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LESÕES COMPATÍVEIS COM

LEUCOSE BOVINA ENZOÓTICA EM MATADOURO


D. Moura1, M.A. Sousa1, J. García-Díez2, J. Oliveira2, A. Esteves2, M.A. Pires2, C. Saraiva2*
Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária da Região Norte. - S. Torcato
1
2CECAV-Centro de Ciência Animal e Veterinária. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

DESCRIÇÃO DO CASO

Foi destinado para abate imediato, em matadouro, um bovino do sexo feminino, raça cruzado de carne, com 16 meses. Durante a inspeção ante-mortem,
verificou-se que o bovino apresentava um estado de magreza acentuado, temperatura corporal normal, e sinais de prostração severa, não se tendo
verificado outros sinais visíveis de doença. A inspeção post-mortem revelou mau estado geral da carcaça, com magreza excessiva. Verificou-se que os
linfonodos ilíacos (figura 1), intra-torácicos, pré-escapulares, précrurais, cervicais, mesentéricos, mediastínicos, brônquicos, hepáticos, sub-mandibulares,
retrofaríngeos e parotídeos estavam hipertrofiados. Externamente tinham um aspeto liso, sem aderências aos tecidos circundantes e de consistência
firme. Ao corte observaram-se massas inespecíficas, de cor lardácea ou branco-amarelada, com zonas hemorrágicas e focos de necrose, perdendo-se os
detalhes das estruturas anatómicas ganglionares. O fígado estava aumentado de tamanho e apresentava uma coloração pálida e múltiplos nódulos de
tamanhos variáveis, com as características nodulares anteriormente descritas. O omaso (figura 3) apresentava um aumento da espessura da parede com
hemorragias e úlceras. Os rins apresentavam nódulos de diferentes tamanhos e petéquias na superfície do órgão.

Fig 1. Linfonodo ilíaco hipertrofiado Fig 2. Fígado com massas inespecíficas Fig. 3 Omaso com aumento da espessura da
com zonas hemorrágicas e nodulares branco-amareladas parede, ulceras e hemorragias
necróticas

ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA
O exame microscópico revelou gânglios linfáticos como sede de tumor de origem linfóide, com linfócitos pequenos e médios de atipia evidente. O tumor está
presente no fígado (figura 4), gânglios (figura 5) e rim (figura 6). Restantes órgãos sem alterações de registo. Pulmão com lesões de pneumonia
broncointersticial. Coração sem alterações de registo. Omaso com hemorragia e necrose da submucosa e muscular.

Fig 4. Fígado. Infiltrado neoplásico Fig 5. Gânglio linfático. Infiltrado neoplásico Fig 6. Rim. Infiltrado neoplásico

CONCLUSÃO

A leucose enzoótica bovina (LEB) é uma doença crónica, viral e contagiosa, de tipo neoplásico, que se caracteriza por desenvolver tumores malignos no tecido
linfático (linfosarcomas) e causada pelo vírus da leucose bovina (VLB), um retrovirus RNA. A transmissão da LEB é principalmente horizontal mas também
indireta ou iatrogénica devido a práticas de maneio inadequadas. Pode ainda verificar-se transmissão vertical durante a gestação ou parto. A sua importância
radica nas nas perdas económicas diretas (sequestros sanitários, diminuição da eficiência reprodutiva e produção de leite, reprovação de carcaças em
matadouro) e nas indiretas (diminuição da imunidade) e pelo fato de ultimamente se estar a considerar uma doença potencialmente zoonótica (recente deteção
do VLB em humanos podendo afetar naturalmente células humanas.

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