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NATUREZA DO ESTADO ABSOLUTISTA

Berutti – Historia Moderna Através de textos ( p. 63~66)

I. Estado Absolutista , Estado Feudal

Perry Anderson.
 Base social de sustentação do Estado Absolutista – Anderson defende a tese de que “O Estado
Absolutista não é mais do que um rearranjo da nobreza feudal para continuar no poder.”

1. “Contraste entre a estrutura da monarquia medieval dos “estados” e a dos inícios do


absolutismo moderno” : é evidente para os historiadores. Entretanto:

2 . A grande força estrutural que levou “a uma reorganização completa do poder da classe
feudal” : estava escondida. (p.63)
2.a A nobreza se dividiu quanto ao desenvolvimento econômico ou mercantil : uns aderiram e se
empenharam em seu progresso , outro: viram como desonra e ruína.

A nobreza revolta - se contra esses estados de coisas para a maioria : inicia-se “um processo
adaptação e conversão longo e difícil ate que se restaure de forma precária, a “harmonia entre a sua
Classe e Estado”. (p.63)

Neste processo : “a antiga aristocracia feudal foi obriga a abandonar as suas velhas tradições
e adquirir outras numerosas aptidões” por ex.: renunciar ao uso privado das forças armadas aos
seus direitos políticos autônomos e ocupar novas funções : por exemplo: funcionário letrado,
proprietário fundiário mais ou menos esclarecido.

Assim, pra Anderson


“a historia do Absolutismo Ocidental é, em grande parte , a história da lenta renovação da
classe dirigente fundiária à formas exigida pela manutenção do seu próprio poder político,
apesar é contra o essencial da sua experiência e de seus instintos anteriores” (p. 64)

3. O Renascimento : marca a primeira fase da consolidação do absolutismo  ainda próximo do


esquema monárquico anterior.

4. Absolutismo – forma errônea pois “nenhuma monarquia Ocidental jamais gozou de um


poder absoluto sobre os seus súditos” “todas elas eram limitadas” (p.64)
Mesmo das concepções “divinas” à eles atribuídas.
– por ex: nenhum dos estados absolutistas pode jamais dispor da liberdade e das propriedades
fundiárias da nobreza ou da burguesia, como ocorreu nas tiranias asiáticas.

– não conseguiram levar a cabo a centralizaçõa adiminstrativa ou a uniicação política  os


particularismo corporativos e as heterogeneidades regionais, como uma herança da época
medieval. (p.64)

Monarquia Absolutista Ocidental – Duplamente limitada .


 “Pela persistência de corpos políticos tradicionais colocados abaixo dela e
 pela presença de uma lei moral situada acima “

Ou seja : a denominação do absolutismo exerceu-se, necessariamente nos limites da classe


cujos interesses ele preservava.
II. Estado Absolutista , Estado Capitalista

Nicos Poulantzas – in: Poder Político e classes sociais do Estados Capitalista.Martins


Fontes, 2º edição ,1986. (p.157-163)

1. Origem e consolidação
Para a Europa Ocidental – O nascimento do Estado Absolutista varia de acordo com o
desenvolvimento desigual dos diversos conjuntos nacionais, mais situa-se nos séc. XIV e XV.

– a consolidação desses estados: meados de séc. XV a meados do séc. XVII.


– este estado é encontrado na França, na Espanha e embrionariamente na Itália.
– Na Inglaterra foi de existência precária.

Duas características :
 O titular do poderio estatal, em geral o monarca concentra em suas mãos um poder incontrolável
pelas outras instituições e sem ser contido por lei limitativa seja ela temporal ou divina.
Ao contrario do estado Feudal em que o poder do Estado é limitado pela lei divina e pelo privilegio
dos diversos estados medievais. (p. 158)

 Estado centralizado , fonte de todo poder “político” no interior de um domínio territorial-nacional,


ou seja – dominação institucionalizada exclusiva e única, sobre um conjunto territorial-nacional e o
exercício efetivo do poder central sem as restrições “extra políticas de ordem jurídica,
eclesiástica, ou moral que caracterizam o estado feudal.

O caráter fundamental do Estado Absolutista :


É representar a unidade propriamente política de um poder centralizado em um conjunto nacional.
(p.158)

3.papel do exército e da burocracia na formação do aparelho do estado Absolutista.


O lugar do exército do Estado Absolutista é determinado pelo poder central, diferente do exercito
medieval que se baseava em laços de feudalidade. Este novo exercito se baseia no poder político
relativamente liberado dos limites dos laços feudais. (p.160)
A burocracia – o seu papel no aparelho de Estado é contudo determinado pelas estruturas
capitalistas do Estado Absolutista. (p. 160)
– Os cargos públicos não se ligam mais diretamente a qualidade de seus titulares à questão de
classes castas se reveste de função política do Estado. (p. 161)

3 Procurando demonstrar que o Estado Absoluto tem sua base social de apoio na burguesia
emergente, Polantzas, procura demonstrar as razões dessas idéia.
1. Antes é conveniente esclarecer que, o autor entende que : exista um defasagem entre o Estado
Absolutista e a instância econômica .(p.161)
Para ele : “ Estado Absolutista apresenta uma autonomia em relação a instâncias
econômicas.”
Tese : Esta defasagem “coloca problema de funcionamento do Estado Absolutista em proveito do
modo de produção capitalista, ainda não dominante”. (p.161)

Para o autor : o funcionamento do Estado Absolutista não pode explicado diretamente nem pelo
lugar político da burguesia no campo da luta de classes, nem na natureza de classe do aparelho de
Estado. (p. 161)

O que explica o defasamento cronológico entre o Estado absolutista e a instância econômica do


período de transição do feudalismo para o capitalismo é :

As funções do Estado na A.P.C.


 Expropriação dos pequenos proprietários
 Fiscalização
 Fornecimento dos fundos para o inicio da industria
 Ataque ao poder senhorial
 Rupturas das barreiras comerciais no interior do território nacional, etc.
Para o autor estas funções “só podem ser preenchidas por um estado com caráter capitalista”,
que tinha o poder publico centralizado e de caráter político. (p.162)

As suas instituições “nacional-populares” é que permitem-lhe funcionar contra os interesses da


nobreza num momento em que ainda não se pode apoiar claramente a burguesia.
Assim o estado atua como força à favor da burguesia nascente porque o momento é de transição =>
não poderia ser um Estado qualquer a desempenhar esse papel de “força” nas fixações dos limites
de um M.P. ainda não determinado.
“A transição atribuindo estas funções ao Estado faz que estas só possam ser preenchidas
por um Estado com caráter capitalista”. (p.162)

Considerando sobre a luta de classes – descarta o equilíbrio de forças entre burguesia e nobreza
como explicativo para autonomia relativa do Estado.
A aliança de classe nobre-burguesia é frequentemente marcada por uma predominância nítida da
nobreza. (p.163)

Assim se explica se “explica a autonomia relativa” do Estado Absolutista por:


A. Seu caráter capitalista e sua função no período de transição
B. À sua relação complexa com o campo da luta de classes no estagio inicial da transição
feudalismo para o capitalismo
Resumo : tem um estado marcadamente capitalista, em um momento em que a burguesia não é a
classe politicamente dominante e mesmo frequentemente não é a classe economicamente
dominante.
Neste estagio inicial não corresponde na maioria das vezes em equilíbrio de forças entre burguesia e
nobreza.(p.163)
Após a elevação da burguesia ao poder político (sem ser necessariamente hegemônica) a transição
continuará até a consolidação do M.P.C.

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