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Este trabalho tem como objetivo tecer comentários sobre o filme “Revolução em

Dagenham” (2010), o relacionando com conteúdos apresentados na disciplina de


Processos e Fenômenos Psicológicos II.

O filme se passa no Reino Unido em um lugar chamado Dagenham e


apresenta um cenário de trabalho industrial da empresa Ford, onde trabalhavam 55
mil homens e apenas 178 mulheres. A narrativa apresenta o dia-a-dia das mulheres
trabalhando na fábrica, mas também apresenta seu trabalho em casa, cuidando de
seus filhos, marido e organizando seu lar.
As personagens se deparam com questões que até hoje em dia encontramos
em pauta, como o trabalho da mulher tanto em casa quanto fora de casa como algo
legítimo, o machismo nesse ambiente e o principal que é discutido ao longo do
filme: o salário desigual. O motivo que leva as mulheres a entrarem em greve é a
busca pela equiparação salarial, uma vez que elas ganham menos que os homens
mesmo possuindo um trabalho “semi-qualificado” e de extrema relevância, uma vez
que elas fazem os acabamentos da porta dos carros e assentos. Essa pauta é
importante e é abordada de maneira interessante ao mostrar que até então as
mulheres não tinham total consciência de que elas ganhavam menos só por serem
mulheres, por possuírem um valor "menor" para uma empresa, mas ao longo da
narrativa com as discussões feitas e o apoio do chefe, que foi essencial, elas
conseguiram ver esse ponto e isso foi imprescindível para que continuassem a lutar.
A figura do chefe, que aponta ter sido criado apenas por sua mãe que trabalhava
em uma fábrica também, mostra o quão importante é quando um homem não teve
uma criação machista e consegue entender que a luta das mulheres é algo legítimo
e é preciso apoio dos homens também, que se encontram em um lugar mais
privilegiado. Isso fez toda a diferença no filme, já que ele tinha acesso a pessoas
que poderiam fazer uma mudança significativa no quadro geral.
O termo “dupla jornada de trabalho” usado no texto “Operários = operárias”
(Kergoat) resume o que é a vida da Rita, que pŕecisa trabalhar na fábrica e ao
chegar em casa precisa cuidar dos filhos, da casa e do marido. Isso fica bem
evidente principalmente quando seu marido está “cuidando” da casa e a Rita está
saindo mais para eventos relacionados ao protesto e ele fala que sua última camisa
limpa acabou e ela diz que esqueceu de lavar na segunda e irá lavar. É perceptível
que embora ele esteja fazendo algumas tarefas enquanto ela está fora, isso é
trabalho dela e ele a repreende por isso de alguma forma, mostrando que a mulher
não tem apenas uma jornada de trabalho fora de casa, mas tem uma dupla jornada,
uma vez que há obrigações que precisam ser cumpridas dentro de casa, sendo o
trabalho doméstico visto como “trabalho de mulher”.
Adentrando na questão salarial, é abordado como naquela época o salário da
mulher era visto não como principal, de sustento da casa, mas sim como algo
secundário. Essa ideia fazia com que muitos homens, principalmente, achassem
que a luta pela equiparação salarial era apenas um luxo e isso fica bem claro em um
trecho do filme:

É muito importante viabilizar e portanto, discutir a questão da masculinidade


que pode ser tóxica e que o filme retrata de vários modos. O Eddie fica em casa
cuidando das crianças, fazendo comida, arrumando a casa e isso faz com que ele
se sinta incomodado em um certo momento, principalmente quando seu trabalho é
suspenso porque a greve que sua mulher faz parte afetou seu trabalho. O filme
consegue abordar perfeitamente esse incômodo que o próprio personagem tenta
evitar, mas não consegue ao mostrá-lo mais distante, quieto e também ao mostrar
que seus amigos fazem piada falando “vá pra casa, coloque o avental”, com o fato
de ele estar em casa enquanto sua mulher está saindo para protestar. Além disso, o
filme também mostra como um homem pode sofrer com uma doença mental e
pressão do trabalho, no caso do personagem, sua própria morte.

salário delas não como um salário principal de sustento, mas sim como um
sub

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