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COMUNISMO & NAZISMO

A Primeira Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918.


A crueldade dessa carnificina em escala global era tão evidente que a maioria das pessoas considerava
impossível repetir tamanha loucura.
Entretanto, existia na Rússia um grupo que sonhava com uma Segunda Guerra Mundial ainda mais cruel, em
que o sangue derramado afogaria não só a Europa e a Ásia, mas todos os outros continentes.
Esse grupo se autodenominava bolchevique, ou comunista (isto é, socialista marxista).
Vladimir Ulianov (pseudônimo: Lenin) liderava o grupo e dizia que ele era um partido político.
Todavia, as estratégias e táticas do grupo de Lenin não se assemelhavam as de um partido político, mas de
uma gangue bem organizada e conspiratória.
De um lado, representantes do partido comunista ocupavam assentos na Duma (o parlamento russo).
Do outro, Lenin acreditava que as reservas financeiras do partido deviam aumentar a qualquer custo, mesmo
que isso envolvesse roubar bancos.
Os comunistas não devem então ser considerados como políticos, mas como criminosos.
Por isso, não era incomum que os comunistas, como os criminosos que eram, escondessem sua verdadeira
identidade atrás de pseudônimos.
Um exemplo famoso: Stalin, o "homem de aço", era na verdade um assaltante de bancos chamado Ioseb
Jughashvili, muito popular entre os camaradas por manter o cofre do partido sempre cheio.
Em 7 de novembro de 1917, sob a liderança de Lenin e Lev Bronstein (pseudônimo: Trotsky), os comunistas
deram um golpe de estado e tomaram o controle da capital da Rússia, Petrogrado (atual São Petersburgo).
Momentos depois que o governo comunista tomou posse, o primeiro documento oficial, o Decreto de Paz,
foi redigido e assinado.
Esse decreto significou nada menos que um ato de plena rendição da Rússia diante da Alemanha.
O exército russo, sob as ordens de Lenin, literalmente abandonou as trincheiras e voltou para casa.
A partir desse momento, o front oriental deixou de existir.
A Alemanha teve então a oportunidade de concentrar seus esforços no front ocidental para enfrentar
Inglaterra, França e EUA.
Num só golpe, Lenin havia tirado a Rússia da guerra e angariado a simpatia da Alemanha.
Apesar da rendição russa, a situação do exército alemão piorava cada vez mais.
A fim de permanecer lutando por tanto tempo quanto fosse possível, a Alemanha precisava de recursos
estratégicos em grande quantidade.
Em março de 1918, Lenin novamente socorreu o kaiser Guilherme II, dessa vez ao assinar o Tratado de
Brest-Litovsk.
Por esse tratado, os comunistas se comprometiam a entregar cerca de um milhão de quilômetros quadrados
da Rússia aos alemães.
A área ocupada compreendia mais de 25% das ferrovias, indústrias e terras cultivadas do país.
75% do aço e ferro russos eram fundidos nessa área, e 90% do carvão russo eram minerados lá também.
Um acordo financeiro, assinado em agosto de 1918, estipulava que a Rússia se obrigava a pagar à
Alemanha, a título de compensação, um total de 6 bilhões de marcos alemães.
Sem esse generoso "presente", a Alemanha não teria resistido até novembro de 1918.
Os comunistas fizeram tudo ao seu alcance para que a Alemanha seguisse lutando e a guerra durasse o
máximo possível.
Eles ambicionavam uma revolução não apenas russa, mas européia.
O comunismo se fortalece com as crises, portanto, quanto mais destruída a Europa estivesse, mais plausível
seria uma revolução européia.
Em 11 de novembro de 1918, a Europa encontrava-se exatamente como os comunistas desejavam.
O continente encarava uma crise sem precedentes, que afetava todos os setores, incluindo economia, política
e sociedade.
Justamente então, evaporou-se o interesse dos comunistas pela paz.
Em 13 de novembro de 1918, Lenin emitiu uma ordem para que o exército russo (chamado agora de
Exército Vermelho) iniciasse operações ofensivas contra a Europa.
Em poucos dias, o Exército Vermelho conquistou os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).
Em 17 de novembro de 1918, um manifesto comunista publicado na Letônia apontava a Alemanha como o
próximo alvo.
A meta dessas operações era ambiciosa: não apenas fomentar revoluções comunistas nos países mais
afetados pela guerra, mas também desencadear outra guerra mundial.
Essa guerra serviria para derrubar a Inglaterra e a França, semeando o comunismo não apenas nesses países,
mas também nas suas colônias.
Antes de prosseguir, é importante lembrar que tal plano só pôde ser aplicado na prática por causa dos
próprios alemães.
Em abril de 1917, Lenin estava escondido na Suíça, mas conseguiu retornar para a Rússia de trem graças ao
auxílio do general alemão Erich Ludendorff.
Os alemães esperavam que os comunistas tomassem o poder e abandonassem a guerra, mas não imaginaram
que isso seria feito para promover uma revolução comunista na Alemanha.
Ainda assim, o apoio dos alemães à causa comunista foi modesto se comparado aquele prestado pelos
banqueiros de Wall Street, em New York, nos EUA.
Adeptas do socialismo fabiano, famílias como as dos Rockefeller e dos Rothschild patrocinaram o
comunismo russo na esperança de ver o socialismo se alastrando pelo mundo.
É significativo que metade de todo o parque industrial da Rússia comunista foi construído com dinheiro
proveniente de bancos americanos.
As operações ofensivas foram suspensas quando uma guerra civil irrompeu na Rússia, opondo os exércitos
Branco (anticomunista) e Vermelho (pró-comunista).
Isso salvou a Alemanha de ser conquistada pelo Exército Vermelho, que teve de permanecer na Rússia para
enfrentar os inimigos do comunismo.
Uma tentativa de invadir a Alemanha através da Polônia foi feita em 1920, mas as tropas do Exército
Vermelho foram esmagadas pelo general polonês Jozef Pilsudski na Batalha de Varsóvia.
Nesse mesmo ano, Lenin anunciou que no Tratado de Versalhes estavam as sementes da Segunda Guerra
Mundial, pois os alemães aguardavam a chegada do homem que lutaria para livrá-los da sua humilhação.
Lenin não sabia, mas esse homem já havia chegado.
Um ano antes, em 1919, Adolf Hitler havia aderido ao Partido Trabalhista Alemão para lutar contra o
Tratado de Versalhes, tanto que depois batizaria seu livro de Mein Kampf ("Minha Luta", em alemão).
Em 1923, os comunistas realizaram uma terceira tentativa de revolucionar a Alemanha.
Stalin e os demais líderes comunistas traçaram um plano meticuloso, que contava com a ação de agentes
infiltrados.
Lenin havia sido afastado da liderança, pois sofria de demência (e acabaria morrendo em 1924).
Contudo, faltava algo crucial ao plano de Stalin: uma tropa de choque que confrontasse a polícia enquanto
os comunistas tomavam as instituições alemãs.
Stalin encontrou sua tropa nos membros do Partido Trabalhista Alemão, agora chamado de Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) e liderado pelo próprio Hitler.
Comunistas e nazistas guardavam diferenças (classe proletária X nação proletária), mas ambos desejavam
uma revolução socialista na Alemanha.
O golpe, apelidado de Putsch da Cervejaria, ocorreu em Munique e foi sufocado pela polícia, que matou 16
nazistas e prendeu Hitler.
Durante a década de 1920, nenhum país europeu possuía condições de suportar uma nova guerra mundial.
Para que a paz fosse mantida, bastava preservar o Tratado de Versalhes, mantendo a Alemanha militarmente
debilitada.
Isso contrariava os interesses da Rússia comunista, agora chamada de União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS).
Assim sendo, a URSS desempenhou um papel central (e secreto) no renascimento do exército alemão.
Os comunistas forneceram ao exército alemão tudo aquilo que ele foi proibido de ter, principalmente
artilharia, aviões, tanques e treinamento.

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