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Caso Prático 1
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Faculdade de Direito de Lisboa – Ano letivo 2018/2019
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II
Caso Prático 2
Após a passagem do Carnaval, o hotel «Quem fica, Paga, Lda.» situado em Faro,
registou uma acentuada quebra na procura dos seus serviços, ficando praticamente sem
hóspedes e só recebendo esporadicamente alguns eventos. Essa quebra era mais ou menos
normal naquela época do ano e depois compensada nos meses seguintes. Porém,
invocando o disposto na Lei n.º 14/90, a administração decidiu, a 1 de março, reduzir até
junho o período de trabalho dos seus funcionários, com a corresponde redução na
retribuição.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II
RICARDO REIS, rececionista do Hotel «Quem Fica, paga, Lda», foi um dos
trabalhadores atingidos pela redução, o que o indignou profundamente. Considera o
trabalhador que a Lei não visava este género de situações; mas a Administração do Hotel
contrapõe i) que nada literalmente o exclui, invocando ainda a seu favor o
ii) facto de este regime da redução do período de trabalho dos trabalhadores ter sido
inserido numa Secção autónoma do Código do Emprego intitulada «mecanismos de
gestão» (o que sugeriria que a medida é uma decisão normal de gestão da empresa) e não
junto do já existente regime da suspensão de contratos de trabalho por motivo de crise
empresarial.
Esta suspensão, por seu turno, nos termos do artigo 29.º desse Código, depende “da
indispensabilidade da medida para assegurar a viabilidade económica da empresa” – o
que a administração reconhece, em nenhum momento, ter estado em causa. Quid iuris?
Caso Prático 3
Suponha que, nos termos do artigo x da Lei n.º 1/2012, que regula os contratos
celebrados à distância por consumidores finais:
«O consumidor que contratou o fornecimento de um bem à distância pode
“desistir” do contrato sem pagamento de indemnização e sem necessitar de indicar
qualquer motivo no prazo de 15 dias contados da data da celebração do mesmo».
JOANA, pobre octogenária que vive da sua reforma, foi contactada no passado dia 1
de janeiro de 2013 telefonicamente pela sociedade Banguecoque, Lda., e aceitou por esse
mesmo meio contratar um serviço semanal de massagens tailandesas com o custo de
1.000 Euros por sessão. Depois de conversar com a filha, apercebeu-se que tinha
cometido um erro e decide desistir do negócio. Nesse sentido, manifesta essa mesma
intenção à Banguecoque, Lda., no dia 5 de janeiro de 2013 invocando o disposto no artigo
x da Lei n.º 1/2012. Chegando à conversa com o gerente, o mesmo defende que tal só será
possível se indemnizar a Sociedade dos danos que sofreu com a resolução do contrato,
argumentando:
• que as massagens tailandesas são um “serviço” e não um “bem”, conforme
enuncia o artigo x da Lei n.º 1/2012
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Caso Prático 4
A 2 de maio de 2012 entra em vigor a Lei n.º x/2012 (uma lei de autorização
legislativa) que dispõe o seguinte:
“ Artigo 1.º
Objeto
É concedida autorização legislativa ao Governo para alterar o Estatuto Geral das
Instituições de Ensino Superior Portuguesas, aprovado pela Lei n.º y/1999, de 1 de
dezembro.
Artigo 2.º
Sentido
A presente autorização legislativa é concedida para permitir ao Governo introduzir
limitações no consumo de bebidas alcoólicas em ambiente letivo, nas Instituições de
Ensino Superior Portuguesas.
Artigo 3.º
Extensão
A autorização habilita o Governo a:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II
Artigo 1.º
O artigo x do Estatuto Geral das Instituições de Ensino Superior Portuguesas, aprovado
pela Lei n.º y/1999, de 1 de dezembro, passa a ter a seguinte redação:
«Artigo x
Docentes
1 – É proibido o consumo de bebidas alcoólicas pelos docentes do Ensino Superior no
respetivo local de trabalho.
2 – A violação do disposto no número anterior constitui infração disciplinar grave»”.
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convite de um amigo, lá bebe um copo de cerveja. Sai porém, cedo e bastante lúcido, para
continuar o serão trabalhando alegremente na sua tese.
No dia seguinte é chamado ao gabinete do Diretor, o qual o informa de que contra ele
foi aberto um procedimento disciplinar por violação do disposto no artigo x do Estatuto
Geral das Instituições de Ensino Superior Público Portuguesas, na redação do DL z/2012.
O Dr. FELISBERTO considera que a proibição aí contida não se aplica ao seu caso pois
que tal interpretação violaria o seu direito ao livre desenvolvimento da personalidade,
constitucionalmente previsto (cf. artigo 26º/1 CRP). O Diretor, porém, não é da mesma
opinião: segundo aquele, tendo em conta que no Anteprojeto do atual Estatuto constava
a proibição de consumo de bebidas alcoólicas “no decorrer das aulas” e essa expressão
foi substituída pela redação atual, não haveria base para se estabelecer qualquer restrição.
Quid iuris?
Caso Prático 5
Suponha que, do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 1/2016, de 1 de janeiro, que veio
estabelecer o regime jurídico do estabelecimento em território português de bancos
estrangeiros, consta o seguinte: «os bancos que pretendam exercer atividade em Portugal
sem abrir uma sucursal em território nacional devem requerer autorização para o efeito
ao Banco de Portugal».
Admitindo que:
1.º) O diploma em causa havia sido aprovado pelo Conselho de Ministros, após
proposta do Ministro das Finanças, que por sua vez havia encomendado a elaboração de
um anteprojeto de Decreto-Lei à sociedade de advogados «ZCCP – Zé Cerdo, Chico
Panças & Associados». No texto explicativo que acompanhava o anteprojeto enviado ao
Ministério das Finanças, a ZCCP deixava claro que o artigo 1.º apenas se aplicava a
bancos que tivessem a sua sede fora dos Estados-Membros da União Europeia. O
Ministério das Finanças não enviou, porém, esse texto explicativo aos restantes membros
do Governo e, declarações do Secretário de Estado da Presidência do Conselho de
Ministérios à imprensa no dia da aprovação do Decreto-Lei n.º 1/2011 davam a entender
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2.º) O Preâmbulo do diploma reza o seguinte: «na sequência da crise financeira vivida
pelo país e dos seus impactos no setor financeiro, afigura-se imprescindível para garantir
a estabilidade do setor, impor um efetivo controlo por parte do Banco de Portugal das
Instituições de crédito que desenvolvem ou querem desenvolver atividade no nosso país»;
3.º) Nos termos do artigo 3.º do Regime Geral das Instituições de Crédito, aprovado
pelo DL n.º 289/92 de, 31 de Dezembro os Bancos são apenas um dos tipos de Instituições
de Crédito; existem outas, designadamente as caixas económicas, a Caixa Central de
Crédito Agrícola Mútuo, etc;
5º) O artigo 18.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia proíbe qualquer
discriminação em função da nacionalidade entre pessoas de Estados Membros e o
Supremo Tribunal Administrativo já tinha sufragado este mesmo entendimento;
Caso Prático 6
Suponha que no artigo xº do Código das Sociedades Comerciais se dispõe: “No caso
das sociedades por quotas, é proibida a celebração de quaisquer negócios entre a
sociedade e o sócio”.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II
CARLOS PEDRO, jovem executivo promissor, é sócio único da sociedade por quotas
unipessoal “CÃEZINHOS DE LOIÇA”, Lda. Poderá CARLOS PEDRO vender a mobília
do seu escritório particular à sociedade, a fim de mobilar a respetiva sede?
Suponha que CARLOS PEDRO com 17 anos, já revelava uma maturidade excecional
para a idade: cuidava dos negócios de uma loja da família, era responsável pelos irmãos
mais novos e discutia política “como gente grande”. Poderia, invocando que as razões
subjacentes ao disposto no artigo 122.º do Código Civil já estão, quanto a ele,
asseguradas, exigir votar nas eleições presidenciais de 2011?
Caso Prático 7
Suponha que na Lei Eleitoral da Assembleia da República, aprovada pela Lei n.º x/76,
de 25 de abril, se dispõe:
“(artigo 1.º)
No exercício do direito de voto, o eleitor deverá deslocar-se sozinho até à cabine de
voto.
(artigo 2.º)
A violação do disposto no número anterior constitui crime eleitoral, punível com pena
de seis meses a um ano de prisão, no caso do eleitor, e de um a dois anos de prisão, no
caso acompanhante”.
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crime algum pois que “ao criar a lei o legislador não pensou em casos como estes e se
tivesse pensado não teria querido que a lei lhes fosse aplicável”. Quid iuris?
Caso Prático 8
Suponha que está em vigor a Lei nº 1/2015, que se reporta ao funcionamento dos
Jardins Zoológicos e outros espaços lúdicos com animais, abertos ao público. Nos termos
do artigo 1.º dessa Lei:
“1 – É proibido alimentar os animais.
2- Esta proibição não se aplica aos visitantes”.