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3. No que tange ao reconhecimento da decadência de parte dos tributos que foram objeto dos
lançamentos materializados nos DEBCAD nº 37.180.727-1, DEBCAD nº 37.180.730-1 e DEBCAD
nº 37.180.731-0, as alegações a respeito de vícios no procedimento administrativo não
comportam discussão no âmbito deste processo, em razão da independência entre as
instâncias penal, cível e administrativa.
4. Nos crimes de sonegação de contribuição previdenciária (artigo 337-A do CP), por se tratar
de crime material, o termo inicial do prazo prescricional corresponde ao término do processo
administrativo fiscal, momento em que restará definitivamente constituído o crédito
tributário. No caso, o crédito tributário foi definitivamente constituído em 14.09.2009 (fl. 127),
momento em que deve ser iniciada a contagem da prescrição. A contagem do lapso
prescricional interrompeu-se com o recebimento da denúncia ocorrida em 05.02.2013 (fl. 146
vº) tendo sido publicada a sentença em 12.05.2014 (fl. 401). Não transcorreu lapso superior a
oito anos entre a consumação do crime e o recebimento da denúncia, nem entre esta e a
publicação da sentença, nem entre a publicação da sentença e a data atual.
6. Preliminares rejeitadas.
8. A materialidade delitiva dos fatos previstos no artigo 337-A, inciso III, do Código Penal está
comprovada pelos documentos que acompanham estes autos, quais sejam: Representação
Fiscal para fins penais nº 19515.004909/2009-10 (fls. 112/115 - Apenso I) e respectivos
Relatórios Fiscais (fls. 31/34; 112/120; 142/150; 164/173 e 187/198 do Apenso I); DEBCAD nº
37.180.727-1 (PAF nº 19515.003039/2009-53, fls. 91/116 do Apenso I), contribuições omitidas
referentes à cota patronal e SAT; DEBCAD nº 37.180.730-1 (PAF nº 1915.003036/2009-10, fls.
151/169), contribuições omitidas, descortinadas a partir da confrontação dos valores
declarados nas RAIS (03, 07,08 e 10 de 2004) e na DIRF (10/2004) e os descritos nas folhas de
pagamento de alguns segurados; DEBCAD nº 37.180.731-0 (PAF nº 19515.003035/2009-75, fls.
171/193), contribuições omitidas, descortinadas a partir da confrontação dos valores
declarados nas RAIS (03,07, 08 e 10 de 2004) e na DIRF (10/2004) e os descritos nas folhas de
pagamentos de alguns segurados; comprovantes de inscrição de débitos tributários da
empresa Otero Ferramentas Ltda. em dívida ativa (fls. 31/32); ofício nº 3502/2011, expedido
pela Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 3ª Região (fls. 46/57), informando a
ausência de pedido de parcelamento ativo ou pagamento integral relativo aos autos de
infração.
9. A autoria é certa. No decorrer da instrução, restou evidente que o acusado tinha total
domínio das decisões sobre a omissão de valores na base de cálculo, ocorrida no desempenho
da administração da empresa, restando, assim, comprovada a autoria delitiva.
12. O dolo também se encontra presente. O crime de sonegação fiscal, tipificado no artigo 337-
A, do CP, exige supressão ou redução de contribuições sociais previdenciárias, ou seus
acessórios, pela conduta de omitir informações das autoridades fazendárias, como é
exatamente o caso dos autos. É irrelevante perquirir sobre a comprovação do elemento
subjetivo (dolo), porquanto o tipo penal de sonegação de contribuição previdenciária é de
natureza formal, e exige apenas o dolo genérico consistente na conduta omissiva de suprimir
ou reduzir contribuição social previdenciária ou qualquer acessório. Precedentes.
13. Dosimetria da pena. Na primeira fase da dosimetria, a pena base deve ser mantida.
15. Na terceira fase, deve ser mantida a causa de aumento de pena decorrente da
continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal), na fração de 1/6 (um sexto), sob pena de
reformatio in pejus.
16. No caso, em que pese existência de maus antecedentes do apelante em crime da mesma
natureza, com esteio no disposto no artigo 59 do Código Penal, levando em consideração a
culpabilidade, a conduta social e a personalidade do condenado, além dos motivos que o
levaram ao delito, é socialmente recomendável substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, tendo em conta a maior possibilidade de reeducação do condenado.
17. Convertida a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos,
consistentes em prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária no valor de 05
(cinco) salários mínimos, em conformidade com as informações extraídas das declarações do
Imposto de Renda do apelante juntadas aos autos (Apenso II).
18. Pena de multa fixada de acordo com o sistema trifásico de fixação da pena, mantida em 12
(doze) dias-multa.
19. Pena definitiva mantida em 02 (dois) anos e 08 (oito) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e
12 (doze) dias-multa.
PENAL. PROCESSO PENAL. CRIMES DOS ARTS. 334, § 1º, IV, E 334-A, § 1º, I, II E V, AMBOS DO
CÓDIGO PENAL. DESCAMINHO. CONTRABANDO. CIGARROS. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. DOSIMETRIA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE PELOS MAUS ANTECEDENTES.
ADMISSIBILIDADE. REGIME INICIAL ABERTO DE CUMPRIMENTO DE PENA. APELAÇÃO DA
ACUSAÇÃO PROVIDA.
3. A sentença condenatória com trânsito em julgado pode servir como mau antecedente na
hipótese de restar destituída de eficácia para ensejar a reincidência em virtude de ter
decorrido o prazo de cinco anos previsto no art. 64, I, do Código Penal (STF, Habeas Corpus n.
98803, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 18.08.09 e STJ, Habeas Corpus n. 133858, Rel. Min. Félix
Fischer, j. 19.08.09).
PENAL. PROCESSO PENAL. FURTO QUALIFICADO (CP, ART. 155, § 4º, I, II, E IV). AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. QUALIFICADORAS RELATIVAS AO CONCURSO DE AGENTES E
ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO DEMONSTRADAS. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA DA
ESCALADA POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. CULPABILIDADE (RÉU ADRIANO), MAUS ANTECEDENTES (RÉU LUIZ),
CONSEQUÊNCIAS E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. EXCLUSÃO DA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
FAVORÁVEL RELATIVA AO COMPORTAMENTO DA VÍTIMA. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES.
CONFISSÃO E MENORIDADE RELATIVA. NÃO INCIDÊNCIA DAS AGRAVANTES PREVISTAS NOS
ARTS. 61, II, "G", E 62, IV, DO CÓDIGO PENAL. EMENDATIO LIBELLI PARA INCLUSÃO E
RECONHECIMENTO DA MAJORANTE DE PENA PELO REPOUSO NOTURNO (CP, ART. 155, § 1º).
VALOR UNITÁRIO DO DIA-MULTA, REGIME INICIAL E POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS MANTIDOS
CONSOANTE A SENTENÇA. APELAÇÃO DA ACUSAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÕES
DOS RÉUS PARCIALMENTE PROVIDAS.
1. A denúncia narra que no dia 21.03.10, durante a madrugada, os denunciados Luiz Antonio e
Armando ingressaram em estabelecimento comercial em Matão (SP), mediante escalada até o
telhado e rompimento da cobertura de zinco e do forro de placas de gesso, e de lá subtraíram
dinheiro, cheques pré-datados de clientes e ingressos para um show artístico, o que lograram
realizar com o auxílio do denunciado Adriano, que era funcionário do supermercado e
repassara as informações necessárias ao cometimento do delito.
4. O concurso de agentes (CP, art. 155, § 4º, IV) foi comprovado haja vista a constatação de
que a ação delitiva foi consumada por três pessoas.
5. O rompimento de obstáculo (CP, art. 155, § 4º, I) restou demonstrado pelas fotografias do
relatório de ocorrência elaborado pela CEF e pelo laudo de exame pericial.
6. Quanto à qualificadora relativa à escalada (CP, art. 155, § 4º, II), à luz do disposto no art. 158
do Código de Processo Penal, não há no laudo de exame pericial detalhes suficientes acerca
das características exteriores do estabelecimento para verificar como e se de fato houve por
parte dos acusados emprego de esforço extraordinário consistente em escalada para o
ingresso no imóvel.
7. A denúncia narra que a subtração foi consumada "durante a madrugada", de forma que,
dado que os acusados defendem-se dos fatos que lhe foram imputados, cabe proceder
conforme o disposto no art. 383, caput, do Código de Processo Penal, e ajustar a classificação
jurídica para incluir a causa de aumento prevista no art. 155, § 1º, do Código Penal.
10. A quebra do dever profissional por parte do réu Adriano já foi circunstância valorada de
forma negativa na primeira fase do cálculo, inviável o bis in idem para fundamentar a
incidência da agravante de pena do art. 61, II, g, do Código Penal.
11. No tocante à agravante da paga ou promessa de recompensa (CP, art. 62, IV), não restou
configurada haja vista que a entrega do dinheiro ao corréu constituiu mero exaurimento do
delito, resultado da divisão da própria res furtiva.
12. Restaram mantidas as atenuantes de pena pela confissão e pela menoridade relativa dos
réus Adriano e Luiz Antonio.
13. Incidência da causa de aumento relativa ao repouso noturno (CP, art. 155, § 1º).
15. Parcial provimento das apelações dos réus Adriano, Luiz Antonio e Armando.
PENAL. CRIME DE MOEDA FALSA. ART. 289, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. PROVA TESTEMUNHAL.
DEPOIMENTOS PRESTADOS NA FASE INQUISITORIAL. RATIFICAÇÃO JUDICIAL. POSSIBILIDADE.
NULIDADE NÃO CONFIGURADA. INOCORRÊNCIA DE CRIME IMPOSSÍVEL. INAPLICABILIDADE DO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. MATERIALIDADE, AUTORIA DELITIVAS E DOLO
DEMONSTRADOS. DOSIMETRIA DA PENA. PARCIALMENTE ALTERADA. APELAÇÃO DA DEFESA
PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO DA ACUSAÇÃO PROVIDA.
2. Inocorrência de crime impossível. Falsificação não grosseira. O fato de a vítima ter percebido
a falsidade das notas, não leva a conclusão de ser grosseira sua falsificação, não afastando, por
si só, a sua potencialidade de atingir o bem jurídico protegido. Precedente.
5. Dosimetria da pena parcialmente alterada. O Código Penal não estabelece patamares para
as circunstâncias judiciais previstas em seu artigo 59, de modo que, a princípio, mostra-se
possível o aumento da pena-base até o seu limite máximo em razão de uma única
circunstância considerada desfavorável. O patamar de 1/6 (um sexto) para majoração da
pena base em razão dos maus antecedentes do agente mostra-se adequado para a
reprimenda do delito.
8. A pena pecuniária substitutiva da pena privativa de liberdade deve ser fixada de maneira a
garantir a proporcionalidade entre a reprimenda substituída e as condições econômicas do
condenado (ajudante de pedreiro), além do dano a ser reparado.
(TRF 3ª Região, DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, ApCrim - APELAÇÃO CRIMINAL - 74974 - 0011894-
88.2008.4.03.6105, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL FAUSTO DE SANCTIS, julgado em
21/05/2019, e-DJF3 Judicial 1 DATA:25/06/2019)
8. Na terceira fase, verifico que não há causas de aumento ou de diminuição de pena a serem
consideradas.
9. O regime inicial de cumprimento de pena é o aberto, nos termos do art. 33, §2º, c do
Código Penal.
10. Presentes os requisitos do art. 44, do Código Penal, a pena privativa de liberdade
substituída por restritiva de direitos.
11. Aplicada a inabilitação para dirigir veículo automotor, nos termos do art. 92, inc. III, do
Código penal, pelo prazo da pena imposta, pois os réus serviram-se de dois veículos para o
transporte das mercadorias apreendidas. No entanto, não deve ser aplicado tal efeito da
condenação em relação ao réu que era somente carona do veículo GM/Vectra, de propriedade
e conduzido por outro corréu.
1. Ainda que o valor dos tributos não recolhidos (R$ 19.359,85) seja inferior ao patamar de R$
20.000,00 (vinte mil reais) aceito pela jurisprudência dos tribunais superiores, não cabe a
aplicação do princípio da insignificância quando verificado que o agente pratica o delito com
habitualidade, fazendo dele meio de vida.
3. A materialidade restou comprovada nos autos através da "Representação Fiscal Para Fins
Penais" e Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal de Mercadorias, que
comprova a procedência estrangeira das mercadorias apreendidas, as quais não
acompanhavam documentação comprobatória da regular importação.
4. A autoria restou comprovada pelo conjunto probatório.
7. Pena-base majorada na fração de 1/6 (um sexto), fixando-a em 1 (um) ano e 2 (dois)
meses de reclusão. Não há causas de aumento ou de diminuição da pena, pelo que a torno
definitiva em 1 (um) ano e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial aberto, substituindo,
nos termos do art. 44, do Código Penal, a pena privativa de liberdade por duas restritivas de
direitos consistentes em pena de prestação de serviços comunitários, com a duração da pena
corporal, a ser realizada a critério do juízo da execução penal e pena pecuniária de 1 (um)
salário mínimo a entidade social a ser designada pelo juízo da execução.
8. Apelação do Ministério Público Federal a que se dá provimento para condenar o réu como
incurso nas sanções do artigo art. 334, caput, do Código Penal, à pena de 01 (um) ano e 02
(dois) meses de reclusão, em regime inicial aberto, reprimenda corporal substituída por duas
penas restritivas de direitos, reformando integralmente a r. sentença de primeiro grau.
Outros Tribunais
1.
2.
1. “A ponderação das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal não é uma operação
aritmética, em que se dá pesos absolutos a cada uma delas, a serem extraídas de cálculo
matemático levando-se em conta as penas máxima e mínima cominadas ao delito cometido
pelo agente, mas sim um exercício de discricionariedade vinculada”. (AgRg no HC 355.362/MG,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 01/08/2016)
2. A reincidência somente se verifica quando o agente comete novo crime após o transito em
julgado de sentença condenatória. No caso, o delito aqui discutido foi cometido antes do
trânsito em julgado, não configurando, portanto, a reincidência nos termos do art. 63 do
Código Penal. Apelação Crime nº 0001893-55.2014.8.16.0053
3. O regime aberto é destinado aos réus não reincidentes apenados com reprimenda inferior a
quatro anos.I. (TJPR - 2ª C.Criminal - 0001893-55.2014.8.16.0053 - Bela Vista do Paraíso - Rel.:
Desembargador José Maurício Pinto de Almeida - J. 13.05.2019)