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À luz do estabelecido no artigo 12 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema
de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), o Orçamento do Estado é o documento
no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar num
determinado exercício económico e tem por objecto a prossecução da política financeira do
Estado.
Os princípios e regras da preparação e execução do Orçamento estão vertidos no n.º 1 do
artigo 13 da lei acima citada.
O Orçamento do Estado para o ano de 2017 foi aprovado pela Lei n.º 10/2016, de 30 de
Dezembro.
Conforme o artigo 3 desta lei, as receitas a arrecadar foram estimadas em 186.333.499 mil
Meticais e as despesas fixadas em 272.288.715 mil Meticais, prevendo-se um défice
orçamental de 85.955.216 mil Meticais.
O artigo 6 da mesma lei fixa em 2,75% a percentagem das receitas geradas pela extracção
mineira e petrolífera que devem ser destinadas a programas que visam o desenvolvimento
das comunidades das áreas onde se localizam os projectos, ao abrigo do estabelecido no
artigo 20 da Lei n.º 20/2014 (Lei de Minas) e no artigo 48 da Lei n.º 21/2014 (Lei dos
Petróleos), ambas de 18 de Agosto.
A permissão para proceder a transferências de dotações orçamentais entre os diversos órgãos
e instituições do Estado, bem como para a movimentação de verbas entre as Prioridades e
Pilares do Plano Económico e Social, foi concedida ao Executivo pelo artigo 7 da Lei do
Orçamento que temos vindo a citar.
No tocante a esta matéria o artigo 34 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, estabelece,
subsidiariamente, o regime das alterações dos limites fixados, reforços, redistribuições e
transferência de verbas no Orçamento do Estado.
Determina, ainda, o artigo 9 do Título III do Manual de Administração Financeira e
Procedimentos Contabilísticos (MAF), aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 181/2013, de
14 de Outubro, do Ministro das Finanças, que as alterações orçamentais são efectuadas de
acordo com as delegações de competências estabelecidas no Decreto n.º 1/2017, de 25 de
Janeiro, o qual atribui competências aos órgãos e instituições do Estado para procederem a
alterações orçamentais, no âmbito da Administração do Orçamento do Estado para 2017.
Pelo artigo 8 da Lei Orçamental atrás referida, a Assembleia da República autoriza o
Governo a contrair empréstimos internos e externos e a concedê-los, por via de acordos de
retrocessão, respeitando as condições previstas naquele dispositivo.
Na emissão de garantias e avales o Governo não deverá exceder o montante máximo de
40.600.000 mil Meticais, fixado no artigo 10 da lei supra mencionada.
De acordo com os artigos 11 e 12 da lei em referência, foram dotados para as Autarquias os
montantes globais de 2.357.750 mil Meticais e 1.306.656 mil Meticais, de Transferências
Correntes e de Capital, respectivamente.
As circulares n.º 01/GAB-MEF/2017, de 1 de Fevereiro e 09/GAB-MEF/2017, de 18 de
Outubro, ambas do Ministro da Economia e Finanças, referentes à Administração e
Execução do Orçamento e ao Encerramento do exercício económico, respectivamente, são
outros dos comandos normativos que ditaram as regras e os princípios da elaboração e
execução do Orçamento do Estado de 2017.
Âmbito
Peso
Prioridades e Pilares Total
(%)
Central Provincial Distrital Autárquico
Prioridades
Consolidar a Unidade Nacional, Paz e
I 17.014.724 316.308 - - 17.331.032 6,4
Soberania
Mostra-se, no quadro supra, que a Lei Orçamental fixou o limite de 272.288.715 mil
Meticais para a realização de despesas.
Os recursos previstos resultam da contribuição de 67,3% de Receitas Correntes e de 32,7%
de Receitas de Capital. Nas Receitas Correntes, as Tributárias comparticipam com 62,2% e
são o grupo de receitas mais expressivas no Orçamento do Estado.
Os Empréstimos Externos, no grupo das Receitas de Capital constituem a segunda maior
fonte de financiamento do Orçamento, com 18,7% do volume dos recursos estimados,
seguidos dos Empréstimos Internos, com 7,8%, e Donativos Externos, com 5,2%. Estas três
rubricas concorrem, em conjunto, para o financiamento do Défice Orçamental previsto de
85.955.216 mil Meticais.
50,0
40,0
30,0 26,4
20,0
10,0 5,2
2,8 1,7 1,2
0,1 0,3
0,0
Receitas Contribuições Receitas Venda de Bens Outras Receitas Empréstimos Alienação do Donativos
Tributárias Sociais Patrimoniais e Serviços Correntes Património do Externos
Estado
Bens e Serviços
25,0 Financiamento
Externo
Encargos da Dívida
20,0 19,2
Transf. Correntes
Mil Meticais
15,0
13,0 Bens de Capital
5,0
0,1
0,0
Despesas de Funcionamento Despesas de Investimento
(156.449.893 mil Meticais) (80.381.222 mil Meticais)
Prioridades
I Consolidar a Unidade Nacional, Paz e Soberania 17.331 8.118 25.449 46,8 9,3
Pilares
Consolidar o Estado de Direito, Boa Governação e
I 28.800 8.283 37.084 28,8 13,6
Descentralização
Promover um Ambiente Macroeconómico
II 75.747 6.482 82.228 8,6 30,2
Equilibrado e Sustentável
III Reforçar a Cooperação Internacional 2.128 169 2.297 8,0 0,8
Total 272.289 0,0 272.289 0,0 100
Fonte: Mapa D da Lei n.º 10/2016, de 30 de Dezembro e Tabela 25 da CGE de 2017
Sobre estas alterações, o Governo não apresenta, na Conta, a fundamentação, como lhe
competia, ao abrigo do disposto no artigo 7 da Lei Orçamental, pelo qual é-lhe concedida a
autorização para proceder à movimentação de verbas entre as Prioridades e Pilares do Plano
Económico e Social. Outrossim, tanto os limites como as alterações orçamentais são
registados no e-SISTAFE e na CGE, segundo a Classificação Económica da Despesa, o que
não permite a verificação de alterações por prioridades e pilares do PQG.
Em sede do contraditório, o Governo afirmou que “…ainda não existe um relatório
específico configurado no e-SISTAFE que espelhe tal alteração, estando em curso a
mobilização de recursos para o desenvolvimento da funcionalidade que permita agrupar
as alterações orçamentais por Prioridade/Pilar”.
Assim, o pronunciamento do Governo não procede, uma vez que embora não tenham sido
ainda criadas as condições para que o e-SISTAFE espelhe tais alterações, aquele deveria
facultar, na CGE ou em sede das auditorias, informações e/ou documentos que permitissem
a apreciação dos fundamentos da movimentação de verbas por prioridades e pilares do
PQG.
O n.º 1 do artigo 523.º do Código do Processo Civil determina que “os documentos
destinados a fazer prova dos fundamentos da acção ou de defesa devem ser apresentados
com o articulado em que se aleguem os factos correspondentes”, cabendo ao Governo, nos
termos do artigo 342.º do Código Civil, o ônus da prova do que afirma.
O Quadro n.º III.6, adiante, ilustra a evolução das previsões da receita, ao longo do período
de 2013 a 2017, por classificação económica e face ao PIB.
Verifica-se, nele, que em termos nominais, as Receitas do Estado previstas têm vindo a
crescer, tendo partido de 120.492 milhões de Meticais em 2013, para 186.333 milhões de
Meticais em 2017.
Nos anos de 2015 e 2016, o crescimento da Receita situou-se em 5,0% e 3,0%,
respectivamente, no entanto, as mais baixas do período.
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
2013 2014 2015 2016 2017
Face ao PIB, a receita estimada evoluiu de 25,6% para 29,1%, nos dois primeiros anos do
quinquénio, tendo reduzido ligeiramente para 27,2%, em 2015, 24,0%, em 2016 e 23,0%
no último ano.
A evolução das dotações finais da Despesa nos anos de 2013 a 2017 é ilustrada no Quadro
n.º III.7 e no Gráfico n.º III.4, adiante.
No período, a despesa apresentou uma variação de 13,0%. O ano de 2014 foi o que registou
o crescimento mais significativo, de 26,8%. De 2014 em diante, as dotações tendem a
diminuir, como consequência da contenção da despesa pública, sendo que o ano de 2015, a
redução foi 19,2%, a maior do quinquénio.
No exercício de 2017, o crescimento da despesa foi de 1,9%, comparativamente ao ano
anterior.
Quanto ao peso em relação à Despesa Total, as dotações das Despesas de Funcionamento
representaram 70,3%, contra 29,7%, do Investimento.
Quadro n.º III.7 - Evolução das Dotações Finais da Despesa no Quinquénio
(Em milhões de Meticais)
2013 2014 Var. 2015 2016 2017 Var.
Var. (%) Var. (%) Var. (%)
Componente (%) (%)
15/14 16/15 17/16
Valor Peso (%) Valor Peso (%) 14/13 Valor Peso (%) Valor Peso (%) Valor Peso (%) 17/13
Funcionamento 115.373 58,8 144.554 58,0 25,3 118.092 58,7 -18,3 142.295 65,2 20,5 156.449 70,3 9,9 35,6
Investimento 80.999 41,2 104.540 42,0 29,1 83.180 41,3 -20,4 76.014 34,8 -8,6 65.982 29,7 -13,2 -18,5
*Total 196.372 100,0 249.094 100,0 26,8 201.271 100,0 -19,2 218.309 100,0 8,5 222.431 100,0 1,9 13
300.000
250.000
(Milhões de Meticais)
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2013 2014 2015 2016 2017
Anos
Funcionamento Investimento Total
Tendo em conta o efeito da inflação acumulada no período (46,4%1), há uma redução real de
-7,4%2, nas dotações das Despesas de Funcionamento.
14 - Transferências Correntes 16.046 18.579 15,8 19.920 7,2 21.522 8,0 20.721 -3,7 29,1
15 - Subsídios 3.371 2.671 -21 2.213 -17,1 2.011 -9,1 2.697 34,1 -20,0
16 - Exercícios Findos 331 334 - 163 0 91 0,0 490 438,9 -
17 - Demais Despesas
Correntes 4.155 5.922 43 782 -86,8 365 -53,3 733 101,0 -82,3
2 - Despesas de Capital 15.157 23.742 56,6 25.563 7,7 29.789 16,5 50.082 68,1 230,4
21 - Bens de Capital 660 395 -40,2 410 3,8 467 13,9 225 -51,7 -65,8
22 - Operações Financeiras 14.497 23.347 61,0 25.153 7,7 29.322 16,6 49.857 70,0 243,9
Activas 10.655 17.768 66,8 10.306 -42,0 13.490 30,9 27.146 101,2 154,8
Passivas 3.842 5.579 45,2 14.847 166,1 15.832 6,6 22.711 43,4 491,1
Total do Funcionamento 115.371 144.555 25,3 143.245 -0,9 172.734 20,6 206.306 19,4 78,8
Fonte: Tabela 22 e Mapa III da CGE (2013-2017).
1
Taxa média de inflação acumulada entre 2014 a 2017: [(1,0256*1,0350*1,1985*1,151) - 1] * 100 = 46,4%.
2
Taxa de crescimento real da previsão das Despesas de Funcionamento no quinquénio: (1,356/1,4643) - 1= - 0,0739 * 100 = -7,4%.
3
Classificador Económico de Despesas, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 221/2013, de 12 de Junho.
As dotações finais das Despesas de Encargos da Dívida, Despesas com o Pessoal e de Bens e
Serviços cresceram às taxas de 13,7%, 10,4% e 9,4%, respectivamente, contra a retracção de
3,7% das dotações de Transferências Correntes.
Interna 35.627 44,0 46.260 29,8 44,3 44.881 -3,0 54,0 28.870 -35,7 38,0 28.033 -2,9 42,5 -21,3
Externa 45.373 56,0 58.280 28,4 55,7 38.298 -34,3 46,0 47.144 23,1 62,0 37.949 -19,5 57,5 -16,4
Total 81.000 100,0 104.540 29,1 100,0 83.179 -20,4 100,0 76.014 -8,6 100,0 65.982 -13,2 100,0 -18,5
Fonte: Mapa IV da CGE (2013-2017).
A diminuição de 18,5%, no período mencionado foi resultante da redução nas duas fontes de
financiamento, sendo de 21,3%, no interno e 16,4%, no externo. Este último, exceptuando o
ano de 2016, tem vindo a regredir, sucessivamente, ao longo do quinquénio em referência.
O total de recursos previstos para o financiamento do investimento é maioritariamente de
origem externa, com pesos de 56,0%, em 2013, de 55,7%, em 2014, de 62,0%, em 2016 e
57,5%, em 2017, contra 44,0%, 44,3%, 38,0% e 42,5%, nos anos de 2013, 2014, 2016 e
2017, do financiamento interno, respectivamente.
No ano de 2015, o financiamento interno registou o peso de 54,0% contra o externo, 46,0%,
relativamente à dotação das Despesas de Investimento.
No que concerne aos projectos de investimento, o Governo previu o “Adiamento de
Projectos de Apoio Institucional Administrativo, reabilitação e construção de edifícios
públicos e de novos projectos de investimento ainda não iniciados em 2016”, como
medidas de racionalização da despesa pública no exercício económico de 2017, conforme
se pode ler na alínea (v) do ponto 58 do Relatório do Governo sobre os Resultados da
Execução Orçamental da CGE de 2017.
No entanto, foram registados, na CGE, diversos projectos de investimento, alguns dos
quais se indicam no Quadro n.º III.10, a seguir, no montante total de 216.563 milhões de
Meticais.
1 605MDI4802MDI20170002 Construção de refeitório com capacidade para 1200 pessoas na EPM 6.835
Construção do posto policial do Zimpeto no Distrito Municipal
2 605MDI4802MDI20170004 Kamubukwane - Ministério de Interior 6.899
Reabilitação do sistema de abastecimento de água, iluminação e
3 604MDJ4702MDI20170002 residência, creche do estabelecimento 3.200
4 601MAE4403MEC20170002 Reabilitação do ex. Ministério da Cultura - Instituto Médio de Ciências Documentais 8.000
5 601MAE4401MCT20170001 - Comando Provincial da PRM de Inhambane 4.500
Total dos Sectores Económicos e Sociais 126.673 50,9 130.030 47,8 2,6
Restantes Sectores 76.444 30,7 74.048 27,2 -3,1
Despesa Total (sem Encargos e Operações
203.117 81,7 204.078 74,9 0,5
Financeiras)
Encargos da Dívida 16.309 6,6 18.354 6,7 12,5
Operações Financeiras 29.322 11,8 49.857 18,3 70,0
Total da Despesa 248.748 100 272.289 100 9,5
Fonte: Tabela 26 e Mapa I-1-2 da CGE-2017.
4 N.º 2 da Resolução n.º 12/2015, de 14 de Abril, que aprova o Programa Quinquenal do Governo (PQG-2015-2019)
No que toca ao peso, em relação à Despesa Total, o sector da Educação representou 19,9%, a
Saúde, 9,1%, as Infra-estruturas, 8,3%, os mais elevados do exercício de 2017, conforme se
detalha no Gráfico III.5, a seguir.
Gráfico n.º III.5 – Repartição Percentual da Dotação da Despesa por Sectores
O perações
Financeiras; 18,3% Educação; 19,9%
Saúde; 9,1%
Encargos da Dívida;
6,7%
HIV-Sida; 0,0%
Infraestruturas; 8,3%
Re stantes Sectores;
Agricultura e
27,2%
De senvolvimento
Rural; 5,3%
O utros Sectores;Sistema Judicial;
3,2% 1,8%
Ao sector Judicial, tal como no ano anterior, foi destinado 1,8% da Despesa Total do
exercício. Aos Outros Sectores Prioritários couberam 3,2%. Dentro destes, ao de Trabalho
e Emprego atribuiu-se 0,3% e ao dos Transportes e Comunicações foi dotado 0,7%, da
Despesa de 2017.
No exercício em apreço, os Restantes Sectores obtiveram 27,2% da Despesa Total.
O Quadro n.º III.12 e o Gráfico n.º III.6, ambos, adiante, mostram a distribuição territorial
das dotações da Despesa no exercício de 2017.
160.000
140.000
(MILHÕES DE METICAIS)
120.000
100.000
80.000
60.000
46.545
40.000 36.218
20.000
3.665
-
Central Provin cial Dis trital Autárquico
Despesas do Estado 196.372 249.094 26,8 226.425 -9,1 248.748 9,9 272.289 9,5 39
Dé fice O rçame ntal 75.880 96.019 26,5 65.718 -31,6 83.207 26,6 85.955 3,3 13,3
20,0 18,2
18,0
16,1
16,0
14,0
12,0 11,1 12,1
10,0 10,6
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
2013 2014 2015 2016 2017
Anos
Sem
Distribuição Territorial Dotação Final Amostra % %
Comprovativos
5
Taxa média de inflação acumulada entre 2014 a 2017: [(1,0256*1,0350*1,1985*1,151) - 1] * 100 = 46,4%.
6
Taxa de crescimento real do Défice Orçamental no quinquénio: (1,133/ 1,4643) - 1= 1,2384 * 100 = -22,6%.
3.10.1 - Constatações
10 Instituto de Gestão das Participações do Estado 14.950,0 5.678,5 -9.271,5 0,0 -9.271,5