
sendo necessário a utilização de diversos planos de referência, conforme é
apresentado na Figura 97.

Figura 97. Cálculo das cotas no nivelamento geométrico composto.

A Tabela 18 apresenta os dados referentes ao levantamento da


Figura 97. É importante destacar que o plano de visada = cota + ré. Diante do
exposto determine as cotas do nivelamento composto apresentado na
Tabela 18.

Tabela 18 – Cotas do nivelamento composto


Visadas
Estacas Ponto Visado Plano de Visada Cota OBS
Ré Vante
A 0 2,10 estacas
1 0,80 a cada
2 0,70 20 m
B 2 2,00
3 1,00
4 1,50
5 2,40
C 5 0,60
6 1,20
7 0,70

91
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A verificação dos erros nos cálculos das cotas é feito por meio da
equação:

∑ Ré − ∑ Vante = d nTOTAL (30)

Portanto, para o exemplo anterior tem-se:

Caso a igualdade não se confirme os cálculos deverão ser refeitos.


Ressalta-se que um eventual erro refere-se aos cálculos e não às leituras das
operações de campo.
O erro cometido na operação do nivelamento é constatado com base em
outro nivelamento realizado no mesmo eixo, porém em sentido contrário ao
anterior (contra-nivelamento). Neste caso, basta comparar a diferença de nível
total do nivelamento com a do contra-nivelamento para determinar o erro do
nivelamento (erro = dnnivelamento − dncontra − nivelamento ).

A tolerância para o erro do nivelamento geométrico composto é dado


pela equação
T =c k (31)
em que:
T = tolerância (mm);
c = grau de precisão do nivelamento (mm/km);
k = comprimento do eixo (km).

O valor de c varia de acordo com a classificação do nivelamento


geométrico:
a) Alta precisão: c = 1,5 a 2,5 mm/km;
b) Nivelamento de precisão:
1º Ordem: c = 5 mm/km;
2º Ordem: c = 10 mm/km;
3º Ordem: c = 15 mm/km;

92
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

4º Ordem: c = 20 mm/km;
5º Ordem: c = 20 a 50 mm/km.

Se o erro encontrado estiver abaixo da tolerância deve-se corrigi-lo. Na


Tabela 19 estão representadas as cotas obtidas nas operações de nivelamento
e contra-nivelamento de um eixo. O erro do nivelamento é somado ou
subtraído às cotas do contra-nivelamento. As cotas compensadas são obtidas
a partir da média das cotas do nivelamento e contra-nivelamento corrigidos.
Determine tolerância para o nivelamento proposto, as Cotas Corrigidas e
Cotas Compensadas.

Tabela 19 – Caderneta de nivelamento


Cotas Cotas Contra- Cotas Cotas
Estacas OBS
Nivelamento Nivelamento Corrigidas Compensadas
0 100,000 100,030
estacas a
1 101,200 101,170
cada 20 m
1+7,0 101,270 101,300
2 99,000 99,010
2+13,0 98,500 98,520
3 98,000 98,010
4 100,500 100,500
RN 104,500 104,480
6 105,100 105,100

93
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

4.5.3. Nivelamento trigonométrico


Esse processo de nivelamento tem por base o ângulo de inclinação do
terreno. A diferença de nível é obtida por meio da resolução de triângulos.
Assim, da Figura 98, tem-se que c = b * tgα, ou seja, a
Dn = Dr . tgα (32)

Figura 98. Triangulo retângulo.

Neste caso é usual determinar a distância reduzida com a trena ou


estação total e o ângulo α com um teodolito.
O nivelamento trigonométrico com teodolito é útil quando se deseja obter
diferenças de nível para pontos de difícil acesso.
Exemplo: determinar a diferença de nível entre o ponto A (acessível) e
um ponto C (inacessível) (Figura 99).

Figura 99. Nivelamento trigonométrico com teodolito.

Procedimentos:
1 - marcar no terreno uma base de comprimento conhecido;

94
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

2 - centralizar o teodolito em A e medir o ângulo horizontal a;


3 – medir o ângulo vertical α; e
4 – centralizar o teodolito em B e medir o ângulo horizontal b.

4.6. RN
É um marco instalado/construído no terreno nas proximidades do eixo
nivelado, cuja cota ou altitude deve estar registrada em caderneta de campo. A
finalidade do RN é servir como ponto de partida para nivelamentos futuros em
trabalhos de locação. Deve ser uma referência segura e permanente no
terreno. A materialização deve ser feita com marcos de concreto.

Exemplo de utilização de um RN: Locação de obras


Partindo-se de uma RN com cota 20,00 m, calcular as alturas de corte e
aterros para a construção de um galpão cujo piso deve ficar 1,5 m abaixo
da RN. A Figura 100 apresenta um esboço/croqui da área estudada.

Figura 100. Esboço/croqui da área estudada.

Procedimento:
- Instalar o nível próximo à RN;
- Determinar as leituras de mira da RN e dos pontos do projeto;
- Calcular as leituras de mira da obra a partir da leitura de mira feita
na RN.
Como o piso do galpão deve ficar 1,5 m abaixo da RN a leitura da mira
da obra deverá ser RN + 1,5. Portanto, a cota da RN é 1,40 + 1,50 = 2,90m. As
alturas de corte e aterro são obtidas comparando-se as leituras de mira
calculadas com as cotas do terreno. Os resultados devem ser apresentados
na Tabela 20.

95
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Tabela 20 – Tabela de corte/aterro


Estacas Leitura da mira Alturas OBS
Terreno Calculada Corte Aterro
RN 1,40
A 3,40
B 3,60
C 2,70
D 2,62

4.7. Desenho do perfil


Perfis transversais/longitudinais são cortes verticais do terreno ao longo
de uma determinada linha. Um perfil é obtido a partir da interseção de um plano
vertical com o terreno (Figura 71). Portanto, perfil é a representação, no plano
vertical, das diferenças de nível, cota ou altitudes obtidas no nivelamento.
Geralmente, o terreno apresenta distâncias horizontais maiores que as
verticais, sendo recomendado a utilização de duas escalas para o desenho.
Normalmente, a relação entre as escalas é de 10 vezes, sendo a vertical de
denominador menor. Por exemplo, para uma escala de 1:1.000 de distância
horizontal recomenda-se uma escala de 1:100 para as diferença de nível.
Exemplo: a Tabela 21 apresenta as diferenças de nível e cotas de um
nivelamento geométrico.

Tabela 21 – Diferenças de nível e cotas de um nivelamento geométrico


Diferença de nível
Estacas Cota OBS
+ -
0 - - 100,000 estacas a
1 1,170 101,170 cada 20 m
1+7,00 1,270 101,270
2 1,010 98,990
2+13,00 1,505 98,495
3 2,010 97,990
4 0,485 100,485
RN 4,475 104,475
5 3,680 103,680
6 5,085 105,085

A Figura 101 apresenta diversas formas de se desenhar um perfil


longitudinal. O primeiro perfil foi traçado com as diferenças de nível e escalas

96
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

verticais e horizontais iguais, o segundo também foi traçado com as diferenças


de nível e escalas diferentes e, por fim, o terceiro foi traçado com as cotas e
escalas diferentes.

Figura 101. Perfis longitudinais.

4.8. Projeto a partir de um perfil


A elaboração de um projeto dependerá das especificações a serem
atendidas. Qualquer que seja o projeto será necessário utilizar o GREIDE que
é uma linha que acompanha o perfil do terreno, tendo certa inclinação e que
indica quando o solo deve ser cortado ou aterrado, conforme é apresentado
na Figura 102.

Figura 102. Linha de Greide.

97
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Exemplo: Suponha que pretende-se construir um canal de drenagem que tenha


profundidade mínima de 1,0 m. Utilize a caderneta de campo apresentada a
seguir para desenhar o perfil longitudinal e traçar a linha de greide. Ao
comparar as cotas da linha de greide com as do terreno tem-se os cortes ou
aterros. Preencha a caderneta abaixo com estes valores.
Cotas Alturas
Estacas OBS
Terreno Greide Corte Aterro
0 10,00 estacas
1 10,10 a cada
2 8,45 10 m
3 8,30
4 7,50
5 6,60

98
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

4.9. Sistematização de terrenos


Sistematizar um terreno é uma operação topográfica que consiste em
colocar a sua superfície em planos uniformes, com declividades adequadas de
acordo com cada tipo de projeto a ser executado. A sistematização pode ser
utilizada em obras civis (estradas, núcleos habitacionais, pátio de secagem de
grãos, campos de futebol) ou na agricultura (irrigação por sulco ou inundação,
conservação dos solos, dentre outras).
Exemplo: Sistematizar um terreno para construção de um pátio de
secagem de café. Especificações do projeto: o pátio deve ter -1% de
declividade do eixo central para as laterais e -2% no sentido longitudinal.

A sistematização é dividida em:


a) Trabalho de campo: deve-se realizar a locação e estaqueamento do
eixo longitudinal do pátio (10m). A seguir faz-se a locação das seções
transversais. Posteriormente, é feito o nivelamento geométrico dos eixos e das
seções. Os dados levantados em campo devem ser anotados em eixos:

99
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

b) Trabalho de escritório: inicialmente deve-se fazer o cálculo das cotas


do terreno e inseri-los nos eixos apresentados no item a. Para atender às
especificações do projeto (declividades), as cotas do terreno deverão ser
alteradas, isto é, será necessário fazer cortes e/ou aterros. Essas novas cotas
são as cotas do greide.
Para obtenção das cotas de greide deve-se partir de uma cota inicial
arbitrária em qualquer estaca. A partir desta cota inicial, determina-se as
demais cotas do greide, tendo-se como base as declividades pré-estabelecidas
no projeto. Os dados devem ser anotados em eixos, da seguinte forma:

O ideal em um trabalho de sistematização é que a soma das alturas de


corte e aterro sejam, aproximadamente, iguais para que se evite movimentação
de terra fora da área de trabalho. Assim o que se busca é que o corte seja igual
ao aterro. Portanto, a partir do somatório de corte e aterro calculados acima,
determina-se se a altura do greide deve ser aumentada ou diminuída para que
o balanço entre corte e aterros seja 0. Os dados devem ser anotados em eixos,
iguais aos do “passo” anterior.

100
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

101
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

AULAS PRÁTICAS

PRÁTICA 1 – Goniologia
Goniologia é a parte da topografia que se encarrega do estudo dos
ângulos utilizados na execução de seus trabalhos. É dividida em goniometria e
goniografia.

Goniometria: é a parte da Goniologia que se encarrega da medição de


ângulos no campo.
Goniografia: é a parte da Goniologia que se encarrega da representação
gráfica ou geométrica dos ângulos.
Goniômetro: todo aparelho utilizado para medir ângulos (teodolito).

CUIDADOS GERAIS NO MANUSEIO DO TEODOLITO


1. SEMPRE conduzir o instrumento dentro do estojo ao local de trabalho;
2. Antes de retirar o instrumento do estojo, deve-se observar a posição
que o mesmo se encontra de maneira que se possa, ao guardá-lo, encaixá-lo
coincidindo com a estrutura do estojo. Ao sacar o instrumento, deve-se segurar
com uma das mãos na alça de transportes e a outra por baixo da base
nivelante;
3. NUNCA tocar os níveis tubular e esférico dos instrumentos;
4. Coloca-se o instrumento sobre a plataforma do tripé e, sustentando-o
com uma das mãos, fixa-se imediatamente a base nivelante na plataforma.
CUIDADO PARA NÃO ESPANAR O PARAFUSO DE FIXAÇÃO DA BASE AO
APERTÁ-LO;
5. NUNCA deixar o instrumento SOLTO SOBRE O TRIPÉ;
6. NÃO apontar a luneta do instrumento diretamente para o sol, pois
pode causar sérios danos aos seus olhos e ao instrumento;
7. NÃO expor o instrumento à água;
8. SEMPRE proporcionar as proteções para diminuir o risco de golpes,
pois estes podem causar falhas nas medições.
9. SEMPRE guardar os aparelhos com os “movimentos” vertical e
horizontal soltos.
10. NUNCA sentar-se na caixa do equipamento.

102
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

ORGÃOS E PARTES COMPONENTES DOS TEODOLITOS


Será utilizado como base o teodolito GEODETIC modelo ET-05 o qual
pode ser visto na Figura 1.

Figura 1. Teodolito GEODETIC modelo ET-05.

A Figura 2 apresenta os principais órgãos e partes componentes de um


teodolito.

Figura 2. Órgãos e partes componentes de um teodolito.

103
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

1. Órgãos de sustentação: tripés, pratos e parafuso de fixação do


instrumento no prato;

2. Órgãos de manobra: parafusos calantes ou niveladores, parafuso de


fixação do limbo horizontal e parafuso de fixação da luneta;

3. Órgãos de ajuste: parafuso de chamada do movimento geral, parafuso


de chamada da luneta, parafuso de enfoque do objeto visado e parafuso de
enfoque dos fios do retículo;

4. Órgãos de visada: luneta;

5. Órgãos de leitura: tela de informações (visor), fios do retículo


(Figura 3);

Figura 3. Fios do retículo de um teodolito padrão.

5. Órgãos acessórios: prumos, níveis de bolha, bússolas e alça de mira.

INSTALAÇÃO DO TEODOLITO

104
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 2 – Manejo de teodolitos (medição de ângulos horizontais e mira)

Materiais utilizados: 01 teodolito com seu respectivo tripé, 01 baliza,


01 mira, caderneta de campo, 03 piquetes, 01 trena e 01 marreta.

Procedimentos:
1. Materializar os pontos topográficos A, B e C, conforme apresentada
na Figura 4;
2. Estacionar e centralizar o Teodolito no ponto topográfico A e medir a
altura do instrumento;
3. Visar a baliza no ponto topográfico B e zerar o ângulo horizontal;
4. Trocar a baliza pela mira e fazer as leituras dos fios (superior, médio e
inferior);
5. Fazer a leitura do ângulo zenital;
6. Girar o movimento do ângulo horizontal até o ponto C;
7. Fazer as leituras dos fios e dos ângulos zenital e horizontal;
8. Medir com a trena a distância entre os pontos AB e AC;
9. Repetir os passos 4 a 8 para os demais pontos, conforme solicitado
na caderneta de campo apresentada a seguir.
B
Xm
XX

XXX m
A C
Figura 4. Alinhamentos a serem medidos.

Altura do Ângulo Fios


Ré Estação Vante Descrição Distância
Instrumento Horizontal Vertical Sup. Méd. Inf.
B A Piquete
C Piquete
A1 Pasto
A2 Cerca
A3 Poste

105
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

A Figura 5 mostra uma parte da mira e algumas leituras. Marque as


leituras apresentadas na mira.

Figura 5. Mira

106
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 3 – Manejo de teodolitos (medição de ângulos externos de um triângulo)

Materiais utilizados: 01 teodolito com seu respectivo tripé, 01 baliza,


01 mira, caderneta de campo, 03 piquetes, 01 trena e 01 marreta.

Procedimentos:
1. Materializar os pontos topográficos A, B e C (polígono de 3 lados);
2. Estacionar e centralizar o Teodolito no ponto topográfico A e medir a
altura do instrumento;
3. Visar o ponto C e zerar o ângulo horizontal;
4. Trocar a baliza pela mira e fazer as leituras dos fios (superior, médio e
inferior);
5. Fazer a leitura do ângulo zenital;
6. Girar o movimento do ângulo horizontal até o ponto B;
7. Fazer as leituras dos fios e ângulos zenital. Fazer a leitura do ângulo
externo do triângulo;
8. Medir com a trena a distância entre os pontos AB, AC e BC;
9. Repetir os passos 2 a 7 para os demais pontos.

Altura do Ângulo Fios


Ré Estação Vante Descrição Distância
Instrumento Horizontal Vertical Sup. Méd. Inf.
C A Piquete
B Piquete
A B Piquete
C Piquete
B C Piquete
A Piquete

A soma dos ângulos externos de um polígono é dada pela equação:

∑ ae
= 180.( L + 2)

em que:
L é o número de lados da poligonal.
Verifique na Tabela 6 (página 48) em qual classificação o levantamento
realizado se enquadra.

107
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 4 – Manejo de teodolitos (medição de azimutes)

Materiais utilizados: 01 teodolito com seu respectivo tripé, 01 baliza,


02 piquetes e 01 marreta.

Azimute magnético de um alinhamento é um ângulo horizontal medido a


partir do Norte Magnético no sentido horário até o plano vertical que contém o
alinhamento considerado.

Procedimentos:
1. Materializar os pontos topográficos A e B;
2. Estacionar e centralizar o Teodolito no ponto topográfico A;
3. Zerar o limbo horizontal e travar o movimento do limbo;
4. Soltar a alavanca de fixação da agulha imantada da bússola;
5. Orientar a luneta para o Meridiano Magnético com o movimento geral
solto;
6. Travar o movimento geral; e
7. Liberar o movimento do limbo, visar a baliza no ponto topográfico B e
fazer a leitura do azimute.

A Figura 6 apresenta como é realizada a leitura do azimute no limbo do


teodolito.

108
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Figura 6. Leitura do azimute no limbo do teodolito.

109
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 5 – Levantamento Topográfico por irradiação

Materiais utilizados: 01 teodolito com seu respectivo tripé, 01 baliza,


02 miras, caderneta de campo, 01 piquete e 01 marreta.

Procedimentos:
1. Materializar o ponto topográfico A que será a sede da irradiação;
2. Escolher 5 pontos definidores do polígono a ser levantado (seria o
limite da área a ser levantada);
3. Estacionar e centralizar o Teodolito no ponto topográfico A e medir a
altura do instrumento;
4. Visar o ponto 0 e zerar o ângulo horizontal;
5. Trocar a baliza pela mira e fazer as leituras dos fios (superior, médio e
inferior);
6. Fazer a leitura do ângulo zenital;
7. Girar o movimento do ângulo horizontal até o ponto 1;
8. Fazer as leituras dos fios e dos ângulos zenital e horizontal;
9. Repetir os passos 7 e 8 para os demais pontos.
10. Determinar as Dr e Dn dos pontos levantados.

A caderneta apresentada a seguir deve ser preenchida com os dados


levantados nesta aula prática.
Pontos Altura do Ângulo Fios
Estação Descrição Dr Dn
visados Instrumento Horizontal Zenital Sup. Méd. Inf.
0 Meio Fio
1 Poste
A 2 Cerca
3 Pasto
4 Meio Fio

A Figura 7 apresenta um exemplo de polígono que pode ser levantado


em campo.

Figura 7. Levantamento por irradiação.

110
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 6 – Levantamento Topográfico por caminhamento (ângulos horários)

Materiais utilizados: 01 teodolito com seu respectivo tripé, 02 balizas,


02 miras, caderneta de campo, 04 piquetes e 01 marreta.

Altura do Ângulo Fios


Ré Estação Vante Descrição OBS
Instrumento Horizontal Zenital Sup. Méd. Inf.
D A Piquete 00°00'00"
B Piquete
A B Piquete 00°00'00"
C Piquete
B1 Cerca
B C Piquete 00°00'00"
D Piquete
C1 Estrada
C D Piquete 00°00'00"
A Piquete

Procedimentos:
1. Materializar a poligonal com 4 vértices;
2. Estacionar e centralizar o Teodolito no ponto topográfico A e medir a
altura do instrumento;
3. Visar à estação D (Ré) e zerar o ângulo horizontal;
4. Trocar a baliza pela mira e fazer as leituras dos fios (sup., méd. e inf.);
5. Fazer a leitura do ângulo zenital;
6. Girar o movimento do ângulo horizontal até o ponto B;
7. Fazer as leituras dos fios e dos ângulos zenital e horizontal;
8. Visar todas as irradiações possíveis e fazer as leituras dos fios e dos
ângulos zenital e horizontal;
9. Estacionar o teodolito no ponto B e repetir os passos 2 a 8;
10. Repetir os passos para todos os vértices da poligonal;
11. Fazer o croqui da área levantada;
12. Fazer todos os cálculos, verificando as tolerâncias e erros, para
determinar as coordenadas absolutas;
13. Fazer o desenho no AutoCAD; e
14. Interpolar as curvas de nível do desenho.

111
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 7 – Nivelamento Geométrico Simples

Materiais utilizados: 01 nível com seu respectivo tripé, 02 balizas,


02 miras, caderneta de campo, 06 piquetes e 01 marreta.

Para exemplificar será projetada uma rede de drenagem pluvial.

a) Trabalho de campo
Procedimentos:
1. Locar e estaquear o eixo de uma rede de drenagem pluvial (5,00
em 5,00 m). Deve-se estaquear a posição/estaca 3+4,60, pois neste ponto
existe uma mudança de declividade (depressão), sendo necessário apresentá-
la no perfil longitudinal;
2. Realizar o nivelamento geométrico simples do eixo locado;
Diferença de nível OBS
Estacas Leitura da mira Cota
+ -
estacas a cada
0 - - 5m
1
2 Cota 0 = 20,00
3
3+4,6
4

b) Trabalho de escritório
1. Calcular as cotas do terreno;
2. Desenhar o perfil longitudinal do eixo levantado;
3. Calcular a linha de greide (tendo 20 cm de profundidade inicial e 0,5%
de declividade); e
4. Calcular as alturas de corte e aterro.
Cotas Alturas
Estacas OBS
Terreno Greide Corte Aterro
0 estacas
1 a cada
2 5m
3
3+4,6
4

112
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 7a – Nivelamento Geométrico Composto

Materiais utilizados: 01 nível com seu respectivo tripé, 02 balizas,


02 miras, caderneta de campo, 09 piquetes e 01 marreta.

Este nivelamento é uma sucessão de nivelamentos geométricos simples,


pois o nível é instalado mais de uma vez no terreno porque não é possível
fazer todas as leituras do eixo com apenas uma instalação.

Para exemplificar será projetada a mesma rede de drenagem pluvial do


nivelamento geométrico simples.

a) Trabalho de campo
Procedimentos:
1. Locar e estaquear o eixo de uma rede de drenagem pluvial (5,00
em 5,00 m). Deve-se estaquear a posição/estaca 3+4,60, pois neste ponto
existe uma mudança de declividade (depressão), sendo necessário apresentá-
la no perfil longitudinal;
2. Realizar o nivelamento geométrico composto do eixo locado;
3. Realizar o contra-nivelamento do eixo locado.

Caderneta do nivelamento
Visadas
Estacas Ponto Visado Plano de Visada Cota OBS
Ré Vante
A 0 estacas
1 a cada
2 5m
3
3+4,6
4
B 4
5
6
7

113
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

Caderneta do contra-nivelamento
Visadas
Estacas Ponto Visado Plano de Visada Cota OBS
Ré Vante
A 7 estacas
6 a cada
5 5m
4
B 4
3+4,6
3
2
1
0

b) Trabalho de escritório
1. Calcular as cotas do terreno;
2. Verificar se o erro está abaixo da tolerância exigida;
3. Corrigir as cotas;
Cotas Cotas Contra- Cotas Cotas
Estacas OBS
Nivelamento Nivelamento Corrigidas Compensadas
0
estacas a
1
cada 20 m
2
3
3+4,6
4
5
6
7

4. Desenhar o perfil longitudinal do eixo levantado;


5. Calcular a linha de greide (tendo 20 cm de profundidade inicial e 0,5%
de declividade); e
6. Calcular as alturas de corte e aterro.
Cotas Alturas
Estacas OBS
Terreno Greide Corte Aterro
0 estacas
1 a cada
2 5m
3
3+4,6
4
5
6
7

114
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

PRÁTICA 8 – Sistematização de terrenos

Materiais utilizados: 01 nível com seu respectivo tripé, 02 balizas,


02 miras, caderneta de campo, 15 piquetes e 01 marreta.

Para exemplificar será projetada a construção de um pátio de secagem


de grãos com dimensões de 20 x 10 m. Tendo -1% de declividade nos eixos
transversais e -2% no eixo longitudinal. As estacas serão locadas com
eqüidistância de 5 m.

a) Trabalho de campo
Procedimentos:
1. Locação e estaqueamento do eixo longitudinal do pátio;

2. Abertura das seções transversais (utilizar esquadro de trena);

3. Fazer o nivelamento geométrico do eixo e das seções, anotando os


dados em quadriculas;

b) Trabalho de escritório
1. Calcular as cotas do terreno;

115
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

2. Calcular as cotas do greide;


3. Calcular as alturas de corte e aterro; e
4. Fazer o balanceamento dos cortes e aterros.

PRÁTICAS 9 a 14 – Trabalho Prático

PRÁTICA 15 – Demonstração com GPS de navegação e Estação Total

116
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

BIBLIOGRAFIA
ANGULO FILHO, Rubens, Apontamentos das Aulas de Topografia e
Geoprocessamento I, Universidade de São Paulo - Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz", 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 8196,


Emprego de escalas em Desenho Técnico: Procedimentos. Rio de
Janeiro, 1983.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10068:


Folha de desenho – leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987. 6 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10582:


Conteúdo da folha para desenho técnico. Rio de Janeiro, 1988. 5 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13133:


Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994. 35p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14166:


Rede de referência cadastral municipal - procedimento. Rio de
Janeiro, 1998. 23p.

BORGES, A.C. Topografia. São Paulo, Edgard Bluscher, 1977. 187p. Vol. 1.

BORGES, A.C. Topografia. São Paulo, Edgard Bluscher, 1992. 232p. Vol. 2.

BRANDALIZE, M. C. B. Notas de aula de Topografia. PUC/PR.

CASTRO JUNIOR, R. M. Notas de aula de Topografia, Universidade Federal


do Espírito Santo, 1998.

COMASTRI, J.A. TULLER, J.C. Topografia: Altimetria. Viçosa, Imprensa


Universitária, 1980. 160p.

117
Notas de aula de ECV310 - Fundamentos de Cartografia, Topografia e Estradas
Prof. Reynaldo Furtado Faria Filho – UFV/CRP

COMASTRI, J.A. TULLER, J.C. Topografia: Planitimetria. Viçosa, Imprensa


Universitária, 1977. 335p.

DINIZ, A. V. Conceitos Básicos Topografia. Centro Universitário FUMEC –


FEA, 2004.

DOMINGUES, F. A. A. Topografia e Astronomia de posição para Engenheiros e


Arquitetos. São Paulo. McGraw-Hill do Brasil, 1979.

ESPARTEL, L. Curso de Topografia. 9 ed. Rio de Janeiro, Globo, 1987.

GEMAEL,C. Introdução à Geodésia Celeste. Universidade Federal do Paraná.


Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas. Curitiba, 1991.

GEMAEL, C. Introdução à Geodésia Geométrica. Universidade Federal do


Paraná. Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas. Curitiba, 1987.

GIACOMIN, R. F. Apostila de Topografia, SENAI-DR/ES CEP HRD, 2009.

NETO, C.P. & MOREIRA, J.L.K.. Declinação Magnética – ON.


http://staff.on.br/~jlkm/magdec/index.html. Consultada em 03/2008.

ORTH, D. Apostila Didática de Topografia Aplicada, Universidade Federal de


Santa Catarina, 2008.

RODRIGUES, D. D. TOPOGRAFIA: planimetria para engenheiros


Agrimensores e Cartógrafos. Universidade Federal de Viçosa, 2008.

VEIGA, L. A. K.; ZANETT, M. A. Z.; FAGGION P. L. Fundamentos de


Topografia, 2007.

118

Você também pode gostar