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Ribeirão Preto SP • Novembro 2015 • Ano 17 • nº 201 • R$ 25,00

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

COP21 em Paris Evento global da ONU discute segurança alimentar

Caderno

SOJA BEZERROS SOLOS SUSTENTABILIDADE:


Grão representa Manejo correto ARENOSOS Taxação sobre
quase 50% da garante qualidade Integração viabiliza emissões de CO2
safra brasileira de vida produção 1 no Brasil é baixa
2
Editorial

Diretor: Plínio César

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Editor Chefe: Doca Pascoal


Alarmista, graças a Deus
Reportagem: Doca Pascoal e Marcela Falsarella
Colaboradores desta edição: Paola Buzollo, A Agência Internacional de Energia (IEA) reconhece que
Revisão: Agostinho Francisco Nicolas
a utilização do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, em com-
Editor Gráfico: Jonatas Pereira
paração à gasolina, reduz em 89% (média) a emissão de gases do
Contato: redacao@canamix.com.br efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e
óxido nitroso (NO2). Os GEEs elevam a temperatura da terra, causam
Outras publicações da Agrobrasil:
o derretimento das geleiras nos polos, aumentam o nível dos oceanos
Guia Oficial de Compras
do Setor Sucroenergético e contribuem para a formação de fenômenos como furacões, secas
Revista CanaMix e inundações.
Portal CanaMix O uso do bioetanol de cana deve - ou deveria - entrar na
pauta da COP21 como um dos temas fundamentais, se realmente o
Publicidade:
Alexandre Richards (16) 98828 4185 mundo quiser frear esta escalada de mudanças climáticas. A Cúpula
alexandre@canamix.com.br do Clima da ONU está prevista para acontecer de 30 de novembro a
Fernando Masson (16) 98271 1119
fernando@canamix.com.br
11 de dezembro de 2015, em Paris, e vai discutir, entre outros temas,
Marcos Afonso (11) 94391 9292 as graves ameaças para a segurança alimentar que podem levar
marcos@canamix.com.br mais 600 milhões de pessoas à desnutrição até 2080. O Brasil tem
Nilson Ferreira (16) 98109 0713
nilson@canamix.com.br papel importante nesta luta.
Plínio César (16) 98242 1177 Se no atual governo o setor sucroenergético sofreu duros
plinio@canamix.com.br
golpes por ingerência e falta de competência política e administrativa,
Assinaturas: redacao@canamix.com.br a hora é de repensar caminhos que possam reestabelecer a impor-
tância estratégica do etanol, não só para o Brasil, mas para o mundo
todo. Parece que todos os argumentos em defesa do etanol de cana,
comprovados cientificamente e economicamente, não foram suficien-
Grupo AgroBrasil tes para torná-lo pauta prioritária em Brasília. O Planalto, sistematica-
Av. Brasil, 2780 - 14075-030 mente, perde a chance de ganhar pontos positivos.
Ribeirão Preto - SP
A edição deste mês tem um apelo ambiental maior. Não
16 3446 3993 / 3446 7574
www.canamix.com.br apenas pela realização da COP21, mas também pela necessidade de
reflexão sobre o que o homem está fazendo com o planeta. Há uma
Para assinar, esclarescer dúvidas sobre sua falta de consciência escancarada das autoridades políticas, de seg-
assinatura ou adquirir números atrasados:
SAC 16 3446 3993 e 3446 7574 -
mentos empresariais e até do simples ser humano que ainda joga lixo
2º a 6º feira, das 9h às 12h e das na rua. A falta de alarme tornou a tragé-
13h30 às 18h. dia de Mariana ainda maior. A lama com
Artigos assinados, mensagens publicitárias e o caderno
resíduos de mineração chegou ao mar.
Marketing Rural refletem ponto de vista dos autores e não Matou o Rio Doce e está matando a fau-
expressam a opnião da revista. É permitida a reprodução
total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. na. É preciso dar o alarme, urgente! Plínio César
Diretor

3
Sumário

06
Capa
Mudanças Climáticas
- Mesmo em clima quente, COP 21
é mantida em Paris
- ONU aumenta apoio à agricultura
familiar no Brasil

34 44 58
Sojicultura ILPF Opinião
Soja representa quase Integração viabiliza Suinocultura
50% da safra brasileira produção em solos em transformação,
de grãos arenosos por Paola Buzollo

15 Caderno CanaMix Sojicultura


Sustentabilidade 35 - Produtor de MS deve cadastrar
plantio na Iagro
16 - Brasil é um dos países com menor taxação sobre emissões de CO2 36 - Ferrugem asiática preocupa sojicultores
20 - MME regulamenta misturas de biodiesel de 20% e 30% do Centro-Sul
21 - Audiência debate expansão dos biocombustíveis no País 40 - Pulverização de micronutrientes aumenta
22 - FAPESP e Comissão Europeia apoiarão pesquisa em biocombustíveis a produtividade

Pecuária
Melhoramento genético
52 - Projeto avalia qualidade da silagem
26 - Ridesa UFSCar comemora sucesso de reuniões técnicas de milho e sorgo
54 - Manejo correto garante qualidade de vida
de bezerros
56 - Arábia Saudita assina acordo para compra
Notas de carne brasileira
57 - GTPS defenderá pecuária brasileira
28 - Curso da UniUDOP discutirá processos industriais durante COP 21
30 - CerradinhoBio contrata engenheiro metalúrgico como VP
31 - Unialco pede recuperação judicial

4
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5
Capa

Mesmo em clima
é mantida


Seca é apenas uma
das consequências do O aumento da frequência e intensidade de condições meteorológicas extremas, au-
aquecimento global mento das temperaturas e dos níveis do mar, assim como as cheias e as secas, têm
um impacto significativo sobre o direito à alimentação”. O alerta é da relatora espe-
cial da Organização das Nações Unidas (ONU), Hilal Elver. O tema será amplamente
discutido na Cúpula do Clima da ONU (COP 21), prevista para acontecer de 30 de no-
vembro a 11 de dezembro de 2015, em Paris.
A cúpula internacional sobre o clima reunirá 120 chefes de Estado, além de

6
quente, COP 21
em Paris

ONU adverte que as mudanças


climáticas representam graves ameaças
para a segurança alimentar e podem
levar mais 600 milhões
de pessoas à desnutrição até 2080
Ana Cintia GAZZELLI / WWF-Brasil

40 mil visitantes por dia. O governo da França decidiu manter o evento, mesmo após
os atentados terroristas que assolaram a capital francesa no dia 13 de novembro. “Em
alguns poucos dias, Paris será a capital do mundo nesta cúpula fundamental para a
humanidade”, declarou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Segundo ele, adiar a
COP 21 seria, de certa forma, “ceder diante da violência”.
De acordo com a encarregada do clima na ONU, a costa-riquenha Christia-
na Figueres, a COP 21 significa “respeitar nossas diferenças e ao mesmo tempo agir-

7
8
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9
CDN / PT
Capa

Insegurança alimentar
pode levar mais 600 mos juntos”. Manuel Valls também afirmou Bourget, no norte de Paris.
milhões de pessoas à que o evento será uma oportunidade para Segundo a relatora Hilal Elver,
desnutrição até 2080
que os chefes de Estado se reúnam e ma- os incidentes climáticos que o planeta en-
nifestem uma vez mais sua solidariedade frenta atualmente “causarão um impacto
com a França. No encontro, 195 países negativo nas colheitas, pecuária, pesca,
tentarão chegar a um acordo para limitar aquicultura e nos meios de vida das pes-
o aquecimento global abaixo de um limite soas”. Ela advertiu também que respon-
administrável tanto para os ecossistemas der à demanda de alimentos através de
quanto para as economias. modelos de produção agrícola de grande
A segurança será reforçada. escala não é a solução certa. “São neces-
Outra medida do governo francês foi a sárias medidas urgentes para responder
proibição de manifestações que estavam aos desafios colocados pelas alterações
planejadas para ocorrer durante a COP climáticas, mas as políticas de mitigação
21. Uma delas é a marcha em defesa do e adaptação devem respeitar o direito à
clima no dia 29 de novembro, na véspera alimentação, bem como outros direitos
da abertura do evento. A outra seria no humanos fundamentais”, disse.
dia 12 de dezembro, um dia depois do A proposta do Brasil para a
encerramento. O evento vai ocorrer em COP 21 é ambiciosa. De acordo com a

10
Stephane Mahe / Reuters

ministra da Agricultura, Pecuária e Abas-


tecimento, Kátia Abreu, entre os princi-
pais compromissos assumidos pelo País
estão a agricultura de baixo carbono, o
desmatamento ilegal zero e a redução da
pobreza no campo. O suporte será dado
pelo projeto Rural Sustentável, coopera-
ção entre o Mapa e o Ministério do Meio
Ambiente, da Alimentação e dos Assuntos
Rurais (Defra) do Governo do Reino Uni-
do, através do Fundo Internacional para
o Clima.
A realização, gestão e imple-
mentação técnica do projeto Rural Susten-
tável ficarão a cargo do Banco Interameri-
cano de Desenvolvimento (BID). “O Brasil
apresentou metas viáveis na COP 21. Para
cumpri-las, vamos à procura não apenas
dos recursos disponibilizados no Tesouro, Lançado no começo de no- Segundo o primeiro-ministro
francês, Manuel Valls, adiar
mas temos condições de firmar parcerias vembro, o projeto vai oferecer US$ 26 a COP 21 seria, de certa
exitosas como o Rural Sustentável, que milhões em crédito a 70 municípios, be- forma, “ceder diante da
violência”
vem casar perfeitamente com nossas pre- neficiando 3,5 mil pequenos e médios
tensões e ajudar o Brasil a cumprir suas produtores de Mato Grosso, Pará e Ron-
metas”, destacou Kátia Abreu. dônia, na Amazônia, e da Bahia, Minas
Valter Campanato / Agência Brasil

A ministra da Agricultura, Kátia


Abreu, durante assinatura de
parceria para execução do
projeto Rural Sustentável

11
Capa Pomeas / Arquive

Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, na Mata Atlântica,


por meio de mecanismo inovador de financiamento
por resultado.
Entre as metas para a COP 21, o governo
brasileiro anunciou a redução em 36% da emissão de
gases do efeito estufa (GEE) até 2025 e de 43% até
2030. “Com certeza, essas metas virão acompanha-
das de mais crédito para o nosso Plano ABC”, disse
a ministra, lembrando que, no passado, os produtores
rurais tinham “preconceito” contra políticas voltadas
para a redução de emissão de gases do efeito estufa
e outras medidas relacionadas ao clima.
“Porém, com o passar do tempo, enxer-
gamos que todos os compromissos traziam retorno
muito positivo, porque junto vinham financiamentos
para os produtores recuperarem suas terras”, obser-
vou Kátia Abreu. Com a recuperação das pastagens
degradadas – atividade contemplada pelo Plano ABC
–, as fazendas se tornam mais produtivas, os produ-
tores melhoram sua renda e ajudam na redução das
emissões de gases. “É o tipo de negócio que é bom
para todo mundo”, completou a ministra.
Saúde pública - De acordo com a Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS), a conferência do
clima COP 21 pode produzir o acordo “mais importan-
te do século em matéria de saúde pública”. Isso por- De acordo com a relatora
especial da ONU, Hilal
que as mudanças climáticas já são responsáveis pela Elver, as consequências do
morte de dezenas de milhares de pessoas anualmen- aquecimento global têm um
impacto significativo sobre o
te. Em 2014, a agência da ONU publicou um relatório direito à alimentação
indicando que 7 milhões de pessoas morrem anual-
mente em decorrência de doenças ligadas à poluição
do ar. Infecções como a malária são reforçadas pelo
aquecimento global.
A diretora do departamento de saúde pú-
blica da OMS, Maria Neira, vê com bons olhos espe-
cialmente a ideia de aumentar o custo da utilização
de combustíveis fósseis. Tal “imposto” poderia reduzir
pela metade o número de mortes relacionadas com a
poluição do ar, reduzindo as emissões de dióxido de
carbono e dar origem a US$ 3.000 bilhões em recei-
ta, segundo a OMS. A COP 21 busca o objetivo de
cumprir os compromissos dos países para conter o
aumento da temperatura no planeta, que já está 2ºC
superior em relação à era pré-industrial.

12
Eduardo Aigner / MDA

Projeto Dom Helder Câmara


beneficiou milhares de

ONU aumenta apoio


famílias que vivem da
agricultura familiar na região
do Semiárido

à agricultura familiar no Brasil

O
Fundo Internacional para o Desen- mento de mulheres, jovens rurais e quilom-
volvimento Agrícola (FIDA), uma bolas em atividades de desenvolvimento.
agência especializada das Nações “O FIDA está plenamente em-
Unidas e Instituição Financeira Internacio- penhado em continuar a apoiar o grande
nal, vai aumentar o seu apoio à agricultura esforço do Brasil para combater a pobreza
familiar no Brasil, com base nos resultados rural, que, ao longo dos últimos anos já foi
de uma avaliação do programa nacional reduzida pela metade”, disse a vice-presi-
apresentado recentemente pelo Escritório dente associada do Departamento de Ser-
Independente de Avaliação do FIDA (IOE). viços Corporativos do FIDA, Lakshmi Me-
De acordo com os resultados non. “O Brasil é o nosso maior e, em muitos
apresentados, os dois projetos concluídos sentidos, o mais emblemático programa na
– o Dom Hélder Câmara e o Gente de Valor região. E vai continuar assim”, acrescentou.
– têm mostrado bons resultados em termos A avaliação faz uma série de
de gestão da água, melhorias de produti- recomendações ao FIDA. Entre elas, de-
vidade, empoderamento dos beneficiários dicar mais esforços no diálogo político
e melhoria das suas capacidades para in- nacional e aumentar iniciativas com a co-
fluenciar a alocação de recursos, e envolvi- operação Sul-Sul e Triangular. “Deve haver

13
da FIDA para a América Latina e o Caribe,
Joaquín Lozano.
O FIDA tem construído uma
parceria forte e útil com o Ministério do Pla-
nejamento, Orçamento e Gestão, o Ministé-
rio do Desenvolvimento Agrário e os gover-
nos estaduais e a sociedade civil. “Porém,
precisamos aprofundar o envolvimento
com o setor privado para o FIDA aumentar
a sua visibilidade no Brasil e para facilitar
Arquivo IOE
ainda mais a intensificação da inovação
Segundo Ashwani Muthoo,
vice-diretor do IOE, bem-sucedida para um melhor impacto”,
“precisamos aprofundar um melhor equilíbrio entre os empréstimos disse Ashwani Muthoo, vice-diretor do IOE
o envolvimento com o
setor privado para o FIDA e atividades não creditícias nos futuros e analista-líder do Programa de Avaliação
aumentar a sua visibilidade projetos, e maior cooperação em particu- do Brasil.
no Brasil”
lar com a Organização das Nações Unidas As recomendações foram exa-
para Alimentação e Agricultura (FAO) e minadas em Brasília por representantes do
o Programa Mundial de Alimentos (PMA) Governo Federal do Brasil e outras partes
e outros parceiros de desenvolvimento interessadas no interior do país, tais como
que trabalham no setor agrícola e rural no governos estaduais, prefeituras e organi-
país”, disse o diretor do IOE, Oscar Garcia. zações da sociedade civil. As conclusões
A avaliação concluiu que o serão levadas em conta para a preparação
desempenho melhorou desde 2007, quan- da nova estratégia do FIDA para o Brasil,
do o IOE realizou sua última avaliação do que deve estar pronta para entrar em vigor
programa no Brasil. A avaliação considera durante o primeiro trimestre de 2016.
que o FIDA financiou seis novos projetos Abrangência - O Brasil tem o
no país desde 2008, com foco na promo- maior portfólio de operações apoiadas pelo
ção da transformação rural sustentável e FIDA na América Latina e região do Caribe.
inclusiva através da agricultura familiar na Desde 1980 o FIDA forneceu 11 emprés-
região Nordeste, que estão nas suas fases timos (no montante de US$ 259 milhões)
iniciais de implementação. para um portfólio de projetos com um custo
A análise destaca a necessi- total de US$ 830 milhões. Financiamento do
dade de consolidação das atividades – in- FIDA tem aproveitado uma quantidade im-
clusive com foco em eficiência operacional, portante de financiamento de contrapartida
a sustentabilidade dos benefícios, e moni- nacional (US$ 377 milhões).
toramento e avaliação – para garantir os re- As atividades de investimento
sultados desejados e melhorias em matéria do FIDA estão concentradas no Nordeste
de segurança alimentar e de subsistência. do País, que tem altas taxas de pobreza
“Prevemos US$ 50 milhões de rural e escassez de água e seca severa em
investimento adicional no Brasil ao longo comparação com outras áreas do Brasil.
dos próximos três anos. Isto irá permitir- Os participantes dos projetos consistem
-nos reforçar o impacto da nossa carteira principalmente de agricultores familiares,
de projetos, com base nas lições aprendi- assentados da reforma agrária e comuni-
das com o relatório do IOF”, disse o diretor dades tradicionais.

14
EMISSÕES
DE CO2
Taxação do Brasil é baixa

Biodiesel Biocombustíveis Pesquisa genética


MME regulamenta Governo debate Ridesa UFSCar
misturas expansão se destaca
15
Sustentabilidade

Brasil é um
dos países com
menor taxação
sobre emissões
de CO2
Arquivo

U
m relatório de 210 páginas desen- sileira de etanol, que hoje representa 17%
volvido pela Organização para Co- dos combustíveis usados no segmento de
operação e Desenvolvimento Eco- transporte rodoviário e abastece grande
nômico (OCDE) e divulgado na primeira parte dos veículos flex, que atualmente cor-
quinzena de novembro (04/11), aponta que respondem a mais de 60% da frota total de
o Brasil está na lista dos países que apli- carros de passeio. Embora considere esta
cam as menores taxas sobre emissões de participação do etanol “de longe a maior
CO2 geradas pelo uso de fontes de ener- parcela em todo o mundo” no segmento
gia fóssil, como a gasolina e o diesel. automotivo, o relatório afirma, contudo, que
O documento, intitulado “En- “o setor de etanol tem enfrentado recente-
vironmental Performance Reviews Brazil mente uma queda de competitividade, em
HighLights 2015” (Avaliação de Desempe- parte devido aos preços da gasolina e sua
nho Ambiental Brasil 2015, em português), tributação”.
disponível para venda no site da OCDE, A constatação reforça ainda
ressalta o crescimento da produção bra- mais os argumentos de representantes

16
O Brasil está na lista dos
países que aplicam as
menores taxas sobre
da indústria sucroenergética e de outros combustível limpo e de fonte renovável, emissões de CO2 geradas
pelo uso de fontes de
setores da economia que defendem junto reconhecido internacionalmente”, desta-
energia fóssil, como a
ao Governo Federal um aumento da alí- ca o consultor de Tecnologia e Emissões gasolina e o diesel

quota da Contribuição de Intervenção no da União da Indústria de Cana-de-Açú-


Domínio Econômico (Cide) incidente so- car (Unica), Alfred Szwarc.
bre a gasolina, que desde o início deste Desde março de 2003, quan-
ano é taxada a R$ 0,10 por litro, depois do a tecnologia flex foi lançada no Brasil,
de permanecer zerada desde 2012. “A até maio de 2015, a utilização do combus-
cobrança da Cide ficou zerada por pou- tível produzido a partir da cana evitou a
co mais de dois anos e não representou o emissão de mais de 300 milhões de tonela-
valor proporcional condizente ao referido das de CO2 na atmosfera, valor que corres-
período. A Cide tem grande importância ponde aproximadamente ao que a Polônia
no que se refere à matéria ambiental, pois libera por ano (317 milhões de toneladas
o aumento do preço do combustível fós- de CO2). Além disso, o uso de etanol tam-
sil estimularia mais as vendas de etanol, bém reduz as emissões de gases de efeito

17
Estados Unidos, México, Rússia e Indoné-
sia, este valor fica abaixo de € 50,00 por t/
CO2.
Tendo a produção de etanol
como um dos seus maiores expoentes em
ecoinovação, o Brasil, segundo o levanta-
mento da OCDE, é o mais especializado
em tecnologias verdes em comparação
a outras economias do BRIICS (Brasil,
Rússia, Índia, Indonésia, China e África
Alfred Szwarc: “A cobrança da Cide ficou
zerada por pouco mais de dois anos e
do Sul). Dados revelam que o País “os-
não representou o valor proporcional tenta bolsões de excelência em tecnolo-
condizente ao referido período”
gia agrícola, biocombustíveis e energia
Arquivo Siamig hidrelétrica”. De 2009 a 2011, cerca de
9% de todos os pedidos de patentes re-
estufa (GEEs), principais causadores das gistrados em território nacional estavam
mudanças climáticas, em até 90%. relacionados ao meio ambiente (a média
De acordo com novo relatório dos BRIICS foi de 7,8%).
OCDE, a taxação das emissões de CO2 De acordo com a OCDE, o
por uso do diesel e da gasolina no Brasil setor de tecnologia, produtos e serviços
deveria ser significativamente maior do ambientais poderia se transformar em uma
Nos últimos 12 anos, que a atual. Enquanto países como Tur- fonte relevante de crescimento para o Bra-
a utilização do etanol quia, Itália, Reino Unido, Alemanha e Fran- sil, aumentando a sua participação de 1%
produzido a partir da cana
evitou a emissão de mais de ça cobram taxas acima de € 250,00 por para 7% do Produto Interno Bruto (PIB).
300 milhões de toneladas de tonelada de CO2 emitida, na China, Brasil, (com Unica)
CO2 na atmosfera
Arquivo

18
19
Sustentabilidade

Arquivo

Portaria do MME estabelece

MME regulamenta misturas


regras de comercialização
do biodiesel destinado ao
mercado autorizativo

de biodiesel de 20% e 30%


O
Ministério de Minas e Energia pu- onde o biodiesel já mostra sinais de com-
blicou na edição do Diário Oficial petitividade frente ao óleo diesel de petró-
da União do dia 12 de novembro leo, particularmente em regiões distantes
portaria que regulamenta o uso autoriza- de refinarias de petróleo, mas com abun-
tivo de misturas de biodiesel de 20% em dância de produção agrícola e do próprio
frotas cativas, consumidores rodoviários biodiesel. Nessas localidades existem e
atendidos por ponto de abastecimento, e poderão existir em maior escala condições
30% em transporte ferroviário e uso agrí- econômicas favoráveis à expansão espon-
cola e industrial. A portaria estabelece tânea da substituição do derivado de pe-
regras de comercialização do biodiesel tróleo pelo insumo renovável.
destinado ao mercado autorizativo. No entanto, é vedada a co-
O atendimento desse merca- mercialização de misturas com biodiesel
do, a partir do ano que vem, será por meio em quantidade superior ao percentual de
dos leilões de biodiesel, que passarão a adição obrigatória, nos postos de combus-
ter duas novas etapas adicionais: a Etapa tíveis da revenda varejista, enquanto não
2A, onde as usinas farão suas ofertas con- houver garantia ampla, dos fabricantes e
siderando exclusivamente os volumes ofer- importadores de veículos, motores, siste-
tados e não vendidos durante o leilão re- mas, máquinas e equipamentos. A portaria
gular; e a Etapa 5A, onde as distribuidoras estabelece que o resultado consolidado
farão as aquisições para os clientes finais do leilão deverá discriminar os volumes e
que tenham interesse em utilizar maiores os preços para os dois mercados sepa-
volumes de biodiesel. radamente, o mercado regular de mistura
O objetivo principal da medi- obrigatória e para fins de uso voluntário de
da é aproveitar e estimular as condições biodiesel. (com Assessoria)

20
Francisco Stuckert

Marco Antônio Almeida


defende a utilização
dos biocombustíveis,

Audiência debate expansão como o etanol, que


é renovável e emite
menos dióxido de
carbono, um gás do

dos biocombustíveis no País efeito estufa

A
expansão dos biocombustíveis na do País à importação do óleo e pode encarecer o custo do transpor-
matriz energética do País foi de- te de carga e de passageiros.
fendida pelo Ministério de Minas e “O diesel tem tributação compatível com um combus-
Energia (MME) no Congresso Nacional. Em tível social, utilizado basicamente para transporte de cargas e de
audiência na Câmara dos Deputados, dia passageiros. Caso venha a ser utilizado para o transporte individual,
17 de novembro, o secretário de Petróleo, perderá a conotação social e deverá ter sua tributação equiparada
Gás Natural e Combustíveis Renováveis do à da gasolina, com fortes impactos para a sociedade brasileira”, sa-
MME, Marco Antônio Almeida, apresentou lientou o secretário.
dados sobre a produção de combustíveis A fabricação de veículos leves movidos a diesel no País
e a matriz energética brasileira. Ele tam- é proibida desde 1976, quando foi determinado que só poderiam ser
bém defendeu a utilização dos biocom- fabricados e vendidos no Brasil veículos a diesel com carga trans-
bustíveis, como o etanol, que além de ser portável superior a uma tonelada.
renovável, emite menos dióxido de carbo- Estimular o crescimento da produção de biocombustí-
no, que é um gás do efeito estufa. veis é um dos objetivos do governo federal, que vem adotando me-
Durante a audiência para dis- didas nesse sentido, como a elevação do percentual de etanol ani-
cutir projeto pela liberação da fabricação e dro na gasolina, de 25% para 27%, neste ano; a eliminação de toda
venda de carros leves movidos a diesel no a carga tributária federal incidente sobre o etanol; o financiamento
Brasil, Almeida destacou que a utilização incentivado da renovação e expansão de canaviais; e o aumento da
do combustível fóssil eleva a dependência tributação da gasolina. (com Assessoria do MME)

21
Sustentabilidade

Arquivo Guarani

Pesquisa aplicada à
logística de produção de
biomassa está contemplada
na linha de propostas que
FAPESP e Comissão
Europeia apoiarão pesquisa
poderão receber apoio

em biocombustíveis
A
Comissão Europeia e a FAPESP, projetos coordenados. As propostas deve-
juntamente com o Conselho Nacio- rão abordar pelo menos um dos desafios
nal das Fundações Estaduais de a seguir:
Amparo à Pesquisa (Confap) e o Ministério – Gaseificação de bagaço
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para produção de gás de síntese e com-
anunciam este mês uma chamada de pro- bustíveis líquidos avançados, incluindo
postas com o objetivo de apoiar pesquisas biocombustíveis para a aviação.
colaborativas internacionais em biocom- – Pesquisa aplicada à logísti-
bustíveis avançados lignocelulósicos. ca de produção de biomassa e pesquisa
A chamada visa explorar as si- aplicada para a diversificação de matéria-
nergias entre o Brasil e a Europa em termos -prima para biocombustíveis avançados.
de conhecimentos científicos e recursos – Desenvolvimento de novas
em temas relacionados a biocombustíveis tecnologias de fermentação e de separa-
avançados por meio da implementação de ção para biocombustíveis líquidos avança-

22
Sustentabilidade

dos e pesquisa aplicada para aumentar a financiar pelo menos 50% dos custos do
eficiência energética de processos de bio- projeto de pesquisa do lado brasileiro.
combustíveis avançados. As agências participantes na
Os projetos brasileiros e euro- chamada esperam financiar um projeto co-
peus devem estar alinhados, ter a mesma ordenado, com a parte europeia financiada
data de início, a mesma duração – até cin- pela Comissão Europeia e a parte brasilei-
co anos – e devem demonstrar claramente ra financiada por MCTI, FAPESP e Confap.
como a coordenação entre eles resultará O orçamento para financiar o
na agregação de valor científico. As con- projeto selecionado é de € 6 milhões a €
dições mínimas para participação na cha- 10 milhões: de € 3 milhões a € 5 milhões
mada são: da Comissão Europeia e uma contraparti-
– Cada proposta deve ter pelo da equivalente em esforço de pesquisa no
menos três pesquisadores, sendo um no lado brasileiro. Isso significa que se espera
Estado de São Paulo e os demais estabe- que as propostas apresentem colabora-
lecidos em outro estado brasileiro com fun- ções balanceadas, não especificamente
dação de amparo à pesquisa que participe em termos financeiros inclusive por conta
da chamada. da diferença de câmbio, mas com compro-
– Deve haver uma empresa missos e esforços em pesquisa equivalen-
associada à proposta, comprometida a tes em ambos os lados.

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bactérias Gram-positivas que normalmente infectam a
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24
25
Melhoramento genético

Assessoria de Imprensa

Professor Hermann
conversa com
profissionais do setor na
Usina Santa Lúcia
Ridesa UFSCar comemora
sucesso de reuniões técnicas
Em diferentes regiões de São Paulo e no Mato Grosso do Sul,
a instituição promoveu encontros entre agosto e outubro
para abordar variados temas, como controle do carvão e da
ferrugem alaranjada

C
om o objetivo de difundir conheci- ximação ainda maior entre o programa e
mentos entre profissionais de usinas usinas e fornecedores de cana, facilitan-
e produtores de cana conveniados, do o compartilhamento de tecnologias, a
o Programa de Melhoramento Genético da troca de experiências e a disseminação
Cana-de-açúcar (PMGCA) da Universidade de informações”, diz Hermann. Ao todo,
Federal de São Carlos (UFSCar), pertencen- 90 usinas e 12 associações conveniadas
te à Rede Interuniversitária para o Desen- à RIDESA UFSCar participaram das dez
volvimento do Setor Sucroenergético (RIDE- reuniões, que tiveram a participação de
SA), promoveu uma série de dez reuniões mais de 400 profissionais.
em diferentes regiões dos estados de São Os encontros foram realizados
Paulo e Mato Grosso do Sul. entre os meses de agosto e outubro des-
O balanço desta iniciativa foi te ano. Cada reunião foi regional, reunindo
muito positivo, segundo Hermann Hoff- profissionais de usinas ou de associações
mann, coordenador do PMGCA da UFS- de produtores próximas, o que facilitou um
Car. “As reuniões permitiram uma apro- maior contato entre os pesquisadores do

26
programa de pesquisa e os produtores de e compartilhar conhecimento por conta do
cana e técnicos das empresas. formato dos encontros. “Conseguimos for-
“As reuniões foram muito pro- mar grupos menores, o que permite uma
veitosas. Discutimos o manejo de varieda- troca de ideias e de conteúdos muito gran-
des RB, apresentamos o censo varietal e de”, pontua Hermann.
verificamos a intenção de variedades a se- O Programa de Melhoramento
rem plantadas no próximo ciclo de plantio”, Genético da Cana-de-açúcar da Universi-
diz Hermann. Nos encontros também foram dade Federal de São Carlos (UFSCar) é um
discutidas ações para controle do carvão e dos dez programas de melhoramento que
da ferrugem alaranjada por conta da ame- constituem nacionalmente a RIDESA (Rede
aça que estas doenças representam à pro- Interuniversitária para o Desenvolvimento
dutividade do canavial. do Setor Sucroenergético), sendo que cada
“Defendemos que o produtor programa é ligado a uma universidade fe-
deve priorizar a troca das variedades de áre- deral. As dez universidades que abrigam os
as infestadas por estas doenças tão logo seja programas são as seguintes: UFAL, UFRPE,
possível, mas sempre utilizando materiais re- UFS, UFPI, UFMT, UFG, UFRRJ, UFV, UFPR
sistentes. Para controle do carvão, também e UFSCar.
é essencial o plantio de mudas sadias. No A RIDESA foi criada em 1991
caso das ferrugens, acreditamos que fungi- após a extinção do Planalsucar. Atualmente,
cidas devam ser aplicados apenas em situa- as variedades RB – sigla que denomina as
ções emergenciais”, relata Roberto Chapola, variedades de cana lançadas pela Rede –
pesquisador do PMGCA da UFSCar. estão plantadas em quase 70% dos cana-
Esta série de reuniões pro- viais do país. Já nos estados de São Paulo e
movidas pela RIDESA UFSCar com profis- Mato Grosso do Sul, as variedades RB ocu-
sionais de usinas e produtores de cana foi pam 65% das áreas de plantio, de acordo
muito eficiente para divulgar informações com o censo varietal 2015.

27
Notas

Curso da UniUDOP discutirá


processos industriais

A
Manutenção e processos
de moendas estão entre os
4ª e última aula/palestra Industrial solução para manter o processo de moa-
temas discutidos na última da UniUDOP de 2015 será realiza- gem com alimentação uniforme e constan-
palestra do ano na UniUDOP
da no dia 3 de dezembro, no auditó- te; ajuste dos pentes das moendas: tipos
rio da churrascaria Terra do Boi, em Araça- de pentes utilizados e respectivas vanta-
tuba/SP. Este curso discutirá os problemas gens e desvantagens, critérios para ajuste
e soluções nos processos industriais, tais e substituição e evolução para sistemas
como moagem, fabricação de açúcar, fer- automáticos de ajustes e preservação de
mentação e cristalização. pentes e das camisas; efeito negativo da
As apresentações dos temas reabsorção na extração e recursos para
propostos ficam a cargo de um time de redução da sua intensidade no processo;
especialistas: Paulo Delfini, Diretor e con- torque e potência nas moendas: modelo de
sultor no Brasil e em algumas empresas comportamento e estratégia para melhorar
no exterior da Delfini Consultoria e Projetos eficiência mecânica e operacional do pro-
Industriais; Ericson Marino, consultor da cesso de moagem.
Marino Consultoria; e José Paulo Stupiello, A aula/palestra vai terminar
presidente nacional da STAB - Sociedade com um debate sobre os temas propostos
dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do com levantamento dos principais proble-
Brasil. mas e as soluções mais inovadoras nos
No cronograma do primeiro processos industriais. As inscrições devem
painel, sobre Processo de Moenda, estão ser feitas até 30 de novembro no portal
discussões e debates sobre o controle da da UDOP. Associadas UDOP têm direito a
alimentação das moendas: dificuldades e duas inscrições isentas cada.

28
29
CerradinhoBio contrata
Unidade Porto das Águas,
da CerradinhoBio, em
Chapadão do Céu, GO

engenheiro metalúrgico
como VP

P
aulo Oliveira Motta Júnior assumiu, início em 2010 com a formação do Conse-
no último dia 3 de novembro, a vice- lho Administrativo, hoje composto por três
-presidência da Cerradinho Bioe- membros da família Sanches Fernandes e
nergia S.A., empresa tradicional do setor três conselheiros independentes. À frente
sucroenergético brasileiro. A chegada do da companhia está o empresário Luciano
profissional consolida ainda mais o pro- Sanches Fernandes, atual presidente.
cesso de governança corporativa que teve O vice-presidente é enge-

30
nheiro metalúrgico formado pela Univer- Zinco da Votorantim Metais S.A., e Dire-
sidade Federal de Ouro Preto. Pós-gra- tor Executivo e Diretor Vice-Presidente da
duado em Administração de Empresas Votorantim Cimentos S.A.
pela Universidade Federal da Bahia, é A Cerradinho Bioenergia
formado como Conselheiro de Empresas S.A. concentra sua planta industrial em
pelo Instituto Brasileiro de Governança Chapadão do Céu, Goiás. Produz etanol
Corporativa - IBGC, além de possuir ou- e bioeletricidade e está em sua sétima
tros cursos de especialização em escolas safra. A empresa foi fundada pela famí-
do Brasil e exterior (Fundação Dom Ca- lia Sanches Fernandes que atua há mais
bral, Kellog Scholl of Management, Uni- de 4 décadas no setor sucroenergético.
versity of Tennessee, University of Wes- A companhia tem cerca de dois mil cola-
tern Ontario). Ao longo de sua trajetória boradores diretos, tendo no ser humano
profissional, ocupou posições executivas o seu maior patrimônio. Com crescimento
seniores em empresas como Alcan Alu- sustentável, respeito ao meio ambiente,
mínio S.A., onde trabalhou por quase rentabilidade das operações e excelên-
duas décadas, no Brasil e Canadá. Nos cia nos processos, a empresa avança em
últimos onze anos, foi diretor de Negócio direção ao futuro.

Unialco pede recuperação


judicial
A
Unialco, uma das mais tradicionais -açúcar, tem dívidas superiores a R$ 700
companhias sucroalcooleiras do milhões. Há alguns anos em dificuldades
país, protocolou este mês na Vara financeiras, a companhia realizou, sem su-
Cível de Guararapes (SP) um pedido de cesso, várias tratativas com credores para
recuperação judicial. A companhia, com encontrar uma saída para seu elevado en-
duas unidades processadoras de cana-de- dividamento. (Valor Econômico)

31
32
33
Arquivo
Sojicultura

Soja representa
quase 50%
da safra brasileira
de grãos
Da Redação

N
a safra 2015/16 a soja pode representar quase metade da pro-
dução brasileira de grãos. De acordo com a Companhia Nacio-
nal de Abastecimento (Conab), a colheita da oleaginosa deve
alcançar três dígitos, mais exatamente 102,8 milhões de toneladas de
um total estimado em 212,9 milhões de toneladas de grãos. A produ-
ção de soja será 6,8% superior à registrada no ciclo passado, quando
foram colhidas 96,254 milhões de toneladas.
A produção total de grãos deve ser 2,1% superior em re-
Conab estima que a colheita da
lação ao ciclo 2014/15, quando foram colhidas 208,5 milhões de tone- oleaginosa alcance 102,8 milhões
ladas. A área plantada na temporada 2015/16 está estimada em 58,9 de toneladas na safra 2015/16

milhões de hectares, crescimento de 1,6% em comparação à safra


passada, quando as lavouras ocuparam 57,9 milhões de hectares. O
aumento é atribuído à soja, com previsão de um acréscimo entre 2,1% A estimativa do Departamento de Agricultura
(671,3 mil ha) e 3,8% (1,22 milhão de ha), segundo a Conab. dos Estados Unidos (USDA) também prevê
A estimativa da INTL FCStone para a safra de soja é um aumento da projeção de estoques de soja
pouco menor, mas também alcança três dígitos, com previsão de que foi elevada de 11,68 milhões de tone-
100,451 milhões de toneladas, volume inferior ao registrado na proje- ladas para 12,66 milhões de toneladas. A
ção divulgada pela consultoria em outubro, que dava conta de 101,082 expectativa positiva tem como base o cli-
milhões de toneladas. A redução da estimativa foi atribuída ao menor ma amplamente favorável em boa parte do
volume de chuvas no Centro-Oeste e no Nordeste. De qualquer forma, Meio-Oeste dos EUA durante a última fase
a expectativa é de crescimento superior a 4% em relação ao ciclo an- de desenvolvimento e colheita.
terior. Para o Brasil, a previsão do
Em relação à produtividade, a consultoria estima 3 tone- USDA é de uma produção de 100 milhões
ladas por hectare. Já a área plantada deve alcançar 33,459 milhões de toneladas de soja, enquanto a safra ar-
de hectares, aumento de 4,3% em relação à safra anterior. Na análise gentina deverá ficar em 57 milhões de tone-
da INTL FCStone, as chuvas abaixo da média em Mato Grosso, Goiás, ladas, repetindo as projeções de outubro. A
Bahia, Piauí e São Paulo prejudicaram o ciclo de plantio. China deverá importar 80,5 milhões de to-
EUA - A produção norte-americana de soja deve alcançar neladas, contra 79 milhões de toneladas do
o recorde histórico de 108,36 milhões de toneladas na safra 2015/16. mês anterior.

34
Arquivo Acrissul
Aprosoja/MS estima que a

Produtor de MS deve
área plantada cresça 4,5%,
saindo de 2,3 milhões de
hectares na safra 2014/15,
para 2,4 milhões de hectares

cadastrar plantio na Iagro


nesta temporada

O
sojicultor do Estado de Mato Gros- tares nesta temporada. “Ainda existem
so do Sul tem o até o dia 10 de de- agricultores que não conhecem a obriga-
zembro para cadastrar as informa- toriedade do cadastro, por isso todos os
ções referentes ao plantio da safra 2015/16 anos fazemos o alerta aos produtores sul-
junto à Iagro – Agência Estadual de De- -mato-grossenses”, observa.
fesa Sanitária Animal e Vegetal. O registro A Iagro afirma que cadastro
da área plantada, previsto em lei estadual, permite verificar se o vazio sanitário da soja
é obrigatório e tem como principal objeti- está sendo cumprido em MS e assim garantir
vo levantar informações sobre o cultivo da que não haja prejuízo no programa de contro-
oleaginosa no Estado, para prevenção e le da ferrugem asiática, doença que limita a
controle da ferrugem asiática. obtenção de altos rendimentos do grão. Para
De acordo com o presidente prevenir a ocorrência foi instituído um período
da Aprosoja/MS – Associação dos Produ- de ausência de plantas vivas nas lavouras de
tores de Soja de MS, Christiano Bortolotto, soja, que em Mato Grosso do Sul ocorre de 15
a estimativa é que a área plantada cresça de junho a 15 de setembro. Toda propriedade
4,5%, saindo de 2,3 milhões de hectares deverá ser cadastrada e o produtor que per-
na safra 2014/15, para 2,4 milhões de hec- der o prazo está sujeito a multas.

35
Sojicultura

Ferrugem asiática preocupa


sojicultores do Centro-Sul
UFRGS

A ferrugem asiática,

O
causada pelo fungo
Phakopsora pachyrhizie, é primeiro foco de ferrugem asiática acompanhar os relatos da doença pelo
uma das doenças que mais
preocupam os sojicultores da soja na safra 2015/16 foi iden- site consorcioantiferrugem.net, que ago-
na atualidade, pelo grande tificado pela Fundação ABC no ra conta com um aplicativo de apoio que
potencial de perdas na
produtividade município paulista de Itaberá, região sul pode ser baixado para aparelhos IOS.
do Estado, a 318 quilômetros da capital. A ferrugem asiática da soja
A doença foi identificada em uma lavoura é causada pelo fungo Phakopsora pa-
semeada em 16 de setembro. A maioria chyrhizie. Trata-se de uma das doenças
das áreas produtivas dessa região está de maior importância da cultura da soja
com plantas na fase de florescimento. No na atualidade, pelo grande potencial de
ciclo passado, a doença foi registrada em perdas na produtividade. Originária da
área comercial no dia 15 de novembro, em Ásia, onde ocorre em diversos países da-
Mato Grosso. quele continente e na Austrália. Além da
Segundo orientação do Con- ferrugem asiática, a soja pode ser ataca-
sórcio Antiferrugem da Fundação ABC os da pela ferrugem americana causada por
produtores devem redobrar o monitora- Phakopsora meibomiae, sendo esta sem
mento e adotar a melhor opção de manejo importância econômica.
para sua região. Os sojicultores podem Segundo o engenheiro agrô-

36
37
Sojicultura

nomo e Doutor em Fitotecnia, José Luis da bue em 1998, a Nigéria em 1999, Moçam-
Silva Nunes, a ferrugem asiática foi relata- bique em 2000 e a África do Sul em 2001.
da pela primeira vez no Japão, em 1903. Na América do Sul surgiu em
Posteriormente foi constatada em outros 2001, infectando campos no Paraguai, e,
O primeiro foco de países da Ásia e na Austrália em 1934, em 2002, na Argentina. Em novembro de
ferrugem asiática da na Índia em 1951 e no Havaí em 1994. No 2004, a ferrugem asiática foi encontrada
soja na safra 2015/16
foi identificado no continente africano foi detectada a partir infectando campos de soja nos Estados
município paulista de de 1996, atingindo a Zâmbia e o Zimbá- Unidos, o último grande país produtor de
Itaberá

38
soja onde ainda não havia sido encontra- relatada nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
da a doença. No Brasil a doença foi en- Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
contrada no final da safra de 2000/2001, Paulo, e na safra 2003/04 ocorreu de forma generalizada em
no estado do Paraná, e vem aumentando quase todo o País, causando prejuízos consideráveis em várias
sua área de ocorrência a cada ano, dis- regiões produtoras. É atualmente um dos maiores problemas da
seminando-se rapidamente para outros cultura na região dos Cerrados Brasileiros, especialmente em
Estados do Brasil. Mato Grosso, onde têm sido necessárias excessivas pulveriza-
Na safra 2002 a doença foi ções de fungicidas para controlar a doença.
Embrapa
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, com exceção de Roraima, todos os Estados
que possuem cultivo de soja já foram atingidos pela doença,
envolvendo uma área de 22 milhões de hectares. No sul do Bra-
sil, epidemias severas têm sido esporádicas, porém vêm sendo
detectadas cada vez mais cedo durante a safra.
De acordo com José Luis, a doença tem sido es-
tudada no continente asiático há mais de trinta anos. Danos na
produtividade na ordem de 30 a 80% já foram relatados, porém
o volume dos danos depende de quando a doença se inicia
e quão rápido ela progride. Em Taiwan, onde já causou sérios
problemas para a cultura da soja, verificou-se que a ferrugem
asiática pode reduzir a produção em 18% a 91%.
A severidade da doença está em função das va-
riações nas condições do ambiente, de ano para ano, estação
para estação e de local para local. A concentração inicial de
inóculo não reflete na severidade da doença. Cultivares resis-
tentes ou tolerantes sofrem quedas de produção bem menores
do que as suscetíveis, porém a resistência genética pode ser
perdida com o tempo. Além disto, as cultivares resistentes não
são necessariamente as mais produtivas.
El Niño - De acordo com a pesquisadora da Em-
brapa Soja, Cláudia Godoy, já havia expectativa de antecipa-
ção no aparecimento da ferrugem nessa safra brasileira, em
decorrência do fenômeno El Niño, que pode provocar chuvas
irregulares no Sudeste e no Centro-Oeste, atraso nas chuvas na
região Nordeste e precipitações acima da média para a região
Sul, especialmente no Rio Grande do Sul.
Além do El Niño, outro motivo que pode ter favore-
cido a ocorrência precoce da doença é o aumento de soja gua-
xa ou voluntária. “Nos relatos do Consórcio, observamos grande
quantidade de soja guaxa que sobrou da entressafra”, explica.
“Isso favorece a permanência do inóculo do fungo causador da
doença e propicia seu aparecimento precoce na safra”, disse a
pesquisadora.

39
Sojicultura

Rufino, RR / Embrapa Soja

Detalhe ampliado da fixação

Pulverização
biológica do nitrogênio
(FBN)

de micronutrientes
aumenta a produtividade

P
esquisa da Embrapa mostra que é Mercante, da Embrapa Agropecuária Oes-
possível aumentar a contribuição do te (Dourados, MS), para o produtor rural
processo de Fixação Biológica de que está com a soja no campo em um dos
Nitrogênio (FBN), uma das técnicas agrí- estágios vegetativos V3, V4 ou V5 - três
colas sustentáveis do Programa Agricul- das fases de desenvolvimento vegetativo
tura de Baixo Carbono (ABC) do governo da planta - este é o momento adequado
federal, que substitui o fertilizante nitro- para dar um “up” na cultura. “Mesmo após
genado mineral por um processo de sim- o plantio da soja ter sido realizado, ainda
biose, em que o nitrogênio é retirado do está em tempo de se melhorar a produtivi-
ar por uma bactéria denominada rizóbio dade da soja”, diz Mercante.
para ser assimilado pela planta da soja. O pesquisador afirma que
Segundo o pesquisador Fábio isso pode ser feito com a aplicação de

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41
Sojicultura
Arquivo

dois micronutrientes: o cobalto (Co) e


molibdênio (Mo), essenciais ao processo
de fixação biológica de nitrogênio. “Atual-
mente, as recomendações técnicas para
aplicação destes nutrientes são de 2 a 3
gramas de cobalto por hectare e de 12
a 30 gramas de molibdênio por hectare.
Para o resultado ser eficiente, a aplicação
deve ser feita por meio de pulverização
foliar, entre os estágios de desenvolvi-
mento V3-V5”, diz.
Os trabalhos de pesquisa de-
monstram que a aplicação dos produtos
com estes micronutrientes diretamente
nas sementes pode afetar drasticamente
a sobrevivência das bactérias fixadoras
de nitrogênio, a nodulação, a eficiên-
cia simbiótica e, consequentemente, os
rendimentos de grãos da cultura. “Estes
efeitos prejudiciais têm sido associados
às formulações salinas dos produtos co-
merciais contendo tais micronutrientes”,
explica Mercante.
A disponibilidade de fósforo
(P) e cálcio (Ca) também proporciona o
bom desenvolvimento da planta, o esta-
belecimento da bactéria e a interação
planta-rizóbio, por potencializar os bene-
fícios do uso de inoculantes microbianos
na cultura da soja.
O estresse hídrico e a tem-
peratura do solo, principalmente acima
de 32º C, são duas condições em que o
agricultor deve ficar atento. Esses dois fa-
tores, associados ou não, afetam desde a
sobrevivência da bactéria até as etapas
da interação entre macro e micro-orga-
nismos que vivem em simbiose. “Nesta
situação, manejos de solo mais conserva-
A qualidade da semente e a aplicação de produtos
cionistas, como o Sistema Plantio Direto,
que estimulam o desenvolvimento do sistema colaboram para a redução da temperatu-
radicular contribuem para que o plantio resista
aos impactos de stress hídrico, absorvendo mais
ra nas camadas mais superficiais e para a
facilmente água e nutrientes manutenção da umidade do solo”, afirma
o pesquisador da Embrapa.

42
Arquivo
Área plantada na
Rendimento - Para áreas de regiões produtoras de soja no País, in- temporada 2015/16 está
estimada em 58,9 milhões
primeiro cultivo, a inoculação das bacté- cluindo diversos locais nas regiões Sul de hectares, crescimento
rias (rizóbios) nas sementes da soja é in- e Centro-Oeste, o rendimento da cultura de 1,6% em comparação
à safra passada
dispensável. “No Brasil não se recomenda aumenta, em média, 8% quando se rea-
o uso de adubo mineral nitrogenado, mas liza a reinoculação de rizóbios, ou seja,
é importante que a inoculação com estas a inoculação em todas as safras de soja.
bactérias benéficas seja realizada em to- “Foram considerados apenas ensaios
dos os anos”, relembra Mercante, que com rendimentos superiores a 2.400 kg/
acrescenta: “em áreas de primeiro cultivo, ha e foram obtidos incrementos de até
o agricultor pode duplicar a dose de ino- 1.950 kg/ha pela reinoculação”, relatam
culante utilizada em cultivos tradicionais os pesquisadores.
de soja, porque alguns fungicidas podem Em Mato Grosso do Sul, os
reduzir a nodulação e a fixação biológica estudos ainda mostram que o crescimen-
de nitrogênio na cultura quando aplicados to médio de rendimento de grãos de soja
nas sementes”. pode chegar a 9% em relação às plantas
Nas áreas tradicionais, a que não haviam sido inoculadas com ri-
pesquisa mostra que, nas principais zóbios.

43
ILPF

Integração viabiliza
produção em
solos arenosos
Divulgação

A
O Brasil possui 50 milhões
de hectares de solos redenção de milhares de peque- Região tradicionalmente pe-
arenosos onde ficam
nas e médias propriedades rurais cuarista, o Oeste paulista é marcado por
milhares de pequenas e
médias propriedades rurais localizadas sobre os 50 milhões de pastagens degradadas sobre solos areno-
hectares de solos arenosos no Brasil pode sos, considerados limitadores da atividade
se dar com a adoção de sistemas de inte- agrícola por conterem baixo teor de argi-
gração, como indicam pesquisas da Em- la e grande porosidade, o que dificulta a
brapa. Ao menos 30 fazendas do Oeste de retenção de água e, consequentemente,
São Paulo têm apostado na rotação soja- de nutrientes para as plantas. “Dizem que
-capim, alcançando produtividades que solo arenoso é um filtro de água. Mas, pelo
chegam a mais de 70 sacas/ha em alguns menos, podemos pensá-lo como um filtro
pontos, algo até então considerado inviá- de água melhor”, diz o pesquisador João
vel para a região, com ganhos expressivos Kluthcouski, o João K, da Embrapa Cerra-
também em desempenho animal no perío- dos (DF).
do seco. Sob a orientação da Embra-
Já na “Costa Leste” e no Sul pa e da Universidade do Oeste Paulista
de Mato Grosso do Sul, um novo formato (Unoeste), de Presidente Prudente (SP), e
de sistema de integração tem resultado em com apoio da cooperativa Cocamar (PR),
produtividades médias de carne de até 20 a Fazenda Campina, em Caiuá (SP), pas-
arrobas/ha. Os resultados surpreenderam sou a adotar o sistema Integração Lavoura-
porque produzir nesse tipo de solo sempre -Pecuária (ILP) em 2013, iniciando a rota-
foi um desafio para pecuaristas e agricul- ção de soja com braquiária numa área de
tores. 450 hectares, ocupada durante 15 anos

44
2 3 ª F e i r a I n t e r n a c i o n a l d e Te c n o l o g i a A g r í c o l a e m A ç ã o

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45
MENORES DE 14 ANOS DEVEM ESTAR ACOMPANHADOS DOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS.
ILPF
por pastagens de baixa produtividade. A de umidade do grão e média de 41,9 t/ha
propriedade, pertencente ao Grupo Car- de milho silagem. “São dados inacreditá-
los Viacava, também agregou tecnologias veis para uma área com altitude média em
como o sistema plantio direto e a descom- torno de 400 metros, considerada impró-
pactação do solo. pria para a cultura do milho”, comemora o
Depois de apenas dois anos pesquisador.
de plantio da soja, os dados impressio- A terceira safra, a de boi, foi
nam. Na safra de verão 2014/2015, apesar garantida pelo pasto, que permaneceu ver-
dos 29 dias de estiagem que alcançaram de mesmo no período mais seco do ano. A
o período reprodutivo da leguminosa, a pastagem, que em 2013 suportava 0,5 uni-
produtividade média foi de 39,6 sacas/ dade animal (UA – equivalente a um animal
ha, variando de 14,6 sacas/ha numa área com 450 kg de peso vivo) por hectare, viu
com plantio convencional até 73,6 sacas/ a taxa de lotação aumentar para 1,9 UA/ha
ha num talhão com plantio direto, algo im- em 2015. O índice é bem superior à taxa
pensável para a região. de lotação média nacional, que, de acordo
No período de safrinha foi com estimativas, não ultrapassa 0,7 UA/ha.
Pesquisadores analisam plantado milho consorciado com capim- O ganho médio de peso foi de
solo na propriedade
pertencente ao Grupo
-braquiária. Dessa vez, foram 54 dias sem 0,6 kg/dia/animal, e houve registros de ani-
Carlos Viacava, que também chuva. A colheita novamente surpreendeu: mais com ganhos de até 0,9 kg por dia sem
agregou tecnologias como
o sistema plantio direto e a
média de 80,8 sacas/ha de milho com 13% qualquer suplementação adicional. A forra-
descompactação do solo
Carlos Viacava

46
47
ILPF
gem de melhor qualidade também permitiu João K aponta que o segredo
aumento do peso médio dos bezerros à está no uso do capim-braquiária e no sis-
desmama aos 210 dias: os machos ficaram tema plantio direto, além do uso de mata-
22 kg mais pesados e as fêmeas 14,5 kg. -broto, um implemento agrícola usado na
Na safra passada, quase 40% descompactação do solo. Outro fator de
da área produtiva da fazenda foi dedicada sucesso foi o deslocamento do período de
à soja, e o rebanho está maior que há três enchimento de grãos ao efetuar a seme-
anos, quando o sistema ILP foi implantado. adura em novembro, em vez de outubro.
Diante dos resultados, a ideia é de que, “Plantando mais tarde, escapamos do ve-
com a implantação do sistema, metade da ranico”, explica o professor Edemar Moro,
fazenda fique com lavoura de soja e a outra coordenador do curso de especialização
metade com pastagem durante dois anos, em ILPF da Unoeste.
com rotação de 50% da área a cada ano. Moro estima que entre cinco
“Quando completarmos o giro, mil e dez mil hectares estejam atualmente
o que vai levar de um a dois anos, teremos cultivados com soja a partir do sistema ILP
o máximo. Se conseguirmos aumentar a no Oeste paulista. Ele lembra que haviam
produção em 20%, já será um fenômeno. casos isolados de uso do sistema na região
Tenho certeza de que teremos também um até 2011, quando a universidade passou a
aumento substancial da produção de tou- promover dias de campo na fazenda ex-
ros”, aposta o proprietário Carlos Viacava, perimental em Presidente Bernardes (SP)
que deve implantar o sistema em mil hec- e em propriedades rurais como a Fazenda
João K, ao centro, avalia
desenvolvimento da soja
tares na safra 2015/2016. “A propriedade, Campina, em parceria com a Embrapa, a
na Fazenda Campina, em que antes só tinha receita advinda da pe- Cocamar, empresas integrantes da Rede
Caiuá (SP), que passou
a adotar o sistema
cuária, agora tem três fontes de receita”, de Fomento à Integração Lavoura-Pecuá-
Integração Lavoura- completa o filho Ricardo. ria-Floresta (ILPF) e outras. “Estamos con-
Pecuária (ILP) em 2013
Carlos Viacava

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seguindo mudar a mentalidade dos pecua- tecnologias (Rede de Fomento em ILPF e
ristas da região”, afirma. Macroprograma da Embrapa), foi montada
“Mostramos aquilo que era uma Unidade de Referência Tecnológica
considerado impossível: fazer, em 12 me- (URT), em parceria com Cooperativa Agrí-
ses, três safras sem irrigação, em solos cola Sul-Mato-Grossense (Copasul).
arenosos com apenas 9% de argila, até Os últimos números da pro-
então considerados inaptos para a agricul- dução da pecuária indicam que o sistema
tura e a pecuária. Os solos arenosos estão de integração pode ser a saída para a re-
distribuídos em várias regiões do Brasil e gião: em Naviraí, há cerca de 180 mil cabe-
são a próxima fronteira agrícola. E os sis- ças de gado. Antônio José Meireles Flores,
temas de integração são a única solução gerente do departamento agronômico da
conhecida até o momento para esse tipo Copasul, lembra que o número já foi maior
de solo”, completa João K. (240 mil cabeças), e que existem cerca de
Novo formato de sistema inte- 100 mil hectares ocupados por milho, soja,
grado - Em Mato Grosso do Sul, a equipe mandioca e cana-de-açúcar, a maior parte
liderada pelos pesquisadores Júlio Cesar arrendada por pecuaristas a agricultores.
Salton, da Embrapa Agropecuária Oeste Segundo Salton, a região está
(MS), e Ademir Zimmer, da Embrapa Gado ampliando a área cultivada com soja e mi-
de Corte (MS), validou o Sistema São Ma- lho em solos de textura média a arenosa,
teus (SSMateus), novo formato de sistema que, sem tecnologia adequada, não são
de integração apropriado para a região da propícios à agricultura. “A chance de per-
Costa Leste de Mato Grosso do Sul, de so- da nas lavouras é muito grande. Para au-
los predominantemente arenosos. O dife- mentar a possibilidade de sucesso é preci-
rencial é que, após a correção da fertilida- so colocar em prática o sistema integrado
de, a sequência da rotação começa pela com pasto”, afirma.
pastagem (pasto-soja). O diretor vice-presidente da
O novo formato possibilitou o Copasul, Yoshihiro Hakamada, ressalta que
aumento da produtividade média de carne a URT trará benefícios para a região, que
de seis arrobas/ha para 20 arrobas/ha. E, precisa recuperar cerca de 80% das áreas
na mesma região, considerada inadequa- com pastagens. “Com as pesquisas foca-
da para a produção de grãos, é possível das na realidade local, vamos aumentar a
obter uma média de 50 sacas de soja por área de grãos, diversificar a propriedade,
hectare. “Com o início da rotação pela pas- melhorar a fertilidade do solo e a produção
tagem, há tempo adequado para que os de carne, além, é claro, de valorizar a pro-
corretivos reajam no solo, o sistema radicu- priedade”, diz.
lar da pastagem construa uma estrutura de Nos 31 hectares reservados
solo favorável à manutenção de umidade e para a URT na Copasul, os trabalhos de
forneça a palha necessária para o plantio recuperação dos pastos começaram em
direto da soja”, explica Salton. 2014, com uso de corretivos e incorpora-
Um modelo parecido está ção ao solo e com o cultivo, em diferentes
sendo levado ao sul de Mato Grosso do áreas, de soja, milho, milho consorciado
Sul, na região de Naviraí, tradicional em com Brachiaria ruziziensis, mandioca, eu-
pecuária de corte. Por meio de um proje- calipto e com a pastagem BRS Piatã, que
to nacional de pesquisa e transferência de serão avaliados ao longo das safras.

49
ILPF

Embrapa

Sistema São Mateus


(SSMateus), novo formato O ganho de peso do gado foi inclusive, do Programa de Apoio à Criação
de sistema de integração
monitorado a cada 60 dias em duas áre- de Gado para o Abate Precoce (Novilho
apropriado para a região
da Costa Leste de Mato as: uma com pasto degradado e outra com Precoce), vinculado à Secretaria de Estado
Grosso do Sul, de solos
pasto recuperado (BRS Piatã) em outubro/ da Produção. “O gado daqui é o Nelore,
predominantemente
arenosos novembro de 2014. Na primeira avaliação, e o frigorífico da região abastece também
os resultados não apresentaram diferenças outros estados brasileiros e exporta para
significativas, pois o ganho médio de peso outros países. Com a ILP, com certeza a
foi de 0,199 kg/dia/cabeça na área de pas- qualidade e o mercado ficarão ainda me-
tagem degradada e de 0,208 kg/dia/cabe- lhores”, acredita.
ça na área de pasto recuperado. Já na se- E, para quem ainda tem dú-
gunda avaliação, a recuperação do pasto vidas quanto à viabilidade do investimen-
já mostra o seu valor: enquanto o gado na to, Ademir Zimmer lembra que a ILP e a
área degradada perdeu em média 0,030 ILPF abrem novas fronteiras para culturas
kg/dia/cabeça, os animais da área recupe- anuais em solos considerados marginais.
rada obtiveram ganho médio de 0,536 kg/ “A ILPF é um investimento e não um gas-
dia/cabeça. to, como alguns ainda pensam. A primeira
Hakamada lembra que a re- safra de soja, por exemplo, já se paga e
gião de Naviraí tem uma pecuária tecnifica- ainda cobre os custos da recuperação das
da, com carne de qualidade, participando, pastagens”, enfatiza.

50
HERBISHOW
15º
Seminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana

12º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA

10º Grande Encontro sobre


VARIEDADES DE 15º PRODUTIVIDADE &
REDUÇÃO DE CU$TO$
CANA-DE-AÇÚCAR DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

51
Pecuária

Arquivo

Técnicos vão avaliar a

Projeto avalia qualidade


qualidade da silagem de
sorgo que será usado para
aumentar a rentabilidade
dos produtores de leite da

da silagem de milho e sorgo


região central de Minas
Gerais

C
ultivares de milho e de sorgo serão elevado, é preciso aumentar a eficiência
avaliadas quanto à qualidade para do sistema de produção. É importante ter
produção de silagem em 17 muni- os devidos cuidados, desde a escolha de
cípios da região Central de Minas na safra cultivares apropriadas e utilização adequa-
2015/2016. O trabalho, desenvolvido em da da correção e adubação do solo até as
parceria pela Embrapa, Emater-MG e Riber formas de colheita e conservação da for-
KWS Sementes, faz parte do Programa de ragem, para que esse produto seja viável
Melhoria da Cadeia Produtiva do Leite. economicamente”, afirma o coordenador.
Serão instaladas unidades de- Walfrido comenta a importân-
monstrativas em 30 propriedades acompa- cia da utilização das sementes cedidas
nhadas por extensionistas da Emater-MG e pela Embrapa para o programa. “A dis-
profissionais da Embrapa. “Esse trabalho ponibilidade de sementes de cultivares
faz parte de uma estratégia voltada para melhoradas pela Embrapa permitirá uma
a melhoria da alimentação do rebanho lei- avaliação tanto dos técnicos e pesquisado-
teiro, com ênfase no aumento da produtivi- res quanto dos produtores sobre seu com-
dade de silagem”, explica o coordenador portamento nas condições da região em
regional de culturas da Emater-MG, Walfri- comparação com as cultivares disponíveis
do Albernaz. Ele explica que, nas proprie- no mercado e comumente utilizadas pelos
dades, haverá orientações para melhoria agricultores.”
da qualidade da silagem, das práticas de O gerente do escritório de
armazenamento e utilização desse alimen- Sete Lagoas da Embrapa Produtos e Mer-
to, a fim de aumentar a rentabilidade dos cado, Reginaldo Resende, lembra que a
produtores de leite da região. avaliação de cultivares de milho e de sorgo
“Tendo em vista que o custo apropriadas para a produção de silagem
de produção da silagem tem sido muito teve início na safra passada. “Este ano,

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estamos dando continuidade ao trabalho da silagem. Estes decidiram plantar sorgo
com algumas cultivares diferentes que es- na próxima safra”, comentou o gerente da
tão sendo multiplicadas e comercializadas Embrapa.
por empresas licenciadas pela Embrapa. Durante a próxima etapa do
As sementes estão disponíveis nas lojas de programa, o acompanhamento das áreas
insumos da região, o que facilita o acesso será realizado pelos extensionistas locais
dos produtores.” e profissionais da Embrapa, por meio de
As cultivares de milho da visitas periódicas e relatórios técnicos.
Embrapa distribuídas são as variedades Serão registrados o desenvolvimento das
BRS 4103 e BRS Caimbé, os híbridos BRS culturas e as informações fornecidas pe-
3040, BRS 2022 e HTMV1. Já de sorgo fo- los produtores. Para os meses de feve-
ram disponibilizados o híbrido BRS 655 e reiro e março de 2016 estão previstos en-
a variedade BRS Ponta Negra. Na avalia- contros técnicos e dias de campo com o
ção realizada na safra 2014/2015, o BRS objetivo de apresentar os resultados e as
655 se destacou pelo seu potencial para tecnologias utilizadas nas unidades de-
produção de silagem. Apresentou elevado monstrativas.
rendimento de matéria seca (aproximada- As 30 propriedades onde se-
mente 18.437 quilos por hectare); e alta rão instaladas as unidades demonstrativas
qualidade, com produção de 17.404 quilos estão localizadas nos seguintes municí-
de leite por hectare e 944 quilos de leite pios: Baldim, Esmeraldas, Florestal, Funi-
por tonelada de matéria seca ingerida. lândia, Inhaúma, Jaboticatubas, Jequitibá, Variedade BRS
Outro fator observado na úl- Maravilhas, Mateus Leme, Matozinhos, Caimbé é uma das
cultivares de milho
tima safra foi o comportamento das culti- Onça de Pitangui, Papagaios, Pará de Mi- da Embrapa que
vares em relação à estiagem. “Na época nas, Pedro Leopoldo, Pequi, Santana de integram o Programa
de Melhoria da Cadeia
em que foi realizado o trabalho, houve na Pirapama, São José da Varginha. Produtiva do Leite
região escassez hídrica em função da falta
de chuva. Os plantios de milho para sila-
gem ficaram comprometidos. O sorgo, por
ser mais tolerante à seca, teve já no pri-
meiro corte produtividades superiores às
do milho e ainda possibilitou um segundo
corte com ótimas produtividades impulsio-
nadas pelas chuvas que se concentraram
na safrinha”, explica Reginaldo.
Essa situação exerceu influ-
ência na decisão dos produtores para os
plantios seguintes. “Produtores que em
2013/2014 plantaram milho não tiveram
alimento suficiente para o rebanho na
época da seca. Alguns que nunca haviam
plantado sorgo para silagem tiveram essa
experiência em 2014/2015, conseguiram
alimento para todo o rebanho e ainda com
Embrapa Milho e Sorgo

a possibilidade de venda do excedente

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Pecuária

Arquivo

Nas primeiras seis horas de vida,


o animal deve ser supervisionado
para assegurar que ele mamou o
colostro, primeiro leite secretado
Manejo correto garante
qualidade de vida de bezerros
pós-parto, considerado “a
primeira vacina” que o recém-
nascido recebe

A
média da mortalidade de bezerros do rebanho brasileiro é de colocação do brinco.
8%. Com o manejo adequado, a Embrapa Pecuária Sudeste Nas primeiras seis horas de
(São Carlos-SP) conseguiu reduzir esse valor pela metade, vida, o animal deve ser supervisionado
apresentando resultados significativos quanto aos procedimentos para assegurar que ele mamou o colostro,
adotados com os recém-nascidos. primeiro leite secretado pós-parto, consi-
É comum que pastos em geral apresentem micro-or- derado “a primeira vacina” que o recém-
ganismos que causam diarreia, principal causa da morte de bezer- -nascido recebe. Quanto à nutrição, Mas-
ros recém-nascidos. Para que isso não aconteça, o veterinário Raul carenhas conta que as vacas alimentam-se
Mascarenhas, da Embrapa Pecuária Sudeste, recomenda que, três principalmente do pasto disponível na fa-
meses antes dos nascimentos, o piquete maternidade ao qual as zenda. Caso o pasto se esgote, os animais
vacas serão direcionadas seja isolado do trânsito de animais para passam a receber silagem no cocho.
que não haja contaminação do local. Os filhotes mamam até os
Na Embrapa Pecuária Sudeste, logo após o parto, a oito meses de idade, no caso dos bovinos
mãe e o filhote são pesados, a condição do bezerro é avaliada e os de corte. “Algumas vezes, os bezerros
animais recebem chip e brinco de identificação. Também é realizada são rejeitados e, nesta situação, o pro-
a cura do umbigo com solução de álcool iodado a 7,5% e a aplica- dutor precisa encontrar uma mãe de leite
ção de um endoectocida, remédio que entre outras funções mata para o filhote ou fornecer leite de outras
as larvas de mosca e evita o aparecimento de bicheira nos lugares vacas na mamadeira, duas vezes ao dia”,
onde o animal tem tecido vivo exposto, tais como umbigo e local de acrescenta.

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Priscilla Mendes/Mapa

Mohammed Al-Meshal
e Kátia Abreu após
assinatura de acordo de
prelisting
Arábia Saudita assina acordo
para compra de carne brasileira

C
om o objetivo de agilizar a habilita- tação - o que, na prática, representa uma
ção de plantas e intensificar o co- autorização automática para as empresas.
mércio bilateral, a Arábia Saudita O país importador poderá, a
assinou nesta segunda-feira (9) acordo de qualquer tempo, realizar missões de audi-
prelisting - listas pré-autorizadas de esta- toria para verificar a conformidade das nor-
belecimentos exportadores - para a carne mas. Com o acordo, a ministra Kátia Abreu
bovina brasileira. A medida é resultado do espera maior agilidade e menos burocra-
fim do embargo ao produto, anunciado cia, a fim de dar início às vendas “o mais
nesta manhã durante reunião entre a mi- rapidamente possível”. “O prelisting indica
nistra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária a credibilidade dos serviços de inspeção
e Abastecimento) e o CEO da Autorida- do Ministério da Agricultura. É um sinal de
de Saudita de Alimentos e Medicamentos confiança para o mundo”, destacou.
(SFDA), Doutor Mohammed Al-Meshal. Com o fim do embargo e a as-
O prelisting confere maior ce- sinatura do prelisting, agora cabe às em-
leridade à habilitação das plantas frigorífi- presas brasileiras manifestarem interesse
cas interessadas em vender carne bovina em exportar carne para a Arábia Saudita.
ao país. O acordo foi possível graças aos Em seguida, a Secretaria de Defesa Agro-
bons resultados da missão técnica de au- pecuária do Mapa verificará quais estabe-
ditoria realizada pelos árabes em junho nos lecimentos atendem aos requisitos sanitá-
estabelecimentos brasileiros. rios do país. O setor estima que a abertura
No prelisting, a autoridade sa- do mercado saudita represente potencial
nitária do país exportador verifica os esta- de exportação de 50 mil toneladas de car-
belecimentos que atendem aos requisitos ne ao ano, o que equivale a aproximada-
exigidos e os indica como aptos à expor- mente US$ 170 milhões.

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Arquivo

GTPS defenderá pecuária


Fernando Sampaio: “A
pecuária é vista como
vilã quando o assunto é
mudanças climáticas no

brasileira durante COP 21 mundo. Precisamos mudar


este pensamento errôneo”

O
Grupo de Trabalho da Pecuária discussões por elas desenvolvidas podem
Sustentável (GTPS) estará presen- auxiliar no alcance das metas estabelecidas
te no Global Landscapes Forum, pela Convenção de Mudanças Climáticas.
uma das maiores plataformas do mundo O presidente do GTPS, Fer-
para discussão de questões relacionadas nando Sampaio, ressalva a grande relevân-
ao uso do solo. O evento, que pretende cia em participar do Global Landscapes
contar com 2,5 mil participantes, aconte- Forum. “Para o GTPS, é muito importante
cerá nos dias 5 e 6 de dezembro, em Paris, estar presente em eventos como este para
em paralelo à 21 Conferência das Partes esclarecer dúvidas que permeiam o setor.
(COP). Na ocasião, o GTPS apresentará o A pecuária é vista como vilã quando o as-
Position Paper, que tem como missão tratar sunto é mudanças climáticas no mundo.
dos assuntos frequentemente relacionados Precisamos mudar este pensamento errô-
à pecuária, tais como: desmatamento/bio- neo, além de divulgar o nosso trabalho em
diversidade, emissão de gases de efeito prol de uma atividade mais sustentável, so-
estufa e uso da água. cialmente justa, ambientalmente correta e
No segundo dia do evento, o economicamente viável”.
GTPS estará presente no espaço Finance & O Global Landscapes Forum
Trade Pavilion, em uma ação conjunta com é organizado por um consórcio multisseto-
a Associação Brasileira do Agronegócio rial de organizações internacionais, dentre
(ABAG), a Coalizão Brasil Clima, Florestas elas o Banco Mundial, o Programa das Na-
e Agricultura, a Sociedade Rural Brasileira ções Unidas para o Meio Ambiente (PNU-
(SRB) e a Fundação Brasileira para o De- MA) e Desenvolvimento (PNUD), o World
senvolvimento Sustentável (FBDS). As or- Resources Institute (WRI) e o Center for In-
ganizações pretendem demostrar como as ternational Forestry Research (CIFOR).

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Opinião

Ale Carolo / alecarolo.com


Suinocultura
em transformação
Paola Buzollo* espaço entre as grandes companhias de
produtos de origem animal. Empresas que

C
ampinas, SP, sediou o XVII Con- possuem programas voltados para melho-
gresso da Abraves, evento que ria de seus processos englobando estes
reuniu vários especialistas da aspectos observam maior valorização de
suinocultura mundial, de 20 a 23 de ou- suas marcas.
tubro, para debater os principais desafios A União Europeia tem, atual-
e oportunidades para a atividade em um mente, as regras mais rígidas sobre bem-
cenário de transformações, promover atu- -estar animal do mundo. A opinião pública
alização técnica e contribuir com o desen- europeia foi determinante para tais legis-
volvimento do setor suinícola. lações e, também, para o reconhecimento
A “suinocultura em transfor- dos animais como seres sencientes em
mação” foi o principal tema discutido sob tratados como o de Amsterdã, de 1999,
a ótica de todos os aspectos da produ- ou o de Lisboa, em 2009. Na suinocultura,
ção e as crescentes mudanças exigidas as baias coletivas para matrizes são obri-
pelo mercado atual e futuro. O desafio de gatórias em todos os 28 países membros
aumentar a produção de proteína animal desde 1º de janeiro de 2013, e a tendência
sem aumentar a área de ocupação para é que países produtores de todo o mundo
absorver a demanda de uma população adotem a mesma postura, tendo a União
crescente, o advento de novas tecnolo- Europeia como modelo.
gias e a maior exigência do consumidor A necessidade de mais gran-
moderno por bem-estar animal, seguran- jas tecnificadas e que investem na ambi-
ça do alimento e sustentabilidade, têm le- ência dos animais também é um assunto
vado o setor a estas transformações que recorrente nos encontros suinícolas no
acontecem em ritmo cada vez mais ace- Brasil. Produtores que ainda resistem aos
lerado. adventos da tecnologia perdem cada vez
Hoje observamos que o perfil mais espaço e vêm encontrando dificulda-
dos consumidores está mudando. O pre- des para se manter no setor. Além disso,
ço vem deixando de ser o fator determi- o recente susto com o Senecavírus A em
nante para a escolha de um produto, o várias regiões brasileiras evidencia o des-
acesso rápido à informação nos tornou preparo diante de possíveis riscos sanitá-
muito mais exigentes com os itens que rios.
escolhemos para alimentar nossas famí- Apesar de contar com um se-
lias. Questões como bem-estar animal e tor privado competente, o Brasil não está
sustentabilidade ganham cada vez mais preparado para lidar com doenças exó-

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Opinião

A suinocultura é uma
atividade dinâmica. O ticas. A estrutura diagnóstica não é sufi- A suinocultura é uma ativida-
surgimento de novas
tecnologias e ferramentas ciente, tampouco os planos de contingên- de dinâmica. O surgimento de novas tec-
de gestão é constante cia. Ajustes também são necessários em nologias e ferramentas de gestão é cons-
grande parte dos sistemas de produção, tante e acontece em intervalos cada vez
que carecem de preparo para lidar com menores. Diante deste cenário de perma-
doenças infecciosas, tanto no âmbito de nente transformação, é vital ao produtor
infraestrutura, quanto nos protocolos de conseguir antever e acompanhar as ten-
biossegurança adotados. dências que influenciam a forma de pro-
Outra questão importante é a duzir suínos e manter-se competitivo.
dificuldade de mão de obra em todos os
níveis. O desafio de qualificação e, prin-
cipalmente, motivação de mão de obra
para a suinocultura, tende a crescer ainda *Paola Buzollo é médica
mais. Os gestores devem se atentar para veterinária formada pela Universidade
novas estratégias, investir sim em automa- Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
tização, mas também nos recursos huma- Filho” (Unesp), campus de Jaboticabal,
nos a fim de promover a sustentabilidade SP. E-mail para contato: paolabuzollo@
do negócio. gmail.com

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