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Machel Isac
Resumo
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Estudante da Universidade Rovuma Extinção de Cabo Delgado, Curso de Psicologia Educacional 4o Ano. Contacto:
849013918/862963173 email: joaopedrowing@gmail.com
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Mestre em Educação/Psicologia Educacional, Investigador de NEPE e Docente na UP-Montepuez, email:
machuwabo@gmail.com. contacto: 861778102 e 825771970
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Machel Isac
Introdução
Nos dias de hoje, é comum observar nas diversas instituições de ensino seja públicas
assim como privadas, o uso exclusivo de uma das modalidades de avaliação pedagógica para
saber o nível de percepção do aluno duma forma quantitativa, sem ter em conta as qualidades e as
particularidades individuais, pois nas salas de aulas apresentam as diversidades: uns se dão bem
nas avaliações escritas e os outros se dão bem nas orais, isto é, os outros conseguem falar na sala
de aulas e fazem contribuições mas se dão mal nas avaliações escritas e por outro lado não
contribuem nas aulas mas se dão bem nas avaliações escritas. Na escola em destaque, é comum
verificar que os professores utilizam a avaliação pedagégica para verificar o desempenho do
aluno de forma quantitativa, isto é, a avaliação sumativa.
Objectivos do trabalho
O presente artigo aborda sobre percepção dos professores em relação Avaliação Pedagógica, um
estudo feito na Escola Secundária de Luanda, vila de Muidumbe. Este artigo tem como objectivo
geral analisar as percepções dos professores em relação avaliação no PEA e os especificoes
identificar o tipo e as estratégias de avaliação usadas pelos professores e por último descrever as
implicações do uso exclusivo da uma modalidade de avaliação, na Escola Secundária de Luanda.
Base teórico-conceitual
Desde que surgiu a avaliação das aprendizagens de uma forma estruturada, na segunda
metade do século XVIII, resultante do alargamento da educação escolar a todas as classes sociais,
fruto das necessidades decorrentes da industrialização até à década de 60 do século XX,
predominou um paradigma avaliativo centrado na medição de resultados de aprendizagem.
Tratava-se de uma avaliação que se caracterizava pela medição, o mais objectiva possível, dos
resultados de aprendizagem dos alunos, através de exames escritos atribuídos no final do
processo de ensino e de aprendizagem, que eram corrigidos e classificados em função de critérios
normativos. (Afonso, 2007; Lopes, 2015). Nessa fase, Moçambique estávamos no início da luta
de libertação nacional, tudo estava difícil, muitos alunos nessa altura, abandonavam os seus
estudos porque a guerra dava medo. Alguns anos depois, se ambientaram e deram a continuidade
dos estudos onde, o processo educativo e avaliativo nessa altura, obrigava os alunos terem a
capacidade de decorar as matérias.
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Critérios estes que, constituindo o referente da avaliação (Figari, 1996 apud Lopes, 2015)
e, por isso, constituindo modelos de respostas, serviam para a sua comparação com as respostas
de cada aluno e as dos vários alunos entre si, no sentido da sua hierarquização numa escala de
classificação formalmente adoptada, em função do cumprimento dos referidos critérios. Tratava-
se de uma avaliação com uma função exclusivamente sumativa, que, sendo realizada no final do
processo de ensino e de aprendizagem, visava produzir um juízo final global de um processo que
terminou e sobre o qual se emite uma valoração final (Gimeno Sacristán, 1993 apud Lopes,
2015). Este juízo de valor, que se exprimia pelas notas atribuídas aos alunos, conduzia a decisões
de aprovação ou de reprovação, certificando, perante a sociedade e o mercado de trabalho, as
aprendizagens realizadas pelos alunos.
Por ter sido muito grande o período em que a avaliação das aprendizagens foi
exclusivamente de natureza sumativa, Pacheco (2009, p.129) afirma mesmo que “o significado
mais usual de avaliação é dar notas, atribuir uma classificação, integrada numa escala,
equivalendo a uma medida.” Significado de avaliação este que nos últimos anos tem vindo a
ganhar nova ênfase, devido à influência das políticas neoliberais na educação e na avaliação.
Influência esta que se tem repercutido na exigência de avaliações por medida, com a
hierarquização e a selecção, numa lógica de responsabilização dos professores e das escolas pela
pretensa qualidade educativa proporcionada visível, nomeadamente, pelo estabelecimento de
rankings. (Ferreira, 2007; Pacheco, 2009).
No entanto, esta responsabilização pela qualidade educativa vem impor, por sua vez, a
necessidade de se avaliar o processo de ensino e de aprendizagem, para que os resultados sejam
os melhores possíveis, impondo-se a comparação e a competitividade. As preocupações com a
avaliação do processo de aprendizagem dos alunos, comparativamente às de medição de
resultados de aprendizagem, são muito recentes.
Souza (2017) afirma que a Avaliação Sumativa, com função classificatória, realiza-se ao
final de um curso, período lectivo ou unidade de ensino. Essa modalidade cumpre um papel mais
normativo, na escola, no sentido de informar se o aluno está apto ou não a cursar a série seguinte
ou outro grau de ensino.
Andrade (1998); Souza (2017), versam que a avaliação sumativa deve ser uma
consequência lógica da avaliação formativa e, portanto, não deve ser descontextualizada das
actividades avaliativas realizadas pelo aluno durante o processo de aprendizagem.
Quando falamos em avaliação estamos a referir-nos a uma das tarefas mais complexas
com que o professor se depara no exercício das suas funções. Tentar definir avaliação, ou como
se avaliam as aprendizagens, conduz-nos a uma diversidade de conceitos que torna difícil a sua
definição.
Na mesma obra de Fernandes (2008), dá-nos uma definição prática e ao mesmo tempo
abrangente do conceito de avaliação das aprendizagens, na qual sobressai o seu carácter
indefinido e amplo:
A avaliação das aprendizagens pode ser entendida como todo e qualquer processo
deliberado e sistemático de recolha de informação, mais ou menos participado e iterativo,
mais ou menos negociado, mais ou menos contextualizado, acerca do que os alunos são
capazes de fazer numa diversidade de situações (p.16).
Metodologia da Pesquisa
Participantes
Instrumentos
Procedimentos
Após a autorização para coleta de dados nesta escola, o Director da escola escreveu um
documento e deixou na sala dos professores, contendo o agendamento de data e horário para a
realização das entrevistas, na oportunidade foi realizada uma explanação dos objectivos do estudo
e as informações obtidas através das entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para
análise.
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Resultados
A primeira questão a se colocar dirigida aos professores, tinha como objectivo verificar
o nível de percepção acerca de avaliação que pretendia saber como vê a avaliação?
Primeiro professor respondeu que “Avaliação vejo como processo sistémico planificado de
recolha de informações que implica juízo de valor com vista a tomada de decisão, tendo a
função de conferir a competência do aluno”.
O segundo entrevistado respondeu que “Avaliação vejo como um instrumento fundamental para
diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno si percebe a matéria esta a ser
acatada”.
O terceiro entrevistado respondeu que “Avaliação vejo como um momento em que o docente
certifica aos alunos se realmente os objectivos formam alcançados ou não (objectivos por ele
traçados) ”.
A quarta entrevistada respondeu que “ao meu ponto de vista, a avaliação deve ser um processo
que devemos usar ao longo das aulas de modo a diagnosticar o nível actual e desempenho do
aluno”.
O quinto entrevistado respondeu que “avaliação é a componente essencial presente em todos
momentos do processo de ensino e aprendizagem em que permite obter informações sobre o
desempenho do professor e aluno”.
A sexta e a sétima responderam da mesma maneira que “avaliação é a forma de percepção do
nível dos conteúdos leccionados”.
O oitavo entrevistado respondeu que “avaliação é um processo que visa desenvolver
capacidades e habilidades de percepção do nível dos conteúdos leccionados”.
Nessa tabela, podemos notar que os professores dessa escola, percebem a avaliação como
instrumento que permite fazer o balanço daquilo que se deu, como se deu e o que resultou.
Hoje, compreende-se que a avaliação é um processo constante que faz parte da didáctica
diária do trabalho docente.
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Segundo o pensamento de Luckesi (1995), a avaliação não é um fim, mas um meio, que
permite verificar até que ponto os objetivos estão sendo alcançados, identificando os alunos que
necessitam de atenção individual e reformular o trabalho com a adoção de procedimentos que
possibilitam somar as deficiências identificadas.
Todos os professores entrevistados responderam que “sim conhecem que são: avaliação
diagnostica formativa e sumativa”.
Quem conhece mostra e faz. Todos os nossos professores entrevistados estão cientes e
conhecem os tipos de avaliação sem dúvida, conforme a tabela acima.
O primeiro e o oitavo responderam que “No mínimo são três por trimestre que são: ACS e ACP”
E os outros responderam que “avaliação diagnostica formativa e sumativa”.
O comportamento desta tabela, nos empurra a afirmar que, em cada semestre dão
avaliação diagnostica, formativa e sumativa tendo em conta os objectivos traçados.
A quarta questão tinha como objectivo perceber si ajudar o aluno durante o semestre é
necessário, tendo em conta suas habilidades e capacidades?
Para esta questão o primeiro entrevistado respondeu que: “na minha opinião isso depende de
cada um na minha parte não é necessariamente ajudar os alunos pois quanto mais ajudamos
criamos preguiça nas leituras na realização dos trabalhos enfim”.
Para o segundo e a quarta tivemos a seguinte resposta: “depende na minha parte é necessário
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Ajudar o aluno é muito bom, valorizar o esforço do aluno é importante, pois quando isso
acontece o aluno fica motivado. O aluno deve ser estimulado a aprender a desenvolver suas
potencialidades nas variadas áreas do conhecimento, tornando-se um cidadão pleno e consciente
de seu papel na sociedade, com uma visão de mundo mais ampla.
A quinta questão pretendia saber: Na qualidade do professor, quais são os problemas que
enfrenta aos alunos que tiram negativas e não são ajudados?
O primeiro respondeu que “Cria a desmotivação nos alunos, preguiça nas leituras, não
contribuem e ficam sem a forca de contribuir a aula”.
O outro disse que “falta de interesse nas aulas, preguiça nas leituras, perde a vontade e a forca
de contribuir na sala de aulas”.
O terceiro e a sétima disseram que “o aluno ti odeia e fica sem vontade de fazer alguma coisa na
sua disciplina”.
A quarta e o quinto disseram que “ cria desmotivação, preguiça nas leituras, falta de
contribuição, fala mal si, ti odeia e passa a não gostar de vez”.
A sexta e o oitavo disseram que “o aluno perda da forca e vontade de leitura e contribuição nas
aulas”.
Observando nessa tabela, prima nos uma premissa de que todos aqueles que fazem algo
precisam de uma recompensa para equacionar o esforço. Um aluno que se dedica precisa de uma
ajuda, independentemente da sua situação pedagógica, desde que se esforce, pois tem alguns
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alunos que não conseguem ter notas nas avaliações escritas mas conseguem na oral, e os outros é
o inverso.
Um processo avaliativo que presa pela construção do saber via tentativa, erro e acerto,
considerando cada um como parte integrante da aprendizagem tona-se um processo democrático
e dialógico, voltado cada vez mais para o aluno e menos para burocracia (Romão, 2011).
O primeiro e segundo responderam que “as metodologias usadas para avaliar são as seguintes:
avaliação escrita, chamada por valor e avaliação parcial”.
O terceiro disse que usa “questões discursivas/abertas porque com perguntas abertas exijo aos
alunos decidir a matéria dada”.
A quarta, o quinto, a sexta e o oitavo responderam que as metodologias usadas para avaliar são:
“Avaliação de cadernos, seminários e avaliações escritas”.
Para que a avaliação seja vista como elemento coesivo entre a prática de ensino e o
processo de aprendizagem, Romão (2011) esclarece que com inúmeros instrumentos como, por
exemplo, trabalhos em grupo ou individual, testes, provas, memoriais, portfólio, questionários,
relatórios, quiz, seminários, entre outros, porém nenhum dos instrumentos citados acima devem
ser usados apenas na perspectiva de atribuição de notas como requisito para aprovação ou
reprovação do alunado, pois deve-se considerar a autoavaliação do estudante e do próprio
professor como parte integrante do processo.
A sétima questão pretendia saber o tipo de avaliação mais benéfica para alcançar os
objectivos no PEA.
Observa-se nessa tabela, que os professores na sua maioria usam mais a avaliação
sumativa para alcançar os seus objectivos, pois nos seus discursos, afirmaram e deram mais
privilegia e importância da avaliação formativa e sumativa.
Na verdade, os nossos entrevistados não deram mais ênfase a avaliação sumativa como
determinante da qualidade de aprendizagem. Na melhoria de qualidade do ensino e aprendizagem
a avaliação sumativa é muito preponderante pois através dela permite a selecção de alunos com
dificuldades de aprendizagem e dai seleccionar os melhores métodos que contextualizam o aluno
de modo a melhorar a aprendizagem.
Discussão e considerações
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Este artigo tinha como objectivo analisar as percepções dos professores em relação a
avaliação pedagógica na Escola Secundária de Luanda. Os resultados que tivemos monstram que
o uso exclusivo de uma das modalidades da avaliação em alguns docentes é para alcançar os seus
objectivos, pois nos seus discursos, afirmaram e deram mais privilegia e importância da avaliação
formativa e sumativa. E com isso emergem as implicações como a desmotivação, preguiça nas
leituras e falta de interesse nas aulas na parte dos seus alunos. Os professores dessa escola, usam
diversas metodologias e formas para avaliar os seus alunos como no caso de avaliação de
cadernos, seminários, trabalhos em grupo e individuais. Também os professores têm os
conhecimentos sobre a valiação, seus tipos, suas vantagens e desvantagens.
Mas porque alguns professores valorizam mais a avaliação sumativa? Esta pergunta foi
respondida por Freitas, Costa e Miranda (2014), ao afirmarem que a prova é usada como meio de
intimidação, instauraçào de medo, controle social, punitivo e disciplinador. Todas essas ideias
foram validadas durante as actividades de entrevista aos professores e de revisão das literaturas.
Segundo Libâneo (1994); Freitas, Costa e Miranda (2014), a prática da avaliação utilizada
nas escolas, em sua maioria, está reduzida a uma função de controlo mensurado num resultado
quantitativo obtido por meio de provas.
Freitas, Costa e Miranda (2014) consideram que o processo de avaliação pode fornecer
uma contribuição significativa à prática diagnóstica, formativa e sumativa no processo de ensino
e aprendizagem. Para tanto, é urgente que a avaliação passe a assumir o caráter transformador e
não de mera constatação e classificação de alunos nas escolas. Antes de tudo deve-se valorizar a
promoção da aprendizagem e o desenvolvimento de todos os alunos.
contribuir como o desenvolvimento do educando. A avaliação entre outros contribui para que
professor e aluno reflictam sobre os objectivos alcançados, enfatizando medidas a serem
adoptadas para a superação das dificuldades.
A avaliação como processo não se limita a aplicação de prova todo dia, mas sim
um acompanhamento contínuo do professor em relação ao rendimento, desenvolvimento e
apropriação do conhecimento do aluno, em uma ação conjunta no qual se mostram e
contribuem para o progresso na aprendizagem (Libâneo, 1994, p. 195).
Referência Bibliográfica
Freitas, S. L., Costa, M. G. N. & Miranda, F. A. (2014). Avaliação Educacional: formas de uso
na prática pedagógica. Meta: Avaliação | Rio de Janeiro, v. 6, n. 16, p. 85-98, jan./abr.
Romão, J. E. (2011). Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta. 12ª ed. São
Paulo: Instituto Paulo Freire, Cortez. (Guia da escola cidadã; v.5).