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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA

FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA DE BELO


HORIZONTE/MG.

Autos nº ...

JOSIANE ALMEIDA, brasileira, funcionária pública, inscrita no CPF sob nº ..., com
endereço na ..., endereço eletrônico ..., vem por meio de seu advogado, legalmente
constituído, perante Vossa Excelência, com base no art. 396 do Código de Processo
Penal, apresentar,

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

Pelo falos e fundamentos:

PRELIMINARMENTE

Da Tempestividade

Cabe ressaltar que a autora foi notificada no dia 10 de setembro de 2018,


portanto, com base no art. 396 do Código de Processo Penal, a presente petição está
devidamente tempestiva, pois oferecida dentro do prazo de 10 (dez) dias, que trata o
referido artigo do diploma processual.

Da Inépcia da Denúncia

As presente denuncia não encontra fundamento no art. 41 do CPP, in verbis:


Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso,
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

A ausência do fundamento de exposição do fato criminoso, pois não fica


evidenciado o dolo da acusada, prejudica seu exercício de ampla defesa e contraditório.
Portanto deve a denúncia ser rejeitada.

Do Cerceamento de Defesa

A parte acusada em nenhum momento foi ouvido no procedimento


administrativo, motivo pelo qual, resta prejudicado seu direito ao contraditório

I. DOS FATOS

A acusada, funcionária pública pela caixa econômica federal, será imputada do


suposto crime de peculato, pois, segundo informações de uma cliente, a acusada efetuou
o requerimento de um cartão magnético em sua conta, bem como efetuou diversos
saques entre os meses de julho e agosto.

Diante tais alegações, estourou-se procedimento administrativo, em que foram


analisadas diversas supostas provas documentais e testemunhais e concluiu que a
acusada fez uso indevido de seu acesso para requisitar cartão e senha da conta da
referida cliente.

Conclusão que foi oferecida ao Ministério Público Federal, pelo relatório


emitido pela Caixa Econômica federal.

Oferecida a denúncia, o procedimento administrativo foi considerado suficiente


para a demonstrar indícios de materialidade e autoria da parte acusada.

II. DO CRIME DE PECULATO

O peculato se encontra tipificado no art. 312 do Código Penal, e a acusada foi


imputada de tal crime pelo motivo de sua conduta, enquanto exercia sua função de
caixa.

No entanto, o tipo penal não se encontra na conduta da acusada, pois, s eguindo-


se os dizeres do referido artigo, o funcionário público deverá apropriar-se do valor, público ou
particular, para ocorrer o fato típico enquadrado no crime de peculato, ocorre, Vossa
Excelência, tal apropriação não fora comprovada em procedimento administrativo oferecido
como base para a denúncia oferecida pelo MPF.
No relatório emitido pela CEF, é mencionado somente o uso do acesso e senhora para
requisitar cartão magnético e não a ocorrência de saques na conta da cliente, neste caso, não
resta dúvida de que não ocorreu fato tipificado pelo art. 312 do Código Penal, visto que a
acusada não se apropriou de valores em seu favor.
Portanto, estão ausentes os pressupostos de desvio em proveito de terceiro ou
demonstração de prejuízo material para o ente público, não houve qualquer
comprovação de autoria e de materialidade, visto que o relatório se fundamentou em
oitiva de testemunhas, sem ao menos qualifica-las.

Vejamos como nossos tribunais vêm decidindo casos análogos:

HABEAS CORPUS. PECULATO. PETIÇÃO INICIAL. FOTOCÓPIA.


MERA IRREGULARIDADE. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
INEXISTÊNCIA DE MATERIALIDADE E DE INDÍCIOS
MÍNIMOS DE AUTORIA. TRANCAMENTO DE INQUÉRITO
POLICIAL. INVIABILIDADE. PREDICADOS PESSOAIS
ABONADORES. INCOMPORTABILIDADE. 1. A apresentação da
petição de habeas corpus mediante fotocópia, sem a posterior juntada da
via original, constitui mera irregularidade, sem o condão de gerar o não
conhecimento da ação, dado o escopo desta de garantir a liberdade
individual. 2. O trancamento de inquérito policial, por meio de habeas
corpus, constitui medida excepcional, somente sendo cabível quando
constatado de forma inequívoca a manifesta atipicidade da conduta,
ausência de indícios mínimos de autoria e materialidade delitiva ou
presença de causa de extinção da punibilidade, o que não se verifica, na
espécie. 3. Incabível análise da tese de bons predicados pessoais,
porquanto o inquérito policial visa colher elementos informativos para
eventual propositura de ação penal. ORDEM CONHECIDA E
DENEGADA. (TJ-GO - HABEAS-CORPUS: 630868920188090000,
Relator: DES. ITANEY FRANCISCO CAMPOS, Data de Julgamento:
14/08/2018, 1A CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2588
de 14/09/2018)

PENAL E PROCESSUAL PENAL - APELAÇÃO CRIMINAL -


AUSÊNCIA DE RAZÕES RECURSAIS - ADMISSIBILIDADE
- PECULATO-DESVIO E assunção de obrigação no último ano
do mandato ou legislatura - PROVAS INSUFICIENTES DE
AUTORIA E MATERIALIDADE - ABSOLVIÇÃO COM
FUNDAMENTO NO ART. 386, VI, DO CPP - SENTENÇA
MANTIDA. 1) A ausência de razões recursais, quando o apelante,
embora intimado, permaneceu inerte, deixando transcorrer in albis
o prazo concedido para tanto, não impede que o Tribunal ad quem
aprecie de forma detalhada e completa a irresignação do réu
condenado, sem eiva de nulidade; 2) Havendo dúvidas acerca
da materialidade e autoria criminosas, não há como condenar
os réus pela pratica dos crimes de peculato-desvio (art. 312 do
CP) e de assunção de obrigação no último ano do mandato ou
legislatura (art. 359-C do CP); 3) Diante da prova de que os
valores foram efetivamente desviados de sua finalidade original e
dos indícios de que foram utilizados em favor do erário, para
cobrir despesas da Administração, a mantença da absolvição dos
agentes públicos é medida que se impõe, com fundamento no
inciso VII do art. 386 do CPP (inexistência de prova suficiente à
condenação), afastado o inciso I do mesmo dispositivo (prova de
inexistência do fato). Precedentes desta Corte; 4) Apelos
conhecidos e não providos. (TJ-AP - APL:
00388646620118030001 AP, Relator: Desembargador MANOEL
BRITO, Data de Julgamento: 25/09/2018, Tribunal).

Portanto, não fica evidenciada qualquer conduta diretamente imputada à


acusada, que evidencie alguma apropriação dolosa dos valores referidos, existem apenas
indícios de que teria se apropriado, sem qualquer prova material de conduta especifica.

III. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer a ABSOLVIÇÃO DA ACUSADA, diante da evidente


ausência de materialidade do fato imputado.

Pede-se:

a) Requer que seja considera inepta a denúncia;

b) Em caso de aceitação da acusação, seja aplicada somente a pena de multa;

c) Em caso de desconsideração da pena de multa, requer-se que seja substituída a


pena de reclusão pela pena de detenção e ausência de multa;

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 20 de setembro de 2018

Advogado
OAB/nº

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