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Cara a Cara
Todos os outros nomes de Hashem associados às outras sefirót são títulos: Mestre,
Maestro, Supervisor, Criador, Pai, Juiz.
Mas o nome pessoal, o que de fato evoca um encontro — não somente com a
presença, mas também com a essência — é Y/H/V/H.
Por isso essa lente é descrita como transparente.
Para realmente compreender tiféret, temos de entender a definição de "nome" e a
diferença entre um nome comum e um nome essencial.
Você já deve ter sentado ao lado de um estranho num avião.
Conversa vai, conversa vem, vocês falam sobre suas famílias, entre outras coisas.
Logo terão conversado por duas horas e você percebe que nem sabe o nome do seu
colega.
Um pouco envergonhado, você finalmente pergunta: "Qual é o seu nome?"
E ele pensa: "Devo dizer meu nome?"
O que há de tão importante em um nome?
Você já sabe que ele é diretor de uma empresa, artista, marido e filho, e que ele e
a esposa tiveram seis meses de terapia para casais, mas ele hesita em lhe dizer
seu nome.
Por que isso acontece?
Quando você dá seu nome a alguém, estabelece uma relação direta, essência com
essência, alma com alma.
Tudo o que revelou até o momento — que é artista, chefe, pai, marido, filho — são
títulos, e não seu nome.
Eles expressam relacionamentos formais, mas não uma conexão íntima e direta.
Cair na real
O atributo tiféret é melhor definido como a qualidade do que é real, do genuíno, do
essencial.
Por isso, a Cabala se refere a tiféret como "verdade".
Através da lente incolor de tiféret, vemos Hashem de verdade — verdade nua e
crua, cara a cara, autêntica, genuína.
Como acessamos esse nível de verdade?
Com a Torá.
O veículo que nos leva a ver o rosto de Hashem é aprender Torá com a alma.
Já que Hashem revelou a Torá no Monte Sinai de maneira direta, ela tem o poder
de acessar um pouco do encontro original.
A Cabala ensina que a Torá incorpora a luz do rosto de Hashem.
No entanto, se você quer se conectar a essa luz, tem de mergulhar no texto,
envolver-se.
Não pode apenas ler ou estudar como se fosse um livro qualquer.
Para ver um pouco do rosto de Hashem no texto é preciso "plugar-se" nele.
Geralmente, quando lemos ou estudamos um livro, o fazemos para adquirir sua
sabedoria.
Não nos preocupamos muito com o autor.
Por meio da contemplação da natureza e da história, vemos as costas de Hashem,
mas é pelo estudo da Torá que podemos ver um pouco da luz de Seu rosto.
A Torá apreende a experiência cara a cara que ocorreu no Sinai.
Se conseguimos nos conectar ao texto, podemos reviver o Sinai hoje e todo dia.
Com relação aos outros livros, a não ser que o autor me conte suas intenções, não
sei o que ele quis dizer.
O conteúdo está sujeito à minha interpretação.
Mas quando nos aprofundamos na Torá, o autor, Hashem, nos diz pessoalmente o
que Ele quis dizer.
Como?
De acordo com a Cabalá, você é uma alma; seu verdadeiro "eu" é uma faísca de
Hashem.
Por isso, quando o seu verdadeiro eu se aprofunda no estudo da Torá, é como dizer
que o autor continua a estudar seu próprio livro através do leitor, porque o leitor é,
de fato, uma parte do próprio autor.
Portanto, Hashem revela novos significados da Torá todo dia, quando você se
dedica ao texto.
Toda vez que abrir a Torá, você pode encontrar Hashem cara a cara.
E cada interpretação que lhe vem à mente é reveladora.
Claro que isso não significa que podemos dizer qualquer coisa e distorcer o texto.
É preciso adquirir as habilidades e as intenções necessárias para explorar o texto
adequadamente, com a alma, para que se possa abrir o canal a novas revelações.
Para adquirir essas habilidades, é preciso um professor.
A Torá incorpora verdade.
Por meio de seus ensinamentos e orientações, ela nos põe em contato com a
realidade, cara a cara com Hashem.
Quando abraçamos a Torá, abraçamos a verdade e a realidade, e nos conectamos
com Aquele que é real.
Minha excursão, por assim dizer, pelas sefirót se encerra no limiar de tiféret.
Você tem de seguir o resto do caminho sozinho.
Mesmo que eu fosse o melhor oftalmologista do mundo, não poderia lhe prescrever
a lente transparente de tiféret.
É você que tem de buscar esse encontro direto com Hashem.
Ninguém pode fazê-lo por você.
"E buscarás Y/H/V/H e O encontrarás."
Para entrar nos aposentos privados de Hashem, é preciso seguir viagem sozinho.
Se Yancale e Hinda decidirem se casar, a cidade inteira irá ao casamento e uma
multidão se formará em torno da chupá.
Mas quando a cerimônia terminar, o casal ainda não estará casado oficialmente.
A última etapa é que eles fiquem juntos por algum tempo num quarto fechado.
Então, após a cerimônia, a multidão de convidados acompanha o casal, em meio a
muita cantoria e dança, até a porta do quarto.
Apenas os noivos entram.
De fato, duas testemunhas têm de inspecionar o quarto para garantir ao casal que
não há mais ninguém ali.
Isolamento é um elemento crucial.
Os pais de Yancale, os pais de Hinda, a casamenteira e todos os demais envolvidos
em formar o casal têm de ficar do lado de fora.
O encontro verdadeiro ocorre quando o casal se isola completamente.
Você precisa acessar tiféret sozinho.
Não há mais muito o que dizer sobre tiféret.
Agora posso somente encorajá-lo a seguir em frente.
Fale com Hashern, aprenda Torá com a alma.
Escute.
Assista a um novo mundo repleto de milagres se abrindo diante de seus olhos.
Continua