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CURSO DE OPERAÇÃO DE MOENDAS

11 Regulagem de Moendas

11.1 Introdução

A regulagem de moendas consiste em:

− Selecionar a velocidade de trabalho adequada;


− Selecionar os diâmetros e tipos de frisos adequados;
− Selecionar a posição relativa mais favorável dos rolos e da bagaceira;
− Calcular as aberturas entre os rolos;
− Selecionar os rodetes adequados, etc.

A regulagem de moenda depende de vários fatores, tais como: tipo de castelo,


moagem, fibra da cana, tipo de frisos, velocidade dos rolos, diâmetro das
camisas, reabsorção, etc. A regulagem de moenda, apesar de seguir certos
critérios e cálculos objetivos, também envolve um pouco de subjetividade e de
experiência prática.

Durante o processo de moagem, devido à enorme quantidade de matéria


prima em manipulação, uma pequena perda de sacarose no bagaço final,
representa uma grande perda de açúcar. Por outro lado, uma pequena
diminuição do pol do bagaço representa uma grande quantidade de açúcar
recuperado.

Para se ter uma idéia, tomemos um exemplo de uma moenda com 6 ternos
37"x78" com:

Moagem 350 TCH


Pol da cana 12%
Fibra da cana 12,5%
Eficiência de fabricação 90%

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Se obtivermos uma melhora na pol do bagaço em 0,2 pontos (De 2,2 para 2,0),
que a princípio parece ser pequena, como mostrado abaixo, do 1° para o 2°
caso.

Bagaço 1º Caso 2º Caso


Pol 2,2 2,0
Umidade 50,17 50,70
Brix 2,95 2,58
Pureza caldo residual 74,6 77,5

O açúcar recuperado, devido somente ao abaixamento da pol do bagaço seria


de 78 sacas de 50 kg, por dia. Se considerarmos uma safra de 5 meses, com
tempo de aproveitamento de 90%, teríamos no fim da safra 10.530 sacas de
açúcar adicionais, como mostrado na tabela 11.1

Tabela 11.1 - Açúcar recuperado devido ao abaixamento da pol do bagaço

Fibra % Toneladas de Açúcar no Açúcar Adicional


Bagaço Bagaço hora Bagaço (kg/h) (sacas)

1 dia safra

1º Caso 46,88 93,32 2.053 78 10.530

2º Caso 46,72 93,64 1.873

Isto mostra a importância da regulagem e operação correta da moenda.

11.2 Cálculo de aberturas

Quando o bagaço passa através de um terno, a compressão maior da camada


ocorre entre o rolo de saída e superior. Portanto, esta abertura de saída é a
primeira a ser calculada.

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As aberturas são calculadas em trabalho, isto é, na condição de rolo superior


em flutuação e são as seguintes:

P' - abertura em trabalho entre o rolo superior e o de pressão

E' - abertura em trabalho entre o rolo superior e o de entrada

S' - abertura em trabalho entre o rolo superior e o de saída

Estas aberturas referem-se sempre ao diâmetro primitivo do rolo, isto é,


diâmetro externo menos a altura do friso (Fig.11.1).

A seguinte convenção foi adotada para entendimento do cálculo da regulagem.

− DT, (DTP) = Diâmetro externo (primitivo) do rolo superior


− DS, (DSP) = Diâmetro externo (primitivo) do rolo saída
− DE, (DEP ) = Diâmetro externo (primitivo) do rolo entrada
− DP, (DPP) = Diâmetro externo (primitivo) do rolo pressão
− HT = Altura do friso rolo superior
− HS = Altura do friso rolo saída
− HE = Altura do friso rolo entrada
− HP = Altura do friso rolo pressão

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Figura. 11.1 - Aberturas entre rolos de moenda

A fórmula utilizada para o cálculo de abertura de saída, também adotada em


vários outros países, é:

9,5 ⋅ M ⋅ Fc
S' =
V ⋅ L ⋅ Fb

onde:

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− S' - abertura de saída (mm)


− M - moagem horária (TCH)
− FC - Fibra da cana (%)
− L - Comprimento do rolo (m)
− Fb - Fibra % bagaço na saída do terno (%)
− V - Velocidade média entre o rolo superior e saída (m/min)
− n - Rotação do terno (rpm)

π ⋅ (DTP + DSP ) ⋅ n
V= DTP e DSP em mm.
2000

Os valores da fibra porcento bagaço (Fb) dependem do modo de alimentação


do 1° terno, qualidade do preparo de cana e condições gerais dos ternos. Os
números obtidos pela fórmula do cálculo de abertura de saída são
arredondados para ± 0,5. Para se obter as aberturas de entrada (E') e pressão
(P´) multiplica-se a abertura de saída (S') pelos fatores Fe e Fp,
respectivamente. Todos os fatores citados estão tabelados na tabela 11.2.

Tabela 11.2 - Fatores Fb, Fe e Fp.

Fator Nº Ternos
ternos 1° 2° 3° 4° 5° 6°
6 30 34 38 42 46 50
Fb 5 30 35 40 45 50
4 30 37 44 50
6 1.8 1.8 1.8 1.8 2 2.2
Fe 5 1.8 1.8 1.8 2 2.2
4 1.8 1.8 2 2.2
Fp 5 5 5 5 5 5

Obtidas as aberturas, calcula-se as distâncias entre centros dos rolos em


trabalho (C1, C2, C3, C4), como mostrado na figura 11.2 e coloca-se num

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diagrama denominado triangulação. Indicamos a seguir o cálculo das aberturas


em trabalho.

Figura. 11.2 - Triangulação

C1 - Centro a centro entre rolo superior/saída em trabalho


C2 - Centro a centro entre rolo superior/entrada em trabalho
C3 - Centro a centro entre rolo superior/pressão em trabalho
C4 - Centro a centro entre rolo entrada / pressão em trabalho

DT − HT DS − HS D + HSP
C1= + + S' = SP + S'
2 2 2

DT − HT DE − HE D + HEP
C2 = + + E' = EP + E'
2 2 2

DT − HT DP − HP D + HPP
C3 = + + P' = PP + P'
2 2 2

DE + DP
C4 = + 15 - HP para HE ≥ HP
2

DE + DP
C4 = + 15 - HE para HE < HP
2

11.3 Traçado da bagaceira

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A função da bagaceira é conduzir o bagaço do rolo de entrada para o rolo de


saída, sem a intenção, no entanto, de extrair caldo. Do seu correto
posicionamento, depende um funcionamento uniforme e contínuo da moenda e
também o desempenho da extração. Se a bagaceira for posicionada muito alta,
a carga sobre o rolo superior é muito elevada, ocorrendo desgaste acentuado
da mesma, aumentando a potência absorvida e sufocando a passagem de
bagaço, resultando portanto em alimentação deficiente da moenda.

Se a bagaceira for posicionada muito baixa, o bagaço ao passar sobre ela não
é comprimido suficientemente para impedir que o rolo superior deslize sobre a
camada de bagaço resultando em embuchamento nessa região.

Demonstra-se matematicamente que o perfil da bagaceira deve ter uma forma


de espiral logarítmica. Em outras palavras, a abertura entre esta e o rolo
superior deve ir aumentando gradativamente, obedecendo a função acima à
medida que o bagaço caminha do rolo de entrada para o de saída. Fisicamente
o bagaço, ao passar pelo rolo de entrada, é comprimido e se expande sobre a
bagaceira até encontrar o rolo de saída, onde é comprimido novamente.

Na prática, ao se desenhar a bagaceira, como a curva espiral logarítmica é de


difícil construção, é feita uma aproximação com arco de circunferência, pois o
desvio entre uma curva e outra é tão pequeno, que torna-se desprezível do
ponto de vista do funcionamento da moenda. O traçado da bagaceira é feito
em escala 1:1, pois o perfil natural é usado para fundição e usinagem da peça.

A seguir apresentamos um roteiro para o traçado da bagaceira.

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11.4 Roteiro para o traçado da bagaceira (Fig. 11.3)

(A) - Marca-se um ponto qualquer (OT) que será o centro do rolo superior em
repouso.

(B) - Traça-se uma linha vertical (V1) e uma horizontal (H1) passando pelo
ponto OT.

(C) - Abaixo da linha horizontal H1 traça-se uma outra linha horizontal (H2)
paralela à primeira e distanciada de H. Esta distância H refere-se à
diferença de nível entre o centro do rolo superior e inferiores sem calço e
sem desgaste (condição de projeto do terno); depende da bitola da
moenda e do fabricante.

(D) - Se o castelo for inclinado a 15°, traçar uma linha com esta inclinação
passando pelo ponto OT. Se o castelo for reto, esta linha será vertical.

(E) - A partir do ponto OT distanciado da medida de oscilação, marcar o


ponto OT' sobre a linha de inclinação do castelo. Este ponto é o centro do
rolo superior em trabalho. Os valores da oscilação dependem do
posicionamento e da bitola dos ternos.

(F) - Com os valores da triangulação já calculados, medidas C1, C2, C3 e C4


obtém-se os pontos OE, OS e OP, centros, respectivamente, dos rolos de
entrada, saída e pressão, com a ajuda de um cintel.

(G) - Obtido os centros dos rolos, traça-se os diâmetros interno, primitivo e


externo dos 4 rolos.

(H) - Posicionar o ponto P de modo que OP = (1/3) DEP

(I) - Ligar o ponto P ao ponto OT

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(J) - Marcar sobre a linha P OT , a partir do diâmetro primitivo do rolo


superior X1 = 2 E', obtendo-se P1

(K) - Medir a distância do ponto P1 à linha V1 (medida Y)

(L) - O ponto P2 é obtido dando se uma queda de 6 % em relação ao ponto P1,


ou seja: X2= X1 + 0,06 Y

(M) - O ponto P3 também é obtido dando-se uma queda de 6% em relação ao


ponto P2. O ponto P3 é o final da bagaceira e é tangente ao diâmetro
externo do rolo de saída. X3= X2 + 0,06 Z

(N) - Traça-se um arco de circunferência que passa pelos pontos P1, P2 e P3.

(O) - Completa-se o perfil com centro do cintel em P e com abertura P P1 ,


traçando-se um arco até encontrar o diâmetro interno do rolo de entrada,
obtendo se o ponto Po.

(P) - Completa-se o perfil com o traçado dos frisos de entrada e saída da


bagaceira conforme os frisos dos rolos.

(Q) - Para se obter a abertura em repouso, basta traçar o diâmetro primitivo do


rolo superior com centro em OT e medir as aberturas diretamente com
escala a partir deste diâmetro.

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Figura. 11.3 - Traçado da bagaceira

Para a montagem dos ternos é feita uma Tabela de Regulagem (Tabela 11.3).
Esta tabela é utilizada pelos mecânicos das moendas para posicionar os rolos
e as bagaceiras nos castelos no início de cada safra. O preparo de moenda
correspondente ao exemplo indicado nesta tabela é para as seguintes
condições:

− Moenda 5 ternos 37"x78" (Moenda Dedini)


− Moagem 300 TCH
− Fibra da cana 12,5 %
− Rotação dos ternos 6,5 RPM

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12 Montagem de Moendas (Bagaceiras)

De nada adiantam todos esses cálculos e traçados, se a montagem dos rolos e


bagaceiras for feita inadequadamente, ou se as peças não estiverem de
acordo com o desenho.

Portanto, a primeira providência é fazer uma inspeção (controle de qualidade)


cuidadosa das bagaceiras, rolos e pentes junto ao fabricante. A inspeção deve
englobar tanto o dimensional quanto o material empregado na confecção das
peças. No tocante ao material, deve-se verificar a composição química, falhas
de fundição, trincas e propriedades mecânicas. Um defeito muito comum que
se tem observado na fabricação das bagaceiras é quanto ao erro de passo dos
frisos. Um desvio de passo além do especificado compromete a montagem, e
o desgaste dos frisos certamente será prematuro. O “Roteiro para inspeção em
bagaceiras”, da Copersucar, nº 74.048.30.07 é bastante abrangente para o
controle de fabricação das mesmas.

Também deve-se ter em mente que o bom desempenho das moendas


depende de uma boa montagem no começo da safra. Se a montagem for
inadequada, certamente a extração do conjunto ficará comprometida, além de
se correr o risco de desgaste excessivo dos equipamentos e até mesmo da
ocorrência de quebras mecânicas.

A seguir daremos um roteiro de montagem da moenda. Neste roteiro será


suposto que os castelos estão nivelados e alinhados e que os desgastes dos
mancais, munhão e guias estão dentro de uma tolerância aceitável. Caso este
requisito não for satisfeito, deve-se reformar ou mesmo substituir as peças
gastas.

A Copersucar tem também um “Procedimento para montagem de bagaceiras”,


nº 74.048.33.07, que fornece detalhes mais criteriosos para a montagem dos
eixos e da bagaceira.

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12.1 Roteiro para montagem da moenda

Materiais necessários:

Cintel Esquadro
Compasso de centro Aparelho de nível ou mangueira
Prumo de centro Tabela de regulagem
Trena Ferramentas (chaves, lixadeiras etc)
Escala metálica Paquímetro

(1) - Colocar os rolos inferiores nas respectivas posições, conforme o mapa de


posicionamento dos rolos fornecido com o projeto do preparo de moenda. Os
frisos dos rolos já devem estar previamente soldados (solda de base, picote,
travamento e chapisco).

(2) - Achar os centros dos rolos em ambos os lados do eixo (Fig.12.1),


com auxílio de compasso de centro. Normalmente os eixos dos rolos de
moenda possuem uma numeração preferencialmente feita com punção ou
outro meio qualquer, de modo que não possa ser removida facilmente. Os
rolos, na maioria dos casos, mudam de posição a cada safra e portanto, a
numeração dos eixos tem por finalidade facilitar o seu posicionamento,
identificação e também o controle do seu estado e da vida útil.

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Figura 12.1 - Determinação dos Centros dos Eixos

(B) - Coloca-se o cintel com sua roldana apoiada sobre o semi casquilho
inferior (telha) do eixo superior (Fig.12.2). A qualidade do cintel é muito
importante para se obter uma boa montagem. O tubo do cintel deve possuir um
comprimento aproximado dos eixos, atravessando os dois castelos. Seu
diâmetro deve ser igual ou superior a 2" para se ter uma boa resistência à
flexão. O tubo, as roldanas e o medidor do cintel devem ser usinados com a
menor folga possível para se obter uma boa precisão de medidas.

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Figura 12.2 - Determinação dos calços dos rolos

(C) - Olhando-se a tabela de regulagem (Tab. 11.3) no campo "Dimensões


para montagem" e no subcampo "calços" tem-se os calços dos rolos de
pressão (CP), entrada (CE) e saída (CS). Estes valores referem-se à moenda
cuja diferença de nível entre o rolo superior e inferiores, sem calço, seja
exatamente igual a medida H da tabela de regulagem (condição de projeto do
terno). Mas na prática esta medida H de tabela, nunca coincide com a real,
devido aos desgastes do munhão, do casquilho, do assento e do mancal
cantoneira. Somente nas moendas novas ou reformadas completamente

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poderá haver coincidência. Ainda encontramos neste campo, as alturas HE e


HS, diferenças de nível entre o rolo superior e o de entrada e entre o rolo
superior e o de saída, respectivamente. Portanto, CP e CE são apenas
orientativos, devendo-se calçar tanto quanto necessário para se obter as cotas
HE e HS.

(D) - Para determinação do calço real, colocam-se os rolos inferiores nos


castelos sem nenhum calço, nas suas respectivas posições (Fig.12.2).
Primeiramente, verifica-se o nivelamento do cintel. Com a mangueira de nível
ou preferencialmente com aparelho de nível, verifica-se o nível no centro do
tubo do cintel do lado do acionamento da moenda em relação ao lado oposto
(Fig.12.3). Este desnível não deverá ser, de uma maneira geral, superior a
2 mm. Caso seja maior, verificar a causa e corrigi-la. As causas mais comuns
são: desgaste do casquilho, do assento, desnivelamento dos castelos ou
mesmo cintel inadequado.

Figura 12.3 - Verificação do nivelamento do rolo superior

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Feito isto, mede-se a diferença de nível entre o cintel e os rolos inferiores (ver
Fig.12.4). Obtendo-se as medidas He e Hs, respectivamente dos rolos de
entrada e saída. Estas medidas deverão ser tomadas em ambos os lados do
terno.

Figura 12.4 - Desnível entre o rolo superior e inferiores

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O calço real então é calculado em ambos os lados do terno como se segue:

Calço do rolo de entrada (He - Hre)


Calço do rolo de saída (Hs - Hrs)

Tomemos o exemplo do 2º terno. Suponha que as cotas He e Hs medidas são:

Lado do Acionamento Lado Oposto

He 708 709

Hs 710 712

O calço real necessário será:

Lado do Acionamento Lado Oposto

Ce He - Hre = 708 - 695,5 = 12,5 He - Hre = 709 - 695,5 = 13,5

Cs Hs - Hrs = 710 - 686,0 = 24,0 Hs - Hrs = 712 - 686,0 = 26,0

Obs.: As medidas (He - Hre) e (Hs - Hrs) não reproduzem fielmente os calços
reais, uma vez que He e Hs são medidos na extremidade do eixo e não
na linha de centro dos mancais. Entretanto, como o desnível dos eixos é
pequeno, a diferença é desprezível. Se o desnível dos eixos inferiores
for muito grande, deve-se nivelá-los antes.

Se as cotas He e Hs medidas coincidirem com a medida H da tabela de


regulagem, evidentemente que neste caso todo o procedimento anterior é
desnecessário, basta colocar os calços constantes na tabela de regulagem.

(E) - Posiciona-se os rolos inferiores já com os calços calculados. Verifica-se


novamente por meio de aparelho de nível ou mangueira a diferença de nível
entre o cintel e os rolos inferiores para ver se coincide com as medidas Hre e

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Hrs. Se tudo estiver em ordem insere-se a bagaceira já com a balança entre os


rolos.

(F) - Acerta-se o carrinho por meio dos parafusos (1) e (2) (Fig.12.5),
movimentando-o no sentido longitudinal de modo que a linha de centro da
bagaceira esteja avançada de medida AV constante na tabela de regulagem
em relação à linha de centro do rolo superior. Para evitar este procedimento
em toda a safra costuma-se marcar em forma de uma linha vertical, o carrinho
e o banquinho nesta posição. Com este procedimento, torna-se mais prático
acertar o carrinho, pois quando as duas linhas coincidirem, ele estará na sua
posição correta (ver fig. 12.5).

(G) - Coloca-se o cintel com a medida AB2 da tabela de regulagem


posicionando-o na vertical e mantendo o conjunto bagaceira e balança
também na vertical. Com um paquímetro mede-se da ponta do cintel até a
parte superior da bagaceira, exatamente sobre a linha de centro do eixo
superior. Esta é a medida do calço necessário entre o carrinho e banquinho
(Fig.12.5).

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CURSO DE OPERAÇÃO DE MOENDAS

Figura. 12.5 - Posicionamento e determinação de calço do carrinho

(H) - Após calçar o carrinho com a medida do calço determinada no item


anterior, desce-se um prumo do centro do tubo do cintel em ambos os lados do
terno (Fig.12.6). Posiciona-se então o rolo de entrada a uma distância Re da
linha do prumo. Esta distância Re deve ser medida na horizontal do centro do
eixo até a linha do prumo, em ambos os lados do terno. Procede-se da mesma
maneira com o rolo de saída, mas com medida Rs. As medidas Re e Rs
encontram-se na tabela de regulagem (Tab. 11.3).

(I) - Em seguida, abre-se o cintel com a medida AE da tabela de regulagem e


verifica-se a abertura de entrada passando-se a ponta do cintel no fundo do

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CURSO DE OPERAÇÃO DE MOENDAS

friso do rolo de entrada. Deve-se pegar pelo menos dois frisos de cada lado do
rolo, devido a não uniformidade da profundidade dos frisos. Se todas as peças
estiverem com as dimensões conforme desenho, dentro da tolerância
aceitável, então a abertura deverá estar correta
Se ao passar o cintel e a abertura não estiver de acordo com a tabela, então
posiciona-se o rolo para que a abertura fique correta (Fig 12.6). Em seguida
mede-se a nova distância Re que será diferente da anterior. Esta nova
distância poderá diferir de um máximo de ± 5 mm da anterior. O importante é
deixar a nova medida Re igual em ambos os lados do terno para garantir o
paralelismo e um melhor assentamento entre o munhão e mancal. Repete-se
este procedimento para o rolo de saída, mas com as medidas As e Rs.

Figura 12.6 - Posicionamento dos rolos

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(J) - Prende-se o carrinho da balança e puxa-se o tirante externo (5) (Fig.12.7),


para assentar a bagaceira no rolo de entrada. Em seguida verifica-se
visualmente se a bagaceira encaixou satisfatoriamente nos frisos do rolo de
entrada. Uma fresta de 3 mm (Fig.12.8) entre o bico da bagaceira e o fundo do
friso é normal. Na maioria dos casos o encaixe é satisfatório. Às vezes, por
problemas de erro de usinagem do passo do friso do rolo ou da bagaceira, o
acasalamento é inadequado. Neste caso, se somente alguns frisos estiverem
interferindo, pode-se raspar levemente estes frisos com uma lixadeira para
melhorar o acasalamento.

Figura 12.7 - Encaixe da bagaceira.

(K) - Em seguida, verifica-se as aberturas AB1 e AB3, na entrada e saída da


bagaceira, respectivamente. Como normalmente o encaixe entre a bagaceira e

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o rolo de entrada não é perfeito, a tendência é que a medida AB1 real fique um
pouco menor que a da tabela e exatamente o oposto acontece com a medida
AB3. (Fig.12.8). É normal que a medida AB1 fique até 3 mm menor que o da
tabela. Esta diferença não é preocupante, uma vez que no ajuste da moenda
em movimento, o acasalamento se completará e as medidas AB1 e AB3
tenderão a se aproximar da tabela.

(L) - Por último, coloca-se o rolo de pressão. Posiciona-se o rolo com a


abertura AP da tabela de regulagem (Fig. 12.7). O calço do rolo de pressão
deve ser ajustado de modo que a distância entre o fundo do friso do rolo de
entrada e o externo do rolo de pressão fique com cerca de 15 mm. Finalmente
checa-se o paralelismo do rolo de pressão em relação ao cintel.

Figura 12.8 - Folga entre bagaceira e rolo de entrada.

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