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CAPÍTULO

Um mundo em guerra
2 (1914-1918)
Photographe Amateur/adoc-photos/Album/Latinstock

PARA PENSAR HISTORICAMENTE


Soldados caminham em campo
p

devastado na Bélgica. Foto de Um século inaugurado pela guerra


agosto de 1917.
Outra marca do século XX são as chamadas guerras mundiais. Neste
capítulo, você estudará a Primeira Guerra Mundial, que ficou conhecida
como a Grande Guerra até 1939, quando outra guerra de proporções ain-
da maiores fez com que as pessoas começassem a chamá-la de Primeira
Guerra Mundial. Para muitos historiadores, ela representou a inaugura-
ção efetiva do século XX.
Cerca de 9 milhões de pessoas perderam as suas vidas. O luto, a
fome, os ferimentos e as doenças foram outras desgraças que acompa-
nharam os sobreviventes. A consequência populacional dessas mortes
acompanhou a Europa por várias décadas. Diante desse quadro, ficam
as perguntas:
r O conflito entre as nações que se enfrentaram referia-se a interesses
das suas populações nacionais ou de apenas alguns de seus grupos so-
ciais e políticos?
r As riquezas vindas do domínio colonial eram concentradas na mão
de poucos. Os ônus do conflito armado que se originou pelas disputas
coloniais foi pago apenas pelos seus beneficiados, ou foi “socializado”
para toda a população?

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A POLÍTICA DE ALIANÇAS
No final do século XIX, o mundo se sujeitava à

Autoria desconhecida/Arquivo da editora


supremacia econômica de algumas potências capi-
talistas europeias, sobretudo a Inglaterra. Surgiam,
entretanto, indícios do deslocamento desse centro
dinâmico, pois alemães e norte-americanos sobrepu-
nham-se aos ingleses na produção de ferro e aço, ma-
térias-primas fundamentais para o desenvolvimento
industrial do período.
Nos Estados Unidos, as indústrias química, elé-
trica e automobilística se desenvolviam consideravel-
mente e, na Alemanha, a indústria bélica prosperava
com o programa naval de 1900, que visava conquistar
um tardio império colonial, o que despertava e acirra-
p A charge inglesa de 1914 mostra o Kaiser Guilherme II es-
va a rivalidade britânica. Além disso, as ambições co- tendendo a mão sobre a saboneteira em forma de Europa.
loniais alemãs no norte da África se chocavam com os A frase diz: “Ele não será feliz enquanto não a possuir”.
interesses franceses, como ficou evidente na disputa
dos dois países pelo controle do Marrocos, na chama- como os sérvios, os croatas e os eslovenos) lutavam
da Questão Marroquina de 1904. Esse é o contexto por suas independências, envolvendo as grandes
da charge inglesa do Kaiser (imperador) Guilherme potências e ativando suas rivalidades.
II na banheira, reproduzida nesta página: ela tem um Como vimos, a derrota francesa na Guerra Fran-
tom de ironia, por enfocar um nobre em uma ativida- co-Prussiana acarretou a perda da região da Alsácia-
de cotidiana, mas também de crítica, ao indicar que -Lorena para a Alemanha, o que despertou um forte
o Kaiser entende a Europa como um objeto de seu uso espírito nacionalista, de revanche, entre os franceses,
pessoal. abrindo a possibilidade de uma nova guerra europeia.
A Inglaterra, por meio de suas casas bancá- A Alemanha, desde sua unificação, fundamentou a
rias, era responsável por mais da metade do total política externa no isolamento da França, criando um
de capitais investidos em várias partes do mundo sistema internacional de alianças político-militares
e constituía o maior império colonial e uma das que cerceassem o revanchismo francês.
maiores potências militares do iní- Em 1873, o chanceler alemão Otto
cio do século XX. Apesar disso, von Bismarck instaurou a Liga dos
cada vez mais, sua hegemonia, Três Imperadores, da qual faziam
a chamada Pax Britannica, era parte a Alemanha, a Áustria-
ameaçada por outros países -Hungria e a Rússia. Entretanto,
imperialistas que exigiam a as divergências entre a Rússia e
redivisão colonial, sobretu- a Áustria com relação à região
Caricatura anônima/Arquivo da editora

do na África e na Ásia. dos Bálcãs, originadas do


A esses elementos de- apoio russo às minorias esla-
safiadores da paz mundial vas da região, que almejavam
vieram se somar as rei- a independência, acabaram
vindicações das minorias com essa aliança em 1878.
nacionais europeias, que Em 1882, o Reich (império) ale-
exigiam direito de autogover- mão firmou a Tríplice Aliança,
no, baseando-se nos ideais de unindo-se ao Império Austro-
unificação italianos e alemães -Húngaro e à Itália. Somente na úl-
e intensificando o militarismo tima década do século XIX a França
europeu. Poloneses, irlandeses, p Charge de 1904 sobre a Entente Cor- começou a sair de seu isolamento
finlandeses e, principalmente, os diale, com o feliz casal: o marinheiro e internacional, conseguindo esta-
a graciosa Marianne, representando,
povos do Império Austro-Hún- respectivamente, a potência marítima
belecer um pacto militar com a
garo (húngaros e grupos eslavos, inglesa e a França. Rússia em 1894.

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A Inglaterra se aproximou da França, formando pa dois grandes blocos antagônicos: a Tríplice Aliança
com ela o bloco denominado Entente Cordiale, em e a Tríplice Entente, que fomentaram a tensão que le-
1904, que fundia os interesses comuns dos dois países vou os países europeus aos preparativos armamentis-
no plano internacional. tas. Essa situação está representada no mapa abaixo.
A partir de então, as antigas hostilidades franco- O posicionamento da Itália diante desses dois
-inglesas foram esquecidas para que os dois países en- blocos era dúbio, pois, embora fizesse parte da Tríplice
frentassem um inimigo comum: o sucesso econômico Aliança, cultivava sérios conflitos com o Império Aus-
da Alemanha, sua expansão colonial e seu exaltado tro-Húngaro. Por causa da disputa pelas regiões irre-
nacionalismo. dentas – Trentino, parte sul do Tirol e da Ístria –, che-
A adesão da Rússia à Entente Cordiale originou a gou a assinar acordos secretos de não agressão com a
Tríplice Entente. Assim, passavam a existir na Euro- Rússia e com a França, países da Tríplice Entente.

A política de alianças: preparação para a guerra 0°

Cír
Allmaps/Arquivo da editora

ISLÂNDIA cul
o Po
la r Ártico

OCEANO
NORUEGA FINLÂNDIA
ATLÂNTICO Círculo Polar Ártico
SUÉCIA

DINAMARCA RÚSSIA
REINO UNIDO
PAÍSES
BAIXOS
IMPÉRIO
BÉLGICA ALEMÃO
LUXEMBURGO Alsácia- IMPÉRIO
SHANDONG
-Lorena AUSTRO- OCEANO
FRANÇA SUÍÇA -HÚNGARO IMPÉRIO
ÍSTRIA ROMÊNIA Mar Negro OTOMANO PACÍFICO
ITÁLIA SÉRVIA
CHINA
BULGÁRIA
PORTUGAL MONTENEGRO Trópico de Câncer
ESPANHA ALBÂNIA
IMPÉRIO
GRÉCIA OTOMANO
0 590 M a r CAMARÕES Ilhas
M
ed
ite
TOGO Marianas
Ilhas
km rrân
eo Marshall
Ilhas
Carolinas Equador
ÁFRICA Ilhas
ORIENTAL
OCEANO NOVA Ilhas Gilbert
OCEANO ÍNDICO GUINÉ Salomão
ALEMÃ
Tríplice Entente ATLÂNTICO Arquipélago
de Bismarck
Meridiano de Greenwich

Tríplice Aliança Trópico de Capricórnio


Países neutros, depois unidos às ÁFRICA DO
potências da Entente (1915-1917) SUDOESTE
Países neutros ALEMÃ
Colônias e territórios sob domínio
alemão em 1914
Influência alemã em 1914

Adaptado de: CAMERA, Augusto; FABIETTI, Renato. Elementi di storia XX secolo. Bolonha: Zanichelli, 1999. p. 1.169. vol. 3.

p A expansão colonial alemã colocou em xeque os domínios herdados no século XIX – daí as crescentes tensões entre as potên-
cias que rivalizaram na Primeira Guerra Mundial.

A QUESTÃO BALCÂNICA
A disputa pelos Bálcãs – região entre os mares locais e internacionais. Veja no mapa a seguir al-
Negro e Adriático – iniciou-se no final do século XIX, guns dos povos que compunham o mosaico étnico
com o desmembramento do Império Turco-Otomano, dos Bálcãs.
que se encontrava em rápida desagregação após Pretendendo dominar a região do mar Negro ao
mais de quatro séculos de existência (lembre-se da mar Egeu, passando pelos Bálcãs, a Rússia defendia
tomada de Constantinopla em 1453). A intervenção o pan-eslavismo e a independência das minorias
imperialista internacional na região, polarizada nacionais. Sua intenção era unificar os povos eslavos
pela Tríplice Entente e pela Tríplice Aliança, e balcânicos, libertando-os do enfraquecido Império
as lutas nacionalistas dos diversos povos que fa- Turco e garantindo sua influência e supremacia sobre
ziam parte do império originaram agudas crises as novas nações.

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Povos balcânicos e vizinhos 15° L poloneses

tchecos ucranianos
eslovacos

austríacos
húngaros
eslovenos romenos
croatas
herzegovinos
bósnios

Mar
Mar
sérvios

A
italianos Negro

dr
át
Os povos eslavos pertencem originaria- ico

i
P
búlgaros
mente ao grupo indo-europeu: russos, montenegrinos
ucranianos, sérvios, croatas, eslovenos, turcos
40° N albaneses
tchecos, eslovacos, morávios e polacos,
entre outros. A fixação de vários gru-
pos eslavos e de outros povos na região ÁSIA
Mar
balcânica, favorecendo a diversidade de gregos Egeu
nacionalidades e de lutas autonomistas,
0 193 386
ajudou a transformá-la num eixo de atua-
M
a
r km
ções de vizinhos e no estopim da Primeira M e
d i t e r r â n e o
Guerra Mundial.
Adaptado de: PARKER, Geoffrey (Ed.). Atlas da história do mundo. São Paulo: Times Books/Folha de S.Paulo, 1995. p. 210.

Os russos, entretanto, encontraram resistência


Le Petit Journal. 18 out. 1908/Biblioteca Nacional, Paris

do Império Austro-Húngaro e da Alemanha, que pro-


jetava construir a estrada de ferro Berlim-Bagdá,
para ter acesso às áreas petrolíferas do Golfo Pérsico.
Cruzando os Bálcãs e seguindo em direção ao sul, pelo
estreito de Bósforo, a ferrovia atravessaria territórios
pertencentes ao Império Turco.
O ideal de unificação eslava, encabeçado pela Sér-
via e que resultaria na Grande Sérvia, tornou-se mais
distante quando as regiões da Bósnia e da Herzegovina
foram tomadas ao domínio turco e anexadas à Áustria-
-Hungria, em 1908. Desse modo, para conquistar a uni-
dade, os sérvios tinham agora de lutar contra os impé-
rios Turco e Austro-Húngaro. Nos anos seguintes, essa
situação provocou agitações nacionalistas na região,
promovidas pela Sérvia
com respaldo russo.

Ferrovia Berlim-Bagdá
Berlim
RÚSSIA
Org. pelo autor.

ALEMANHA
p Os imperadores da Áustria-Hungria Praga
Mapas: Allmaps/Arquivo da editora

e da Rússia partilham os Bálcãs, en- TCHECOSLOVÁQUIA


Viena Budapeste UCRÂNIA
quanto o sultão turco (Abdul Hamid II), ÁUSTRIA HUNGRIA
à direita, assiste impotente e furioso ROMÊNIA Ma
Mar
Cáspio
r Neg
ao desmembramento do Império Oto- SÉRVIA
BULGÁRIA
ro
ITÁLIA
mano. Charge publicada no Le Petit Constantinopla
Journal em 1908. 40° N Estreito de Bósforo
Ma GRÉCIA Estreito de IMPÉRIO
r Dardanelos TURCO OTOMANO
M
d Bagdá
e

ite SÍRIA
rrâneo
IRAQUE
ÁFRICA
A ferrovia Berlim-Bagdá reforçava as P
0 545 1090
rivalidades entre as potências na re- Ferrovia Berlim-Bagdá
km
gião balcânica. 25° L

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A morte do herdeiro do Império Pretendendo acalmar os ânimos na região, em
1914 o herdeiro do trono austro-húngaro, arquidu-
Austro-Húngaro que Francisco Ferdinando, viajou a Sarajevo, capital
da Bósnia, com o objetivo de acompanhar manobras
Reunidos, a partir de 1912, em uma coligação militares e, ao mesmo tempo, afirmar a força da mo-
de países balcânicos contra o arruinado Império Tur- narquia austro-húngara. Em 28 de junho de 1914, en-
co, os países da região acabaram se desentendendo tretanto, Francisco Ferdinando foi assassinado por ter-
quanto à definição de fronteiras. Em 1913, a Bulgária, roristas bósnios, num atentado planejado pela organi-
apoiada pela Áustria-Hungria, atacou a Sérvia, mas zação secreta sérvia Mão Negra (também denominada
foi derrotada pela coligação desta com Montenegro, “União ou Morte”), contrária ao domínio austríaco. Em
Romênia e Grécia. represália, o governo austríaco deu um ultimato à Sér-
Ao mesmo tempo, os povos eslavos da Bósnia e via, com uma série de exigências que feriam a autono-
da Herzegovina, submetidos ao domínio austro-hún- mia do país. Os sérvios não aceitaram as exigências, o
garo, aproveitavam-se da situação e rebelavam-se, que frustrou as possibilidades de uma solução pacífica
buscando a independência, com respaldo da Sérvia. para o impasse criado com o assassinato.
Em 1º- de agosto de 1914, o
Time Life Pictures/Getty Images

Império Austro-Húngaro declarou


guerra à Sérvia. Imediatamente,
a Rússia posicionou-se a favor da
Sérvia e, a partir de então, o siste-
ma de alianças foi ativado, resul-
tando na entrada da Alemanha,
França e Inglaterra no conflito,
que se generalizou.
Exatamente um mês depois,
os grandes exércitos marchavam
para a guerra.

∏ O arquiduque Francisco Ferdinando e sua


esposa Sophie em Sarajevo, em 28 de ju-
nho de 1914, momentos antes de serem
assassinados.

O DESENVOLVIMENTO DO CONFLITO
A Grande Guerra ou Primeira Guerra Mundial relacionada ao Plano Schlieffen, estratégia ofen-
foi assim chamada por envolver todas as grandes siva alemã elaborada ainda em 1905, sob os efeitos
potências do mundo ocidental da época. No esforço do clima de revanchismo francês que preponde-
de guerra, cada Estado assumiu o controle da econo- rava em sua política externa. Esse plano previa a
mia e todos os cidadãos foram recrutados para par- mobilização de boa parte do exército alemão para
ticipar tanto do exército quanto da produção indus- invadir o território francês, pela Bélgica e pela Al-
trial, principalmente de armamentos. Os tanques de sácia-Lorena, e render Paris ao final de seis sema-
guerra, os encouraçados, os submarinos, os obuses nas. Alcançado tal intento, os alemães julgavam
de grosso calibre e a aviação, entre outras inovações que estariam livres para enfrentar os russos, di-
tecnológicas da época, constituíram artefatos bélicos recionando suas tropas para o ataque e a invasão
de um poder de destruição até então inimaginável. daquele país.
De forma sintética, pode-se dizer que o con- Para atacar a França, os alemães invadiram a
flito teve duas fases: em 1914, houve a guerra de Bélgica, violando a neutralidade desse país. Esse foi
movimento e, de 1915 em diante, a guerra de po- o pretexto para a Inglaterra declarar guerra à Alema-
sição ou de trincheiras. A primeira fase estava nha. Mesmo assim, a marcha dos exércitos alemães

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em direção a Paris surpreendeu as tropas francesas. fulminante ataque alemão na Batalha do Marne, em
Do lado leste, uma ofensiva russa inesperada, ainda setembro do mesmo ano. Com o fracasso da guerra de
em 1914, obrigou as forças alemãs a se dividirem, movimento, teve início a guerra de posição ou de trin-
deslocando tropas para a região da Prússia Oriental. cheiras, que, devido às condições dos combatentes,
A França, beneficiando-se do apoio inglês, conteve o originou a usual denominação de “guerra de sangue
e barro” para o período. Outras potências entraram
Bettmann/Corbis/Latinstock

no conflito, posicionando-se ao lado da Tríplice En-


tente (França, Inglaterra e Rússia): Japão (1914), Itália
(1915), Romênia (1916) e Grécia (1917). Ao lado das
chamadas potências centrais (Alemanha e Áustria-
-Hungria) colocaram-se o Império Turco Otomano
(1914) e a Bulgária (1915). Veja o mapa abaixo.

∏ Apesar da proibição do uso de armas químicas, estabelecida


pela Convenção Internacional de Haia, assinada em 1899, alta
quantidade de gases letais e inabilitadores foi utilizada nessa
guerra. Na foto, soldados e cães alemães com máscaras anti-
gases. Data incerta, entre 1916 e 1918.

Cenário da Primeira Guerra Mundial FINLÂNDIA

Adaptado de: BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da história do mundo. São Paulo: Times Books/Folha de S.Paulo, 1995. p. 248-249.
15° L
NORUEGA
9500000 Mar do
Estados Unidos Norte
Allmaps/Arquivo da editora

13000000

3800000
000

13250000 Moscou
lti c o
SUÉCIA
IMPÉRIO

BRITÂNICO DINAMARCA
ar
M

116 000

PAÍSES IMPÉRIO RUSSO


JAPÃO 1000000 BAIXOS
800000
000 Londres Berlim
9 000 000
380000
2 000 8200000 41000
ALEMANHA
BÉLGICA
OCEANO 1700000
LUX.
ATLÂNTICO Praga
Paris Viena
1950000 ÁUSTRIA-
Budapeste -HUNGRIA 45° N
FRANÇA

1050000
5600000 1000000

1000000 ROMÊNIA
100000 Mar Negro
158000
7222 Sarajevo
322000 BULGÁRIA
ESPANHA 50000
PORTUGAL 3000 950000
MONTENEGRO
49000 Constantinopla
533000 SÉRVIA
ITÁLIA IMPÉRIO OTOMANO
ALBÂNIA
2850000
GRÉCIA
200000
5000
neo 325000
INGLATERRA
PAÍSES PAÍSES
BAIXOS
Dunquerque Dunquerque 0 215 430
Calais ALEMANHA Calais
Bolonha BÉLGICA Bolonha km
Lille
Aquisgrana Lille
Arras Arras Potências Centrais
Potências da Entente (Aliados)
Sedan LUXEMBURGO Países neutros
Treviri
Compiègne Compiègne Países que se uniram depois às Potências Centrais
Reims Reims Países que se uniram depois às Potências da Entente
Verdun Verdun Linha de trincheiras em novembro de 1914
Paris Lorena Paris Loren
L
Lo a
Lorena
Contingente das Forças Armadas
Nancy
FRANÇA
FRA
RA FRANÇA
FR A
Fase inicial Alsácia Fase final A
Alsácia
Até 650 000 Até 1300 000 Mais de 1300 000

Fronteiras Linha do front Ofensivas das Ofensivas Número estimado de mortos (1914 a 1918)
anteriores (11 de novembro Potências Centrais dos Aliados
à guerra de 1918)

p A Primeira Guerra Mundial começou com uma grande ofensiva das tropas alemãs e desembocou nas trincheiras, com poucos
avanços ou recuos.

UM MUNDO EM GUERRA (1914-1918) 41

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INFOGRÁFICO

Trincheiras da morte
Valas se estendiam
por 600 quilômetros
Retrato mais marcante da Primeira trincheiras estenderam-se da Suí-
Guerra Mundial (1914-1918), as li- ça até o litoral norte da França, por
nhas de trincheiras surgiram em se- mais de 600 quilômetros. Foi então LABIRINTO
tembro de 1914, quando os alemães, que começou um longo e angustian- As trincheiras tinham 2,30 m de
que haviam invadido a França, foram te impasse. Os dois lados tentavam profundidade por 2 m de largura.
Eram revestidas por sacos de
barrados perto de Paris. Decididos quebrar a guarda do oponente com areia para amortecer balas e
a não retroceder nenhum palmo de ataques e contra-ataques em massa. estilhaços. Se o inimigo tomasse
território conquistado, eles iniciaram Ficavam separados por uma faixa a primeira linha, os defensores
a construção das valas ao longo de de lama de menos de 300 metros, recuavam para outras, cujo
traçado complexo aparentava
toda a frente de combate. Vendo os a "terra de ninguém". Durante os um verdadeiro labirinto.
alemães fortificarem-se, os aliados anos da guerra, viver nas trincheiras
também cavaram seus próprios abri- tornou-se uma mistura de miséria,
gos. Em poucos meses, as linhas de coragem e horror.

Paris
OCEANO 0 430
ATLÂNTICO km
45º N FRANÇA

ARAME FARPADO
Para retardar os ataques,
uma rede de arame farpado,
com até 30 m de largura,
era instalada à frente das
trincheiras. Enquanto os
soldados lutavam para
cruzar o emaranhado de
fios, eram vítimas fáceis
de atiradores inimigos.

42 42 PARA
PARA
ENTENDER
ENTENDER
NOSSO
NOSSO
TEMPO:
TEMPO:
O SÉCULO
O SÉCULO
XX XX

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ATAQUE FULMINANTE
Os primeiros ataques, chamados de
“fogo de barragem”, consistiam em
enormes descargas de artilharia
de grosso calibre, algumas com
quase 2 milhões de projéteis
600 TIROS em poucos dias. O resultado era
sempre desolador: o solo atingido
Durante a Primeira Guerra, a
tornava-se uma mistura de terra
metralhadora foi usada em larga
revolvida, cadáveres e lama.
escala, mudando drasticamente
a forma de lutar. Disparando até
600 tiros por minuto, vitimava
batalhões inteiros até que todos
se dessem conta de como elas
eram letais.

CERCADOS PELA MORTE


Além dos gritos e gemidos dos
feridos, os soldados também não
dormiam, sob o risco de serem
atacados pelos ratos.

TOCAIA
Munidos de fuzis com miras
ARMAS QUÍMICAS telescópicas, os atiradores, chamados
Os exércitos utilizaram mais de elite (em inglês, snipers), ficavam
de 100 mil toneladas de gás durante horas de tocaia, à espera de algum
a guerra. Essa arma foi responsável soldado incauto que colocasse a
por 90 mil soldados mortos e cabeça para fora da trincheira
cerca de 1,2 milhão de enfermos. inimiga. Quase sempre, a
Alguns soldados preferiam saltar vítima era abatida com PLANTAÇÕES DE BOMBAS
para fora e ser fuzilados a apenas um tiro. As tropas cavavam longos
enfrentar a nuvem de gás mostarda túneis em direção às trincheiras
acumulada nos buracos. adversárias. Uma vez embaixo
do inimigo, forravam o túnel
com explosivos, matando
milhares de adversários
de uma vez e abrindo
caminho para
sala de rádio um ataque.

UM MUNDO
UM MUNDO EM GUERRA
EM GUERRA (1914-1918)
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Enquanto na frente ocidental a guerra entra- foi marcado por acontecimentos decisivos para a
va na fase das trincheiras, na frente oriental ocorria guerra.
uma sequência de vitórias alemãs, como na Batalha As contínuas derrotas russas aceleraram a que-
de Tannenberg, na qual 100 mil russos foram aprisio- da da autocracia czarista, culminando nas revoluções
nados. Em 1916, em Verdun, frustrou-se nova ofensi- de 1917, que resultaram na implantação do regime so-
va alemã contra a França, mantendo-se em geral as cialista. Com a ascensão do novo governo, concluiu-se
posições já existentes. O ano de 1917, ao contrário, um acordo de paz em separado, o Tratado de Brest-
-Litovski, de 1918, oficializando a

The Bridgeman Art Library/Keystone/Museu Imperial da Guerra, Londres, Inglaterra.

akg-images/Ipress
saída dos russos da guerra.
Também em 1917, a derrota
italiana na Batalha de Caporetto
possibilitou às potências centrais
voltarem-se para a frente ociden-
tal franco-inglesa, e a Alemanha
intensificou o bloqueio marítimo à
Inglaterra, objetivando deter seus
movimentos e o abastecimento da
ilha da Grã-Bretanha.
Sentindo-se ameaçados pela
agressividade marítima alemã, os
Estados Unidos, que até então se
mantinham neutros, embora for-
necessem alimentos e armas aos
países da Entente, usaram como
pretexto o afundamento do transa-
p Cartaz inglês de 1915 em que Lord tlântico Lusitânia (que resultou na
Kitchener (ministro da Guerra e po-
pular herói das lutas coloniais que
morte de dezenas de passageiros
p Cartaz alemão de propaganda, divul-
antecederam a Primeira Guerra Mun- gando campanha de arrecadação de
norte-americanos) para declarar
dial) solicita alistamento voluntário fundos para o financiamento do es- guerra contra as potências cen-
no exército. Essa imagem mais tarde forço de guerra alemão. trais. A entrada dos Estados Uni-
inspirou o cartaz estadunidense que
você observa abaixo. dos na guerra, em 1917, com seu
akg-images/Ipress

imenso potencial industrial e hu-


Swim Ink2, LLC/Corbis/Latinstock

mano, reforçou o bloco liderado


pela Inglaterra e pela França, que
passou a obter sucessivas vitórias
perante os alemães a partir do fi-
nal de 1918.
A derrota das potências
centrais diante da superioridade
econômico-militar dos aliados,
como eram denominados os in-
tegrantes da Entente, acarretou
a renúncia do Kaiser alemão, em
novembro de 1918, e a assinatura
do armistício. O cessar-fogo foi
conseguido por meio de um plano
de paz formulado pelo presiden-
p Cartaz italiano de 1917 convocando te norte-americano Woodrow
p Cartaz americano de 1917 em que o todos para o cumprimento do dever, Wilson (os chamados 14 Pontos
Tio Sam, símbolo do estado norte- incluindo a participação nas campa- de Wilson), que pregava “uma
-americano, convoca voluntários para nhas para “empréstimos” (financia-
a guerra. mento) de guerra. paz sem vencedores”.

44 PARA ENTENDER NOSSO TEMPO: O SÉCULO XX

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DEPOIMENTOS DE QUEM LUTOU NA GUERRA

O equilíbrio das forças em conflito a partir de 1915 fez com que tem sido de duas horas e meia.” (Capitão E. G. Venning, França)
a guerra se configurasse como uma guerra de trincheiras, visando “Em geral, para dormirmos aquecidos, deitávamos uns junto aos
manter posição e desenvolver combates para tomar território ao outro outros, dividindo cobertores – cada homem levava dois. O frio, no en-
exército. A guerra de trincheiras foi extremamente cruel, e chegou- tanto, se mostrou preferível à lama (formada com o degelo) [...] Pelo
-se ao uso de armas químicas – os gases venenosos – para tentar menos, podíamos nos mover.” (Sargento E. W. Wilson, Rio Somme)
contornar os impasses. “O campo de batalha é terrível. Há um cheiro azedo, pesado e pe-
“Ainda estou atolado nessa trincheira. [...] Não me lavei, nem netrante de cadáveres. Homens que foram mortos no último outubro
mesmo cheguei a tirar a roupa, e a média de sono, a cada 24 horas, estão meio afundados no pântano e nos campos de nabos em cresci-
mento. [...] Um pequeno veio de água corre através da
Hulton-Deutsch Collection/Corbis/Latinstock

trincheira, e todo mundo usa a água para beber e se


lavar; é a única água disponível. Ninguém se impor-
ta com o inglês pálido que apodrece alguns passos
adiante.” (Rudolf Binding, que serviu numa das divi-
sões da Jungdeutschland)
“Na verdade, gentileza e compaixão com os fe-
ridos foram talvez as únicas coisas decentes que vi
na guerra. Não é raro ver um soldado inglês e outro
alemão lado a lado, num mesmo buraco, cuidando
um do outro, fumando calmamente”. (Tenente Arthur
C. Young, França, 16 de setembro de 1916).
Documentos compilados por Marques; Berutti; Faria.
História contemporânea através de textos. 11. ed. São Paulo:
Contexto, 2005. p. 119-120.

∏ Soldados búlgaros comem em trincheira.


Foto de 1915, aproximadamente.

QUESTÃO INTERDISCIPLINAR

• A coleta de depoimentos sobre o passado recente é um método importante para os pesquisadores que trabalham
com História Oral. Por meio dela, é possível registrar a maneira como determinados grupos sociais excluídos da
história oficial, como operários e índios, vivenciaram determinadas experiências e que visão construíram delas.
No entanto, é sempre preciso ter em mente que as lembranças que os indivíduos guardam do passado dependem
da forma como estas foram processadas pela memória e que elas refletem a visão de mundo característica do
grupo social ao qual esses indivíduos pertencem.
Tendo isso em mente, releia os depoimentos acima e responda:
a) Todos os depoimentos acima foram colhidos na mesma época? Justifique sua resposta.
b) Os depoimentos acima têm alguma coisa em comum? Explique.
c) Todos os depoentes citados são do sexo masculino. Como as mulheres vivenciaram a Primeira Guerra?
Faça uma pesquisa sobre as condições de vida enfrentadas pelas mulheres nesse período.
d) Que associação podemos fazer entre memória e identidade?

As características da guerra
Para a época em que ocorreu, a Grande Guerra rápida, mas nenhuma potência conseguiu vantagem
teve uma duração incomum. No final do século XIX, suficiente para sobrepor-se a outra e vencer o confli-
as guerras entre países costumavam ser mais rápidas; to. Por isso, ele derivou para uma guerra de posição
as mais demoradas eram conflitos coloniais, ocorri- (em que o objetivo é não perder terreno e, aos poucos,
dos longe da Europa. No início, todos os contendo- ir conquistando território do inimigo), o que tornou
res esperavam uma guerra de movimento (em que as trincheiras a marca registrada da Primeira Guerra
tropas se deslocam e conquistam outro território), Mundial.

UM MUNDO EM GUERRA (1914-1918) 45

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Além disso, o equilíbrio de forças levou os opo- Os tratados de paz: sementes
nentes a tentar convencer os países neutros a se en-
gajar em um lado ou em outro. Para isso, foram feitas para a guerra
promessas de territórios e benefícios que não pude-
ram ser cumpridas ao final da guerra, provocando no- Com o fim das operações militares, os vitoriosos
vos descontentamentos. reuniram-se em 1919 no Palácio de Versalhes, nos ar-
Em termos de extensão do conflito, a amplitu- redores de Paris, para as decisões do pós-guerra. O en-
de também foi uma marca importante do confronto, contro foi dirigido pelo presidente norte-americano
resultado do sistema de “paz armada”, que juntava o Wilson e os chanceleres Lloyd George, da Inglaterra,
armamentismo com alianças que iam se estendendo e Georges Clemenceau, da França.
pelos continentes com base em interesses comuns O plano proposto pelo presidente norte-ameri-
entre países. Pela primeira vez, todos os grandes países cano foi inviabilizado por diversos acordos paralelos
da Europa entram em guerra ao mesmo tempo. e, principalmente, por pressão da França e da Ingla-
A África foi envolvida no conflito na medida em terra. As conversações resultaram no Tratado de
que a maior parte do seu território, naquele momen- Versalhes, que considerou a Alemanha culpada pela
to, era de colônias europeias. Na Ásia, o governo japo- guerra e criou uma série de determinações que visa-
nês viu mais vantagens em participar do conflito do vam a enfraquecê-la e desmilitarizá-la.
que se manter neutro, e declarou guerra à Alemanha Por esse tratado, estabelecia-se a devolução da
interessada nas bases alemãs na China. Os chineses, Alsácia-Lorena à França e o acesso da Polônia ao mar
por sua vez, entraram na guerra, pelo menos nominal- por uma faixa de terra dentro da Alemanha que de-
mente, para não se inferiorizarem diante do Japão. O sembocava no porto livre de Dantzig – seria o cha-
Oriente Médio foi arrastado para a guerra junto com a mado “corredor polonês”. A Alemanha perdia todas
Áustria e a Alemanha. as suas colônias ultramarinas e parte de seu território
Em termos de intensidade, a Primeira Guerra europeu para os franceses, ingleses e seus aliados. Per-
Mundial pode ser vista como a primeira experiência dia também a artilharia e a aviação; passava a ter um
de “guerra total”, ou seja, que exige que todos os ha- exército limitado a 100 mil homens e ficava proibida
bitantes de um país e todas as suas forças se voltem de construir navios de guerra. Era ainda obrigada a
para sustentar as tropas com recursos materiais e hu- indenizar as potências aliadas pelos danos causados,
manos. Isso se deveu ao impasse criado pela guerra num total aproximado de 30 bilhões de dólares, valor
de posições. O Estado passou a dirigir toda a econo- que foi sendo renegociado na década de 1920 até ser
mia para o esforço nacional de vencer os inimigos, e extinto em 1932.
por isso uma das estratégias da

Lt. M. S. Lentz/Corbis/Latinstock
guerra foi a de atingir a economia
e a produção dos outros. A guer-
ra também avançou para o setor
psicológico: esse era o objetivo de
bombardear a população civil nas
cidades distantes dos fronts, ou
seja, abater o moral dos adversá-
rios. Essa prática seria tristemente
comum nas guerras do século XX.

Uma grande multidão estava presente P

no Salão dos Espelhos do Palácio de Ver-


salhes, França, durante a assinatura do
tratado de paz, em 28 de junho de 1919.

46 PARA ENTENDER NOSSO TEMPO: O SÉCULO XX

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O Tratado de Versalhes também oficializou a ficada pelas populações envolvidas por meio de ple-
criação da Liga das Nações, que funcionaria como biscito. Tais países, quase todos situados na Península
um fórum internacional no interesse da paz mundial. Balcânica e constituídos de etnias eslavas, passaram a
Essa pretensão, porém, não se concretizou, pois a liga integrar as novas áreas para a atuação dos interesses
não contou no início com a participação da Alema- capitalistas das potências vencedoras (veja mapa a
nha e da Rússia nem do próprio país que a idealizara seguir). Com a Hungria foi assinado o Tratado de Tria-
e que se transformara na maior potência mundial: os non e com a Bulgária, o Tratado de Neuilly.
Estados Unidos. Por discordar de muitas das decisões Somado ao fato de que essas mesmas potências
de Versalhes, os norte-americanos preferiram assinar conseguiram, ao final das discussões diplomáticas
com a Alemanha um acordo de paz em separado. ocorridas no período, manter praticamente intactas
No mesmo ano de 1919, o Império Austro-Húnga- suas possessões na África e na Ásia, verificou-se, na
ro foi desmembrado pelo Tratado de Saint Germain. A década de 1920, o fortalecimento da supremacia eco-
Áustria perdeu a saída para o mar nômica e financeira dos Estados

Reprodução/Coleção particular
e foi obrigada a reconhecer a inde- Unidos, da Inglaterra e da França.
pendência da Polônia, da Tchecos- Vinte anos mais tarde, essa supre-
lováquia e da Hungria e a criação macia seria contestada pelo espí-
do Reino dos Sérvios, Croatas e Es- rito revanchista alemão que não
lovenos (que, em 1929, adotaria o havia morrido em Versalhes nem
nome de Iugoslávia), perdendo, as- nos acordos posteriores.
sim, a maior parte de seu território. Grandes impérios autoritá-
Desse modo, o conjunto de rios foram destruídos: o Império
tratados assinados entre 1919 e Otomano, o domínio monárquico
1921 selou a desintegração terri- dos Habsburgos, que comandava
torial dos impérios Austro-Hún- boa parte da Europa Central, a
garo, Turco Otomano (Tratado Alemanha monárquica dos Kai-
de Sèvres, depois reformado pelo sers e a Rússia dos czares. A ori-
Tratado de Lausanne) e Alemão. gem desses regimes dinásticos
Ao mesmo tempo, determinou o era muito anterior à Revolução
p Caricatura de E. Schilling, de 1919,
início do processo de consolida- Francesa, e seu desaparecimento
que mostra como as determinações
ção da independência de novos de Versalhes representaram um far-
levou junto seus vestígios do An-
Estados, cuja soberania foi rati- do pesado para o povo alemão. tigo Regime.

240-241.
Adaptado de: BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da história do mundo. São Paulo: Times Books/Folha de S.Paulo, 1995. p.
As novas nações europeias 0° FINLÂNDIA
NORUEGA

Mar
Allmaps/Arquivo da editora

ESTÔNIA
50° N Báltico
Mar do SUÉCIA
Norte DINAMARCA LETÔNIA
ESTADO LIVRE
DA IRLANDA REINO
UNIDO LITUÂNIA
Schleswig
Holstein Prússia
PAÍSES Oriental
UNIÃO SOVIÉTICA
BAIXOS
Posnânia
OCEANO BÉLGICA ALEMANHA (“corredor polonês”) POLÔNIA
ATLÂNTICO Sudetos
Renânia
Alta
Silésia

Alsácia-Lorena TCHECOSLOVÁQUIA

FRANÇA
SUÍÇA ÁUSTRIA Bessarábia
Trentino HUNGRIA
ROMÊNIA
Istria Eslovênia
Transilvânia
Croácia
PORTUGAL IUGOSLÁVIA
Dalmácia Bósnia- Mar Negro
ITÁLIA -Herzegovina
ESPANHA Córsega Montenegro Sérvia BULGÁRIA
Macedônia Trácia

Sardenha ALBÂNIA

GRÉCIA TURQUIA
Estados vencedores Fronteira do Império Alemão em 1914
Izmir
Estados vencidos Fronteira do Império Austro-Húngaro em 1914 Sicília
Estados novos Fronteira do Império Russo em 1914
Territórios submetidos Territórios perdidos pelos alemães
a plebiscito Territórios contestados Malta Creta 0 325 650
Ocupação armada Fronteiras em 1923
Mar Mediterrâneo km

UM MUNDO EM GUERRA (1914-1918) 47

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PARA RECORDAR: O sistema de alianças (1873-1918)

Alemanha procura
isolar a França

Liga dos Três


Tríplice Aliança Tríplice Entente
Imperadores oposição
(1882) (1907)
(1873-1878)

p p
gÉAlemanha gÉAlemanha p
gÉÁustria-Hungria gÉÁustria-Hungria gÉFrança
Entente Cordiale
gÉRússia gÉItália gÉInglaterra
(1904)
gÉRússia

O atentado
de Sarajevo dá
início à Primeira
Guerra Mundial

1914: guerra de movimento


novas armas/tecnologias
1915-1918: guerra de trincheiras

1917

gÉvitórias militares dos aliados


Rússia sai Estados Unidos
gÉplano de paz: 14 Pontos de Wilson
da guerra entram na guerra
gÉ“uma paz sem vencedores”
p p
gÉrevolução gÉguerra submarina alemã
gÉinteresses econômicos

armistício
novembro/1918

ATIVIDADES
Com base no esquema-resumo e nas informações do capítulo, faça as atividades a seguir:
1. Explique os interesses em jogo que levaram à formação do sistema de alianças na Europa às vésperas da Primeira
Guerra Mundial.
2. Explique as diferenças entre a fase da guerra de movimento e a fase da guerra de trincheiras que marcaram o de-
senvolvimento da Primeira Guerra Mundial.
3. Identifique no esquema-resumo e anote em seu caderno os dois fatos determinantes para uma mudança de rumo
da guerra e a vitória da Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial.

48 PARA ENTENDER NOSSO TEMPO: O SÉCULO XX

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