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EPA.

Protágoras (Πρωτάϒοραϛ) de Platão - Se é possível ensinar


a ciência política e fazer dos homens melhores cidadãos
Logo, das duas coisas que são boas e proveitosas (opinião verdadeira e
ciência ou saber) umas delas é descartada, e não haveria na ação política a
ciência como guia. (Sócrates in, PLATÃO, Ménon, 99b).

1. Sobre o tema da Obra: O Protágoras é o primeiro dos diálogos maiores em extensão (...)
A perspetiva com que aborda estas questões (i.é, a definição das virtudes e as relações entre a
virtude e o conhecimento/saber) é maior do que aquela mantida nos diálogos breves
(Eutífron, Apologia, Críton...), uma vez que nela não se procura formular a definição de tal ou
tal virtude em concreto, mas determinar se a areté (excelência) é ensinável em termos gerais.
O carácter didáctico da excelência moral e política, que ali se discute – que é um tema de
maior interesse na época da democracia ilustrada por Péricles e um dos lemas da ideologia
dos Sofistas – remete à existência de uma epistemé ou techné politiké, sobre a qual os
pressupostos de Sócrates e de Protágoras são divergentes. No final do diálogo, assistimos a
uma curiosa mudança de posição entre os dois principais personagens: Protágoras, que
começou postulando como um facto evidente o ensino dessa areté (excelência moral e
política), desconfia de tal possibilidade, e Socrátes, que começou por se estranhar de tal
afirmação, vê-se a admitir que se a areté é conhecimento (um saber ou ciência do Bem),
como parece sugerir-se poderá ser susceptível de ensino (...)
A conclusão do Protágoras é como já dissemos, um tanto quanto surpreendente. Pois
chegamos à conclusão de que toda a virtude é um saber ou ciência do bem; a se a virtude é
saber, teria que ser possível ensiná-la, já que, como sabemos perfeitamente, o que é ciência se
ensina, e o que se ensina é ciência. Ora bem, paradoxalmente, é Sócrates, segundo vimos,
quem afirma que é ciência (saber ou ciencia intuitiva dos valores e do bem), quem nega que
seja ensinável, e Protágoras, quem pretendia ensiná-la, quem não admite que seja ciência.
(PLATÃO, Diálogos I, «Protágoras», GREDOS, pp. 489-495).

2. ESTRUTRA/COMPOSIÇÃO: O esquema da obra resulta (...) de um prólogo seguido de


dois actos (separados por um intermédio de 334c-338e), ou melhor, de três actos, como se
preferiu aqui. Esta qualificação de Actos é, por assim dizer, convencional.
Prólogo (309a-310a):
(1). Sócrates encontra seu amigo e começa o seu relato (na casa do rico Calias).
Acto I (310b-319a).
2. Hipócrates acolhe Sócrates. Conversação de ambos.
3. Em casa de Calias. A reunião dos Sofistas, Calias, Protágoras, Hípias, Pródico, Alcíbiades e
Górgias (314b-316a).
4. Apresentação de Protágoras e do seu Ensino
Acto II (319a-334c):
5. Objeções de Sócrates (ao companheiro/amigo).
6. Discurso de Protágoras: Mito do Prometeu (320c-323a), seguido de explicação e de
apologia (323a-328d).
7. Réplicas de Sócrates e Diálogo entre Sócrates e Protágoras.
Intermédio de (334c-338e)
8. Intervenções Conciliadoras (de Hípias, Pródico, Calias e Alcíbedes).
Acto III (338e-347a).
9. Comentário Poético de Simónides por Sócrates.
10. Regresso ao Diálogo (347b-349d).
11. Segundo diálogo entre Sócrates e Protágoras acerca da unidade da virtude («a virtude
como um todo»;«a virtude em si e por si mesma» - Ménon), e a sua relação com o
conhecimento/saber.
Epílogo (360e-362a)
12. Inconclusão e despedida.
(Ibidem, pp. 496-497).
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