Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE ODINRIGHT
Sobre a obra:
Sobre nós:
eLivros .love
Converted by ePubtoPDF
UM DIA DE CÓLERA
ARTURO PÉREZ-REVERTE
ASA LITERATURA
Digitalização e Revisão: Agostinho Costa
Traduzido do Espanhol por Helena Pitta
Título Original: “UN DÍA DE CÓLERA”
2007, Arturo Perez-Reverte
Composto por GSamagaio, Porto
Impresso e acabado por EIGAL
1ª edição: Novembro de 2008
Edições ASA, S.A.
Uma chancela do Grupo Leya
E-mail: edicoes@asa.pt
Internet: www.asa.pt
Este relato não é ficção nem livro de História. Também não tem um
protagonista concreto, pois foram inúmeros os homens e mulheres envolvidos
nos acontecimentos do 2 de Maio de 1808 em Madrid. Heróis e cobardes,
vítimas e verdugos, a História reteve os nomes de boa parte deles: as relações de
mortos e feridos, os relatórios militares, as memórias escritas por actores
principais ou secundários da tragédia fornecem dados rigorosos ao historiador e
estabelecem limites à imaginação do romancista. Todas as pessoas e locais que
aqui aparecem são autênticos, bem como os acontecimentos narrados e muitas
das palavras que se pronunciam. O autor limita-se a reunir, numa história
colectiva, meio milhar de pequenas e obscuras histórias particulares registadas
em arquivos e livros. A imaginação, por isso, limita-se à humilde argamassa
narrativa que une as peças. Com as liberdades que a palavra romance justifica,
estas páginas pretendem devolver a vida àqueles que, durante duzentos anos,
foram apenas personagens anónimas em gravuras e telas contemporâneas, ou
concisa relação de vítimas nos documentos oficiais.
Desdenharam os seus interesses ocupando-se apenas da injúria recebida.
Indignaram-se com a afronta e sublevaram-se perante a nossa força, recorrendo
às armas. Os Espanhóis em massa comportaram-se como um homem de honra.
Napoleão Bonaparte, citado por Les Cases Memorial de Santa Helena
Tenho por inimigo uma nação de doze milhões de almas, indescritivelmente
enfurecidas. Tudo o que aqui se fez a 2 de Maio foi odioso. Não, Sire. Estais
enganado.
A Vossa glória afundar-se-á em Espanha.
Carta de José Bonaparte ao seu irmão, o imperador
Os que deram a cara não foram na verdade os doutos. Esses deixaram-se
contagiar pelo sarampo napoleónico e, em nome das ideias novas, ter-se-iam
deixado rapar como maçaricos e impor o uniforme imperial. Os que salvaram
Espanha foram os ignorantes, os que não sabiam ler nem escrever... O único
papel decoroso que Espanha desempenhou na política europeia foi representado
por esse povo ignorante que um artista tão ignorante e genial como ele, Goya,
simbolizou naquele homem ou fera que, com os braços abertos, o peito saído,
desafiando com os olhos, ruge diante das balas que o assediam.
Ángel Ganivet Granada La bella