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Universidade Independente de Angola

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Turma: A1 e B1

Sala: L. B4/ B.2.3

Lição nº 5 e 6

Sumário: Classificação dos contratos.

Respeitados os limites previstos na lei, estará ao alcance das partes para o exercício da sua liberdade
contratual em tais termos que: celebrem os contratos previstos na lei; criem contratos não previstos
na lei; combinem elementos de vários contratos previstos na lei. Tudo isto decorre da amplitude
reconhecida pelo artigo 405.º do CC, à liberdade contratual.

Os contratos podem ser classificados quanto ao:

1) A denominação: típicos, atípicos, nominados, inominados, mistos.

a) Contratos típicos ou nominados: contratos expressamente previstos na lei e como tal


objecto de regulação específica.

Ex: Compra e venda; Doação, Contrato de sociedade, etc.

b) Contratos atípicos ou inominados: contratos que as partes criam no uso da sua liberdade e
que não são objecto, pela lei, de regulamentação específica.

Ex: contrato de troca ou escambo, artigo 480.º do C. Com, contrato de hospedagem referido na al.
b) do artigo 755.º do C.C. são contratos nominados, mas atípicos.

Os contratos serão inominados e atípicos, quando o seu regime não estiver previsto na lei, nem por
por ela forem reconhecidos como categorias jurídicas, apesar de muitas vezes serem serem
amplamente conhecidos e celebrados na prática jurídica. Daí que, por vezes, certos contratos
atípicos sejam referidos como contratos socialmente típicos, mas legalmente atípicos.

Ex: constituem em Angola essa categoria, o contrato de transferência de tecnologia (know how),
contrato de locação financeira (leasing), o contrato de facturização (factoring), etc.

c) Contratos Mistos: contratos que reúnem elementos que correspondem a dois ou mais tipos
de contratos, objecto de regulamentação específica. O contrato misto configura,

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naturalmente, um contrato atípico, pois não corresponde integralmente a nenhum dos tipos
contratuais previstos e regulados na lei.

Ex: Doações mistas.

Neste tipo de contrato, põe-se o problema de saber qual o regime contratual a que fica sujeito,
problemas a que têm sido dadas respostas diversas por três correntes doutrinais distintas: a teoria
da absorção, teoria da combinação e a teoria da analogia.

2) Quanto as vantagens patrimoniais:

a) Contratos gratuitos: é gratuito o contrato em que, segundo a comum intenção dos


contraentes, um deles proporciona uma vantagem patrimonial ao outro, sem qualquer
correspectivo ou contraprestação.

Ex: Doação artigo 940.º do C.C, Comodato, artigo 1129.º do C.C.

b) Contratos onerosos: diz-se oneroso o contrato em que a atribuição patrimonial efectuada


por cada um dos contraentes tem por correspectivo, compensação ou equivalente a
atribuição da mesma natureza proveniente do outro, ou seja, cada uma das partes tem
simultaneamente uma vantagem de natureza patrimonial e um sacrifício do mesmo tipo.

Ex: Empréstimo, artigo 395.º do C. Com, o Depósito mercantil, artigo 404.º do C. Com, a Compra e
venda, artigo 874.º do C.C, a Locação, artigo 1022.º do C.C, Empreitada, artigo 1027.º do C.C,
Contrato de Trabalho, artigo 1152.º do C.C, Contrato de Sociedade, atigo 980.º do C.C, etc.

Os contratos onerosos podem ser: comutativos e aleatórios.

 Comutativos: são aqueles em que prestação e contraprestação são equivalentes entre si e


susceptíveis de imediata apreciação quanto a equivalência.

Ex: Compra e venda.

 Aleatórios: são aqueles em que a prestação de um ou de ambos os contraentes (contratantes)


depende do evento futuro e incerto.

Ex: contratos de jogo e aposta; seguros.

3) Quanto ao efeito:

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a) Contratos bilaterais ou sinalagmáticos: são aqueles que estabelecem um vínculo de
reciprocidade entre as partes que por força do contrato são reciprocamente credor e devedor
uma da outra.

Ex: Compra e venda artigo 874.º, Empreitada artigo 1207, Locação, artigo 1022.º, Contrato de
trabalho, artigo 1152.º, Mandato oneroso, 1158.º nº 2, todos do C.C.

b) Contratos unilaterais: dizem-se unilaterais os contratos dos quais resultam obrigações só


para uma das partes. O contrato é sempre um negócio jurídico bilateral, visto nascer do
elance de duas (ou mais) declarações de vontade contrapostas e ter assim sempre duas partes
(em regra, dois contraentes). Mas há negócios jurídicos bilaterais (contratos) que só criam
obrigações para uma das partes (um dos lados).

Ex: doação, artigo 940.º do C.C; Comodado, artigo 1129.º do C.C; Mútuo e no Mandato gratuito,
atigo 1157.º do C.C.

4) Quanto a formação:

a) Paritários: são aqueles em que as partes interessadas estão em pé de igualdade, podendo


discutir livremente os termos do acto negocial.

b) De Adesão: não há liberdade, uma das partes adere à outra que elabora todas as cláusulas.

Ex: contrato de seguro, fornecimento de energia.

c) Contrato-tipo: as cláusulas não são impostas por uma parte à outra, mas apenas pré-
redigidas. As cláusulas são previamente estabelecidas, faltando apenas preencher alguns
espaços em branco.

Ex: contrato bancário

5) Quanto a forma (Validade):

a) Consensuais: são aqueles cuja perfeição depende apenas das declarações de vontade dos
contraentes, ainda que tais declarações tenham que respeitar determinada forma, ou seja, não
se exige a prática de quaisquer actos materiais.

Ex: Locação artigo 1022.º do C.C.

b) Reais (quoad cosntitutionem): são aqueles para cuja celebração é exigida a entrega da
coisa que constitui o seu objecto, ou seja, além do consentimento, necessitam da entrega da
coisa.

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Ex: depósito, Comodato.

c) Solenes ou formais: diz-se que um contrato é formal sempre que a sua validade fique
dependente da observância de certa forma legalmente prescrita. O desrespeito pela forma
legalmente exigida tem como sanção a nulidade do contrato celebrado.

6) Quanto a pessoa do declarante:

a) Pessoais: ligada a obrigação de fazer intuito personae, esse contrato pessoal somente o
agente citado tem perícia para cumprir o contrato.

b) Impessoais: Já no impessoal, o cumprimento desse não está adstrito à pessoa, podendo ser
substituída.

Podem ainda ser classificados em Principais e Acessórios.

O contrato principal (201.º C.C ND EXP) é doptado de autonomia, ou seja, não necessita de outro
para sua aplicação.

Os contratos que, no entanto, dependem da existência de outros, são chamados de acessórios.


Contratos acessórios, assim, são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal,
como a cláusula penal, a fiança etc. Assinala Messineo que a função predominante dos contratos
acessórios é garantir o cumprimento de obrigações assumidas em contrato principal, como o
penhor, a hipoteca convencional, a fiança e similares. Entretanto, aduz, não são apenas acessórios
os contratos de garantia, mas todos os que têm como pressuposto outro contrato.

A distinção entre contratos principais e acessórios encontra justificativa no princípio geral de que o
acessório segue o destino do principal. Em consequência:
a) Nulo o contrato principal, nulo será também o negócio acessório; a recíproca, todavia, não é
verdadeira;
b) A prescrição da pretensão concernente à obrigação principal acarretará a da relactiva às
acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira; desse modo, a prescrição da pretensão a
direitos acessórios não atinge a do direito principal.

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Orlando Gomes, com apoio em Santoro Passarelli, afirma que, os contratos acessórios podem ser
preparatórios, como o mandato; integrativos, como a aceitação do terceiro na estipulação em seu
favor; complementares, como a adesão a um contrato aberto.
Alguns contratos são denominados derivados ou subcontratos, por também dependerem ou
derivarem de outros. Contratos derivados são os que têm por objecto direitos estabelecidos em outro
contrato, denominado básico ou principal. Entre os principais subcontratos destacam-se a
sublocação, a subempreitada e a subconcessão.
Esses contratos têm em comum com os acessórios o facto de que ambos são dependentes de outro.
Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito versado
no contrato-base. Nessa espécie de avença, um dos contratantes transfere a terceiro, sem se
desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual. O locatário, por exemplo, transfere
a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a sublocação.

O contrato de locação não se extingue. E os direitos do sublocatário terão a mesma extensão dos
direitos do locatário, que continua vinculado ao locador.
O subcontrato também se distingue da cessão da posição contratual, na qual o contrato básico
persiste em sua integridade, mas com novo titular, o cessionário. No contrato derivado, no entanto,
surge uma nova relação contratual, sem alteração da primeira, havendo apenas um dos sujeitos que
é titular de ambos os contratos.
Segundo a lição de Messineo, o subcontrato se distingue da cessão do contrato porque dá lugar ao
nascimento de um direito novo, embora do mesmo conteúdo e de extensão não maior (nemo plus
iuris etc.) que o contrato básico, enquanto a cessão de contrato transfere ao cessionário o mesmo
direito pertencente ao cedente.
Os contratos personalíssimos ou intuitu personae não admitem a subcontratação, pois são
celebrados em razão das qualidades pessoais do obrigado. Também não a permitem os contratos de
execução instantânea, tendo em vista que o subcontrato é um negócio de duração.

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