Você está na página 1de 3

Introdução à gestão cultural

Módulo 1 2017/2018

O tema das politicas culturais é um tema central para a gestão cultural.


Por isto nosso curso se chama Gestão e Politicas Culturais. Mas também é
um campo de muita complexidade porque os limites conceituais e os
marcos de referência são muito imprecisos e mudam constantemente . Se
analisarmos a gestão cultural e as politicas culturais desde um referente
antigo ou deslocalizado é difícil entender na atualidade uma realidade
concreta. E é habitual que as politicas culturais se tratem desde posições
tradicionais. Eu acostumo de dizer que a gestão cultural olha ao passado,
muitas vezes não se apercebe da contemporaneidade e é comum não
imaginar o futuro.

Para compreender a gestão cultural e as politicas culturais é preciso dispor


de diversos e diferentes pontos de análise e manter certa distância da
pratica cotidiana. Sair do discurso habitual para entrar numa observação e
interpretação livre e aberta além das posições formais. Apostar pelo
conhecimento e o rigor mais que pelos planejamentos demasiado
dogmáticos e pretenciosos que muitas vezes domina à cultura. Não
podemos olvidar que a gestão da cultura é a gestão do opinável e do
subjetivo, onde as posições fechadas e preconcebidas com frequência são
muito próximas ao imobilismo e a certo autoritarismo.

Identificar e entender as politicas culturais e suas formas de gestão, em


todas as suas dimensões, requer de capacidades críticas e uma
predisposição a superar posições ideológicas para analisar suas
complexidades com modéstia, mas com rigor intelectual.

O gestor cultural pode encontrar-se, em um momento determinado,


numa instituição ou num governo e haverá de executar a política cultural
desta organização, mas isto não que dizer que o seu ponto de vista
coincida com o oficial. Nós formamos gestores culturais para atuar na
sociedade e não em uma organização determinada. O gestor cultural
requer duma alta capacidade de adaptabilidade a diferentes encargos
sociais e professionais, como a entender as mudanças que comportam o
dinamismo da vida cultural de nossas sociedades.

Geralmente quando falamos de gestão e politicas culturais nossa


referência é a ação dos governos e das institucionalidades dos estados.
Mas num contexto democrático e respeitoso com os direitos, as politicas
culturais fazem referência a todos os agentes sociais e culturais que são
mais importantes e numerosos que a ação governamental.

Embora as administrações públicas sejam as responsáveis das políticas de


interesse geral e das garantias sobre os direitos culturais, todo agente,
comunidades ou pessoa física podem participar na vida cultural e por
consequência na gestão e as politicas culturais, por ativa ou passiva.

Por isto García Canclini definiu há uns anos que a politica cultural é “um
conjunto de intervenções realizadas pelo Estado, pelas instituições civis e
pelos grupos comunitários organizados a fim de orientar o
desenvolvimento simbólico, satisfazer as necessidades culturais da
população e obter consenso para um tipo de ordem ou de transformação
social”.

O gestor cultural há de diferenciar as políticas culturais públicas, das


políticas culturais de outros agentes ou atores culturais que também
fazem suas políticas.

Para simplificar um pouco, podemos concluir que uma política cultural é


uma opção entre outras diferentes possibilidades. Uma intervenção em
um contexto determinado, em um momento preciso, com uns recursos e
um grupo humano de referência. Em um entorno democrático e livre,
sempre disporemos de mais de uma opção. Quando somente se dispõe de
uma opção pode ser que o entorno seja autoritário ou não se haja feito
uma boa análise intelectual.

Buscar opções, alternativas e soluções aos problemas, necessidades ou


oportunidades para um contexto ou realidade concreta é a
responsabilidade social da cultura.

Para navegar pelo campo da gestão das politicas culturais é preciso


algumas condições: Vejamos algumas;
- Abertura da perspectiva intelectual para além do funcionamento
ordinário ou tradicional
- Saber buscar alternativas, inovações, progressos e
desenvolvimentos a uma realidade dada.
- Diferenciar os requerimentos burocráticos da gestão das políticas
culturais com uma perspectiva crítica.
- Dispor de capacidades para trasladar uma ideia a um plano de ação
executável
- Capacidade para valorar o nível de viabilidade ou aplicabilidade
duma política ou ação.
- E finalmente. Diferenciar entre a perspectiva administrativa das
políticas, ou seja, administrar, e da perspectiva política o seja tomar
decisões.

Na aula de hoje vamos estudar os aspectos a da gestão cultural. Quais


elementos são mais importantes para entender e situar nossas práticas e
dinâmicas profissionais.

Alfons Martinell

2017

Você também pode gostar