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A CRISE DO SÉCULO XVII

(Berutti)
1 Qual a relação feita por Suzanne Pillorget entre a redução do volume de metais preciosos
na Europa e a Crise do Século XVII?
Século XVI
 Estimulo a atividade comercial.
 “Época de expansão econômica, de alta dos preços e da produção”.
 “Época de progresso” (p.131).
Século XVII
 Fisionomia diversa ao século XVI.
 Produção de metais preciosos, a quantidade é crescente, mas, o ritmo não.
 O estoque de metais preciosos em circulação não diminuiu.
 Os sinais de esgotamento surgem no mesmo momento em que “a expansão da economia
européia” necessita de grande volume de numerários.
 A quantidade de moeda não satisfaz as diferentes necessidades do homem > Na I. M. a
circulação de capital era pequena porque a necessidade era menor.
 Relativamente é correto: “relativa escassez da moeda”. (P.131).
 O século XVII inicia-se com tendência a baixa dos preços (confirmada por volta de 1620/30).
 O mundo entra num período de recessão que mesmo com breves recrudescimentos, dura por
mais de 100 anos. (p.132) Até a primeira metade do século XVIII.
 O fim da recessão: chegada progressiva e maciça ao mercado de novas quantidades de
metal precioso (Do Brasil a Moçambique).
O desenvolvimento da economia necessita de um fator: o metal precioso e os meios de pagamento
> a sua falta paralisa relativamente ou estagna as atividades humanas.
Resposta: Para autora, existe relação entre falta de metais preciosos e a crise do século XVI,
porque acredita que eles influenciam no desenvolvimento da economia pois são meios de
pagamento e como tal influenciam as condições de vida.

2 De que maneira a crise do século XVI contribuiu para destravar as forças que impediam a
plena consolidação de uma economia capitalista?
Hobsbawn: adotando uma avaliação marxista, entende por crise do século XVII (a crise da
economia européia) como uma crise de produção.
-para ele a crise do século XVII foi a última fase de transição geral de uma economia feudal para
uma ordem capitalista.

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-a crise do século XVII é diferente das outras (anteriores) porque “levou à solução dos problemas
que havia se apresentado anteriormente ao tempo do capitalismo”.
Provas de uma crise geral.
-ao destacar a tese segundo a qual a crise do século XVI equivale a uma regressão econômica >
não que ele não considere que ela existiu, ou seja, que “houve uma regressão considerável”, provas
disso:
1. O MEDITERRÂNEO
O mediterrâneo deixa de ser o centro mais importante de difusão cultural, influência política e
econômica.
Virou um mar estagnado e empobrecido.
Declínio da Alemanha, Dinamarca, Polônia.
Retrocesso das potências Ibéricas, Itália e Turquia.
Por outro lado:
As potências marítimas e suas dependências - Inglaterra, Províncias Unidas, Suécia, assim como
Rússia e Suíça – pareciam desenvolver ao invés de estagnar.
O importante é que: o capitalismo avançava decisivamente.
2. A POPULAÇÃO
Dados isolados sugerem um declínio de fato (para os piores casos) e nivelamento ou ligeira
elevação (para os melhores casos).
Casos de grande aumento populacional não são comentados. (com exceção para os Países Baixos,
Noruega e Suíça).
Declínio populacional ocorreu na Espanha, sul da Itália, Alemanha, Hungria e Polônia.
Grande número de doenças epidêmicas
As cidades grandes que haviam crescido no século XVI estacionaram; as pequenas e médias –
frequentemente declinaram – só certo número de metrópoles administrativas e centros comerciais e
financeiros chegaram a grandes dimensões.
3. A PRODUÇÃO
Ignora, pois houve zona que se “desindustrializaram completamente” exemplo: Itália, Alemanha,
partes da França e Polônia.
Enquanto em outros lugares “verificou-se desenvolvimento industrial relativamente rápido” exemplo:
Suíça.
“Incremento das indústrias extrativas” e “um aumento de trabalho doméstico rural” que “podem ter
levado ou não a um aumento líquido na produção total”.
4. COMÉRCIO
“A crise foi mais geral” (p.80).

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O Báltico e o Mediterrâneo: zonas de comércio internacional > passaram por uma revolução e
possivelmente por um declínio transitório no volume de seu comércio.
5. A EXPANSÃO DA EUROPA
A influência européia se contraiu, exceto no anterior da Sibéria e América.
Espanha, Portugal e Holanda: Impérios que se contraíram neste século.
6. AS REVOLTAS SOCIAIS
Ocorreram muitas neste século tanto na Europa ocidental quanto na oriental.
Causas da crise:
Descarta a guerra dos 30 anos como causa, tradicionalmente aceita, mas que não explica como a
crise afetou várias regiões da Europa. Para o autor: as guerras agravavam tendências de crise já
existentes.

Quais as críticas de Trevor – Roper aos marxistas no que diz respeito à crise do século XVII?
1) Critica a observação puramente materialista > não entende como uma crise de produção
econômica.
2) Critica a identificação das revoluções do século XVII como revoluções de “burguesas” e
“capitalistas”, que considera ser uma hipótese a priori dos marxistas. Não aceita como os
marxistas que as transformações ocorridas na sociedade sejam produto de um rompimento
violento – ocasionado por uma nova classe, a burguesia.
Quais as razões para crise para Trevor – Roper?
Devem ser procuradas nas relações entre sociedade e Estado.
Um Estado que se baseia no desperdício e parasitismo só se manteve enquanto a prosperidade do
século XV e XVI foi possível, quando a prosperidade terminou a crise geral se tornou inevitável.
O que Lublísnkaya quer dizer com por mais que uma crise , o século XVII viveu “uma luta
econômica e política entre os países onde o capitalismo se desenvolve de maneira desigual?
Para ele devem ser observadas as diferenças de cada país, e não se fazer uma generalização da
análise da crise. Assim, enquanto para certos países a transição para o capitalismo é mais rápida,
para outros ocorriam entraves à passagem. Não deve ser considerada crise de produção as
dificuldades sofridas nesta época pelo capitalismo europeu.
Observações quanto às análises de Lublísnkaya e Hobsbawn:
1) Quando fala em “crise geral” acredito que Hobsbawn não descarta as ocorrências diferentes
nos países (vide as provas).
2) Ao falar de “crise de produção” Hobsbawn, observa o obstáculo que reseva esa crise
enquanto superação.

Resposta a questão 2:

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Segundo a concepção marxista, para que o capitalismo se implante, a estrutura da sociedade feudal
deve passar por uma revolução. A sociedade deve ter:
 Divisão social do trabalho muito elaborada
 Aumento da produção negociada no mercado supra local deverá ser rapidamente
aumentado
 Grande quantidade de trabalhadores assalariados.
- a criação de um mercado amplo e em expansão mais força de trabalho livre, são dois aspectos
diferentes de um mesmo processo.
- assim: a expansão verificada no século XV e XVI tinha limites, impostos pela estrutura geral ou
pela sociedade feudal, que ao se deparar com seus limites > crise.
- a crise do Século XVII contribuiu para destravar as forças capitalistas, porque ao abrir uma brecha
na estrutura da sociedade que estava em momento de adaptação entre o que era ainda feudal e o
que era capitalista, visto este não ter força para eclodir.
Abalada a estrutura e após a crise econômica e a agitação social, a imprensa capitalista encontrou
um campo mais favorável para o seu deslocamento.
O que explica não ter após o século XV e XVI (expansão) ter ocorrido a Revolução Industrial (só nos
séculos XVIII / XIX) o que ocorreu no século XVII > foi a preparação para o avanço capitalista, e o
avanço verificado antes (século XVI) tinha limites que não explicavam à Revolução da estrutura da
sociedade.
O que os marxistas entendem como pressuposto para a transferência final (mercado e mão de obra)
só foi possível com a crise do século XVII para criar o deslocamento da imprensa capitalista que
estava adaptada ao quadro feudal, para uma empresa que transformaria o mundo segundo seus
próprios padrões que poderiam criar essas condições para a Revolução Industrial.
(p. 96) A crise ocorreu devido, principalmente ao fracasso em superar certos obstáculos
gerias (...) que impediam o desenvolvimento do capitalismo.

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