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:: O risco Genro
O cineasta argentino Garcia Videla, que está produzindo no México um filme sobre
Trotsky, é mais prudente que Tarso Genro. Jamais ousaria falar em ventura stalinista:
"Deve-se evitar que o comunismo e o marxismo se identifiquem com o stalinismo, ou
seja, com uma crueldade absoluta e uma destruição total dos princípios humanistas
do socialismo". Observe o leitor a falácia do argumento. Primeiro, dissocia stalinismo
de comunismo e marxismo, como se Stalin não fosse o grande líder dos comunistas e
marxistas do século passado. Segundo, na mesma frase pula para os “princípios
humanistas do socialismo”, naturalmente identificados com o comunismo e o
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Lula, por sua vez, tenta comparar-se aos nomes que um dia ocuparam a Suprema
Magistratura da nação. Comparou-se primeiro a Getúlio Vargas e depois a Juscelino
Kubitschek. Desastradas comparações. Se tivesse um dia se debruçado sobre algum
livro de História do Brasil, saberia que Getúlio derrotou os comunistas na Intentona
de 35, quando Stalin enviou seus agentes assessorando Prestes, o assassino de Elza
Fernandes, para fazer deste país mais uma republiqueta soviética. Lula, por sua vez,
preencheu seu ministério com bolcheviques históricos, criminosos de longa folha
corrida, transfigurados em heróis pelo trabalho de desinformação do PT.
Juscelino, como Lula, nasceu pobre. Mas deu-se ao trabalho de estudar e formou-se
em Medicina, ao contrário do Supremo Apedeuta, diplomado em demagogia barata
nas escolas do sindicalismo. Em verdade, tem algo em comum com Lula. Foi em seu
governo que os comunistas, a começar por Niemeyer, começaram a tomar pé em
Brasília. Lula evita, por um mecanismo psicológico perfeitamente compreensível, o
único paralelo pertinente: sua biografia está, hoje, intimamente ligada à de Fernando
Collor de Mello.
Hélio Bicudo, um dos vultos históricos do PT, acaba de declarar que Lula “é mestre
em esconder a sujeira debaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma”. Se sempre agiu
assim, Bicudo sabia disto desde sempre. Por que só conta agora, quando o Líder
Máximo de seu partido está naufragando? Tivesse nos contado antes, nos teria
poupado este desastre nacional.
Falei em Kerenski. Para ilustração dos mais jovens, Aleksander Kerenski foi o chefe
do Governo Provisório, instalado em julho de 1917 na Rússia, que precedeu a tomada
definitiva do poder por Lênin e Trotsky, em novembro do mesmo ano. Quando evoca-
se Kerenski, quer-se sinalizar a instalação próximo de uma ditadura comunista. A
bem da verdade – e discordando de muitos articulistas deste jornal – não consigo ver
esta ameaça pela frente. O Brasil de hoje não admitiria médicos ou professores
universitários ganhando 15 dólares por mês, nem médicas ou engenheiras tendo de
vender o próprio corpo para arredondar as contas de fim de mês.
Ditadura aos moldes soviéticos, não acredito. Mas as ditaduras têm muitas faces.
Quem está pintando como candidato a tiranete é o atual presidente do PT, cuja
primeira proposta ao tomar posse do cargo foi a de que todos os ministros a ele
prestassem contas de seus atos. Seria o caso de perguntar-se para que serve então o
presidente da República. Tarso Genro tem ambições presidenciais e está aplainando o
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campo para sua candidatura. Pelo que saibamos, jamais repudiou a “ventura
stalinista”. Há quem tema, em caso de impeachment, um governo de Severino. Ora,
Severino é um simplório “coroné” nordestino, sem preparo algum para gerir o que
quer que seja, muito menos uma ditadura. Não é o caso de Tarso, o último stalinista
impenitente a tentar estancar a sangria de um partido que nasceu totalitário e ora
agoniza num mar de lama. Como neste país basta um marqueteiro de talento para
fazer um presidente, o risco existe.
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