SINDPEN-DF

Sindicato dos Policiais

Penais do Distrito Federal

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Ofício: 188/2020/SINDPEN-DF Brasília, 28 de abril de 2020

Meritíssima Sra. Juíza

Dra. LEILA CURY
Vara de Execuções Penais - VEP
Distrito Federal – DF

Assunto: Liberação de entrega de sacolas e dinheiro no Sistema Penitenciário do Distrito Federal

M. Juíza,

Desde que a Pandemia do Novo Coronavírus foi declarada pela Organização Mundial de Saúde,
inúmeras medidas foram tomadas no âmbito do Sistema Penitenciário do Distrito Federal, dentre as
primeiras, a suspensão das visitas.

Contudo, conforme consta no site da SESIPE, serão recebidas dos familiares sacolas com man-
timentos e produtos de higiene, bem como dinheiro (alternativamente às sacolas), sendo autorizada,
para tanto, a entrada de 600 pessoas por dia de visita em cada unidade prisional. Ou seja, serão 3 mil
pessoas adentrando o Sistema Penitenciário semanalmente, totalizando 12 mil ao final de cada mês,
colocando em risco a saúde e a vida de tais pessoais, bem como dos policiais penais e dos internos.

Conforme se depreende da informação, as referidas sacolas, ou o dinheiro, serão recebidos pelos

policiais penais, responsáveis de encaminhar os itens aos internos.

O SINDPEN reconhece que a medida é importante, porém é contrária às recomendações de

todas as autoridades de saúde, em especial em relação à aglomeração. Ainda que esteja prevista a
entrega em dois turnos, manhã e tarde, será impossível evitar aglomerações, dado o número previsto
de pessoas, aglomeração essa que se iniciará já nos transportes que levam os visitantes às unidades
prisionais.

O próprio espaço físico das unidades prisionais não comporta o recebimento dessas pessoas sem
aglomeração.

As visitas foram suspensas, inclusive a dos advogados, exatamente para amenizar o contato dos
internos e dos policiais com o mundo externo, com vistas à sua proteção. E ainda assim, os números de
casos da COVID-19 crescem diuturnamente no Sistema Penitenciário. Logo, apesar da boa intenção, a
medida em apreço acaba afrouxando o isolamento necessário ao combate da transmissão da doença.

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Portanto, o SINDPEN entende que o recebimento desses visitantes e de suas sacolas ou dinheiro
pode ser prejudicial a todos.

Além do contato entre familiares e policiais penais, o contágio pode se dar também por meio das
sacolas e do dinheiro, os quais serão em seguida entregues aos internos. E certamente nenhum desses
objetos será desinfetado. O risco de uma situação caótica é iminente.

As autoridades de vários segmentos, não apenas da saúde, tomaram e continuam tomando di-
versas decisões no sentido de conter o avanço desenfreado da doença, a exemplo de fechamento de
comércio, autorização de teletrabalho, suspensão das aulas, obrigatoriedade de uso de máscaras, den-
tre tantas outras.

Os policiais penais estarão em risco. Os familiares dos policiais estarão em risco. Os internos
estarão em risco. As famílias dos internos estarão em risco. Toda a sociedade brasiliense fica em risco.

Portanto, diante de todo o exposto, o SINDPEN expressa com veemência ser contrário ao re-
cebimento dos visitantes, de suas sacolas e de dinheiro por entender que o referido ato contraria as
recomendações das autoridades sanitárias.

Por fim, o SINDPEN esclarece que sua intenção não é a de dificultar que os mantimentos e pro-
dutos de higiene cheguem aos internos, mas tão somente preocupa-se com o risco de aumentar a
disseminação da doença no Sistema Penitenciário.

Assim sendo, coloca-se à disposição para recolher as sacolas enviadas pelos familiares, suspen-
dendo-se a entrega de dinheiro, sugerindo que as sacolas sejam deixadas em postos de arrecadação
espalhados pelo Distrito Federal, em quartéis de corpos de bombeiros, por exemplo, evitando-se, as-
sim, aglomerações e entrada de pessoas nas unidades prisionais.

A ideia dos postos de arrecadação é inclusive mais benéfica aos familiares, os quais poderão
escolher o posto mais próximo de suas residências.

Sem mais, agradecemos a compreensão e reiteramos nossa consideração e elevado apreço.

Atenciosamente,

PAULO ROGÉRIO
Presidente do Sindpen-DF

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