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A Vida secreta de Deus – Parte Final

Servir, Crescer, Amar e Conhecer

Vamos agora juntar tudo, fazer um resumo e dar uma olhada na pintura completa.

Pode o Deus perfeito se aperfeiçoar?


Sim e não.
Deus, o Absoluto Ser Perfeito, quando descrito pela nossa limitada perspectiva
humana, tem a possibilidade de manifestar dois tipos de perfeição: ser perfeito
(estático e imutável) e se tornar perfeito (dinâmico e em mudança constante).
Quando, por assim dizer, Deus escolheu livremente concretizar a possibilidade de
se tornar perfeito, tinha de haver uma imperfeição como fundação de um processo
dinâmico de crescimento e mudança rumo à perfeição.
Portanto, Deus criou o ser humano imperfeito neste mundo imperfeito e inspirou
nele uma centelha Divina — a alma.
Ou seja, Deus vive Sua vida secreta na Terra através de você e de mim porque
somos centelhas do Seu próprio Ser.
Será que Deus pode fracassar, sofrer, ficar triste, cometer erros, lutar contra o mal,
Se esforçar para Se aperfeiçoar, escolher o bem, superar desafios, crescer e
comemorar vitórias?
Sim.
Através de você e de mim.
Deus participa dos desafios da vida na Terra através de você e de mim.
Deus compartilha de nossas dores e lutas, de nossos altos e baixos, dos bons a dos
maus momentos, porque somos centelhas de Deus.
Não somos Deus, mas sim um aspecto de Deus.
E sempre devemos lembrar que, apesar de Deus Se manifestar dentro de nós, Ele
também está além de nós.
Quanto mais convidamos Deus a participar da nossa vida, por meio de reza e dos
mandamentos, mais sentimos que Ele vive Sua vida secreta através de nós.
Os mandamentos são instruções de Deus, mas mais do que isso, eles são uma
tarefa Divina.
São a declaração da missão a ser cumprida em nome de Deus por nós, seres
humanos, na Terra.
Quando você aceita a missão dos mandamentos, torna-se um agente de Deus na
Terra, assim como os anjos são Seus agentes no céu.
Somos qualificados para esta missão por sermos capazes de errar e lutar contra o
mal.
Estamos inundados de problemas e desafios, por dentro e por fora.
Somos perfeitos para esse trabalho porque somos tão imperfeitos!
Nossa missão é revelar a perfeição dinâmica do aperfeiçoamento, superar nossas
fraquezas, escolher o bem e crescer em nome de Deus.
Quando aceitamos nossa missão Divina, prestamos um serviço não somente a Deus
mas também a nós mesmos.
Quando cumprimos os mandamentos de Deus, resolvemos nossa crise existencial
de insegurança e sentimos o valor da nossa verdadeira essência.
Do contrário, nos sentimos como nada — inúteis e descartáveis.
A distinção entre Deus e nós, seres humanos, é que a existência de Deus é
absoluta e necessária, mas a existência humana é mera possibilidade.
Poderíamos dizer que Deus tem de ser, mas não tem de criar você e eu.
Nós não temos de ser.
Somos manifestações do livre-arbítrio de Deus.
E Deus, a qualquer momento, pode escolher não mais expressar a perfeição
dinâmica.
Esta ideia é a fundação do nosso grande dilema, da nossa crise existencial, da
nossa insistência em ter significado e ainda da nossa luta com o fato de sermos
descartáveis.
Somos paradoxalmente manifestações desnecessárias do necessário.
É por isso que há algo em nós que parece descartável e, ainda assim, há algo neste
sentimento que nos diz que somos absolutos e necessários.
E aqui se encontra a raiz do nosso dilema.
A liberdade nos dá prazer e dor.
Ela expressa quem somos — manifestações do livre-arbítrio de Deus.
Mas também nos lembra quem somos — mera possibilidade.
Os mandamentos resolvem nosso conflito entre o desejo de liberdade e o desejo de
sentir que nossas ações e nós mesmos somos necessários.
Quando escolhemos livremente fazer o que devemos e nos dedicamos a servir
Aquele que deve ser, revelamos e experimentamos a verdade sobre nós, a qual
intuímos o tempo todo — somos centelhas do Deus absoluto.
Então sentimos uma profunda sensação de segurança e paz.
Qual é a nossa verdadeira missão?
Até onde somos livres para determinar os acontecimentos e as conquistas da nossa
vida rumo ao aperfeiçoamento?
E em que medida Deus realmente governa o mundo?
O livre-arbítrio é a base da vida guiada pelos mandamentos.
A essência dos mandamentos é que você pode escolher obedecê-los ou
desobedecê-los e aproveitar as recompensas ou sofrer as consequências.
Sem o livre-arbítrio, não haveria mandamentos, responsabilidade por nossas ações,
lutas, missões ou significado na vida.
Se tudo fosse predeterminado, se tudo já fosse planejado por Deus, seríamos
apenas marionetes, e as consequências das nossas ações seriam arbitrárias.
Porém, há várias fontes da tradição judaica que apontam para uma quantidade
chocante de determinismo no mundo, o que sugeriria que não somos livres afinal.
Por isso, temos de perguntar: a história da vida é um monólogo, no qual Deus é
como um autor falando consigo mesmo em diferentes vozes através de seus
personagens, cujas vidas são totalmente predeterminadas?
Ou a história da vida é um diálogo, no qual interagimos com Deus e contribuímos
para a história por meio de nossas escolhas?
A resposta é sim e sim.
Livre-arbítrio e determinismo coexistem — a história da vida está além do "ou isso
ou aquilo".
Este é o mistério da história.
Os dois lados do paradoxo são verdadeiros.
A vida é um monólogo predeterminado e escrito por Deus.
Mas misteriosamente é também um diálogo escrito por Deus e por nós por meio
das escolhas que fazemos.
É algo além do "ou isso ou aquilo".
A escolha máxima, no entanto, é a escolha em si mesma e a consciência que ela
nos traz.
Cada cena da vida trata das nossas escolhas, da consciência que conquistamos, do
significado que atribuímos a cada situação, das lições que aprendemos, das
atitudes que adotamos e das qualidades (dignidade, bondade, justiça, honestidade,
compaixão, integridade e clemência) que incorporamos.
Ou seja, nossa verdadeira tarefa é mudarmos internamente e nos tornarmos um
reflexo vivo da imagem de Deus.
Nosso objetivo como seres humanos é, por assim dizer, ser um espelho de Deus.
Os mandamentos nos capacitam a realizar a imagem Divina que fomos criados para
ser, refletindo, assim, os atributos de Deus.
Quando conseguirmos isso, é como se ligássemos o circuito da reflexão e do
autoconhecimento da Sua unidade.
Este é o nosso papel no drama Divino.
Neste processo, a unidade se torna consciente.
Deus é um, mas Ele sabe que é um?
Deus sente a Sua unidade?
Deus tem a escolha de Se tornar um?
Obviamente, a resposta é: sim e não.
Nós existimos porque a resposta também é "sim" — e recebemos a missão de
reconhecer e revelar a unidade de Deus.
É isso que realmente significa servir a Deus — ser agente de Deus e trabalhar em
Seu nome para facilitar este processo Divino, por meio do qual o Um se torna
consciente através do livre-arbítrio.
Por isso, o significado das nossas escolhas não é medido pelo modo como
influenciamos o que acontece à nossa volta, mas pelo que acontece dentro de nós.
As nossas escolhas devem se concentrar em como podemos mudar a nós mesmos,
como nos tornar reflexos vivos de Deus e alcançar uma consciência mais elevada
da unidade Divina.
Qual o verdadeiro significado da unidade de Deus?
A unidade de Deus não é como a unidade do dicionário.
Não é como o número um.
A unidade de Deus não significa "um" em relação a dois ou três.
A unidade de Deus é não-dual.
Não é o oposto de muitos.
É uma unidade que inclui "um" e "muitos", em que o Um está dentro do muito e o
muito está incluído no Um.
A experiência que mais nos proporciona um gostinho da unidade de Deus é o amor.
No amor, dois podem ser um e, ainda assim, dois.
Deus é sempre um, e nós somos sempre um com Deus e uns com os outros.
O problema é que esta verdade está oculta pelos mundos de percepção.
Nós vivemos no mundo de percepção menos elevado, portanto, só vemos
fragmentação e multiplicidade.
Este mundo encoraja atitudes de egoísmo, enganação, ódio, competição e guerra.
Nosso trabalho e desafio é subir a escada da consciência, alcançar a consciência da
unidade de Deus e sentir amor.
Por que Deus escondeu a Sua unidade?
Para a unidade se tornar consciente, ela deve primeiro estar oculta.
Portanto, o propósito da ocultação da unidade é a sua revelação.
Deus ocultou a Sua unidade para que pudéssemos encontrá-la, percebê-la e sentir
o amor.
No entanto, como você e eu somos centelhas de Deus, então é como se Deus
estivesse Se escondendo de um aspecto de Si mesmo.
Portanto, nossa jornada em busca do Um é em nome do Um.
Nosso trabalho é servir a Deus em Seu processo de autorreflexão e conhecimento
da Sua unidade.
Quando cumprimos os mandamentos, estamos, por assim dizer, unindo a
manifestação do Divino dentro de nós à manifestação do Divino além de nós.
Somos como um interruptor que pode ou interromper ou conectar o circuito da
autorreflexão de Deus que revela Sua unidade misteriosa (que está além e também
dentro da diversidade).
Esta é a jornada da nossa vida.
Esta é a jornada na qual Deus nos mandou.
Esta é a nossa missão Divina — revelar o Um oculto e sentir o amor.
Na era da redenção, quando a nossa consciência evoluirá em direção à perspectiva
mais elevada, ao mundo mais elevado, perceberemos a unidade de Deus como ela
realmente é.
"Deus será um e Seu nome será um."
Nesta época vamos gargalhar ao compreender que toda ocultação e escuridão, na
verdade, nos permitia ver a luz e revelar a unidade de Deus.
Saberemos então que somente o amor é real.
Mas, é claro, amor não é destino. ,
Você pode sempre amar mais e mais.
O amor é uma jornada sem fim.
Esta história de amor nunca termina.

Em suma
Somos veículos para a manifestação e para a participação de Deus em um processo
de aperfeiçoamento.
Nós, seres humanos imperfeitos, estamos neste mundo imperfeito para cumprir
uma missão Divina.
A Torá e os mandamentos definem esta missão.
Sem uma missão Divina, ficamos inseguros e nos sentimos como nada.
Encontramos paz interior e segurança quando escolhemos fazer o que devemos
fazer para Aquele que deve ser, porque assim expressamos e sentimos quem
realmente somos: uma alma, uma centelha do Absoluto.
Por meio dos mandamentos, nos tornamos o reflexo vivo de Deus — um espelho
para Deus.
Nosso objetivo máximo e nossa Unica conquista verdadeira é servir a Deus em Seu
processo de autorreflexão e conhecimento de Sua unidade.
Então alcançaremos a alegre experiência do amor.
Somos agentes secretos na vida secreta de Deus.
Deus vive Sua vida secreta na Terra através de você e de mim — se O convidamos
a entrar.
Nossa missão é servir, crescer, amar e conhecer.
Esta é a expressão máxima de propósito, poder, paixão e prazer.

Por: David Aaron

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