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AULA 26

“Solidariedade”
TEMA: Solidariedade
Solidariedade – trabalho voluntário
Solidariedade é um ato de bondade com o próximo ou um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou
propósitos entre os membros de um grupo.

1. Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas.


2. Interdependência entre seres .
3. Identidade de sentimentos, de ideias, de doutrinas.
Na sociologia, existe o conceito de solidariedade social, que subentende a ideia de que os seus praticantes se sintam
integrantes de uma mesma comunidade e, portanto, sintam-se interdependentes.

Texto I
Na obra De la division du travail social, publicada em 1893, Durkheim enfoca, de forma contraposta, duas maneiras de
articulação do liame social: a “solidariedade mecânica” e a “solidariedade orgânica”. O contraste entre essas duas formas de
solidariedade social serve a Durkheim como mecanismo de solução à questão de como se operam as relações entre indivíduo e
sociedade. Assim, o problema fundamental de sua abordagem, nessa obra, consiste em explicar como o indivíduo, mesmo se
tornando mais autônomo, mostra-se mais estreitamente dependente da sociedade. Aliás, é por essa razão que Raymond Aron,
sublinha que o tema fundamental desse livro de Durkheim consistiria no exame das relações entre indivíduos e sociedade.
Segundo Durkheim, a solidariedade mecânica corresponderia a sociedades ditas segmentárias, nas quais os indivíduos
seriam semelhantes no que concerne à partilha dos elementos constitutivos da consciência comum. Em tais sociedades não haveria
nem especialização de funções nem de indivíduos os quais se encontrariam amalgamados nos grupos por eles compostos. Sem
entrar na discussão relativa ao “evolucionismo” na obra de Durkheim, cabe notar que tais sociedades seriam cronologicamente as
primeiras. Por outro lado, a solidariedade orgânica corresponderia a sociedades caracterizadas pela diferenciação funcional, nas
quais haveria uma divisão de funções e de indivíduos e a formação de subgrupos especializados que reforçariam a individualização,
fazendo com que os indivíduos sejam considerados como fonte autônoma de pensamento e ação. Trata-se, portanto, de dois
sistemas distintos de relações sociais.
Ao contrastar essas duas formas de solidariedade, Durkheim enfatiza, sobretudo, os seguintes aspectos: a) enquanto
na solidariedade mecânica a relação entre indivíduo e sociedade ocorre sem que haja nenhuma intermediação, na solidariedade
orgânica tal relação é intermediada ela pertença a grupos especializados; b) enquanto na solidariedade mecânica a sociedade é
vista como um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo, nas sociedades
em que vige a solidariedade orgânica verifica-se a presença de um sistema de funções diferentes e especializadas unidas por
relações definidas; c) a intensidade da solidariedade mecânica é inversamente proporcional à da personalidade individual, ou seja,
atinge seu apogeu quando a consciência coletiva recobre exatamente nossa consciência total e coincide em todos os pontos com
ela. Contrariamente, a solidariedade orgânica, produzida pela divisão do trabalho social, pressupõe a personalidade e a esfera de
ação própria dos indivíduos. Assim, é preciso que a consciência individual não fique integralmente recoberta pela consciência
coletiva.

Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/140/edicao-1/emile-durkheim Adaptado.

Pedindo solidariedade entre povos para o fim de conflitos, ONU marca Dia
Internacional da Amizade
O secretário-geral da ONU acredita que é “vital estender a mão para o outro de forma a prevenir o conflito e construir bases
de longo prazo para uma paz duradoura.”

Na China, um cidadão afirma “sou rico porque tenho muitos amigos”, enquanto um etíope questiona: “se não tivermos amigos,
como podemos sobreviver sozinhos?”. Com essas mensagens de desconhecidos de todo o mundo, a ONU comemora nesta quarta-
feira (30) o Dia Internacional da Amizade e lembra da importância da solidariedade humana especialmente nesse momento de tanta
violência e conflitos.
Essas vídeo-mensagens foram produzidas pelo fotógrafo Yann Arthus-Bertrand como parte do projeto contínuo que começou
em 2003 e que consiste em cerca de 6 mil entrevistas filmadas em mais de 84 países. Em datas específicas, o Centro Regional de
Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC) e a equipe do “7 Bilhões de Outros” trabalham juntas para divulgar
essas mensagens no maior número de línguas possível.
Lançando um apelo de solidariedade mundial, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon frisou que o Dia Internacional da
Amizade em 2014 recobra uma importância especial neste momento de desconfianças, violência e guerras generalizadas em muitas
partes do mundo.
“Seja qual for a causa, e por mais forte que sejam as forças de animosidade e violência armada, o espírito humano é
potencialmente muito mais forte. É o nosso dever solene fazer com que ele prevaleça”, disse Ban.
O chefe da ONU concluiu lembrando que nestes tempos difíceis e imprevisíveis é “vital estender a mão para o outro de forma
a prevenir o conflito e construir bases de longo prazo para uma paz duradoura” e recordar os “laços que nos unem, independente
da raça, religião, gênero, orientação sexual ou fronteiras.”

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Em maio de 2011, a Assembleia Geral da ONU adotou de forma unanime a resolução designando o dia 30 de julho como o
Dia Internacional da Amizade, em reconhecimento ao potencial da amizade para construir aos esforços da comunidade mundial de
promover o diálogo entre as civilizações, o entendimento mútuo e a reconciliação.
O conceito de amizade é um dos princípios fundadores da Família ONU, incluído na Carta das Nações Unidas que proclama
que um dos propósitos da Organização é “desenvolver relações amistosas entre as nações”.

Individuação e Individualismo no mundo contemporâneo


O mundo de hoje é mais caótico que antigamente?
Todos nós já ouvimos falar que o mundo está ficando cada vez mais individualista e caótico, que estamos cada vez mais
egoístas, e que em decorrência disso estamos tendo a maior "epidemia" de transtornos mentais jamais vista em outros períodos.
As estatísticas da depressão aumentam a cada ano. No Brasil por exemplo, estima-se que 10% da população sofra de depressão.
Vamos analisar cautelosamente essas afirmações, e ver se são verdadeiras. Para isto, usarei um conceito particular do que é saúde
mental, o conceito de Individuação, que explicarei melhor mais adiante, e foi proposto pelo autor que já venho trabalhando em outros
textos, C.G. Jung. Sendo individuação o conceito de saúde que usaremos nesse texto, o conceito de individualismo será usado
exatamente na direção contrária da individuação, será tratado como fator “adoecedor”. E para falar de individualismo, trarei três
autores, que em minha opinião conseguiram captar bem o rumo da humanidade na contemporaneidade: Zygmunt Bauman, Jiddu
Krishnamurti e Leandro Karnal ( brilhante historiador brasileiro).

Qual a diferença entre Individuação e individualismo?


O conceito junguiano de Individuação se diferencia radicalmente do individualismo, uma vez que a individuação é um
processo que conduz a pessoa a se tornar singular, e o individualismo conduz a pessoa a se tornar egoísta. Que é ser singular? É
se diferenciar da massa, é encontrar seu caminho pessoal, sua essência, independente do que as pessoas esperam de você,
independente do que o mercado espera de você, independente do que seus pais esperam/esperavam de você. Individuação é
aproximadamente o que Carl Rogers chamaria de tornar-se pessoa. É responder a pergunta básica de J.Lacan: "Che vuoi?" ( O que
você quer?) O que você quer de verdade?
"Nascemos originais e morremos copias" (C.G Jung). Nessa frase marcante, Jung coloca a individuação como uma tarefa
que a humanidade não tem conseguido levar a cabo. Continuamos morrendo cópias, todos os dias. Seguimos o programa social
que já estava determinado para nós, e esquecemos de olhar o que realmente é importante para nossa alma.

O individualismo tem contribuído para que continuemos evitando a individuação. O individualismo é precisamente o que tem
impedido a individuação, ele é o operador da mesmice, e para explicar isso, é preciso entender como funcionam os relacionamentos
no mundo de hoje. E quem tem falado sobre isso é o sociólogo Zygmunt Bauman, que vê as relações humanas cada vez mais
descartáveis e líquidas. Bauman cita as “Amizades de Facebook”, que podem ser facilmente iniciadas e facilmente encerradas. Para
manejar essas amizades, basta escolher conectar, e quando se quiser encerrá-las basta escolher desconectar, lidar com essas
relações não requer um compromisso duradouro. Na verdade, nem sequer há uma relação afetiva nesses casos, há apenas uma
relação de troca momentânea (busca-se sexo, negócios, informação, autoafirmação). Estamos cada vez mais distantes do outro. E
o pior, distantes do outro que está bem ao nosso lado. Para o historiador Leandro Karnal, o individualismo de hoje beira ao autismo.
E para demonstrar isso de forma bem humorada ele propõe um "experimento" do dia-a-dia. Ele diz que se qualquer um de nós
chegar em casa a noite após o trabalho e disser a alguém: "estou cansado", na maioria dos casos irá ouvir: " Eu também". Ninguém
irá perguntar por que você está cansado. Aliás, nossos diálogos têm sido muito assim. Cada um falando de si. Uma mulher chega
e diz: " Meu filho está fazendo direito", ao que sua amiga responde: "O meu está fazendo Medicina". A noção de que existe um outro
está se perdendo. Isso porque estamos demasiadamente engajados em "nossos projetos de vida". O que dificilmente nos damos
conta é que esses projetos de vida não são nossos... são programas que determinaram para nós, e inclusive nos fizeram desejá-lo,
como um jovem cujo objetivo único é ter um alto cargo numa empresa, mas prefere não lembrar da insônia que isso pode causar.
É nesse sentido que o educador indiano Krishnamurti dizia que a mente humana está abarrotada do Vir-a-ser. Estamos sempre
tentando vir a ser algo diferente do que somos, sempre querendo alcançar uma posição maior e mais privilegiada na sociedade.
Quando todos desejam as mesmas coisas, podemos suspeitar da singularidade desses desejos. Quando um adolescente sonha
em ir pra Disney, é bem provável que esse sonho "foi colocado" lá em sua mente por alguém, provavelmente não é um sonho
original. E a prova disso é que quando alcançamos o momento tão sonhado, estamos mais preocupados em tirar fotos para postar
no Facebook do que em aproveitar o momento.

Voltemos a hipótese central desse texto, a de que o individualismo tem bloqueado o processo de individuação e
singularização. vamos examinar isto. Vimos dois fatores que apoiam essa hipótese:
1 - As relações líquidas
Primeiro fator, o fato de as relações estarem mais líquidas no mundo individualista, é extremamente danoso para a
individuação, pois esta depende de relacionamentos profundos. Uma das melhores maneiras de conhecer a si mesmo, é através do
espelho da relação com o outro.

2 - Os programas de vida "prato-feito" aos quais estamos sendo condicionados.


Esse segundo fator é bastante óbvio. Estamos tão bitolados em cumprir os nossos objetivos na carreira e na vida social, que
nos afastamos totalmente da meta da alma, a individuação. Chamo esses programas de vida de prato-feito, porque apesar de termos
a impressão de que eles são bastantes pessoais, eles são iguais aos das outras pessoas.

Conclusão: Como quebrar essa corrente?


Essa é uma pergunta que cada um responde por si, cada um traz as soluções que lhe são possíveis. Não existe uma fórmula,
mas se estamos realmente convencidos das mazelas do individualismo, achar-se-á uma maneira. Ou, se não estamos convencidos
disso, podemos continuar com ele. Os textos onde compartilho meus pensamentos com o leitor são apenas hipóteses, esboços,
não há nada conclusivo, nem mesmo o parágrafo de conclusão. Contudo, se me permite sugerir um bom lugar para começar a
quebrar essa corrente, pode-se começar pela escuta, ouvir o outro. É um bom começo.

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Apesar de todas as calamidades demonstradas, em todo esse texto não há evidencia de que o mundo está mais caótico do
que antigamente. Criamos problemas para o mundo, mas também conseguimos resolver alguns dos problemas de antigamente. É
hora de colocar os ganhos e perdas na balança para avaliar o mundo que nos cerca.

MÃOS À OBRA
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Os efeitos da falta de solidariedade na sociedade”. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Apresente propostas de
solução que respeitem os direitos humanos. Seu texto deve ter de 7 a 30 linhas.

Professora Candice e Professor João Filipe!

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