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O art 9 da LCCG determina que, quando se assista à não-inclusão de cgg nos contratos
singulares, por força do art 8, estes se mantenham, em principio. Nas áreas desguarnecidas pela
exclusão, haverá que recorrer, conforme os casos:
Caso estas soluções sejam insuficientes ou conduzam a resultados contrários à boa fé, a
nulidade é inevitável, art 9/2. Resultados contrários à boa-fé ocorrem sempre que, na falta da
cláusula excluída, o contrato fique de tal modo desarticulado ou desequilibrado que perca o seu
sentido útil ou que origine uma grave perturbação no seu equilibro interno.
Interpretação e integração
O artigo 10º da LCCG dispõe sobre a interpretação e a integração das ccg, remetendo para o
artigo 236º e seguintes; este preceito releva dois níveis:
-remete para uma interpretação que tenha em conta apenas o contrato singular- cerce
uma dúvida bem conhecida da doutrina especializada e que se prende com o confronto entre as
tendências generalizadora e individualizadora da justiça:
O artigo 10º da LCCG aponta para a segunda solução. A prazo, isso deverá levar os utilizadores
de ccg deverão desenvolver ao pormenor os sues formulários, de modo a prevenir hiatos
interpretativos. É uma vantagem: tanto mais necessária quanto é certo que, havendo margens
interpretativas, não se torna possível tirar, das ccg, as vantagens generalizadoras que acarretam.
- cláusulas de negócios duradouros onde não seja possível reconstruir a vontade real das
partes e os termos concretos da negociação, com exemplo na banca e nos seguros;
O artigo 11º da LCCG precisa a temática das cláusulas ambíguas, remetendo, sem limitação,
para o entendimento do aderente normal. Esse preceito faz ainda correr, contra o utilizador, os
riscos particulares de uma ambiguidade insanável.
Os contratos singulares e as próprias cláusulas devem ser interpretadas à luz da LCCG, de modo
a evitar invalidades, em face de uma interpretação normativa integrada.
O recurso à regra contra stipulatorum, embora útil e legítimo, tende a ser matizado. Assim, só
haverá ambiguidade se as regras comuns dos artigos 236º e seguintes do CC não resolverem o
problema, de modo que elaseja efectiva. Na presença de matéria clara não há que recorrer ao art
11 da LCCG.
Controlo Interno
Generalidades
Ao aderir as ccg, o interessado faz uso da sua autonomia: é evidente que tal adesão traz,
em regra, vantagens imediatas: baixos custos de transação, rapidez e imediato desfrute de bens
e serviços. A tutela da liberdade de decisão inclui a da confiança, a ela ligada. Verifica-se que as
ccg dão vida a tipo contratuais básicos, que não tem sede legal: a vida bancária depende deles.
O seu controlo deve ser rigoroso sob pena de distorções.
As ccg não podem, todavia, ser pretexto dos valores que comportem, furtar-se à
sindicância do sistema que as reconhece e legitima. Pela sua natureza privada, elas escapam ao
controlo do público, legal e constitucional que recai sobre os diplomas do Estado. A maior
homenagem que se pode fazer ao seu relevo Econ-social é reservar para os tribunais a
ponderação do seu conteúdo. Os tribunais devem ter em conta a relação Dialética que se
estabelece entre o Dto comente e a autonomia privada, procurando um balanceamento entre os
valores em presença, tendo sempre presente 2 vertentes de justiça: individualizadora e
generalizadora. Mais, ha interesses válidos, ainda que contrapostos, os valores básicos do
ordenamento dão, sempre, a bitola de qualquer decisão. E quando a lei o diga, operam, como
pontos de referência, as regras supletivas legais que as ccg tenham pretendido pôr de lado.
Pergunta-se como ordenar o tipo de controlo confiado aos tribunais, no domínio das ccg. Trata-
se de um domínio da eficácia ou pela das LCCG da validade. Não está em causa qualquer
situação dos art 437, 280, 237, 239 e 334.
A nulidade
Facilitando os tribunais, a das LCCG veio proibir certas clausulas. O diploma de 1985,
reformado em 1995, começou por equacionar a situação das clausulas contratuais que acolham
ccg proibidas, onde no art 12 da LCCG se estabelece “as ccg proibidas por disposição deste
diploma são nulas nos termos nele previstos”. O próprio preceito indicia que não estamos
perante nulidade comuns, previstas no art 286: antes em face de um regime adaptado à realidade
em jogo.
A nulidade das ccg pode ser invocada por qualquer interessado, nos termos do art 286, e
pelo mesmo preceito deve ser declarada oficiosamente pelo tribunal?
• Com efeito, a presença num contrato singular, de ccg nulas pode ser
indiferente, para o aderente: basta, por exemplo, que se trate de clausulas
previstas para eventualidades que de todo ele não saiba que vai ocorrer. Em
compensação, a invocação vitoriosa de invalidades obriga a uma
recomposição do contrato singular: operação sempre incerta e com custos de
transação. Mais, subjacente ao contrato singular, pode haver uma relação de
confiança que o particular tenha interesse em manter. Pela natureza das
coisas, se houver intervenção judicial, essa relação vai ser afectada.
• A teoria clássica das invalidades não foi pensada para situações deste
tipo: carece de adaptações.
O art 12 LCCG deve ser interpretado com algum cuidado, o seu “gémeo”, o §307 do BGB, não
fala em nulidade, mas tão só em ineficácia: figura + ampla e flexível.
Aquando da sua elaboração, há 30 anos, o legislador pretendeu vincar o desvaler das ccg
proibidas, abrindo as portes às ações inibitórias; agora, há que reconstruir o pensamento
legislativo, em termos actualistas e de acordo com os elementos sistemático e teológico da
interpretação.
O art 12 da LCCG dispõe que as ccg proibida são nulas: são visadas as próprias clausulas,
independentemente de qualquer inclusão num contrato singular. Feita a interpretação, a questão
é diversa: já n se trata de cgg, mas de uma comum. Ora, esta fica na disponibilidade do aderente:
se ele podia aceitar previamente a mm clausula, com toda a validade, desde que não o fizesse
por adesão, tb a poderá consolidar à posteriori.
A conclusão é simples: as ccg proibidas são nulas, art 12. As ccsingulares provenientes de
subscrição são inválidas, mas invalidada sui generis, diferente de nulidade. Resta fixar as
especificidades dessa situação:
• Estamos em face de um contrato que integre um tipo legal, cujas regras supletivas
viessem a ser afastadas pelas ccg: tais regras retomam aplicação
• Contrato equivale a um mero tipo social, reconhecido pela prática mas ausente da lei:
faltam aí regras legais, pelo que queda recorrer à integração da lacuna negocial, art
239, interpretação complementadora, para suprir o espaço em branco resultante da
queda da clausula viciada
A redução não é fatal. A lei manda aplicar o regime ide redução dos negócios jurídicos.
Ora essa regime, previsto no art 229: “exclui a mesma (..) quando se mostre que este (negócio)
não teria sido concluído sem a parte viciada” : o utilizador de ccg, confrontado com o art 14 pode
sempre provocar a nulidade total demostrando que o negócio não seria concluído sem a parte
viciada. Este ponto é importante, para uma interpretação consequente ao art 14, prevê:
- o aderente, invocando a invalidada opte por não apelar à aplicação de regras supletivas
ou à integração negocial
Sistema de proibições
• Art 15 + 16
A lei distinguiu, para efeitos de proibição e para além da proibição geral das clausulas
contrário à boa fé, art 15 e 16:
• art 17 e 20
A distinção tem um duplo relevo. Por um lado, permite facultar, a essas 2 categorias, uma
proteção diferenciada, com maior adaptação à sua natureza. Por outro, deixa claro que a lei
portuguesa dispensa uma proteção geral, assim se distingue da alemã.
Temos, assim, um principio comum, assente na boa fé. Além disso, o dispositivo relativo
aos empresários funciona como um mínimo aplicável em todas as circunstâncias: posto o que,
tratando-se de relações com consumidores finais ou de situações não redutíveis às 1ª. Ex:
relações entre particulares, haverá aplicar várias outras proibições. No geral:
• Nas relações com consumidores finais, houve que ir + longe: para além da
intangibilidade da responsabilidade, foram assegurados outros dispositivos de
proteção.
A remissão para a boa-fé equivale a delegar, no juíz, o poder de, perante cada clausula,
concretizar os valores gerais do sistema. Este sistema remonta à criação pretoriana dos bonde
fidei iudicia e, no campo das ccg, acolhe a experiência alemã.
No campo contratual, torna-se inviável imaginar todas as ccg que possam surgir como
inaceitáveis, perante os valores básicos do Dto. Havia, por isso, que prever uma referência geral,
com vias de concretização, que não pusessem em risco a futura evolução da matéria.
Articulação de proibições
A alínea e) - procura conseguir, por via interpretativa, aquilo que as partes não podem
diretamente alcançar. Anote-se que esta regra tem que ver com a interpretação de qualquer
preceito, provenha ele, ou não, de adesão de clausulas predipostas.
A alíneas f), g) h) e i) têm que ver com os institutos de exceção de não cumprimento de
contratos, art 428, da resolução por incumprimento, art 432, do direito de retenção, art 754, e das
faculdades de compensação, art 847 e de consignação em depósito, art 841. Trata-se de
institutos que garantem ou reforçam o cumprimento das obrigações.
A alínea j) visa evitar obrigações perpétuas ou obrigações cuja duração ficasse apenas
dependente de quem recorra às clausulas contratuais gerais. Pode sustentar-se que só são
viáveis obrigações perpétuas quando a lei o permite ou o impunha: de outro modo, as partes
estariam a despojar-se da sua liberdade.
As alíneas a) e b) têm que ver com prazos de contratos. No decurso desses prazos, uma
disparates fica submetida à vontade de outra. Em concreto, pode compreender-se que assim
deva ou possa ser. A justificação, contudo, desaparece quando os prazos sejam demasiados
alongados. O quantum admissível depende, como é claro, de cada tipo negocial em jogo.
A alínea d) a rapidez do tráfego de massas justifica que, por vezes, se dispensem formais
declarações de vontades, substituindo-as por outros indícios. Os comportamentos concludentes
têm aqui particular relevo, mas a situação torna-se inadmissível quando se recorra a factos
insuficientes para alicerçar a autonomia privada. Caso a caso será necessário indagar dessa
suficiência.
A alínea e) a garantia das qualidades da coisa cedida ou de serviços prestados pode ser
posta na dependência do recuso a 3º, no entanto, tal sujeição apenas irá equivaler a uma meio
oblíquo de limitar a responsabilidade. Caso a caso, haverá que o demonstrar
Em todos estes casos deve entende-se que, perante a sua concretização, toda a clausula em
jogo é afetada. Não há, pois, qualquer hipótese de se reduzir as clausulas aos máximos
admitidos pela lei das ccg: isto iria dar luar a enormes dúvidas de aplicação, nunca se podendo
conhecer de antemão o dto aplicável.
Proibições relativas
Nas relações com consumidores finais não se trata apenas, de negar a exclusão de
responsabilidade: há que, pela positiva, assegurar a própria obtenção do bem, já que a obtenção
de uma indemnização é, aqui, problemática. As diversas alíneas especificam pontos nos quais,
segundo a experiência, os consumidores + facilmente podem ver em perigo a sua posição.
Assim, é nula a clausula inserida em condições gerais bancárias e que permita ao banqueiro, sem
pré-aviso, cancelar um cartão de crédito, art 22/1/b)
Isenções Legais
A LCCG compreende algumas regras especificamente financeiras. Tratam-se de regras
que visam permitir uma maior liberdade de ação à banca e às seguradoras: pressupõe-se que os
perigos acrescidos que, daí, resultam para os particulares são contrabalançados pelos poderes
de supervisão que a ei confere ao Banco de Portugal e ao instituo de seguros de Portugal.
Neste seguimento, o nº2 do mm art, ressalva, em derrogação da alínea c), em causa (ver)
Por seu turno, o art 22/3 da LCCG ressalva, em derrogação das alíneas c) e d) do nº1
(Ver). Num e noutro caso, trata-se de realidades cujas flutuações o adquirente pode querer
assumir. A normalização do tráfego financeiro e a rapidez requerida pelos atos aí em causa
justificam que, para o efeito, se possa recorrer a ccg.
Finalmente, o art 22/4 resala clausulas de indexação, quando o seu emprego se mostre
copatvel com o tipo contratual onde se encontrem inseridas e o mecanismo de variação do preço
esteja explicitamente descrito. Compreende-se que o sentido da derrogação: tal como nas
hipóteses acima examinadas temos, aqui, uma sobreposição de necessidades de tipo econ. Em
todos estes casos, o legislador pressupõe sempre que não deixa de haver algum controlo.
Simplesmente, tal controlo será levado a cabo por outras normas que não as referenciada no art
22/1 c) e d). Em última instancia, conserva-se sempre operacional, a nulidade das cláusulas
contrárias à boa fé.
A redução
A invalidação do negócio jurídicos não impede a produção de efeitos – ou de alguns efeitos – nas
hipóteses de redução ou conversão – 292º e 293º. Estes preceitos devem ser trabalhados em
conjunto com os 236º e 239º.
Requisitos:
2. tem a ver com a vontade das partes, no tocante ao ponto da redução – esta não opera
quando se mostre que o negócio não teria sido concluído, sem a parte viciada.
a. Basta provar, pelas circunstâncias objetivas ou pela vontade real de uma das
partes, conhecida e aceite pela outra – 236º - ou pela sua vontade hipotética e pela boa fé – 239º
- que, sem a parte viciada, aquele negócio concreto não teria visto a luz.
• Respeito pela boa-fé – 239º - não há redução quando ela atente contra a confiança legítima
das partes ou contra a materialidade subjacente. Esta última é claramente perceptível quando
o negócio reduzido não permita prosseguir os fins ou as funções vertidas, pelas partes, no
negócio inválido.
• Respeito pelas regras formais – 238º e 239º - não pode, pela redução, chegar-se a um tipo
negocial com exigências de forma não satisfeitas no negócio a reduzir.
Exemplo: uma doação de coisa móvel com clausula de tradição simbólica é válida
verbalmente; sendo esta cláusula anulada, a doação exigiria forma escrita – 947º/2 – pelo só há
redução se tal forma tiver sido seguida no negócio a reduzir.
Na área negocial, domina a autonomia privada. Esta regra deve prevalecer sobre uma regra de
favor negotii. Quando as partes celebrem um negócio, querem-no no seu todo. Sobrevindo uma
invalidade, deve entender-se, na dúvida, que as partes pretendem que todo o negócio seja
afetado e isso mesmo quando (o que não se presume) ele seja divisível. A redução, quando não
haja acordo das partes, pressupõe, sempre, uma especial iniciativa da interessada e uma cuidada
sindicância do tribunal.
Mas a boa-fé e a autonomia privada podem jogar, em concreto, no sentido da redução. Fazer
soçobrar um negócio, por uma pequena invalidade, que não comprometa o plano desenhado
pelas partes, fica fora de causa. Além disso, a confiança de quem seja surpreendido por uma
O contrato-promessa relativo a contrato formal exige forma escrita; todavia, sendo o contrato
monovinculante, admite-se que baste a assinatura da pessoa que ficará obrigada – 410º/2,
depois alterado (?)
Quid iuris se um contrato-promessa bivinculante surgir assinado apenas por uma das partes?
Mc: sempre temos preconizado uma interpretação-aplicação conjunta dos dois preceitos, a que
acrescentamos ainda, pelo menos, o 239º, com o seu apelo à boa-fé, devidamente concretizado.
a. A situação de coligação deve ser invocada e provada por quem delas se queira
prevalecer.
A conversão
Pela conversão, um negócio nulo ou anulado pode aproveitar-se, como negócio diverso, desde
Tese monista: apenas há um negócio; simplesmente, verificada uma falha que impeça a
sua validade e eficácia plenas, impõe-se pela interpretação um conteúdo que não suscite tais
a. Manutenção dos requisitos essenciais de substância e forma – este requisito deve ser
integrado com os elementos a retirar dos 236º/2 e 238º/2: não faria sentido, pela simples
interpretação, obter, de declarações negociais, negócios inatingíveis pela conversão. Os
requisitos essenciais terão de ser imputáveis à vontade comum das partes, antes e depois da
conversão, enquanto a forma deve ser aferida de acordo com as suas razões determinantes.
imediato, qual o destino dos negócios atingidos. Caso a caso deveremos verificar, pela
interpretação se é possível bloquear a “conversão legal” pela não correspondência dos requisitos
previstos no 293º. À partida a resposta é positivo: estamos no direito civil.
Ideia básica
A confirmação equivale ao ato pelo qual, numa situação de anulabilidade, o titular do direito
potestativo de proceder à impugnação opta, antes, pela validação do negócio atingido. – 288º cc
Fechamos o círculo: a confirmação só pode respeitar a negócios anuláveis, uma vez que só
*com efeito, a cessação superveniente do vicio não poderia apagar a sua ocorrência, no
momento em que foi emitida a declaração de vontade. Caberá agora ao confirmante ponderar os
seus interesses e decidir se quer ou não aproveitar o direito à anulação. Para tanto, ele deve
conhecer tudo quanto seja relevante e, designadamente: o vicio e o direito à anulação.
a. a nulidade é a ineficácia comum, que ocorre sempre que a lei não predisponha a
consolidar o negócio.
A natureza tácita da confirmação não dispensa o conjunto dos seus elementos subjetivos e
objetivos: cessação do vicio e conhecimento quer do vicio, quer do direito à anulação. Tudo
isso deverá inferir-se seja dos próprios factos que, “com toda a probabilidade”, revelem a
vontade tácita, seja de elementos circundantes razoáveis.
Seria de esperar que, para a confirmação, se exigisse precisamente a mesma forma requerida
para o negócio a confirmar. Entende a lei que, tendo a forma sido observada no negócio
meramente) anulável, os seus objetivos já haviam sido alcançados. Com efeito, a não ser
impugnado nos prazos legais, o negócio anulável convalidar-se-ia, pelo decurso do tempo, sem
que, jamais, lhe pudessem ser contrapostos óbices formais. Não haveria, pois, que exigir “forma”
para a confirmação, sob pena de, no final, se chegar a um plus de formalismo.
O direito à anulação pareceria constituir uma posição jurídica autónoma. Como dispor dela,
pondo-lhe cobro, pela confirmação, sem ingressar na lógica do comércio jurídico? Intervém, aqui,
uma autónoma valoração legal. O facto de se tratar de mera anulabilidade e de estar em causa
apenas o interesse do confirmante, somando, ao favor negotii subjacente ao instituto, leva à
desformalização da confirmação.
Um negócio anulável é eficaz e deve ser plenamente cumprido pelas partes. Apenas com um
senão: um dos intervenientes tem o direito potestativo de promover a sua anulação. Se não o
fizer – ou enquanto não o fizer – o negócio tem, por si, forças suficientes para produzir os seus
efeitos.
Sobrevindo a anulação esta tem, salvo exceções, eficácia retroativa (289º/1): o negócio será
tratado, no presente, como se, no passado, ele não tivesse existido.
Perante isto, a confirmação mão tem, em rigor, eficácia retroativa. De facto, quando ela ocorra, o
negócio será tratado como se, ab initio, fosse válido. Mas na falta de confirmação e amenos que
sobreviesse uma anulação, o negócio sempre funcionaria, ab initio, como válido. A confirmação
nada acrescenta.
A confirmação, pelo que é, sana negócios anuláveis. A retroatividade surge apenas por
Por isso, se compreende que a confirmação seja “eficaz” perante terceiros. Em rigor, não o é,
“Animus confirmandi”
Perante o mapa do regime da confirmação, exige-se, no confirmante, uma especifica intenção
confirmação inscreve-se como dado de um processo cabal e mais dinâmico: o negócio a que ela
se reporta. Apenas este releva, em termos humanos. O confirmante quer, muito singelamente, o
negócio em jogo e a sua execução. Haverá uma animus negotii: sempre o haveria, ou faleceriam
as declarações de vontade, declarações essas nas quais, de resto, o tal animus negotii se
dissolve. Mas não há, como autónomo nem, muito menos, como necessário, um animus
confirmandi.
Ratificação e aprovação
A ratificação – 268º - é um ato jurídico unilateral que estabelece, a posteriori, um vínculo de
representação. Esta exige:
c. com poderes
causa.
Estruturalmente, a ratificação configura-se como um ato que vem conferir eficácia a um negócio
que, de outra forma, dela careceria. Materialmente, ela inscreve-se no poder genérico que todos
os sujeitos do direito têm de constituir representantes voluntários.
A ratificação:
a. está sujeita à forma da procuração – 268º/2 – a qual equivale à forma exigida para o
b. tem eficácia retroativa – 268º/2, in medio – uma vez que obriga a tratar o negócio
ratificado como se, ab initio, houvesse poderes de representação.
A aprovação – 469º - é um ato próprio do dono do negócio, perante a gestão. Por essa via, o
dominus:
e. Perdão – traduz um ato unilateral pelo qual o doador releva o donatário ingrato da sua
falta. Com isso põe-se termo à revogabilidade da doação por ingratidão – 975º c). equivale a um
direito potestativo mais vasto.
Uma clivagem importante separa as voluntárias (validação, reductio e perdão) das legais ou
a. Pela sobrevinda de um facto a que a lei associe a sua extinção: a caducidade. Esta
decorre pelo decurso do prazo de um ano após o conhecimento do vício que baseia a
anulabilidade – 287º/1. Esta não envolve nenhum ato voluntário embora, summo rigore, dependa
da vontade do titular do direito à anulação. Regime: 328º e seguintes.
Não é possível confirmar um negócio antes de estar claramente determinada a anulabilidade que
o vicie. Quanto a renunciar previamente à invocação de qualquer anulabilidade: depende do tipo
de negócio em causa. Se é possível doar o que ele represente, também será possível a renuncia
a invocar eventuais anulabilidades. Todavia, a renuncia não pode ser aleatória. Ou seja: não é
possível renunciar a hipotéticas anulabilidades, sejam elas quais forem. Mas em situações mais
delimitadas a renuncia será possível. Mas não a confirmação.
3. direito das sociedades: deliberações nulas podem ser renovadas – 62º csc; a própria
nulidade do contrato de sociedade é, em certos casos, sanável – 42º;
Podemos extrapolar uma categoria geral de confirmação de atos nulos, inspirada no 288º e daí
aplicá-la às diversas nulidades? É possível (mas não desejável) construir, por abstração, um
Em suma: nada disto é generalizável, cabendo, caso a caso, ver o seu exato campo de
de ambas as partes; quando muito, poder-se-ia construir uma relação de confiança equivalente,
na base da boa-fé, mas já com pressupostos diferentes dos do negócio e dos da confirmação.
b. A “confirmação” não poderia ser retroativa: enquanto foi vedado por lei, o negócio é
mesmo nulo. Nada impede que o 288º possa ser aplicado, por analogia, fora da sua terra de
origem. Tudo depende de uma verificação, a efetuar no caso concreto, com tranquila objetividade
científica.
A natureza
Trata-se de um ato jurídico unilateral, stricto sensu, assente numa declaração de vontade não-
a. Ato jurídico – corresponde a uma livre conformação da vontade humana, com efeitos
jurídicos.
conhecimento.
**enquanto ato unilateral, a confirmação visa o negócio jurídico a que se reporta. A vontade do
confirmante é a de que o negócio em questão fique consolidado, pondo cobro à incerteza
existente. Não se trata apenas de não exercer o direito de anulação: para isso bastaria nada
fazer, aguardando o decurso do prazo de caducidade do direito de impugnar. Antes se procura,
desde logo, evitar que, sobre o negócio, se mantenham quaisquer dúvidas. A confirmação
inscreve-se num direito potestativo mais vasto que assiste ao beneficiário de uma anulabilidade.
Esse direito envolve:
a. A possibilidade de anular
c. A possibilidade de confirmar